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O Talmude ainda proclama que o Universo não teria sido criado se não
fosse pelo mundo espiritual, pela palavra divina, pela Torah, chamada
“reshit”, princípio de tudo (Pes. 68).
Existe ainda algo curioso aqui: porque a Torah tem início com a letra
bet? Devemos perceber que esta letra tem uma abertura para a
esquerda, diferentemente das demais letras do alfabeto hebraico.
Mas o que isso significa? Significa que o processo de revelação tem
início a partir de agora e ao homem é dado conhecer somente aquilo
que lhe é revelado a partir da palavra “Bereshit”... A língua hebraica é
escrita da direita para a esquerda, significando então que ao homem
foi dado conhecer o que o Criador lhe revelou a partir de agora! O que
ficou para trás não está revelado e portanto ao homem é vedado o
direito de “especular” o que aconteceu antes da criação! Mas, por
que começar “da direita?” A direita é a origem e isso nos fala sobre o
poder, ou seja, tudo se originou e flui através do poder de Elohim que
foi manifesto pela palavra.
Agora o Eterno dará início à ordenação das águas para que delas
possa surgir a tão esperada vida: “E disse Elohim: Haja uma
expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
E fez Elohim a expansão, e fez separação entre as águas que
estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a
expansão; e assim foi. E chamou Elohim à expansão Céus, e foi a
tarde e a manhã, o dia segundo” (Gn 1:6-8). Aqui a palavra
“expansão” vem do termo hebraico raqîa que significa “firmamento”.
Esta palavra indica a imensidão aberta dos céus. Foi feita uma
separação entre as águas que estavam no céu – nuvens – das águas
que estavam na terra – mares. Este foi o trabalho realizado pelo
Eterno no segundo dia!
Uma outra ação do Eterno é que à terra é dada uma ordem para que
produza “erva verde”. Esta palavra vem do termo hebraico dashe´
que significa “relva tenra e nova, grama verde, vegetação”. A palavra
“erva que dê semente” vem do termo hebraico ´eseb que significa
“vegetação, plantas verdes, erva, grama”. Esta palavra designa a
categoria de plantas que se pode chamar de “rasteiras” e não
lenhosas. As demais expressões nos falam de “árvore frutífera que dê
fruto segundo a sua espécie”.
Esta é uma questão que parece estar muito longe de ser “decidida”
plenamente, pois muitos são os que ainda preferem crer numa
improvável evolução e tratar o Criador com desdém, enquanto outros
defendem o criacionismo sem qualquer base científica que os apóie,
ou seja, por puro fanatismo religioso!
Quando termina a sua obra neste dia, ele é chamado de o sexto dia.
Em hebraico foi adicionado como prefixo a letra hey, que é o artigo
definido “o”, enfatizando que este também foi um dia muito especial
para a criação e para o Criador! Segundo a tradição judaica o sexto
dia da criação foi e dia 6 de Sivan. Esta data é muito especial, pois foi
também nesta data que o Eterno deu a Torah para o povo de Israel no
deserto! Ou seja, tanto a criação do homem quanto a dádiva da Torah
foram feitas no mesmo dia!
1° dia: Cria-se a luz. Separa-se luz das trevas; está estabelecido então
o dia e a noite. Também estabelece-se quando o dia começa: ao final
de cada tarde, ou ao anoitecer! (versículo 4).
Agora, após a criação ter sido acabada, acontece algo incrível: Elohim
descansa! Não parece absurdo falar em um ser tão poderoso e que
agora simplesmente descansa?
Este foi o ato de Elohim no sétimo dia! Foi também a primeira coisa
que o homem fez após ser criado! O homem tem a primeira
oportunidade de imitar seu Criador e descansar e também tem tempo
hábil para ter comunhão com Ele!
Este dia é especial para Elohim. É nos dito que ele abençoa e santifica
este dia! “E abençoou Elohim o dia sétimo, e o santificou; porque nele
descansou de toda a sua obra que Elohim criara e fizera” (Gn 2:3). É o
único dia que recebe um nome: Há Shabath [que significa “o
descanso”]. A palavra “santificar” vem do termo hebraico qadosh
que significa “ser consagrado, ser santo ser santificado”. Aqui temos
um padrão incomum: o Criador dá ao homem o exemplo daquilo que
ele deverá fazer. O Criador santifica – separa – o sétimo dia dando-lhe
uma qualidade que até o momento pertencia somente ao Criador:
qadosh! Nenhum outro dia e nenhum outro elemento ou mesmo ser
que fora criado recebe esta designação; somente este dia é
considerado assim, pois este dia se parece com seu Criador! Quando
percebemos isso entendemos então qual foi a primeira atitude do
homem após ser criado: ele descansou – guardou o shabat – com seu
Criador! O próprio D-us diz ao homem que a importância maior na
vida do homem seria a comunhão entre a criatura e o seu Criador!
Nada substituiria este momento entre os dois e justamente por isso o
Eterno estabelece que este dia seria separado, santificado,
consagrado para o homem e para Ele!
Até agora nos foi dado um relato da criação, e no que diz respeito a
criação do homem, isso foi feita de forma resumida. No capítulo 2.7 é
nos dito como Elohim cria o homem: “E formou o IHVH Elohim o
homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o
homem tornou-se alma vivente”. Aqui temos o uso da palavra
“formou” que vem do termo hebraico yetser que significa forma. Em
sua raiz temos o sentido de "moldar, formar". Há uma ênfase no
moldar o objeto envolvido ou dar-lhe forma, e isso pressupõe o uso
das mãos. Mas, quem atuou como o executor do molde? Novamente
aparece aqui IHVH Elohim com o mesmo significado obtido acima. A
substância principal usada pelo Criador para dar forma ao corpo
humano foi a própria terra! A palavra “pó” vem do termo hebraico
apar que significa “poeira, terra, chão, cinzas, argamassa, pó,
entulho”. No hebraico duas coisas são encontradas: pó vermelho
(adamah) e também sangue (dam). Ou seja: podemos concluir que o
homem é a terra viva! (com sangue). Por isto está dito em Gn 3.19:
“Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra,
porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás”. Parece
uma declaração forte, mas é a realidade: após a morte todos nos
convertemos em pó, retornando assim ao estágio em que nos
encontrávamos antes de sermos feitos “alma vivente” por Elohim! O
termo alma vivente veio por causa do “fôlego da vida”. A palavra
“fôlego” vem do termo hebraico neshamâ que significa “respiração”;
já a palavra “vida” vem do termo hebraico hayâ que significa “vida”.
A metodologia usada para isso foi “e soprou-lhe nas narinas”, onde a
palavra “soprou” vem do termo hebraico iapah que significa
“respirar, soprar”. O resultado final da criação foi: “e o homem
tornou-se alma vivente”. Aqui a palavra “homem” vem do termo
hebraico adam que significa “homem, espécie humana”. Já o termo
“alma vivente” é nepesh haya, onde a palavra nepesh significa
“vida, alma, criatura, pessoa, mente” e a palavra haya significa
“vida”. Ou seja, somente após o momento em que a respiração de D-
us entrou no homem é que ele passa a ter vida e sentimentos! O
boneco de barro agora possui vida em três dimensões: corpo, alma e
espírito!
Mas, qual seria a função do homem neste lugar? O texto nos informa
que: “E tomou o IHVH Elohim o homem, e o pôs no jardim do Éden
para o lavrar e o guardar. E ordenou o IHVH Elohim ao homem,
dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da
árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque
no dia em que dela comeres, certamente morrerás. E disse o IHVH
Elohim: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora
idônea para ele. Havendo, pois, o IHVH Elohim formado da terra todo
o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adan, para
este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adan chamou a toda a
alma vivente, isso foi o seu nome” (Gn 2:15-19). O local onde o
homem é posto – isso significa que ele (o homem) não foi criado ali -
tem um nome: Éden. O jardim foi então criado antes do homem com
uma finalidade: receber um novo ser que era a obra-prima da criação.
Esta palavra – Éden - foi transliterada e significa “planície, estepe”.
Ela está associada à palavra hebraica ´adan que significa “desfrutar,
ter prazer em”. Esta palavra “Éden” também significa roupas
vistosas, jóias vistosas, coisas caras. Aqui temos também a dimensão
daquilo que o homem faria no jardim: lavrar e guardar. A palavra
“lavrar” vem do termo hebraico ´abar que significa “transpor,
ultrapassar, atravessar, transportar, levar embora”. Ele vem
preposicionado com a partícula "le" que significa “para, em, com
relação a, de, por”. Este termo traz a idéia de movimento e indica o
movimento de uma coisa ou pessoa em relação a um objeto que está
parado. A palavra “guardar” vem do termo hebraico shamar que
significa “guardar, observar, prestar atenção”. Esta palavra também
vem preposicionada. Então o Eterno ordena então ao homem que ele
não coma da árvore do conhecimento do bem o do mal. A palavra
usada aqui para “ordenar” vem do termo hebraico tsavâ e significa
“ordenar, incumbir”. Da raiz desta palavra temos dois termos
importantes: mitsvâ que significa “mandamento” e também tsav
que significa “ordem”. Estas palavras nos mostram que há uma
relação muito forte naquilo que é dito a Adan, pois o Eterno também
lhe dá a opção para que ele escolha obedecer ou não. Por outro lado o
Senhor avisa ao homem que a desobediência lhe traria a morte! Esta
ordem se referia a uma árvore específica: a do conhecimento do bem
e do mal. A palavra “conhecimento” vem do termo hebraico da´at e
significa “conhecimento, astúcia”. A raiz expressa o conhecimento
adquirido de diversas maneiras pelos sentidos. Esta palavra vem
preposicionada significando que este tipo de conhecimento era único
para o homem! Já a palavra “morrer” vem do termo hebraico mût
que significa “morrer, matar, mandar executar”.
D-us agora “procura” o homem para relacionar-se com ele! Mas, pelo
que parece, o homem não está à disposição do Senhor por causa de
seu pecado!
Ao ler este versículo, surge uma dúvida imediata. A Torah escreve que
"Cain disse a Hevel" - então parece haver uma lacuna bem evidente,
uma pausa que nos intriga, porque a Torah não informa o que Cain
falou.
Por esta razão, provocou uma discussão; descobriu que seu irmão
discordara, e usou isto como uma desculpa para o assassinato.
Entretanto, como era meramente uma desculpa, a Torah considerou-a
irrelevante, e por isso preferiu omiti-la da narrativa.
Este homem foi tido por tão justo diante do Eterno que ele foi
“poupado” juntamente com todos os que creram na mensagem vivida
e pregada por Noé, que desempenharia um papel preponderante em
sua época e na salvação da raça humana!
Parahsat Noah
D-us então chama a Noah para dar-lhe instruções sobre o que fazer:
“Faze para ti uma arca de madeira de gôfer: farás compartimentos na
arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora” (Gn 6:14). A
primeira instrução do Eterno é que Noé construa uma tebâ [arca],
que neste contexto significa um imenso barco que seria usado para
livrar Noah, sua família e os animais do juízo que viria através do
dilúvio. Além disso o Senhor o instrui para betumar a arca por dentro
e por fora! Isso nos mostra duas coisas: primeiro, o cuidado do Eterno
em dar instruções detalhadas a fim de fazer com que a arca
realmente funcione conforme seus propósitos estabelecidos, e em
segundo lugar mostra-nos que Noah conhecia o petróleo bruto e que
ele existia à flor da terra! Lembremo-nos que naquela época não era
possível extrair-se o petróleo do subsolo da terra, pois não havia uma
tecnologia que permitisse a identificação do lençol de petróleo assim
como a perfuração de profundos poços a fim de traze-lo para a
superfície!
Altura - 16 metros
Quando tudo cessa, então Noah envia uma pomba a fim de saber se
já há vegetação na terra. A pomba voaria e se achasse alguma
vegetação ela certamente a traria para ele. Quando ele faz isso a
primeira vez a pomba volta sem trazer nada consigo. Mas na segunda
vez acontece algo de diferente. Veja que relato interessante nos é
dado em Gn 8.11: “E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada,
uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noah que as águas
tinham minguado de sobre a terra”. A árvore citada aqui é a oliveira.
A palavra oliveira vem do termo hebraico zayit que significa "oliveira,
azeitona". A oliveira é famosa por três coisas: seu fruto, seu óleo e
sua madeira. O interessante é que a primeira árvore que se recuperou
(ou que não pereceu) foi a oliveira! Isso nos fala muito fortemente,
pois a oliveira na Escritura é figura da nação de Israel! A palavra nos
fala então que quando vier a tribulação o Eterno preservará a Israel!
Isso nos fala também da igreja gentílica, que segundo Sha´ul nos
informa em Romanos 11, foi enxertada em Israel (a oliveira brava
enxertada na boa). Esta folha de oliveira que retorna com a pomba
nos diz novamente que Israel e a Igreja serão sempre preservados em
meio às maiores lutas e provações que a humanidade vier a
enfrentar! Quando tudo o mais havia perecido, a forte oliveira ainda
vivia! Aleluia!
O período total no qual eles ficaram na arca foi: “No ano seiscentos
da vida de Noah, no mês segundo, aos dezessete dias do mês,
naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo,
e as janelas dos céus se abriram” (Gn 7:11). Aqui tem início o dilúvio
e o período em que Noah, sua família e os animais ficam na arca. O
seu fim foi “E aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês
primeiro, no primeiro dia do mês, as águas se secaram de sobre a
terra. Então Noah tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face
da terra estava enxuta” (Gn 8:13). Ou seja, eles ficaram praticamente
um ano dentro da arca! Nós devemos dizer que isso realmente foi um
milagre, em todos os sentidos, pois sabemos que várias coisas são
necessárias para a subsistência humana (quanto mais junto com
animais), e esse tempo todo eles passaram fechados dentro da arca!
A Escritura não nos informa que qualquer animal revoltou-se, ou
morreu, ou sequer que houve um “briga” dentro da arca por mais
espaço! Ali estavam as mãos do Eterno a fim de preservar a ordem
em meio a uma situação desconfortável!
Quando eles saem da arca, a primeira coisa que Noah faz com sua
família é oferecer um sacrifício ao Senhor! Há entre eles um profundo
sentimento de gratidão a D-us por terem sido preservados vivos em
meio à catástrofe que atingira o mundo. Há um sentimento de
“alívio”, por estarem vivos, por terem saído da arca, por poderem
voltar à normalidade, enfim, por verem novamente o mundo como
estavam habituados até então!
Ao fim desta etapa nos é dito: “Estes três foram os filhos de Noah; e
destes foi povoada toda a terra” (Gn 9:19).
Mas o que causou tantos problemas aqui? Foi o fato de Cão ter visto a
nudez de seu pai e a “divulgado” a seus irmãos. A palavra nudez vem
do termo hebraico ´erwâ que significa "nudez, vergonha". Já a
palavra “conhecido” vem do termo hebraico nagad que significa
"contar, tornar conhecido". O sentido básico da raiz é “colocar algo
em evidencia de forma ostensiva diante de alguém”. A forma como
Cão apresentou a nudez de seu pai é que foi condenável aos olhos de
Noah! Temos então uma reação muito forte da parte de Noah quanto
ao ocorrido.
Vejamos o que foi dito por Noah à seus filhos: “Despertado que foi
Noah do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera; e
disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.
Disse mais: Bendito seja o IHVH, o Elohim de Sem; e seja-lhe Canaã
por servo. Alargue Elohim a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e
seja-lhe Canaã por servo” (Gn 9.24-27). Mas o que de fato aconteceu
aqui? Noah amaldiçoa seu filho Cão. A palavra amaldiçoar (aqui lit.
maldito) em hebraico é arar. Esta palavra tem suas raízes em
palavras que significam “capturar”, “prender”, “armadilha”, “funda”.
Significa também “prender” (por encantamento), “cercar com
obstáculos” e “deixar sem forças para resistir”. O que Noah fez então
a Cão? Ele simplesmente liberou palavras que determinaram o futuro
do moço assim como também o de seus descendentes!
Noah faz isso por causa de uma atitude errada de Cão. Esse é
portanto o juízo de D-us sobre esse moço que desonra seu pai!
Uma das coisas ditas por Noah à Cão está que ele seria “servo dos
servos de seus irmãos”. Esta palavra demonstra-nos o quão baixa
seria a condição de Cão e de seus descendentes!
Outra coisa interessante é que Babilônia tem algumas coisas tidas por
suas “especialidades”. Entre elas estão o comércio: “Javã, Tubál e
Meseque eram teus mercadores; pelas tuas mercadorias trocavam as
almas de homens e vasos de bronze” (Ez 27:13 – ver tbém. Ap 18.13).
A especialidade de Babilônia é comercializar a alma humana! Eles
trabalham com os sentimentos e anseios do coração humano,
fazendo deles assim suas presas fáceis. Suas emoções estão
totalmente escravizadas por Babilônia, pois é ela quem dita as regras
de conduta dos seus servos. Entendamos que Babilônia hoje é um
sistema de coisas que faz com que as pessoas sejam postas sob seu
domínio em toda a terra. Inclusive alguns servos do Senhor ainda
estão sob seu domínio, pois tem deixado que o sistema mundano
“dite” as normas, diretrizes e regras com as quais ele se guia! Parece
que alguns não atentam para a palavra que diz: “Rogo-vos pois,
irmãos, pela compaixão de Elohim, que apresenteis os vossos corpos
como um sacrifício vivo, santo e agradável a Elohim, que é o vosso
culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-
vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Elohim” (Rm 12.1,2).
Outra coisa que Bavel nos revela: o homem prefere seguir seus
próprios “instintos” a esperar em D-us por uma direção segura para
sua vida! Bavel tem por finalidade ministrar ao homem a sua
independência do Criador. Porém não lhes é dito que isso cria uma
profunda dependência dos deuses de Bavel e uma automática
condenação, tanto de Bavel quanto daqueles que adotam seus
princípios e sistemas!
Tudo tem início com uma ordem: “Ora, o IHVH disse a Abrão: sai-te da
tua terra e da tua parentela e da casa de teu pai, para uma terra que
eu te mostrarei” (Gn 12.1). A primeira coisa a considerarmos aqui é
que o Eterno fala (ou se apresenta) a Abrão como IHVH (o
tetragrama). Este nome significa “Eu me torno aquilo que me torno” e
traz implícito nele que este relacionamento com Abrão traria os
resultados que ele Abrão necessitava, pois se tornaria a solução do
problema que surgira na vida de Abrão. Há uma ordem: “Levanta-te e
vai”, e isso demonstra que deveria haver em Abrão um desejo de
obedecer a uma ordem que lhe conduziria a um destino incerto,
desconhecido. Ele deveria deixar “a terra” – em hebraico eretz, que é
utilizado para falar sobre a terra de Israel.
Isso demonstra que havia uma profunda relação entre a terra – local
de morada – de Abrão e aqueles que ali habitavam. A terra era
considerada por ele como seu lugar definitivo de convivência. Porém
o Eterno lhe ordenou que saísse dali a fm de poder apoderar-se
daquilo que o coração do Eterno desejou para ele. Seu nome em
hebraico é Abram e significa “pai exaltado”. O nome de Abrão indica
quem ele era na terra onde habitava.
O verso também nos mostra que já havia um relacionamento entre o
Eterno e Abrão, pois D-us fala com Abrão dando-lhe uma ordem,
fazendo-lhe também uma promessa! Aqui não há nenhuma indicação
de onde é a terra ou o que exatamente Abrão receberia do Senhor. Há
somente uma certeza: a de que há uma palavra dada pelo Eterno em
relação ao seu futuro e de que, há um caráter de fidelidade naquele
que a pronunciou!
Abrão agora é enviado não para a sua há eretz, mas sim para a há
eretz que o Eterno lhe daria! Esta terra o Eterno “mostraria” a ele. A
palavra “mostrarei” vem do termo hebraico ra´a e que significa ver,
olhar, inspecionar. Isso significa que Abrão veria, olharia,
inspecionaria a terra que o Eterno haveria de dar a ele e a seus
descendentes e ali sim seria a sua morada “definitiva”.
Uma outra coisa foi dita ainda a Abrão: que ele seria abençoado! A
palavra abençoar no hebraico é barak e significa dar poder para
alguém ser próspero, bem sucedido e fecundo! E quando o Eterno
prometeu isso a Abrão, como já dissemos, ele já era um homem com
uma vida estável em sua cidade! Em seu relacionamento com o
mundo exterior ele já desfrutava do sucesso, que é a abundância de
bens materiais e uma vida sem grandes problemas financeiros. Porém
haviam duas outras áreas que precisavam ser “incrementadas”: a da
“prosperidade” que é um maior relacionamento com D-us e sua
Palavra e a da fecundidade. A nível de prosperidade – relacionamento
com D-us – estava havendo um grande progresso; já a nível de
fecundidade aconteceu algo extraordinário: agora havia uma
promessa de que ele seria fecundo! E essa promessa adicionou um
aspecto à sua vida: o Eterno o faria fecundo! Este era, naquele
momento, o aspecto mais importante da promessa de D-us para
Abrão! Ele realmente apegou-se a esse aspecto daquilo que fora dito
pelo Eterno a fim de caminhar à luz e na esperança desta palavra! O
verso continua nos falando que o nome de Abrão seria engrandecido
e a palavra hebraica usada aqui é gadol e significa grande, pois vem
do verbo gadal que também significa crescer, tornar-se grande ou
importante, promover, tornar poderoso, e isso aconteceria com o seu
nome! Nós sabemos hoje que o Senhor cumpriu esta promessa a
Abrão pois seu nome traz motivação e bênção a muitas vidas que
miram-se naquilo que nosso pai fez! E está dito ainda que ele seria
ainda um beraka, ou seja, próspero, bem sucedido e fecundo!
Certamente que Abrão ao ouvir estas palavras teve suas entranhas
dentro de si movidas pela fé e emoção que se seguiram àquele
momento! Ele sabia que o Criador do universo estava lhe falando e
que Ele jamais libera palavras sem um objetivo mais elevado! Por isso
sua fé e esperança foram realmente restauradas e renovadas!
Quando tudo isso acontece com Abrão, ele então faz o seguinte: “... e
edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor” (Gn
12.8). Abrão fez um altar onde certamente sacrificou ao Senhor, e
aqui a palavra Senhor é o tetragrama - IHVH -, o que nos faz lembrar
que o Eterno tornou-se para Abrão aquilo que ele mais necessitava, e
além de edificar um altar e sacrificar ele também invocou o nome do
Senhor! A palavra invocar em hebraico é qara e significa chamar,
invocar, recitar. A atitude de Abrão, após ouvir tudo o que o Eterno
lhe disse foi de chamar Aquele que lhe aparecera pelo seu nome,
nome que lhe fora revelado anteriormente, e também é com base
neste nome que ele Abrão recebera as promessas que norteariam
sua vida até o momento de sua morte!
Apesar de Abrão ter aberto mão de seu direito como ancião de dar a
Lot uma ordem, ele bem sabia que o Eterno estaria lhe dando aquilo
que há de melhor! Abrão abriu mão da escolha humana para poder
permitir que o Eterno escolhesse por ele! Quando Abrão fez isso
permitiu ao Eterno que Sua escolha, seu desejo, sua vontade, se
sobrepusessem àquilo que ele mesmo julgava ser bom!
Aqui o Eterno diz a Abrão: “E disse o Senhor a Abrão, depois que Lot
se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar
onde tu estás, para a banda do norte, e do sul, e do Oriente e do
ocidente” (Gn 13.14). O Eterno - IHVH - agora diz algo a Abrão:
“levanta teus olhos”. A palavra “levantar” em hebraico é nasa’ e
significa erguer, carregar, tomar. O que o Senhor quis dizer com isso?
Abrão provavelmente olhava para baixo enquanto o Eterno falava
com ele, e o Eterno precisava fazer com que Abrão assumisse a
postura correta: cabeça erguida a fim de receber aquilo que Ele lhe
daria! O Senhor diz a Abrão que apenas com seus olhos ele passeie
pela terra! A terra que ele agora via lhe seria dada como herança
perpétua! Por isso o Senhor lhe diz que seus olhos deviam ser
erguidos pelos quatro quadrantes da terra: “e olha desde o lugar
onde tu estás, para a banda do norte, e do sul, e do Oriente e do
ocidente”. O lugar onde ele estava servia apenas de referencial a fim
de contemplar os novos horizontes que lhe estavam sendo propostos
pelo Eterno. É como se o Eterno chamasse suas promessas dos quatro
cantos da terra e dissesse a Abrão o seguinte: “Olha o que é teu e vai
ao encontro de tua bênção!” Ele via, mas certamente não acreditava
naquilo que contemplava! Tão imenso era o território que seus olhos
se perdiam naquela bela paisagem! Mas não somente os olhos, como
também o coração e seus pensamentos que divagavam e viam, num
futuro não muito distante, as doze tribos de Ia'akov habitando na
terra que seus olhos agora viam! Ele viu o que ninguém havia visto:
“Por Pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, a
saber, D-us, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são
como se já fossem” (Rm 4.17). Abrão viu, pela fé, o futuro da
promessa e da escolha que acabara de fazer!
O Eterno ainda diz assim a Abrão: “Porque toda esta terra que vês, te
hei de tar a ti, e à tua semente, para sempre” (Gn 13.15). Aquilo que
Abrão vira seria dado não somente a ele, mas também aos seus
descendentes físicos, com quem o Eterno estaria aliançado para
sempre. O detalhe principal aqui está na frase: “para sempre”. Esta
expressão em hebraico é e significa perpetuamente, para sempre,
continuando no futuro, etc... A ordem agora era: “Levanta-te e
percorre essa terra no seu comprimento e na sua largura; porque a ti
a darei” (Gn 13.17). Abrão iniciaria um processo que conhecemos
como “ato profético” onde, andando e percorrendo a terra, ele estaria
assim simbolicamente “tomando posse” daquilo que estava sendo
prometido a ele! Hoje sabemos que tal ato profético surtiu efeito, pois
a terra pertence ao povo de Israel, justamente por causa da
obediência e do ato profético praticado por Abrão!
Agora aparece uma outra figura, que até hoje continua sendo
misteriosa para nós: O Rei de Justiça! “E o Rei de Justiça, rei de
Salém, trouxe pão e vinho: e era este sacerdote do D-us Altíssimo”
(Gn 14.18). O nome “Rei de Justiça” é composto de melek – que em
hebraico significa rei – e tsedek – que em hebraico significa justiça –
sendo o significado de seu nome “Rei daquele que é justo” ou “Meu
Rei é justo”. Outro aspecto interessante é que este homem era rei da
cidade de Salém – nome que em hebraico significa “paz” – e esta
cidade é identificada como a atual Ierushalaim! Não nos parece
significativo que o Rei de justiça fosse rei de Ierushalaim? Não é
tremendo saber que ele é o rei de paz? Este homem, quando veio ao
encontro de Abrão trouxe consigo ainda dois elementos: pão e vinho!
Justamente os elementos necessários para realizarem uma ceia
juntos! E o ato de comer com alguém na Escritura é símbolo de
manter-se comunhão com essa pessoa! O Rei de justiça queria
manter uma estreita comunhão com Abrão, pois ele era o rei de paz,
por isso precisava naquele momento manter com Abrão um contato
mais íntimo, e isso foi feito justamente à mesa, onde as pessoas
costumam revelar-se, pois ali sentem-se mais à vontade!
Abrão diz ao Eterno que tudo aquilo que possui será dado ao ser
“mordomo” Eliézer que é damasceno. É interessante que Abrão se
dirige ao Eterno como “Senhor D-us”, mas que na realidade é IHVH
Adonai, ou seja, aquele que se torna o Senhor de Abrão! Mas o que
virá agora?
Quando ele ouve esta palavra, algo acontece dentro do ser de Abrão:
“E creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado isso por justiça” (Gn 15.6). A
palavra crer aqui vem do hebraico aman e significa confirmar,
sustentar, estabelecer, ser fiel, estar certo, crer em. O resultado da
palavra do Senhor na pessoa de Abrão foi de que ele teve seus
sentimentos sendo confirmados, achou sustentação para aquilo que
estava em seu coração e teve seus pensamentos estabelecidos pelo
Senhor. Isso levou-o a posicionar-se e ser achado pelo Eterno como
alguém que estava na posição correta, podendo então receber aquilo
que Ele D-us lhe prometera. Abrão creu em IHVH – naquele que se
torna aquilo que precisamos que Ele se torne para nós – e isso foi-lhe
“imputado” por justiça. A palavra “imputado” vem do termo hebraico
hashab significa pensar, planejar, fazer juízo, imaginar, calcular. Já a
palavra “justiça” vem do termo hebraico tsedaka que significa
justiça, retidão. Quando juntamos tudo temos então uma atitude
correta de Abrão – confirmando a palavra do Eterno (a isso chamamos
fé) – e isso trouxe-lhe um pensamento do Eterno que o nomeou
homem reto diante d´Ele!
Assim foi com nosso pai Abrão. Obedeceu, creu e pode ver uma
pequena parcela daquilo que o Eterno ainda faria para Israel! Mas,
perguntaríamos, qual foi a sua importância para nós hoje? Abrão
simplesmente foi usado a fim de recebermos uma das mais
extraordinárias promessas bíblicas e que estabelece o padrão através
do qual seremos tratados quando estivermos na posição correta: “E
far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu
nome e tu serás uma benção” (Gn 12.2). Já vimos que a força desta
promessa no original é muito maior do que aquela que percebemos
em português. Portanto tomemos posse daquilo que nos foi outorgado
em Abrão, sendo assim como ele obediente e paciente a fim de
trazermos à existência e materializarmos todos os desejos e anseios
do coração do Eterno para seu povo!
Quando ela retorna para Abrão, ali dá a luz ao menino. “E Agar deu à
luz um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que Agar
tivera, Ismael. E era Abrão da idade de oitenta e seis anos, quando
Agar deu à luz Ismael” (Gn 16:15-16). Nesta época Abrão já tinha
oitenta e seis anos! Somente agora ele tem a experiência de ser pai!
A reação de Abrão foi imediata: “Então caiu Abrão sobre o seu rosto,
e falou D-us com ele, dizendo: quanto a mim, eis a minha aliança
contigo: serás o pai de muitas nações; e não se chamará mais o teu
nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas
nações te tenho posto; e te farei frutificar grandissimamente, e de ti
farei nações, e reis sairão de ti; e estabelecerei a minha aliança entre
mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por
aliança perpétua, para te ser a ti por D-us, e à tua descendência
depois de ti. E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra
de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão
e ser-lhes-ei o seu D-us” (Gn 17:3-8). Abrão cai com seu rosto em
terra e o Eterno – Elohim – continuou lhe dizendo o que lhe faria: a
aliança de D-us com Abrão é que ele se tornaria pai de muitas
nações! A palavra aliança vem do termo hebraico berith que significa
pacto com derramamento de sangue; a palavra pai vem do hebraico
ab com o mesmo significado. Já a palavra “muitas” vem do termo
hebraico hamôn e significa abundância, companhia, multidão,
barulho, riquezas, rugido, sonido e significa povos gentílicos, pagãos.
Mas o que significa isso? Significa que o Eterno já estava avisando a
Abrão que dele sairiam multidões de nações de “gentios”, povos que
vagariam pelo mundo afora e que um dia certamente haveriam de
recuperar a sua verdadeira identidade: a da casa de Israel!
O Eterno diz ainda mais a Avraham: “Disse mais D-us a Abraão: Tu,
porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois
de ti, nas suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre
mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem
entre vós será circuncidado. E circuncidareis a carne do vosso
prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós. O filho de
oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas
gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer
estrangeiro, que não for da tua descendência. Com efeito será
circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e
estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua. E o
homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada,
aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.
Disse D-us mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais
pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome. Porque eu a hei de
abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das
nações; reis de povos sairão dela” (Gn 17:9-16). O Eterno – Elohim -
agora fala agora de um pacto que seria feito entre Ele, Avraham e
seus descendentes: a circuncisão. A palavra “circuncisão” vem do
termo hebraico mûl com o mesmo significado. É interessante que a
circuncisão na carne é um sinal que o homem faz para com D-us,
mostrando assim que o ama; já a circuncisão no coração é um sinal
que D-us faz para que o homem possa amá-lo. A circuncisão deveria
ser feita aos oito dias de nascimento do menino. Mas, por que no
oitavo dia? Duas são as razões:
Segundo a medicina descobriu, no oitavo dia os anticorpos do
organismo humano estão em seu maior período de atividade, e isso
impede que neste dia qualquer infecção ou enfermidade oportunista
se instale no organismo. Nós sabemos que a circuncisão era feita com
facas de pedra ou com instrumento de metal rudimentar, e isso seria
uma oportunidade muito grande para que as crianças adoecessem,
não fora a mão do Eterno sobre elas.
A Escritura diz: “E porfiou com eles muito”. Esta palavra “porfiar” vem
do termo hebraico patsar que significa "empurrar, pressionar". Esta
palavra nos mostra que estes anjos foram quase que “forçados” a
irem para a casa de Lot! Quando eles finalmente concordam em ir
para lá são recebidos com toda a hospitalidade oriental e são tratados
como pessoas importantes naquele lar. É preparado para eles um
“banquete”. Esta palavra vem do termo hebraico mishteh que
significa "bebida, banquete, festim". Designa uma refeição especial
preparada para um hóspede de honra. Foram servidos à eles “bolos
sem levedura”. A palavra levedura vem do termo hebraico matstsâ e
significa "pães asmos, bolos asmos". Não nos parece curioso que Lot
serve aos seus convidados comida sem fermento? Isso indica que ele
reconheceu que aqueles homens eram santos - e por isso não
permitiu que houvesse fermento no pão – pois reconhecia sua
procedência e sua condição de santidade! Estes pães eram apâ,
termo hebraico que quer dizer "assado"!
Esta atitude é também relatada por Sha´ul, quando ele nos informa:
“Porque do céu se manifesta a ira de D-us sobre toda a impiedade e
injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o
que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque D-us lho
manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do
mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se
entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas,
para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a D-
us, não o glorificaram como D-us, nem lhe deram graças, antes em
seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a
glória do D-us incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso
também D-us os entregou às concupiscências de seus corações, à
imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a
verdade de D-us em mentira, e honraram e serviram mais a criatura
do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso D-us os
abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres
mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E,
semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da
mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros,
homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos
a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se
importaram de ter conhecimento de D-us, assim Deus os entregou a
um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza,
maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano,
malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de
Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males,
desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem
afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais,
conhecendo a justiça de D-us (que são dignos de morte os que tais
coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem
aos que as fazem” (Rm 1:18-32). A descrição de Sha´ul neste texto
nos fala exatamente aquilo que estava acontecendo naquela cidade
com Lot e seus convidados! Houve uma tentativa da parte daqueles
homens de possuírem e praticarem sexo com os anjos que eram os
hóspedes de Lot! Literalmente, aquela cidade estava entregue à suas
paixões e perversões, pois o Eterno através disso traria um terrível
juízo sobre todos os seus habitantes!
O conselho dos anjos ainda vale para nós hoje: “Escapa-te por tua
vida; não olhes para trás de ti”. Lot não deveria olhara para trás nem
pensar naquilo que ficou! Certamente ele já tinha uma vida
estabelecida, negócios, amizades, etc... Mas o Senhor o chama – de
forma urgente – a fim de abandonar tudo isso rapidamente a fim de
não morrerem juntamente com aquela cidade. Nós também somos
chamados pelo Senhor – de forma urgente – a fim de não perecermos
juntamente com o mundo e abandonarmos tudo o que se refere ao
nosso passado, pois certamente se obedecermos ao Senhor teremos
toda a nossa vida reconstruída pelo próprio Senhor, mas agora de
forma a exaltar Seu nome!
O próximo passo foi a destruição total das cidades: “Então o IHVH fez
chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e
Gomorra; e destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos
os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra” (Gn 19:24-
25). O que a Escritura nos diz aqui? A palavra traduzida por Senhor é
o tetragrama: IHVH e significa que o Senhor se tornaria para aqueles
homens aquilo que eles tanto necessitavam: o juízo! E foi justamente
isso o que aconteceu! Do alto – isto é, do céu – veio o juízo da parte
do D-us Eterno a fim de punir aquelas pessoas que nada queriam
saber sobre D-us! A chuva que veio sobre a cidade foi de “fogo e
enxofre”. Estas palavras no hebraico são respectivamente goprît que
significa enxofre e esh que significa fogo. A combinação dos dois
elementos fez com que a região onde o fato ocorreu se tornasse
estéril e o local onde as cidades existiam viesse a ser chamado de
“Mar Morto”. Devemos lembrar-nos de que quando os pastores de Lot
e Avraham disputavam a questão da terra e da água para seus
respectivos rebanhos, a Escritura nos diz que a Lot foi dada a
oportunidade de escolher para onde iria. E está escrito que ele
escolheu as “campinas de Sodoma”. Este fato demonstra que a
cidade era regada por um rio – neste caso o Jordão – e que ali havia
uma riqueza muito grande de flora!
Este foi mais um fato marcante na vida de Lot, que agora torna-se
viúvo com duas filhas órfãs de mãe! Agora há apenas o que restou
desta família! Suas filhas não poderão mais levar adiante a
preservação do nome de seu pai, pois são os filhos homens que
perpetuam o nome de qualquer família e Lot não pode mais ter filhos
homens, pois lhe falta sua esposa. Então acontece um fato que nos
choca: as filhas de Lot deitam-se com seu próprio pai a fim de
“perpetuarem” o nome da família! “Vem, demos de beber vinho a
nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que em vida conservemos a
descendência de nosso pai” (Gn 19:32). Aqui houve um plano
deliberado para que tudo acontecesse! Quando uma das filhas propõe
que se “deitem” com ele, ela utiliza-se da palavra shakab, deitar-se.
Este verbo aparece na maioria das vezes com o sentido de “ter
relações sexuais”. Vem da palavra shekobet que significa “cópula”.
Ou seja: elas planejaram que manteriam relações sexuais com seu pai
a fim de engravidarem dele e conservarem a descendência do pai.
Este, como todo ato impensado e errôneo, causou – e ainda causa –
muitos problemas para o povo de Israel. Desta união abominável
nascem Moab que significa “de seu pai” e Ben ami que significa
“filho do meu povo, e este é o pai de Amom, dois dos grandes
inimigos de Israel em toda a sua história! Essas moças quiseram
“ajudar” ao Eterno valendo-se de padrões e métodos que aprenderam
em Sodoma e Gomorra, e que resultaram em grandes problemas
futuros ao povo de Israel.
Pastagens
Agora Avraham passará pelo maior teste de sua vida, quando sua fé
será duramente provada, mas ao final ele será aprovado pelo Eterno
e tornar-se-á o símbolo máximo da fé bíblica em todos os tempos. O
que aconteceu a Abraão foi assim: “E aconteceu depois destas coisas,
que provou Elohim a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me
aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem
amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre
uma das montanhas, que eu te direi. Então se levantou Avraham pela
manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo
dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o
holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Elohim lhe dissera. Ao
terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe”
(Gn 22:1-4). Esta escritura tem início nos informando que Avraham foi
“provado” por D-us. A palavra provado em hebraico é nasa "testar,
tentar, provar, examinar, pôr à prova". A palavra que define o Eterno
é "Elohim". Isso nos fala que o Criador agora vem a Avraham para
colocá-lo sob um rígido teste! Esta palavra nos fala de algo tão forte
que chega a ser comparado com uma “tentação”!
Avraham segue á risca o que lhe fora dito pelo Eterno e chega agora o
momento crucial de sua jornada: “E estendeu Abraão a sua mão, e
tomou o cutelo para imolar o seu filho; mas o anjo do IHVH lhe
bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me
aqui. Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe
faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste
o teu filho, o teu único filho. Então levantou Abraão os seus olhos e
olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num
mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto,
em lugar de seu filho. E chamou Abraão o nome daquele lugar: O
IHVH proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do IHVH se
proverá” (Gn 22:10-14). A primeira coisa é que Abraão estendeu a
sua mão para matar seu filho. A palavra "matar" é shahat e significa
"matar, abater"; matar num sacrifício ritual. Avraham realmente
estava decidido a sacrificar ritualmente o moço ao Senhor, como lhe
fora pedido! E o que acontece é que o Senhor se torna sua resposta: a
palavra que define o Eterno é Elohim, e isso significa aqui que o
Eterno se apresenta como o Criador de todas as coisas e que agora
traz a resposta e livramento no que tange à vida de Itshaq! E
finalmente o Eterno lhe dá novas instruções a fim de Itshaq não seja
sacrificado. E quando Avraham olha atrás de si ele vê um carneiro
preso num mato e pronto à ser oferecido no lugar de Itshaq!
Novamente o Eterno torna-se aquilo que Avraham mais necessitava: o
sacrifício! Quando isso acontece, eles então cumprem o objetivo de
sua viagem: oferecer ao Eterno um sacrifício em obediência à Sua
Palavra. E o mais interessante é que Avraham chama aquele lugar de
Elohim ra’ã! Ou seja, o Criador de todas as coisas, veria sua
necessidade e o atenderia! Isso nos mostra que o Eterno viu aquilo
que aconteceria com Avraham no futuro e providenciou para ele que,
no momento oportuno, houvesse um cordeiro preso junto à eles a fim
de cumprirem seu propósito de sacrificar a Ele! Aquele que vê tudo e
sabe tudo encaminha a história de tal forma que seus servos
obedientes sejam abençoados em todos os seus caminhos!
De tudo o que foi dito a suma seria: a obediência faz com que as
mãos poderosas do D-us Eterno movam-se em nossa direção a fim de
perpetuarem em nós os seus desejos, pois Ele como nosso Pai quer
nos dar sempre aquilo que há de melhor!
Esta seção tem início com um triste relato: a morte de Sarah! “E foi a
vida de Sara cento e vinte e sete anos; estes foram os anos da vida
de Sara. E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de
Canaã; e veio Avraham lamentar Sara e chorar por ela” (Gn 23:1-2). A
vida de Sarah agora havia chegado ao fim! Após cento e vinte e sete
anos de caminhada com o Eterno e com seu marido Avraham, agora
Sarah chega ao fim de sua existência. Este fato que nos é narrado nos
fala da vida de uma mulher que foi totalmente transformada pelo
Eterno! A mulher que havia sido concebida como uma “minha
princesa” – significado do nome Sarai – agora transforma-se numa
“princesa, dama da corte, rainha” – significado do nome Sarah –
e isso fez muita diferença, não somente em sua vida, mas também na
vida de Avraham e de todos aqueles que os conheciam. A palavra
sarâh também provém de uma raiz que significa lutar, contender, ter
poder. Dela resulta o substantivo “Israel”, que significa “aquele que
contende (luta) com El”. Quando o Eterno muda o nome de uma
pessoa, Ele também realiza uma profunda mudança interior, de
caráter, de personalidade, de atitudes, de posturas. Neste caso, ele
retira uma letra do nome de Sarai e coloca outra, que está em seu
próprio nome! Isso aponta para algo extraordinário: o Eterno colocou
algo de si mesmo em Sarai e transformou-a em Sarah! Nós nos
lembramos também que Sarai era uma mulher estéril, e isso era
considerado no oriente como uma maldição – mas já com Sarah as
coisas mudam! O Eterno muda a vida desta mulher de tal forma que
ela é transformada interiormente – em seu corpo físico – a ponto de
conceber uma criança aos noventa anos de idade! A restauração feita
pelo Senhor foi tão grande e tão perfeita que todos os órgãos
interiores de Sarah certamente foram renovados, pois ela necessitava
disso a fim de suportar uma gestação segura e tranqüila!
Agora ele quer ver com seus próprios olhos outra bênção do Senhor
para sua vida: a felicidade de Iitshaq. Por isso ele chama seu servo –
seu homem de confiança – e lhe dá instruções de como agir neste
caso: “E disse Avraham ao seu servo, o mais velho da casa, que tinha
o governo sobre tudo o que possuía: Põe agora a tua mão debaixo da
minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor Deus dos céus e
Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos
cananeus, no meio dos quais eu habito. Mas que irás à minha terra e
à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Iitshaq” (Gn
24:2-4). Este homem tinha um alto grau de relacionamento com
Avraham e também uma alta estima por seu senhor, por isso ele o
ouve atentamente em suas recomendações. Quando Avraham lhe diz:
“Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa” a palavra traduzida por
debaixo é tahat e significa "debaixo de, abaixo". Mas a palavra
traduzida por coxa é yarek e significa "coxa, lombo". Ela significa o
local onde o homem gera a sua descendência, ou seja, o seu órgão
genital! Ela – a coxa - é usada de forma figurada a fim de indicar o
órgão genital masculino. Mas o que Avraham estava fazendo na
realidade? Que estranho pedido era esse que ele fazia ao seu servo?
Devemos entender isso de acordo com a mentalidade oriental para
não nos “escandalizarmos” com o que Avraham pediu ao seu servo. O
órgão genital masculino era usado a fim de gerar a vida numa relação
conjugal. Quando o Senhor ordena que seja feita a circuncisão no
órgão genital masculino, seu objetivo é o de fazer uma aliança com a
vida! E é justamente isso o que Avraham está pedindo ao seu servo:
que ele faça uma aliança com ele (Avraham) – através da vida que ele
gerara – de que ele não buscaria uma esposa para Itshaq dentre os
filhos dos cananeus, que eram um povo estranho e trariam aos
hebreus uma mistura em sua raça. Isso certamente atrapalharia os
planos do eterno de suscitar o Messias da descendência de Avraham!
Por isso ele tem todo este cuidado quanto ao casamento de Iitshaq.
Então acontece agora que Rivqah volta à sua casa e diz aos seus o
que lhe sucedera, e sua família fica surpresa e quer conhecer aquele
homem e saber mais sobre o acontecido. Então o servo de Avraham
vai à casa de Naor, conta-lhes a história que motivou sua ida até ali e
então a família reconhece que este fato veio do Senhor para ajuntar
as famílias e abençoa-los mutuamente através do casamento de
Iitshaq e Rebeca.
Agora a Escritura nos declara que Avraham morre. Aqui acontece algo
espantoso: “E Avraham expirou, morrendo em boa velhice, velho e
farto de dias; e foi congregado ao seu povo; e Iitshaq e Ismael, seus
filhos, sepultaram-no na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho
de Zoar, heteu, que estava em frente de Manre, o campo que
Avraham comprara aos filhos de Hete. Ali está sepultado Avraham e
Sara, sua mulher. E aconteceu depois da morte de Avraham, que
Deus abençoou a Iitshaq seu filho; e habitava Iitshaq junto ao poço
Beer-Laai-Rói” (Gn 25:8-11). Neste relato encontramos novamente
juntos Ismael e Iitshaq! Após Ismael ter sido enviado com sua mãe
para o deserto, nada mais é dito sobre ele. Agora, repentinamente,
Ismael reaparece junto de Iitshaq no funeral de Avraham! Isso
significa que, mesmo distante do pai, Ismael mantinha algum tipo de
contato e recebia informações sobre Avraham de forma que, quando
lhe fora dito que Avraham morrera, ele imediatamente viera para o
funeral!
Ismael, que é o pai das nações árabes, morre com cento e trinta e
sete anos e deixa atrás de si os descendentes que levariam à cabo
uma saga de ódio e de lutas contra Iitshaq e seus descendentes!
Esav então faz aquele negócio com seu irmão e demonstra o que
pensa sobre isso: “E Ia´aqov deu pão a Esaú e o guisado de lentilhas;
e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e saiu. Assim desprezou Esaú a
sua primogenitura” (Gn 25:34). A Escritura nos diz que Esav
desprezou a sua primogenitura. A palavra "desprezar" é bazâ e
significa "desprezar, desdenhar, manter sob desdém". O sentido
básico da raiz é “dar pouco valor a alguma coisa”. Quando Esav
desdenha seu direito sobre as bênçãos que naturalmente seriam
suas, o próprio D-us então transfere a Ia´aqov este direito a fim de
cumprir também a profecia que fora dada a Rivqah: “o maior serviria
ao menor”. O Eterno age de forma a concretizar seus objetivos e
planos através da vida daqueles que lhe obedecem.
O Rei Avimêlech se deu conta que a inveja de seus servos poderia lhe
trazer problemas. "Vá embora," ordenou ele a Itshaq. "Você ficou
muito mais rico que nós."
Ia´aqov faz conforme o que lhe é dito por sua mãe e tudo dá certo,
conforme ela planejou! O resultado é que Ia´aqov recebe uma das
mais belas e poderosas bênçãos que um homem pode receber em
sua vida: “Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus, e das
gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto. Sirvam-te
povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os
filhos da tua mãe se encurvem a ti; malditos sejam os que te
amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem” (Gn 27:28-
29). Esta bênção é completa sobre a vida de Ia´aqov. Quem lhe daria
isso seria Ha Elohim O D-us Criador e inclui a provisão dos céus –
aquilo que a eternidade liberaria a fim de supri-lo no reino espiritual -
também a fartura e abundância da terra – produto de seu trabalho
que lhe seria dado pela terra onde ele estivesse. As “gorduras” da
terra viriam sobre ele. A palavra “gorduras” vem do termo hebraico
shamen e significa "gordura, riqueza". Na mesma raiz temos a
palavra shemen que significa "óleo", que era usado para unção. Aqui
a terra produz para ele de forma natural - a abundância de trigo e
mosto, que representam a provisão diária e a alegria de vida que
nunca cessaria de estar sobre ele e seus descendentes. Para Ia´aqov
a terra produziria segundo a sua própria “unção”; ou seja, o solo
devolveria à ele tudo o que lhe pertencia enquanto estivesse ligado à
Palavra obedientemente.
Foi justamente por isso que dissemos que esta bênção que foi dada a
Ia´aqov é uma das mais completas que existem nas Escrituras! Oxalá
todos nós possamos ter o real discernimento de que quando nos
posicionamos ao lado do Eterno abençoando a Israel e aos judeus, a
conseqüência é que somos liberados no mundo espiritual e
recebemos o poder que precisamos para triunfarmos! Quando nos
posicionamos do lado contrário, certamente estaremos muito
próximos de nossa derrota e da falência de nossos projetos, pois o
inferno terá livre acesso à nós através de nossa atitude para com
Israel!
Após Ia´aqov ter tomado a bênção de Esav, então acontece que
chega ao local em que está Iitshaq seu filho Esav e recebe a triste
notícia: “Então disse ele: Não é o seu nome justamente Jacó, tanto
que já duas vezes me enganou? A minha primogenitura me tomou, e
eis que agora me tomou a minha bênção. E perguntou: Não
reservaste, pois, para mim nenhuma bênção? Então respondeu
Iitshaq a Esaú dizendo: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e
todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de
mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois, agora, meu filho? E disse
Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também
a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou. Então
respondeu Iitshaq, seu pai, e disse-lhe: Eis que a tua habitação será
nas gorduras da terra e no orvalho dos altos céus. E pela tua espada
viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém, que quando te
assenhoreares, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço. E Esaú
odiou a Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha
abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-ão os dias de luto
de meu pai; e matarei a Jacó meu irmão” (Gn 27:36-41).
Itshaq faz como lhe ordena seu pai e vai para Padã-Ara em busca de
uma esposa. Já Esav quando vê isso faz justamente o contrário:
“Vendo, pois, Esaú que Itshaq abençoara a Ia´aqov, e o enviara a
Padã-Arã, para tomar mulher dali para si, e que, abençoando-o, lhe
ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaã; e que Jacó
obedecera a seu pai e a sua mãe, e se fora a Padã-Arã; vendo
também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Itshaq
seu pai, foi Esaú a Ismael, e tomou para si por mulher, além das suas
mulheres, a Maalate filha de Ismael, filho de Avraham, irmã de
Nebaiote” (Gn 28:6-9). Novamente fica explícito aqui que Jacó estava
honrando seus pais através da obediência. Já Esav fazia justamente o
contrário e certamente receberia o prêmio por tal atitude!
Quando Ia´aqov acorda, ele percebe aquilo que lhe acontecera e faz
uma declaração tremenda: “E temeu, e disse: Quão terrível é este
lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Elohim; e esta é a porta
dos céus” (Gn 28:17). Ia´aqov fala sobre o local como sendo “a casa
de D-us”. Em hebraico é beît "casa, lar, local, templo". Esta palavra é
usada no sentido de “habitação”. E o nome do Eterno aqui é Elohim –
o D-us Criador – que vem para reafirmar sua aliança com Ia´aqov.
Note que o lugar onde o Eterno se manifestou não era um templo
físico! O Eterno veio àquele lugar por causa de Ia´aqov! Não
importava o que ali havia, mas sim quem ali estava! O Eterno não se
importa com locais suntuosos e belos, mas sim com pessoas a quem
Ele precisa sensibilizar e trazer novamente a sua presença sobre elas
a fim de anunciar-lhes suas palavras!
Foi justamente por causa desta experiência que Ia´aqov deu o nome
de Betel àquele lugar. “E chamou o nome daquele lugar Betel; o
nome porém daquela cidade antes era Luz” (Gn 28:19). A palavra
Betel é um composto de beit + Elohim = bet El = Betel. Veja que os
prefixos das palavras foram usados a fim de formar-se uma nova
palavra com o mesmo significado: “Casa do D-us [Criador]”. Ele
completa dizendo: “e esta é a porta dos céus”. Aqui a palavra “porta”
vem do hebraico sha´ar e significa "porta (de uma cidade)". O sha´ar
era naturalmente o meio de acesso controlado a uma cidade murada.
Para Ia´aqov aquele lugar era a porta de acesso aos céus!
Agora Ia´aqov diz aquilo que está em seu coração: “E Ia´aqov amava
a Rahel, e disse: Sete anos te servirei por Rahel, tua filha menor” (Gn
29:18). Ia´aqov mesmo estipula o tempo pelo qual ele trabalhará a
fim de casar-se com Rahel, sua prima. O nome Rahel significa
“ovelha”. Ele fala sobre sete anos, e isso nos mostra que ele haveria
de fechar um ciclo, completar um período para então poder possuir
aquilo que estava em seu coração: Rahel! Quando se cumpriram os
sete anos que Ia´aqov determinou, então veio o tempo do casamento
e o que aconteceu foi isso: “E disse Ia´aqov a Laban: Dá-me minha
mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu me case com
ela. Então reuniu Laban a todos os homens daquele lugar, e fez um
banquete. E aconteceu, à tarde, que tomou Leah, sua filha, e trouxe-a
a Ia´aqov que a possuiu. E Laban deu sua serva Zilpah a Leah, sua
filha, por serva. E aconteceu que pela manhã, viu que era Leah; pelo
que disse a Laban: Por que me fizeste isso? Não te tenho servido por
Rahel? Por que então me enganaste?” (Gn 29:21-25). Ia´aqov
trabalha por Rahel mas casa-se com Leah! Isso porque o costume
local era dar em casamento primeiro a filha mais velha e depois a
mais nova! Por não ter lhes perguntado sobre seus costumes, Ia´aqov
então recebe como esposa a Leah. E quando ele “acorda” de sua
noite de núpcias, o que pergunta a Laban? “...Não te tenho servido
por Rahel? Por que então me enganaste?” A palavra "enganar" em
hebraico é ramâh e significa "iludir, enganar, desorientar". Veja que Ia
´aqov fala sobre sua própria atitude no passado para com seu irmão
Esav! Ia´aqov, que nos passado enganara seu irmão por duas vezes,
aproveitando-se de suas fraquezas, agora recebe na mesma medida
de seu tio Laban! Novamente somos ensinados que “aquilo que
plantarmos, isso colheremos”. Essa é uma lei espiritual válida ainda
para os nossos dias!
Agora tem início uma nova fase na vida da família de Ia´aqov: “Vendo
Rahel que não dava filhos a Ia´aqov, teve inveja de sua irmã, e disse
a Ia´aqov: Dá-me filhos, se não morro. Então se acendeu a ira de Ia
´aqov contra Rahel, e disse: Estou eu no lugar de Elohim, que te
impediu o fruto de teu ventre?” (Gn 30:1-2). Aqui fica claro que Rahel
pensa que o problema está na vontade de Ia´aqov em ter um filho
através dela! No hebraico temos a seguinte ordem: “... dá-me filhos,
ou senão estou morta eu”. A tradição judaica diz o seguinte sobre
isso: “Quatro pessoas consideram-se como mortas, nos disse o Rabi
Samuel Bar Nahamani: o cego, o leproso, quem não tem filhos e o
pobre. Os três primeiros vivem em constante sofrimento físico e
moral, e o quarto é realmente como se não existisse (Yalcut 127).
Agora nasce outro filho a Leah. Ela diz o seguinte: “E ouviu Elohim a
Leah, e concebeu, e deu à luz um quinto filho” (Gn 30:17). A palavra
traduzida por ouvir é shama e significa ouvir, escutar. Novamente, o
nome de seu filho demonstra o que ele significa para ela. “Então
disse Leah: Elohim me tem dado o meu galardão, pois tenho dado
minha serva ao meu marido. E chamou-lhe Issacar” (Gn 30:18). Leah
considerava que Elohim – o D-us Criador – estava lhe recompensando
através de sua serva – que fazia também o papel de esposa de Ia
´aqov – e então chamou ao menino Issacar, que significa galardão. O
Eterno ainda continua a dar filhos a Leah. O próximo filho que ela tem
é Zevulun, e pode significar “honra”, pois em sua raiz temos a
palavra zaval que significa "exaltar, honrar". Essa criança mostra a
esperança que Leah tinha de que seu marido habitasse com ela! O
que havia no coração de Ia´aqov era justamente uma divisão de seu
amor para com suas esposas. Porém, Ia´aqov ainda amava Rahel
muito mais do que Leah...
Suas palavras são estas: “E disse Leah: Elohim me deu uma boa
dádiva; desta vez morará o meu marido comigo, porque lhe tenho
dado seis filhos. E chamou-lhe Zebulom” (Gn 30:20). E como
complemento teve também uma filha, à qual colocou o nome de
Dinah. “E depois teve uma filha, e chamou-lhe Dinah” (Gn 30:21). O
nome Dinah vem da raiz hebraica din que significa “julgar”. Dinah
significa “julgada”. Leah sabe que tudo o haveria de acontecer-lhe já
tinha ocorrido e os filhos que tivera serviam como marcos em sua
vida e em seu relacionamento com Ia´aqov. Ela bem sabia que
poderia dar à Ia´aqov todos os filhos que pudesse, porém ela nunca
iria conquistar de fato o seu coração como havia feito sua irmã Rahel.
Neste ponto, Ia´aqov já está com onze filhos. Parece um número até
exagerado, mas para os planos de D-us ainda falta algo. Este é o
momento em que o Eterno se lembra de Rahel e atende ao seu
clamor. “E lembrou-se Elohim de Rahel; e Elohim a ouviu, e abriu a
sua madre” (Gn 30:22). A palavra “lembrar-se” em hebraico é zakar e
significa "pensar, meditar, dar atenção a, recordar". A palavra aqui é
Elohim – o D-us Criador. Percebemos que o próprio Criador se
manifesta à Rahel abrindo-lhe a madre a fim de que ela pudesse
conceber. O Eterno interveio em sua vida e o resultado dessa
intervenção aparece de forma esplêndida: “E chamou-lhe José,
dizendo: O IHVH me acrescente outro filho” (Gn 30:24). O nome dado
à José é sugestivo, pois fala sobre sua ansiedade em ter outros filhos.
O nome Iosef significa "acrescentar, aumentar".
Após terem feito este acordo, então Ia´aqov sai para longe de Laban
e tem início a estratégia de D-us a fim de tornar Ia´aqov ainda mais
rico que Laban através deste rebanho.
Miqlat – refúgio, asilo. Este substantivo denota o local para onde uma
pessoa se refugiava do vingador de sangue.
Álamo (em hebraico, libne) – tem um tronco alto e pode crescer até a
altura de aproximadamente 33 metros. Tem uma resina branca que
produz uma fragrância agradável na primavera. Na raiz desta palavra
temos o termo lebena, que significa “tijolo”. A maioria dos usos deste
termo ocorre em contextos que mostram a fatiga e a futilidade dos
esforços humanos!
Estas árvores nos falam sobre aquilo que Ia´aqov estava profetizando
através de sua atitude. A isso chamamos de “ato profético”. Ia´aqov
queria que seu rebanho tivesse estes aspectos: fosse um rebanho que
produzisse um cheiro agradável através de sua grande quantidade.
Seria tão grande que todos o veriam, assim como o álamo que de tão
alto chama para si a atenção de todos os que estão nas redondezas.
Outro aspecto está associado à amendoeira, que é a primeira árvore
que desperta na primavera. Assim como acontecia com esta árvore,
que seu rebanho “despertasse” e procriasse de forma a multiplicar-se.
Seriam belos animais, que quando oferecidos ao Eterno seriam tidos
como um “cheiro suave”, assim como o incenso que era queimado e
produzia este aroma suave nas narinas do Eterno. Quanto à sua base,
que se apoiassem em algo largo e sólido, ou seja, que a saúde do
rebanho fosse tamanha, que nada doente ou defeituoso fosse
produzido por eles. Eles deveriam sempre estar nos lugares altos,
dominando, assim como a castanheira que nasce nos altos do Monte
Carmelo!
Após este encontro, Ia´aqov faz um pacto com Laban e eles seguem
sua caminhada até a terra de seu pai Isaque. Enquanto seguiam para
lá, Ia´aqov tem outro encontro que traz um grande impacto à sua
vida: “Ia´aqov também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os
mensageiros de Elohim. E Ia´aqov disse, quando os viu: Este é o
exército de Elohim. E chamou aquele lugar Maanaim” (Gn 32:1-2). Ia
´aqov teve então a certeza de que os exércitos do D-us eterno
estavam-no acompanhando a fim de protegê-los e orientá-los quando
assim fosse necessário. Nota-se de certo modo uma semelhança nos
acontecimentos que ocorreram a Ia´aqov e com o povo israelita.
Ia´aqov volta à sua terra natal após passar grandes penúrias e dias
difíceis. Longos anos ele teve que trabalhar para construir seu lar.
Vezes e mais vezes o enganaram e o roubaram. Porém a tudo se
sobrepôs, e por fim teve de voltar a seu país. Este é o problema da
Diáspora em geral. Ia´aqov não conseguiu construir seu lar definitivo,
pois este, igual à Sucá, símbolo da morada do “Galut”, não pode
subsistir por longo prazo. Esta é a triste realidade, à qual não
devemos esquecer.
São usados alguns termos interessantes por Ia´aqov, pois a Torah diz
que ele enviou os “mensageiros” à terra de Seir, onde a palavra terra
é eretz que significa "terra, cidade (estado), mundo". Já a palavra
Seir vem de uma raiz que significa "cabeludo, peludo". Ele ainda fala
sobre “território de Edom”. A palavra “território” vem do termo
hebraico sadeh que significa "campo, campina, chão, terras". Temos
ainda a palavra “Edom” que em hebraico significa “vermelho”.
Percebemos então que Ia´aqov enviara seus mensageiros à terra,
mundo – eretz – do “cabeludo” (Esav), aos domínios menores –
campo, campina, terra, chão daquele que recebera o apelido de
“vermelho”. Isso demonstra que Ia´aqov estava na realidade
enviando “anjos” para prepararem seu caminho, pois certamente ele
“reconquistaria” a terra que lhe pertencia por direito de herança, mas
que agora era chamada pelos nomes de seu irmão justamente por
causa desua longa ausência ali! Sempre que os judeus ficaram longos
períodos ausentes de sua terra os seus inimigos tentaram “desfigura-
la” dando-lhes outros nomes! Mas ela sempre retornou ao seu nome
original: Israel!
Ia´aqov ordena à seus servos que vão a Esav com uma mensagem
específica. A palavra "ordenar" é tsawâ e significa "ordenar,
incumbir". A raiz da palavra indica a instrução de um pai para seu
filho; de um rei para seus servos. Isso nos mostra que o
relacionamento de Ia´aqov para com seus servos era muito
agradável, porém firme. Não havia abuso de autoridade –
autoritarismo – e também não havia a desobediência –
insubordinação – mas havia um relacionamento em que os servos
procuravam obedecer e atender ao seu senhor para que todas as
coisas pudessem caminhar de forma agradável, sem maiores
problemas.
O fato de Esav vir com 400 homens nos desperta algo: por que
deveriam ser justamente 400? Neste número temos o número 4 que
representa o mundo e isso parece apontar para uma “recepção” de
volta de todo o mundo para Ia´aqov! Isso realmente aconteceu
quando o eterno usou a ONU para fazer com que Israel retornasse à
sua terra! Também nos é apresentado o número 40 que é o número
da provação! Apesar da volta e da recepção, ele não deixaria de ser
novamente “provado” pelo Eterno em sua alma! A recepção de Esav
nos revela que mesmo os maiores inimigos receberiam Israel e
futuramente haveriam de se curvar à eles de forma espetacular, pois
a autoridade foi dada não a Evav, mas sim a Ia´aqov!
Ele principia chamando lembrando que D-us foi o Elohim D-us Criador
– de Avraham e conseqüentemente dele também e que o seu nome é
– IHVH o que demonstra que o Eterno se tornaria aquilo que ele
precisasse! A petição de Ia´aqov é por livramento! A palavra “livrar”
em hebraico é natsal e significa "livrar, resgatar, salvar". Daí a idéia
de salvação ou de um livramento pessoal literal. Ia´aqov estava
“antecipando” o que poderia acontecer em seu encontro com Esav e
então já clamava ao Eterno para que o livrasse! Ele também lembra
ao Eterno que Ele mesmo lhe prometera fazer-lhe bem e que faria a
sua descendência como a areia do mar. A palavra “descendência” é
zerá e significa "descendência física"; seriam os filhos que nasceriam
a partir dele e então se tornariam numerosos em toda a terra. Mas
como seria isso possível se algum mal acontecesse a ele ou a
qualquer um de seus familiares? É justamente por isso que Ia´aqov
clama ao Eterno por esse tipo de livramento!
Por isso o nome do lugar chamou-se Peniel, pois ele viu à D-us face a
face. O nome do lugar é mudado em virtude deste acontecimento!
Agora seu nome – Peniel – é a combinação de duas palavras panim +
El. O termo panim está no plural e indica todas as características que
formam o rosto de alguém! Certamente neste acontecimento a face
do Eterno sorria para Ia´aqov! Já palavra “ver” em hebraico é ra’â e
significa "ver, olhar, inspecionar". O encontro entre eles fora tão
extraordinário que ele diz ter visto (e também foi visto) face a face
com e pelo Criador! Ia´aqov (agora Israel) tivera um encontro com
seu Criador e sua vida haveria de mudar, pois ele confessa que
“minha alma foi salva”. A palavra “salva” em hebraico é natsal e
significa "livrar, resgatar, salvar". A palavra tem o sentido de
“arrastar para fora ou então puxar para fora”. Isso nos fala sobre os
temores e traumas de Ia´aqov que, naquele encontro com o Eterno
foram-lhe arrancados e curados! Agora Ia´aqov certamente seria um
outro homem, curado e restaurado pelo Eterno!
Ia´aqov reconhece que foi o Eterno que o trouxe até ali e naquela
condição de saúde e vida! “E chegou Ia´aqov salvo à Salém, cidade
de Seqem, que está na terra de Canaã, quando vinha de Padã-Arã; e
armou a sua tenda diante da cidade” (Gn 33:18). É-nos dito que Ia
´aqov chega salvo à Salém. A palavra Salém significa "estar
completo, sadio". Ela descreve bem o estado no qual Ia´aqov chega à
sua casa: como alguém que foi embora, mas retorna vitorioso em
todos os sentidos de sua vida! Ele estava também na cidade de
Seqem e esta palavra significa "ombro, costas". A palavra vem da
raiz que significa também “levantar cedo”. Tem o sentido de começar
uma longa viagem; começar o dia com um ato de adoração e ir à
batalha! É muito interessante pois foi justamente isso que acontecera
com Ia´aqov: ele levantara-se começando uma nova etapa de sua
vida, e creio eu, que através de sua postura de um verdadeiro
adorador ele conquista as vitórias tão esperadas no campo de batalha
– tanto espiritual quanto físico -.
Seu último ato ao chegar à sua terra natal foi o de erigir um altar ao
seu D-us. “E levantou ali um altar, e chamou-lhe: Deus, o Deus de
Israel” (Gn 33:20). A palavra “altar” em hebraico é mizbeah e
significa "lugar de sacrifício". Agora Ia´aqov trazia diante do Eterno
um sacrifício como gratidão ao seu D-us por seus feitos em sua vida.
Ele também dá um nome ao altar: El, o D-us de Israel! Este nome de
D-us é usado em conjunto como prefixo na maioria dos designativos
com os quais o Eterno se apresenta nas Escrituras. E o mais
interessante é que ele chama El de seu D-us! Ele o chama de D-us de
Israel! O altar funcionaria como um marco naquele lugar e traria
lembranças a quem quer que o visse e compreendesse o motivo
porque ele estava ali! Lembremo-nos também que Israel é agora o
nome de Ia´aqov!
Este é Ia´aqov – agora Israel – que volta ao seu lar com uma nova
postura de vida e seu retorno propiciará a ele que viva uma nova
etapa em sua caminhada com o D-us Eterno de Israel! Ele assume
sua nova identidade: o príncipe que lutou com o Criador e prevaleceu
– conseguiu aquilo que tanto precisava – e agora tem início o
cumprimento através de Ia´aqov – Israel – da promessa feita a
Abraham e Itshaq, a qual nos fala sobre Israel habitar na sua terra e
ali eles cresceriam e se multiplicariam. Mas isso é só o começo!
Mas a história vai muito além disso. “Quando Ia´aqov ouviu que
Dinah, sua filha, fora violada, estavam os seus filhos no campo com o
gado; e calou-se Ia´aqov até que viessem. E saiu Hamor, pai de
Seqem, a Ia´aqov, para falar com ele. E vieram os filhos de Ia´aqov
do campo, ouvindo isso, e entristeceram-se os homens, e iraram-se
muito, porquanto Seqem cometera uma insensatez em Israel,
deitando-se com a filha de Ia´aqov; o que não se devia fazer assim”
(Gn 34:5-7). Quando Ia´aqov e seus filhos ficaram sabendo do que
havia ocorrido com Dinah houve uma indignação muito grande por
parte deles. Eles sabiam que algo deveria ser feito para que este
grande mal pudesse ser reparado. Mas o que? Agora o próprio D-us
vai providenciar para eles uma estratégia a fim de poderem “vingar-
se” de Dinah.
Hemor (pai de Seqem) vem até Ia´aqov para pedir-lhe Dinah por
esposa à seu filho. “Então falou Hamor com eles, dizendo: A alma de
Seqem, meu filho, está enamorada da vossa filha; dai-lha, peço-vos,
por mulher; e aparentai-vos conosco, dai-nos as vossas filhas, e tomai
as nossas filhas para vós; e habitareis conosco; e a terra estará
diante de vós; habitai e negociai nela, e tomai possessão nela. E disse
Seqem ao pai dela, e aos irmãos dela: Ache eu graça em vossos
olhos, e darei o que me disserdes; aumentai muito sobre mim o dote
e a dádiva e darei o que me disserdes; dai-me somente a moça por
mulher” (Gn 34:8-12).
Pelo texto nós percebemos que não houve resistência da parte dos
que estavam com Ia´aqov. Eles liberalmente se desfizeram das coisas
que, de alguma forma, impediam seu relacionamento com o D-us
Eterno. A primeira coisa de que se livraram foram os “deuses
estranhos”. Em hebraico temos nekar eloahi que significa literalmente
deuses estrangeiros! Estava tendo início uma “limpeza” das
“heranças” adquiridas na casa da Lavan! Para que Ia´aqov se
estabelecesse em sua terra, sua casa precisaria de uma total
purificação!
Mas isso não foi bastante para o Senhor, que dá ainda mais ao seu
servo Israel! “Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-Poderoso;
frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações
sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos; e te darei a ti a terra
que tenho dado a Abraão e a Isaque, e à tua descendência depois de
ti darei a terra. E Deus subiu dele, do lugar onde falara com ele. E Ia
´aqov pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna de
pedra; e derramou sobre ela uma libação, e deitou sobre ela azeite”
(Gn 35:11-14). Agora o Senhor libera uma palavra que certamente
transformaria a vida de Ia´aqov e novamente Ele ratifica suas
promessas a Israel.
Com isso a amada de Ia´aqov – Rahel - morre ao dar à luz a Bin iamim
e é sepultada em Beit Lechem. Termina aqui o ciclo dos nascimentos
dos filhos de Ia´aqov e também a composição das doze tribos de
Israel.
No contexto, fica claro que Israel amava mais a Iosef do que os seus
outros filhos! A palavra “amar” em hebraico é ‘ahab e significa
"amor". Porém esta palavra descreve freqüentemente o amor entre
seres humanos. A Escritura nos esclarece que este amor maior de
Israel por Iosef é pelo fato de ele ser o filho de sua velhice, mas aí há
algo mais. Iosef é filho de Rahel, a sua amada esposa e Israel parece
aqui “transferir” este amor que ele sentia por Rahel e devotá-lo a
Iosef! Creio que a cada atitude no relacionamento entre Israel e Iosef
algo transparecia em seu favor e fazia Israel lembrar-se de Rahel!
Justamente por isso Iosef recebe de seu pai uma túnica de várias
cores. A palavra “túnica” em hebraico é kuttonet com o mesmo
significado; era uma vestimenta parecida com um camisão bastante
longo e era feita geralmente de linho. Isso – aliado ao fato de Iosef já
ser declaradamente o filho preferido de Israel – causou um certo mal-
estar entre os demais irmãos de Iosef!
Por outro lado Iosef, sonhava e tinha com revelações que o Eterno lhe
transmitia e inocentemente as contava à seus irmãos! Isso causava
um profundo desagrado a todos os irmãos de Iosef! O interessante é
que a palavra “sonho” em hebraico é halam com o mesmo
significado; porém a palavra vem de uma raiz que significa “ser
forte”. Há aqui uma revelação imensa para nossas vidas: assim como
Iosef sonhava e se fortalecia a cada dia mais, seus irmãos
caminhavam justamente na direção contrária; quando percebemos
isso aprendemos que devemos também proceder da mesma forma!
Os sonhos não são somente projeções da alma humana, mas são
também os veículos de comunicação que o Eterno D-us usa a fim de
nos trazer à mente as realidades futuras que estão ainda em seu
coração para nossas vidas. Certamente Iosef sonhava e
continuamente “repassava” seus sonhos diante de si, vendo aquilo
que ainda não existia; contemplando aquilo que era – até aquele
momento - somente um sonho, mas que ele sabia poderia tornar-se
parte integrante de sua vida! Iosef nunca deixou de sonhar e
fortalecer assim seus laços com o Eterno e com sua alma, dizendo a
si mesmo que Aquele que implantara tal sonho em seu coração era
poderoso para fazer com que se cumprisse aquilo da forma e no
tempo que lhe aprouvesse!
O sonho de Iosef viria a tornar-se realidade – profecia que se
transforma em história – e seria tido como a Palavra de D-us! A
Escritura nos diz que devemos ter fé. Mas o que é fé? A palavra fé
vem do termo hebraico aman que significa "confirmar, sustentar,
estabelecer-se, ser fiel, crer em". Os sonhos de Iosef foram
confirmados como Palavra de D-us, que quando é confirmada,
demonstra automaticamente que a fé não passa de obediência ao
Eterno que, por ter dito algo anteriormente, através dos tempos e das
circunstâncias, materializa – realiza no tempo e no espaço – aquilo
que fora dito por seu intermédio.
A Torah nos diz que eles “conspiravam” contra a vida de Iosef. Esta
palavra vem do termo hebraico nakal e significa “ser ardiloso, ser
enganoso, agir sem escrúpulos”. Esta palavra demonstra que a
atitude deles em relação ao irmão não seria baseada no amor ou em
qualquer outra premissa de valores familiares! Eles estavam
pensando e conversando sobre o destino de Iosef e certamente iriam
atacá-lo sem que esperasse! Isso nos faz lembrar a atitude de nosso
arquiinimigo: há Satan, que age da mesma forma – planeja e ataca
como se pudesse decidir acerca da vida e da morte de cada ser
humano; parece querer bancar “D-us”!
Quantas dores deve ter sentido o garoto sendo já jogado num poço
como um animal sem qualquer valor; quanto mais agora que está
para ser vendido como uma mercadoria qualquer num
estabelecimento comercial! Estes fatos marcaram profundamente a
alma de Iosef que certamente deve ter sofrido muito ao ver seus
irmãos fazerem aquilo consigo. Mas o pior ainda estava por vir.
“Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram e alçaram a Iosef
da cova, e venderam Iosef por vinte moedas de prata, aos ismaelitas,
os quais levaram Iosef ao Egito” (Gn 37:28). Agora, definitivamente,
Iosef é vendido como um objeto e vai para o Egito para ali novamente
ser negociado e ser comprado por alguém! A cena que deve ter
ficado gravada na mente de Iosef e certamente levou muito tempo
para ser, pelo menos, amenizada em suas lembranças. Enquanto era
vendido e depois levado pelos ismaelitas ele certamente deve ter
implorado aos seus irmãos que não fizessem aquilo com ele. E eles
não o escutaram; certamente até mesmo fingiram não saber que ele
era seu irmão!
Isso foi tão mau – tanto aos olhos humanos quanto aos de D-us - que
o Eterno toma então providências radicais. Novamente a palavra aqui
é o - IHVH – o tetragrama, que demonstra que o Eterno tornou-se
aquilo que ele necessitava. Onan então é morto pelo Senhor. Parece
algo muito duro de ser dito, mas a desobediência de Onan e a sua
postura de coração para com os fatos apresentados certamente
atraíram sobre ele o juízo do Senhor. A palavra “matar” em hebraico é
mot e significa "matar, assassinar, mandar matar". Isso nos mostra
que o próprio D-us pode tê-lo matado ou então enviou um emissário
seu para executar esta tarefa!
Após tal fato ter acontecido, Iehuda pede à sua nora que espere até o
tempo em que seu filho Shela – em hebraico, "Elevação" – atinja a
maturidade e possa casar-se, para que então ele assuma-a como
esposa, a fim de dar-lhe um filho. Mais uma vez as coisas não
ocorreram como fora combinado entre eles! “Então disse Iehuda a
Tamar sua nora: Fica-te viúva na casa de teu pai, até que Selá, meu
filho, seja grande. Porquanto disse: Para que porventura não morra
também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e ficou na casa
de seu pai. Passando-se pois muitos dias, morreu a filha de Sua,
mulher de Iehuda; e depois de consolado Iehuda subiu aos
tosquiadores das suas ovelhas em Timna, ele e Hira, seu amigo, o
adulamita. E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe
a Timna, a tosquiar as suas ovelhas. Então ela tirou de sobre si os
vestidos da sua viuvez e cobriu-se com o véu, e envolveu-se, e
assentou-se à entrada das duas fontes que estão no caminho de
Timna, porque via que Selá já era grande, e ela não lhe fora dada por
mulher” (Gn 38:11-14) grifo nosso. Aqui é que Tamar, cujo nome
significa “tamareira”, tem uma idéia ousada, mas que irá realmente
mostrar à Iehuda que sua postura não foi correta para com ela. Ela
sentou-se disfarçada de prostituta e Iehuda vendo-a não a reconhece
e entra a ela a fim de possuí-la! “E vendo-a Iehuda, teve-a por uma
prostituta, porque ela tinha coberto o seu rosto. E dirigiu-se a ela no
caminho, e disse: Vem, peço-te, deixa-me possuir-te. Porquanto não
sabia que era sua nora. E ela disse: Que darás, para que possuas a
mim? E ele disse: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. E ela disse:
Dar-me-ás penhor até que o envies?” (Gn 38:15-17).
O fato dela ter coberto seu rosto com o véu é um destaque, pois as
mulheres judias não cobriam o rosto, mas sim a cabeça! Quando o
rosto é coberto há uma necessidade de ocultar-se a identidade de
alguém; já quando se cobre a cabeça a intenção é dizer que se está
debaixo de autoridade do Eterno! A palavra “véu” vem do termo
hebraico tsaip que significa "roupão, xale, véu". Isso implica dizer
também que o véu não era pequeno, mas servia também como um
xale para cobrir a parte superior do corpo de quem o estivesse
usando.
Ela agora não deveria ser condenada à pena de morte, mas sim
honrada como uma mulher justa! Aprendemos que os filhos
resultantes desta união foram Perets que significa “brecha” e Zerah
que significa "aurora, brilho". Da descendência de Perets vieram
aqueles que entrariam na rota para trazerem à existência Ieshua, o
Messias! Que caminhos tem o Eterno para demonstrar sua justiça e
sua vontade! Foi justamente através dessa mulher – nora de Iehuda -
que vieram filhos justos e que agradaram ao coração do Eterno e
assim entraram na linha de descendência do Mashiach.
Mas isso aconteceu porque Iosef era fiel ao Eterno e mantinha uma
profunda comunhão com o D-us de Israel, seu pai! Isso fez com que
Iosef obtivesse um profundo respeito e confiança de seu senhor
egípcio! Nós deveríamos aprender com Iosef a termos uma postura
tal diante dos nossos “senhores egípcios” que eles mesmos
pudessem verificar que, através de nossa fidelidade e comunhão com
o Eterno tudo o que fosse colocado em nossas mãos geraria os
melhores resultados! Esse é o verdadeiro significado de tsalah pois aí
há a combinação de trabalho com a presença do Eterno, que
transforma esse trabalho em grande abundância! “Vendo, pois, o seu
senhor que o IHV Hestava com ele, e tudo o que fazia o IHVH
prosperava em sua mão, Iosef achou graça em seus olhos, e servia-o;
e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que
tinha” (Gn 39:3-4). Iosef recebeu uma posição ou cargo de confiança
baseado em dois aspectos fundamentais para o sucesso:
competência e a aprovação do Eterno! Essas duas coisas fizeram de
Iosef o segundo – ou vice-diretor, gerente – da casa de seu senhor!
Iosef conseguiu “mesclar” o temor do Senhor com seu trabalho e o
resultado disso foi “vencer, ter sucesso, ser útil, dar bom resultado,
experimentar abundância”.
Como a origem destes sonhos era de D-us, somente Ele poderia dar a
interpretação destes sonhos! E os ocultistas de Faraó não conheciam
o D-us dos hebreus e por isso não poderiam receber o privilégio de os
interpretarem!
Agora Faraó dá seu veredicto final: “Tu estarás sobre a minha casa, e
por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu
serei maior que tu. Disse mais Faraó a Iosef: Vês aqui te tenho posto
sobre toda a terra do Egito. E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs
na mão de Iosef, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um colar
de ouro no seu pescoço. E o fez subir no segundo carro que tinha, e
clamavam diante dele: Ajoelhai. Assim o pôs sobre toda a terra do
Egito. E disse Faraó a Iosef: Eu sou Faraó; porém sem ti ninguém
levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito. E Faraó
chamou a Iosef de Zafenate-Panéia, e deu-lhe por mulher a Azenate,
filha de Potífera, sacerdote de Om; e saiu Iosef por toda a terra do
Egito” (Gn 41:40-45). Agora Faraó dirige-se à Iosef não como a um
escravo ou um bandido qualquer, mas com todo o respeito que o
Eterno, em poucos minutos creditou à Iosef por sua obediência em
todo o seu proceder. Faraó percebeu que ele estava diante de um
homem diferente; ali estava um servo do D-us Eterno em quem ele
certamente poderia confiar!
Foi justamente no Egito que aconteceu com Iosef aquilo que ele
certamente muito desejara: o nascimento de seus filhos! O Eterno dá
a Iosef dois filhos que refletem o seu estado interior. “E nasceram a
Iosef dois filhos (antes que viesse um ano de fome), que lhe deu
Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. E chamou Iosef ao
primogênito Manassés, porque disse: Elohim me fez esquecer de todo
o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai. E ao segundo chamou
Efraim; porque disse: Elohim me fez crescer na terra da minha
aflição” (Gn 41:50-52). Através do nascimento destas duas crianças
algo fica muito claro: Iosef estava passando por um processo de cura
de sua alma e também de consolidação de sua fé no D-us de seus
pais! O primeiro filho recebe o nome de Manassés, que em hebraico
significa “que me faz esquecer”. Todas as lembranças e recordações
são plenamente “esquecíveis” até o momento em que nós
precisemos que elas sejam curadas. Em Manassés Iosef acreditava
estar “esquecendo” das coisas que lhe haviam ocorrido no passado!
Logo adiante veremos que isso não era tão verídico quanto Iosef
imaginava ao dar esse nome ao menino. Outro aspecto é que Iosef
havia vencido em terra estranha! Isso seria motivo de grande orgulho
para qualquer homem e Iosef externa esse fato chamando seu outro
filho de “Efraim”, que em hebraico significa “duplamente frutífero”.
Certamente Iosef quis dizer que ele havia recebido uma “porção
dobrada” das bênçãos do Eterno sobre sua vida! No final deste verso
Iosef fala que o Eterno o fez crescer na terra de sua aflição. A palavra
“aflição” em hebraico é oni, e significa "aflição, pobreza". Essa
palavra indica o estado de sofrimento ou castigo resultante da aflição.
Iosef nos ensina que a nossa vitória virá justamente na terra onde
somos afligidos! É justamente ali que o Eterno quer nos dar a plena
afirmação e a vitória total para que aqueles que compartilharam
nosso sofrimento e pesar venham a ver e a crer que o Eterno é
poderoso para reverter qualquer situação, por mais terrível e
desesperadora que pareça! O fato de Iosef Ter tido filhos na terra do
Egito simboliza a nação de Israel tendo seus filhos em terras
estranhas e eles ali frutificando e sendo como um padrão para os
demais: “Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e
escreve nele: Por Iehuda e pelos filhos de Israel, seus companheiros.
E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele: Por Iosef, vara de
Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros” (Ez 37:16).
“E eles lhe disseram: Não, senhor meu; mas teus servos vieram
comprar mantimento. Todos nós somos filhos de um mesmo homem;
somos homens de retidão; os teus servos não são espias. E ele lhes
disse: Não; antes viestes para ver a nudez da terra. E eles disseram:
Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem na terra
de Canaã; e eis que o mais novo está com nosso pai hoje; mas um já
não existe. Então lhes disse Iosef: Isso é o que vos tenho dito, sois
espias; nisto sereis provados; pela vida de Faraó, não saireis daqui
senão quando vosso irmão mais novo vier aqui. Enviai um dentre vós,
que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, e vossas palavras
sejam provadas, se há verdade convosco; e se não, pela vida de
Faraó, vós sois espias. E pô-los juntos, em prisão, três dias” (Gn
42:10-17). Aqui temos um diálogo entre Iosef e seus irmãos: de um
lado a acusação de serem espiões; de outro a defesa sendo elaborada
através da história da família. Eles dizem a Iosef que são de uma
família de doze irmãos – eles estão em dez no Egito – e que o irmão
mais novo está com seu pai e um deles já não existe! Mal sabem eles
que este que eles dizem que não existe mais está diante deles! A
reação de Iosef é mandar prendê-los como espiões! Ficaram presos
por três dias para que Iosef pudesse pensar naquilo que fria com eles.
Ia´aqov então ordena aos seus filhos que desçam ao Egito e comprem
mais mantimentos para todos. Porém Iehuda interpela o pai e lhe
explica que não é possível voltarem ao Egito sem a companhia de seu
irmão mais novo – Benjamim – pois se assim o fizerem certamente
haverão de morrer, pois eles haviam dito a Iosef que o levariam a fim
de provarem a sua inocência e também para libertarem Simeão!
tsari – bálsamo – ele nos fala sobre cura, sobre restauração e sobre
uma unção que preparava para a morte.
O texto nos diz o seguinte: “E deu ordem ao que estava sobre a sua
casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos destes homens, quanto
puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco. E o
meu copo, o copo de prata, porás na boca do saco do mais novo, com
o dinheiro do seu trigo. E fez conforme a palavra que Iosef tinha dito.
Vinda a luz da manhã, despediram-se estes homens, eles com os
seus jumentos. Saindo eles da cidade, e não se havendo ainda
distanciado, disse Iosef ao que estava sobre a sua casa: Levanta-te, e
persegue aqueles homens; e, alcançando-os, lhes dirás: Por que
pagastes mal por bem? Não é este o copo em que bebe meu senhor e
pelo qual bem adivinha? Procedestes mal no que fizestes. E alcançou-
os, e falou-lhes as mesmas palavras. E eles disseram-lhe: Por que diz
meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem
semelhante coisa. Eis que o dinheiro, que temos achado nas bocas
dos nossos sacos, te tornamos a trazer desde a terra de Canaã;
como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro? Aquele,
com quem de teus servos for achado, morra; e ainda nós seremos
escravos do meu senhor. E ele disse: Ora seja também assim
conforme as vossas palavras; aquele com quem se achar será meu
escravo, porém vós sereis desculpados. E eles apressaram-se e cada
um pôs em terra o seu saco, e cada um abriu o seu saco. E buscou,
começando do maior, e acabando no mais novo; e achou-se o copo no
saco de Benjamim. Então rasgaram as suas vestes, e carregou cada
um o seu jumento, e tornaram à cidade” (Gn 44:1-13).
Quando o Eterno falou com Ia´aqov ele o fez desta vez em visões de
noite. A palavra “falou” em hebraico é amar e significa “ordenar,
dizer, falar”. Já a palavra aqui é Elohim, o D-us Criador. A palavra
“visões” em hebraico é mar´â e significa “visão”. Um dos significados
desta palavra em sua raiz (dependendo do contexto) é de “visão
profética”. Mas o que temos então aqui? O D-us Criador aparece a Ia
´aqov e lhe ordena algo através e uma visão profética! Uma visão
profética é algo que ainda não aconteceu, mas que mesmo assim é
mostrado (ou dito) pelo Eterno aos seus servos a fim de mantê-los
com sua fé e esperança firmes n´Ele!
O eterno diz a Ia´aqov: “E disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não
temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação”.
Literalmente este verso diz: “...Me tornei El (D-us), o Elohim (D-us
Criador) de teu pai...” O Eterno ainda lhe promete que ele se tornaria
uma grande nação no Egito. A palavra “grande” em hebraico é gadol
com o mesmo significado. Já a palavra “nação” é goi e significa
“gentio, pagão, povo, nação”. Isso nos mostra que o Eterno já
apontava para o futuro ao mencionar este fato para Ia´aqov, assim
como havia feito com Abraão e dizendo-lhe que sua descendência se
transformaria numa grande nação – ou multidão de povos – como fora
dito a Abraão! Mas, na história, quando isso aconteceu? Nunca! Se
não entendermos o que o Eterno está dizendo aqui, jamais
perceberemos o alcance esta palavra! Ele já nos fala aqui que seu
povo Israel seria disperso por todo o mundo – não uma vez, mas duas
vezes – e esse fato resultaria na “mescla” do povo de Israel, na perda
de sua identidade e no seu maravilhoso crescimento. Isso tudo
contribuiria para que Israel hoje se tornasse a maior nação do mundo,
pois existem milhões de judeus – descendentes – que não conhecem
sua própria identidade! E isso fez com que esta promessa fosse
cumprida plenamente pelo Eterno, pois eles deveriam ir para o Egito
para dali serem chamados a fim de se tornarem um povo único na
terra para servirem ao Eterno!
Agora temos o encontro de Ia´aqov com Faraó. Este encontro nos traz
uma particularidade excepcional! “E trouxe Iosef a Ia´aqov, seu pai, e
o apresentou a Faraó; e Ia´aqov abençoou a Faraó. E Faraó disse a Ia
´aqov: Quantos são os dias dos anos da tua vida? E Ia´aqov disse a
Faraó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta
anos, poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida, e não
chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas
peregrinações. E Ia´aqov abençoou a Faraó, e saiu da sua presença”
(Gn 47:7-10). Ia´aqov em seu encontro com Faraó, além de conversar
com ele, Ia´aqov por duas vezes abençoa a Faraó! A palavra
“abençoar” usada aqui em hebraico é barak que significa “dar poder
a alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo”! Mas,
precisaria Faraó ser abençoado por Ia´aqov? Quem era o maior entre
eles naquela ocasião? Faraó era o senhor absoluto de todo o Egito e
de grande parte do mundo conhecido de então, e isso nos pareceria
um grande sinal de prosperidade, sucesso e fecundidade! Ledo
engano! Isso era somente a visão exterior das conquistas de Faraó
através de Iosef! Naquele instante certamente Ia´aqov ao abençoar a
Faraó ministrava-lhe a prosperidade, o sucesso e a fecundidade
espirituais, coisas que tem início no espírito, dando-nos um novo nível
de relacionamento com o Eterno, e isso causará um impacto imenso
na alma humana que será restaurada pela palavra viva do Senhor o
que finalmente resultará na cura física das enfermidades! Isso sim é
ser abençoado! Ali o maior era Ia´aqov que, por duas vezes, ministra
sobre Faraó a bênção do Eterno, confirmando aquilo que está escrito:
“Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior” (Hb
7:7). Faraó não conhecia ao D-us Eterno e não poderia sequer
transmitir qualquer tipo de palavra que causasse impacto positivo na
vida de Ia´aqov. Já o contrário não era verdade, pois quando Ia´aqov
liberou estas palavras abençoando a Faraó, no mundo espiritual
certamente algo aconteceu!
Ia´aqov e seus filhos habitaram em Gosém, onde receberam um local
para viverem. “E Iosef fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes
possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de
Ramessés, como Faraó ordenara” (Gn 47:11). Aqui há algo
interessante. Quando está dito que Iosef deu-lhes possessão na terá
do Egito, a palavra “possessão” em hebraico é ahuzzâ e significa
“possessão, propriedade”. Esta palavra vem da raiz ´ahaz que
significa “agarrar, pegar, apoderar-se”. Isso nos mostra que quando
somos obedientes ao Eterno, Ele mesmo se encarrega de dar-nos o
melhor do Egito como possessão! Aquilo que pertencia ao incrédulo é
transferido para seu povo como sua propriedade, da qual ele se
apossa, pega, agarra, mas não com sua própria força ou por seu
próprio esforço, mas sim como um presente do Eterno para seus
filhos obedientes!
Alguns pensam que o Egito para nada serviu na vida dos israelenses!
Engano! A aventura deles termina com o seguinte relato: “Assim
habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram
possessão, e frutificaram, e multiplicaram-se muito” (Gn 47:27). Duas
coisas devem ser observadas aqui: o Eterno se utilizou do Egito para
fazer com que os filhos de Israel pudessem frutificar e multiplicar. A
palavra “frutificar” em hebraico é parâ e significa “frutificar, ser
fecundo, ser frutífero, ramificar”. Este conceito é muito interessante
pois é no Egito que o Eterno manifestou nos israelitas o fato de serem
pessoas fecundas, frutíferas e que lançassem seus ramos por todos
os lados, como uma árvore que cresce livremente entre outras!
Também foi dito que eles se multiplicaram e esta palavra em hebraico
é rabâ e significa “ser numeroso, tornar-se numeroso”. Nós sabemos
pela história que os israelitas desceram para o Egito com setenta
pessoas e saíram de lá com aproximadamente dois milhões e meio de
pessoas! Isso certamente demonstra que a palavra do Eterno
cumpriu-se na vida daquelas pessoas de tal forma que
transformaram-se numa multidão. A palavra dita pelo eterno aos seus
servos agora começa a cumprir-se e o povo de Israel – tão pequenino
e desprezado – começa a tornar-se uma potência e a ser respeitado e
temido por todos!