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A MULHER NO MUNDO ANTIGO GREGO E ROMANO

CRISTIANE DA SILVA DINIZ

Resumo
A presente pesquisa visa ampliar o conhecimento a respeito da vida
das mulheres no mundo antigo grego e romano, para isso, essas sociedades
foram analisados cuidadosamente com base em autores coerentes, para
adquirir mais informações sobre o universo feminino, afim de obter êxito no
estudo, alargando o conhecimento sobre a vida da mulher antiga e suas
vicissitudes. Iremos nessa pesquisa analisar o nascimento de uma menina, se
esta vai ter educação, como será sua vida adulta, as suas contribuições para
a sociedade, por fim observaremos como se da o fim da vida desta mulher
que viveu na antiguidade grega e romana.

Palavras chave: Mulher – Antiguidade – Grécia – Roma.

Abstract
The purpose of this research is to broaden the knowledge about the
life of women in the ancient Greek and Roman world. For this, these
societies were carefully analyzed on the basis of coherent authors, to acquire
more information about the feminine universe in order to be successful in
the study the knowledge about the life of the old woman and her
vicissitudes. In this research we will analyze the birth of a girl, if she is
going to be educated, what will be her adult life, her contributions to
society, finally we will observe how the end of the life of this woman who
lived in ancient Greek and Roman.

Key words: Woman – Antiquity – Greece – Rome.

O presente artigo vai abordar a vida da mulher e seus conflitos, no


período da antiguidade na Grécia e Rama. Sabe-se, que a mulher no curso
da historia da humanidade, geralmente, esteve em posição inferior ao
homem, porem isso não significa, que ela seja passiva em relação a isto.
Portanto, será abordado nessa pesquisa, como se deu a vida da mulher na
antiguidade, retratando tudo que gira em torna dela e até desmitificando
algumas crenças a seu respeito, como, o pensamento de inutilidade sobre a
mulher na antiguidade, pois na verdade, esta foi fundamental na construção
de uma civilização, visto que as mulheres e quem gera filhos, ademais, em
comunidades militaristas era essencial ter homens saudáveis e fortes para
que fosse à luta, e as mulheres era quem gerava esses cidadãos. Elas
atuavam, também na religião, onde, inclusive, podia falar em nome da
cidade.

Surgimento da mulher
Pierre Cabanes, relata que no mundo antigo a criança ao nascer
deveria ser reconhecida pelo pai, mas se o pai não o fizesse (os motivos do
não reconhecimento poderia ser má formação do bebê), a criança seria
exposta, era possível que essa criança fosse acolhida e criada por outra
pessoa, porem o futuro mais provável era a escravidão, Cabanes, ressalta
que essa exposição acarretava mais os bebês do sexo feminino.
(CABANES, 2009, p. 41).

Jean Pierre Vernant, destaca o surgimento da mulher no mito de


Prometeu, que diz que a mulher foi criada por Zeus como maldição para os
homens, pois no mito é sugerido que os homens enganam a Zeus ao
oferecer-le sacrifícios de animais ficando com a melhor parte o animal
enquanto á divindade é oferecido uma parte não tão boa, é criada, então a
primeira mulher, Pandora que vem com tudo que antes o homem não
conhecia como, o trabalho, doença, velhice e a morte. (VERNANT, 2006, p.
61-63).

Educação
Referente a educação da menina, Pierre Cabanes, escreve que na
Roma antiga, parte das meninas podiam aprender a ler, escrever e contar,
porem, aos 12 anos de idade apenas os meninos de família com recursos
seguiam os estudos, o que sugere que a maioria das meninas não eram
condicionadas a vida dos estudos, até porque logo mais iriam casar e cuidar
de casa, mas aos meninos de família rica era necessário o estudo, pois estes
comporiam a sociedade erudita mais adiante. (CABANES, 2009, p. 43).

O casamento e a sexualidade
Segundo Peter N. Stearns, no mundo antigo Grego, a sexualidade
feminina era mantida sobre o controle do Estado, por conseqüência dos
valores da sociedade grega, que visa manter o poder econômico, já que os
casamentos eram feitos por interesses financeiros, ou seja, as moças
casavam não por estar apaixonadas, mas, porque o pai da mulher precisava
fazer arranjos econômicos, para assim, manter ou aumentar seu patrimônio.
Ademais Stearns, ressalta também, que alem de interesses financeiros, o
casamento era o produtor de cidadãos, o que sugere a responsabilidade da
mulher nas atividades sexuais. (STEARNS, 2010, p. 55).

Luís Pérez Sanchez, relata, que na Roma antiga havia dois tipos de
casamento, um é o cum manu, no qual a mulher tornava-se pertencente da
família do marido, e em caso de punição a família de origem da mulher
podia ser consultada, o outro tipo de casamento é o seno manu, que permitia
que a mulher continuasse a pertencer á sua família e isso, segundo Sanchez,
foi importante para que a mulher caminhasse em direção á emancipação,
pois aqui a mulher podia possuir patrimônios herdados. (SANCHEZ, p, 34).

Na perspectiva de Peter N. Stearns, na sociedade romana é possível


observar dois pontos com relação a mulher, que é diferente no território
grego, a primeira é que a mulher nessa sociedade romana, não é vista tal
qual era vista na Grécia, “uma eterna menor”, o segundo é que os romanos
deram atenção para o prazer sexual feminino, tal como o dos homens, isto é
comprovado pelos manuais de sexo que os romanos produziam, neles
observa-se que o desejo da mulher é considerado , assim como o prazer do
homem. (STEARNS, 2010, p. 64.65).

De acordo com Sarah B. Pomeroy, a vida sexual das mulheres em


Atenas era coordenadas por leis, a mulher que fosse pega em adultério, seu
marido teria o direito de vende-la, o homem que tivesse uma mulher
adultera teria que divorciar-se, ademais as que fossem condenadas de
adultério perdiam o direito de participar de eventos públicos ou ainda de
usar jóias, porem como relata Pomeroy, a pior punição para as mulheres
seria se tornasse uma fora da lei ou se não encontrasse outro marido.
(POMEROY, 1999, p. 104.105).

Segundo Peter N. Stearns, haviam nas sociedades do mundo antigo


mulheres que não aceitavam de bom grado aquilo que lhes eram imposto
pela sociedade, como, o casamento, fidelidade ao marido e a função de
reprodutora, com base nisso, nota-se, que houve na região de Miletos, uma
industria de “consalos” que eram pênis artificiais, ao recorrer a essa
alternativa as mulheres estava em perigo, pois o adultério era considerado
um crime muito grave, cabe destacar aqui, que já o estupro, não era tão
grave, pois apenas as mulheres eram ofendidas. (STEARNS, 2010, p. 56).
Contribuição para a sociedade
De acordo com Jean Pierre Vernant, no mundo antigo grego haviam
grupos de mulheres que atuavam em prol da cidade através da realização de
ritos ás divindades como, as Tíades, que formavam um colégio feminino
oficial, o qual segundo Vernant, tinha autoridade para representar Atenas
em Delfos nos cultos prestados a Dionísio, com isso, de três em três anos
grupos de mulheres dirigiam-se a esse santuário, lá podiam, inclusive, falar
em nome da cidade. (VERNANT,2006, p. 75.76).

Segundo Luis Pérez Sanchez, a mulher romana na antiguidade tem a


função de gerar filhos saudáveis para lutar pela sua cidade, porem,
diferentemente das mulheres gregas, as romanas, de acordo com Sanchez,
tinham acesso a educação, por isso eram bem vista culturalmente, tinha
privilégios e tornaram-se importantes para aquela sociedade, inclusive estas
mulheres eram responsáveis por passar os valores cidadãos romanos os
filhos. Com isso a mulher sentia-se ativa na sociedade contribuindo na área
privada e recebendo respeito. (SANCHEZ, p. 34.35).

Na perspectiva de Jean Pierre Vernant, as mulheres no mundo


antigo grego, eram quem em sua maior parte contava aos filhos a respeito de
religião no ambiente familiar, dos feitos dos deuses, poderes, conflitos, em
fim a sua vida, no intuito de transmitir e conservar, o que Vernant chamou
de massa de saberes, essas narrativas são tradicionais, e as mesmas
ajudavam a criança no processo de aprendizagem da fala, alem de formar
um individuo que conheça a sua cultura. (VERNANT, 2006, p.15)

Para Peter N. Stearns, as mulheres da antiguidade grega estavam em


condição que era desrespeitosa na sociedade, alem de serem consideradas
criaturas depravadas e impuras por natureza, e isso era cultural no corpo
social em questão, nesse sentido, a mulher precisava de alguém para conte-
la, mas, a mulher ideal era aquela que tinha apreço pela castidade e devoção
pela maternidade. Stearns, ressalta que as mulheres respeitosas eram aquelas
que estavam bem vestida cobrindo seu corpo.(STEARNS, 2010, p. 55).

Nessa perspectiva, Sarah B. Pomeroy, destaca que as mulheres


respeitáveis no período clássico da antiguidade, diferenciavam-se das
prostituas, através da vestimenta, as mulheres respeitáveis usavam vestidos
que escondia a sua aparência de estranhos, o matérial muito usado para
fabricação dessas vestes era a lã e o linho, encontra partida, as prostitutas
usavam roupas de material transparente como, a gaze. Pomeroy ratifica que
havia aqui o cuidado com a estética feminina, tanto das casadas quanto das
prostitutas, abordando que existia nesse período a prática de chamuscação
ou depilação. (POMEROY, 1999, p. 101).
A mulher em âmbito público
De acordo com Peter N. Stearns, uma boa oportunidade da mulher
grega ter participação no meio público, com credibilidade, estava
relacionado a participação de festivais agrícolas, para isso, pressupõe-se,
segundo Stearns, que elas passassem por abstinência sexual, para ter energia
para usá-la na colheita. Já em Esparta, ás mulheres espartanas era dado
mais abertura na esfera pública, essa abertura estava relacionada a prestação
de serviços a pólis, que era a reprodução de filhos. (STEARNS, 2010, p.
55.56).

Sarah B. Pomeroy, cita um festival na Grécia antiga feito em


homenagem a Deméter, que era apenas para mulheres, o Thesmophoria,
onde as mulheres realizavam ritos a deusa, em Atenas a festa foi realizada
nas plantações, afim de ter uma boa safra. Segundo Pomeroy, houve
diferentes maneira de explicar essa ”autonomia” da mulher para a realização
do festival, a primeira diz, que em um momento que essa sociedade era
matriarcal a mulher tinha domínio sobre a religião, a segunda pressupõe,
que como as mulheres estavam ligadas a jardinagem, estariam então,
associadas aos cultos e ritos relacionados a produtividade nas plantações.
(POMEROY, 1999, p. 95.96).

Javier Ângulo, aborda que através da numismática fica claro que em


Roma na antiguidade existiu uma industria de sexo, as prostitutas eram
mulheres escravas ou mulheres que precisavam de abrigo, por isso Ângulo,
relata que essas prostitutas não tinham muito poder sobre o lucro de seu
trabalho, mas elas faziam parte de uma rede de negócios, mesmo que por
vezes involuntárias, o autor aborda ainda que há bastante evidencias no
mundo clássico a respeito dos profissionais de sexos, que geralmente como
já foi dito, eram escravos. (ÂNGULO, 2008, p. 147).

Para Sarah B. Pomeroy, a prostituição desenvolve-se amplamente na


Grécia no período arcaico, pois as cidades da costa do mar, receberam um
significante contingente de marinheiros, que se beneficiavam de prostituas,
por isso, para tornar Atenas atraente, foram abertos bordeis, Pomeroy,
ressalta, ainda que as mulheres escravas exerciam a profissão, afim de obter
recursos para comprar sua liberdade, o que sugere, que haviam mulheres
livres que eram prostitutas. (POMEROY, 1999, p. 107).

Segundo Pierre Cabanes, há uma diferença entre a mulher de Esparta


e a mulher de Atenas, pois a espartana não é vista da mesma forma que são
vista as atenienses, menor e incapaz, em Esparta havia uma lei, que
assegurava á mulher o direito de possuir bens, que são adquiridos por
herança se não tiver um irmão homem, como também, pelo o dote, que a
moça ao casar recebe do pai. Segundo Cabane, essa mulher que possuía
bens era dona de escravos, fazia uso de práticas jurídicas, isso a tornava
mais ativa na sociedade. (CABANES, 2009, p. 26.27).

O fim da vida
Segundo Pierre Cabanes, a causa mais comum da morte das
mulheres no mundo antigo era a gravidez, ou seja, muitas mulheres morriam
durante a gestação ou no momento do parto, por esse motivo os homens
casavam mais vezes, somado a isso, para Cabanes (apud. ROUSSELLE,
Paris, 1991) houveram mudanças nas praticas sexuais no âmbito familiar
em Roma, são escolhidas, então, outras mulheres, aquelas que estão ainda
mais a margem da sociedade, as concubinas alforriadas, estas a partir daí,
são quem vão ficar a cargo das múltiplas gestações e suas particularidades.
(CABANES, 2009, p. 40).

De acordo com Sarah B. Pomeroy, a análise de cemitérios da


antiguidade, comprova que havia um número significativo de morte
feminina, no curso da maternidade, pois os partos não eram fáceis. Contudo,
sacrifícios eram oferecidos a deusas tanto quando o parto era bem sucedido,
como também, quando as mulheres morriam nele. Porem, mulheres, que
tinham seus partos com sucesso, segundo, Pomeroy, nesse período clássico,
eram consideradas condutora de Asciápo, que era o deus da saúde.
(POMEROY, 1999, p. 102).

De acordo com Luís Pérez Sanchez, na antiguidade a mulher era a


culpada dos males e os romanos, geralmente, atribuíam as desgraças
públicas á imoralidade feminina e procuravam puni-las por essa razão, mas
não havia sentença de morte advento disso. No entanto, segundo Sanchez,
muitas mulheres eram sentenciadas á morte, por crime de envenenamento,
pois as mulheres tinham pleno conhecimento sobre ervas e especiarias, com
isso, elas estavam a cargo de produzir tanto os medicamentos, como os
venenos, quando fosse necessário. Nesse sentido, como as mulheres
estavam tendo um certo poder, no período do Império, era evidente um
atrito entre os gêneros. (SANCHEZ, p, 39.40).

Portanto a analise da vida da mulher no período da antiguidade grega


e romana, deixou evidente o quanto a mulher sofreu dominação e repressão,
em todas as fases de sua vida tendo sempre um homem que atuava pela a
mesma, já que esta era considerada uma eterna menor, mas, cabe aqui
ressaltar que não foram todas as mulheres que aceitaram sem “lutar”, as
condições que a elas eram propostas, como ainda, a existência de mulheres
que atuavam em prol de sua cidade, que foi discorrido também, no decorrer
desta pesquisa.

Contudo, é notório que os contemporâneos dessas mulheres não


deram a elas a mínima importância, os estudos comprovam isso, porem, as
mulheres contribuíram para sua cidade, na espera religiosa, por exemplo,
estando encarregada de realizar ritos as divindades em favor de sua
comunidade. É valido destacar, que como foi visto nessa pesquisa, no
decorrer dos períodos, em algumas sociedades a visão do Estado a respeito
da mulher foi se modificando, como em Roma no período clássico, mas isso
não significa que as mulheres romanas, tenham tido sua ascendência
totalmente concretizada. Logo, esse estudo mostrou as oscilações do
universo feminino antigo.

Bibliografia
ÂNGULO, Javier, FERNÁNDEZ, Pedro A. GARCIAS, Marcos. Sexualidad y
erotismo en el mundo grecorromano. Rev Int Androl, 2008.

CABANES, Pierre. Introdução à história da Antiguidade. Petrópolis, RJ: Vozes,


2009.

POMEROY, Sarah B. Diosas, rameras, esposas y esclavas: Mujeres en la


antiguedad clásica. ed. Akal, 1999.

SANCHEZ, Luis Pérez. La mujer em la Antiguedad: su condición a través de la


literatura.

STEARNS, Peter N. Historia da sexualidade. São Paulo: Contexto, 2010.

VERNANT,Jean Pierre. Mito e religião na Grécia antiga. São Paulo: Fontes, 2006.

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