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ENERGIAS RENOVÁVEIS

NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Carlos Antônio Ferraro Biasi • Leidiane Ferronato Mariani
Abner Geraldo Picinatto • João Carlos Christmann Zank
ENERGIAS RENOVÁVEIS
NA ÁREA RURAL DA
REGIÃO SUL DO BRASIL
Carlos Antônio Ferraro Biasi
Leidiane Ferronato Mariani
Abner Geraldo Picinatto
João Carlos Christmann Zank

1ª edição

ITAIPU BINACIONAL
Foz do Iguaçu
2018
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Biasi, Carlos Antônio Ferraro


Energias renováveis na área rural da região sul do Brasil / Carlos Antônio
Ferraro Biasi... [et al.]. – Foz do Iguaçu: Itaipu Binacional, 2018.
202 p. : il.

ISBN: 978-85-85263-12-6

1. Energia – Fontes alternativas. 2. Recursos energéticos – Brasil, Sul. 3.


Agricultura – Consumo de energia – Brasil, Sul. I. Mariani, Leidiane Ferro-
nato. II. Picinatto, Abner Geraldo. III. Zank, João Carlos Christmann. IV.
CIBiogás - Centro Internacional de Energias Renováveis.

CDU 620.92

Bibliotecária responsável: Paola Martins Cappelletti – CRB 9/1482

Autores
Carlos Antônio Ferraro Biasi (fao)
Leidiane Ferronato Mariani (cibiogás)
Abner Geraldo Picinatto (sead/sgaer)
João Carlos Christmann Zank (cibiogás)
Revisores
Rafael Hernando Aguiar Gonzales (cibiogás)
Tamara Soares (cibiogás)
Colaboradores
Felipe Sousa Marques (cibiogás)
Gladis Maria Backes Bühring (sead/sgaer)
Larissa Sbalquiero (cibiogás)
Adriano Moehlecke (pucrs)
Izete Zanesco (pucrs)
Maycon Georgio Vendrame (Itaipu Binacional)
Samuel Campos da Silva (cibiogás)
Valter Bianchini (fao)

OBS.: as informações expressas neste material são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representam endosso por parte da Itaipu Binacional, eximindo-se a
Entidade de quaisquer responsabilidades ou danos decorrentes por erros, imprecisões ou demandas de terceiros. Opiniões pessoais dos autores, aqui expressas, não necessa-
riamente convergem com a opinião institucional da Itaipu.
P R E FÁC I O I

nergia é uma questão-chave no mundo atual, altamente dependente de eletricidade e Marcos Stamm.
Diretor-geral Brasileiro
de combustíveis em todos os setores econômicos, bem-como para a manutenção do da Itaipu Binacional.
estilo de vida moderno, essencialmente eletro-intensivo.
A Itaipu é uma empresa que nasceu da necessidade de dispor de grande quantidade de
energia para promover o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai, especialmente no con-
texto de industrialização de suas economias.
Nos dias atuais, em que pesa a necessidade de não apenas promover o desenvolvimento,
mas de fazê-lo de forma sustentável, a geração de energia deve considerar seus impactos,
especialmente aqueles relacionados à produção de gases de efeito estufa, que por sua vez
estão associados às mudanças climáticas observadas em todo o planeta.
Nesse contexto, a Itaipu, maior geradora de energia limpa e renovável do mundo, não se
limita apenas a prover eletricidade de qualidade para brasileiros e paraguaios. A empresa
não mede esforços para a promoção do desenvolvimento sustentável de sua região de influ-
ência, na fronteira entre os dois países, com destaque para o incentivo ao emprego de fontes
renováveis de energia no meio rural, como o biogás e a solar fotovoltaica.
Do lado brasileiro, Itaipu é vizinha de uma das regiões mais produtivas do País, onde se
observa uma especialização das propriedades rurais na conversão de proteína animal em
vegetal. Ou seja, cultiva-se soja e milho que são empregados como insumo para a avicultura,
bovinocultura de leite e suinocultura, principalmente. São atividades que cobram alto pre-
ço do meio ambiente por conta da produção de dejetos.
Há cerca de 10 anos, a Itaipu vem auxiliando produtores e cooperativas a converter esse
passivo ambiental em uma solução, com a geração de energia elétrica, térmica ou veicular a

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL III


partir do biogás. E ainda tendo o biofertilizante como resíduo do processo de tratamento da
biomassa. Igualmente bem-sucedida é a experiência do Projeto Solar Fotovoltaica, que vem
contribuindo para a disponibilidade e a segurança energéticas em propriedades da região.
Mas o apoio da Itaipu não se limita à assistência técnica aos produtores e cooperativas
que querem produzir sua própria energia. Por meio do Centro Internacional de Energias
Renováveis – Biogás (cibiogás), a binacional e demais instituições parceiras apoiam a pes-
quisa e a difusão de conhecimento sobre o tema.
Esta é também a motivação de Itaipu, juntamente com a fao e o cibiogás, ao apoiar a
publicação do livro Energias Renováveis na Área Rural da Região Sul do Brasil, de Carlos
Antônio Ferraro Biasi, Leidiane Ferronato Mariani, Abner Geraldo Picinatto e João Carlos
Christmann Zank.
Como se poderá perceber ao longo da leitura desta obra, a região Sul do Brasil vem evo-
luindo na utilização do biogás e da solar fotovoltaica como fontes de energia. Isso se deve
não apenas à atuação de instituições como as já citadas, mas também à regulamentação
da geração distribuída – modalidade de produção energética realizada junto às unidades
consumidoras – pela Agência Nacional de Energia Elétrica (aneel).
As experiências aqui retratadas demonstram que geração distribuída sinaliza para no-
vas oportunidades de negócio para os agricultores (que podem se converter, também, em
produtores de energia) bem como para fornecedores de equipamentos e serviços, incre-
mentando as possibilidades de emprego e renda no meio rural, além, é claro, da melhoria
da disponibilidade e da qualidade de energia, aliadas à preservação ambiental.
Dessa forma, estamos certos de que assim contribuímos para a promoção do desenvol-
vimento sustentável na região, conforme preconiza a Agenda 2030 das Nações Unidas.
Boa leitura!

IV ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


P R E FÁC I O I I

geração de energia a partir de fontes renováveis vem crescendo nos últimos anos, mui- Alan Bojanic.
Representante da FAO Brasil.
to em virtude de pesquisas em desenvolvimento tecnológico, seja de fontes como so-
lar, eólica ou de biomassa de cana de açúcar, biogás, entre outras.
Para a fao, o uso de energias renováveis por agricultores familiares pode ser de grande
importância nos processos produtivos e uma oportunidade para a melhoria da qualidade de
vida das famílias no campo.
A expectativa é que essas energias possam contribuir para que a produção agrícola im-
pacte menos no meio ambiente e que sejam fontes de energia alternativas ao petróleo.
Para os agricultores familiares, podem significar uma possibilidade de geração de várias
formas de energia, especialmente para melhorar a produção e a produtividade em suas ativi-
dades, e agregar mais valor ao que está produzindo.
Com o objetivo de analisar as diferentes fontes potenciais de energia no meio rural, com
foco na Região Sul do Brasil, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agri-
cultura (fao), o Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (cibiogás) e a Itaipu
Binacional produziram o estudo Energias renováveis na área rural da região Sul do Brasil.
E por que o Sul do Brasil? Porque segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (ibge), a região possuía 889.724 propriedades de agricultura
familiar, das quais 756.140 utilizavam energia elétrica (ibge, 2009). Porém, segundo o mes-
mo Instituto, nesta região havia apenas 2.104 propriedades rurais que geravam sua própria
energia elétrica: 308 propriedades por fonte solar, 28 por fonte eólica, 796 por fonte hídrica,
464 por queima de combustível e 536 por outras fontes.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL V


Isso demonstra o quanto o uso de energia elétrica é relevante no meio rural, mas tam-
bém, identifica que a produção própria de energia no meio rural ainda é muito pequena.
O estudo mostra que a Região Sul do Brasil apresenta plenas condições para a produção de
energias renováveis, o que pode viabilizar ainda mais a diversificação de sua matriz energética.
As fontes de energia renováveis que se destacam pelo potencial na região são o biogás da
biomassa residual, a solar, a eólica, a biomassa florestal e a hidráulica. Nesta publicação, as
fontes não convencionais e pouco exploradas na região Sul do Brasil são o foco do documento.
Ao longo do estudo são apresentados iniciativas, projetos e informações das proprieda-
des de agricultura familiar do Sul do país que utilizam as diversas energias renováveis.
Vale lembrar que o uso de fontes renováveis de energia contribui para a redução das emis-
sões de poluentes atmosféricos e de Gases de Efeito Estufa (gee) pela queima de combustí-
veis fósseis, além de outros impactos ambientais.
Durante a 21ª Conferência das Partes (cop-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (unfccc), realizada em Paris, em 2015, o Brasil assumiu metas de
redução das emissões de gee de 43% até 2030, em relação aos níveis de 2005, o que envolve
garantir a participação de fontes renováveis de 45% no total da matriz energética, entre ou-
tras metas.
Com isso, o uso de fontes renováveis de energia na agricultura familiar vem ao encontro
das metas de redução de emissões de gee e traz, além disso, benefícios ambientais, sociais
e econômicos para os agricultores, com a geração de sua própria energia a partir da matéria-
-prima disponível na propriedade rural.

VI ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


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nosso mundo mudou muito nos últimos 200 anos e a grande força motriz foi: a ener- Rodrigo Regis de
Almeida Galvão.
gia. Enquanto a agricultura contribuiu para a criação de cidades e estados, os combus- Diretor-Presidente do
tíveis fósseis nos tornaram modernos. Eles transformaram a energia em uma commodity Centro Internacional de
Energias Renováveis-
onipresente, praticamente, em todas as transações da nossa vida cotidiana. A eletricidade, Biogás (CIBiogás).
por exemplo, é extremamente versátil e pode ser produzida por qualquer fonte primária de
energia, praticamente, a qualquer distância de seu uso final. Ela é flexível e assegura que sis-
temas importantes de infraestrutura operem como: comunicações, edifícios, indústrias e
até transportes.
Não há dúvidas que a indústria da energia [combustíveis fósseis e eletricidade] foi pro-
pulsora para o desenvolvimento e o aumento da produtividade da indústria e, também, do
agronegócio. Esse insumo é essencial e indispensável para a produção rural. A energia foi a
grande propulsora de desenvolvimento e crescimento econômico no ambiente rural, toda-
via, seus custos e riscos crescentes erodem [e as vezes até excedem] seus benefícios mani-
festos. Portanto, a energia passa a ser uma variável que pode atuar como um fator impediti-
vo para a continuidade do crescimento desse setor.
Com respeito a energia elétrica, a falta de planejamento conjunto dos setores de ener-
gia e do agronegócio faz com que o sistema elétrico não contemple, em seus investimentos
de infraestrutura, as condições essenciais para garantir a disponibilidade e a qualidade de
energia no meio rural. Aliado a isso, o aumento do preço da energia contribui para o acha-
tamento das lucratividades.
Diante deste cenário, o agronegócio brasileiro, que é responsável por aproximadamen-
te 25% do pib e de 50% das exportações nacionais [no sul brasileiro este setor representa

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL VII


30% do pib e 75% das exportações] e que continuou crescendo nos últimos anos, precisa
estar atento aos desafios energéticos. A questão é: como buscar uma solução que aumente
a competitividade do agronegócio, capaz de garantir a segurança e a disponibilidade ener-
gética, protegendo e conservando o nosso planeta? Essa solução existe e é abundante: são
as Energias Renováveis [tanto na produção de eletricidade como na de biocombustíveis].
Parafraseando John Gardner: “O que temos a nossa frente são algumas oportunidades ex-
traordinárias, disfarçadas como problemas insolúveis”.
As ERs aumentam o acesso regional à energia e reduzem a dependência de combustíveis
fósseis. Podem contribuir para as nossas metas globais de mitigação das mudanças climá-
ticas, bem como para outros objetivos sociais e ambientais. A Energia Renovável aplicada
de forma sistêmica pode gerar uma nova economia na região, cuja cadeia de suprimentos é
abrangente e promoverá o desenvolvimento regional e a competitividade do agronegócio.
A publicação Energias Renováveis na Área Rural da Região Sul do Brasil marca um impor-
tante momento da história do país, quando as políticas públicas para incentivar e desen-
volver o mercado das energias renováveis, começam a concretizar novas oportunidades de
desenvolvimento sustentável, que pode integrar soluções energéticas com o crescimento
do agronegócio. Neste cenário, a Região Sul se destaca com diversas iniciativas que serão
descritas e detalhadas neste livro.
Por fim, é com muita satisfação que o Centro Internacional de Energias Renováveis-Bio-
gás (cibiogás) faz parte da construção e do registro dessa história por meio desta publica-
ção, ao lado de importantes apoiadores das energias renováveis: a Itaipu Binacional, a fao,
e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (sead) do Go-
verno Federal.
Boa leitura!

VIII ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


A P R E S E N TAÇ ÃO

A presente publicação é resultado de um estudo realizado das renováveis, considerando que o setor agríco-
entre agosto de 2016 e julho de 2017, sobre o desenvolvimento e a la avança para um processo de transição de sua
aplicação das energias renováveis no meio rural da Região Sul do economia, tendo como base, a produção de grãos
Brasil, focando na energia solar fotovoltaica, energia eólica, biogás e de proteína animal, estabelecendo novos ciclos
e biomassa florestal. na produção de alimentos.
Os trabalhos envolveram uma equipe multidisciplinar que se dedi- Como consequência, temos a necessidade de
cou a levantar informações em propriedades rurais e contou com energia segura em suas diversas formas (elé-
o apoio de especialistas no tema, para, assim, oferecer uma visão trica, térmica e para mobilidade) e, portanto, a
sistêmica sobre a situação atual e as potencialidades dessas fontes busca de integração na produção de alimentos,
de energia renovável na área rural. garantindo energia confiável e ambientalmente
Apesar da riqueza de informações obtidas, considera-se que este é adequada são fatores de atratividade e desem-
apenas um passo no processo de discussão necessário para que as penham um papel de competitividade para um
energias renováveis avancem no meio rural da Região Sul do Bra- setor que representa 27% do pib e 46% das expor-
sil. Estudos, pesquisas e a ampliação dos processos de divulgação tações do País.
das energias renováveis no rural se fazem necessários para que os
agricultores possam usar essas tecnologias, que contribuirão sig-
nificativamente para a transformação e diversificação da matriz
energética, bem como para a mitigação das questões ambientais
enfrentadas na agricultura.
A publicação desta obra é fruto de um conjunto de oportunidades
que a Região Sul do Brasil passa a observar e aplicar no âmbito

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL IX


X ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL
AG R A D E C I M E N TO S
Os autores agradecem o apoio recebido das instituições que contribuíram para
que este estudo pudesse ser realizado, bem como aos agricultores da Região Sul do
Brasil que com suas informações permitiram a identificação das diversas realidades
e oportunidades que as energias renováveis oferecem para a agricultura. A seguir lis-
tamos os nomes desses agricultores e instituições.

AGRICULTORES ENTIDADES
PARANÁ 3B ENERGY – Francisco Espyridião e Leticia Rodrigues.
Bituruna | Paulo Egidio Agustini – Granja Agustini BANRISUL (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) – Nedio Paties.
Castro | Centro de Trein. de Pecuarista de Castrolanda – CTP BIOTER PROTEÇÃO AMBIENTAL LTDA – Karen Bes.
Castro | Jan Haasjes – Granja Marujo BRICK ENERGIA SOLAR – Pedro Ivo Ravagnani.
Dois Vizinhos | Juranci Tonietto – Granja Tonietto CERTHIL – Cooperativa de Distribuição de Energia Entre
Entre Rios do Oeste | Romário Schaefer Rios Ltda. (Tres de Maio/RS) – Pedro Roman e Neri Alceu Bruxel.
Francisco Beltrão | Antoninho e Mari Godinho CIBIOGÁS (Centro Internacional de Energias Renováveis).
Marechal Candido Rondon | Eldo Matte COOPAFI / COOPAFI (Cooperativa de Comercialização da
Agricultura Familiar Integrada do Paraná) – José Carlos Farias.
RIO GRANDE DO SUL COPEL (Companhia Paranaense de Energia) – Andre Luiz Zeni.
Candiota | Erich Lageman COMITÊ SC BIOGÁS – Iara Dreger.
Horizontina | Gilmar Rex EMATER-PR (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e
Mostardas | José Chaves da Costa Extensão Rural) – Valdir Koch, Orival Stolf, e Ademir V Peroni e
Mostardas | Enio José do Coelho Evangelho Ana Maria de Moraes.
Santo Cristo | Luis C. Gerhardt – Santo Cristo/RS EMATER-RS (Associação Riograndense de Empreendimentos
São Lourenço do Sul | Jerri Eliano de Quevedo de Assistência Técnica e Extensão Rural) – Matias Felipe
Tavares | Gilmar Copelo Brum e Helena Maria V. Brum E. Kraemer, José Vanderlei B. Waschburger, Fernando D.
Tres de Maio | Milton Kipper Fagundes, Jonas da Silveira, Vanderlei Neuhaus, Leonardo R.
Tucunduva | Elton Barrichelo Rustick, Neumar R Freddi e Marco André Jung.
EMBRAPA / CLIMA TEMPERADO (Empresa Brasileira de Pesquisa
SANTA CATARINA Agropecuária) – Carlos Reisser Junior, Clênio Nailto Pillon e
Aberlado Luz | Juarez de Oliveira Luz Carlos Alberto Barbosa Medeiros.
Tunápolis | Granja Serafini EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Vargeão | Granja Tomazoni Santa Catarina) – Paulo Roberto Lisboa Arruda e Luiz Antonio
Palladini.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL XI


EPI ENERGIA PROJETOS E INVESTIMENTOS LTDA – Ivan Moura.
ER-BR Energias Renováveis – Sergio Soares Nascimento e Adirlei Rodrigues de Oliveira.
FAPESC (Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) – Iara Dreger.
FRATELLI – Energias Renováveis e Metalurgia – Moacir Antonio Locatelli.
GAZETA DO POVO – Cintia Junges.
HUGO ADOLFO GOSMANN – Autonomo.
IDEAAS (Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade do Rio
Grande do Sul) – Flavio Rosa.
INSTITUTO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS E INOVAÇÃO – Silvio José Beluzzo e Rafael Ghellere.
IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) – Angelita Bazotti.
IERI (Instituto de Energias Renováveis e Inovação).
ITAIPU BINACIONAL – Herlon Goelzer Almeida.
JBS (Diretoria Agropecuária de Suínos e Aves – Itajai/SC) – Marcio Polazzo.
JBS Foods – Seara/ SC – Nilson do Amaral.
MARSOL EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS – Patricia Cerutti, Marcos Roberto
Bruxel, Gilberto Antonio Grassi e Daniela Susin Guerra.
METAPROJ FISCALIZAÇÃO E PROJETOS ELÉTRICOS – Ricardo Cartes Patricio.
RIBEIRO SOLUÇÕES EM AUTOMAÇÃO – Liciany Ribeiro.
OBEN POWER – Caio Moreira.
SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento) – Adriana Baumel.
SEAD (Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário).
SETREN (Sociedade Educacional Três de Maio) – Cinei Riffel, Angelica da Costa e Marcia Stein.
SOLAR ENERGY DO BRASIL – Herverton Martin.
TECSULSOLAR – Eduardo Moretti Campitelli.
UFSC/Fotovoltaica – Ricardo Rüther.
UNIVATES (Faculdades Unidade Integrada Vale do Taquari de Ensino Superior – Lajeado/RS) –
Odorico Konrad e Cezar Augusto Machado.
VENTO SOLAR TECNOLOGIA – Francisco Czinar.

XII ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO  25
2. METODOLOGIA  29
3. CARACTERIZAÇÃO DA AGRICULTURA NA REGIÃO SUL DO BRASIL  31
3.1. A agricultura no Brasil e na Região Sul  31
3.2. Consumo energético da agropecuária na Região Sul  35
4. VISÃO GERAL DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS NA REGIÃO SUL DO BRASIL  39
4.1. Biogás  40
4.1.1. Biogás no Paraná  44
4.1.2. Biogás em Santa Catarina  48
4.1.3. Biogás no Rio Grande do Sul  56
4.2. Energia solar fotovoltaica  64
4.2.1. Energia solar fotovoltaica no Paraná  67
4.2.2. Energia solar fotovoltaica em Santa Catarina  68
4.2.3. Energia solar fotovoltaica no Rio Grande do Sul  72
4.3. Energia eólica  80
4.3.1. Energia eólica no Paraná  82
4.3.2. Energia eólica em Santa Catarina  84
4.3.3. Energia eólica no Rio Grande do Sul  85
4.4. Biomassa de florestas energéticas  89
4.4.1. Florestas energéticas em Paraná  91
4.4.2. Florestas energéticas em Santa Catarina  93
4.4.3. Florestas energéticas no Rio Grande do Sul  94
5. CASOS VISITADOS  97
5.1. Biogás  97
5.1.1. Agropecuária  97
5.1.2. Centros de treinamento e faculdades  104
5.2. Energia solar fotovoltaica  109
5.2.1. Agricultores  112
5.2.2. Pescadores  115
5.3. Energia eólica  118

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL XIII


6. OUTRAS EXPERIÊNCIAS  123
6.1. Condomínio de Agroenergia Ajuricaba  124
6.2. Condomínio de Agroenergia de Entre Rios do Oeste/PR  125
6.3. Condomínio de Agroenergia Itapiranga/SC  126
6.4. Projeto do Consórcio Verde Brasil  127
6.5. Cooperativas do Oeste do Paraná  130
6.6. Fazenda Iguaçu Starmilk  131
6.7. Granja São Pedro de José Colombari  132
6.8. Granja Haacke  133
6.9. Projeto florestas energéticas – cibiogás  134
7. ANÁLISE ECONÔMICA  135
7.1. Biogás  135
7.1.1. Cenário 1  137
7.1.2. Cenário 2  140
7.1.3. Cenário 3  142
7.2. Sistemas Fotovoltaicos Interligados à Rede Elétrica  145
7.2.1. Cenário para análise de viabilidade  148
8. CONCLUSÕES  153
8.1. Conclusões em relação às visitas  153
8.1.1. Biogás  156
8.1.2. Sistema Solar Fotovoltaico  158
8.2. Conclusões gerais  159
9. RECOMENDAÇÕES  161
9.1. Outras recomendações  166
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  169
ANEXO 1 – FONTES DE FINANCIAMENTO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS PARA A
AGRICULTURA FAMILIAR  183
ANEXO 2 – FONTES DE INFORMAÇÕES SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS  187
ANEXO 3 – DECRETO Nº 52.964 DE 30 DE MARÇO DE 2016 – GOVERNO DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL  192
ANEXO 4 – METODOLOGIA DE ANÁLISE DE VIABILIDADE DE PROJETO DE ENERGIA
SOLAR FOTOVOLTAICA  199

XIV ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Desenho esquemático da digestão anaeróbia.  42


Figura 2. Cooperativas e estabelecimentos agropecuários com tratamento de dejetos e
produção de biogás.  42
Figura 3. Cooperativas com potencial para tratamento de dejetos e produção de biogás.  47
Figura 4. Jornal da época sobre a instalação do primeiro biodigestor no campo em Santa
Catarina.  49
Figura 5. Propriedade com biogás em Santa Catarina.  50
Figura 6. Unidades industriais das cooperativas agropecuárias com potencial de produção de
biogás em Santa Catarina.  56
Figura 7. Unidades industriais das cooperativas agropecuárias com potencial de produção de
biogás no Rio Grande do Sul.  62
Figura 8. Desenho esquemático da geração de energia solar fotovoltaica.  64
Figura 9. ufsc Fotovoltaica.  69
Figura 10. Projeto Sistemas Fotovoltaicos em propriedades rurais do Oeste do Paraná  74
Figura 11. Residência de pescador artesanal com sistema solar off grid instalado – Mostardas.  76
Figura 12. Residência de pescador artesanal com sistema on grid instalado – Tavares.  77
Figura 13. Residência de pescador artesanal – Mostardas.  77
Figura 14. Sistema de bombeamento d’água instalado a campo – Mostardas.  78
Figura 15. Desenho esquemático do sistema solar de bombeamento d’água.  79
Figura 16. Sistema solar fotovoltaico – Mostardas.  79
Figura 17. Potencial Eólico do Paraná, 2007.  83
Figura 18. Potencial Eólico de Santa Catarina.  84
Figura 19. Potencial Eólico do Rio Grande do Sul a 100 m de altura – 2002 e 2014.  86
Figura 20. Potencial Eólico do Rio Grande do Sul a 150 m de altura, 2014.  86
Figura 21. Principais áreas promissoras para aproveitamentos eólicos no Estado do Rio Grande
do Sul.  87
Figura 22. Distribuição regional das áreas de reflorestamento com eucalipto e áreas agrícolas no
estado do Paraná para dados da safra de 2009/2010.  93
Figura 23. Distribuição da área de plantios florestais no Rio Grande do Sul.  94
Figura 24. Instalações da Ceramica Stein.  103

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL XV


Figura 25. Centro de treinamento de pecuaristas – ctp/Castro PR.  105
Figura 26. Vista dos biodigestores e das instalações para bovinos – setrem  106
Figura 27. Projeto de extensão em uma escola de Coronel Barros – setrem  107
Figura 28. Vista da propriedade de Gilmar Rex – Horizontina/RS.  113
Figura 29. Propriedade de Antonio Godinho.  114
Figura 30. Sistema instalado na Comunidade Quilombola Monjolo  119
Figura 31. Sistema instalado na Embrapa Clima Temperado  120
Figura 32. Localização do Condomínio Ajuricaba  124
Figura 33. Planta para purificação do biogás e produção do biometano  128
Figura 34. Veículo do consórcio movido a biometano gnverde  129

XVI ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Quantidade total de estabelecimentos agropecuários e de estabelecimentos familiares e


área ocupada pelos estabelecimentos familiares em cada estado da Região Sul.  31
Tabela 2. Produção vegetal e animal no Brasil e na Região Sul.  32
Tabela 3. Produção vegetal e animal da agricultura familiar no Brasil e na Região Sul.  33
Tabela 4. Participação da Agricultura Familiar na produção agrícola estadual da Região Sul do
Brasil.  33
Tabela 5. Efetivo total dos rebanhos no Brasil, na Regiaõ Sul e em cada estado da Região Sul em
2006.  33
Tabela 6. Efetivo total dos rebanhos no Brasil, Região Sul e estados na agricultura familiar em
2006.  34
Tabela 7. Percentual de animais existentes na agricultura familiar em cada estado.  34
Tabela 8. Efetivo total dos rebanhos no Brasil, Região Sul e estados em 2015.  35
Tabela 9. Cooperativas agroindustriais registradas na ocesc até 2014.  55
Tabela 10. Cooperativas com potencial de tratamento de dejetos e produção de biogás no Rio
Grande do Sul.  60
Tabela 11. Projeção da evolução das unidades fotovoltaicas entre 2014 e 2023.  66
Tabela 12. Geração e potência elétrica instalada na Região Sul e no Brasil em 2014.  81
Tabela 13. Relação de agricultores visitados por estado/cidade/ área e quantidade de animais.  98
Tabela 14. Dados sobre a digestão anaeróbica, biogás e digestato das propriedades.  99
Tabela 15. Propriedades classificadas pelo principal uso dado ao biogás em cada estado da Região
Sul.  99
Tabela 16. Dados de geração de energia elétrica nas propriedades visitadas.  100
Tabela 17. Valores e fonte de recursos para o investimento e custo estimado de manutenção dos
equipamentos.  101
Tabela 18. Motivos considerados determinantes pelos agricultores para implantação do sistema de
digestão anaeróbica.  102
Tabela 19. Propriedades rurais com sistema de geração de energia solar fotovoltaica em operação
no Rio Grande do Sul.  110
Tabela 20. Propriedades rurais com sistema de geração de energia solar fotovoltaica em instalação
ou em liberação de recursos no Rio Grande do Sul.  111

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL XVII


Tabela 21. Equipamentos identificados junto aos entrevistados.  117
Tabela 22. Dados da Fazenda Starmilk.  132
Tabela 23. Potencial de produção de dejetos, biogás, metano e geração de energia elétrica
para suinocultura em terminação.  137
Tabela 24. Estimativa de investimento para o sistema de produção de biogás e geração de
energia elétrica para geração distribuída e depreciação de equipamentos.  138
Tabela 25. Estimativa de investimento para o sistema de produção de biogás e geração de
energia elétrica para geração isolada e depreciação de equipamentos.  138
Tabela 26. Resultados financeiros da geração de energia elétrica a partir do biogás para
geração distribuída.  139
Tabela 27. Indicadores de viabilidade econômica para geração distribuída.  139
Tabela 28. Produtor Rural. Estimativa de investimento para o sistema de produção de
biogás e geração de energia elétrica para geração distribuída e depreciação de
equipamentos.  140
Tabela 29. Produtor Rural. Resultados financeiros da geração de energia elétrica a partir
do biogás para geração distribuída e indicadores de viabilidade econômica para
geração distribuída.  140
Tabela 30. Investidor. Estimativa de investimento no Grupo Moto Gerador para e geração
de energia elétrica em geração distribuída e depreciação do equipamento.  141
Tabela 31. Investidor. Resultados financeiros da geração de energia elétrica a partir do
biogás para geração distribuída e indicadores de viabilidade econômica para
geração distribuída.  142
Tabela 32. Produtor Rural. Estimativa de investimento para o sistema de produção de
biogás e geração de energia elétrica para geração distribuída e depreciação de
equipamentos.  142
Tabela 33. Produtor Rural. Resultados financeiros da geração de energia elétrica a partir
do biogás para geração distribuída e indicadores de viabilidade econômica para
geração distribuída.  143
Tabela 34. Investidor. Estimativa de investimento no Grupo Moto Gerador e Biodigestor
para e geração de energia elétrica em geração distribuída e depreciação do
equipamento.  143
Tabela 35. Investidor. Resultados financeiros da geração de energia elétrica a partir do
biogás para geração distribuída e indicadores de viabilidade econômica para
geração distribuída.  144
Tabela 36. (Sem título)  146
Tabela 37. (Sem título)  147

XVIII ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Tabela 38. (Sem título)  147
Tabela 39. Financiamento através do pronaf com juros de 2,5% ao ano, valor do financiamento
de R$ 38.000,00, prazo de 10 anos, correção do preço da energia em 4,8% ao ano e
deflação de 5% ao ano para o período.  146
Tabela 40. Financiamento do pronamp e abc a juros de 7,5% ao ano, valor R$ 38.000,00, prazo
de 10 anos, correção do preço da energia em 4,8% ao ano, deflação de 5% ao ano para
o período.  150
Tabela 41. Financiamento da Agricultura Empresarial a juros de 8,5% ao ano, valor financiado
R$ 38.000,00, prazo de 10 anos, correção do preço da energia em 4,8% ao ano e
deflação de 5% ao ano para o período.  151
Tabela 42. Financiamento para materiais não enquadrados no Finame a juros de 10% ao ano,
valor financiado R$38.000,00 e prazo de 10 anos, correção do preço da energia a 4,8%
ao ano e deflação de 5% ao ano para o período.  151

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL XIX


LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento da Indústria


ABEEOLICA Associação Brasileira de Energia Eólica
ABIMAQ Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
ABRAF Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas
ACATS Associação Catarinense de Supermercados
AGDI Agencia Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção de Investimento
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
ATER Assistência Técnica e Extensão Rural
BANRISUL Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A.
BIG-ANEEL Banco de Informação de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CEEE Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica – Rio Grande do Sul
CE-EÓLICA Centro de Energia Eólica
CELESC Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A
CIBIOGÁS Centro Internacional de Energias Renováveis
CIRAM Centro de Informações de Recursos Ambientais de Hidrometeorologia
de Santa Catarina
COOPAFI Cooperativa de Comercialização da Agricultura Familiar Integrada
COPEL Companhia Paranaense de Energia Elétrica
CRESOL BASER Sistema das Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária – cresol
DAP Declaração de Aptidão ao pronaf
DEAGRO Departamento de Desenvolvimento Agropecuário da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Paraná
DERAL Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura
e Abastecimento do Paraná
ELETROSUL Centrais Eletricas S.A.
EMATER-RS Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência
Técnica e Extensão Rural
EMATER-PR Instituto Paranaense de Assistencia Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMBRATER Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural
EPAGRI Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
EPE Empresa de Pesquisa Energética

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL XXI


FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
FAPESC Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina
FEAPER Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos
Estabelecimentos Rurais
FETRAF-Sul Federação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura – Regional Sul
GASBOL Gasoduto Brasil Bolívia
GWh Gigawatt hora
GEE Gases de Efeito Estufa
IAPAR Instituto Agronômico do Paraná
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDEAAS Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto-Sustentabilidade
do Rio Grande do Sul
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICT Instituições de Ciência e Tecnologia
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INCT-EREEA Instituto de Energias Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
kWh Quilowatt-hora
LABSOL Laboratório de Energia Solar da UFRGS
LACTEC Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento
LabEEE/UFSC Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
LEPTEN/Labsolar Laboratório de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDL Mecanismos de Desenvolvimento Limpo
MME Ministério das Minas e Energia
MWh Megawatt-hora
SISTEMA OCEPAR Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná
OIE Oferta Interna de Energia
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OCEPAR Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná
OCESC Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina
OCERGS Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul
PCI Poder Calorífico Inferior
PDE Plano Decenal de Expansão de Energia
PPE Programa de Eficiência Energética
PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

XXII ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


SAF Sistema Agroflorestal
SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná
SCGÁS Companhia de Gás de Santa Catarina
SEAB Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná
SEAD Secretaria Especial da Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário
SDS Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável
SETREM Sociedade Educacional Três de Maio
SICREDI Sistema de Crédito Cooperativo
SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática
SISCLAF Sistema Cooperativa Central de Leite da Agricultura Familiar
com Interação Solidária
SULGÁS Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul
TECPAR Instituto de Tecnologia do Paraná
tEP Toneladas Equivalentes de Petróleo
TUSD Tarifa de Utilização de Serviços de Distribuição
TUST Tarifa de Utilização de Serviços de Transmissão
UNICAFES União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate Change
UNIVATES Universidade do Vale do Taquari Faculdades – Unidade Integrada Vale
do Taquari de Ensino
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL XXIII


I N T R O D U Ç ÃO
1
O Brasil destaca-se mundialmente pela produção de energias renováveis, o que repre-
sentou, em 2015, 41,2% da oferta interna bruta de energia (inclui combustíveis e energia elé-
trica) e 75,4% da oferta de energia elétrica nacional, segundo a Empresa de Pesquisa Ener-
gética (epe). Subtraindo-se a fonte hidráulica, a participação das fontes não convencionais
na matriz elétrica do Brasil foi de 11,4% em 2015 (epe, 2016). As fontes não convencionais
são também conhecidas como alternativas e incluem biomassa de cana-de-açúcar, biogás,
eólica, solar, lenha e carvão vegetal.
Na Região Sul do Brasil, de acordo com dados do último Censo Agropecuário, realiza-
do pelo ibge em 2006, existiam 889.724 propriedades de agricultura familiar, das quais
756.140 utilizavam energia elétrica (ibge, 2009). Em 2015 a agropecuária utilizava 3,8% da
oferta interna bruta de energia e 4,4% da oferta de energia elétrica no Brasil (epe, 2016).
Porém, segundo dados do Censo Agropecuário 2006 do ibge, na Região Sul havia apenas
2.104 propriedades rurais que geravam sua própria energia elétrica. A energia elétrica era
gerada a partir das seguintes fontes: 308 por fonte solar, 28 por fonte eólica, 796 por fonte
hídrica, 464 por queima de combustível e 536 por outras fontes.
Assim, a grande quantidade de propriedades de agricultura e a pequena porcentagem
de autoprodução de energia elétrica, podem representar uma oportunidade de redução de

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 25


custos de produção agrícola, de aumento do uso de fontes renováveis e até de crescimento
do setor energético.
Nesse sentido, fontes de energia renovável que se destacam pelo potencial na Região Sul
do país são o biogás da biomassa residual, a solar, a eólica, a biomassa florestal e a hidráu-
lica. Neste trabalho, decidiu-se por não considerar a fonte hidráulica e nem os biocombus-
tíveis, focando-se em fontes não convencionais e relativamente pouco explorados no sul.
O biogás é gerado a partir da digestão anaeróbica de resíduos e efluentes e seu aprovei-
tamento energético vem crescendo nos últimos anos motivado por diversas iniciativas pú-
blicas e privadas. Além de ser uma fonte de energia, o biogás é um motivador do tratamento
e disposição adequada dos efluentes e resíduos, reduzindo os impactos no solo e na água.
Também garante a transformação do metano em CO2, por meio de sua queima e aproveita-
mento energético, reduzindo os impactos de emissão de gás de efeito estufa (gee).
Neste contexto, é importante considerar que o Brasil, segundo a fao, será o maior ex-
portador de proteína animal até 2025 (oecd/fao, 2016). Porém, para que este objetivo seja
alcançado o país terá que triplicar o número de animais confinados, o que, atualmente, não
seria possível em função da necessidade de tratamento dos resíduos dos animais exigidos
pela legislação ambiental. Nesse contexto, fomentar o uso destes resíduos para produzir
biogás, além de proporcionar soberania energética aos produtores rurais, promoverá o sa-
neamento rural e a expansão da produção de proteína animal.
Considerando os benefícios ambientais e os ganhos econômicos de gerar a própria
energia com uma matéria prima disponível da propriedade rural, o biogás passou a ser mui-
to atrativo no Brasil. Ao longo dessa publicação serão apresentados iniciativas e projetos
desta área e informações das propriedades de agricultura familiar que aproveitam energeti-
camente o biogás no sul do Brasil.
Quanto à energia solar fotovoltaica no meio rural podemos afirmar que seu uso é recente
(aproximadamente três anos) e ainda pequeno, entretanto sua potencialidade como ener-
gia limpa é grande, motivando os agricultores, especialmente os familiares, a aumentarem
o interesse sobre o tema conforme relatado no capítulo que trata do assunto, especialmente
quanto à importância em relação aos aspectos ambientais. Embora o número de sistemas
instalados no país, especialmente no rural, ainda represente uma fatia relativamente pe-
quena no mercado, seu crescimento tem demonstrado que os investimentos em micro e
minigeração elétrica representam uma tendência irreversível.
Além disso, nas visitas realizadas nas propriedades agrícolas foi possível constatar que a
produção de energia eólica no rural no sul do Brasil é ainda incipiente e sua aplicabilidade

26 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


nas propriedades rurais muito restrita. Acredita-se que seu uso demanda mais incentivos
e pesquisas para atestar sua viabilidade em pequena escala, especialmente na agricultura
familiar.
Ainda, é importante destacar a relevância das fontes renováveis de energia na redução
das emissões de poluentes atmosféricos e de gee pela queima de combustíveis fósseis,
além de outros impactos ambientais. Na 21ª Conferência das Partes (cop-21) da Conven-
ção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (unfccc), o Brasil assumiu metas
de redução das emissões de gee de 43% até 2030 em relação aos níveis de 2005, o que envol-
ve garantir a participação de fontes renováveis de 45% no total da matriz energética, tratar
os efluentes da produção de suínos, aumentar o uso de sistemas de Integração Lavoura-Pe-
cuária-Floresta (ilpf) e de Sistemas Agroflorestais (safs), realizar o reflorestamento de mais
de 12 milhões de hectares e tratar os dejetos da produção de pecuária.
Assim, o uso de fontes renováveis de energia na agricultura familiar vem ao encontro
das metas de redução de emissões de gee e traz, além disso, benefícios ambientais, sociais
e econômicos para as propriedades rurais.
Além das vantagens dessas fontes de energia renováveis, seu uso foi ampliado no Brasil
após a publicação da Resolução Normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (ane-
el) Nº 482/2012, alterada pela Resolução Normativa aneel Nº 687/2015. Essas resoluções
permitem a geração de energia elétrica e sua injeção na rede de distribuição, permitindo a
compensação do consumo da unidade e, consequentemente, a redução dos custos de pro-
dução, no caso de propriedades rurais e segurança no mercado, uma vez que a regulamen-
tação contempla as pequenas gerações de energia (mini e microgeração).
Assim este trabalho procurou analisar as diferentes fontes potenciais de energia no
meio rural da Região Sul, pesquisando a realidade dos agricultores e identificando as ações
da pesquisa e do setor agroindustrial cooperativista. A expectativa é que as energias renová-
veis possam contribuir para a existência de sistemas de produção agrícolas menos impac-
tantes ao meio ambiente, habitações “inteligentes” que produzam a sua própria energia,
veículos que utilizam fontes de energia alternativas ao petróleo e soluções de infraestrutura
de geração e distribuição eficientes.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 27


METODO LOG I A
2
A metodologia aplicada no estudo buscou identificar as diversas opções de produ-
ção de energia renovável no meio rural do Sul do Brasil. O trabalho foi iniciado a partir de
reunião entre as entidades envolvidas para discutir a oportunidade, realização e interesse,
assim como articular e organizar as ações conjuntas a serem realizadas no levantamento.
Essas entidades, que tiverem maior envolvimento no levantamento, foram:
• Unidade Regional de Gestão de Projetos para a Região Sul – Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação – Brasil – fao
• Coordenação Geral de Biocombustíveis – Secretaria Especial de Agricultura Familiar e
do Desenvolvimento Agrário da Casa Civil da – cger/saf/sead
• Centro Internacional de Energias Renováveis/Biogás – cibiogás
Na sequência foram elaborados conjuntamente os formulários das entrevistas a serem
realizadas nas propriedades rurais visitadas, de acordo com o enquadramento na fonte de
energia renovável existente, resultando em três tipos: uso de biomassa residual para produ-
ção de biogás, uso de energia solar fotovoltaica e uso de energia eólica.
Após essa etapa, foram realizados contatos por telefone ou reuniões com instituições,
empresas e agricultores que direta ou indiretamente estariam envolvidos em projetos e
plantas de geração de energias renováveis na área rural do Sul do Brasil. Com isso, defini-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 29


ram-se quais seriam as propriedades agrícolas e áreas/residências de pescadores artesanais
a serem visitadas para coleta de dados.
Também foi realizada uma pesquisa no Banco de Informações de Geração da Agência
Nacional de Energia Elétrica (big/aneel) para o levantamento de informações sobre em-
preendimentos em operação ou em construção que tivessem relação com a área rural. Esses
empreendimentos poderiam se caracterizar como sendo da agricultura familiar ou apenas
estarem instalados em propriedades da agricultura familiar gerando renda a partir do rece-
bimento de royalties ou do aluguel das áreas.
Outra fonte de informações foi o Cadastro Nacional do Biogás do Centro Internacional
de Energias Renováveis (BiogasMap/cibiogás-http://mapbiogas.cibiogas.org/), onde foram
coletados dados sobre empreendimentos da agropecuária com geração de energia a partir
de biogás.
As visitas às propriedades com uso de energias renováveis foram realizadas de agosto de
2016 a fevereiro de 2017, sendo algumas acompanhadas por instituições da região visando
facilitar a localização e a coleta dos dados.
As instituições envolvidas nos levantamentos por estado foram:
• Paraná: coopafi, unicafes, cresol e fetraf-Sul (Francisco Beltrão), emater/PR
(Dois Vizinhos), copel (Curitiba), er-br (Londrina), Centro de Treinamento de Pe-
cuaristas (Castro). Oben Power Energy (Curitiba), Vento Solar Tecnologia (Curitiba),
Tecsulsolar (Curitiba), Instituto de Energias Renováveis e Inovação (Cascavel), Brick
Energia Solar (Maringá), 3B Energy (Curitiba) e Ribeiro Soluções em automação.
• Santa Catarina: epagri (Florianópolis), ufsc Fotovoltaica (Florianópolis), jbs Foods
(Itajaí e Seara), Bioter Proteção Ambiental Ltda (Chapecó).
• Rio Grande do Sul: Emater/Ascar/RS (Mostardas, Tavares, Santa Rosa, Santo Cristo, Tucun-
duva, Horizontina), embrapa Clima Temperado (Pelotas e São Lourenço do Sul), banri-
sul (Porto Alegre), Univates (Lajeado/Encantado), certhil (Três de Maio), setren (Três
de Maio), Fratelli Energias Renováveis e Metalurgia (Santa Rosa), ideaas – Instituto para o
Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade do Rio Gramde do
Sul (Santo Antonio da Patrulha), Marsol Eficiência Energética e Soluções Sustentáveis (Fre-
derico Westhalen), Epi Energia Projetos e Investimentos Ltda (Porto Alegre).
Os dados coletados nas propriedades foram analisados, acompanhado de informações ge-
rais do setor de energias renováveis no Sul do Brasil, e compilados nessa publicação, com o ob-
jetivo de demonstrar as ações já desenvolvidas e especialmente sua replicabilidade na região.

30 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


CARACTERIZAÇÃO DA
AGRICULTURA NA REGIÃO
SUL DO BRASIL
3
Autores: Carlos A. F. Biasi, Abner G. Picinatto, Leidiane Mariani

3.1. A agricultura no Brasil e na Região Sul

O Brasil possui 5.175.489 estabelecimentos agropecuários e destes 1.006.181 estão loca-


lizados na Região Sul do Brasil conforme o Censo Agropecuário de 2006 (ibge 2009). Neste
total, 849.997 são estabelecimentos familiares que correspondem a 84% do total de estabe-
lecimentos existentes na região e 37% da área dos estabelecimentos da região (ibge, 2009).
A Tabela 1 identifica mais detalhadamente a situação individual de cada estado apontando
TABELA 1.
Quantidade total de Quantidade de Área total de cada Quantidade total de
estabelecimentos estabelecimentos estado ocupada por estabelecimentos agropecuários
Estado agropecuários familiares estabelecimentos familiares e de estabelecimentos
familiares e área ocupada pelos
Unidades Unidades % % estabelecimentos familiares em
cada estado da Região Sul.
Paraná 371.051 302.907 82% 28%

Rio Grande do Sul 441.467 378.546 86% 31%

Santa Catarina 193.663 168.544 87% 44%

TOTAL 1.006.181 849.997 84% 37%


Fonte: IBGE, 2009.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 31


uma forte predominância das unidades familiares que mesmo possuindo área reduzida,
respondem por significativa parcela da produção de alimentos da região e do país.
A produção vegetal e animal da Região Sul, em 2006, era responsável por significativa
parcela da produção nacional, o que pode ser visto na Tabela 2. Verifica-se que a produção
da Região Sul em relação à produção total do país representava, em 2006, 92% da produção
de trigo, 67% de arroz em casca, 44% de milho em grão, 41% da soja, 26% do feijão, 25% da
mandioca, 28% do leite e 7% do café.
TABELA 2. Produção do
Produção vegetal e animal no Produção %
Produto Produção PR Produção SC Produção RS sul do Brasil
Brasil e na Região Sul. brasileira (B) A/B
(A)
Arroz (casca) (ton) 94.882 846.378 5.396.657 6.337.918 9.477.257 67

Feijão1 (ton) 488.725 185.245 106.470 800.637 3.108.983 26

Mandioca (ton) 2.846.420 596.978 126.666 4.029.918 16.093.942 25

Milho (grão) (ton) 9.195.417 4.110.183 5.234.310 18.539.912 42.281.800 44

Soja (ton) 8.402.608 714.115 7.465.655 16.582.379 40.712.683 41

Trigo (ton) 948.179 97.688 1.040.388 2.086.256 2.257.598 92

Café2 (ton) 163.532 38 8 163.579 2.360.756 7

Leite (1000 l) (ton) 1.816.426 1.394.146 2.455.611 5.666.183 20.157.682 28


Fonte: IBGE, 2009.
(1) Produção total de feijão preto, feijão de cor e feijão fradinho.
(2) Produção total de café arábica e café canéfora (robusta,conilon) em grão verde.

Quanto à agricultura familiar observa-se que apresentava dados mais significativos em


relação ao total da produção da Região Sul. A Tabela 3 aponta a expressividade das explo-
rações de café (85%), feijão (70%), mandioca (84%), leite (80%), milho em grãos (57%), soja
(33%) e em menor importância o trigo (22%), e arroz em casca (18%). Ainda em relação à ta-
bela deve ser destacado que dos 8 principais produtos regionais, 5 deles eram responsáveis
por mais de 50% da produção da Região Sul.
A Tabela 4 expressa a contribuição da agricultura familiar em cada estado com relação à
produção de alimentos, demonstrando sua importância para a segurança alimentar. Com
exceção das culturas do trigo, da soja nos três estados e do arroz no Rio Grande do Sul, os
demais cultivos agrícolas atingem percentuais bastante representativos em relação à pro-
dução total de cada produto e em cada um dos estados.

32 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


TABELA 3.
Produção Produção Produção Produção Total Produção Sul %
Produto Produção vegetal e animal
Sul AF PR Sul AF SC Sul AF RS Sul AF (A) do Brasil (B) A/B
da agricultura familiar no
Arroz (casca) (ton) 36.281 539.904 575.435 1.151.621 6.337.918 18 Brasil na Região Sul.
Feijão (ton) 320.848 135.934 106.622 563.403 800.637 70
Mandioca (ton) 2.304.221 555.158 539.752 3.399.130 4.029.918 84
Milho (grão) (ton) 4.019.969 3.145.459 3.480.535 10.645.963 18.539.912 57
Soja (ton) 2.622.856 214.940 2.663.494 5.501.290 16.582.379 33
Trigo (ton) 218.713 16.646 240.684 476.043 2.086.256 22
Café 93.595 34.610 8.265 138.470 163.579 85
Leite (l) 1.227.212 1.213.642 2.079.863 4.520.718 5.666.183 80
Fonte: IBGE, 2009.

TABELA 4.
Produção agrícola proveniente da agricultura familiar
Participação da Agricultura
Produto agrícola em relação à produção total de cada estado (%)
Familiar na produção
Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul agrícola estadual da Região
Sul do Brasil.
Mandioca 81 93 92
Feijão 66 73 84
Milho em grão 43 76 66
Café 57 90 99
Arroz em casca 40 64 11
Leite 68 87 85
Trigo 23 17 23
Soja 31 30 36
Fonte: IBGE, 2006.

Em relação à produção pecuária a Região Sul apresenta destaque no país na produção de


aves (44%) e na produção de suínos (54%). Em relação aos bovinos (14%) a representatividade
do rebanho é menor que as demais explorações pecuárias como se constata na Tabela 5.
Região Aves Bovinos1 Suínos1 TABELA 5.
Efetivo total dos rebanhos no
Brasil 1.401.340.989 171.613.337 31.489.439 Brasil, na Região Sul e em cada
estado da Região Sul em 2006.
Região Sul 617.471.103 23.814.051 16.750.420
Paraná 286.566.792 9.503.801 4.569.275
Santa Catarina 216.414.197 3.126.002 6.569.714
Rio Grande do Sul 114.490.114 11.184.248 5.611.431
Relação Região Sul / Brasil (%) 44 14 54
(1) http://sidra.ibge.gov.br/tabela 3939#resultados ibge 2006

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 33


Analisando a realidade da agricultura familiar na Região Sul conforme informações da
Tabela 6 verifica-se que o Paraná possui o maior rebanho de aves, Santa Catarina o de suínos
e o Rio Grande do Sul o de bovinos. Em relação à quantidade de vacas em ordenha o percen-
tual da Região Sul é de 20% do país.
TABELA 6. Aves1 Suínos1 Bovinos1 Vacas em ordenha2
Efetivo total dos rebanhos no Região
(cabeças) (cabeças) (cabeças) (cabeças)
Brasil, Região Sul e estados na
agricultura familiar em 2006. Brasil (A) 700.819.753 51.991.528 18.414.366 21.751.073
Região Sul (B) 456.803.131 9.263.130 11.153.639 4.248.380
Paraná 190.602.331 3.161.405 2.840.213 1.641.009
Santa Catarina 146.692.169 2.038.705 4.370.999 1.110.700
Rio Grande do Sul 113.508.631 4.063.020 3.942.427 1.496.671
Relação B / A (%) 65 18 61 20
(1) Fonte: IBGE, 2009.
(2) IBGE Sidra-Pesquisa Pecuária Municipal 2006 Tabela 94.

Em relação ao percentual de participação da agricultura familiar na produção de suínos,


aves e bovinos na região verifica-se que as explorações de suínos e as aves apresentam maior
expressão conforme a Tabela 7.
TABELA 7.
Percentual de animais Plantel existente na agricultura familiar em relação ao total de cada estado (%)
Plantel
existentes na agricultura Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Região Sul
familiar em cada estado.
Suínos 62 67 36 69
Aves 66 68 99 78
Fonte: Adaptação de IBGE, 2009 e
IBGE Sidra – Pesquisa Pecuária Bovinos 34 65 29 40
Municipal 2006 Tabela 94.

De acordo com essas informações é possível ter uma noção da importância que a agri-
cultura familiar tem na Região no Sul do Brasil, especialmente na produção de alimentos e
na contribuição para a segurança alimentar e nutricional da região e do país.
Atualizando as informações sobre os rebanhos suíno, bovino e de aves e incluindo a bo-
vinocultura de leite no ano de 2015, obtém-se os dados apresentados na Tabela 8. Segundo
esses dados, houve um crescimento significativo da pecuária nos últimos 10 anos. Desta-
que-se que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul respectivamente são os maiores
produtores de suínos do Brasil. Essa realidade aponta fortemente a necessidade de serem
implantadas propostas que minimizem os impactos ambientais sob pena de inviabilizar a
produção agrícola (lavouras) na região. Destaca-se que Santa Catarina é o primeiro estado

34 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


em abate de animais e produção de carnes (ibge, 2016) Além disso, a Região Sul já ultrapas-
sou a região Sudeste na produção de leite. (ibge – Pesquisa Pecuária Municipal 2014).
Aves1 Bovinos2 Suínos3 Vacas ordenhadas4 TABELA 8.
Região Efetivo total dos rebanhos no
(cabeças) (cabeças) (cabeças) (cabeças)
Brasil, Região Sul e estados
Brasil (A) 1.332.078.050 215.199.488 40.332.553 21.751.073 em 2015.
Região Sul (B) 604.937.587 27.434.523 19.875.316 4.248.380
Paraná 324.034.053 13.737.316 7.134.055 1.641.009
Santa Catarina 145.153.142 4.382.299 6.792.724 1.110.700
Rio Grande do Sul 135.750.392 9.314.908 5.948.537 1.496.671
Relação B / A (%) 38 27 49 19
(1) Galináceos em Geral – ibge Pesquisa Pecuária Municipal 2015 Tab 3939
(2) Análise da Conjuntura Agropecuária 2016 – Pecuária de corte – seab
(3) Suinocultura Paranaense 2016 seab/deral
(4) ibge Sidra Pesquisa Pecuária Municipal 2015 – Tabela 94

Em relação à agricultura familiar não é possível realizar a atualização das informações


para o ano de 2016, pois não foi realizado um novo censo agropecuário desde 2006, mas po-
demos afirmar que sua representatividade continua a ser grande nas explorações de leite,
suínos e aves.

3.2. Consumo energético da agropecuária na Região Sul

Toda esta produção agrícola e o seu processamento, realizado pelas cooperativas agroin-
dustriais ou por empresas integradoras, exige quantidade elevada de energia em todas as
etapas, “antes e depois da porteira”. Na produção agrícola, o maior gasto energético ocorre
“antes da porteira”, ou seja, na propriedade, pois é nela que ocorrem as operações mecâni-
cas como o preparo do solo, a aplicação de adubos e agrotóxicos, a irrigação, entre outros.
Em relação à produção pecuária, principalmente na produção de aves e suínos, é neces-
sário somar os gastos energéticos de toda a cadeia produtiva, ou seja, na produção de grãos
(milho e soja para ração), com climatização (aquecimento/resfriamento e umidificação), na
geração de vapor e aquecimento de água, na distribuição de água e ração, na iluminação,
na higienização de equipamentos (ordenhadeiras, resfriadores etc.) entre outros processos.
Ou seja, existe um gasto energético elevado, tanto na produção como no processamento
animal ou vegetal. Desta forma o consumo energético sempre irá variar em função do tipo

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 35


de cultura e plantel bem como do manejo adotado e a forma do processamento desta pro-
dução e do sistema de transporte da produção até a comercialização final.
O consumo energético total nacional no setor agropecuário em 2016¹ foi de 11.487 10³
toneladas equivalente de petróleo (tep) para o ano base 2015, que corresponde a 4,4% do
consumo final energético no país (260.700 10³ tep (toe). Esse consumo do setor agropecu-
ário é, basicamente, concentrado em três fontes: óleo diesel (55%), lenha (24%) e energia
elétrica (21%).
Ainda no setor agropecuário, nos estados da Região Sul o consumo final energético em
relação ao total nacional foi praticamente igual: 5% para o Paraná, 4% para Santa Catarina e
4,2% para o Rio Grande do Sul (epe, 2016).
O Paraná possuía 379.170 consumidores rurais que consumiram durante o ano de 2014
(Balanço Energético 2016) um volume 8,2% maior de energia elétrica, contra uma média de
5,6% registrada no mercado cativo da Copel. Levando-se em conta a estabilidade registrada
no número de ligações, este índice representa diferença ainda maior, em relação às demais
categorias de consumo. Em números absolutos, a atividade rural responde por 9,3% do con-
sumo dos municípios atendidos.
De acordo com estudo de mercado da Copel Distribuição, a produção agropecuária tem
se beneficiado do aumento de produção e ganhos de produtividade nas culturas agrícolas,
principalmente no segmento soja e milho, elevando o poder de compra do agricultor, com
reflexos para o consumo de energia. Nos últimos dez anos, a classe teve crescimento médio
de 4% ao ano, chegando ao patamar de 503,4 kWh/mês correspondendo a um custo de R$
227,24 por unidade consumidora considerando o valor do kWh de R$ 0,45 (Agência de No-
tícias – Estado do Paraná, 2015).
Em Santa Catarina no meio rural, em 2014, existiam 231.372 unidades consumidoras,
equivalente a 8,94% do total de unidades do Estado apresentando um consumo de 388 GWh.
Em relação a 2013 houve uma pequena variação no número de consumidores de 0,9%, po-
rém com um aumento de 10,1% no consumo. O consumo médio por unidade consumidora
foi de 596,3 kWh/mês com um custo equivalente a R$ 180,07 por unidade consumidora ru-
ral, considerando também o custo de R$ 0,30199/kWh (celesc, 2014).
No Rio Grande do Sul em 2014, o meio rural possuía 341.489 consumidores. A agrope-
cuária consumiu o equivalente a 8,22 % do consumo total de energia, proveniente de três
grandes distribuidoras que atendem 93,04% do mercado e 2,34% oriundos de pequenas em-
presas e cooperativas de eletrificação rural, tendo um valor médio de consumo de R$ 615,3
kWh/mês representando um valor de R$ 270,53 por mês, considerando-se o custo de

36 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


R$ 0,439686/kWh por unidade consumidora. Estes são valores médios, podendo ser maior
ou menor conforme a estrutura produtiva de cada propriedade, não incluindo as residên-
cias rurais.
Em 2014, a fonte de energia mais consumida no setor agropecuário foi a lenha, 75,68%,
chegando a 792.000 tep. Na segunda posição, a eletricidade, com 23,92%, totalizando
250.000 tep. As fontes de energia primárias predominaram no consumo do setor agropecu-
ário, 75,68% do total consumido (capeletto, 2015).
Alguns produtos da cesta básica, como o arroz e o leite acabam tendo um gasto energéti-
co maior e, portanto, um custo mais elevado de produção, pois o número de operações com
gasto de energia elétrica é maior, como por exemplo, o custo com a movimentação da água
de irrigação no arroz e ordenha no caso do leite ou automação na criação de suínos e aves.
Assim é importante conhecer o sistema produtivo adotado na propriedade para calcular
com maior precisão qual é o consumo energético total e por tipo de fonte.
Considerando o consumo energético do setor agropecuário e as tendências de cresci-
mento, as energias renováveis tornam-se uma opção para as propriedades agrícolas produ-
zirem sua própria energia e aumentarem a produção e/ou reduzirem custos. Ou seja, a pro-
dução de energia própria considerando a legislação vigente pode tornar-se uma excelente
oportunidade de negócio para as propriedades rurais.
Esta situação poderá garantir que a Região Sul continue a desempenhar importante pa-
pel na produção agrícola e que agricultura familiar identifique uma nova oportunidade de
geração de renda.
Muito embora não haja estimativas mais precisas sobre o crescimento do setor agrope-
cuário do sul do Brasil é possível inferir que as limitações de aumento de área para a pro-
dução de grãos ou expansão da pecuária de leite e corte serão superadas pelos aumentos de
produtividade das explorações agrícolas (milho e soja especialmente) fruto de trabalhos de
pesquisa.
Na produção pecuária deve ser destacado que a produção de suínos, aves e leite tem cres-
cido significativamente e colocado a Região Sul na liderança do setor. Aliado à esta situação
as previsões do estudo da oecd-fao (2016) que até 2024 deverá haver um aumento per capi-
ta do consumo de carne suína de 2,5 para 13.5 kg, além do crescimento das exportações. Em
relação às aves a previsão é de aumento do consumo de 39,3 para 42,3 kg/pessoa no mesmo
período. Em relação aos lácteos a expectativa é que seja atingido o consumo de 84 kg por
pessoa também no mesmo período.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 37


VISÃO GERAL DAS
ENERGIAS RENOVÁVEIS NA
REGIÃO SUL DO BRASIL
4
Autores: Leidiane Mariani, Carlos A. F. Biasi, Abner G. Picinatto

A energia renovável é proveniente de fontes que têm a capacidade de se restaurar,


ou seja, de ser utilizada ao longo do tempo sem que se esgote. Alguns exemplos de energias
renováveis são: energia solar, energia eólica (dos ventos), biomassa (biogás, biocombustíveis
como o biodiesel e o etanol e florestas energéticas), energia hidráulica (do movimento da
água), energia geotérmica (calor que vem do interior da Terra) e energia das marés e das ondas
(movimentação da água dos oceanos). Já as fontes de energia não renováveis foram origina-
das há milhares de anos e dependem dessa escala de tempo para serem renovadas, ou seja,
considera-se que na escala de tempo da humanidade essas fontes não se renovam. O petróleo,
o gás natural, o carvão mineral e os combustíveis nucleares são exemplos dessas fontes.
As fontes renováveis de energia exercem papel estratégico para a segurança energética
mundial, pois as principais fontes usadas atualmente são baseadas em recursos como o
petróleo e o carvão, que, além de finitos, são altamente poluentes ao ambiente terrestre.
Na Região Sul, 91,6% da oferta interna de energia elétrica é proveniente de fontes reno-
váveis, prevalecendo a energia hidrelétrica. No Paraná, além da fonte hidráulica que corres-
ponde a 94% da oferta interna, o bagaço de cana-de-açúcar se destaca com 2%. Em Santa
Catarina, a hidrelétrica equivale a 80% da oferta interna, a eólica a 1% e 3% de outras bioe-
nergias (lenha, lixívia, casca de arroz, biogás, resíduos de madeira, óleos vegetais, etc.). O

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 39


Rio Grande do Sul se destaca pela participação da energia eólica que é de 10%, sendo que a
hidrelétrica corresponde a 72% e as outras bioenergias a 2% (mme, 2016).
Porém, há um potencial considerável de energias renováveis não convencionais no sul do
Brasil que ainda não é aproveitado, se destacando o biogás proveniente de biomassa residual
da produção agropecuária e dos resíduos sólidos urbanos, a energia solar e a energia eólica.
Nesse sentido, algumas iniciativas vêm sendo observadas nos estados visando o aprovei-
tamento dessa fonte e serão apresentadas nos próximos capítulos. Em relação às políticas
públicas estaduais, o Paraná criou através do Decreto Nº 11.671 de 15/07/2014 o Programa
Paranaense de Energias Renováveis, Santa Catarina destaca-se por ter o Programa Catari-
nense de Energias Limpas – SC+ criado pelo Decreto Estadual Nº 233 de 24/06/2015, com
o objetivo de articular ações em energias renováveis em uma parceria do Governo do Esta-
do e a iniciativa privada fortalecendo as ações relacionadas às energias limpas e renováveis
como pchs, cghs, Eólica, Solar e Biomassa. Recentemente criou o Comitê SC Biogás. O Rio
Grande do Sul, que desde 2016 possui o Programa RS Energias Renováveis assim como o
programa de Eficiência Energética do Rio Grande do Sul, aprovou no mesmo ano a isenção
do pagamento de icms para micro e minigeração de energia elétrica a partir de sistemas
fotovoltaicos.
Destaca-se que nesse estudo foram analisadas as fontes de energia renovável conside-
radas mais importantes e com maior potencial na agricultura da Região Sul, sendo: biogás
proveniente da biomassa residual, solar fotovoltaica, eólica e biomassa florestal. No entan-
to, existem outras fontes disponíveis nessa região, mas por particularidades de cada uma,
não são analisadas nesse estudo.

4.1. Biogás
Autores: Leidiane Mariani, Carlos A. F Biasi,
Abner G. Picinatto, Gladis M. B. Bühring

O biogás é produzido a partir da decomposição de matéria orgânica por microrganismos


em condições anaeróbias (ausência de oxigênio), processo biológico denominado de diges-
tão anaeróbia. É composto basicamente por metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), em
menor quantidade hidrogênio (H2), amônia (NH3), ácido sulfídrico (H2S) e outros de gases.
A quantidade de biogás produzida e sua composição variam conforme a temperatura, o pH,
a umidade, e a composição da matéria orgânica decomposta, denominado de substrato.

40 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


A concentração de metano no biogás, que varia entre 50 e 75%, é o que determinada sua
capacidade energética, ou tecnicamente, seu poder calorífico. O biogás pode ser produzi-
do a partir de diferentes fontes de biomassa, como resíduos vegetais, dejetos de animais,
resíduos de alimentos, esgoto urbano, dentre outros. O valor calórico do biogás, com um
teor de metano de 60%, permite que a energia produzida por um metro cúbico seja equi-
valente a um total de 5 a 7,5 kWh (em média 6kWh/m3 ou 21,6 MJ/m³) ou 1,5 a 3 kWh de
energia elétrica (fnr, 2009). Apesar de indicado na literatura, não observamos este dado
em campo. Nas máquinas nacionais está em torno de 1,3 a 1,7 e nas máquinas internacio-
nais chega até a 2,3 máximo.
O biogás produzido pode ser usado como energia térmica substituindo a lenha, o diesel
ou outro combustível fóssil para aquecimento de ambientes, cocção de alimentos, geração
de vapor, secagem de grãos, higienização de alimentos etc., como energia mecânica (mo-
triz) para bombeamento de água ou biofertilizante, para a geração de energia elétrica pela
queima em grupos moto geradores ou turbinas e para a produção de biometano, gás similar
ao gás natural, que pode ser utilizado em veículos automotores. Para a produção do biome-
tano, o biogás passa por processos de purificação que aumentam a concentração de metano
para 96,5% na maior parte do Brasil, conforme exigência da Resolução 01/2015 da Agência
Nacional de Petróleo.
A digestão anaeróbica é um processo utilizado há milhares de anos pela humanidade
como forma de tratar resíduos e efluentes orgânicos e de produzir energia a partir do bio-
gás. Para isso, sempre se utilizaram os biodigestores, que são câmaras fechadas onde é feita
a digestão anaeróbica. Quanto aos sistemas de alimentação os biodigestores podem ser
classificados como de alimentação contínua, atualmente os mais usados (modelo chinês,
indiano, canadense, lagoa coberta, mistura completa) e os de batelada (descontínuos). Po-
rém o modelo mais utilizado nas atividades de projetos do mdl é o fluxo tubular (plug flow,
ou modelo canadense). Quanto aos tipos de biodigestores e o material utilizado para sua
construção eles podem ser: a) horizontais ou verticais; b) de alvenaria ou concreto; c) de
plástico ou lona; d) de metal ou fibra de vidro. Na Figura 1 é possível ver um desenho esque-
mático que apresenta o processo de digestão anaeróbica, também denominado de digestão
anaeróbia.
Além do biogás, o digestato é um subproduto líquido da digestão anaeróbica e poder ser
considerado um biofertilizante. É composto por quantidade considerável de nitrogênio (N),
fósforo (P) e potássio (K), principais componentes dos adubos industriais e que melhoram
a fertilidade do solo, além disso, melhoram a estrutura do solo, a atividade microbiológica

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 41


FIGURA 1.
Desenho esquemático da
digestão anaeróbia.

Fonte: Strippel et al.,2016.

e a retenção de umidade. O uso do digestato em relação ao uso do dejeto in natura protege


o ambiente do risco de enriquecimento excessivo e consequente eutrofização; os nutrientes
estão tornam-se mais assimiláveis pelas plantas, reduz odores e poluição do ar; além de
reduzir os custos energéticos e econômicos da produção de fertilizantes.
Além do biogás, o digestato é um subproduto líquido da digestão anaeróbica e poder ser
considerado um biofertilizante. É composto por quantidade considerável de nitrogênio (N),
fósforo (P) e potássio (K), principais componentes dos adubos industriais e que melhoram
a fertilidade do solo, além disso, melhoram a estrutura do solo, a atividade microbiológica
e a retenção de umidade. O uso do digestato em relação ao uso do dejeto in natura protege
o ambiente do risco de enriquecimento excessivo e consequente eutrofização; os nutrientes
estão tornam-se mais assimiláveis pelas plantas, reduz odores e poluição do ar; além de
reduzir os custos energéticos e econômicos da produção de fertilizantes.
A utilização de biodigestores contribui para a integração das atividades agropecuárias,
convertendo os resíduos em dois elementos importantes para o desenvolvimento de uma
agricultura sustentável: energia renovável e fertilizante. A energia possibilita a instalação
de infraestrutura necessária à agregação de valor ao sistema produtivo, como equipamen-
tos para processamento e organização da produção, melhoria na conservação dos produtos
e para a logística de comercialização. Portanto, os principais aspectos importantes para a
propriedade rural é a economia gerada com o aproveitamento do biogás e a redução da de-
pendência externa de energia.
Além disso, a geração de energia com biogás pode ser indutora da melhoria das condi-
ções ambientais, por meio da destinação adequada dos resíduos e efluentes gerados nas
atividades agropecuárias, evitando a contaminação dos solos e águas. Além disso, reduz a

42 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


proliferação de insetos (moscas, mosquitos e baratas) e melhora as condições do ar no local
e região de produção. Também permite a redução, por parte da atividade agropecuária, de
emissão de Gases de Efeito Estufa (gee) para a atmosfera, por meio da captura e queima do
biogás, que é composto por gases como o metano e o dióxido de carbono.
A Região Sul do Brasil tem amplo potencial para produção de biogás devido à geração de
resíduos concentrados em algumas regiões e efluentes das atividades agropecuárias, prin-
cipalmente a suinocultura, bovinocultura de leite e avicultura.
O uso de biodigestores na Região Sul do Brasil iniciou-se na década de 1980 quando hou-
ve incentivos governamentais para a implantação de biodigestores do modelo chinês. Mas,
por diversos motivos, ao longo do tempo ocorreu a redução no uso desses biodigestores nas
propriedades rurais. Dentre os motivos podem-se listar os seguintes: manejo extremamen-
te trabalhoso dos modelos chineses e indianos à época, exigindo um trabalho árduo de mão
de obra; inexistência de equipamentos adequados, por exemplo, para a aeração; falta de
incentivo; e domínio técnico limitado de tecnologias apropriadas, considerando ainda, que
a região não possuía conhecimento suficiente para o uso energético do biogás.
Entre 2005 e 2007, com a criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (mdl) pelo
Protocolo de Kioto, o uso dos biodigestores foi novamente incentivado e cresceu com o
apoio de agroindústrias integradoras de suínos em toda a Região Sul. Porém, motivados
pelo baixo retorno oferecido pelo crédito de carbono, as empresas afastaram-se do processo
o que resultou em novo desestímulo ao seu uso e o abandono dos biodigestores.
Alguns anos depois, em estudos realizados pela Itaipu Binacional em parceria com ato-
res sociais da Região Oeste do Paraná foi constatada a presença de quantidades excessiva
de nitratos nos solos da região (lençóis freáticos e afluentes) que resultavam em prejuízos
ao meio ambiente e as possibilidades de aproveitamento agrícola dos solos. Preocupada
com esta situação, a Itaipu Binacional passou a desenvolver em conjunto com o cibiogás a
proposta de uso dos biodigestores em propriedades agrícolas (suínos e bovinos de leite) e
em unidades de beneficiamento agroindustrial. Paralelamente surgiram outras oportuni-
dades de aproveitamento de matérias primas passíveis de serem utilizadas na produção de
energia (bagaço de cana de açúcar, resíduos florestais, etc.).
Paralelamente a essa iniciativa da Itaipu Binacional, ocorreram outras iniciativas de uti-
lização do biogás gerado nos biodigestores do mdl e outros projetos relacionados ao bio-
gás, como a Cooperativa Ecocitrus no RS.
Outra iniciativa importante em nível nacional, mas que realizou diversos estudos na Re-
gião Sul, foi o Probiogás, projeto de cooperação técnica internacional dedicado a fomentar

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 43


a temática do biogás no Brasil. O projeto é fruto da cooperação entre Brasil e Alemanha,
representada pela GIZ, que aportou metodologias inovadoras e com enfoque em mudanças
institucionais.

4.1.1. Biogás no Paraná


As ações no Paraná relacionadas à utilização do biogás no meio rural iniciaram-se nos
idos de 1979 paralelamente aos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e desenvolvi-
das pela extensão rural, tendo acontecido até o ano de 1987.
Neste período foram realizadas capacitações e elaborados diversos informativos técni-
cos (folders e folhetos) sobre o tema, pela Extensão Rural do Paraná, visando orientar os
agricultores sobre a importância do biogás como alternativa para uso residencial rural, fun-
cionamento de motores estacionários, processos de aquecimento, além do uso dos resídu-
os como biofertilizante. Instituições como o Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa
(cebrae) e a Fundação Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos do Paraná (fi-
depar) apoiaram o processo de capacitação de agricultores.
Após 1987 houve um hiato nas discussões sobre o tema no estado, voltando a ser con-
siderado em 2008 com a realização do 1º Fórum Mundial de Energias Renováveis em Foz
do Iguaçu,, organizado pela Itaipu Binacional, Ministério de Minas e Energia (mme), Ele-
trobrás e Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (onudi) e
a implantação na Itaipu Binacional da Assessoria de Energias Renováveis (er.gb), com a
missão de demonstrar a viabilidade técnica, econômica e ambiental do uso de fontes re-
nováveis de energia.
Ainda em 2008, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) foi autorizada pela aneel
pela Resolução Autorizativa Aneel nº 1.482/08, a proceder compra por Chamada Pública
da energia gerada pelos protótipos do Programa Geração Distribuída (GD) da Itaipu/Copel
e outros parceiros. Assim, lançou um edital para aquisição de energia elétrica produzida a
partir da digestão anaeróbica de resíduos orgânicos. Em março de 2009 foram assinados os
primeiros contratos com as quatro empresas que participaram do edital, oferecendo ener-
gia elétrica de seis unidades por elas operadas, firmando contrato para o fornecimento de
524 kW. Os fornecedores eram a Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar), a Co-
operativa lar, a Granja Colombari e a Fazenda Star Milk. Os contratos tinham vigência de
abril de 2009 até dezembro de 2012 (Bley Jr. et al., 2009).

44 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Com a regulação da mini e micro geração de energia elétrica, essas empresas passaram
a se conectar com a rede e vender energia elétrica excedente.
No ano de 2010 foi implantado o Centro de Estudos do Biogás, pela Itaipu Binacional
e a Fundação pti, a fim de gerir as ações, demandas sociais e tecnologias relacionadas ao
biogás. Nos anos subsequentes foram desenvolvidas ações de implantação e constituição
do cibiogás que foi efetivamente constituído em 2013 a partir do qual uma série de ações
passou a ser desenvolvida visando sua inserção mais efetiva junto aos agricultores para-
naenses.
Em 04/09/2013 o Governo do Estado criou o Programa Smart Energy Paraná, através do
decreto 8842 com o objetivo de incentivar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica
em ambiente produtivo no estado. Neste mesmo ano o governo estadual anunciou que o
biogás poderia ser incluído no Programa Smart Energy do tecpar (2014), porém isto de
fato não aconteceu. Ainda no caso do Paraná existe o Programa Paranaense de Agroenergia,
porém trabalhando basicamente com o biodiesel.
Neste período as Universidades Estaduais tiveram um papel importante neste processo
concentrado basicamente em pesquisas para o tratamento dos dejetos de animais, princi-
palmente suínos e aves em função do tamanho destes rebanhos e de resíduos de agroindús-
trias, para utilização na produção de biogás e de fertilizantes.
O segmento cooperativista tem desenvolvido esforços na busca de alternativas que
permitam implantação do uso do biogás nos setores agroindustriais das cooperativas sin-
gulares. No Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (ocepar) foi
constituído um departamento responsável por estudos e pesquisas em torno das energias
renováveis. Esse departamento foi criado visando atender a demanda das cooperativas e
identificar alternativas que minimizem os aspectos ambientais, tais como a destinação
adequada dos dejetos e resíduos, a produção do biogás, a redução dos custos com recursos
energéticos para as atividades agropecuárias e industriais, a utilização do biogás para seca-
gem de produtos entre outras utilizações possíveis na agricultura em geral.
Outra ação desenvolvida pela ocepar está relacionada à realização de pesquisas para
o aproveitamento dos dejetos de animais, principalmente suínos, mas também de aves e
bovinos e dos resíduos das unidades industriais. Há no estado mais de 25 cooperativas com
potencial para tratamento de dejetos e produção de biogás, o que de fato já acontece em
várias destas.
Iniciativas como a da Cooperativa lar, que realiza o tratamento dos dejetos de sua uni-
dade de produção de leitões em Itaipulândia, de aves em Matelândia, vegetais em Foz do

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 45


Iguaçu e da C.Vale em Palotina, com a unidade de amido, servem de exemplo para outras
cooperativas também adotarem estes modelos nas suas unidades industriais. Vale ressaltar
que por meio destas iniciativas o setor Cooperativista passou a se organizar a respeito da
energia e as cooperativas passaram a desempenhar um papel fundamental especializando
seus técnicos e criando unidades de gerenciamento energético.
No mapa da Figura 2 é possível identificar as cooperativas e estabelecimentos agrope-
cuários que realizam o tratamento de dejetos e produção de biogás. No mapa da Figura 3 é
apresentada a localização das cooperativas com potencial para a mesma finalidade.

FIGURA 2.
Cooperativas e estabelecimentos
agropecuários com tratamento
de dejetos e produção de biogás.

Em relação ao mapeamento do potencial de geração do biogás (m³/ano) o Paraná possui


dois estudos a saber:
“Oportunidades da cadeia produtiva de Biogás para o Estado do Paraná” publicado em
2016 pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (fiep), com apoio do cibiogás,

46 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FIGURA 3.
Cooperativas com potencial
para tratamento de dejetos e
produção de biogás.

e realizado em três etapas, a saber: identificação da capacidade de gerar matérias primas


passíveis de transformação em biogás as quais poderiam ser obtidas a partir de resíduos
agropecuários, industriais e tecnológicos; verificação das condições técnicas e tecnológicas
que permitem materializar as potencialidades mapeadas; e identificação destas oportuni-
dades frente aos hiatos que necessitam ser supridos para que haja uma evolução do setor de
biogás no âmbito estadual e nacional.
O “Mapeamento e análise das fontes de energias renováveis do Sudoeste do Paraná” re-
alizado pelo Sebrae e Cresol identificou, de acordo com a vocação econômica regional, o
potencial energético de biogás e energia fotovoltaica. Esse estudo possibilitará estimular o
empreendedorismo dos pequenos negócios na região e mapear a cadeia produtiva regional
de empresas de tecnologia, produtos, serviços, universidades e centros de pesquisas, que
atuam em energias renováveis (sebrae, 2016).
A Companhia Paranaense de Gás – Compagas realizou um mapeamento do estado com
os locais com potencial para produção de biogás, pois existe o interesse por parte da con-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 47


cessionária de comprar o biometano – biogás purificado e normatizado realizando a distri-
buição pela sua rede. Segundo o diretor da Compagas esta é uma alternativa para suprir a
demanda por gás no estado, pois o gasbol – gasoduto Brasil Bolívia – não tem como ser
ampliado e fornecer mais produto. Portanto é uma ação da empresa e não um programa
estadual.
Nesse sentido, a empresa vem se envolvendo e apoiando projetos e estudos da produ-
ção de biogás e biometano de forma condominial nos municípios de Toledo, Entre Rios do
Oeste e Castro, todos no Paraná, além de fazer parte do grupo de empresas associadas que
compõe o cibiogás.
O Paraná também possui desde 2015 uma proposta de projeto de lei (Projeto de Lei
378/2015) que trata da adesão do estado ao convênio 16/2015 do Conselho Nacional de Po-
lítica Fazendária (confaz) que isenta a cobrança do icms sobre a geração de energia por
fontes renováveis e tramita na Assembleia Legislativa desde aquele ano. Audiência Pública,
inclusive, foi realizada na Assembleia Legislativa do Paraná sobre o tema, pois a incidência
tributária é de 29%.
Contudo, as iniciativas existentes no Paraná ainda são individuais ou de grupos empre-
sariais e instituições particulares, não tendo sido estruturada uma diretriz estadual, como
por exemplo, uma política pública, que incentive os órgãos de governo a considerar o biogás
em suas ações, que sinalize para as empresas a importância de investimento nesse setor e
permita aos agricultores e suas organizações investirem com segurança e obterem resulta-
dos efetivos que resultem em redução de seus custos produtivos ou agregação de renda e
contribuindo na mitigação ambiental.

4.1.2. Biogás em Santa Catarina


No estado de Santa Catarina as primeiras ações com biogás de acordo com Hugo Adolfo
Gosmann “aconteceram no início da década de 80, com a implantação e execução do Pro-
jeto Fontes Alternativas, apoiado pelo Governo do Estado (Secretaria do Planejamento) e
financiado pelo Ministério de Minas e Energias. Sua execução ocorreu com a participação
e a coordenação da acaresc, hoje, epagri, na Região Oeste. Foram instalados 750 biodi-
gestores até 1986. O biogás gerado era utilizado em fogões a gás, fogões a lenha, motores
a diesel (20% diesel), motores a gasolina (partida a gasolina) e chuveiro. Porém o projeto
encontrou dificuldades de sustentação pela pouca durabilidade da campânula: cinco anos;

48 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


pequena tecnologia para o funcionamento constante (inverno/verão); trabalho diário/roti-
na de manutenção; preço do petróleo menor que o preço do biogás; falta de incentivo para
a continuidade do projeto.”

FIGURA 4.
Jornal da época sobre a
instalação do primeiro
biodigestor no campo em
Santa Catarina.

Crédito: João C.C. Zank.

“Próximo desse período foi instalado um biodigestor indiano no Juvenato São Pascoal
em Jaborá, SC, coordenado pelo religioso Rodolfo Wiggers, conhecido como Frei Nicolau
e com orientação da Acaresc. No município de Seara, o médico Nicolau Laitano também
incentivava o uso do biogás”.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 49


“Em 1996 foi defendida tese de mestrado sobre “Estudos comparativos com bioester-
queira e esterqueira para armazenagem e valorização dos dejetos de suínos” (gosmann,
1997), sendo analisado o desempenho de esterqueira, bioesterqueira e produção de bio-
gás. O experimento foi instalado na epagri – Cetre – Florianópolis”.
“Em 2002 – 2003 surgiu o Sistema pct Ariranha cuja concepção era de geração de ener-
gia elétrica a partir de biomassa, especialmente dejetos suínos e com enriquecimento de
biomassa com culturas e sobras locais. O projeto envolveu a epagri, a Universidade Fe-
deral de Santa Catarina (ufsc) e a Eletrosul. A proposta pretendia trabalhar com sistemas
de fermentadores com aquecimento e agitação interna da biomassa para geração de ener-
gia constante. Dentre outras aplicações, a sobra da energia térmica seria aproveitada na
secagem de grãos e na redução do volume do biofertilizante saído do biodigestor, o que
reduziria o custo do transporte. Como objetivo também constava a utilização do efluente
em distâncias compatíveis com sua concentração e valor econômico e fertilizante e em
culturas de importância econômica e energética (ex: milho, capim elefante e outras). Par-
te do biogás poderia ser reduzido a metano e utilizado, como combustível, em veículos
locomotores e estacionários.”

FIGURA 5.
Propriedade com Biogás-
Vargeão/ Santa Catarina.

50 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


“Em paralelo foi desenvolvido o Projeto Validação de Tecnologias para o Manejo e Tra-
tamento e Valorização de Dejetos Suínos em Pequenas e Médias Produções de Santa Cata-
rina (suínos – SC), executado entre 21/12/2001 a 30/06/2005, financiado pelo Governo do
Estado de Santa Catarina, Fundação de Ciência e tecnologia – funcitec e pelo Ministério
da Ciência e Tecnologia – mct, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno-
lógico – cnpq, Financiadora de Estudos e Projetos – finep e o Fundo Nacional do Desen-
volvimento Científico e Tecnológico – fndct.”
“A principal justificativa para o projeto, na época, foi a situação crítica de Santa Catari-
na, com respeito à poluição por dejetos suínos e a falta de rotas tecnológicas validadas para
orientar suinocultores. Foi o primeiro projeto nesta linha para o estado, tendo sido envol-
vidas diversas instituições, como: embrapa – suínos e aves; ufsc; unoesc e epagri com
apoio e recursos financeiro da: funcitec; cnpq; finep. Os trabalhos com biogás foram
desenvolvidos em Braço do Norte, Joaçaba, Orleans, Iomerê e Seara”.
“Em 15 de setembro de 2004, durante o Seminário sobre Tecnologias para Dejetos Su-
ínos, em Florianópolis, foi lançado o Fórum Catarinense para o Controle da Poluição Am-
biental por Dejetos Suínos, com o objetivo de controlar a poluição ambiental por dejetos
suínos com o aproveitamento dos efluentes e do biogás. Houve tratativas para o estabele-
cimento de um Programa de Biogás para o sul do Brasil (Santa Catarina, Rio Grande do Sul
e Paraná). De acordo com as informações obtidas o Fórum atuou até 2009, tendo inclusive
sido proposto o Projeto Estadual de Controle da Poluição Ambiental por Dejetos Suínos”.
A Companhia de Gás de Santa Catarina (scgás) apresentou, em junho de 2013, o Progra-
ma de Biogás Catarinense. Segundo pesquisa da scgás, Santa Catarina teria o potencial de
gerar cerca de 3.000.000 m³ por dia de biometano através de aterros sanitários e dejetos de
animais (2,5 milhões de m³), mais de uma vez e meia do que é distribuído hoje no estado.
O programa da scgás contempla o aproveitamento de biogás de dejetos suínos em Con-
córdia e Braço do Norte e de um aterro na região da Grande Florianópolis (scgás,2013). A
Embrapa Suínos e Aves e a epagri desenvolvem ações individuais e em parceria, como dias
de campo sobre o “Uso de Biogás como fonte de energia para transporte e distribuição de
dejetos suínos” em diferentes regiões do estado. A Embrapa tem uma série de pesquisas
sobre o aproveitamento de dejetos suínos para diferentes fins e em especial para a geração
de biogás. Também desenvolve o Projeto de Controle da Degradação Ambiental decorrente
da suinocultura em Santa Catarina, que realiza várias ações de pesquisa e capacitação para
agricultores. Entre os trabalhos realizados lançou o Documento 115 – Geração e utilização
de biogás em unidades de produção de suínos, que orienta o agricultor sobre a geração e
utilização do biogás na propriedade para diferentes atividades.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 51


Em 2013 foi inaugurado na sede da Embrapa Suínos e Aves em Concórdia o primeiro
Laboratório de Estudos em Biogás de Santa Catarina. O projeto é fruto de um convênio da
Embrapa com a Companhia de Gás de Santa Catarina – scgás, que auxiliou com recursos
financeiros, a dbfz (Centro Alemão de Pesquisa em Biomassa) e giz (Sociedade Alemã de
Cooperação Internacional), que forneceram tecnologia e treinamento para os técnicos da
Embrapa na cidade alemã de Leipzig. O projeto também teve o apoio da BiogasTec (Ale-
manha), empresa que incluirá em seus projetos de usinas de gás e energia os serviços téc-
nicos do laboratório (Panorama Energético, 2015). Este laboratório auxiliará os projetos
em desenvolvimento no estado na área de gás natural renovável a partir de substratos da
suinocultura e avicultura e de aterros sanitários.
Através do Probiogás com coordenação da Embrapa Suínos e Aves, foi publicado, em
junho de 2015, o estudo “Desenvolvimento de conceitos para o tratamento de efluentes
da produção de biogás no Sul do Brasil”, mais um material de orientação aos agricultores.
Ainda em 2013 a Eletrosul, a ufsc e o Centro de Estudos em Energia e Sistemas de
Potência (ceesp) da ufsm desenvolvem no município de Itapiranga, o projeto de P&D Es-
tratégico (Chamada nº 014-2012 – aneel) denominado “Projeto Biogás Itapiranga P14”,
denominado “Arranjo técnico e comercial para geração de energia elétrica conectada
à rede a partir do biogás oriundo de dejetos de suínos”. Participaram ainda do proje-
to Fundação Certi, Instituto de Tecnologia Aplicada a Inovação (itai), Fundação Parque
Tecnológico Itaipu (fpti) e Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).
O projeto está pautado na intenção das partes interessadas em impulsionar a geração
de energia elétrica a partir do biogás, em especial nas regiões de alta concentração de
produção de biogás.
Outra ação importante refere-se ao projeto “Tecnologias para produção e uso de biogás
e fertilizantes a partir do tratamento de dejetos animais no âmbito do plano abc – Rede
BiogásFert”, resultante da parceria entre a Embrapa Suínos e Aves, a Itaipu Binacional e
o cibiogás, tendo como objetivo principal a criação de soluções tecnológicas para a pro-
dução e uso integrados de biogás e biofertilizantes orgânicos e organominerais a partir
de dejetos animais nos diferentes sistemas de produção agropecuários. Este projeto foi
executado entre 2013 e 2016 e visava à construção de estratégias de desenvolvimento sus-
tentável com foco em agricultura de baixo carbono, ficando a coordenação da Rede sob a
responsabilidade da Embrapa Suínos e Aves, em Concordia.
A epagri desenvolve ações de capacitação para os agricultores no aproveitamento de
dejetos animais para a produção de biogás em todo o estado.

52 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Entre as Universidade destaca-se o trabalho desenvolvido pela ufsc em parceria com
Embrapa Suínos e Aves e apoio financeiro da Petrobras relativo ao Projeto Tecnologias So-
ciais para Gestão da Água, que foram desenvolvidos no período de 2007 a 2010 (tsga 1) e
2013 a 2015 (tsga 2) e deram continuidade a trabalhos desenvolvidos com o finep.
Santa Catarina constituiu no ano de 2015 o Comitê SC Biogás com coordenação políti-
ca da Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca e Assembleia Legislativa de Santa Catari-
na e a coordenação técnica pela fapesc.
Compõem também o Comitê, representantes da fatma, das Diretorias do Desenvolvi-
mento Econômico e do Meio Ambiente da Secretaria de estado do Desenvolvimento Susten-
tável (sds), da Associação de Produtores de Energia de Santa Catarina (apesc) e da Agência
de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (aresc). Há também um Grupo de Tra-
balho formado por representantes da fapesc, da embrapa/cnpsa, e da unoesc de Campos
Novos, responsável pela formulação e análise de documentos técnicos.
De acordo com Iara Dreger “O Comitê atua na área de planejamento e implantação de
iniciativas para fomentar a criação de um novo mercado econômico para Santa Catarina,
aproveitando o biogás, na área energética, para a geração de eletricidade e de biometano e,
na área agronômica, para a produção de biofertilizante a partir dos efluentes de uma usina”.
“Recentemente, o Comitê SC Biogás pleiteou, junto ao Banco Mundial, o financiamento
de consultoria para a proposição do Marco Legal do Biogás para Santa Catarina com Resí-
duo Zero que é baseado em um Termo de Referência”.
“A consultoria é composta por um grupo de três empresas, contratadas de março a ju-
nho de 2017, sendo duas delas indicadas pela Associação Brasileira de Biogás e de Biometa-
no – ABiogás, de São Paulo, e uma terceira indicada pelo Comitê. São elas, respectivamente,
a Andersen Ballão Advocacia e a JMalucelli Ambiental, ambas de Curitiba, e a Fundação
Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras, certi, de Florianópolis. O Marco Le-
gal deverá vir a ser um instrumento do Programa Catarinense de Agroenergia. Concluída a
proposição do Marco Legal deverá se constituir um Grupo Gestor para Assuntos de Biogás,
amparado pelo Comitê SC Biogás, para executar ações específicas, propostas nas Atividades
do Termo de Referência, que incrementarão o Marco Legal”.
Em relação à ação do setor cooperativista, pode ser destacado que as cooperativas agro-
pecuárias produzem, industrializam e comercializam produtos diversos, como suínos, lei-
te, arroz, frutas e bebidas, gerando grandes quantidades de resíduos que podem ser utili-
zados para a produção de biogás, com a possibilidade de aproveitamento pelas próprias
indústrias para geração de energia para utilização nos processos industriais ou para a gera-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 53


ção de energia elétrica que pode ser utilizada por elas para suprir sua demanda ou também
para distribuir para a rede de energia do estado.
No caso das cooperativas suinícolas, que em 2014 somavam seis cooperativas no estado
entre fornecedoras de suínos e industrialização, o potencial não está somente no tratamen-
to dos efluentes gerados no abate, mas também na grande quantidade de esterco gerado na
criação dos animais. O grande problema em Santa Catarina, conforme a Embrapa Suínos
e Aves, reside na quantidade de resíduos gerados, pois mesmo que tratado para geração de
biogás as sobras do processo não podem ser utilizadas nas propriedades, pois o solo já está
extremamente saturado de nitratos e, desta forma então a melhor opção seria a composta-
gem e não a produção de biogás. No caso da compostagem é possível então produzir adubos
para comercialização em outros locais.
O abate e o processamento de aves são quase que na totalidade realizado por empresas
privadas e não cooperativadas que não estão incluídas nesta publicação.
As cooperativas agropecuárias estão distribuídas espacialmente em função da concen-
tração de criadores de suínos e a região Oeste Catarinense apresenta a maior concentração
de produção de suínos e também as agroindústrias produtoras, a exemplo da Cooperativa
Central Aurora e da brf .
Nas unidades industriais da Cooperativa Central Aurora que congrega 13 cooperativas
singulares, entre elas a Cooperativa Agroindustrial Alfa (CooperAlfa) há uma Unidade de
Produção de Leitões (upl) em Palma Sola. Nesta Unidade é desenvolvido o Projeto Granja
Palma Sola da CooperAlfa, fundado em 1995 e referência no tratamento dos resíduos da
suinocultura, ao produzir energia elétrica por meio de gerador, além de usar o biogás na
produção de energia térmica para aquecer os leitões. A upl possui cerca de 2.700 matrizes e
ganhou destaque no setor pelo tratamento dos resíduos da produção de suínos e pelo cres-
cimento, estrutura e atuação no mercado.
A upl possui três biodigestores com capacidade estática de 1.800 metros cúbicos. O ge-
rador da granja produz energia de até 150 kW por hora. A energia elétrica é utilizada apenas
quando há excedente de biogás após o aquecimento dos leitões.
O processo de produção de biogás é diferenciado em relação às granjas tradicionais.
Após a filtragem, o ar é comprimido e segue para dois destinos (energia térmica para aque-
cer os leitões e geração de energia elétrica por meio do gerador). A granja tem um sistema
de tratamento eficaz, pois consegue passar os dejetos líquidos pelos três biodigestores ge-
rando uma quantidade de gás suficiente para aproveitamento nas suas duas finalidades:
energia elétrica e térmica. “O banho também é diferenciado, a água que é utilizada pelos

54 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


funcionários é aquecida pela queima direta do biogás”. Depois de tratado, o gás metano
aquece os leitões nas creches e também a água dos banhos dos funcionários, além do co-
zimento dos alimentos feito no refeitório. Então o biogás tem um aproveitamento amplo.
Os biodigestores e o sistema de filtragem custaram R$ 730 mil, e a Cooperativa investiu
outros R$ 300 mil para fazer o sistema de geração.
Existem ainda outras cooperativas que fazem o processamento de leite, peixes e frutas e
também estão descritas na Tabela 9.
Cooperativas Serviços Municípios Região TABELA 9.
Cooperativas agroindustriais
Produção de leitões e Serrana/ registradas na OCESC até 2014.
COOPERCAMPOS Campos Novos, Erval Velho
comercialização Oeste
Produção de leitões, abate e Chapecó, São Miguel do Oeste
Oeste
comercialização Joaçaba
Chapecó, Xaxim, Maravilha,
Produção de pintinhos, abate e
AURORA Quilombo, Abelardo Luz e Oeste
comercialização
Guatambu
Beneficiamento de leite – produtos
Vargeão, Pinhalzinho Oeste
lácteos
COOPERAMAUC Comercialização Concórdia Oeste
COOPERCORONEL Comercialização Coronel Freitas Oeste
Palmitos, Caibi, Riqueza, Mondai,
Iporã Do Oeste, Descanso,
Produção de leitões, terminação e
COOPER A1¹ Tunapolis, São João Do Oeste, Oeste
abate e resfriamento de leite
Itapiranga, Belmonte, Santa
Helena, São João do Oeste
Produção de leitões, terminação e
COOPERITAIPU¹ Pinhalzinho Oeste
abate, aves e leite
Vale do
COOMAPEIXE Produção e processamento de peixes Timbó
Itajaí
SANJO² Processamento de maçã e uva São Joaquim Serrana
São Joaquim, Urupema, Bom
COOPERSERRA² Processamento de maçã Serrana
Jardim da Serra
Fonte: Elaboração própria Sindicato
COOPERVIL² Processamento de maça e uva Formosa do Oeste/Cafelândia Oeste e Organização das Cooperativas do
Estado de Santa Catarina – OCESC.
(1) O abate é realizado pela Cooperativa Central AURORA em suas unidades industriais.
(2) Fabricação de sucos de uva e maçã, vinho e sidras.

A produção agroindustrial gera uma quantidade muito grande de resíduos e que devem
ser destinados de forma adequada, de modo a não causar nenhum dano ambiental. Assim,
todas as indústrias passam por processo de licenciamento ambiental pelos órgãos estadu-
ais ou municipais competentes. Com o licenciamento ambiental os resíduos recebem uma

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 55


destinação adequada, porém não significa que serão utilizados para a produção de biogás,
já que existem diferentes sistemas para o tratamento e disposição final dos resíduos gera-
dos no processamento dos alimentos. Desta forma é importante que as tecnologias de pro-
dução e utilização do biogás para produção de energia, térmica – aquecimento – ou geração
de energia elétrica sejam de conhecimento destas cooperativas e, que além destas informa-
ções se elaborem políticas e programas com a destinação de recursos para pesquisas e ca-
pacitação de técnicos para a utilização destes resíduos na produção de biogás. As unidades
industriais podem ser visualizadas na Figura 6.

FIGURA 6.
Unidades industriais das
cooperativas agropecuárias com
potencial de produção de biogás
em Santa Catarina.

Fonte: Elaboração Cynthia Carla


Cartes Patricio – Dados da OCESC
(2017), IBGE, 2013.

4.1.3. Biogás no Rio Grande do Sul


O Rio Grande do Sul é um grande produtor de suínos, possuindo um rebanho de
5.948.537 cabeças (ibge Pesquisa Pecuária Municipal 2015) distribuído na sua maioria em
1
Estimativa realizada considerando-se
que animais são adultos e tem peso médio pequenas propriedades rurais que podem gerar em torno de 14 mil toneladas de dejetos
de 90 kg e produzem cerca 2,35 kg de
dejetos/dia, segundo Oliveira (1993). diariamente1 (Oliveira, 1993) Todo este material tem que ter destinação adequada pelos

56 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


produtores e, portanto, a utilização de biodigestores para a produção de biogás, com gera-
ção de energia e biofertilizantes é uma das alternativas, pois pode gerar aproximadamente
403.086.251 de m³ de biogás anualmente2 e toneladas de adubos biofertilizantes, que apro-
veitados de forma correta trazem grandes benefícios ao ambiente e a sociedade em geral.
Importante salientar ainda que de acordo com o Atlas das Biomassas do Rio Grande do
Sul para produção de biogás e biometano, o estado possui uma estimativa de produção de
2,6 milhões de m³ de biogás por dia, considerando biomassas das agroindústrias, de viníco-
las, de dejeto de suínos e aves.
As primeiras ações relacionadas ao uso das energias renováveis no Rio Grande do Sul
ocorreram em 1979 com a criação da Comissão Estadual de Energia que entre suas atribui-
ções pretendia “levantar as potencialidades do Estado passíveis de utilização como fontes
de energia alternativa aos derivados do petróleo”. Em 1981 no Programa de Mobilização
Energética, a Emater/RS apoiou a instalação de 73 biodigestores em diversas regiões do es-
tado e desenvolveu ampla metodologia extensionista com a realização de dias de campo, ex-
cursões, reuniões e distribuição de material técnico (emater/rs, 1982). Em 1982 a Emater /
RS desenvolvia as primeiras ações relacionadas ao uso de biodigestores e o ao florestamen-
to energético, bem como estudos/difusão de fontes alternativas de energia (solar, hidráu-
lica e eólica) para a utilização pelos agricultores. Para a execução dos processos de difusão
das energias renováveis foram treinados técnicos, realizados dias de campo.
Ainda em 1982, a Emater/RS realizou pesquisa de campo com a aplicação de 42 ques-
tionários em 33 municípios do Estado representando 30% do universo de agricultores que
possuíam biodigestores modelo indiano convencional em uso a pelo menos três meses. A
principal conclusão do estudo foi de que seu uso deveria continuar sendo incentivado ten-
do em vista sua boa aceitação pelos agricultores e esposas, mas que os equipamentos deve-
riam ser aperfeiçoados para aumentarem sua eficiência.
A semelhança dos demais estados do Sul, também no Rio Grande do Sul houve uma redu-
ção nos trabalhos desenvolvidos com o biogás por diversos motivos, inclusive possivelmente
relacionados à extinção da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (em-
brater), em 1989, que prestava apoio às entidades estaduais nos trabalhos com biogás.
No ano de 2006 foi lançada no estado a agenda 2020 – O Rio Grande que a Sociedade
Quer (Governo do Rio Grande do Sul, 2006) e criados grupos temáticos para propor soluções
às demandas em diferentes áreas do desenvolvimento. Um dos grupos temático criado foi o
de energias renováveis (Biomassa, Biogás, Etanol, Biodiesel, Energia Solar/Fotovoltaica 2
Índice de conversão utilizado para suínos
0,079 m³ de biogás/kg de dejeto. (Kunz &
e Energia Eólica) no qual a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul participa e Oliveira, 2006).

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 57


desenvolve várias ações, tais como o aproveitamento e comercialização de biogás, prove-
niente de dejetos de animais, lixo orgânico de aterros sanitários devidamente controlados
e com sistema de captação do biogás – (Aterro Santa Tecla em Gravataí, Minas do Leão e
Caxias do Sul) e de resíduos orgânicos agrícolas ou agroflorestais e alimentação, em par-
ceria, já consolidada, e com o Consórcio verdebrasil – ecocitrus, naturovos e com o
apoio institucional e de recursos da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul
(sulgás) transformada em planta de produção de biogás e biometano.
Nesta planta é produzido o biometano que abastece toda a frota da ecocitrus e está
sendo testado o primeiro ônibus a utilizar o biometano no Brasil. Foi a partir das experiên-
cias da sulgás e do Consorcio verdebrasil que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natu-
ral e Biocombustíveis (anp) construiu a regulamentação para o biometano aprovada recen-
temente. Informações mais detalhadas poderão ser conhecidas no case da ecocitrus em
capítulo específico deste estudo.
Com estas ações a sulgás tem contribuído na questão de destinação final adequada
de dejetos de animais, dos resíduos agroindustriais e dos aterros sanitários além da pos-
sibilidade da aquisição do biometano para atender parte da demanda por gás no estado,
que hoje, a exemplo do Paraná e Santa Catarina não consegue ampliar o fornecimento de
gás natural pelo esgotamento do Gasoduto Brasil Bolívia (gasbol). Além disso, é possível
utilizar parte do biogás produzido para a geração de energia elétrica, contribuindo para a
diversificação das fontes de geração no estado.
No ano de 2016 foi lançado o Programa RS Energias Renováveis através do Decreto Nº
53.160 de 03/08/2016 e coordenado pela Secretaria de Estado de minas e Energia – SME com
o objetivo de articular ações em energias renováveis entre o governo estadual e a iniciati-
va privada de modo a fomentar investimentos em energias alternativas, principalmente as
consideradas limpas e renováveis, como energia solar, energia eólica, energia hidráulica,
energia de biomassa, energia geotérmica e energia das marés (maremotriz). O programa
agrega ações de diversos órgãos e entidades do governo estadual e de empresas privadas.
Cabe destacar ainda o Programa de Eficiência Energética do Rio Grande do Sul – pee
em que a empresa Rio Grande Energia – rge participa há 17 anos atendendo o disposto na
legislação federal de energia elétrica e da regulamentação da Agência Nacional de Energia
Elétrica – aneel, em especial a Lei n° 9.991, de 24 de julho de 2000, Lei n° 11.465, de 28 de
março de 2007, Lei n° 12.212, de 20 de janeiro de 2010 e a Resolução Normativa n° 556, de 18
de junho de 2013, Resolução nº 556/2013 e tem o intuito de apoiar a implantação de ações
voltadas à utilização racional dos recursos naturais e incentivar o desenvolvimento de me-

58 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


didas que promovam a eficiência energética e o combate ao desperdício de energia elétrica.
Dentre as ações apoiadas destaca-se a implantação de energia solar para aquecimento de
água, painéis fotovoltaicos, inversores, aerogeradores, bem como outras ações como doa-
ção de lâmpadas, regularização de consumidores.
Outros programas existentes no Rio Grande do Sul e voltados direta ou indiretamente às
energias renováveis são:
1. fundopem/rs e integra/rs – O Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande
do Sul – fundopem/rs – Lei nº de 06/04/2011, é um instrumento fiscal, que opera com
base na postergação do recolhimento do icms devido em decorrência da operação de
um projeto de investimento, tendo como limite 100% do investimento fixo do empre-
endimento apoiado. O Programa de Harmonização do Desenvolvimento Industrial do
Rio Grande do Sul – integra/rs foi criado na mesma lei e tem como ponto central
no abatimento incidente sobre cada parcela a ser amortizada do financiamento con-
cedido pelo fundopem/rs, incluindo o valor do principal e os respectivos encargos
(SDECT, 2016).
2. proedi – Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial – O Programa, instituído
pelo Decreto nº 32.666, de 27/10/1987, possui o objetivo específico de apoiar projetos
de investimento mediante a concessão de incentivo financeiro na forma de venda de
terrenos a preços atrativos, em áreas de propriedade do Estado, preparadas com infra-
estrutura necessária para atividades industriais. (sdpi, agdi, 2013).
3. Programa de Apoio a Iniciativas Municipais – O Programa de Apoio a Iniciativas Mu-
nicipais fundamenta-se no Decreto n.º 32.666, o mesmo que instituiu o Programa Es-
tadual de Desenvolvimento Industrial, e tem o propósito de contribuir na capacitação
dos municípios para a promoção de iniciativas promissoras de desenvolvimento eco-
nômico local, bem como para a racionalização do uso do solo com base em condições
ambientais de desenvolvimento sustentável (sdpi, agdi, 2013).
5. Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos – pgtec. O programa visa
fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico no território do Estado com foco
na inovação e na sustentabilidade. (sdpi, agdi, 2013).
6. investe/rs – O Programa de Promoção do Investimento no Estado do Rio Grande do
Sul (investe/rs) foi instituído através da Lei nº 13.838, de 05/12/2011, como instru-
mento para fomentar o desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades regio-
nais e apoiar a geração de emprego e renda no Estado. (sdpi, agdi, 2013). Opera atra-
vés de subvenção econômica na modalidade de equalização de taxas de juros e outros

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 59


encargos financeiros nos financiamentos concedidos pelo Banrisul, Badesul e brde
a empreendimentos do setor produtivo, especialmente para aquisição de máquinas e
equipamentos e cobertura de despesas para inovação tecnológica (sdpi, agdi, 2013).

Em 2016 o Estado lançou o Atlas das Biomassas do Rio Grande do Sul para produção de
biogás e biometano que apresenta uma análise do aproveitamento adequado das biomas-
sas disponíveis no Estado para a geração de energia com a apresentação de um mapeamen-
to das áreas de produção, levando em conta os setores agroindustriais existentes. O mapea-
mento foi elaborado como condição indispensável para a formulação de políticas públicas
O cooperativismo gaúcho contava, em 2014 e segundo o Sistema Sindicato e Organi-
zação das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (ocergs / sescoop/rs), com 464
cooperativas ativas, sendo 148 no ramo agropecuário que geram uma quantidade enorme
de resíduos que podem ser aproveitados para a produção de biogás. A localização destas
cooperativas é apresentada na Tabela 10, e na Figura 7 em que podem ser visualizadas as
cooperativas com potencial de produção de biogás a partir de outros resíduos oriundos do
processamento de leite, uva e de frigoríficos de aves e suínos.

TABELA 10.
Cooperativas com potencial Cooperativas Município Produtos
de tratamento de dejetos e
produção de biogás no Rio agroprado Antônio Prado Leite, Vinhos
Grande do Sul.
agroipê Ipê Vinho
aurora Sarandi Suínos
camnpal Nova Palma Suínos/Leite
camol São José do Ouro Leite
castilhense Júlio de Castilhos Suínos
coagrijal Jaguari Leite
coamur São João da Urtiga Leite
comacel Arroio do Tigre Leite
comtul Tucunduva Suínos/Leite
coomat Toropi Leite
vinícola garibaldi Garibaldi Vinho
coopermil Santa Rosa Leite
cooperoque Salvador das Missões Leite
coopibi Ibiraiaras Suínos/Leite

60 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Cooperativas Município Produtos

coppal Paim Filho Leite


cosuel Encantado Suínos/Leite
Capão do Leão Lácteos
cosulati Morro Redondo Aves
Santana do Livramento Leite
cotrel Erechim Aves/Suínos/Leite
cotribá Ibirubá Suínos
cotriel Espumoso Suínos
cotrigo Estação Suínos/Lácteos
cotrijal Não Me Toque Leite
Ijuí Leite
cotrijuí
São Luiz Gonzaga Suínos
cotrimaio Três de Maio Suínos
cotripal Panambi Suínos
cotrisal Sarandi Leite
cotrisana Sananduva Leite
cotrisoja Tapera Leite
forqueta Caxias do Sul Vinho
Teutônia Suíno/Leite
languirú Estrela Suínos
Bom Retiro do Sul Suínos
majestade Sananduva Suínos
vinícola nova aliança Caxias do Sul Vinho
ouro do sul Harmonia Suínos
pía Nova Petrópolis Leite
pompéia Bento Gonçalves Vinho
santa clara Carlos Barbosa Suínos/Lácteos
tritícola Santiago Leite
vinícola aurora Bento Gonçalves Vinho
vinícola são joão Farroupilha Vinho
vinícola victor emanoel Caxias do Sul Vinho
Fonte: Elaboração própria. Cooperativas
santa clara Carlos Barbosa Suínos/Lácteos
Associadas FECOAGRO-RS 2014.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 61


FIGURA 7.
Unidades industriais das
cooperativas agropecuárias com
potencial de produção de biogás
no Rio Grande do Sul.

Fonte: Dados da FECOAGRO, 2013,


IBGE, 2013. Elaboração: Cynthia
Carla Cartes Patrício.

A Cooperativa Languiru, com sede no município de Teutônia, iniciou os trabalhos com


biogás no ano de 2009, com a instalação de dois biodigestores, modelo canadense, na upl
Mundo Novo em Bom Retiro do Sul. A consolidação deste projeto ocorreu em 2012 a partir
de visita de dirigentes da Cooperativa Languiru a propriedades e empresa que produzem
bioenergia na Alemanha. Em 2014 foram realizadas melhorias e a instalação de equipa-
mentos que possibilitaram o uso do biogás. Entretanto foi no ano de 2015 que a Cooperati-
va deu mais um passo importante na otimização de biodigestores nas unidades industriais
e propriedades rurais. Nesta data iniciou-se o projeto piloto desenvolvido pela cooperativa
com a parceria de empresas e Governo da Alemanha, além do apoio da Organização das
Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (ocergs).
A cooperativa finalizou a instalação dos equipamentos na Unidade Produtora de Leitões
(upl) Mundo Novo e, aproveitando os gases gerados pelos biodigestores, passa a utilizar o
biogás na unidade de Bom Retiro do Sul. Até então era feita apenas a queima dos gases pro-
duzidos a partir dos dejetos suínos. Com a instalação desses equipamentos, foi possível uti-

62 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


lizar o biogás no aquecimento da água dos chuveiros e na cozinha da unidade, substituindo
gradativamente o gás de cozinha (glp).
A instalação da tubulação e dos equipamentos necessários para utilização do biogás foi
coordenada pelo Instituto de Pesquisa Agroscience, da Alemanha, órgão de pesquisa cien-
tífica em diversas áreas, em especial para melhorias na agricultura e manejo animal; e pelo
representante da Ökobit, empresa especializada na construção, instalação e operação de
plantas de biogás.
As ações da cooperativa foram respaldadas pelo acordo de cooperação bilateral entre o
Sistema Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul – ocer-
gs-sescoop/rs, Cooperativa Languiru, dgrv (Deutscher Genossenschafts und Raiffeisenver-
band e. V. – Confederação Nacional das Cooperativas da Alemanha) que visava especial-
mente à identificação das tecnologias de biogás existentes na Alemanha e possibilidades
de adaptá-las às condições da Região Sul do Brasil. Como parte do projeto estavam previstos
programas de capacitação, desenvolvimento de recursos humanos e formação acadêmica,
além de metas propostas para o projeto, com a concepção de um sistema de auditoria como
ferramenta de gestão.
A Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos Ltda. – Copercampos: é outro
dos exemplos de uso do biogás com o projeto “Geração de Energia com Biogás”, implantado
em outubro de 2011 com investimento de R$ 429,5 mil para a construção de biodigestores
que produzem biogás para alimentar 3 geradores elétricos na sua granja de suínos (Granja
Ibicuí). Além de reduzir a poluição decorrente dos dejetos de suínos, com a utilização do
biogás consegue uma diminuição de 48% na energia elétrica consumida na produção. O
objetivo da cooperativa é instalar biodigestores em todas as suas granjas, para reduzir em
100% o uso de energia elétrica oriunda da rede estadual.
A Cooperativa Santa Clara desde 2008 em Carlos Barbosa (Frigorífico) e 2011 em Selbach
possui dois biodigestores instalados que transformam os dejetos de suínos em biogás, ge-
rando energia, e biofertilizantes. Os dois sistemas de biodigestores permitem à Cooperativa
Santa Clara evitar a liberação de 6.400 toneladas de gás metano na atmosfera ao ano. O Fri-
gorífico de Carlos Barbosa abate 300 suínos dia. O sistema de biodigestor de Carlos Barbosa
produz aproximadamente 1,000 m³/dia de biogás.
No Rio Grande do Sul há um esforço de instituições, como o Consórcio verdebrasil
ocergs e cooperativas agropecuárias, Emater/RS, univates e ufsm, e o Governo do Estado,
para apoiar a utilização do uso do biogás pelos agricultores, entretanto ações mais consis-
tentes ainda carecem de um programa estruturado e consolidado em uma política pública.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 63


4.2. Energia solar fotovoltaica
Autores: Prof. Dr. Adriano Moehlecke, Profa Dra. Izete Zanesco,
Carlos A.F. Biasi, Abner G. Picinatto, Valter Bianchini, Maycon G.Vendrame

O sol se constitui na maior fonte de energia de nosso planeta. Diariamente através dos
raios solares chegam milhões de kWh à Terra de forma gratuita e limpa. Os raios solares,
além de fornecer luz e calor, essenciais para a manutenção da vida na Terra, podem ser
aproveitados para a produção de energia elétrica (América do Sol, 2014).
A energia solar térmica é a área relativa ao aquecimento de fluidos e ambientes, resul-
tando na geração de potência mecânica e elétrica, onde são usados os coletores solares ou
concentradores solares. A energia solar fotovoltaica é a área relacionada com a conversão
direta da energia solar em energia elétrica, neste caso, os dispositivos que realizam a con-
versão são as células solares. Para formar o módulo fotovoltaico, as células solares são asso-
ciadas eletricamente e colocadas em uma estrutura resistente às intempéries.
No Brasil, os exemplos de projetos fotovoltaicos estão voltados para bombeamento de
água para abastecimento doméstico, irrigação e piscicultura, iluminação pública, sistemas
coletivos (escolas, postos de saúde, centros comunitários, estradas e atendimento residen-
cial (urbano e rural).

FIGURA 8.
Desenho esquemático da
geração de energia solar
fotovoltaica.

Fonte: Portal Solar, 2017

64 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


A irradiância solar é a potência solar instantânea que incide em determinada área medi-
da em W/m² (potência/área) e a irradiação solar é a energia total em um período, como por
exemplo, em um dia que atinge esta área em kWh/m²/dia.
Segundo os relatórios divulgados em 2014, a energia solar fotovoltaica pode responder
por 16% da energia elétrica enquanto a eletricidade solar térmica concentrada poderia for-
necer mais 11%. As duas tecnologias somadas seriam capazes de reduzir em mais de 6 bi-
lhões de toneladas as emissões de CO2 atuais dos Estados Unidos da América relacionados
à energia.
O Brasil, país tropical, de dimensões continentais, é considerado uma potência em ener-
gia solar, principalmente na região do semiárido nordestino, perdendo apenas para o De-
serto do Saara em termos de potencial (Artigo da Revista Ciência e Tecnologia – Energia So-
lar no Brasil,2013), porém, com toda está vantagem natural, muito pouco desta capacidade
está sendo utilizada e os investimentos realizados no setor contemplam um horizonte de
apenas 5 a 10 anos.
A redução de mais de 70% no preço da energia elétrica obtida de sistemas energia solares
fotovoltaicos, segundo informações da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(absolar), nos últimos 10 anos e o aumento das tarifas da energia elétrica somente no ano
de 2015 em 50% contribuíram para o crescimento significativo do uso da energia solar foto-
voltaica no Brasil, especialmente no meio urbano, fruto dos benefícios econômicos e am-
bientais que podem ser obtidos por aqueles que a instalam. Os preços pagos pela energia elé-
trica motivaram a população urbana e o setor industrial a serem autogeradores e até mesmo
geradores independentes de energia elétrica para vender, injetando na rede.
O sistema fotovoltaico está em ascensão no Brasil desde 2014. Um conjunto de medidas
governamentais pode explicar este crescimento, entre elas podemos destacar:
1. A Resolução Normativa aneel nº 482/2012, de abril de 2012, que autoriza o consumi-
dor brasileiro a produzir sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis ou
cogeração qualificada e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de
sua localidade.
2. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (mda), por meio de parceria firmada com a
Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica) e a Associação Brasileira de Energia
Solar Fotovoltaica (Absolar), incluiu no programa Mais Alimentos/pronaf o financia-
mento de equipamentos para produção de energia renovável, com juros negativos.
3. O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento incluiu o financiamento de
Energias Renováveis em diferentes linhas de Crédito Rural Investimento. O Banco do

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 65


Brasil e o Banco do Nordeste lançaram Programas especiais de Financiamento a Ener-
gias Renováveis.
4. Portaria do confaz que autoriza a conceder isenção nas operações internas relativas
à circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o Sistema de Compensação
de Energia Elétrica de que trata a Resolução Normativa nº 482, de 2012, da Agência
Nacional de Energia Elétrica – aneel. Apenas quatro estados ainda não aderiram a esta
Portaria, entre eles Santa Catarina e Paraná.
5. Resolução Normativa aneel n° 687/2015, que avançou com a possibilidade do desen-
volvimento de arranjos produtivos locais voltados à geração de energia renovável até
5 MW (cinco Megawatts), permitindo a descentralização em geração compartilhada da
energia por cooperativas e associações da agricultura familiar e da reforma agrária.

Nesse sentido, o Plano Nacional de Energia (epe/mme, 2014) projetou em 2014 o cresci-
mento de unidades consumidoras com sistemas fotovoltaicas até 2023, o que é apresentado
na Tabela 11.

TABELA 11.
Projeção da evolução das Ano/Segmento 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
unidades fotovoltaicas entre
2014 e 2023. residencial 165 339 677 1.355 2.972 9.609 24.539 54.036 102.387 140.011

comercial 216 616 1.676 3.735 6.407 9.912 14.936 17.268 19.238 21.349

total 381 955 2.353 5.090 9.379 19.521 39.475 71.304 121.624 161.360
Fonte: EPE/MME, 2014.

Em dezembro de 2015 foi lançado o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribu-


ída de Energia Elétrica. Segundo o Ministério de Minas e Energia serão investidos R$ 100 bi-
lhões, a previsão é que até 2030, 2,7 milhões de unidades consumidoras poderão ter energia
produzida por elas mesmas, entre residência, comércios, indústrias e no setor agrícola, o
que pode resultar em 23.500 MW (48 TWh produzidos) de energia limpa e renovável, o equi-
valente à metade da geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Com isso, o Brasil pode evitar
que sejam emitidos 29 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. (mme, 2015).
Até 2016 a Agência Nacional de Energia Elétrica (aneel) registrou 7.610 conexões de
geração distribuída (produção de energia pelos próprios consumidores). Entre as energias
renováveis mais utilizadas, a fonte solar fotovoltaica é a que mais se destaca, com 7.528 co-
nexões. Em termos de potência instalada, a energia gerada pelo sol também saí na frente

66 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


com 57.606 KW, 43% superior ao previsto Plano Nacional de Energia em 2014. Das 7610 co-
nexões realizadas até dezembro de 2016, na comparação por unidades da federação, Minas
Gerais mantém o primeiro lugar (1.644) conexões com geração distribuída, seguido de São
Paulo (1.369) e Rio Grande do Sul (769). A grande maioria das conexões de geração distribu-
ída permanece nas residências. Segundo a aneel 5.997 das conexões de geração distribuí-
da atendem essa classe de consumo. Já o comércio é responsável por 1.186 adesões (Portal
Brasil online 23/01 2017).
Em janeiro de 2017, segundo a aneel, havia 7.741 unidades consumidoras com geração
distribuída. Na Região Sul do Brasil o número de conexões apresenta a seguinte situação:
Paraná – 672 unidades, Santa Catarina 439 unidades e Rio Grande do Sul 783 totalizando
2.094 unidades. No meio rural o número de unidades consumidoras com geração distribu-
ída não chega a 3% deste total.
As informações existentes na aneel demonstram que na área rural o crescimento ain-
da é pequeno, entretanto constata-se que os agricultores, independentemente do tamanho
das propriedades, têm manifestado interesse em relação ao tema, buscando informações
técnicas e econômicas, pois os sistemas de energia solar fotovoltaicos têm se mostrado atra-
tivos motivando sua adoção nas propriedades rurais.

4.2.1. Energia solar fotovoltaica no Paraná


No Paraná o uso de energia solar fotovoltaica é muito pequeno, colocando o Estado ain-
da em local secundário nas estatísticas oficiais. Neste sentido o Instituto de Tecnologia do
Paraná – tecpar – desenvolve o Programa Smart Energy, plataforma de ações abrangente
de pesquisas em energias renováveis, tendo como objetivo o atendimento da necessidade
do Estado de concentrar esforços conducentes à organização e centralização de ações de
curto, médio e longo prazo em geração distribuída por fontes renováveis e sua conexão a
redes inteligentes, criando instrumentos que possibilitem às instituições públicas, institui-
ções de ciência, tecnologia e inovação (ict) e instituições empresariais e empresas a adotar
estratégia comum (Decreto 8842 de 4.9.2013).
Dentre as ações previstas vários resultados entre 2013 e 2014 foram obtidos: instalação
da primeira Estação Solarimétrica Plena do Estado do Paraná; instalação de Micro Usinas
em Geração Fotovoltaica e Eólica; Acordos de Cooperação com o Governo Basco, com a Em-
baixada Italiana no Brasil e com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – inpe; Parti-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 67


cipação no Projeto Green Silicon; Recepção e aproximação para cooperação técnica a Mis-
sões da Alemanha, Holanda, Inglaterra, Espanha, Itália e Japão; Integração aos Trabalhos
da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – abdi no mapeamento Industrial e
Tecnológico de Smart Grids e, realização da Conferência Internacional de Energias Inteli-
gentes em maio de 2014.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná – utfpr – também tem desenvolvido
grandes esforços neste sentido, com vários pesquisadores se debruçando sobre o tema. Um
dos resultados deste trabalho será o Mapa Fotovoltaico do Paraná, um instrumento impor-
tante para o planejamento de políticas públicas voltadas para este fim. Segundo o estudo, o
potencial de geração de eletricidade no Paraná é 58% superior à capacidade da Alemanha,
que é o maior gerador mundial desta fonte que atende 6% da sua demanda interna de eletri-
cidade. (kowalski, Rodolfo Luis,2014).
Mesmo ainda não havendo nenhum parque solar no estado, a energia solar fotovoltaica
é usada em residências para aquecimento de água, principalmente; em comunidades do
interior e litoral onde existem maiores dificuldades para os moradores acessarem a rede
estadual de energia elétrica e, em propriedades agrícolas, no aquecimento e secagem de
produtos agrícolas e limpeza de instalações bovinas.

4.2.2. Energia solar fotovoltaica em Santa Catarina


Conforme o Atlas Brasileiro de Energia Solar a radiação incidente em Santa Catarina é
uma das menores do Brasil, porém é maior que da Alemanha, que é o segundo maior pro-
dutor mundial, com uma produção de 24.700 MW/ano (Energiatecsolar – energiatecsolar.
com.br/energia-solar-no-mundo em 25.04.2015). Isto demonstra que mesmo com uma me-
nor incidência da radiação é possível produzir energia elétrica a partir da fonte solar em
grandes quantidades.
Entre os programas catarinenses em apoio a estratégias de energia solar destaca-se o
Projeto Geração Solar Fotovoltaica uma parceria entre engie Brasil e a aneel – Projeto P&D
Estratégico nº 013/2011 que instalou uma Usina Experimental em Tubarão, a Usina Foto-
voltaica Cidade Azul, para fins de pesquisa, desenvolvimento e capacitação técnica. Neste
projeto foram investidos R$ 30 milhões pela engie e R$ 26,3 milhões pela aneel, com ca-
pacidade instalada de 3 MWp (medida em condições padrão), ocupando uma área total de
10 hectares. Em termos práticos, a central está conectada à rede de 13,8 kV das Centrais Elé-
tricas de Santa Catarina S.A (celesc) e a energia produzida tem capacidade para abastecer

68 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FIGURA 9.
UFSC Fotovoltaica.

Crédito: Carlos A. F. Biasi.

cerca de 2,5 mil residências. A usina entrou em operação comercial em agosto de 2014 e é
até o momento a maior usina solar do Brasil (engie,2014).
Em operação desde 2014, a Usina Megawatt Solar instalada na sede administrativa da
Eletrosul, em Florianópolis (SC), é o maior complexo de produção de energia elétrica a par-
tir da energia solar da América Latina, integrado em um edifício. A potência instalada é de
1 megawatt-pico (MWp) e pode produzir aproximadamente 1,2 GWh de energia por ano.
Foram instalados 4.200 módulos fotovoltaicos nas coberturas do edifício-sede e estaciona-
mentos, totalizando uma área de 8,3 mil metros quadrados. A Eletrosul também possui um
programa de P&D específico na área de energia solar fotovoltaica voltada à produção de tec-
nologias nacionais para a purificação de silício e desenvolvimento de células solares.
Santa Catarina pode se destacar no cenário solar brasileiro por ter uma boa infraestrutura
de pesquisa em universidades federais, em empresas privadas e no estado. O Grupo de Pes-
quisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina – fotovol-
taica-ufsc (Figura 9) desenvolve estudos nas diversas áreas de aplicação da energia solar no
Brasil, com foco principal em sistemas fotovoltaicos integrados ao entorno construído e in-
terligados à rede elétrica pública, os chamados Edifícios Solares Fotovoltaicos (Rüther,2004) .
Nenhum destes estudos está relacionado à agricultura, mas é possível a utilização das in-
formações para aplicação no meio rural. O Grupo desenvolve projetos em parceria com ou-
tras instituições, como: Instituto de Energias Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia
(inct-ereea); Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (Labeee/ufsc) e o Institu-
to para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Instituto ideal).

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 69


Outra instituição envolvida com os sistemas de energia solar fotovoltaico é o ciram Cen-
tro de Informações de Recursos Ambientais de Hidrometeorologia de Santa Catarina (ciram)
vinculado a Epagri foi criado em 1997 para dotar o Estado de uma estrutura capaz de levantar
e monitorar seus recursos naturais e o meio ambiente. O ciram realiza o monitoramento on-
line da radiação global do estado em 9 estações, com banco de dados histórico e conhecimen-
to em meteorologia e geoprocessamento. É referência para os levantamentos sobre radiação
solar na construção de edificações e na elaboração de projetos de sistemas fotovoltaicos.
Além disso, Santa Catarina tem um polo industrial bem desenvolvido nesta área, com
mão de obra qualificada. A weg, tradicional fabricante de motores elétricos produz também
equipamentos elétricos para geração de energia elétrica a partir da hidráulica, eólica (parce-
ria com empresa a americana Northern Power Systems para fabricação de aerogeradores), e
solar (inversores, transformadores, proteções, monitoramento e eletrocentros solares). Tem
um grande polo industrial em Joinville, com grandes empresas na área metalúrgica como a
Fundição Tupi e várias empresas no segmento químico.
Também, com sede em Florianópolis, o Instituto ideal é uma organização sem fins lu-
crativos criada em 2007 que atua na promoção de energias renováveis e de políticas de inte-
gração energética na América Latina. Seu propósito é fomentar as energias renováveis junto
aos governos, aos parlamentos, no meio acadêmico e empresarial, possibilitando a criação
de uma política de integração e desenvolvimento regional que contemple as energias alter-
nativas na matriz energética dos países latinos americanos (Ideal, 2015).
O Instituto ideal atualmente trabalha em duas frentes: América do Sol e o Seminário
Energia + Limpa. O programa América do Sol tem como foco de atuação a disseminação
da energia solar fotovoltaica. O programa desenvolve várias ações, como o Teatro a bordo,
Cinesolar, Tamar Solar SC, Guia Fotovoltaica, Mapa de Empresas do Setor Fotovoltaico
entre outros. Também desenvolve outros programas importantes como o Selo Solar, para
que empresas que utilizam energias renováveis possam ser reconhecidas pelos seus con-
sumidores. Esta ação é realizada junto com a Câmara de Comercialização de Energia Elé-
trica (ccee), com o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável – GIZ
(Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH) e do Banco Alemão
de Desenvolvimento – KfW.
Ainda como estratégia para disseminação da energia solar fotovoltaica o ideal lançou
em 2015 o Concurso de Monografias de Energias Renováveis e Eficiência Energética Eco-
lógicas, que distribuiu U$ 50 mil em premiações para estudantes que pesquisam o setor
energético.

70 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Também como parte do trabalho de pesquisa desde 2014 o ideal, elabora o estudo “O
Mercado Brasileiro de Geração Distribuída Fotovoltaica”. O propósito é compreender os
principais desafios a serem enfrentados para uma maior adoção da geração distribuída a
partir da energia fotovoltaica no país. É resultado de entrevistas às empresas cadastradas
no Mapa de Empresas do Setor Fotovoltaico, parte integrante do Programa América do Sol.
As análises realizadas neste estudo são importantes para que o mercado em si entenda
a evolução do setor e, assim se reestruture para se tornar cada vez mais solido (Instituto
Ideal, 2016).
A celesc possui o Programa Bônus Fotovoltaico que integra do Programa de Eficiên-
cia Energética (pee) e sua principal ação é contemplar os consumidores residenciais com
um bônus de 60% de desconto na aquisição dos equipamentos do sistema fotovoltaico. É
desenvolvido em parceria com a engie Geração Solar Distribuída3 que é responsável pela
operacionalização do projeto. Este programa tem previsão de início das inscrições para 20
de fevereiro deste ano (2017) e viabilizará a instalação de 1.000 sistemas fotovoltaicos com
potência de 2,6 kWp. Serão atendidos consumidores urbanos e rurais que tenham consu-
mido nos últimos 12 meses uma média acima de 350 kWh. Os consumidores podem efetu-
ar a inscrição e obter mais informações no portal do programa – www.bonusfotovoltaico.
celesc.com.br (Celesc, 2017).
Possui também na ufsc o lepten/Labsolar – Laboratórios de Engenharia de Processos
de Conversão e Tecnologia de Energia que concentra esforços em duas frentes no desenvol-
vimento da energia solar. A primeira delas caracteriza-se pela implementação de dados de
irradiação confiáveis e contínuos a partir de cinco estações no estado de Santa Catarina e
uma no Amazonas. A segunda frente caracteriza-se pelo desenvolvimento, em parceria com
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – inpe, de modelos computacionais capazes de
determinar a intensidade da radiação solar incidente na superfície, a partir de imagens de
satélite. Desde a sua criação o labsolar desenvolveu vários projetos, tendo finalizado 22
projetos com 7 projetos em andamento. Nestes projetos também são desenvolvidas pesqui-
sas sobre energia eólica.
Como resultado, destaca-se a publicação, com apoio do Instituto Nacional de Meteoro- 3
A ENGIE Geração Solar Distribuída e
logia – inmet, da primeira versão do “Atlas de Irradiação Solar do Brasil”, que é referência ENGIE Brasil são empresas do mesmo
grupo. Quando chegou ao Brasil, a
para planejamento em energia solar. O laboratório desenvolve ainda, pesquisas em coleto- empresa se chamava GDF Suez, porém
no Brasil era Tractebel Energia. Em 2016
res solares compactos acoplados a reservatório e sistemas de ar-condicionado auxiliados passou a adotar mundialmente o nome
ENGIE. A ENGIE Geração Solar Distribuída
por energia solar. Outra linha de pesquisa é a análise do desempenho de instalações foto- é uma união entre a ENGIE e o Grupo
Araxá Solar e trabalha exclusivamente
voltaicas autônomas, para locais remotos ou interligados a rede elétrica. Além dos laborató- com energia solar fotovoltaica.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 71


rios instalados na ufsc, o lepten/Labsolar possui uma base física de testes na SE Campos
Novos, pertencente à eletrosul.
Outra ação é desenvolvida pelo Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (La-
beee) criado em 1996 e vinculado ao Núcleo de Pesquisa em Construção do Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua visando reduzir o con-
sumo específico de energia em edificações novas e existentes, através da implantação de no-
vas tecnologias de iluminação, condicionamento de ar e isolamento térmico, mantendo os
níveis de conforto. O Labeee também trabalha na área de geração de eletricidade através de
painéis fotovoltaicos integrados à edificações urbanas e integrados à rede elétrica pública,
energias renováveis e uso racional de água. De 1996 até 2016 desenvolveu 27 projetos, sendo
20 concluídos e 7 em execução, trabalhando com pesquisa em Bioclimatologia, Conforto e
Estresse Térmico, Eficiência Energética em Edificações, Energia Solar Fotovoltaica, Simula-
ção Termo Energética de Edificações, Sustentabilidade, Transferência de Calor, Uso racional
e fontes alternativas de água. Nenhum destes projetos era específico para agricultura, porém
seus resultados podem ser aplicados na execução de construções rurais, como por exemplo,
aviários, pocilgas, silos entre outras.
Finalmente cabe destacar os trabalhos da Associação Catarinense de Supermercados
(acats) e da engie Geração Solar Distribuída com projeto para levantamento do potencial
de produção de energia elétrica a partir da solar nos telhados dos empreendimentos super-
mercadistas. Além deste estudo, a parceria prevê a oferta de soluções de crédito aos super-
mercadistas que optarem pela implantação dos painéis fotovoltaicos. Esta parceria é uma
ação complementar ao Programa de Eficiência Energética da acats, pois segundo informa-
ções da mesma, o gasto energético representa o segundo maior custo dos supermercados
catarinenses, ficando atrás somente do item pessoal (acats, 2016).
Assim, mesmo não existindo uma política pública específica para a energia solar no es-
tado de Santa Catarina, há diversas iniciativas de instituições públicas e privadas para de-
senvolvimento de tecnologias e de projetos de energia solar fotovoltaica.

4.2.3. Energia solar fotovoltaica no Rio Grande do Sul


Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar (2006), a irradiação solar diária média anual
incidente em uma superfície com inclinação igual a latitude do local no Rio Grande do Sul
varia de 4,8 kWh/m2 a 5,4 kWh/m². Estes valores são similares aos da Região Norte do país e

72 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


superiores a irradiação solar da maioria dos países europeus, portanto com um bom poten-
cial para diversificar a matriz energética do estado.
A Eletrosul instalou 02 unidades solarimétricas para medir o potencial de produção de
energia elétrica a partir da energia solar no Rio Grande do Sul, nos municípios de Uruguaia-
na e Roque Gonzales, com o objetivo de coletar informações que pretende mostrar a via-
bilidade do investimento nas usinas. Se os resultados obtidos forem positivos, a Eletrosul
vai desenvolver projetos para produção em escala para o uso comercial da energia (clicrbs,
2015). Outra ação importante no estado está relacionada aos trabalhos com sistemas solar
fotovoltaicos desenvolvidos pela Pontifícia Universidade Católica (pucrs) – Centro de Pes-
quisa em Energia Solar – (CB-Solar). Este centro de pesquisa tem o objetivo de promover o
desenvolvimento cientifico, tecnológico e de inovação em energia solar fotovoltaica.
Entre os projetos desenvolvidos destacam-se:
1. Planta Piloto de Produção de Módulos Fotovoltaicos com Tecnologia Nacional –
finep/ceee/eletrosul/petrobrás;
2. Desenvolvimento de Células Solares Bifaciais e Módulos Concentradores – ceee/
finep/cnpq;
3. Desenvolvimento de Processos Industriais para Fabricação de Células Solares com
Pasta de Alumínio e Passivação – eletrosul;
4. Desenvolvimento de Células Solares Eficientes em Lâminas de Silício Tipo n – finep/
cnpq;
5. Desenvolvimento de um Forno para Processamento de Células Solares – finep;
6. Implementação de Duas Unidades Geradoras de Energia Elétrica com Módulos Foto-
voltaicos Eficientes – mme;
7. Desenvolvimento de Plano de Negócios para Indústria de Células Solares e Módulos
Fotovoltaicos – ceee-gt/eletrosul;
8. Projeto Sistemas Fotovoltaicos em Propriedades Rurais: Implantação de três unida-
des de geração distribuída de energia elétrica a partir de sistemas fotovoltaicos, instala-
das em propriedades rurais com diferentes atividades no Oeste do Paraná. Os sistemas
serão monitorados e avaliados, tendo como resultados esperados a avaliação técnica e
econômica da instalação destes sistemas em propriedades rurais – custos, vantagens/
benefícios, problemas na implantação e operação, entre outros. Este projeto é uma
parceria entre a pucrs, Itaipu Binacional, Programa Oeste em Desenvolvimento, Par-
que Tecnológico Itaipu, Sebrae Paraná, ocepar e as cooperativas Lar, C.Vale e Coopa-
col (Figura 10).

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 73


FIGURA 10.
Projeto Sistemas Fotovoltaicos
em Propriedades Rurais do
Oeste do Paraná.

Fonte: Equipe do Projeto 2017.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul – ufrgs, através do Laboratório de Energia


Solar – labsol, tem concentrado esforços em três linhas de pesquisa para o desenvolvimen-
to da energia solar, a saber: sistemas solares de aquecimento, sendo a mais difundida a de
aquecimento da água. Nesta linha, estuda também a energia solar para aquecimento do ar,
buscando o conforto térmico no inverno, bem como facilitar a ventilação dos ambientes
para evitar o aquecimento exagerado no verão, se combinar com outros elementos na cons-
trução. O Laboratório de Energia Solar desenvolve ainda atividades como:
a) pesquisa em coletores de placa plana – análise de desempenho e materiais, coletores
concentradores, tanques térmicos de armazenagem, metodologias de dimensiona-
mento, simulação computacional de sistemas solares de aquecimento de água e con-
forto térmico.
b) pesquisa em sistemas de energia solar fotovoltaica.
c) pesquisa em radiação solar, voltada ao estudo da determinação experimental da in-
tensidade e sistematização por computador de sequências de dados de radiação solar
para serem utilizados em programas de simulação. Além das três linhas de pesquisa o
Labsol desenvolveu o solarcad, um pacote de programas, acessíveis inclusive a não es-
pecialistas, visando o projeto de sistemas de energia solar, tanto para sistemas térmicos
quanto fotovoltaicos. Todos os programas são gratuitos e disponíveis para download.

74 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


A Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul coordena o GT-Fotovoltaico, grupo
de trabalho que visa identificar e mapear o potencial solar do Rio Grande do Sul, promover o
conhecimento inerente à produção de energia a partir da energia solar e gerar uma base de
dados para futuros empreendimentos no Estado. Um dos principais trabalhos desenvolvi-
dos pelo grupo é a criação do Atlas Solarimétrico com conclusão prevista para 2018. O Atlas
mapeará as potencialidades de geração de energia solar, indicando os locais mais propícios
para a implantação de investimentos no setor. Além disso, dará uma perspectiva de quanto
pode ser produzido de energia elétrica a partir de energia solar em cada região, permitindo
aumentar ainda mais a produção, tendo em vista que o Rio Grande do Sul é o segundo esta-
do do país em potência fotovoltaica instalada (11%).
Em junho de 2016, o Rio Grande do Sul se somou a outros estados brasileiros e estabele-
ceu a isenção do icms para micro e minigeração a partir de sistemas fotovoltaicos, por meio
do convênio icms/confaz 16/2015, com adesão do RS por meio do convênio icms 157/2015
e do Decreto Lei nº 52.964. Foi estabelecida a isenção do icms sobre a energia elétrica lí-
quida consumida. Especificamente a cobrança de icms ocorre somente sobre a diferença
entre a energia elétrica consumida e produzida pelo sistema fotovoltaico. Por exemplo, se
o consumo total da unidade for 400 kWh/mês e a produção de energia elétrica do sistema
fotovoltaico for de 300 kWh/mês, o icms será cobrado somente sobre 100 kWh. Também
está prevista a isenção do icms nas operações com diversos equipamentos e componentes
para o aproveitamento da energia solar e eólica, através do Convênio icms/confaz 101/97.
Com a isenção do icms espera-se que este incentivo aumente o número de instalações de
sistemas fotovoltaicos tanto no meio rural quanto no meio urbano e industrial.
Outro importante trabalho no Rio Grande do Sul é desenvolvido pelo Instituto para o De-
senvolvimento de Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade (ideaas), organização não
governamental que desde maio de 1997 atua em projetos fotovoltaicos nos municípios de
Mostarda, Tavares, São José do Norte, Encruzilhada do Sul e Amaral do Sul. Possui também
um Centro de Aprendizagem em Energias Renováveis em Santo Antônio da Patrulha (RS).
No meio rural destaca-se o trabalho da Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural
– Emater Rio Grande do Sul/ Associação Rio-grandense de Empreendimentos de Assistên-
cia Técnica e Extensão Rural ascar de geração de energia elétrica nas propriedades rurais
a partir da energia solar.
A partir de trabalhos realizados na Unidade Local de Mostardas, a Emater vem desen-
volvendo estratégias com os agricultores de todo o Estado e pescadores artesanais da região
para o uso de sistema solar fotovoltaico visando o incremento das atividades agrícolas. O

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 75


trabalho desenvolvido por técnicos dos escritórios locais atende agricultores familiares e
pescadores em diferentes situações de uso das energias renováveis. O trabalho atende basi-
camente 3 tipos de demanda em energia elétrica:

I. População sem acesso à rede de energia elétrica


Neste caso, agricultores familiares sem acesso à rede elétrica pois as propriedades es-
tão localizadas em áreas de preservação – Parque Nacional da Lagoa do Peixe, nas áreas de
proteção (amortecimento) da Lagoa dos Patos e pescadores artesanais residentes na beira
da praia, em cujas áreas é proibida a instalação da rede elétrica. Em algumas situações os
pescadores artesanais residem na cidade pagando a tarifa urbana, que é mais elevada do
que a rural (em média de 30 a 40% mais barata).
Assim, foram desenvolvidos projetos diferentes para cada situação. No caso dos pesca-
dores artesanais residentes na praia foi adotado o sistema de geração de energia solar foto-
voltaica com acumulação de energia com baterias (off grid). Os sistemas foram instalados
com recursos do feaper – Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Es-
tabelecimentos Rurais e apoio institucional do ideaas – Instituto para o Desenvolvimento
de Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade do Rio Grande do Sul.
FIGURA 11.
Residência de pescador
artesanal com sistema solar off
grid instalado – Mostardas.

Crédito: Escritório Municipal da


Emater RS – Mostardas.

76 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Para os pescadores artesanais, mas com moradia na cidade foram elaborados projetos
com sistema solar fotovoltaico on grid (geração distribuída, ligados na rede da ceee), com
recursos foram oriundos do pronaf Mais Alimentos ou recursos próprios.
A instalação destes sistemas para estes agricultores permitiu melhorias na qualidade de
vida, acesso às informações (internet e televisão) e melhoria na qualidade de vida, acesso às
informações (internet e televisão) e ampliação no processo de comercialização do pescado,
através do armazenamento que antes era praticamente impossível e todo o pescado, prin-
cipalmente o camarão, necessitava ser totalmente vendido na época de pesca. Hoje, com o
armazenamento é possível vender o camarão no defeso, recebendo melhores preços.
FIGURA 12.
Residência de pescador
artesanal com sistema on grid
instalado – Tavares.

Crédito: Abner G Picinatto, 2016.

FIGURA 13.
Residência de pescador
artesanal – Mostardas.

Crédito: Escritório Municipal da


Emater RS – Mostardas.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 77


II. População com acesso precário ou parcial à rede de energia elétrica
Muitos agricultores familiares têm acesso limitado ou precário à rede pública por dife-
rentes fatores – disponibilidade de recursos, disponibilidade de ampliação da carga na rede
ou difícil acesso da concessionária para ampliação da rede. Além destes fatores, existe o
problema da distribuição interna da rede, que é de responsabilidade do consumidor e que
acaba sendo comprometido pela disponibilidade de recursos. Na região de Mostardas exis-
tem muitas propriedades com criação extensiva de gado de corte, já tradicional na região e,
na sua maioria de agricultores familiares com poucos recursos financeiros.
Neste sentido, a emater desenvolveu um projeto para dessedentação dos animais utili-
zando um sistema de energia solar off grid. O conjunto é formado por um módulo fotovoltai-
co, uma bateria para acumulação da água, bomba d’água, controlador de carga e um abrigo.
Neste sistema é possível o bombeamento de água para o reservatório (caixa) e a transferên-
cia para os bebedouros nos pastos.
Este sistema permitiu aos agricultores um manejo mais adequado dos animais, dando
possibilidades de distribuir de forma mais eficiente água nos pastos, aproveitando me-
lhor a propriedade onde antes o gado teria que se deslocar numa distância maior para ter
acesso à água.

FIGURA 14.
Painel fotovotaico Controlador de carga
Sistema de bombeamento
d’água instalado a campo –
Mostardas.

Usos em 12 V

Banco de baterias
Crédito: Escritório Municipal da
Emater RS – Mostardas.

78 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FIGURA 15.
Desenho esquemático
do sistema solar de
bombeamento d’água.

Crédito: Escritório Municipal da


Emater RS – Mostardas.

III. População com acesso pleno em baixa ou em alta tensão


Muitos agricultores, que já têm acesso à rede elétrica em alta ou baixa tensão e necessi-
tam de uma rede bifásica ou trifásica (dependendo de cada propriedade), têm dificuldade
de obter pela não disponibilidade da concessionária em ampliar a carga ou fornecer em
outra tensão no local. Para estes agricultores foram estruturados projetos de maior potên-
cia para suprir a demanda da propriedade em função do tipo de atividade desenvolvida e
a possibilidade de ampliação futura. Foram projetos financiados com recurso do pronaf
Mais Alimentos para sistemas solares fotovoltaicos on grid.

FIGURA 16.
Sistema solar fotovoltaico –
Mostardas.

Crédito: Escritório Municipal da


Emater RS – Mostardas.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 79


4.3. Energia eólica
Autores: Carlos A.F. Biasi, Abner G. Picinatto

Denomina-se Energia Eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimen-


to, ou seja, o vento. Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética4
de translação em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também
denominadas aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cata-ventos (moinhos) para
trabalhos mecânicos como bombeamento d’água (mme, 2010).
A energia eólica é utilizada no mundo inteiro há milhares de anos com a finalidade de
bombeamento de água, moagem de grãos e outras aplicações que dependem de energia
mecânica.
A estimativa do potencial eólico mundial fica na ordem de 53.000 TWh/ano (tera
Watts). Este potencial é cerca de quatro vezes o consumo mundial de eletricidade (Atlas
do Potencial Eólico Brasileiro, 2001). No Brasil, segundo estimativas constantes no mesmo
documento, o potencial para geração eólica de eletricidade era da ordem de 143 GW (giga
Watts) com torres de 50 metros, distribuídos nas diferentes regiões em função das caracte-
rísticas climáticas, das estações do ano e de relevo, que são importantes na formação e na
direção dos ventos.
Mais recentemente o Grupo Dewi, consultoria internacional na área de energia eólica,
estimou o potencial eólico do Brasil em 500 GW (gigawatts), sem incluir no relatório o po-
tencial eólico dos cada vez mais recorrentes projetos offshore. Em 2001 o potencial eóli-
co no país era de 143 GW e considerava torres de até 50 metros. Com a expansão do setor,
vários estados brasileiros têm revisto o seu potencial, principalmente para torres com 120
metros ou mais (crane brasil, 2015).
O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (proinfa) foi o ponto de partida do setor
eólico nacional, ao contratar em 2004 um pouco mais de 1,4 GW de potência (54 usinas).
Na época, era a mais cara e a menos desenvolvida das três fontes incentivadas, superando
as térmicas, a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas. Em 2015, a aneel estipulou o
preço médio de custeio de 372 R$/MWh, para a eólica do Proinfa. O catalisador foi o primei-
ro leilão exclusivo para eólicas, em 2009, que iniciou a fase competitiva, na qual o parque
mais eficiente e barato era o ganhador (mme, 2016).
4
A energia cinética é a energia devido O Plano Decenal de Energia – pde 2024 indica que a capacidade instalada eólica brasilei-
ao movimento. É o caso de um corpo
que recebe energia em forma de ra chegará a 24 GW em 2024 (sendo 0,2 GW de distribuída), respondendo por 11,4% do total,
trabalho, e todo este trabalho se
converte em energia de movimento. com maior predominância da Região Nordeste (mme, 2015).

80 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Caso a capacidade instalada de usinas eólicas alcance o objetivo de 22,4 mil MW (me-
gawatts) em 2023, a fatia da energia eólica em relação à toda energia utilizada no Brasil sal-
tará de 3% para aproximadamente 11,5% (crane brasil, 2015).
Na Alemanha, por exemplo, a participação da energia eólica atual é de 15%. Esse nú-
mero também deve aumentar no país germânico, dados os novos investimentos em curso,
motivado pela promessa do Governo, de abandonar a energia nuclear até 2022. A França dá
sinais de que deve seguir o mesmo caminho. Na China, a capacidade instalada de energia
eólica chegou a 115 mil MW em 2014. Já nos Estados Unidos, a capacidade atingiu no ano
passado, 66 mil MW (crane brasil, 2015).
Em relação à geração e potência instalada no Brasil podemos identificar conforme a Ta-
bela 12 que os estados do Sul ainda têm uma baixa representativa na geração brasileira.
Geração Estrutura de Potência Fator de Expansão no TABELA 12.
Estado Geração e potência elétrica
(GWh) geração (%) Instalada (MW) capacidade (%) ano (MW)
instalada na Região Sul e no
RS 3.499 16,2 1.533 33,4 818 Brasil em 2014.
SC 320 1,5 242 15,2 4
PR 4 0,0 3 18 0,0
Brasil 21625 100 4888 38 2.745
Fonte: MME, 2016.

Entre os principais incentivos a energia eólica podem ser citados:


• Isenção de icms: Isenção, até 2021, do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias
(icms) para as operações com equipamentos e componentes para o aproveitamento
das energias solar e eólica (Convênio Confaz 101/97 e aditivos).
• Isenção de ipi: São imunes à incidência do Imposto sobre Produtos Industrializa-
dos, a energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais (Decreto nº
7.212/2010).
• Desconto na tust/tusd: Desconto de 80% na tarifa de uso do sistema de transmissão/
distribuição (tust/tusd) para instalações com potência inferior a 30 MW (Resolução
aneel 481/2012 e aditivos).
• Isenção na Geração Distribuída: Isenção de icms sobre a energia que o próprio consu-
midor gerar (Convênios Confaz 16, 44, 52, 130 e 157 / 2015, firmados por vários esta-
dos). O icms incide somente sobre o excedente que o consumidor demandar da rede.
O mesmo vale para pis e cofins, mas para todos os estados (Lei 13.169, de 06/10/2015).
• Programa “Mais Alimentos”: Inclui, a partir de 11/2015, os equipamentos para produ-
ção de energia solar e eólica, o que possibilita financiamentos a juros mais baixos.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 81


O Brasil conta atualmente com 9 fabricantes de turbinas eólicas, com capacidade anual
de produção de um pouco mais de 4.200 MW, entre eles Santa Catarina. Na Região Sul não
há fabricantes de pás. Quanto às torres, há fabricantes nos estados do Paraná e Rio Grande
do Sul.
A grande vantagem da energia eólica é que ela está aberta aos investidores e diferente-
mente dos projetos de hidroelétricas, por exemplo, que exigem investimentos altos e ainda
dependentes de licenciamento ambiental, por vezes bastante problemáticos.
Entre os fatores limitadores para a energia eólica nas propriedades agrícolas destacam-
se o custo elevado dos equipamentos e seu transporte. O número de empresas de fabricam
de equipamentos na região é pequeno, especialmente voltado para o rural. A qualificação
da mão de obra ainda apresenta carências e o licenciamento ambiental.

4.3.1. Energia eólica no Paraná


Em 1994 foi instalado o Projeto Ventar e levantado o potencial eólico em 25 diferentes
regiões do Paraná a partir de estudos da Companhia Paranaense de Energia Elétrica – co-
pel, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – lactec e da Camargo Schubert
– Engenharia Eólica. Com isso, em 2007, foi elaborado o Atlas do Potencial Eólico do Estado
do Paraná, com a finalidade de orientar as ações em torno do desenvolvimento da energia
eólica no estado.
O potencial eólico foi calculado a partir da integração dos mapas de velocidades médias
anuais, utilizando-se de recursos de geoprocessamento e cálculos de desempenho e produ-
ção de usinas eólicas no estado a partir da realidade mundial (lactec, 2007). Este mape-
amento ratificou a existência de áreas já identificadas quando da elaboração do primeiro
levantamento estadual e alterou qualitativamente o potencial de outras áreas descritas a
seguir (lactec, 2007).
Destacam-se como principais áreas para energia eólica no Paraná: Campos de Castro
e Tibagi: Planalto de Palmas, Campos de Guarapuava, Maringá e São Jerônimo da Serra
(mediante investimentos de acesso) e Serra do Quiriri (área da Serra do Mar) A Figura 16
apresenta as principais regiões do estado que poderiam ser aproveitadas para utilização da
energia eólica.
Além desta ação o Instituto de Tecnologia do Paraná desenvolve o Programa Smart Energy
com uma plataforma de ações abrangente de pesquisas em energias renováveis, tendo como
objetivo o atendimento da necessidade do Estado de concentrar esforços conducentes à or-

82 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Cascavel e Maringá FIGURA 17.
Potencial Eólico do Paraná,
São Jerônimo da Serra 2007.
Campos de Castro/Tibagi

Campos de Guarapuava

Planalto de Palmas

Serra do Quiriri

Fonte: LACTEC, 2007.

ganização e centralização de ações de curto, médio e longo prazo em geração distribuída por
fontes renováveis e sua conexão a redes inteligentes, criando instrumentos que possibilitem
às instituições públicas, Instituições de Ciência e Tecnologia (ict) e instituições empresa-
riais e empresas a adotar estratégia comum (tecpar, 2014). Dentre as ações previstas vários
resultados entre 2013 e 2014 foram obtidos: instalação da primeira Estação Solarimétrica
Plena do Estado do Paraná; instalação de Micro Usinas em Geração Fotovoltaica e Eólica;
Acordos de Cooperação com o Governo Basco, com a Embaixada Italiana no Brasil e como
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (inpe); Participação no Projeto Green Silicon; Re-
cepção e aproximação para cooperação técnica a Missões da Alemanha, Holanda, Inglaterra,
Espanha, Itália e Japão; Integração aos Trabalhos da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (abdi) no mapeamento Industrial e Tecnológico de Smart Grids e, Realização da
Conferência Internacional de Energias Inteligentes em maio de 2014.
Entre as limitações do Paraná para o uso da energia eólica pode ser destacada a oferta de
ventos relativamente baixa e inconstantes e o número de redes de transmissão de energia.
Como principal vantagem seria a possibilidade de desenvolver uma agropecuária com o uso
de energia limpa e renovável.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 83


4.3.2. Energia eólica em Santa Catarina
Santa Catarina conta hoje com 14 parques eólicos em funcionamento. Segundo o Banco
de Informações de Geração – big, da aneel, os parques estão instalados em Água Doce/Pal-
mas – PR, Bom Jardim da Serra, Tubarão e em Laguna (aneel, big, 2015). Os 14 parques em
funcionamento, conforme o BIG atualizado em março de 2015, contam com potência total
fiscalizada pela aneel de 392,5 MW, com 60 aerogeradores. Os parques foram instalados
nas regiões com o maior potencial eólico no estado, como pode ser visto na Figura 17, que
mostra o potencial para a Região Sul do Brasil. As regiões Oeste Catarinense, do Planalto e a
Região Sul são as com o maior potencial em Santa Catarina.
No Estado existe o programa para fomento e pesquisa tecnológica em diferentes áreas,
como o Pró-emprego – Lei Nº 1 3.992, de 15 de fevereiro de 2007, programa estadual que
oferece descontos no icms para atrair e manter investimentos em solo catarinense, prio-
rizando aqueles investimentos que: resultarem em elevado impacto econômico e melho-
ramento da economia catarinense; promoverem a desconcentração econômica e espacial
das atividades produtivas e desenvolvimento local e regional; incrementarem o nível tec-
nológico das atividades produtivas; e implantarem indústrias não poluentes ou que forem
voltados à preservação do meio ambiente.
Há ainda o Programa Sinapse da Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de Santa Catarina (fapesc) que é uma ação promovida pela Secretaria de Estado do Desen-
volvimento Econômico Sustentável (sds) em conjunto com a fapesc e desenvolvida pela
Fundação certi no Estado de Santa Catarina, que visa à prospecção e transformação do
conhecimento em inovações. O Programa é voltado para as potencialidades ofertadas pelas
pesquisas realizadas em Instituições Científicas e Tecnológicas, para que o conhecimento
gerado por pesquisadores, estudantes, professores e outros profissionais atuantes nestas
instituições, resulte na criação de novas empresas (spin-offs) (fapesc, 2015).
FIGURA 18.
Potencial Eólico de Santa
Catarina.

Fonte: Atlas do Potencial Eólico


Brasileiro, 2001.

84 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


4.3.3. Energia eólica no Rio Grande do Sul
Os primeiros trabalhos desenvolvidos com energia eólica no estado ocorreram de forma
isolada e conduzidos especialmente pelas Universidades (ufrgs – 1980 e puc 1995). Em
2007 foi inaugurado o Centro de Energia Eólica (ce-eólica) pela Pontifícia Universidade
Católica (puc) em parceria com a eletrobras, através do programa de Eficiência Energé-
tica (procel), financiado com recursos do gef e apoio do Banco Mundial e integrando-se a
Faculdade de Engenharia da Pontífice Universidade Católica.
Entre as ações, programas e projetos em energia eólica desenvolvidos no Rio Grande do
Sul, destaca-se o Programa Setorial – Energia Eólica 2012/2014 parte da Política Industrial
para o Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul coordenada pela Agência Gaúcha
de Desenvolvimento e Promoção do Investimento – agdi envolvendo diferentes estruturas
de pesquisa e fomento ao desenvolvimento da energia eólica no estado. O Setorial Eólico
tinha como principais produtos: 1) Geração de energia eólica; 2) Fabricação de máquinas,
equipamentos e componentes para utilização nos parques eólicos; e, 3) Construção de par-
ques eólicos. Os instrumentos de apoio disponíveis ao Setorial Eólica são os que foram cita-
dos como ações e programas de atuação geral no estado.
Hoje com 11% do potencial eólico brasileiro o estado dispõe de todas as condições ne-
cessárias à geração dessa fonte de energia e neste sentido a agdi em parceria com a eletro-
sul Centrais Elétricas, empresa estatal federal, subsidiária da eletrobras com colabora-
ção da Camargo Schubert – Engenharia Eólica elaborou o Atlas Eólico do Rio Grande do Sul
em 2014, que foi uma atualização do Atlas de 2002.
O Rio Grande do Sul tem um potencial de geração eólica, segundo o Atlas Eólico do Rio
Grande do Sul, 2014, na ordem de 102,3 GW a 100 metros de altura e de 245,3 GW a 150 me-
tros de altura. Na Figura 19 está o comparativo entre o Atlas de 2002 e 2014 a 100 metros de
altura e na Figura 20 está o potencial a 150 metros.
O novo mapa eólico do Rio Grande do Sul confirma grande parte das áreas promissoras
indicadas pela primeira versão do mapeamento de 2002, destacando-se as extensas áreas
próximas à fronteira com o Uruguai, em todo o litoral e no nordeste do Estado, na Serra
Gaúcha. No interior, no Planalto das Missões, o novo modelamento dos ventos sugere que
ainda pode haver locais propícios ao desenvolvimento de parques eólicos ao redor dos mu-
nicípios de Santiago e Tupanciretã, sendo importante observar que, nesses locais, o mapea-
mento não foi validado por medições, caracterizando maiores incertezas.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 85


FIGURA 19.
Potencial Eólico do Rio Grande
do Sul a 100 m de altura – 2002
e 2014.

Fonte: Atlas do Potencial Eólico do


Rio Grande do Sul, 2014.

FIGURA 20.
Potencial Eólico do Rio Grande
do Sul a 150 m de altura, 2014.

Fonte: Atlas do Potencial Eólico do


Rio Grande do Sul, 2014.

86 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FIGURA 21.
Principais áreas promissoras
para aproveitamentos eólicos
no Estado do Rio Grande do Sul.

Fonte: Atlas do Potencial Eólico


do Rio Grande do Sul, 2014.

Conforme o big/aneel em março de 2015 existiam no Rio Grande do Sul


42 parques eólicos instalados, com potencial total fiscalizado de 1.011.481,19
kW. Em 2017 este número, também segundo o big/aneel, cresceu para 73
parques com um potencial total fiscalizado de 1.716.965 kW. Com este novo
mapeamento a previsão é que até 2018 o estado amplie o seu parque eólico
dobrando praticamente a potência atual instalada, com investimentos na or-
dem de R$ 8,6 bilhões. Os parques e sua capacidade elétrica instalada estão
distribuídos nas seguintes cidades: Osório (9 / 302.900 kW), Palmares do Sul
(8 / 170.000 kW), Pelotas (2 / 3,96 kW), Rio Grande (5 / 109.900 kW), Santa Vitó-
ria do Palmar (10 / 258.000 kW), Santana do Livramento (7 / 144.000 kW), São
Lourenço do Sul (1/2,23 kW) e Xangri-Lá (1 / 26.675 kW).
No Rio Grande do Sul o principal e talvez o único trabalho desenvolvido
voltado às propriedades rurais é conduzido pela Embrapa Clima Temperado
(Pelotas) que desde 2013 em parceria com o Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Sul Rio-grandense (ifsul) e a Fundação Estadual de Pes-
quisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (ex- fepagro) e apoiado com recur-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 87


sos financeiros do sead desenvolve uma proposta focada principalmente na associação da
produção eólica e fotovoltaica buscando determinar a eficiência e o rendimento dos equi-
pamentos conectados à rede (grid-tie) disponíveis no mercado brasileiro, em propriedades
rurais de base familiar.
Neste trabalho foram instalados seis conjuntos mistos de geração de energia renovável,
sendo 4 ligados a rede da ceee, em Pelotas: Estação Experimental da Cascata (Embrapa
Clima Temperado), Campus cavg (Colégio Agrícola) do IFSul, onde são coletados dados
e analisado o comportamento dos equipamentos mais proximamente; São Lourenço: Co-
munidade Quilombola Monjolo, em que o sistema está ligado na propriedade de um dos
agricultores e em Candiota na propriedade de um agricultor. Nos municípios de Santa Cruz
do Sul e Seberi os conjuntos não estão instalados com ligação a rede e localizam-se em coo-
perativas de pequenos agricultores.
Nas unidades é realizada a análise agrometeorológica com o objetivo de medir a energia
disponível em cada propriedade e verificar a viabilidade econômica e a eficiência da geração
de energia alternativa.
A energia gerada no sistema é conduzida para a rede de distribuição da estação, medin-
do-se a quantidade produzida e avaliando-se o potencial como fonte adicional de geração
de renda, resultante da venda da energia gerada ou como redutor da quantidade de energia
adquirida do distribuidor.
O Rio Grande do Sul é na Região Sul o estado com um programa setorial específico para
a geração eólica. O Programa Setorial – Energia Eólica 2012/2014 faz parte da Política In-
dustrial para o Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul coordenada pela agdi e
envolve diferentes estruturas de pesquisa e fomento ao desenvolvimento da energia eólica
no estado.
O Setorial Eólica tem como principais produtos: 1) Geração de energia eólica; 2) Fabrica-
ção de máquinas, equipamentos e componentes para utilização nos parques eólicos; e, 3)
Construção de parques eólicos.
Os instrumentos de apoio disponíveis ao Setorial Eólica são:
1. fundopem/RS e integra/RS – O Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande
do Sul – fundopem/RS – Lei nº de 06/04/2011, é um instrumento fiscal, que opera
com base na postergação do recolhimento do icms devido em decorrência da opera-
ção de um projeto de investimento, tendo como limite 100% do investimento fixo do
empreendimento apoiado. O Programa de Harmonização do Desenvolvimento Indus-
trial do Rio Grande do Sul – integra/RS foi criado na mesma lei e tem como ponto

88 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


central no abatimento incidente sobre cada parcela a ser amortizada do financiamen-
to concedido pelo fundopem/RS, incluindo o valor do principal e os respectivos en-
cargos (sdct, 2016).
2. Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial – proedi – O Programa Estadu-
al de Desenvolvimento Industrial (proedi), instituído pelo Decreto nº 32.666, de
27/10/1987, possui o objetivo específico de apoiar projetos de investimento mediante a
concessão de incentivo financeiro na forma de venda de terrenos a preços atrativos, em
áreas de propriedade do Estado, preparadas com infraestrutura necessária para ativi-
dades industriais. (sdpi, agdi, 2013).
3. Programa de Apoio a Iniciativas Municipais – O Programa de Apoio a Iniciativas Mu-
nicipais fundamenta-se no Decreto n.º 32.666, o mesmo que instituiu o Programa Es-
tadual de Desenvolvimento Industrial, e tem o propósito de contribuir na capacitação
dos municípios para a promoção de iniciativas promissoras de desenvolvimento eco-
nômico local, bem como para a racionalização do uso do solo com base em condições
ambientais de desenvolvimento sustentável (sdpi, agdi, 2013).
5. Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos – pgtec. O programa visa
fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico no território do Estado com foco
na inovação e na sustentabilidade. (sdpi, agdi, 2013).
6. investe/RS – O Programa de Promoção do Investimento no Estado do Rio Grande do
Sul (investe/RS) foi instituído através da Lei nº 13.838, de 05/12/2011, como instru-
mento para fomentar o desenvolvimento econômico, reduzir as desigualdades regio-
nais e apoiar a geração de emprego e renda no Estado. (sdpi, agdi, 2013).

4.4. Biomassa de florestas energéticas


Autores: Larissa Sbalquiero, Leidiane Mariani

A biomassa florestal é originada a partir da fotossíntese realizada pelas árvores que, por
meio da utilização de energia solar, água e gás carbônico dá origem aos compostos orgâ-
nicos e oxigênio. A composição vegetal das árvores de acordo com a espécie, idade, teor de
umidade e parte da árvore, e é o que define se pode ser utilizada para produção de madeira
ou como fonte energética.
Está diretamente relacionada com a atividade de silvicultura que atua no cultivo das ár-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 89


vores e possibilita a obtenção de matérias primas para atendimento de diversas demandas
que incluem desde o pequeno e médio produtor rural ou empresa até indústrias, inclusive
de base florestal. Bacha (1993) relata que a atividade de silvicultura é a “cultura de essências
florestais (árvores) e extração de produtos dessas essências (madeira, lenha, cascas, folhas,
gomas vegetais, etc.)”. A silvicultura é dividida em florestas nativas e florestas plantadas,
sendo esta última também denominada de reflorestamento, que tem por objetivo a extra-
ção de produtos de árvores plantadas.
As florestas plantadas podem fornecer matéria prima para três usos: madeira para ener-
gia (lenha, cavaco, carvão vegetal), madeira industrial (papel e celulose, painéis de madei-
ra) e processamento (serrados e compensados). De acordo com a Fundação Brasileira para
o Desenvolvimento Sustentável (fbds, 2012), as maiores experiências com a utilização da
madeira no Brasil são com energia por meio da lenha – que é utilizada desde os tempos
primitivos – e do carvão vegetal, sendo o Brasil um dos países que possui maior consumo
dessa fonte e, atualmente com elevado potencial, O cavaco tem se destacado no mercado
por seu grande potencial de uso e sua eficiência na queima, por isso seu uso vem crescendo
nos últimos anos. Referente à madeira industrial, em 2012, o Brasil era o terceiro maior
exportador de celulose do mundo.
Do total das florestas plantadas no Brasil em 2015, 55,8% foram para madeira em tora,
24,8% para lenha e 19,4% para produção de carvão vegetal, ou seja, quase metade de todas
as florestas plantadas foi utilizada para fins energéticos, o que mostra a importância desta
na matriz energética nacional e para a agricultura como um todo (snif, 2016). Essas flo-
restas plantadas com o objetivo de atender a demanda de energia térmica são denomina-
das de florestas energéticas. Mas não é somente das florestas plantadas que se utiliza para
fins energéticos. Do volume de madeira extraído legalmente em 2015 das florestas nativas,
26,9% foi para madeira em tora, 59,1% foi para lenha e 14% para produção de carvão vegetal.
Em termos percentuais 73% de toda extração de florestas nativas foi consumida para fins
energéticos (snif, 2016).
No Brasil, as florestas plantadas de maior importância são referentes às espécies exóti-
cas. O pinus e o eucalipto são as espécies que apresentam maior produtividade, com desta-
que ao eucalipto. Essas espécies se sobressaem devido às características edafoclimáticas5
brasileiras (fbds, 2012). Em alguns estados brasileiros os plantios são na maioria voltados
a maciços florestais para atender às indústrias de papel e celulose. No entanto, em outras
5
Edafoclimáticas são características
que se referem a condições de solo, regiões predominam os plantios descentralizados para atender às demandas de geração de
temperatura, humidade do ar, radiação,
tipo de solo, vento e precipitação pluvial. energia, como é o exemplo do estado do Paraná.

90 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (ibá), a área de plantios florestais no Brasil em
2015 era de 7,8 milhões de hectares. Desse total, 5,6 milhões de hectares eram de eucalip-
to, equivalendo a 72%, e estavam localizados principalmente nos estados de Minas Gerais
(25%), de São Paulo (17%) e do Mato Grosso do Sul (15%). A outra cultura de destaque era o
pinus que era produzido em 1,6 milhão de hectares no Brasil em 2015, o equivalente a 21%
e se concentrando nos estados do Paraná (42%) e Santa Catarina (34%). Acácia, seringueira,
paricá, teca, araucária e pópulos e outras espécies ocupavam uma área de apenas 600 mil
hectares (ibá, 2016).
A produção de lenha dos estados do sul do Brasil equivalia a 61% da produção nacional
em 2014, e desse total, Paraná produzia 38%, Rio Grande do Sul 36% e Santa Catarina 26%.
A espécie mais utilizada para produção de lenha na Região Sul é eucalipto, com 80% da pro-
dução da região, seguido pela floresta de pinus com 9% (ibge, 2015).
Para o Sebrae (2014) as florestas energéticas são plantadas com o objetivo de forneci-
mento de biomassa florestal, lenha e carvão de origem vegetal, sendo que o reflorestamento
para uso energético diminui a pressão sobre as florestas nativas e desempenha importante
papel na utilização de terras degradadas.
O setor agrícola é o quarto grande demandador de madeira para energia no país e, cerca
de 26% do consumo energético interno do setor agropecuário, é proveniente da lenha (BRA-
SIL, 2011). O uso de lenha para energia no setor agropecuário também se destaca na Região
Sul do Brasil. Estudos indicam que há uma tendência de déficit entre oferta e demanda de
lenha em estados como o Paraná (embrapa, 2015).

4.4.1. Florestas energéticas em Paraná


Os trabalhos mais estruturados em florestas energéticas no Paraná datam de 1997 quan-
do foi criado o Programa Florestas Municipais, encerrado em 1999 e que consistia numa
parceria entre o Estado, o município e a comunidade, através de convênio que visava à ges-
tão descentralizada dos recursos florestais; a educação ambiental e a melhoria da qualidade
de vida da população. Neste programa, o pequeno produtor participava na atividade flores-
tal racionalizando o uso da terra e democratizando alternativas de renda, que, antes, era
privilégio de grandes investidores somente.
O Estado entrava fornecendo sementes, insumos, veículo utilitário, treinamento e orien-
tação técnica. Os municípios envolvidos tinham como obrigação a estruturação do Serviço

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 91


Florestal Municipal, a implantação, a operação em viveiros florestais e outros. O programa
atendeu 308 municípios e viabilizou a implantação de 35.000 ha de florestas. Depois deste
programa mais nenhum programa com este enfoque foi realizado pelo estado, embora os
técnicos de ater tenham incentivado os agricultores ao plantio.
De acordo com o Instituto de Florestas do Paraná – ifp (2015), o Paraná apresenta
1.066.479 ha de florestas plantadas, o que equivale a 5,4% da área do estado. Desse mon-
tante, o gênero pinus se destaca na representatividade com 65,8% enquanto que o eucalipto
soma 34,2%. Quando distribuído por regiões, o centro-sul possui 83,5% de florestas planta-
das, a região norte 8,14% e a região oeste 4,26%.
Na região oeste do estado, as florestas plantadas de eucalipto são utilizadas como fon-
te de energia térmica para atender às demandas energéticas da produção agropecuária e
do processamento da produção nas agroindústrias, principalmente, na secagem de grãos,
aquecimento dos animais e processamento de amido. Embrapa (2015) relata que o cultivo
comercial das florestas energéticas disponíveis para atendimento das demandas de seca-
gem de grãos das cooperativas precisa passar por novos processos tecnológicos para au-
mento de produtividade para suprir o déficit de energia existente. Nesse sentido, um estu-
do desenvolvido por seab/deral (2012) indica que na região oeste os plantios de eucalipto
apresentam déficit elevado devido à demanda por energia térmica nas agroindústrias.
Segundo o estudo de bell (2013) que analisou dados de cooperativas paranaenses, que
representavam aproximadamente 49% da produção dos grãos milho, soja e trigo do estado,
a lenha é o principal combustível utilizado para secagem de grãos pelas cooperativas agríco-
las, e é apontada como combustível economicamente viável. Porém, as áreas de refloresta-
mento próprios pertencentes às cooperativas agrícolas não atendem à demanda energética
das mesmas. Para atender a secagem dos grãos analisados no estado do Paraná, para a safra
2010/2012 será necessária uma área mínima de 70 mil hectares de áreas produtivas para
atender a demanda agrícola para secagem de grãos no Paraná.
Ainda segundo bell (2013), um dos grandes desafios é equalizar o balanço entre oferta
e demanda para madeira com fins energéticos no Estado do Paraná, visto que as áreas com
reflorestamento no Paraná estão concentradas na região Centro-sul. Podem ser considera-
das áreas prioritárias para implantação de reflorestamento com fins energéticos as regiões
Oeste, Sudoeste e Centro-oeste do Estado do Paraná.
Na Figura 22 é possível observar a distribuição regional das áreas de reflorestamento
com eucalipto e áreas agrícolas no estado do Paraná para dados da safra de 2009/2010. É
possível observar o déficit de lenha nas regiões oeste, sudeste e norte.

92 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FIGURA 22.
Distribuição regional das
áreas de reflorestamento com
eucalipto e áreas agrícolas no
estado do Paraná para dados da
safra de 2009/2010.

Fonte: BELL (2013, pág. 110)

4.4.2. Florestas energéticas em Santa Catarina


Em Santa Catarina os principais cultivos são com espécies do gênero Eucalyptus, Pinus
e a uva-japão. As florestas plantadas são utilizadas para energia 37%, serraria/indústria 27%,
construção civil 15%, postes/estacas 14%; celulose 2% e outros usos (5%) (santa catarina,
2011).
Em 2010, a produção de lenha em Santa Catarina atingiu um valor de R$ 287 milhões. A
produção total do estado passou de 6,2 milhões de m³ em 2000 para 8,7 milhões em 2010.
Isso significa um aumento de 39% e difere em muito da evolução da produção nacional, que
diminuiu 5% (noriler e fachinello, 2013).
Deve-se notar que a produção de lenha a partir da silvicultura em Santa Catarina cresceu
85% ao longo da década de 2000, enquanto a lenha de extrativismo viu sua produção redu-
zida em 36% no mesmo período. De fato, a participação da extração vegetal sobre o total
de lenha produzido no estado passou de 38% em 2000 para 18% em 2010. Além disso, tem
aumentado o peso do estado na produção nacional (noriler e fachinello, 2013).

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 93


O oeste catarinense é a mesorregião que mais contribui para produção estadual, e onde
está localizada a maior parte das agroindústrias que demandam muita energia térmica em
seus processos produtivos.

4.4.3. Florestas energéticas no Rio Grande do Sul


A Associação Gaúcha de Empresas Florestais – ageflor (2015) relata que o estado do
Rio Grande do Sul tem 8% da área de plantio florestal do Brasil. Os plantios de eucalipto do
estado representam 52%, enquanto os de pinus representam 31% e de acácia 17% da área
plantada no estado (ageflor, 2015).
Na Figura 23 é possível observar a distribuição das áreas de plantios florestais no Rio
Grande do Sul, estando mais concentradas na região leste e sul do estado.

FIGURA 23.
Potencial Eólico do Rio Grande
do Sul a 150 m de altura, 2014.

Fonte: Pöyry, 2014.

94 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


O setor florestal do Rio Grande do Sul destaca-se pela produção de madeira para a indús-
tria moveleira, utilizando principalmente pinus e eucalipto. O eucalipto também é muito
utilizado na indústria de celulose e papel do estado.
Porém, cerca de 19% do consumo de madeira in natura pelo setor industrial do estado é
destinado para o beneficiamento de cavacos de madeira para o mercado externo, principal-
mente para o Japão, que são utilizados para a fabricação de celulose e papel e na produção
de pellets de madeira para exportação e na geração de energia renovável. Interessante ob-
servar que o plantio de acácia que abastece essa indústria é feito na maioria em pequenos
produtores rurais e se torna um meio de diversificação da renda. A produção de cavacos de
madeira do estado representa 69% da produção nacional (ageflor, 2015).

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 95


CASOS VISITADOS
5
5.1. Biogás
Autores: Carlos A. F. Biasi, Leidiane Mariani,
Abner G. Picinatto, Gladis M. B. Bühring, João C. C. Zank

5.1.1. Agropecuária
O potencial de geração de renda com o uso do biogás e melhoria das condições ambien-
tais através do tratamento dos dejetos com biodigestor pôde ser observado nas visitas re-
alizadas, reafirmando os estudos feitos por Codebela (2006), Refosco (2011) e Fernandes
(2012).
O estudo realizado envolveu a visita a 12 propriedades, sendo 4 no Rio Grande do Sul,
3 em Santa Catarina e 5 no Paraná, conforme apresentado na Tabela 13. Os agricultores
visitados são proprietários de unidades produtivas que possuem áreas variáveis entre 7 e
1.200 hectares, com rebanhos que oscilam entre 650 a 50.000 cabeças de suínos (matrizes,
leitões e suínos em terminação) e dois produtores com 11 e 15 vacas em lactação. Em uma
avaliação inicial, esses dados caracterizam as propriedades como sendo de agricultura fa-
miliar e não familiar.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 97


TABELA 13. Quantidade de animais
Relação de agricultores visitados

propriedade
por estado/cidade/ área e Bovinos

Área da
Suínos

(ha)
quantidade de animais. Nome do agricultor Cidade/Estado de leite
Termi- Vacas em
Sistema Matrizes Leitões
nação lactação
UPL
Jan Haasjes Castro/PR 120 850 – – –
Matrizes
Entre Rios do Termina-
Romário Schaeffer 48 – 3.000 – –
Oeste/PR ção
UPL
Juraci Tonieto Dois Vizinhos/PR 13 1.100 – – –
Matrizes
Marechal Candido Termina-
Eldo Matte 11 – 650 – 15
Rondon/PR ção
Ciclo
Paulo E. Agustini Bituruna/PR 7 42 410 160 –
Completo
Luis Carlos Ciclo
Santo Cristo/RS 38 1.680 3.400 4.000 –
Gerhardt Completo
Ciclo
Elton Barrichelo Tucunduva/RS 15 – 1.550 – –
Completo
Termina-
Milton Kipper Três de Maio/RS 8 – 800 – 11
ção
Willibaldo Termina-
Santo Cristo/RS 254 1.600 4.100 – –
Reicherdt ção
Termina-
Granja Tomazzoni Vargeão/SC 60 – 50.000 – –
ção
Juarez de Oliveira UPL
Aberlado Luz/SC 1.200 37.000 – – –
Luz Matrizes
Fonte: Pesquisa de campo de junho
a outubro de 2016. UPL
* Apenas o efluente das matrizes é Moacir Serafini Tunápolis/SC 220 3.000 – – –
Matrizes
enviado para o biodigestor.

As propriedades possuem em sua maioria galpões, lagoas de decantação, conjunto ge-


rador, distribuidor de esterco líquido e trator e um número variável de biodigestores: 01 a
18. Os modelos de biodigestores identificados foram: chinês, canadense e mistura comple-
ta. Na Tabela 14 é possível observar alguns dados das propriedades visitadas em relação à
estimativa de produção de biogás, o modelo e o ano de instalação do biodigestor, qual é a
aplicação do biogás e do biofertilizante.

98 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Produção Ano de ins- Uso do biofertilizante TABELA 14.
Nome do estimada Modelo do talação dos Dados sobre a digestão
Usos do biogás Doação a anaeróbica, biogás e digestato
agricultor de biogás biodigestor biodigesto- Propriedade
(m³/dia) res terceiros das propriedades.

Queima em flare e
Mistura 2002, 2012 e motogerador para
Jan Haasjes 1500 X
Completa 2013 energia elétrica está em
instalação
Romário
340 Canadense 2013 Queima em flare X
Schaeffer
Juraci
1900 Canadense Queima em flare X
Tonieto

Eldo Matte 75 Canadense 2009 Energia Térmica X

Paulo E.
120 Chinês 1995 Queima em flare X X
Agustini
Luis Carlos
3300 Canadense 2008 Energia elétrica X X
Gerhardt
Elton
2700 Canadense 2007 Energia elétrica X
Barrichelo
Milton
100 Canadense 2004 Queima em flare X
Kipper
Willibaldo
3200 Canadense 2016 Energia elétrica X
Reicherdt
Granja
5700 Canadense 2009 Energia elétrica X X
Tomazzoni
Juarez de
64000 Canadense 2013 Energia elétrica X
Oliveira Luz
Moacir
5200 Canadense 2009 Energia elétrica X X Fonte: Pesquisa de campo realizada
Serafini entre junho e outubro de 2016.

As informações sobre o uso do biogás, são apresentadas na Tabela 15.


TABELA 15.
Principal uso do biogás Rio Grande do Sul Santa Catarina Paraná Propriedades classificadas pelo
principal uso dado ao biogás em
cada estado da Região Sul.
Energia elétrica 3 3 1

Energia térmica 2

Queima em flare
1 2
(sem uso energético)
TOTAL 4 3 5 Fonte: Pesquisa de campo realizada
entre junho e outubro de 2016.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 99


Os equipamentos (motor) na maioria das propriedades funcionavam em torno de 10 a
24 horas por dia para fornecer energia às atividades agropecuárias, residências e eventuais
pequenas agroindústrias existentes. Na Tabela 16 são apresentados os dados sobre a gera-
ção de energia elétrica nas propriedades.
TABELA 16. Estimativa de
Dados de geração de energia Estimativa de
Capacidade elé- Quantidade economia no
elétrica nas propriedades Nome do Marca/empresa geração de
trica instalada de horas em consumo de
visitadas. agricultor fornecedora energia elétrica
(kVa/kW) operação (h/dia) energia
(kWh/dia)
(R$/mês)
Parado no
250,00 (pois
momento,
Jan Haasjes 90 kW Fockink 700 kWh/dia está parado no
aguardando
momento)
liberação
Romário 18 a 20 h em
170 kVA Biogás Motores 1.000 20.000,00
Schaeffer 4 meses
Juraci Tonieto 120 kVA (85 kW) Leão Energia 12 1.200 10.000,00
Eldo Matte X X X X X
Paulo E.
X X X X X
Agustini
Luis Carlos
120 kVA (85 kW) Biogás motores 15 a 17 1.000 6.000,00
Gerhardt
Elton Barrichelo 120 kVA (85 kW) Biogás motores 10 a 12 600 2.000,00
Milton Kipper X X X X X
Será conec-
tado em GD
Willibaldo
120 kVA (85 kW) Biogás motores X com painel de X
Reicherdt
transformação
autônoma
Granja
120 kVA (85 kW) ER BR 24 1.800 20.000,00
Tomazzoni
50 kVA motor
Juarez de
aspirado e não Fockink 24 6.500 50.000,00
Oliveira Luz
turbinado 6x12
Fonte: Pesquisa de campo realizada
entre junho e outubro de 2016. Moacir Serafini 110 kVA (80 kW) Fageo 10 600 6.500,00

Em uma das propriedades visitadas embora a produção de biogás não seja medida no
local, tampouco a eficiência da conversão, os proprietários consideram que há uma econo-
mia significativa de energia elétrica, com a redução de mais de 50% no seu custo.
Em relação ao custo de implantação dos biodigestores, constatou-se que alguns agricul-
tores não possuíam informações, pois haviam sido instalados por empresas integradoras

100 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


em épocas mais distantes (mais de 10 anos através do projeto mdl). Entre os que adquiri-
ram mais recentemente as despesas variaram de R$ 58.000 a R$ 2.000.000,00, variável com
o tamanho dos equipamentos instalados. Sobre o custo de manutenção, os agricultores
têm apenas um custo estimado, variando de R$ 450,00 a R$ 1.500,00 mensais. Na Tabela
17 são apresentados os investimento e custos de manutenção nas propriedades visitadas.
Valor do investimento Custo de manutenção e TABELA 17.
Nome do agricultor Fonte de recursos Valores e fonte de recursos
(R$) operação (R$/mês)
para o investimento e custo
Jan Haasjes 2.000.000,00 Próprios estimado de manutenção dos
equipamentos.
Bancários
Romário Schaeffer 300.000,00 1.500,00
(Programa ABC)

Juraci Tonieto 120.000,00 Próprios e bancários

Eldo Matte 58.000,00 Próprios + Itaipu + PM

Paulo E. Agustini 14.800,00 Próprios

Luis Carlos Gerhardt 140.000,00 Bancários 15.000,00

Elton Barrichelo Desconhece Empresas integradoras


Não investe em manu-
Milton Kipper Desconhece Empresas integradoras
tenção
Willibaldo Reicherdt 300.000,00 Bancários
Próprios + Bancários
Granja Tomazzoni 620.000,00 4.000,00
(BNDES)
Próprios + Bancários
Juarez de Oliveira Luz 320.000,00 4.000,00
(BNDES
Próprios + Bancários
Moacir Serafini 500.000,00 Fonte: Pesquisa de campo realizada
(Programa ABC)
entre junho e outubro de 2016.

Ainda em relação aos custos de manutenção, trabalho desenvolvido pela empresa ieri
de projetos em biodigestores, apontou um valor anual de, aproximadamente, R$ 19.000,00
para um moto gerador a biogás de 120 kVA/85 kW com funcionamento diário de 13 horas
fora da ponta (26 dias) e 3 horas no horário de ponta (22 dias) (ieri, 2016).
Em relação ao capital investido constatou-se que 33,33% dos agricultores utilizaram
recursos próprios e bancários, 25% apenas recursos bancários, 16,67% recursos próprios,
16,67% foram as integradoras que realizaram as instalações e 8,33% de outras fontes.
As principais linhas de crédito utilizadas foram Pronaf mais Alimentos e Programa abc.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 101


Mais de metade dos agricultores visitados (8) utilizavam biofertilizantes nas proprieda-
des buscando reduzir os custos de produção das lavouras, entretanto questionados sobre o
valor desta redução, possuíam poucas informações. Do total de produtores visitados (12),
50% realizavam a doação de biofertilizantes para vizinhos, sem qualquer custo.
Os agricultores visitados ainda foram questionados sobre como ocorria o manejo dos
resíduos antes da adoção dos biodigestores. As respostas foram praticamente unânimes
em afirmar que os dejetos in natura eram lançados nas lavouras, após serem armazenados
em uma esterqueira.
Em relação ao motivo que os levou a adotar o biodigestor e utilizar o biogás na proprieda-
de, as respostas foram variadas, com destaque para a possibilidade de produção de energia
elétrica a partir dos resíduos, os altos custos da energia na propriedade, as eventuais quedas
de energia, problemas ambientais, vontade de melhorar o tratamento dos dejetos, orien-
tações recebidas da ater, visita a outros produtores com instalação destes equipamentos.
Outra questão relevante e de difícil mensuração relatada por todos os entrevistados é a di-
minuição do cheiro dos dejetos e da presença de moscas nas propriedades com uso do bio-
digestor para o tratamento dos dejetos. Na Tabela 18 são listados os motivos levantados
pelos agricultores para implantação do sistema de digestão anaeróbica.
TABELA 18.

Governamentais
(biofertilizante)

e Institucionais
Motivos considerados

(odor, moscas,

Outros fatores
Uso Agrícola

(redução de
Econômico

Orientação

Programas
legislação)
Ambiental
determinantes pelos

Técnica
custos)
agricultores para implantação do
sistema de digestão anaeróbica.

Jan Haasjes X X
Romário Schaeffer X X
Juraci Tonieto X X X
Eldo Matte X
Paulo E. Agustini X
Luis Carlos Gerhardt X X X
Elton Barrichelo X
Milton Kipper X
Willibaldo Reicherdt X X
Granja Tomazzoni X X X
Juarez de Oliveira Luz X X X X
Fonte: Pesquisa de campo realizada
entre junho e outubro de 2016. Moacir Serafini X X X X

102 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Sobre a assistência técnica recebida para a instalação e manuseio do biodigestor e gera-
dor de energia elétrica, constata-se que foi praticamente toda prestada por empresas reven-
dedoras dos equipamentos.
Entre os agricultores visitados cabe observar os seguintes aspectos:
• Nas propriedades com maior número de animais a visão dos proprietários vai além
do custo dos equipamentos, abrangendo também os aspectos relacionados à susten-
tabilidade do empreendimento, especialmente quanto a segurança energética, pois os
processos dos silos e dos cochos de ração são automatizados e uma queda de energia
afeta a produção.
• A utilização do biogás como fonte de energia “fora da porteira” tem crescido no oeste
paranaense utilizado por cooperativas e setor industrial.
Um exemplo importante é o aplicado por Romário Stein proprietário da Cerâmica Stein
localizada no município de entre Rios do Oeste/PR que transforma a produção de dejetos su-
ínos em biogás e este em energia gerada na manutenção dos fornos da cerâmica (Figura 24).

FIGURA 24.
Instalações da Cerâmica Stein.

Crédito: Carlos A. F. Biasi

Proprietário de uma área de 48,40 hectares e dedica-se apenas a suinocultura de termi-


nação com a exploração de 3.000 suínos em terminação que permitem uma economia de
aproximadamente R$ 20.000,00 por mês com as despesas de energia elétrica. Não há ener-
gia suficiente para o processo de compensação.
O interesse pelo uso do biogás nasceu pelo idos de 1998 quando a lenha deixou de existir
em abundância e a serragem atingiu preços incompatíveis para uso na queima nos fornos.
Os primeiros testes realizados de uso do biogás não apresentaram os resultados esperados

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 103


provocando a desistência em sua utilização (tecnologias não adequadas), entretanto as que-
das constantes de energia com prejuízos ao rendimento esperado da indústria, o aumento
no custo da energia e o apoio de empresa de assistência técnica no uso dos biodigestores
levou ao retorno no uso do biogás para a produção de energia aproveitando instalações de
suínos existentes na área da indústria cerâmica.
A construção de um biodigestor modelo lagoa coberta de 17 x 27 x 4 m, mistura comple-
ta, possui um volume de 2.000 m³ e permite a redução da energia da concessionária em até
12 horas diárias nos momentos de alta disponibilidade de biogás.
O investimento realizado foi da ordem de R$ 300.000,00 e apresenta um custo mensal
de manutenção de R$ 1.500,00. Para a viabilização do empreendimento acessou financia-
mento bancário do Programa abc. Os equipamentos possuem o seguro incluso no finan-
ciamento. O proprietário possui um funcionário para operar o biodigestor e um casal de
funcionários para a condução das atividades suinícolas.
O biofertilizante produzido (900.000 litros por mês) é doado para os vizinhos.
Questionado sobre os motivos que foram determinantes para a utilização do biodiges-
tor, enumerou inicialmente o econômico, mas relacionou também aspectos ambientais
(poluição ambiental).
A assistência técnica continua a ser prestada pela empresa responsável pela instalação
dos equipamentos.
Finalmente deve ser mencionado que o gasto com energia em outubro de 2013 era de
77.000 kW/mês e 5.307 kW/mês no horário de ponta. Em 23 de setembro de 2016, quase três
anos depois, o gasto com energia era de 38.293 kW/mês e no horário de ponta 278 kW/mês
mantendo a produção constante na cerâmica durante este período.

5.1.2. Centros de treinamento e faculdades


Centro de Treinamento de Pecuaristas (CTP) – Castro/PR
Entre as visitas realizadas para a efetivação deste trabalho uma ocorreu no distrito de
Castrolanda, município de Castro/Paraná onde se localiza o Centro de Treinamentos de Pe-
cuarista (ctp) (25). Destacamos esta atividade, pois o trabalho desenvolvido no ctp pode
tornar-se referência para outros locais de treinamento que possuam estrutura semelhante
e representa significativa economia para as finanças para destes locais.
O ctp possui um biodigestor que utiliza como substrato os efluentes do gado de leite. O
biogás produzido é utilizado para abastecer sua cozinha (90%) e aquecimento da água para

104 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FIGURA 25.
Centro de treinamento de
pecuaristas – CTP/ Castro PR.

Crédito: Carlos A. F. Biasi

sala de ordenha (10%) e utiliza também o digestato produzido (biofertilizante) nas lavouras
de milho e pastagens. A área de pastagens utilizada pelo ctp para a bovinocultura de leite
possui 15,5 hectares e nela estão alojadas 100 vacas, das quais 50 em lactação. O biodigestor
existente é do tipo canadense.
O custo de implantação do biodigestor e as adaptações para o gás ser utilizado nos fo-
gões no ctp atingiu o valor de R$ 12.000,00 sendo realizadas estas obras no ano de 2008.
A produção diária de biogás é de 40 m³ e a economia com os biofertilizantes equivale
a aproximadamente R$ 10.000,00 /ano. A economia gerada com o biogás é de R$ 5.000,00
anualmente, com uma utilização durante 10 meses do ano, pois a região possui um inverno
rigoroso.
As informações levantadas no Centro de Treinamento de Pecuaristas servem como re-
ferência para o uso do biogás em Centros de Treinamentos e Colégios Agrícolas pois pode-
riam permitir uma redução de custos nestas entidades.

Sociedade Educacional Três de Maio (SETREM) – Três de Maio/RS


Outra visita realizada durante o presente trabalho foi junto a Sociedade Educacional Três
de Maio – setrem localizada no município de Três de Maio no Rio Grande do Sul. No espa-
ço físico do setrem está instalado um biodigestor modelo canadense produzindo biogás e
biofertilizante. O trabalho relacionado ao Programa de Biodigestores envolve os cursos de
Agronomia (pesquisa a utilização do digestato como biofertilizantes e alimentação animal),
Engenharia da Produção (são trabalhados tipos de biodigestores e a microbiologia envolvi-
da na digestão anaeróbica dos diferentes modelos estudados), Sistema de Informação (uso

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 105


FIGURA 26.
Vista dos biodigestores e das
instalações para bovinos –
SETREM.

Crédito: Abner G. Picinatto, 2016.

de Software, hardware e comunicação), Técnico em Mecânica (pesquisas relacionadas com


o desenvolvimento de motores a biogás e de geradores elétricos), Enfermagem (diagnósti-
cos e avaliações sobre problemas relacionados a destinação final inadequada dos resíduos)
e o curso Pedagogia (o ensino e aprendizagem e elaboração de matérias a serem utilizados
nos trabalhos do setrem com o biogás). O programa surgiu a partir da identificação da situ-
ação da qualidade da água em município da região Nordeste do Rio Grande do Sul.
Para a viabilização da produção do biogás, a setrem utiliza o efluente do plantel de 40
vacas de leite, das quais 28 em lactação e 30 novilhas (dados de 2016) como substrato para
a digestão anaeróbica. O biogás gerado é utilizado para o aquecimento de água de lavagem
das instalações dos bovinos (sala de espera e de ordenha), assim como em uma pequena
agroindústria existente no local substituindo o gás liquefeito de petróleo (glp) na cocção
dos alimentos, entretanto não há produção de energia elétrica a partir do biogás produzido.
O investimento na construção do biodigestor e encanamentos para utilização do gás
produzido atingiu o montante de R$ 150.000,00, tendo sido realizado no ano de 2012 (Fi-
gura 26).
O exemplo do setrem poderia ser utilizado em diversos universidades, faculdades e es-
colas técnicas com amplo aproveitamento para cursos de ciências agrárias, meio ambien-
te, engenharia entre outros, além de contribuir para a redução de custos das instituições e
aproximar as universidades dos agricultores pelo estímulo ao processo de capacitação que
as instalações e o conhecimento dos professores universitários possibilitam.

106 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Além destas atividades desenvolvidas no campus do setrem em Três de Maio, foi reali-
zado o “Projeto de extensão em escolas do município de Coronel Barros – RS”, trabalhando
a construção de mini biodigestores (Figura 27). Estes equipamentos são utilizados demons-
trativamente em feiras agropecuárias, cursos, fóruns de discussão, projetos de extensão em
escolas municipais e palestras ministradas no setrem com o objetivo de levar aos agricul-
tores e alunos da região a experiência do setrem na pesquisa e desenvolvimento do biogás
em universidades. Todos os recursos necessários aos investimentos na pesquisa, desenvol-
vimento e aquisição dos equipamentos foram do setrem.
FIGURA 27.
Projeto de extensão em uma
escola de Coronel Barros –
SETREM.

Crédito: SETREM, 2017.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 107


Centro Universitário UNIVATES – Fundação Vale do Taquari de Educação
e Desenvolvimento Social (FUVATES). Parque Científico e Tecnológico –
TECNOVATES
O parque tecnovates está instalado na univates, em Lajeado, com foco em energias
renováveis e alimentos. Está organizado em três estruturas: inovates – Centro de Inovação
Tecnológica, incubadora tecnológica da univates com foco em energias renováveis e ali-
mentos; Centro Tecnológico de Pesquisa e Produção de Alimentos (ctppa) e a Unidade de
Encantado – Planta Piloto de Produção de Biogás.
O inovates instalou em 2009 o Laboratório de Biorreatores da univates, com apoio
da Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul,
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e a Fundação de
Amparo à pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – fapergs. “É” vinculado ao curso de
Engenharia Ambiental e ao Mestrado e Doutorado em Ambiente e Desenvolvimento e de-
senvolve pesquisas na área de energias renováveis, especificamente na geração de biogás
através do processo de digestão anaeróbia. Este laboratório foi credenciado em 2015 na anp
como laboratório de avaliações de biomassa para produção de biogás e biometano e avalia-
ções de motores gnv e biometano.
O inovates criou em 2016 o Centro de Estudos em Biogás e Energias Renováveis ceber,
numa ação em parceria com a Ecocitrus, Naturovos e a semant Serviços Industriais e Am-
bientais Ltda. O ceber destina-se a avaliar a produção de biogás de diferentes tipos de bio-
massas, com ou sem adição de materiais orgânicos, oriundos das mais diversas fontes, que
possuem capacidade de serem convertidos em biogás e está instalado numa área de aproxi-
madamente 2.000 m² no campus da univates localizado no município de Encantado/RS dis-
tante 33 km do campus de Lajeado/RS. Conta com estrutura de equipamentos para digestão
anaeróbica – reator de 2 m³, controle de temperatura e agitação, medidor de vazão, analisador
de qualidade de gás, gasômetro para armazenamento e flare (queimador). Também foram
instalados em 2017 mais dois reatores com capacidade de 8 m³ cada e mais um gasômetro
com capacidade de armazenamento de 100 m³ de biogás.
O inovates, numa parceria com a SulGás elaborou o Atlas das Biomassas do Rio Grande
do Sul para produção de biogás e biometano, publicado pela Editora univates em 2016,
que reúne informações acerca das fontes de biomassa em todo o estado. O estudo foi rea-
lizado a partir de um levantamento baseando-se nas 28 regiões dos Conselhos Regionais
de Desenvolvimento (coredes). Estima-se que o montante disponível de biomassa no Rio
Grande do Sul seja em torno de 85,7 milhões de toneladas ao ano, com as biomassas com

108 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


maior representatividade destacam-se dejetos de bovinos, suínos e de aves. Calculou-se que
elas teriam um potencial de geração de biogás estimado em torno de 9 milhões de m³/dia
ou 5,4 milhões de m³/dia de biometano.
Também em 2016, o tecnovates aprovou através do Edital do pgtec o projeto: Tra-
tamento anaeróbio de biomassas residuais com foco na geração de energia renovável. O
trabalho será realizado em parceria com a Cooperativa Languiru, com recursos do gover-
no estadual via o pgtec. As principais metas deste projeto são: a) caracterizar biomassas
residuais que possam ser aproveitadas para a produção de biogás, tendo-se como base as
atividades da Cooperativa Regional; b) realizar ensaios laboratoriais identificando o poten-
cial de geração de biogás das biomassas disponíveis; c) realizar ensaio de codigestão das
biomassas em escala piloto; d) utilizar o biogás dessulfurizado como combustível para a
geração de energia térmica e elétrica, comparando a eficiência na geração de energia utili-
zando biometano; e) utilizar o biometano como combustível veicular e realizar avaliações;
e f) transferir conhecimentos sobre as técnicas de produção, dessulfurizarão, purificação e
utilização do biometano para a comunidade regional.
A univates se destaca também no uso de energias renováveis no seu campus. Todo o
tecnovates “é coberto” por aproximadamente 1.000 placas solares, que geram energia
suficiente para atender todo o centro. O projeto original previa a instalação de 7.000 placas
solares para suprir de energia elétrica todo o centro universitário, porem com o preço da
energia mais barato quando comprado em leilões foram instaladas somente 1.000 placas,
que além de fornecerem energia servem para estudos em energia solar fotovoltaica nos cur-
sos da universidade.

5.2. Energia solar fotovoltaica


Autores: Carlos A. F. Biasi, Prof. Dr. Adriano Moehlecke, Profa. Dra. Izete Zanesco

Como foi explicitado anteriormente na área rural o crescimento do uso de sistema fo-
tovoltaicos ainda é pequeno, entretanto constata-se que os agricultores independentes do
tamanho das propriedades têm manifestado interesse em relação ao tema, buscando infor-
mações técnicas e econômicas, pois o sistema tem se mostrado atrativo o que motiva uma
possível adoção nas propriedades rurais.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 109


No trabalho realizado na Região Sul do Brasil não houve a identificação em Santa Cata-
rina de propriedades rurais com instalação de sistemas fotovoltaicos. No Paraná, por meio
da Emater-PR e da copafi (Francisco Beltrão), foram identificadas duas propriedades com
o uso/ instalação dos sistemas fotovoltaicos, uma em Santa Maria do Oeste e outra em Fran-
cisco Beltrão. Ambas com sistemas instalados e operando. Foram financiadas com recursos
do Pronaf Mais Alimentos.
No Rio Grande do Sul, conforme informações recebidas da Emater/RS há 17 proprieda-
des rurais com sistemas fotovoltaicos em operação, conforme a Tabela 19.
TABELA 19. Quantidade
Propriedades rurais com Fonte dos recursos Fonte dos recursos
Município do Rio Quantidade de de sistemas
sistema fotovoltaicos em financeiro para financeiro para
Grande do Sul sistemas isolados conectados à rede
operação no Rio Grande do Sul. investimento investimento
de distribuição
feaper (4), RS
Mostardas 9 Biodiversidade (2), 1 pronaf
Próprios (3)
pronaf (1), Recur-
Tavares 1 RS Biodiversidade 2
sos próprios (1)

Ivoti 1 Verdes Sinos

Pinhal da Serra 2 pronaf

Palmares do Sul 1 RS Biodiversidade

Três Cachoeiras 1 feaper

Cachoeira do Sul 1 feaper

total 12 5
Fonte: Emater / RS em 31/03/2017.

No caso de sistemas fotovoltaicos em instalação ou em liberação de recursos de finan-


ciamento, segundos dados da emater-RS, foram identificadas 39 propriedades rurais, con-
forme mostra a Tabela 20.
Os agricultores que instalaram os sistemas fotovoltaicos possuem propriedades com
diversos tamanhos e dedicam-se a explorações diversas como gado de corte, ovinos, fumo,
milho e soja. Entre as propostas de utilização desses sistemas nas propriedades rurais des-
taca-se o uso da energia elétrica para forno de fumo, secador de grãos, câmaras frias, resfria-
dores. Alguns destes investimentos representam financiamentos de até R$ 165 mil reais por
parte dos agricultores, apoiados pelo pronaf.

110 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


TABELA 20.
Sistemas conectados à rede de
Sistemas isolados Propriedades rurais com
distribuição
sistema de geração de energia
Município Fonte dos recursos Fonte dos recursos solar fotovoltaica em instalação
Quantidade financeiro para Quantidade financeiro para ou em liberação de recursos no
investimento investimento Rio Grande do Sul.
feaper (7), pronaf eco (2),
Mostardas 8 3
pronaf (1) pronamp (1)
pronaf eco (1),
Tavares 1 próprio 2
inovagro (1)

Palmares do Sul 2 próprio 1 pronaf eco

Maquiné – – 1 pronaf eco

Barão do Triunfo – – 2 pronaf eco

Tapes – – 1 pronaf eco

Cachoeira do Sul – – – –

Arroio dos Ratos – – 1 pronaf eco

Cristal 1 feaper – –

Horizontina – – 1 pronaf eco

Tuparendi – – 1 pronamp

pronaf eco (1),


Pinhal da Serra – – 2
pronamp (1)

Casca – – 1 pronaf eco

Ijui – – 1 pronaf eco

Vale do Sol 1 pronaf eco – –

Sinimbu 2 pronaf eco – –

Pinhal da serra 2 pronaf eco – –

Nova Hartz – – 1 feaper

Sapiranga – – 1 feaper

Santa Maria – – 1 pronaf eco

TOTAL 17 – 22 –
Fonte: Emater/RS em 31/03/2017.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 111


De acordo com a empresa Marsol Eficiência Energética e Soluções Sustentáveis, de Fre-
derico Westphalen/RS, foi instalado um equipamento solar fotovoltaico com 1,56 kWp no
município de Chapada e mais dois estão em fase de instalação em nos municípios de Erval
Seco e Cerro Grande com a mesma potência.
Outra experiência importante com o uso de sistemas fotovoltaicos no Rio Grande do Sul
é a desenvolvida na vinícola Guatambu Estancia de Vinho, no município de Dom Pedrito,
onde a energia solar supre 100% do consumo de energia elétrica da propriedade. O projeto
inicial foi implantado em fins de 2014 e previa um sistema on-grid de 18 módulos de 245 W
cada totalizando uma potência total de 4,41 kWp. Este projeto estava ligado diretamente à
rede de energia do prédio, e o sistema não injetava energia na rede devido ao alto consumo
do estabelecimento.
Posteriormente foi instalado um parque solar com 600 módulos fotovoltaicos que servi-
rão para suprir 100% da demanda energética do empreendimento, tornando-se a primeira
vinícola da América Latina utilizando a energia solar para suas necessidades energéticas.
O investimento realizado de R$ 1,5 milhões tem previsão de retorno em oito anos. Além
de economia de energia elétrica (redução de R$ 12.000,00 a R$ 18.000,00 para 10% deste
valor considerando a demanda contratada e os impostos). O sistema registra a economia na
emissão de CO2 e devolverá à rede de energia a produção sobressalente que não for utiliza-
da. O consumo no pico é de 20 mil quilowatts por mês. A instalação do sistema fotovoltaico
permitirá uma economia financeira e de energia. Os módulos fotovoltaicos também servem
como cobertura do estacionamento, na entrada da propriedade. Em 2017 a empresa rece-
beu o Selo Solar do ideal.
Para o levantamento de dados do uso de energia solar fotovoltaica na área rural da Re-
gião Sul do Brasil, foram realizadas quatro visitas no Rio Grande do Sul e uma no Paraná,
sendo que três ocorreram em propriedades agrícolas e duas em residências de pescadores
artesanais.
Objetivando facilitar a compreensão dos leitores as informações sobre as visitas realiza-
das foram divididas em duas abordagens, a saber: agricultores e pescadores.

5.2.1. Agricultores
As propriedades dos agricultores visitados possuíam áreas variando entre 2 e 54 hec-
tares e as principais atividades agrícolas desenvolvidas eram o plantio de arroz irrigado,

112 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


mandioca e milho e olericultura (hidropônica e estufas). Na pecuária dedicavam-se ao gado
de corte e leite. Em uma das propriedades ainda eram explorados 2.000 pés de pinus para
extração da oleoresina (aplicável na indústria química), assim como realizados serviços de
armazenagem e secagem de grãos com silo de 10.000 sacos e uso de bombas de irrigação
com os equipamentos fotovoltaicos instalados (Figura 28).

FIGURA 28.
Vista da propriedade de Gilmar
Rex – Horizontina/RS.

Crédito: Carlos A F Biasi.

Entre as benfeitorias e equipamentos disponíveis se destacam equipamento para or-


denha, cerca elétrica, trator, resfriador, silo (10.000 sacos), bombas de irrigação, galpões e
estábulos.
As 3 propriedades agrícolas visitadas possuíam 6 residências, 2 freezers, televisão, 02
micro-ondas, 8 televisões, 2 computadores e 2 aparelhos de ar condicionado, 3 chuveiros
elétricos. As três propriedades estavam ligadas a rede elétrica da permissionária.
Questionados sobre a utilização da energia solar nas propriedades, os entrevistados
responderam que o principal uso era doméstico (aquecimento de água da casa, ilumina-
ção e uso de aparelhos domésticos) e agrícola (bombeamento de água para lavouras ou
movimentação de água para sistema de hidropônico) com reflexos na redução dos custos
de produção.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 113


Entre os motivos determinantes para utilização do sistema fotovoltaico o principal item
destacado foi o econômico (redução dos custos com energia – aumento excessivo no preço
kWh pela concessionária no ano de 2013/2014 (R$ 0,20 para R$ 0,42) e agregação de renda
pelo acesso à energia com custo mais baixo. Em relação à questão ambiental, foi menciona-
da apenas por um dos agricultores visitados.
Analisando a situação dos entrevistados antes do uso do sistema fotovoltaico foi cons-
tatado que o acesso à energia elétrica e a sua utilização na propriedade agrícola ocorria por
conexão à rede da concessionária.
Em relação à assistência técnica verificou-se que no Paraná é prestada por empresas de
revenda dos equipamentos. No Rio Grande do Sul a Emater/RS possui um trabalho em vá-
rias regionais. Além do trabalho motivador e de apoio creditício e técnico da Emater/RS há
a assistência prestada pela ceee. As empresas revendedoras dos equipamentos também
elaboram projetos e prestam assistência técnica na instalação dos equipamentos.
Na aquisição dos equipamentos, dois agricultores utilizaram financiamento do pronaf
Mais Alimentos e um do Pronaf – Eco. Em todos os financiamentos houve a obrigatoriedade
de realização de seguro contra eventuais danos.
Realizando uma análise sobre o uso do equipamento verifica-se que há uma variação
significativa em seu uso de 6 a 18 horas com o consumo de energia variando de 187 kWh/
mês a 300 kWh/mês.

FIGURA 29.
Propriedade de
Antonio Godinho.

Crédito: Abner G. Picinatto.

114 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Na análise econômica realizada por um dos proprietários entrevistados em que houve a
instalação de 32 módulos de 250 WP para produção estimada de 12.500 kWh/ano poderia
atingir uma economia anual estimada de R$ 5.720,00.
Um dos agricultores informou que o valor pago com a tarifa de energia elétrica antes da
instalação era, em média, de R$ 500,00/mês. Na ocasião da visita à propriedade o valor pago
em média situava-se em R$ 180,00, havendo a possibilidade de atingir o valor mínimo da
tarifa praticado no estado (R$ 50,00) em função da compensação.
O terceiro agricultor realizou a instalação de 20 módulos fotovoltaicos de 265 WP²/placa
totalizando a uma potência instalada de 5,3 KWp/dia com capacidade de produzir em mé-
dia 800 kWh/mês de energiav elétrica, entretanto estava gerando somente 500 kWh/mês.
Este agricultor, que no mês da visita tinha um consumo de R$ 380,00/mês, por realizar a
compensação estava pagando a concessionária o valor de R$ 155,00/mês.

5.2.2. Pescadores
As visitas a locais com uso de sistemas fotovoltaicos por pescadores ocorreram nos mu-
nicípios de Tavares (1 pescador) e Mostarda (1 pescador) no Rio Grande do Sul. Os entrevis-
tados possuíam como atividade principal a pesca artesanal, entretanto os espaços residen-
ciais apresentavam características bastante diferenciadas. O pescador de Mostardas residia
em uma área de marinha em que não havia acesso à energia elétrica em face de proibições
de caráter ambiental. O pescador do município de Tavares/RS residia na sede do município
e além da atividade pesqueira possuía uma área de 60 ha dos quais 30 hectares eram arren-
dados, em 1 hectares havia uma lavoura de cebola e os demais 29 hectares não era permitida
a exploração também por motivos ambientais.
O morador de Mostardas residia em um espaço de aproximadamente 5.000m² em que
havia uma única residência que contava com um aparelho de TV, 05 lâmpadas, uma ge-
ladeira e um freezer para armazenamento do pescado, além de um pequeno galpão para
guarda do material de pesca.
O pescador de Tavares possuía uma estrutura caseira completa com eletrodomésticos,
(forno, amassadeira de pão, torneira elétrica e jarra elétrica entre outros), televisão. No terre-
no haviam duas residências (3 pessoas) e um galpão para guarda dos equipamentos de pesca.
Em relação à utilização da energia solar nas residências, os entrevistados responderam
que o principal uso era doméstico (aquecimento de água da casa, iluminação e uso de apa-
relhos domésticos) e manutenção/conservação do pescado. Outro motivo determinante foi

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 115


o econômico (aumento dos custos da energia elétrica, possibilidade de redução dos custos
com energia e a agregação de renda pelo acesso à energia com custo mais baixo, bem como
a ampliação do período de comercialização do pescado).
Antes do acesso à energia elétrica um dos pescadores possuía sua residência ligada à
rede da concessionária e o outro utilizava lampiões com gás de cozinha.
A assistência técnica e creditícia era realizada pela Emater/RS com o apoio do ideaas e
da empresa responsável pelos equipamentos (módulois, inversores e etc.).
O uso da energia elétrica produzida pelo sistema fotovoltaico em uma das residências
variou de 06 horas no inverno a 10 horas no verão com efetiva produção média de 33 kWh.
Na outra o uso era de 24 horas com produção diária de 3,0 kWh.
Em relação aos custos de implantação do sistema verificou-se que o pescador Mostardas
teve um custo de R$ 10.000,00 com a instalação dos seguintes painéis solares: de 2 módulos
de 250 Wp, mais 02 módulos de 100 Wp e um módulo de 50Wp além de um inversor PWM
2000 W (4000 Watts pico) (PC8 2000T) e 08 baterias. Este pescador utilizou os recursos do
feaper e pagará o equipamento em 5 anos com possibilidade de rebate de 8% para paga-
mento em dia. O consumo médio anual de energia situava-se em 187kWh/mês.
Em relação ao pescador de Tavares o custo de implantação do sistema com recursos pró-
prios foi de R$ 21.000,00 com a instalação 10 módulos fotovoltaicos de 250WP cada, 1 inver-
sor de 1600 Watts (B&B Power – moso) 01 Medidor bidirecional. O consumo médio anual de
energia situava-se em 300 kWh/mês e utilizava o sistema de compensação.
Em relação aos equipamentos utilizados verificou-se que possuem garantia do fabrican-
te, de até 10 anos para o inversor e 25 anos para os módulos fotovoltaicos (em 25 anos é
obrigatório que os módulos fotovoltaicos tenham garantia mínima de 80% de eficiência,
sendo que a garantia contra defeitos de fabricação é de 10 anos). A garantia dos módulos
fotovoltaicos é padrão e dos inversores é variável de acordo com a empresa, mas deve ser de
no mínimo 5 anos. O sistema de fixação tem 10 anos de garantia da empresa instaladora.
Quanto aos problemas com a rede, a partir do ponto de conexão com a rede de distribuição,
a responsabilidade é das empresas concessionárias de energia elétrica da região.
Na avaliação dos agricultores o sistema pode ser pago em 7 a 8 anos de acordo com as
possibilidades de compensação da energia elétrica.
Ainda deve ser destacado o uso social que a energia solar fotovoltaica possibilitou a um
dos pescadores por meio da iluminação na residência, o acesso à informação (Rádio e TV)
e aos bens de consumo (freezer, geladeira, ventilador) em áreas que as permissionárias não
podem disponibilizar a energia por impedimentos ambientais (beira do mar).

116 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Analisando os sistemas implantados pelos entrevistados constatou-se que os equipa-
mentos utilizados para a produção de energia elétrica a partir da energia solar eram os apre-
sentados na Tabela 21.
TABELA 21.
Equipamentos Placas Modelos Instalados Equipamentos identificados
junto aos entrevistados.
Sistema Instalado 02 a 80 (2 grid) • Yingli Solar – YL250P-29b de 250Wp
• Chinaland Solar Energy CO, LTD de 265 Wp
• CHN 2 e 30-M94 – 230 WP
Inversor B&B – SF 3000 TL – 3000 CW • FRONIUS IG PUS 100V-3 – 8.000 W output
Transformador output

Placa Solar OFF GRID 01 Chinalando Solar Energy • Placas Yingli Solar de 140 a 55 Wp
(sistema isolado) CO.,LTD de 265 Wp

Bateria 12 v ACDelco Freedom • BAT Flex – BFM 150 AHD/BFM 150 AHE
ACDES170ah
Relógio Medidor* Bidirecional Landis Gyr
(*) Os relógios medidores são fornecidos pelas concessionárias (COPEL/ ceee).

As ligações implantadas ocorreram principalmente em 2016 e a compensação variava


de acordo com o consumo da propriedade.
No Rio Grande do Sul o governo estadual apoia a implantação de projetos fotovoltaicos
através do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos
Rurais (feaper) que é uma ferramenta da política creditícia, em consonância com a política
de desenvolvimento agropecuário do Estado do Rio Grande do Sul, vinculada e coordenada
pela Secretaria do Desenvolvimento Rural e Cooperativismo – SDR.
Podem acessar esse fundo os agricultores familiares que possuam a Declaração de Ap-
tidão ao Pronaf (dap), Pecuaristas Familiares, Pescadores Profissionais Artesanais, Indíge-
nas, Quilombolas, assestados da reforma agrária e suas respectivas organizações.
O limite máximo de financiamento por pessoa física é de R$ 10.000,00, sendo que as or-
ganizações da agricultura familiar podem acessar os recursos para implantação de projetos
de infraestrutura com valor superior a este, desde que o valor por beneficiário direto (sócios,
cooperados, associados, etc.) também não ultrapasse os R$ 10.000,00.
O prazo de pagamento é de até três anos de carência e até cinco anos para amortização,
sendo que o prazo máximo não pode ultrapassar os oito anos. Projetos com carência devem
ter justificativa técnica. Os projetos de crédito são elaborados pelos órgãos de assistência
técnica como por exemplo a emater/RS.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 117


Não há juros contratuais para os projetos financiados através do feaper. O Fundo tam-
bém prevê o Bônus de Adimplência onde são concedidos descontos de até 80% sobre o valor
da parcela, quando a mesma é quitada até a data de vencimento.

5.3. Energia eólica

Como citado em capitulo anterior o uso da energia eólica nas propriedades agrícolas no
Sul do Brasil praticamente inexiste. Identificam-se os modelos denominados “cataventos”
utilizados principalmente para produção de energia hidráulica. Os aerogeradores podem
ser encontrados nas grandes propriedades ou nas propriedades em que a Embrapa Clima
Temperado desenvolve projeto de pesquisa desde o final de 2013 e que pode ser classificado
como uma estação hibrida, cujo foco é aliar a produção eólica e a fotovoltaica.
A condução da pesquisa desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado ocorre em parce-
ria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul Rio-grandense (ifsul) e a
Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (ex- fepagro) A associa-
ção da produção eólica e fotovoltaica busca também determinar a eficiência e o rendimento
dos equipamentos conectados à rede (grid-tie) disponíveis no mercado brasileiro, em pro-
priedades rurais de base familiar.
Neste trabalho foram instalados seis conjuntos mistos de geração de energia renovável,
sendo quatro ligados à rede da ceee, em Pelotas: Estação Experimental da Cascata (Embra-
pa Clima Temperado), Campus cavg (Colégio Agrícola) do ifsul, onde são coletados dados
e analisado o comportamento dos equipamentos mais proximamente; São Lourenço: Co-
munidade Quilombola Monjolo, em que o sistema está ligado na propriedade de um dos
agricultores e em Candiota na propriedade de um agricultor assentado. Nos municípios de
Santa Cruz do Sul e Seberios conjuntos não estão instalados com ligação a rede e localizam-
se em cooperativas de pequenos agricultores.
Nas unidades é realizada a análise agrometeorológica com o objetivo de medir a energia
disponível em cada propriedade e verificar a viabilidade econômica e a eficiência da geração
de energia alternativa. A energia gerada no sistema é conduzida para a rede de distribui-
ção da estação, medindo-se a quantidade produzida e avaliando-se o potencial como fonte
adicional de geração de renda, resultante da venda da energia gerada ou como redutor da
quantidade de energia adquirida do distribuidor.

118 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FIGURA 30.
Sistema instalado na
Comunidade Quilombola
Monjolo.

Crédito: Embrapa Clima


Temperado, 2017.

Este projeto conseguiu alguns resultados importantes para o estado e para as empre-
sas, como as primeiras instalações oficiais on grid pela Companhia Estadual de Energia
Elétrica – ceee, o auxílio na atualização da norma técnica da ceee para instalações de mi-
crogeração, a primeira instalação em redes com sistema monofilar com retorno por terra
‘monobucha’ (adequação do inversor e dos painéis), as relações preliminares dos gerado-
res com as variáveis meteorológicas locais, auxilio no desenvolvimento dos equipamentos
(aerogeradores), informações sobre a eficiência e rendimento de cada equipamento e a
determinação do potencial gaúcho de geração na pequena propriedade. Agora o projeto
vai instalar estações experimentais em propriedades da agricultura familiar no Paraná, po-
rém somente com energia solar fotovoltaica. O projeto não é específico para energia eólica,
porém como citado está desenvolvendo pesquisas com o uso de aerogeradores de pequeno
porte de fabricação nacional.
No acompanhamento a campo foi realizada uma visita no município de São Lourenço
do Sul/ RS no Quilombo Monjolo. Com o apoio do pesquisador da Embrapa Clima Tempe-
rado, foram também levantadas informações na propriedade no Município de Candiota,
mais especificamente no Assentamento 20 de Agosto. Em ambas as propriedades há um

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 119


FIGURA 31.
Sistema instalado na Embrapa
Clima Temperado.

Créditos: Embrapa Clima


Temperado, 2017.

sistema integrado de geração de energia eólica e solar fotovoltaica, composto por dois ge-
radores eólico com (1kW) de potência aproveitando a energia do vento e outro, um gerador
fotovoltaico (1kW) que aproveita a energia solar.
No sistema estão instaladas quatro placas Chinaland Solar Energy co, ltd; – de 265 Wp,
dois inversores, sendo um inversor solar: Growatt 1500S 1600W output; Inversor eólico: con-
junto Aurora Power-One PVI-7200-Wind-Interface 7.2 kW (interface) mais o inversor Aurora
Power-One uno-2.0-i-outd-w; 1 turbina eólica – enersud Gerar 246 1 kW; um Relógio Me-
didor Bidirecional: Landis Gyr+, fornecido pela ceee – Companhia Estadual de Distribui-
ção de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul e uma estação meteorológica automática com
funcionamento pretendido para 24 horas, mas dependente da existência de sol e/ou vento.
A ligação é direta a rede da distribuidora energia (Grid Tie) O sistema é monofásico – 220 v.
Na comunidade Quilombola Monjolo, formada por 17 famílias residentes em 30 hec-
tares e dedicando-se à produção agrícola de base orgânica está instalado um dos sistemas
antes mencionado. A energia elétrica produzida é consumida pela propriedade e o exce-
dente é injetado na rede de distribuição, sendo que o valor compensando na fatura desse
produtor é repassado e dividido entre todas as propriedades. A demanda da propriedade é
pequena sendo a energia utilizada para a iluminação da residência e o aquecimento da água

120 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


do chuveiro. A comunidade é pequena e as atividades desenvolvidas são para subsistência
da comunidade e a renda das famílias é proveniente da produção de produção orgânica,
milho, feijão, frutas. Também fazem artesanato e produzem alguns tipos de pães e doces
para vender aos visitantes e vizinhos.
A propriedade acompanhada pela Embrapa Clima Temperado no assentamento possui
uma área de 5 hectares, possuindo 2.000 m² de cerca elétrica, pocilga para criação e termi-
nação, galpão, estábulo, esterqueira e tanque de peixes. Entre os equipamentos podem ser
citados um motor aerador para piscicultura, micro trator, resfriador, ordenhadeira e bate-
dor de cereais. A principal atividade é a exploração leiteira e o uso da energia está voltado
para atividades agrícolas, domésticas e “comercial” (compensação de energia).
O principal motivo para buscar o uso energia solar e eólica tem relação com a oportuni-
dade de participar de um programa governamental desenvolvido pela Embrapa Clima Tem-
perado, aliado à ajuda da comunidade no teste dos equipamentos.
A assistência técnica no uso dos equipamentos é prestada pela ceee, Embrapa Clima
Temperado e ifsul contando também com o apoio do Movimento dos Pequenos Agricul-
tores (mpa). O custo dos equipamentos situou-se em torno de R$ 65.000,00 (sistema solar
fotovoltaico e sistema eólico) e os recursos são oriundos de um convênio mda e Embrapa
Clima Temperado, a quem os equipamentos pertencem. A proposta é que a produção de
energia elétrica se torne uma fonte de renda para os quilombolas e produtores assentados,
não diretamente em dinheiro, mas na redução dos custos na propriedade com energia.
Nas duas propriedades acompanhadas, os sistemas de produção de energia estão co-
nectados a rede elétrica e os equipamentos existentes são para uma potência instalada total
de 2,32 kWp, sendo 1,32 kWp/dia do sistema solar e 1 kW do sistema eólico, que funcionam
24 horas diárias, representando uma produção diária de 100 WH/mês. A energia produzida
é compensada resultando no valor médio de R$ 75,00 / mês para o agricultor.
Nos estados de Santa Catarina e Paraná não foram identificadas propriedades que utili-
zam a energia eólica isoladamente ou associadas à energia solar fotovoltaica.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 121


OUTRAS EXPERIÊNCIAS
6
Embora pouca difundida no Brasil, a tecnologia do biogás tem apresentado evoluções
nos últimos anos. Neste capitulo são apresentadas algumas experiências que ilustram os
avanços ocorridos e a diversidade de possibilidades em diferentes escalas de produção.
Nas experiências apresentadas é possível identificar que os benefícios ambientais são
expressivos, pois os resíduos após passarem pelo processamento da digestão anaeróbica
apresentam uma carga poluente mais baixa que a inicial e indiretamente melhorando as
condições sanitárias das propriedades agrícolas.
Os depoimentos dos agricultores que utilizam o biogás, especialmente das mulheres
têm sido extremamente positivos, pois o tratamento dos resíduos diminui a exposição dos
moradores da propriedade aos vetores patogênicos (ratos e moscas) e reduz os odores desa-
gradáveis. Este fator pode ser futuramente motivador para que filhos e filhas de agricultores
assumam a sucessão da propriedade.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 123


6.1. Condomínio de Agroenergia Ajuricaba

Condomínio de Agroenergia Ajuricaba destaca-se por ser um projeto pioneiro na região


oeste do Paraná e por apresentar um arranjo tecnológico diferenciado e inovador. Os bene-
fícios do arranjo são: a) uso de biogás para cocção, b) produção de fertilizante orgânico para
ser utilizado na propriedade c) geração de energia elétrica d) uso de biogás como energia
térmica em caldeiras e) destinação ambientalmente correta para os dejetos suínos. Na Fi-
gura 32 é possível observar a localização do Condomínio que fica no município de Marechal
Cândido Rondon/PR, as propriedades rurais envolvidas e a rede coletora de biogás.

FIGURA 32.
Localização do Condomínio Legenda:
Ajuricaba.

Fonte: Cibiogás, 2017.

124 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


As 25 propriedades da linha Ajuricaba participantes do projeto, apresentam duas mo-
dalidades de produção animal, a suinocultura e a bovinocultura leiteira. A suinocultura, de
forma geral, adota o sistema de produção de terminação e creche. O sistema de produção de
bovinos de leite adotado é semi-intensivo, ou seja, as vacas leiteiras permanecem parte do
tempo na sala de ordenha e o restante do tempo de forma extensiva, em pasto.
Os produtores de biogás são conectados através de uma rede coletora de biogás. O bio-
gás é conduzido para uma central, onde é armazenado e purificado, removendo gás sulfídri-
co e parte do dióxido de carbono. O biogás tratado é comprimido e transportado para uma
cooperativa agroindustrial, parceira do projeto e dos produtores, para substituição parcial
da lenha consumida na unidade.
O projeto é um importante marco da produção descentralizada de biogás, da partici-
pação da agricultura familiar na economia do biogás e das redes coletoras de biogás como
tecnologia sócio ambiental.
A operacionalização deste condomínio ocorre através de parceria entre Itaipu Binacio-
nal, Associação de Produtores de Biogás da Linha Ajuricaba, Prefeitura Municipal, Copagril
e Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás | cibiogas-ER.

6.2. Condomínio de Agroenergia de Entre Rios


do Oeste/Paraná

O projeto de P&D “Arranjo técnico e comercial de geração distribuída de energia elétrica


a partir do biogás de biomassa residual da suinocultura em propriedades rurais no municí-
pio de Entre Rios do Oeste, Paraná”, propõe modelar uma solução para sanar os problemas
ambientais ocasionados pela prática produção intensiva da suinocultura, de modo que o
passivo ambiental gerado pela atividade seja convertido em um ativo energético.
O arranjo proposto consiste na implantação de biodigestores em 19 propriedades rurais
do município de Entre Rios do Oeste, as quais farão uso do biofertilizante resultante do
processo de tratamento da biomassa residual animal da atividade suinícola, e também in-
jetarão o biogás produzido em uma rede coletora de biogás, na qual o gás é transportado até
uma Microcentral Termoelétrica (mct) e convertido em energia elétrica por meio de dois
grupo motogeradores que somados garantem uma potência instalada de 480kW.
A mct deve operar em paralelo e em sincronia com a rede de distribuição da Copel, po-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 125


dendo servir tanto para atender a toda a demanda permanente das atividades municipais,
como ser acionada para compensar possíveis faltas de energia nos horários de sobrecarga
e de ponta. É importante destacar também que ao optar por concentrar as operações de ge-
ração em uma mct a biogás, o modelo proposto estimula uma só necessidade de conexão à
rede de distribuição, ao invés de todas as potenciais conexões, caso todos os produtores da
área de abrangência do projeto se dispusessem a gerar energia com o biogás que produzem.

6.3. Condomínio de Agroenergia Itapiranga/SC

O projeto “Arranjo técnico e comercial para geração de energia elétrica conectada à rede
a partir do biogás oriundo de dejetos de suínos no município de Itapiranga, oeste de Santa
Catarina” foi idealizado pela Eletrosul e tem como parceiros a ufsc, Universidade Federal
de Santa Maria (ufsm), Fundação Certi, Instituto de Tecnologia Aplicada a Inovação (itai),
Fundação Parque Tecnológico Itaipu (Fpti) e Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuá-
rias (embrapa).
O projeto está pautado na intenção das partes interessadas em impulsionar a geração de
Energia Elétrica a partir do biogás, em especial nas regiões de alta concentração de produ-
ção de biogás.
Uma das matérias primas mais promissoras para a produção do biogás são os resíduos
da agropecuária, como da suinocultura e bovinocultura de leite, atividades que represen-
tam a economia de muitos municípios, como é o caso de Itapiranga- SC, na qual um dos
subprodutos para resolução dos problemas ambientais gerados pela criação intensiva de
suínos é o biogás.
O saneamento rural ainda é uma área bastante carente de projetos e investimentos eco-
nomicamente sustentáveis. A proposição do projeto confere ao elevado potencial de maté-
ria-prima para geração de biogás, recuperação energética da suinocultura, possibilidade de
replicação do projeto em outras regiões, saneamento rural sustentável, agregação de valor
para a propriedade rural e ao subproduto gerado: o biofertilizante, além do estímulo à cria-
ção de uma cadeia voltada para o mercado do biogás em Santa Catarina através da geração
de Energia Elétrica.
Um diferencial do projeto é o levantamento do potencial de produção do biogás no Es-
tado de Santa Catarina, que originará um inventário capaz de dar suporte a identificação de

126 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


locais potenciais para instalação de usinas e promover a criação de políticas públicas para
a viabilização da geração distribuída de energia elétrica a partir do biogás na região e no
estado como um todo.
No município de Itapiranga a questão do saneamento deve compreender também o
meio rural, pois existe uma elevada concentração de animais, como a suinocultura e bovi-
nocultura de leite, onde os dejetos de suínos e vacas leiteiras tem maior carga orgânica, ou
seja, maior potencial de impacto ambiental do que dos humanos.
O arranjo permite criar uma economia local, baseada na cadeia produtiva da geração de
energia elétrica a partir do biogás, considerando ainda, os benefícios econômicos prove-
nientes da utilização da energia do biogás, que proporciona qualidade de vida ao proprie-
tário rural e sua família, além do aumento da qualidade ambiental na propriedade rural e
no entorno.
O projeto visa implantar um condomínio de agroenergia composto por 12 propriedades
produtoras de biogás a partir do tratamento anaeróbio de dejetos da suinocultura localiza-
das na Bacia Santa Fé, município de Itapiranga-SC. Estas propriedades serão interligadas
por meio de gasodutos ligados a uma central termoelétrica contendo um sistema de arma-
zenamento e tratamento do biogás.
A potência máxima instalada será de 400KW a partir de um volume médio de biogás
produzido nas propriedades de 2181,67m³/dia.
Além da implantação do condomínio de agroenergia, o projeto visa o estudo de uso do
biogás e do biofertilizante nas propriedades; mapeamento de potencial de produção de bio-
gás para o estado de Santa Catarina; mapeamento de áreas disponíveis para aplicação de
biofertilizante em Santa Catarina e um Atlas web contendo todas as informações levanta-
das durante o projeto.

6.4. Projeto do Consórcio Verde Brasil

A Ecocitrus – Cooperativa dos citricultores Ecológicos do Vale do Caí, localiza-se no mu-


nicípio de Montenegro no Rio Grande do Sul e inicia sua história nos anos 90, consolidan-
do-se como Cooperativa em 1998. Antes, em 1995 inicia a operação da Usina de Composta-
gem de Resíduos Agroindustriais buscando a produção de composto totalmente orgânico,
localizada em Passo da Serra município de Montenegro em uma área útil de 13 hectares.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 127


Começa, então, a firmar parcerias com algumas empresas do Vale do Caí para a coleta
de seus resíduos agroindustriais, serviço que beneficia várias empresas regionais e resolve
os problemas de destinação e tratamento deste tipo de material e, além disso, passa a gerar
uma fonte adicional de renda para os associados.
FIGURA 33.
Planta para purificação
do biogás e produção do
biometano.

Créditos: Abner G. Picinatto, 2017.

Com o arrendamento de um terreno e apoio técnico necessário assim como as licenças


para operação da usina de compostagem na Fundação Estadual de Proteção ao Meio Am-
biente – fepam, processa 192.000 t/ano de resíduos sólidos classe II através de biodegra-
dação e digestão anaeróbica. Produz ainda 48 mil m³ de composto orgânico, 24 mil m³ de
biofertilizante líquido e 6 mil m³ de cinza para adubação e correção do solo.

128 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


A planta-piloto de biometano, localizada junto a Usina de Compostagem da Ecocitrus,
tem capacidade para produzir 5mil m³/dia de biogás e possibilidade de expandir esta marca
para 20mil m³/dia ainda em 2014.
A operação foi iniciada em 2012 por meio do Consórcio Verde Brasil, uma união entre as
empresas Ecocitrus e Naturovos para a geração de um gás inteiramente natural e renovável, o
gnverde, sendo o gás natural obtido a partir de resíduos de aves poedeiras e agroindustriais.
Produzido a partir da valorização de substratos orgânicos, o gnverde contém 96% de
metano, índice que o equipara ao similar importado da Bolívia, podendo ser utilizado para
a geração de energia elétrica, energia térmica e no abastecimento de veículos, entre outras
aplicações.
As frotas da Ecocitrus e da Naturovos já são abastecidas pelo gnverde, que também é o
primeiro gás veicular do Brasil produzido sem a exploração de recursos naturais.
A Sulgás será responsável pela distribuição e comercialização do gnverde no Estado,
operação que aguarda a regulação da anp.
A parceria entre a Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí –Ecocitrus, Com-
panhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul – SulGás e Naturovos – Consórcio verdebrasil
é uma ação pioneira na pesquisa, geração e comercialização do biogás e biometano no Brasil.

FIGURA 34.
Veículo do consórcio movido a
biometano GNVerde.

Créditos: Abner G. Picinatto, 2017.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 129


Foram utilizados recursos financeiros da Ecocitrus, SulGás e Naturovos e financiamen-
tos realizados pelo consórcio com o bndes na aquisição de equipamentos para geração de
biogás, purificação e armazenamento, testes e grupos geradores de energia elétrica a bio-
gás. O trabalho desenvolvido pelo consórcio serviu de referência para a Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – anp, elaborar as especificações do Biometano,
que resultou na publicação da Resolução anp Nº 8 DE 30/01/2015, que estabelece a especifi-
cação do Biometano contida no Regulamento Técnico anp nº 1/2015. O biometano produ-
zido pelo consórcio é o gnverde – Transformando resíduos em combustível.
O consórcio continua desenvolvendo pesquisas sobre o biogás, com testes de potencial
de produção de biogás de resíduos agrícolas e industriais, uso do digestato (sobras depois
do processo de digestão anaeróbica) como fertilizante do solo e outros testes com finali-
dades diversas. A Ecocitrus recebe resíduos orgânicos de várias empresas da região e faz
a destinação final adequada. Todo e qualquer resíduo é submetido a testes para verificar
o melhor destino – digestão anaeróbica ou compostagem. Assim, todos recebem o trata-
mento adequado, gerando ou biogás e biometano ou adubo orgânico certificado para uso
na agricultura.

6.5. Cooperativas do Oeste do Paraná

As cooperativas agroindustriais do Oeste do Paraná experimentaram, nos últimos cinco


anos, as diversas aplicações do biogás e biometano unidades próprias e integradas. Estes
resultados iniciais contaram com apoio de instituições de pesquisa, fomento e desenvol-
vimento tecnológico da região. As aplicações envolveram a produção de biogás a partir de
granjas de suínos, bovinos, aves de postura, efluentes de frigoríficos e amidonarias, princi-
palmente. As aplicações energéticas foram diversas, como geração de energia elétrica, apli-
cação térmica substituindo lenha e aplicação veicular com biometano.
A partir destes resultados, as cooperativas agroindustriais iniciam nova fase de planeja-
mento energético, onde priorizam o biogás como fonte térmica e elétrica. A oportunidade
de evitar custos energéticos a partir dos serviços ambientais prestados é importante para a
estratégia de sustentabilidade das cooperativas. A expectativa é que todas as cooperativas
do Oeste do Paraná tenham planejamento da ampliação da participação do biogás em sua
matriz energética em futuro próximo.

130 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


6.6. Fazenda Iguaçu Starmilk

A Fazenda Iguaçu Starmilk, de propriedade de Ibrahim Fayad, está localizada em Céu


Azul, oeste do Paraná, a 40 km de Cascavel. Sua atividade principal é a pecuária leiteira,
com mais de mil animais distribuídos entre ordenha, criação, alimentação e produção. As
vacas leiteiras ficam em confinamento 24 horas por dia, produzindo diariamente grande
quantidade de efluente.
O efluente gerados durante a atividade de bovinocultura do leite na fazenda servem de
matéria prima para o processo de produção de biogás e geração de energia elétrica. Esta
matéria prima passa por uma série de processos de transformação gerando o produto prin-
cipal, energia elétrica, e outros produtos subprodutos, biofertilizante líquido e sólido.
Os dejetos da bovinocultura se caracterizam por possuírem grande porcentagem de só-
lidos de fibras longas de difícil degradação, os quais são removidos em sistema de peneira-
mento antes da biomassa entrar no biodigestor. Estes sólidos são armazenados em leito de
secagem e utilizados como biofertilizante.
A biomassa, após a separação, é inserida no biodigestor de mistura completa, constru-
ído em geomembrana pead com formato circular e sistema de agitação com que realiza a
mistura completa do substrato e dos micro-organismos internos, conferindo uma concen-
tração equilibrada em todo o volume do biodigestor.
Do biodigestor saem dois produtos, o digestato e o biogás. O digestato é tratado e arma-
zenado em lagoas de maturação e depois utilizado como biofertilizante líquido. O biogás é
armazenado na cúpula flexível do biodigestor para utilização quando necessário.
O biogás produzido na Fazenda Starmilk é utilizado em um sistema de geração de ener-
gia elétrica composto de um grupo moto gerador, sistema de proteção e controle e quadro
de comando, sendo interligado na rede de distribuição da concessionária. Durante os ho-
rários de pico de consumo, o gerador é acionado para fornecer energia elétrica a fazenda.
A energia elétrica excedente é injetada na rede de distribuição da concessionária e o valor
somado como crédito na fatura da propriedade.
Na Tabela 22 estão apresentados os dados de plantel, sistema de digestão anaeróbica e
de geração de energia elétrica da Fazenda Starmilk.
O arranjo tecnológico de geração de energia elétrica a partir de dejetos de bovinocultu-
ra do leite em propriedades com um número mínimo de 500 vacas em lactação mostra-se
viável com utilização de sistemas de digestão anaeróbica de baixo custo de implantação e
operação nos quesitos eficiência no tratamento do efluente e produção de biogás.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 131


TABELA 22.
Dados da Fazenda Starmilk. Descrição Quantidade

Animais em confinamento 500 vacas em lactação


Produção de efluentes 200 m³/dia
Volume do biodigestor 3.500 m³
Tempo de Detenção Hidráulica (TDH) 17,5 dias
Eficiência do tratamento anaeróbio (biodigestor) 75 %
Produção de biogás 600 m³/dia
Potência instalada do gerador 264 kW
Energia elétrica gerada 840 kWh/dia
Créditos: CIBiogás, 2017.

Os custos evitados a partir do biogás, e os benefícios ambientais ao se realizar o trata-


mento da biomassa e também fazer uso do biofertilizante fecham um ciclo, onde o ponto
de partida é resultado de um passivo ambiental.
Desta forma, os benefícios são atingidos ao longo do projeto, tornando uma nova tec-
nologia parte da rotina do produtor rural e ampliando as possibilidades de melhoria além
de contribuir para melhor qualidade de vida, salubridade do produtor e demais envolvidos.

6.7. Granja São Pedro de José Colombari

A Granja São Pedro, de propriedade de José Carlos Colombari, está localizada em São
Miguel do Iguaçu, Oeste do Paraná, e seu foco econômico é a suinocultura de terminação.
A propriedade é pioneira no auto abastecimento energético no país. Em 2006, foi instalado
um biodigestor para tratar a biomassa residual das granjas, produzir biogás e gerar energia
elétrica. Após dois anos, a unidade já operava em Geração Distribuída (GD), ou seja, estava
conectada à Companhia Paranaense de Energia (Copel) para fornecer energia para a rede.
Em 2010, aumentou-se a produção de suínos e, consequentemente, o volume de efluen-
te gerado. Por isso, instalou-se mais um biodigestor para atender à demanda de biomassa
residual produzida pelos animais.
A granja tem cinco mil suínos, produzindo cerca de 45 m³ por dia de efluentes líquidos,
que são direcionados a dois biodigestores de lagoa coberta, que operam em série. O plantel

132 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


atual possibilita a produção diária de 750 m³ de biogás. No entanto, o biogás produzido tem
alta concentração de gás sulfídrico (H2S), atualmente, está em fase de testes, um sistema
biológico para tratamento do biogás dentro do biodigestor, com inserção de ar comprimi-
do, e que está se mostrando muito promissor, além disso está em fase de testes um sistema
para secagem do biogás, pois o mesmo contém muita água quando gerado.
O biogás é aproveitado para geração de energia elétrica por meio de um grupo moto ge-
rador de 100 kVA, que apresenta potencial de produção de 50 kW. Na propriedade é utiliza-
do biofertilizante para as pastagens, reduzindo seu tempo de crescimento.
A utilização do biogás para movimentação da fábrica de ração na propriedade gera uma
economia de R$ 3.000,00 por mês em diesel.

6.8. Granja Haacke

A Granja Haacke, de propriedade de Nilson Haacke, está localizada na cidade de Santa


Helena, oeste do Paraná. Suas atividades estão voltadas à agricultura, produção de ovos e
criação de gado de corte confinado. A propriedade conta com aproximadamente 220.000
aves poedeiras e 500 cabeças de gado. Contudo apenas os dejetos de 84.000 galinhas e 500
bovinos são tratados. Totalizando uma produção diária de aproximadamente 35 mil metros
cúbicos de efluente.
O efluente produzido recebe tratamento sanitário, por meio de um biodigestor modelo
“lagoa coberta”, instalado na propriedade. Produzindo aproximadamente 1.000 m³ de bio-
gás por dia que podem ser convertidos em 700 m³ de biometano por dia.
O biogás produzido é utilizado na geração de energia elétrica, por um grupo moto gera-
dor de 100 kVA de potência instalada e na produção de biometano. O biometano produzido
é comprimido e transportado até a Itaipu Binacional (IB), onde é utilizado para abastecer 57
veículos da frota de Itaipu. Além da frota da IB, o biometano é utilizado para o abastecimen-
to de veículo da própria granja, sendo este uma camionete.
Atualmente a granja passa por uma expansão na cadeia produtiva onde uma fábrica de
bandejas está em implantação. Esta resultará em um aumento no consumo de biogás, pois
este será utilizado durante o processo de fabricação. Além disso, a demanda de biometano
por parte da IB tem aumentado e tende a continuar aumentando. Portanto, visto o aumento
de demanda, é necessário aumentar a eficiência de todos os processos.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 133


6.9. Projeto florestas energéticas – cibiogás

Em atendimento às demandas por energia térmica regional, a Itaipu Binacional por


meio da Assessoria de Energias Renováveis e o Centro Internacional de Energias Renová-
veis – cibiogás, desenvolveram o projeto de florestas energéticas que visa buscar alternati-
vas para a produção de eucalipto para energia.
O Projeto de Florestas Energéticas tem por objetivo desenvolver novo conceito de Flo-
restas Energéticas (Biomassa Lenha), utilizando metodologias integradas para produção
e fomento florestal com a finalidade de alcançar sustentabilidade das demandas locais e
regionais por energia térmica.
Para o desenvolvimento do estudo foram implantadas 8 unidades de demonstração
florestal localizadas na Região Oeste do Paraná, nos municípios de Marechal Cândido
Rondon, Palotina, Terra Roxa e Francisco Alves. São unidades implantadas em pequenas
propriedades de agricultura familiar, cuja mão de obra é desenvolvida pelos próprios pro-
dutores visando a redução de custos. O sistema de manejo adotado utiliza clones comer-
ciais de eucalipto de rápido crescimento, espaçamento adensado e fertilização orgânica
mecanizada proveniente das propriedades rurais.
Os resultados prévios do estudo apontam viabilidade técnica e econômica em relação
ao plantio de florestas comerciais, visto que os custos com mão de obra e fertilização são
reduzidos neste sistema.

134 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


ANÁLISE ECONÔMICA
7
A seguir são apresentados alguns exemplos de análise de viabilidade econômica de
projetos de biogás e de energia solar fotovoltaica. Esses estudos são baseados na existên-
cia de recursos provenientes de fontes de financiamento adequadas para a agricultura. Por
isso, no Anexo 1 apresentados algumas das possibilidades de financiamento complemen-
tarmente aos dados de viabilidade apresentados nessa seção. No Anexo 2, é apresentada
uma lista de fontes de informações sobre energias renováveis que podem ser úteis na elabo-
ração e análise de projetos.

7.1. Biogás
Autores: Felipe Sousa Marques, Samuel Campos da Silva

A biomassa residual gerada no processo produtivo agropecuário e agroindustrial, sinali-


za para uma oportunidade de negócio e renda no meio rural e na agroindústria.
Estamos diante da oportunidade de obter combustível em escala industrial a partir da
transformação de toneladas de resíduos agropecuários e agroindustriais. Trata-se do bio-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 135


gás, produto obtido no processo anaeróbico de decomposição da matéria orgânica e que
pode ser aplicado para gerar energia elétrica, térmica e veicular.
A inserção do biogás como um produto energético disponível nos próprios processos
produtivos, aproxima a equação econômica da sustentabilidade ao encontrar fontes de ren-
da para fazer frente à cobertura dos custos de investimentos e despesas de manutenção dos
seus serviços ambientais.
Os resultados econômicos do biogás são diretos, como a geração de energia, aplicada
para autoconsumo ou comercialização, e indiretos, como a redução de emissões de gases do
efeito estufa, a adequação ambiental da atividade pela redução de cargas orgânicas poluen-
tes, e a eficiência energética, que juntos são indutores de um desenvolvimento descentraliza-
do, além das demandas por serviços de planejamento, implantação, operação e manutenção
dos processos que produzem o biogás e das energias que com ele podem ser geradas.
A modelagem apresentada foi realizada a partir de dados de mercado e parâmetros com-
patibilizados de geração de energia elétrica.
Existem alguns valores de referência quanto ao uso do biogás como combustível que,
por mais que tenham sido previamente pesquisados e estimados de forma conservadora,
podem apresentar variações, a depender: da quantidade de gás metano (CH4) no biogás; (ii)
do poder calorífico real do biogás; (iii) do consumo específico e da oferta; (iv) das tecnolo-
gias disponíveis; (v) o tipo de biomassa utilizada; (vi) dos recurso disponíveis; (vii) da efici-
ência almejada e; (viii) de demais especificidades locais. Tais premissas, porém apresentam
variações, por vezes significativas.
Como premissas para realizar a modelagem considerou-se:
1. Biomassa da suinocultura – Terminação;
2. Utilização do biogás para geração de energia elétrica;
3. Compensação de energia elétrica, considerando a Resolução Normativa 482/2012 da aneel;
4. Geração de Energia Isolada, ou seja, autoconsumo de toda energia gerada.

Seguindo os parâmetros estabelecidos para modelagem, tornou-se possível identificar


potenciais oportunidades de negócios a partir do potencial energético do biogás.
A seguir são apresentados três cenários de potenciais modelos de negócio com vistas à
geração de energia elétrica distribuída:
I. A Resolução Normativa 482/2012 da aneel permite que uma unidade individual ge-
radora de energia elétrica, com potência instalada de até 5MW, se conecte à rede de
distribuição e compense a energia gerada.
Quando a energia injetada na rede for maior que a consumida, o consumidor receberá

136 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


um crédito em energia (kWh) a ser utilizado para abater o consumo em outro posto
tarifário (para consumidores com tarifa horária) ou na fatura dos meses subsequentes.
Os créditos de energia gerados continuam válidos por 60 meses.
Há ainda a possibilidade de o consumidor utilizar esses créditos em outras unidades
previamente cadastradas dentro da mesma área de concessão e caracterizada como au-
toconsumo remoto, geração compartilhada ou integrante de empreendimentos de múl-
tiplas unidades consumidoras (condomínios), em local diferente do ponto de consumo.
II. Produção cooperativa de biogás: Refere-se aos condomínios de agroenergia, compos-
tos por produtores, unidades coletivas, agroindustriais e outras geradoras de biomas-
sa, que juntos viabilizam escalas de geração de energia bastante significativas. Nesse
arranjo, as unidades são interligadas por uma rede coletora de biogás, que tem a fun-
ção de encaminhá-lo até uma Central de Geração de Energia. A energia elétrica gerada
é compensada pelas unidades que compõem o cooperativismo. Isto é particularmente
importante quando se trata de reunir a produção de biogás de pequenas propriedades
de agricultura familiar em um determinado território, ou em assentamentos rurais,
cuja mínima escala de produção não habilitaria estas propriedades para gerar energia.
A Resolução Normativa 482/2012 da aneel assegura a geração compartilhada de gera-
ção distribuída de energia elétrica, com potência instalada de até 5MW, se conecte a
rede de distribuição e compense a energia gerada.

7.1.1. Cenário 1
A modelagem foi desenvolvida considerando o cenário de viabilidade da cadeia produti-
va e da demanda do que se refere ao biogás e sua transformação em energia elétrica.
A Tabela 23 apresenta o potencial de produção de dejetos, biogás e geração de energia, nos
moldes de geração distribuída e isolada, considerando um plantel de 2.300 suínos em termina-
ção e um consumo de energia elétrica de 2.137 kWh/mês em uma determinada propriedade.
TABELA 23.
Estimativas de Resultados Potencial de produção de
dejetos, biogás, metano e
Produção de dejetos 16,10 m³/dia geração de energia elétrica para
Produção de Biogás 11.253,90 m³/mês suinocultura em terminação.
Produção de Metano 7.315,04 m³/mês
Geração de Energia Elétrica GD 16.077,00 kWh/mês
Geração de Energia Elétrica interno 17.051,36 kWh/mês
Fonte: Elaboração própria.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 137


Na Tabela 24 e na Tabela 25, podemos observar uma síntese dos investimentos necessá-
rios para implantação do sistema de digestão anaeróbica, instalação do sistema de geração
de energia elétrica e conexão com a rede de distribuição ou apenas para geração isolada,
juntamente com os custos de depreciação anual dos sistemas de digestão anaeróbica e gru-
po moto gerador.
TABELA 24.
Estimativa de investimento para Estimativa de Custos de Implantação – Geração Distribuída
o sistema de produção de biogás
Biodigestor R$ 38.640,00 m³
e geração de energia elétrica
para geração distribuída e Grupo Moto-Gerador (GMG) – GD R$ 48.000,00 R$
depreciação de equipamentos.
Painel Elétrico R$ 5.000,0 Unid.
Painel de Conexão em GD (inclui projeto) R$ 65.000,0 Unid.
Total de Custos – Geração Distribuída R$ 156.640,00 R$
Depreciação de Equipamentos
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual c/ Biodigestor e GMG (GD) R$ 5.776,00 R$/ano
Custo Mensal c/ Biodigestor e GMG (GD) R$ 481,33 R$/mês
Fonte: Elaboração própria.

TABELA 25.
Estimativa de investimento Estimativa de Custos de Implantação – Geração Isolada
para o sistema de produção de
biogás e geração de energia Biodigestor R$ 38.640,00 m³
elétrica para geração isolada e Grupo Moto-Gerador (GMG) – GI R$ 72.000,00 R$
depreciação de equipamentos
Painel Elétrico R$ 5.000,0 Unid.
Total de Custos – Geração Isolada R$ 115.640,00 R$
Depreciação de Equipamentos
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual c/ Biodigestor e GMG (GI) R$ 7.376,00 R$/ano
Custo Mensal c/ Biodigestor e GMG (GI) R$ 614,67 R$/mês
Fonte: Elaboração própria.

Com base nos valores de investimento foi possível realizar uma análise preliminar de via-
bilidade econômica, considerando um horizonte de planejamento de 25 anos em virtude da
depreciação dos equipamentos e também será apresentado dois outros cenários onde é le-
vado em consideração a redução do investimento em biodigestores e grupo moto geradores.
O custo evitado apresentado é baseado no valor da energia elétrica da área rural, de
R$ 0,34 kWh e para o payback descontado, foi considerada a taxa de juros de 6,5% a.a.

138 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Na Tabela 26 são apresentados os resultados financeiros da geração de energia elétrica a
partir do biogás com objetivo de geração distribuída e geração isolada.
TABELA 26.
Estimativa de Resultados Financeiros Geração Distribuída Resultados financeiros da
geração de energia elétrica a
Custo Evitado com Energia Elétrica R$ 690,24 R$/mês
partir do biogás para geração
Excedente de Energia Elétrica (GD) 13.940,0 kWh/mês distribuída.
Valor estimado para negociação R$ 0,17 R$/kwh
Estimativa de negociação – Energia Elétrica Excedente R$ 2.369,81 R$/mês

Subtotal – resultados financeiros brutos R$ 3.060,04 R$/mês


Subtotal – resultados financeiros brutos R$ 36.720,54 R$/ano
Total líquido (Resultado Fin. bruto – Depreciação mensal) R$ 2.578,71 R$/mês
Total líquido (Resultado Fin. bruto – Depreciação anual) R$ 30.944,54 R$/ano
Fonte: Elaboração própria.

Podemos observar na Tabela 26 que no cenário apresentado onde se considera que o


produtor realize todo o investimento em infraestrutura (biodigestor, grupo moto gerador,
painel elétrico e conexão com a rede), o custo evitado é de aproximadamente 95% do consu-
mo total da unidade consumidora, pois mesmo gerando mais energia que consome, ainda
é realizado o pagamento da taxa mensal de conexão à rede para a concessionária local de
energia, o que equivaleria a 5% do valor de consumo.
No cenário apresentado o produtor gerará um excedente de energia elétrica de 13.940
kWh/mês, que negociado ao valor de R$ 0,17 (valor estimado para negociação), estima-se
uma receita mensal de R$ 2.369,81 que somado ao custo evitado mensal gerará uma receita
anual média de R$ 31.380,48.
Com esses resultados financeiros chegaram-se aos indicadores econômicos descritos
na Tabela 27, onde podemos ver a viabilidade econômica para este projeto.
TABELA 27.
Viabilidade Geração Distribuída Indicadores de viabilidade
econômica para geração
Payback Simples 61 meses distribuída.
Payback Simples 5,1 anos
Payback Descontado 6,3 anos
Valor Presente Líquido (VPL) R$ 220.817,67
Taxa Interna de Retorno (TIR) 20%
Taxa de juros (TMA) 6,5%
Fonte: Elaboração própria.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 139


Nesse contexto onde o produtor é responsável por custear toda a infraestrutura, a gera-
ção isolada não é uma opção viável, pois apenas com o custo evitado de energia elétrica (R$
690,24/mês) não é viável tal investimento.
Levando-se em conta os possíveis modelos de negócio possíveis, através de parceria com
investidores e consumidores de energia elétrica, dois outros cenários foram criados para
exemplificar a viabilidade das diversas opções de modelos de negócio.

7.1.2. Cenário 2
Baseando-se no mesmo plantel de 2.300 animais e o consumo mensal de 2.137 kWh/
mês, no primeiro cenário descrito na Tabela 28 e na Tabela 29, poderemos observar o in-
vestimento do produtor rural apenas no sistema de digestão anaeróbica e painéis elétricos,
seus resultados financeiros e a viabilidade deste investimento.
TABELA 28. Estimativa de Custos de Implantação – Geração Distribuída
Produtor Rural. Estimativa de
investimento para o sistema de Biodigestor R$ 38.640,00 m³
produção de biogás e geração Painel Elétrico R$ 5.000,0 Unid.
de energia elétrica para geração
distribuída e depreciação de Painel de Conexão em GD (inclui projeto) R$ 65.000,0 Unid.
equipamentos. Total Custo – Geração Distribuída R$ 108.640,00 R$
Depreciação Geração Distribuída
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual c/ Biodigestor R$ 2.576,00 R$/ano
Custo Mensal c/ Biodigestor R$ 214,67 R$/mês
Fonte: Elaboração própria.

TABELA 29. Estimativa de Resultados Financeiros Geração Distribuída


Produtor Rural. Resultados
financeiros da geração de Custo Evitado com Energia Elétrica R$ 690,24 R$/mês
energia elétrica a partir do
biogás para geração distribuída Excedente de Energia Elétrica do Produtor Rural (GD) 9.120,3 kWh/mês
e indicadores de viabilidade Valor estimado para negociação R$ 0,17 R$/kwh
econômica para geração
distribuída. Estimativa de negociação Energia Elétrica Excedente (R$/mês) R$ 1.550,46 R$/mês

Subtotal – Resultado financeiro bruto R$ 2.240,69 R$/mês


Subtotal – Resultado financeiro bruto R$ 26.888,33 R$/ano
Total líquido (Resultado Fin. bruto – Depreciação mensal) R$ 2.026,03 R$/mês
Total líquido (Resultado Fin. bruto – Depreciação anual) R$ 24.312,33 R$/ano

140 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Viabilidade Geração Distribuída
Payback Simples (meses) 54 meses
Payback Simples (anos) 4,5 anos
Payback Descontado (anos) 5,5 anos
Valor Presente Líquido (VPL) R$ 187.918,81
Taxa Interna de Retorno (TIR) 22%
Taxa de juros (TMA) 6,5%
Fonte: Elaboração própria.

Podemos observar nos resultados demonstrados na tabela 6 que o produtor rural fará
um investimento de R$108.640,00 para a implantação do sistema de digestão anaeróbica e
painéis elétricos. Como o grupo moto gerador pertence a um investidor, esse produtor terá
direito a utilizar o equivalente a 69% do total de energia gerada, percentual este proporcio-
nal ao total de investimento necessário para se viabilizar esta operação.
Com isso podemos verificar na Tabela 29 que, somando-se ao custo evitado mensal e
a negociação do excedente de energia elétrica que lhe é cabível e descontando seus custos
de depreciação, esse produtor terá um rendimento anual líquido de aproximadamente R$
24.312,33, o que proporcionará a viabilidade econômica deste investimento conforme já
demonstrado na tabela 7 no tópico de indicadores econômicos.
Em contrapartida o grupo moto gerador será disponibilizado por um investidor que se
beneficiará dos resultados financeiros da negociação da energia elétrica excedente em ge-
ração distribuída, conforme descrito na Tabela 30 e na Tabela 31.
Estimativa de Custos de Implantação – Geração Distribuída TABELA 30.
Investidor. Estimativa de
Grupo Moto-Gerador (GMG) – GD R$ 48.000,00 R$ investimento no Grupo Moto
Total de Custos R$ 48.000,00 R$ Gerador para e geração de
energia elétrica em geração
Depreciação Geração Distribuída – Investidor distribuída e depreciação do
equipamento.
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual c/ GMG R$ 3.200,00 R$/ano
Custo Mensal c/ GMG R$ 266,67 R$/mês
Fonte: Elaboração própria.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 141


TABELA 31. Estimativa de Resultados Financeiros Geração Distribuída – Investidor
Investidor. Resultados
financeiros da geração de Estimativa de Energia Elétrica para negociação (GD) 4.926,6 kWh/mês
energia elétrica a partir do
biogás para geração distribuída Valor estimado para negociação R$ 0,17 R$/kwh
e indicadores de viabilidade Estimativa de negociação Energia Elétrica Excedente (R$/mês) R$ 837,51 R$/mês
econômica para geração
distribuída. Total líquido (E. E. negociada – Depreciação mensal) R$ 570,85 R$/mês
Total líquido (E.E. negociada – Depreciação anual) R$ 6.850,18 R$/ano
Viabilidade Geração Distribuída – Investidor
Payback Simples (meses) 84 Meses
Payback Simples (anos) 7,0 Anos
Payback descontado (anos) 9,7 Anos
Valor Presente Líquido (VPL) R$ 35.557,62
Taxa Interna de Retorno (TIR) 14%
Taxa de juros (TMA) 6,5%
Fonte: Elaboração própria.

O investidor que detém a propriedade do grupo moto gerador terá o direito de comercia-
lizar 31% da energia elétrica gerada, percentual proporcional frente ao investimento total
necessário para a viabilização da operação.
Com um total de 4.926,6 kWh/mês para negociação, esse investidor terá um rendimento
anual estimado de R$ 6.850,18, o que proporcionará o retorno do investimento em 7 anos,
considerando o payback simples e 9,7 anos se considerarmos o payback descontado. Em-
bora o payback pareça longo, outros indicadores econômicos como o vpl (Valor Presente
Líquido) e a TIR (Taxa Interna de Retorno) indicam a viabilidade de investimento no projeto
conforme já demonstrado no tópico de viabilidade da Tabela 31.

7.1.3. Cenário 3
As mesmas premissas apresentadas nos cenários anteriores aplicam-se no cenário 3,
porém nesta simulação o produtor rural fará o investimento apenas em equipamentos elé-
tricos (painéis elétricos e painéis de conexão a GD), conforme demonstrado na Tabela 32.
TABELA 32. Estimativa de Custos de Implantação – GD
Produtor Rural. Estimativa de
investimento para o sistema de Painel Elétrico R$ 5.000,0 unid.
produção de biogás e geração
de energia elétrica para geração Painel de Conexão em GD (inclui projeto) R$ 65.000,0 unid.
distribuída e depreciação de
equipamentos. Total custos R$ 70.000,00 R$
Fonte: Elaboração própria.

142 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Devido à longa vida útil de utilização dos painéis elétricos, não foi considerada depre-
ciação para este material. Com isso podemos verificar os resultados financeiros estimados
para o produtor rural, conforme demonstrado na Tabela 33.

Estimativa de Resultados Financeiros Geração Distribuída TABELA 33.


Produtor Rural. Resultados
Custo Evitado com Energia Elétrica R$ 690,24 R$/mês financeiros da geração de
energia elétrica a partir do
Excedente de Energia Elétrica (GD) 5.154,5 kWh/mês
biogás para geração distribuída
Valor estimado para negociação R$ 0,17 R$/kwh e indicadores de viabilidade
econômica para geração
Estimativa de negociação Energia Elétrica Excedente (R$/mês) R$ 876,26 R$/mês distribuída.
Total líquido – Resultados Financeiros (GD) R$ 1.566,49 R$/mês
Total líquido – Resultados Financeiros (GD) R$ 18.797,94 R$/ano
Viabilidade Geração Distribuída
Payback Simples (meses) 45 Meses
Payback Simples (anos) 3,7 Anos
Payback descontado (anos) 4,4 Anos
Valor Presente Líquido (VPL) R$ 159.294,93
Taxa Interna de Retorno (TIR) 27%
Taxa de juros (TMA) 6,5%
Fonte: Elaboração própria.

Conforme observamos na Tabela 33, frente ao investimento de R$70.000,00, o produtor


terá um rendimento anual de aproximadamente R$18.797,94 que viabiliza seu investimen-
to em um payback descontado de 4,4 anos, além de um vpl de R$159.294,93.
Em contrapartida, podemos observar nas Tabela 34 e na Tabela 35 os investimentos e re-
sultados financeiros obtidos pelo investidor que será proprietário do biodigestor e do grupo
moto gerador para a viabilização desta operação.
TABELA 34.
Estimativa de Custos de Implantação GD – Investidor
Investidor. Estimativa de
Biodigestor R$ 38.640,00 m³ investimento no Grupo Moto
Gerador e Biodigestor para e
Grupo Moto-Gerador (GMG) – GD R$ 48.000,00 R$ geração de energia elétrica
Total Custos R$ 86.640,00 R$ em geração distribuída e
depreciação do equipamento.
Depreciação Geração Distribuída – Investidor
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual (GD) R$ 5.776,00 R$/ano
Custo Mensal (GD) R$ 481,33 R$/mês Fonte: Elaboração própria.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 143


Diante do investimento realizado e dos custos de depreciação dos equipamentos, chega-
mos aos resultados financeiros descritos na Tabela 35.
TABELA 35.
Estimativa de Resultados Financeiros Geração Distribuída – Investidor
Investidor. Resultados
financeiros da geração de Estimativa de Energia Elétrica para negociação (GD) 8.892,4 kWh/mês
energia elétrica a partir do
biogás para geração distribuída Valor estimado para negociação R$ 0,17 R$/kwh
e indicadores de viabilidade Estimativa de negociação Energia Elétrica Excedente (R$/mês) R$ 1.511,71 R$/mês
econômica para geração
distribuída. Total líquido (E. E. negociada – Depreciação mensal) R$ 1.030,38 R$/mês
Total líquido (E.E. negociada – Depreciação anual) R$ 12.364,57 R$/ano
Viabilidade Geração Distribuída
Payback Simples (meses) 84 Meses
Payback Simples (anos) 7,0 Anos
Payback descontado (anos) 9,5 Anos
Valor Presente Líquido (vpl) R$ 64.936,16
Taxa Interna de Retorno (tir) 14%
Taxa de juros (tma) 6,5%
Fonte: Elaboração própria.

Podemos observar que neste cenário o investidor teria aproximadamente 8.892,4 kWh/
mês para negociação, o que proporcionará um rendimento anual de R$12.364,57. Com esse
rendimento o projeto terá seu payback descontado em 9,5 anos, com um vpl de R$64.936,16
e uma tir de 14%, o que indica a viabilidade do projeto.
Embora os dados apontem para viabilidade econômica dos cenários apresentados, es-
ses valores são variáveis a dependem das condições regionais de cada unidade produtiva.
Essas variáveis também influenciam na modelagem de negócio.
No Brasil há oportunidades de financiamento para geração de energia a partir de fontes
renováveis, recomendando-se avaliá-las quanto às vantagens e desvantagens e o perfil de
cada produtor ou investidor.

144 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


7.2. Sistemas Fotovoltaicos Interligados à Rede Elétrica
Autores: Maycon G. Vendrame, Valter Bianchini

O uso de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica (sfcr) enquadrados na nor-


ma de compensação de energia vem crescendo no Brasil, impulsionados pela redução dos
preços dos sistemas fotovoltaicos, e também pelo aumento das tarifas de energia elétrica.
Consequentemente o tempo de retorno financeiro destes sistemas já se encontra na faixa de
6 a 7 anos, dependendo da instalação, classe do consumidor e região que está instalado. Para
atingir este tempo de retorno, considerou-se um sistema instalado na zona urbana, podendo
ser um consumidor residencial ou comercial, conectado em baixa tensão, e que a compensa-
ção tenha isenção do pagamento de pis-confins (Lei 13.169 de 2015) e icms (Convênio icms
16 de 2015) sobre a energia elétrica produzida. Atualmente somente o Rio Grande do Sul ade-
riu ao Convênio icms 16. Para os estados do Paraná e Santa Carina o retorno deste mesmo
sistema sobe para 8 a 9 anos. Tendo em vista que a vida útil dos módulos fotovoltaicos é supe-
rior a 25 anos, a instalação de sistemas fotovoltaicos é atrativa em residências na zona urbana.
Por outro lado, a energia elétrica para as propriedades rurais possui tarifas menores que
reduz os custos evitados com a instalação do sistema fotovoltaico, e desta maneira, prolon-
ga o tempo de retorno econômico do investimento. Fatores como isenção de icms para o
sistema de compensação de energia e fontes de financiamento atrativas tornam-se de alta
relevância para viabilidade destes sistemas em propriedades rurais.
Alguns exemplos de financiamento são o pronaf eco – bndes, o Construcard/Produ-
card – Caixa Econômica Federal e o Santander Sustentabilidade.
O pronaf eco – bndes tem como objetivo proporcionar o financiamento a agricultores e
produtores rurais familiares (pessoas físicas) para investimento na utilização de tecnologias
de energia renovável, tecnologias ambientais, armazenamento hídrico, pequenos aproveita-
mentos hidroenergéticos, silvicultura e adoção de práticas conservacionistas e de correção da
acidez e fertilidade do solo, visando sua recuperação e melhoramento da capacidade produti-
va. De forma geral, apresenta uma taxa de juros de 2,5% ao ano e a participação do BNDES e de
até 100% do valor dos itens financiáveis. O máximo valor financiado é de R$ 165 mil por Ano
Agrícola, o equivalente a um sistema fotovoltaico de 20 kWp, antes citado como exemplo. O
tempo de carência é de três anos e o prazo máximo de financiamento é de dez anos.
A Caixa Econômica Federal – cef, por meio dos cartões, está financiando projetos de
energia solar em até 240 meses. Esta medida veio apara atender a demanda criada pela Re-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 145


solução nº 482/2012 da aneel, que regulamentou a produção de pequenos geradores de
energia. Uma simulação de financiamento de um sistema fotovoltaico de R$160.000,00 (sis-
tema de 20 kWp) com estes cartões mostrou as seguintes condições: financiamento máxi-
mo de 50 % do valor, prazo máximo de 240 meses e juros efetivos de 14,4999% ao ano + TR%.
Como se pode observar, valores de juros de mercado e da ordem de financiamento imobi-
liário, mas não atrativos para o financiamento de novas tecnologias para o setor produtivo
rural ou mesmo para zonas urbanas.
O banco Santander desenvolveu um modelo próprio para incentivar o uso de sistemas
fotovoltaicos no país. O financiamento é oferecido, desde 2013, pela Santander Financia-
mentos. Com ele, empresas e pessoas físicas, correntistas ou não do Banco, podem parce-
lar em até cinco anos a instalação de sistemas fotovoltaicos em escritórios e residências. A
linha de crédito é denominada de cdc Eficiência Energética de Equipamentos e financia a
compra de equipamentos e serviços. O financiamento está sujeito à aprovação de crédito e
as taxas de juros variam conforme o valor e os prazos de pagamento.
Para a estimativa do tempo de retorno, foi acrescentada uma correção anual do valor da
energia elétrica de 5% ao ano, considerando que a média do igpm (Índice Geral de Preços
de Mercado) dos últimos cinco anos, de 5,95 % ao ano. Nenhum aumento real da energia
elétrica foi considerado, embora se saiba que o sistema elétrico brasileiro necessitará de
aumentos para garantir investimentos em geração nos próximos anos.
O custo de implantação dos sistemas fotovoltaicos reduziu consideravelmente nos últi-
mos 2 anos, diante do desenvolvimento do mercado para estes sistemas no país e da conso-
lidação da tecnologia. A estimativa do custo de implantação de um sistema de 20 kWp é de
R$ 120.000,00 (R$ 6.000,00 por kWp).
Os três estados do Sul possuem características diferentes para compensação de energia
elétrica, no que diz respeito à alíquota do icms da tarifa de energia elétrica para a classe
rural, e também com relação a adesão pelo estado ao Convênio icms 16 do confaz, para
isenção de cobrança do imposto na compensação de energia. Estas características influen-
ciam na viabilidade econômica dos sistemas fotovoltaicos.
Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul
Alíquota de icms 12% – Primeiros 100 kWh 12% – Primeiros 50 kWh
na Tarifa de 0% 25% – Consumo acima dos 30% – Consumo acima dos
Energia 100 kWh 50 kWh
Adesão ao Con-
vênio 16 do icms Não Não Sim
Fonte: Elaboração própria.
– confaz

146 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Com base nestas informações pode-se estabelecer três cenários, uma para cada estado,
apresentando a viabilidade econômica de implantação de sistemas fotovoltaicos em pro-
priedades rurais com consumo de energia elétrica mensal maior que 2.500 kWh. As tabelas
abaixo apresentam as informações e resultados:

Informações do Cenário Unid. Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul

Potência do Sistema kWp 20,00 20,00 20,00


Custo do kWp instalado R$/kWp 6.000,00 6.000,00 6.000,00
capex R$ 120.000,00 120.000,00 120.000,00
opex R$/ano 1.200,00 1.200,00 1.200,00
Vida Útil do Sistema Anos 25,00 25,00 25,00
Irradiação Solar Média
kWh/m²
(Plano Inclinado 1.986 1.852 1.927
ano
Horizontal)
Tarifa de Energia –
R$/kWh 0,31 0,30 0,32
Classe Rural
pis % 1,30% 0,64% 0,68%
cofins % 5,96% 2,95% 3,10%
icms % 0,00% 25,00% 30,00%
Tarifa para compensação R$/kWh 0,33 0,34 0,48
icms
(Convênio icms 16 S ou N N N S
confaz)
Taxa de correção da
% a.a. 5,00% 5,00% 5,00%
Tarifa
Taxa de desconto do
% a.a. 2,50% 2,50% 2,50%
capital
Fonte: Elaboração própria.

Resultados Unid. Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul

Energia Produzida Anual kWh/ano 25.958,80 25.958,80 25.243,40


Custo Evitado Anual R$/ano 8.632,13 8.942,85 12.061,33
tir % a.a. 10,30% 10,72% 14,73%
vpl R$ 158.910,38 168.993,11 270.187,13
Payback Descontado Anos 11,69 11,30 8,36
Fonte: Elaboração própria.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 147


No Rio Grande do Sul, para os cenários apresentado, ocorre a melhor viabilidade para
instalação deste sistema com tempo de retorno aproximado de 8,5 anos. Esta viabilidade
é possível por três motivos principais: taxa de juros do pronaf eco em 2,5% a.a. é um dos
fatores mais importantes para viabilidade destes sistemas em propriedades rurais; a tarifa
de energia para classe rural no estado possui incidência de icms; e o estado aderiu ao Con-
vênio icms 16 do confaz.
Em Santa Catarina o tempo de retorno no cenário apresentado é de 11,3 anos. As ca-
racterísticas do estado são bastante parecidas com o estado do Rio Grande do Sul, com a
diferença que Santa Catarina não aderiu ao Convênio icms 16 do confaz. Caso o estado
faça esta adesão o tempo de retorno destes sistemas ficará próximo do Rio Grande do Sul.
No estado do Paraná o tempo de retorno foi de 11,7 anos, próximo ao retorno obtido em
Santa Catarina. O estado possui uma tarifa final, para o consumidor rural, isenta de impos-
tos, que prolonga naturalmente o retorno do investimento. Caso o estado faça a adesão ao
Convênio icms 16 do confaz, os consumidores da classe rural, nas condições atuais, não
sofrerão melhoria no tempo de retorno do investimento.

7.2.1. Cenário para análise de viabilidade


Os Recursos de Crédito Rural do pronaf eco estabelecem para a safra 2017/2018, juros
de 2,5 ao ano e prazos de até 10 anos para pagar. Alternativas de crédito, como o pronamp,
o abc, o inovar entre outras, viabilizaram a energia fotovoltaica como uma nova oportuni-
dade de renda e/ ou de redução de custos nas propriedades agrícolas.
Neste estudo, foi construída uma tipologia, a partir de uma propriedade rural visitada,
pertencente ao Sr. Antoninho Godinho, da Linha Concórdia em Francisco Beltrão (PR), e
realizado uma análise econômica, do sistema fotovoltaico implantado, mostrando sua via-
bilidade a partir de diferentes linhas de crédito.

a) Dados da propriedade
A propriedade tem na produção de leite sua principal renda. Conta com um casal de
empregados que residem na propriedade. Trabalha junto com o filho.
Com 37 vacas das quais 20 em lactação, com produção de 300 litros dia, adota o sistema
de rotação de piquetes, produz silagem e está implantando um sistema semi-confinado.
Construiu um estábulo de 32 por 17 metros quadrado, investindo R$ 70.000,00.

148 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


b) Dimensionamento do Projeto de Energia Fotovoltaica
O sistema adquirido é composto de 20 placas solares divididas em 2 grids6 (Chinaland
Solar Energy CO, LTD – de 265 Wp7/placa – policristalino), inversor solar (B&B – SF 3000 TL
– 3.000 W output), cabeamento, sistema de controle e a estrutura de fixação das placas, com
potência total instalada de 5,3 kWp/dia. Para chegar a este dimensionamento a Empresa
responsável levou em instalada de 5,3 kWp.
O projeto possui potencial de produção de 600 kWh/mês de energia, porém está produ-
zindo aproximadamente 500 kWh/mês. Com uma receita média de R$ 225,00/mês pagando
R$155,00, em função de um consumo de R$380,00/mês.
O projeto foi dimensionado para produzir em média 80% da energia que é consumida na
propriedade, evitando desta forma, gerar créditos para compensação futura.

c) Custo do projeto
O custo de projeto ficou em aproximadamente R$38.000,00, sendo R$28.000,00 em ma- 6
O grid é um conjunto de placas.
teriais e R$10.000,00 pela elaboração do projeto e instalação do sistema. Financiado pelo Geralmente, em sistemas de baixa
potência temos dois grids, ou seja, 2
Pronaf da safra 2015/2016 a juros de 5,5%. conjuntos de placas. A quantidade de grids
vai depender da potência instalada. Isto
é necessário para não parar a geração
de energia. Caso uma célula da placa
d) Análise Econômica esteja na sombra toda a placa “desliga”
para evitar danos ao sistema. Assim, se o
A análise econômica será realizada projetando uma produção anual de 7.680 kWh/ano e sistema não for dividido em grids (séries)
todo ele para de gerar energia.
uma receita no primeiro ano de R$ 289,00/mês. 7
Wp (Watt-pico) é a unidade de medida
utilizada para painéis fotovoltaicos e
Com o financiamento com o pronaf a 2,5% o projeto atingiria o ponto de equilíbrio a significa a potência em W (Watt) fornecida
por um painel em condições especificas e
partir do terceiro ano quando a receita supera o valor da parcela do principal mais os juros. reproduzidas em laboratório. É a potência
máxima que um painel pode fornecer em
A partir do oitavo ano receitas e despesas estarão igualadas (Tabela 39). condições ideais.

TABELA 39.
Saldo do valor Financiamento através do
Quantidade de Custo da energia Custos com
investido Total (Juros Total Pronaf com juros de 2,5% ao
energia elétrica elétrica da Receita pagamento de
Ano

(empréstimo e principal) depreciado ano, valor do financiamento de


gerada (kWh/ concessionária (R$) juros de 2,5%
ou capital (R$) em 5% a.a. R$ 38.000,00, prazo de 10 anos,
ano) (R$/kWh) a.a. (R$)
próprio) (R$) correção do preço da energia em
4,8% ao ano e deflação de 5% ao
1 7.680 0.4518 3.470,00 38.000,00 950,00 4.750,00 4.524,00 ano para o período.
2 7.680 0,4735 3.636,00 34.200,00 855,00 4.655,00 4.222,00
3 7.680 0,4962 3.811,00 30.400,00 760,00 4.560,00 3.939,00
4 7.680 0,5200 3.994,00 26.600,00 665,00 4.465,00 3.673,00
5 7.680 0,5450 4.186,00 22.800,00 570,00 4.370,00 3.424,00
6 7.680 0,5711 4.386,00 19.000,00 475,00 4.275,00 3.190,00

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 149


Saldo do valor
Quantidade de Custo da energia Custos com
investido Total (Juros Total
energia elétrica elétrica da Receita pagamento de

Ano
(empréstimo e principal) depreciado
gerada (kWh/ concessionária (R$) juros de 2,5%
ou capital (R$) em 5% a.a.
ano) (R$/kWh) a.a. (R$)
próprio) (R$)

7 7.680 0,5985 4.596,00 15.200,00 380,00 4.180,00 2.971,00


8 7.680 0,6273 4.818,00 11.400,00 285,00 4.085,00 2.765,00
9 7.680 0,6574 5.049,00 7.600,00 190,00 3.990,00 2.572,00
10 7.680 0,6890 5.292,00 3.800,00 95,00 3.895,00 2.391,00
TOTAL 43.237,00 5.225,00 43.225,00 33.672,00
Fonte: Elaboração própria.

Nos financiamentos do pronamp e no Programa abc, com juros de 7,5% ao ano o pro-
jeto atinge o ponto de equilíbrio a partir do quinto ano quando a receita supera o valor do
pagamento do principal e juros. A partir do nono ano as receitas devem cobrir todo o valor
do financiamento do projeto (Tabela 40).
TABELA 40.
Financiamento do PRONAMP e Saldo do valor
Quantidade de Custo da energia Custos com
ABC a juros de 7,5% ao ano, valor investido Total (Juros Total
energia elétrica elétrica da Receita pagamento de
Ano

R$ 38.000,00, prazo de 10 anos, (empréstimo e principal) depreciado


gerada (kWh/ concessionária (R$) juros de 7,5%
correção do preço da energia em ou capital (R$) em 5% a.a.
ano) (R$/kWh) a.a. (R$)
4,8% ao ano, deflação de 5% ao próprio) (R$)
ano para o período.
1 7.680 0.4518 3.470,00 38.000,00 2.850,00 6.650,00 6.318,00
2 7.680 0,4735 3.636,00 34.200,00 2.565,00 6.365,00 5.729,00
3 7.680 0,4962 3.811,00 30.400,00 2.280,00 6.080,00 5.168,00
4 7.680 0,5200 3.994,00 26.600,00 1.995,00 5.795,00 4.636,00
5 7.680 0,5450 4.186,00 22.800,00 1.710,00 5.510,00 4.133,00
6 7.680 0,5711 4.386,00 19.000,00 1.425,00 5.225,00 3.658,00
7 7.680 0,5985 4.596,00 15.200,00 1.140,00 4.940,00 3.212,00
8 7.680 0,6273 4.818,00 11.400,00 855,00 4.655,00 2.793,00
9 7.680 0,6574 5.049,00 7.600,00 570,00 4.370,00 2.404,00
10 7.680 0,6890 5.292,00 3.800,00 285,00 4.085,00 2.043,00
TOTAL 43.237,00 38.000,00 15.675,00 53.675,00 40.094,00
Fonte: Elaboração própria.

150 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


No financiamento com linhas da Agricultura Empresarial com juros de 8,5% ao ano o
projeto atinge o ponto de equilíbrio a partir do quinto ano quando a receita supera o valor
do pagamento do principal e juros. A partir do décimo ano as receitas devem cobrir todo
valor do financiamento (Tabela 41).
TABELA 41.
Quantidade Custo da Parcela de Saldo devedor Custos com Financiamento da Agricultura
Total
de energia energia pagamento investido pagamento Total Empresarial a juros de 8,5%
Receita (Juros e
Ano

elétrica elétrica da do (empréstimo de juros de depreciado ao ano, valor financiado R$


(R$) principal)
gerada concessionária empréstimo ou capital 8,5% a.a. em 5% a.a. 38.000,00, prazo de 10 anos,
(R$)
(kWh/ano) (R$/kWh) ou capital próprio) (R$) (R$) correção do preço da energia
em 4,8% ao ano e deflação de
1 7.680 0.4518 3.470,00 3.800,00 38.000,00 3.230,00 7.030,00 6.679,00 5% ao ano para o período.
2 7.680 0,4735 3.636,00 3.800,00 34.200,00 2.907,00 6.707,00 6.036,00
3 7.680 0,4962 3.811,00 3.800,00 30.400,00 2.584,00 6.384,00 5.426,00
4 7.680 0,5200 3.994,00 3.800,00 26.600,00 2.261,00 6.061,00 4.849,00
5 7.680 0,5450 4.186,00 3.800,00 22.800,00 1.938,00 5.738,00 4.304,00
6 7.680 0,5711 4.386,00 3.800,00 19.000,00 1.615,00 5.415,00 3.791,00
7 7.680 0,5985 4.596,00 3.800,00 15.200,00 1.292,00 5.092,00 3.310,00
8 7.680 0,6273 4.818,00 3.800,00 11.400,00 969,00 4.769,00 2.861,00
9 7.680 0,6574 5.049,00 3.800,00 7.600,00 646,00 4.446,00 2.445,00
10 7.680 0,6890 5.292,00 3.800,00 3.800,00 323,00 4.123,00 2.062,00
TOTAL 43.327,00 38.000,00 17.765,00 55.765,00 41.763,00
Fonte: Elaboração própria.

Nos financiamentos com materiais importados não enquadrados no finame e no Cré-


dito Rural, o Banco do Brasil tem linhas a 10% ao ano. Neste financiamento o projeto atinge
o ponto de equilíbrio a partir do sexto ano quando a receita supera o pagamento do princi-
pal e juros. A partir do décimo primeiro ano as receitas devem cobrir todo o valor do finan-
ciamento (Tabela 42).
TABELA 42.
Quantidade Custo da Parcela de Saldo devedor Custos com Financiamento para materiais
Total
de energia energia pagamento investido pagamento Total não enquadrados no Finame
Receita (Juros e
Ano

elétrica elétrica da do (empréstimo de juros de depreciado a juros de 10% ao ano, valor


(R$) principal)
gerada concessionária empréstimo ou capital 8,5% a.a. em 5% a.a. financiado R$38.000,00 e prazo
(R$)
(kWh/ano) (R$/kWh) ou capital próprio) (R$) (R$) de 10 anos, correção do preço da
energia a 4,8% ao ano e deflação
1 7.680 0.4518 3.470,00 3.800,00 38.000,00 3.800,00 7.600,00 7.220,00
de 5% ao ano para o período.
2 7.680 0,4735 3.636,00 3.800,00 34.200,00 3.420,00 7.220,00 6.498,00
3 7.680 0,4962 3.811,00 3.800,00 30.400,00 3.040,00 6.840,00 5.814,00
4 7.680 0,5200 3.994,00 3.800,00 26.600,00 2.660,00 6.460,00 5.168,00

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 151


Quantidade Custo da Parcela de Saldo devedor Custos com
Total
de energia energia pagamento investido pagamento Total
Receita (Juros e

Ano
elétrica elétrica da do (empréstimo de juros de depreciado
(R$) principal)
gerada concessionária empréstimo ou capital 8,5% a.a. em 5% a.a.
(R$)
(kWh/ano) (R$/kWh) ou capital próprio) (R$) (R$)

5 7.680 0,5450 4.186,00 3.800,00 22.800,00 2.280,00 6.080,00 4.560,00


6 7.680 0,5711 4.386,00 3.800,00 19.000,00 1.900,00 5.700,00 3.990,00
7 7.680 0,5985 4.596,00 3.800,00 15.200,00 1.520,00 5.320,00 3.458,00
8 7.680 0,6273 4.818,00 3.800,00 11.400,00 1.140,00 4.940,00 2.964,00
9 7.680 0,6574 5.049,00 3.800,00 7.600,00 760,00 4.560,00 2.508,00
10 7.680 0,6890 5.292,00 3.800,00 3.800,00 380,00 4.180,00 2.090,00
TOTAL 43.327,00 38.000,00 20.900,00 58.900,00 44.270,00
Fonte: Elaboração própria.

e) Vantagens direta e indireta do uso da energia fotovoltaica


• Obtenção de uma nova receita com a geração de energia;
• Reduziu os custos com energia na operação crédito/débito obtido;
• Cobriu as prestações do crédito que financiou o investimento;
• Fácil instalação e manutenção;
• Monitoramento dos dados direto no inversor e ou no celular além do envio mensal dis-
criminado das contas e receitas;
• As garantias das placas geradoras de energia variam de 20 a 25 anos, ampliando a recei-
ta após o pagamento do investimento; e
• Valorização da propriedade pelo uso de uma energia de mínimo impacto ambiental,
com resultados indiretos de ampliação de sua eficiência econômica.
O detalhamento da metodologia utilizada para obtenção dessas estimativas é apresen-
tado no Anexo 4.

152 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


CONCLUSÕES
8
8.1. Conclusões em relação às visitas

Considerando as visitas realizadas pode-se afirmar que nos estados do Sul há grande
potencialidade para produção de energias renováveis no meio rural e para a consequente
diversificação de sua matriz energética. A disponibilidade de diferentes fontes, como a bio-
massa vegetal e animal, o potencial eólico e solar e a grande disponibilidade de áreas para o
plantio de florestas energéticas são fatores facilitadores para este incremento.
Em todas as propriedades visitadas é possível afirmar que os sistemas instalados são vi-
áveis tecnicamente e economicamente e qualificam os sistemas produtivos e as condições
ambientais e sociais e, principalmente, melhoram a qualidade de vida dos agricultores.
Os agricultores e os pescadores visitados apresentaram nível de satisfação significativo
em relação à utilização do biogás e do sistema solar fotovoltaico. Em relação ao sistema
eólico aliado ao sistema solar fotovoltaico os agricultores também manifestam satisfação,
mas consideram necessário o aperfeiçoamento do sistema a fim de permitir efetiva redução
dos custos da utilização da energia.
Nas visitas ficou evidente que existe um forte interesse por parte dos agricultores em uti-
lizar a energia solar nas propriedades pelas facilidades de aquisição, de uso e manutenção

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 153


do sistema. Na visita ao Sr. Antoninho Godinho (Diretor cresol de Francisco Beltrão/PR)
que possui o sistema solar fotovoltaico instalado na propriedade, foi comentado diversas
vezes que a procura por financiamentos de sistema solar fotovoltaico está aumentando. Se-
gundo ele, somente na região de Francisco Beltrão/PR, havia, na época, em torno de 10 pro-
jetos apresentados para financiamento. Citação idêntica foi feita pelo técnico da emater
de Mostardas/RS em relação ao interesse de projetos por parte de agricultores.
Em relação ao município de Mostardas/RS, localizado próximo a Lagoa dos Patos, mui-
tos agricultores estão interessados em sistemas eólicos de geração em função da caracte-
rística de ventos do local. Porém, esta tecnologia ainda não se mostra uma alternativa vi-
ável para pequenos agricultores em função do alto custo dos aerogeradores (em torno de
R$ 40.000,00 para 1 kW de potência) e da baixa eficiência dos mesmos na geração de energia
elétrica, além da dificuldade de manutenção dos equipamentos existentes no mercado.
Considerando a experiência de Mostardas e o potencial existente em outras regiões li-
torâneas, a emater/RS está pesquisando a utilização dos resíduos do processamento de
pescado para geração de biogás, o que poderia ser interessante do ponto de vista de geração
de energia ou mitigação ambiental. Muitas comunidades litorâneas na região da Lagoa dos
Patos e no Parque Nacional da Lagoa do Peixe não contam com rede de energia elétrica por
restrições ambientais e esta tecnologia, juntamente com solar fotovoltaica, poderia ser uma
alternativa interessante para dar acesso à energia elétrica.
A inserção das empresas de assistência técnica e extensão rural da Região Sul nos traba-
lhos relacionados às energias renováveis ainda é muito pequena. Com exceção da Emater/
RS que possui uma equipe estruturada e desenvolve metodologia para avaliação do poten-
cial de utilização do sistema solar fotovoltaico nas propriedades rurais, as demais apresen-
tam apenas iniciativas individuais de alguns técnicos.
Uma das principais barreiras para o uso mais intensivo da energia solar fotovoltaica, no
meio rural, ainda é o crédito (financiamento). Verifica-se que há pouca divulgação tanto por
parte dos agentes financeiros como dos órgãos de assistência técnica e extensão rural sobre
as disponibilidades de financiamento, linhas de crédito existentes e bens financiáveis. Se-
ria recomendável também a inclusão da possibilidade de financiamento de equipamentos
para produção de e geração de energia (elétrica, térmica ou mecânica) e equipamentos para
geração eólica no Programa Mais Alimentos, programa federal de crédito rural.
Os agricultores, especialmente da agricultura familiar, ainda carecem de informações
técnicas mais detalhadas sobre as energias renováveis para que tenham mais subsídios e
segurança para a tomada de decisão e investimento.

154 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Faltam informações mais detalhadas em relação aos custos do investimento e o tempo
necessário para o retorno do capital investido em relação aos sistemas solar fotovoltaico.
Considera-se que o cenário ideal para energia solar fotovoltaica será atingido quando a par-
cela do financiamento couber na economia que cada usuário tem na conta da luz com o
sistema solar fotovoltaico.
Os aspectos econômicos (redução de custos de energia e potencial de ampliação de ren-
da) foram identificados como os principais fatores para a adesão ao uso do biogás ou do
sistema solar fotovoltaico. A preocupação com o aspecto ambiental foi mencionada por
grande parte dos agricultores que implantaram projetos de biogás.
Durante a pesquisa, foram identificadas no mercado, centenas de empresas, oferecendo
produtos e serviços em energias renováveis, mas que desconhecem a realidade da agricul-
tura familiar. Assim considera-se necessário organizar a cadeia das energias renováveis na
agricultura familiar. Esta proposta ajudaria a agricultura familiar e poderia criar possibili-
dades de expansão do trabalho destas empresas com um atendimento mais adequado. Esta
situação foi evidenciada, também, nas reuniões realizadas com as entidades representati-
vas da agricultura familiar que, manifestaram a repetição da situação existente quando do
início do programa de Biodiesel.
As unidades de referência instaladas pela Embrapa Clima Temperado no Rio Grande do
Sul constituem-se em um importante banco de dados sobre o comportamento das energias
renováveis na agricultura familiar possibilitando apontar elementos para qualificar a parti-
cipação desta na cadeia produtiva de energia elétrica com fontes renováveis.
Considerando a produção de suínos na Região Sul, o setor cooperativista e as integra-
doras têm papel importante junto aos agricultores não apenas em relação a organização e
disponibilização de insumos para a criação, mas também na orientação técnica em relação
às questões ambientais que advém dos sistemas exploratórios e do manejo proposto e suas
relações com a produção de energia. Este processo traz vantagens tanto para os agricultores
como para cooperativas e integradoras, permitindo um ambiente adequado para a criação
de suínos, com redução de custos, ampliação da renda das propriedades e a redução dos
impactos ambientais.
Nas propriedades agrícolas visitadas e em contato com os agricultores foi possível con-
firmar três das conclusões de Coldebella (2006) observando-se que: (I) O uso de biodigesto-
res em propriedades rurais, além ser uma excelente alternativa para o tratamento dos deje-
tos gerados pelas atividades agrícolas, torna-se economicamente viável quando o biogás e
biofertilizante são utilizados adequadamente; (II) Os custos de produção de biogás encon-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 155


trados estão diretamente relacionados à quantidade de biogás que se produz, ao investi-
mento destinado e à construção do biodigestor; (III) Os equipamentos a serem utilizados
para a geração de energia elétrica devem ser adequados à utilização com o biogás, pois caso
sejam equipamentos adaptados e não construídos especificamente para este fim os resul-
tados podem não ser satisfatórios.
Em relação ao estudo de Refosco (2011) desenvolvido junto a Granja Marmentini, em
Dois Vizinhos constatou-se que a utilização dos biodigestores no meio rural traz vários be-
nefícios ambientais, os quais se relacionam, principalmente, a aspectos de saneamento
bem como de geração de energia, estimulando a reutilização de nutrientes, com a produ-
ção de biofertilizantes. Observa ainda, que o aspecto saneamento surge na medida em que
permite o isolamento dos resíduos. Nota-se também, que existe a diminuição da poluição
atmosférica, hídrica, do solo e uma satisfação das famílias e em especial das mulheres com
a melhoria das condições habitacionais (inexistência de moscas).
Considerando o exemplo visitado junto ao pescador residente em área de beira mar é
possível mencionar que a utilização da energia solar fotovoltaica em comunidades de pes-
cadores a beira mar, assentamentos, áreas com extrativismo, comunidades indígenas e
quilombos pode significar uma melhor condição de vida destas populações, pelo acesso à
informação e agregação de renda.
O uso da energia eólica mostrou-se ainda bastante limitado quando associado a pro-
dução de energia elétrica. Sua associação ao sistema solar fotovoltaico oferece uma nova
dimensão, mas ainda necessita de aperfeiçoamento para a ampliação de sua utilização em
maior escala. É reduzido o número de empresas fornecedoras de equipamentos para gera-
ção de energia eólica, especialmente aerogeradores.
Dentre os elementos levantados no mapeamento e nas visitas foi possível ainda verificar
as seguintes questões relacionadas ao biogás e ao sistema solar fotovoltaico:

8.1.1. Biogás
O potencial existente de geração de renda para a agricultura da Região Sul do Brasil a
partir do tratamento de dejetos suínos e geração de energia a partir do biogás, seja ela tér-
mica, elétrica, mecânica pode ser observado nas visitas realizadas nos estabelecimentos e
empreendimentos do agronegócio e da agricultura familiar. Situação similar poderia ser
considerada em propriedades que se dedicam a bovinocultura do leite.

156 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Embora a suinocultura e a bovinocultura de leite apresentem crescimento significativo
na Região Sul, o número de agricultores que faz uso do biogás é muito pequeno se compa-
rado ao universo de estabelecimentos e ao grande potencial para o tratamento de dejetos,
sua utilização como fonte de energia renovável, a oportunidade para a geração de renda e a
preservação ambiental.
Entre os aspectos importantes identificados nas visitas, o tratamento de dejetos e seu
uso para geração de biogás possibilitam benefícios econômicos, ambientais e sociais aos
agricultores. No econômico ocorre a redução de custos na produção, por exemplo, com a
geração própria de energia elétrica e ainda com a possibilidade de compensação (RN 482 e
657, aneel), com a utilização do digestato como biofertilizante para uso nas lavouras e na
diminuição do uso de lenha para o aquecimento.
No aspecto ambiental, a grande contribuição é com o tratamento adequado dos deje-
tos na Região Sul, que ao não serem tratados adequadamente podem contaminar as águas,
o solo, além da poluição atmosférica e proliferação de doenças pela presença de insetos.
Também neste aspecto a diminuição da pressão sobre as matas pela diminuição do uso da
lenha e a melhoria das condições do ar no local e na redução da presença principalmente
de moscas.
No aspecto social a questão mais visível, é a melhoria das condições de habitação com a
eliminação de odores oriundos dos dejetos e do uso do biogás para fins domésticos – cocção
de alimentos, aquecimento de água e com a melhoria da renda das famílias.
É importante registrar pelas experiências visitadas, que a viabilidade de acesso dos
agricultores familiares à geração distribuída torna-se mais rentável economicamente
quando realizada coletivamente, por meio da produção individual do biogás nas proprie-
dades (estabelecimentos rurais) e do seu transporte, através de pequenos gasodutos, até
uma microcentral termelétrica de biogás, operada de forma cooperada, principalmente
em função da quantidade de biomassa necessária para justificar o investimento na gera-
ção de energia elétrica.
Os Estados do Sul do Brasil são responsáveis por significativa parcela da produção de su-
ínos que diariamente gera toneladas de esterco. Todo este material tem que ter destinação
adequada pelos produtores e, portanto, a utilização de biodigestores para a produção de
biogás, com geração de energia e biofertilizantes é uma das melhores alternativas.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 157


8.1.2. Sistema Solar Fotovoltaico
A Região Sul tem grande potencial para a utilização de sistemas solares fotovoltaicos
para geração de energia elétrica conforme mencionado em capítulos anteriores. Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentam médias de insolação diária representativa
e, portanto, com boas possibilidades para diversificar a matriz energética nos estados per-
mitindo que a energia elétrica atinja comunidades onde a rede não pode chegar, ou seja,
há um grande potencial, sendo preciso explorá-lo de forma adequada, permitindo o cresci-
mento das energias renováveis no rural, além de incluir a agricultura familiar nesta cadeia.
Além destes aspectos levantados podemos dizer que:
• A geração solar é extremamente silenciosa e por isso não causa nenhum tipo de polui-
ção sonora.
• A energia solar é um recurso totalmente renovável, mesmo que não seja possível fa-
zer uso a noite ou em dias nublados e chuvosos, ainda assim, dos recursos renováveis
como energia eólica, hídrica e solar, a solar é a mais consistente e previsível (Portal
Solar, 2016).
• Comparativamente com outras fontes de energia, os impactos ambientais são mais
restritos, pois não dependendo de combustível para seu funcionamento estes ocor-
rem na fase de produção e no final da vida útil dos módulos fotovoltaicos. Assim os re-
síduos produzidos são mais limitados. Não emite resíduos poluentes tóxicos ao meio
ambiente.
• Apresenta baixos custos de manutenção, restringindo-se basicamente a limpeza das
placas solares. Os inversores não exigiam manutenção, especialmente quando segui-
das as proteções recomendadas permitindo que sua vida útil possa atingir 10 a 15 anos.
Os sistemas fotovoltaicos isolados têm um custo de manutenção um pouco maior em
função dos acumuladores (baterias estacionárias), porém, a durabilidade é de no míni-
mo 4 anos podendo chegar dependendo do uso a até 10 anos de duração além de não
emitirem gases tóxicos.
• A geração solar pode atender comunidades isoladas onde a rede elétrica não pode che-
gar, sendo inclusive mais barata do que a geração a diesel ou óleo combustível. Nos
sistemas visitados a geração solar permitiu a chegada da energia elétrica em comuni-
dades isoladas de pescadores que agora não precisam mais utilizar o gás para congelar
seu pescado ou mesmo para iluminação das casas, melhorando assim sua qualidade
de vida e aumentando a renda com um produto de melhor qualidade, como foi o caso
do Sr. José em Mostardas. Este exemplo poderia ser aplicado em áreas de assentamen-

158 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


tos, de extrativismo, comunidades indígenas, de ribeirinhos e quilombolas represen-
tando uma melhoria das condições sociais para estas populações.
• Nos sistemas ligados à rede, a compensação já reduziu os custos com energia elétrica
gerando renda, trabalho e melhoria nas condições de vida destes agricultores. Além da
compensação estes sistemas estão proporcionando aos agricultores a possibilidade de
prestação de serviços como vimos na propriedade do Sr. Ênio Evangelho que vai utili-
zar a energia solar para secagem e armazenamento de grãos e para irrigação.

8.2. Conclusões gerais

Na maioria dos países do mundo é urgente a ampliação da oferta de fontes de energia. O


Brasil segue a mesma necessidade. É necessário ampliar nossa oferta de energia e diversifi-
car nossas fontes energéticas. Temos para isto disponibilidade de diferentes fontes, como a
biomassa vegetal e de animais, grande potencial eólico e solar e grande disponibilidade de
área para o plantio de florestas energéticas. Temos pesquisas e desenvolvimento de tecno-
logias em todas estas áreas, e já somos autossuficientes há muito tempo em tecnologia de
geração hidrelétrica e na prospecção de petróleo em alto-mar. O que precisamos é desen-
volver a indústria de equipamentos para geração de biogás, de produção de aerogeradores e
placas fotovoltaicas de qualidade e com preços competitivos.
Existem programas federais para estas finalidades como o Fundo Clima – Energias Re-
nováveis do bndes, o Inova Energia da finep e no caso da Região Sul e Mato Grosso do Sul
os recursos de investimento do brde.
Nos estados também há programas específicos e outras ações que podem contribuir
neste processo de integração de políticas públicas disponíveis, e sua sinergia com as ações
de energias renováveis, para as cooperativas da Região Sul.
No Paraná programas como o PR Bioenergia, com ações de pesquisa e desenvolvimento
das fontes de energias renováveis, em especial o Biodiesel, o Smart Energy do tecpar e o
Programa Paranaense de Energias Renováveis – Iluminando o Futuro que contribuíram e
continuam a dar sua contribuição no desenvolvimento da cadeia das energias renováveis.
Necessitam, entretanto, neste momento de maior discussão sobre suas prioridades visan-
do obter maior disponibilidade orçamentaria e financeira propiciando a ampliação das
suas ações.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 159


Em Santa Catarina, embora não exista nenhum programa ou política específica para as
energias renováveis há uma ação da ufsc, da Eletrosul, da Tractebel Energia e da weg. Os
programas que contribuem para o desenvolvimento destas energias é o Pró-emprego e o
sinapse da inovação, apesar de existirem ações da epagri e da Embrapa em atividades de
extensão e pesquisa.
O Rio Grande do Sul é o estado como maior número de programas e ações para o desen-
volvimento das energias renováveis; Os programas são: a) fundopem/RS e integra/RS; b)
Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial – proedi; c) Programa de Apoio a Ini-
ciativas; d) Programa Pró-Inovação; e) Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnoló-
gicos – PGTec ; f) investe/RS; g) probiodiesel/RS e, h) Programas do Sistema Financeiro
Gaúcho – badep, banrisul.

160 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


RECOMENDAÇÕES
9
A Região Sul do Brasil apresenta plenas condições para a produção de energias re-
nováveis, e desta maneira qualificar ainda mais a diversificação de sua matriz energética.
Há disponibilidade de diferentes fontes, como a biomassa vegetal e animal, pois a Região
Sul é a maior produtora de suínos, possui potencial eólico e solar e grande disponibilidade
de área para o plantio de florestas energéticas. Dispõe ainda de qualificadas instituições de
pesquisa e universidades federais e estaduais que se dedicam a pesquisas e ao desenvolvi-
mento de tecnologias em todas estas áreas, bem como estruturas de assistência técnica e
extensão rural oficial, ONGs, sistema cooperativista e integradoras que poderiam oferecer
informações e capacitação qualificada aos agricultores.
Os programas federais e estaduais existentes e relacionados às energias renováveis con-
tribuem no processo de desenvolvimento e integração para a viabilização das políticas pú-
blicas disponíveis e sua sinergia com as ações das energias renováveis na Região Sul, neces-
sitando, entretanto, uma maior interação como o rural.
A Resolução Normativa aneel n° 482/2012 que estabeleceu a micro e minigeração dis-
tribuídas e o sistema de compensação, possibilitou a conexão de pequenos consumidores
individuais à rede com potencial para a geração de renda na unidade produtiva familiar e a
Resolução Normativa aneel n° 687/2015 avançou com a possibilidade do desenvolvimen-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 161


to de arranjos produtivos locais voltados à geração de energia renovável até 5 MW (Cinco
Megawatts), permitindo a descentralização em geração compartilhada da energia por co-
operativas, consórcios e organizações da agricultura familiar e da reforma agrária. Assim a
agricultura do agronegócio e/ou familiar, que participa significativamente na produção de
alimentos, fibras e comodities e do oferecimento de uma série de serviços ligados às ativida-
des agropecuárias, deve avançar para esta excelente oportunidade para a inclusão produtiva
e geração de renda, que é a agricultura produtora de energia.
A região possui um importante histórico de produção de suínos com forte ligação com
as agroindústrias que realizam integração. Em 2006 eram 451.870 propriedades com um re-
banho de 16.750.420 cabeças. De acordo com projeções do mesmo ibge para o ano de 2015
este rebanho teria atingido 19.875.316 de cabeças de suínos, demonstrando importância
de serem acelerados os trabalhos com o biogás visando não apenas pela possibilidade de
geração de renda, mas também pela necessidade de redução de danos ambientais.
Em relação ao setor cooperativista, os três Estados do Sul sempre foram referência no
Brasil, contribuindo para o desenvolvimento da agricultura e da economia dos estados e
também gerando divisas para o Brasil com suas exportações. Os Sistemas ocepar, ocesc
e ocergs possuem significativo número cooperativas com parques agroindústrias de pro-
dução e processamento de carnes e leite. O cooperativismo da agricultura familiar com a
criação da unicafes está se organizando e comercializando a produção de grande parcela
da agricultura familiar, contribuindo também para a geração de emprego e renda no campo
ao mesmo tempo em que contribui para a dinamização da economia dos pequenos muni-
cípios rurais do estado.
Conforme comentado em capítulos anteriores, as cooperativas além de trabalho pionei-
ro nas energias renováveis, representam um importante aliado na construção de alternati-
vas para a produção de biogás e para o aproveitamento deste potencial na geração de ener-
gia elétrica no campo e também nas cidades. Exemplos como os da Cooperativa Languiru
(RS), Coopercampos (RS), Aurora (SC), Cooperativa Lar (PR), C.Vale (PR) e Copacol (PR) não
apenas contribuem para o melhor aproveitamento dos resíduos gerados na produção e pro-
cessamento de produtos agrícolas como também trazem grandes benefícios para o meio
ambiente com a correta destinação dos dejetos de criações e de efluentes de unidades in-
dustriais e na redução do efeito estufa. Além disso, permitem benefícios econômicos para
os agricultores e cooperativas agroindustriais com a redução de custos com aquisição de
energia elétrica e adubos e com venda de créditos de carbono.

162 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


É fundamental incentivar que as experiências desenvolvidas por estas cooperativas se
tornem exemplos, especialmente àquelas que industrializam a produção dos cooperados,
possibilitando a utilização tanto do biogás como a energia solar em suas unidades indus-
triais. Seria recomendável que as organizações estaduais criassem oportunidades para que
a expertise adquirida por estas cooperativas fosse compartilhada com outras cooperativas
que também atuam na agroindustrialização.
Há necessidade de incentivar discussões que permitam o aproveitamento de dejetos de
suínos e de resíduos de agroindústrias, como abate de frangos e suínos e processamento de
mandioca e outros grãos, visando ampliar a participação de cooperativas agropecuárias no
tratamento de dejetos e produção de biogás.
O levantamento e o mapeamento das unidades que utilizam fontes de energias renová-
veis, as experiências desenvolvidas individualmente ou coletivamente e o diagnóstico das
propriedades visitadas apresentam elementos importantes para a construção de uma po-
lítica nacional e em cada estado da Região Sul de aproveitamento das fontes de energias
renováveis na agricultura, bem como a necessidade de ampliar o mapeamento do potencial
e da demanda de energias renováveis para a agricultura.
O mercado das energias renováveis, especialmente urbano, tem crescido no país e na
Região Sul. É necessário que os estados do Sul passem a oferecer condições políticas e eco-
nômicas favoráveis para que os agricultores também invistam nestas fontes de energias re-
nováveis.
Em relação à geração de energia elétrica a partir do biogás, alguns pontos importantes
merecem ser considerados:
1. a substituição de energia elétrica comprada por energia elétrica produzida localmente
para autoconsumo nos próprios criatórios, acrescida da possível venda de energia elé-
trica excedente para as empresas distribuidoras necessita ser analisada e amplamente
discutida com as empresas geradoras;
2. a utilização própria do subproduto biofertilizante e/ou a sua venda para outros esta-
belecimentos, reduzindo os custos de produção nas lavouras ou acrescentando nova
receita às criações necessita de maiores pesquisas técnicas e econômicas;
3. a possível obtenção, pelos criadores, de uma nova receita operacional com a venda
de créditos de carbono dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (mdl) do
Protocolo de Kioto merece análise mais acurada para possibilitar a viabilização desta
oportunidade.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 163


O investimento no tratamento dos dejetos com produção de biogás justifica-se, além
das externalidades ambientais e sociais, onde há uma demanda energética para autocon-
sumo e com possibilidade de mercado para venda do excedente do biogás, e que preferen-
cialmente possuam áreas agrícolas suficientes para aplicação do resíduo (biofertilizante).
A existência de políticas públicas estaduais sobre energias renováveis voltadas também
para o rural criará um conjunto de demandas para os serviços de assistência técnica e ex-
tensão rural. É importante que assistência técnica e extensão rural (ater) esteja preparada
para informar e estimular as pessoas sobre o potencial e benefícios econômicos, sociais e
ambientais que estas tecnologias oferecem, e em paralelo desenvolver programas especia-
lizados para disseminar conhecimento sobre o biogás e o seu aproveitamento energético.
Desenvolver estudos sobre equipamentos para uso em pequena escala é premente, con-
siderando que os custos de instalação têm sido uma das principais barreiras para adoção
mais ampla da tecnologia do biogás. Ao reduzir os custos poderia haver um aumento de
aceitação da tecnologia, além de potencializar sua acessibilidade.
Portanto, outro desafio é ampliar o espectro das avaliações existentes do uso de digesta-
to como adubo orgânico, com desenvolvimento de tecnologias de produção, beneficiamen-
to e uso deste biofertilizante.
A consolidação da utilização do biogás torna necessária a existência de um marco le-
gal/regulatório com especificações do controle da qualidade, assim como as especificações
para gasodutos rurais, para transporte de biogás, pois projetos nesta área dependerão de
um ambiente institucional estruturado. O biometano já possui regulamentação pela anp
para uso como combustível (Resolução nº 8 da anp, de 30 de janeiro de 2015) que estabele-
ce a especificação do biometano oriundo de produtos e resíduos orgânicos agrossilvopasto-
ris e comerciais destinados ao uso veicular (gnv) e às instalações residenciais e comerciais.
De acordo com informações constantes no Censo Agropecuário de 2006 e que integram
capitulo deste estudo, a agricultura familiar responde por significativa parcela da produção
de suínos, aves e leite no sul do Brasil Considerando os problemas ambientais conhecidos
em decorrência da produção, o desenvolvimento da cadeia produtiva do biogás pode ser
considerado uma resposta para diminuir os impactos no ambiente, além dos benefícios
agrícolas e socioeconômicos. Portanto, há que se considerarem os ganhos econômicos,
ambientais e sociais dos investimentos em tratamento de dejetos e produção de biogás,
mas com especial atenção aos ganhos associados à geração de renda e uma consequente
melhoria da qualidade ambiental das propriedades.

164 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Há necessidade de estabelecer processos de autonomia energética comunitária visando
oferecer condições às comunidades isoladas, aos agricultores individualmente, os coope-
rativados ou associados, e aos assentamentos de reforma agrária, comunidades de pesca-
dores e, quilombos, os meios para gerar sua própria energia, em especial nas regiões mais
inóspitas dos Estados do Sul.
Os estados do Sul e em especial o Rio Grande do Sul tem um bom potencial para gera-
ção eólica de energia na Região Sul, porém este potencial não é explorado pela agricultura
familiar. Primeiro porque a disponibilidade de equipamentos de pequeno porte de fabrica-
ção nacional é pequena e os existentes ainda precisam melhorar sua eficiência e também o
preço, pois ainda são caros para a realidade da agricultura e, depois os importados têm um
custo muito alto. Além dos aerogeradores, a fabricação de inversores eólicos sofre dos mes-
mos problemas. Portanto, é necessário desenvolver a indústria de equipamentos eólicos de
pequeno porte no Brasil.
Considera-se necessário desenvolver pesquisas em torno do uso de aerogeradores de
pequeno porte, tanto na sua eficiência como também na viabilidade econômica de uso na
agricultura familiar.
Considerando a existência dos estudos de viabilidade técnica, consolidados através de
diferentes atlas existentes nos estados do Sul, uma política de energias renováveis na área
rural deve se constituir em um vetor da interiorização do desenvolvimento, da inclusão so-
cial, da redução das disparidades regionais e da fixação das populações ao seu habitat. Isso
ocorre em especial pela agregação de valor na cadeia produtiva e integração às diferentes
dimensões do agronegócio permitindo a geração de emprego e renda, conforme recomen-
dam as Diretrizes da Política de Agroenergia, 2006 – 2011.
Com base nestes elementos e nos potenciais econômicos, ambientais e sociais que a
produção de energia pode trazer para a agricultura familiar e suas organizações, é necessá-
rio adotar uma série de ações no sentido de promover a inclusão produtiva da agricultura
familiar nesta cadeia de forma qualificada e sustentável. Dentre as principais ações neces-
sárias, podemos citar:
• A revisão, criação e/ou alteração dos instrumentos e linhas de crédito do pronaf com
objetivo de adequação às necessidades de investimento e custeio para produção de
energia elétrica e coprodutos a partir do tratamento de dejetos animais produzidos por
estabelecimentos e/ou empreendimentos coletivos de agricultores familiares;
• Criação e revisão de um Marco Regulatório para a produção e uso de energias reno-
váveis é de extrema importância para a inclusão de forma qualificada da agricultura

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 165


familiar na cadeia das energias renováveis. Para desenvolver esta ação é necessário o
estudo do ambiente institucional acerca das energias renováveis para a agricultura fa-
miliar e a proposição de mudanças nos marcos regulatórios existentes e a criação de
novas regulamentações. Estados com rio Grande do Sul e São Paulo já criaram leis para
regulamentar a produção e o uso do biogás.

As principais sugestões sobre as demandas de revisão e criação do arcabouço legal se-


riam:
• Regulação e especificação dos processos de produção, de tratamento e de controle de
qualidade simplificados para o biogás.
• Normatização que defina critérios de segurança e qualidade dos equipamentos para a
produção de biogás.
• Revisão e criação de competências em relação à comercialização e transporte do bio-
gás.
• Proposição de normativos que facilitem a comercialização de energia elétrica a partir
de fontes renováveis.
• Unificação das normas de distribuição e de critérios de geração distribuída.
• Estabelecimento de tratamento diferenciado na tributação da importação de equipa-
mentos destinados à produção de energias a partir de fontes renováveis e na produção
de equipamentos nacionais.
• Concessão de benefícios fiscais em relação ao regime de incidência do icms para gera-
ção distribuída.
• Proposição de regras para a realização de compras de energia produzida a partir de
fontes renováveis da agricultura familiar.

9.1. Outras recomendações

• Realização do mapeamento do potencial e demanda das energias renováveis pela agri-


cultura familiar em todas as regiões brasileiras.
• Revisão, criação e/ou alteração dos instrumentos e linhas de crédito do pronaf com
objetivo de adequação às necessidades de investimento e custeio para produção de
energia elétrica a partir da energia eólica por estabelecimentos e/ou empreendimentos
coletivos de agricultores familiares.

166 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


• Investir-se na melhoria, reforma e modernização dos biodigestores que foram constru-
ídos em projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (mdl), que se encontram
sem assistência e em grande maioria inoperantes.
• Estabelecer uma proposta de formação e capacitação dos técnicos da Assistência Téc-
nica e Extensão Rural e das demais entidades organizadas da sociedade civil (Coopera-
tivas, ongs, Sindicatos) visando sua qualificação para atuar junto aos agricultores.
• Criar estratégia de organização e capacitação da base produtiva de agricultores, pro-
dutores e potenciais produtores de energia elétrica e coprodutos a partir do tratamen-
to de dejetos animais, com foco em ações de Assistência Técnica e Extensão Rural
(ater) e a participação ativa das Federações de Agricultores, Trabalhadores e Agricul-
tura Familiar.
• Realização de seminários no intuito de discutir e debater estratégias e soluções para a
inclusão da agricultura familiar no aproveitamento das fontes de energias renováveis;
• Implantação de unidades de referência para aproveitamento de fontes de energias re-
nováveis em estabelecimentos da agricultura familiar.
• Criação de estratégia de capacitação da base de técnicos das empresas públicas e priva-
das, das cooperativas e das organizações de agricultores familiares sobre o aproveita-
mento de fontes de energias renováveis pela agricultura familiar.
• Incentivo à geração distribuída entre os produtores potenciais fornecedores de energia
e criar as condições necessárias para que as companhias de distribuição garantam.
• Desenvolver a cadeia produtiva do biogás considerado que pode ser um importante
caminho para diminuição dos impactos no ambiente, além dos benefícios sociais e
econômicos, em decorrência dos problemas ambientais conhecidos com a produção
intensiva de suínos.
• Desenvolver e implementar tecnologias para aproveitamento da biomassa residual
como a digestão anaeróbia de resíduos agropecuários com produção de biogás, que
podem gerar impactos ambientais e socioeconômicos positivos. Ou seja, com o uso do
biogás como fonte energética é possível incorporar os resíduos da produção agropecu-
ária, transformando-os em fonte de energia com custos reduzidos e geração de renda,
além da redução da dependência de fontes externas de energia.
• Buscar o aprimoramento das vocações regionais com Incentivo à instalação de proje-
tos de energias renováveis em regiões com oferta abundante de solo, radiação solar e
mão-de-obra, propiciando vantagens para o trabalho e para o capital, dos pontos de
vista privado e social, considerando-se as culturas agrícolas com maior potencialidade
e respeitando o zoneamento para cada cultura.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 167


• Desenvolver estratégias reflexão junto aos produtores de leite e suinocultores sobre a
viabilidade econômica e ambiental no uso dos biodigestores para a geração de energia
elétrica e os avicultores sobre a utilização de energia solar fotovoltaica em seus aviários.

Finalmente, realizando uma avaliação dos potenciais de integração de políticas públi-


cas disponíveis, e sua sinergia com as ações de energias renováveis, para as cooperativas da
Região Sul segue algumas sugestões de recomendáveis e possíveis de serem realizadas pelo
setor cooperativista:
1. As representações das cooperativas na Região Sul – ocepar, ocesc, ocergs e unica-
fes podem articular com o sead o lançamento de editais de ater para energias renová-
veis (biogás, eólica, solar), que pode ser dividido em mais de um edital para diferentes
regiões dos estados ou ainda divididos por tipo de fonte energética, a partir do Atlas
do Potencial Eólico dos Estados ou no caso do Biogás as regiões produtoras de suínos
com o objetivo principal de estimular e implementar a adoção pelos agricultores des-
tas fontes de energia, não somente para uso na propriedade, mas também como mais
uma fonte de geração de renda.
2. As cooperativas podem estimular a utilização do pronaf nas suas diferentes linhas de
investimento e custeio para a aquisição de equipamentos para geração de energia elé-
trica e térmica, como biodigestores, aerogeradores, secadores entre outros e o custeio
e investimento para a formação de florestas energéticas.
3. Elaboração de material técnico sobre energias renováveis na forma de livros, apostilas
e cartilhas com linguagem acessível aos agricultores, cursos presenciais e a distância
voltados a agricultores, seus familiares e técnicos.

As estratégias sugeridas são ações que podem resultar no aumento da sinergia entre
políticas e programas federais e estaduais, mas é preciso amplo e permanente diálogo das
cooperativas e suas organizações centrais, sindicatos e federações com os governos esta-
duais e o governo federal, com as instituições de pesquisa, assistência técnica e de exten-
são rural, empresas e associações do setor, como a abiogás, a absolar, a abeeolica, a
abraf, as geradoras de energia, as empresas produtoras de equipamentos, as universida-
des e centros de pesquisa, visando articular ações que incrementem o desenvolvimento
das fontes energéticas.

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nanciamentos pelo FEAPER (Manual FEAPER 2016) que serão utilizadas nas operações
subsidiadas com recursos orçamentários de 2016. Diário Oficial do Estado do Rio Gran-
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Segurança Alimentar e Sustentabilidade do Agronegócio – O Agro Brasileiro em 2030
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apresentacoes/2012/o_agro_brasileiro_em_2030_1906.pdf>. Acessado em: 01/06/2017.
Secretaria Para Assuntos Estratégicos. Programa Paranaense de Energias Renováveis – Si-
tuação Problema. Disponível em: <http://www.seae.pr.gov/modules/conteudo/conteu-
do.php?conteudo=594>. Acessado em: 18/07/2017.
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Estado do Paraná. Cooperativas do Paraná: produtos e serviços; Cooperativas de Paraná:
productos y servicios; Parana’scooperatives: productsandservices. Curitiba, 2011. 96 p.
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lizar a geração de energia elétrica é fundamental para o desenvolvimento socioeconô-
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TECPAR. Eficiência energética e desenvolvimento socioeconômico são possíveis com
geração distribuída: um mix de fontes renováveis na matriz elétrica alivia o sistema,
impulsiona o crescimento de regiões e reduz a emissão de carbono. SMAT ENERGY,
Curitiba, Ed. 2, pag. 22-24, 2017. Disponível em: <https://issuu.com/renata_abreu_nrg/
docs/revista_smart_energy_ed_02_web>. Acessado em: 02/08/2017.
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tion Research.(). Foz do Iguaçu, PR, 2013.
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cas. Projeto de Extensão Universitária – RENEW – Renewable Energy Group. Capitão
RENEW e as incríveis energias renováveis. Disponível em: <http://loos.prof.ufsc.br/fi-
les/2014/12/Cartilha_renew-pronta.pdf>. Acessado em: 01/02/2017.

180 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


UTFPR. Energia Fotovoltaica. Disponível em: <http://www.utfpr.edu.br/curitiba/estrutura-
-universitaria/assessorias/ascom/noticias/acervo/energia-fotovoltaica> Acessado em:
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ZANETTE, A. L. Potencial de Aproveitamento Energético do Biogás no Brasil. Dissertação
de Mestrado, COPPE/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: UFRJ,
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ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 181


FONTES DE FINANCIAMENTO
DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
PARA A AGRICULTURA
1

anexo
FAMILIAR

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 183


pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
Pronaf Mais Alimentos
Juros de 2,5% ao ano para os seguintes investimentos: Compra de estruturas, como es-
tufas, sistema de irrigação e equipamentos para automatização da produção; correção da
acidez e da fertilidade do solo, implantação e reformas para gestão sustentável dos recursos
hídricos e compostagem de adequação ambiental; e financiamento para a geração de ener-
gia de fontes renováveis, como solar, biomassa, eólica e mini usinas de biocombustíveis.
Limite Financiável:
- Até R$ 20 mil para aquisição de animais para recria e engorda (juros de 5,5%);
- Até R$ 330 mil por beneficiário/ano agrícola, para atividades de suinocultura, fruticul-
tura e avicultura, aquicultura e carcinicultura (juros de 5,5%);
- Até R$ 165 mil por beneficiário/ano agrícola, para as demais atividades;
- Crédito Coletivo para colheitadeiras: Até R$ 800 mil, limitado a R$ 165 mil por benefi-
ciário.
Prazos: Até 10 anos, com até 3 anos de carência, de acordo com o item financiado
Importante: Já estão listados no Mais Alimentos os equipamentos para geração de ener-
gia solar fotovoltaica que podem ser adquiridos pelos agricultores familiares. Mais infor-
mações: http://portal.mda.gov.br/portal/saf/maisalimentos/

Pronaf Eco
Juros de 2,5% ao ano para os seguintes investimentos, com limite financiável de até
R$ 165 mil: Investimento para aproveitamento hidroenergético, tecnologia de energia re-
novável, tecnologias ambientais, projetos de adequação ambiental, adequação ou regula-
rização das unidades familiares à legislação ambien tal, implantação de viveiros de mudas.
Prazos: Até 10 anos, com até 3 anos de carência, podendo ser ampliado para 5 anos de-
pendendo do projeto técnico.
Mais informações: http://www.mda.gov.br/

Pronaf Floresta
Juros de 2,5% ao ano para os seguintes investimentos, com limite financiável de até R$
38,5 mil, dependendo do empreendimento financiado e do grupo no qual o beneficiário
está enquadrado: Financiamento de investimentos em projetos para sistemas agroflores-
tais; exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal, recom-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 185


posição e manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal e recuperação de
áreas degradadas.
Prazos:
- Para sistemas agroflorestais: até 20 anos, com até 12 anos de carência;
- Para demais financiamentos: até 12 anos, com até 8 anos de carência.
Mais informações: http://www.mda.gov.br/

Consórcio Verde – Sicredi – Sistema de Crédito Cooperativo


Planos de 60 a 120 meses para aquisição de: Gerador de energia solar ou eólico; equipa-
mentos de tratamento de água e esgoto; aquecedores solares para água; equipamentos de
iluminação de LED; e outros equipamentos ecoeficientes.
O funcionamento do consorcio é igual aos demais presentes no mercado, porém é possí-
vel negociar descontos nos valores pois embora o pagamento seja a prazo, a compra do bem
é a vista. Mais informações: https://www.sicredi.com.br/

Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste – FCO-Rural


Financiamentos para projetos que utilizem fontes alternativas de energia, contribuindo
para a diversificação da base energética. As taxas de juros são variáveis em função da finali-
dade.
Mais informações na SUDECO – Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste:
http://www.sudeco.gov.br.

186 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


FONTES DE INFORMAÇÕES
SOBRE ENERGIAS
RENOVÁVEIS
2

anexo
ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 187
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis: Agência reguladora do
setor de combustíveis no Brasil, que fiscaliza e regula o mercado de petróleo, de gás natural
e de biocombustíveis. Elabora normas e regulamentos para o setor e faz o acompanhamen-
to deste mercado no Brasil. Informações: http://www.anp.gov.br
Associação Brasileira de Biogás e Biometano – ABiogás: Associação de direito privado
sem fins lucrativos que reúne empresas que atuam na cadeia do biogás e biometano. Tem
como missão promover a inserção definitiva do biogás e do biometano na matriz energética
brasileira, através do desenvolvimento dos diversos segmentos envolvidos em sua produ-
ção, regulamentação e utilização (ABiogás, 2016). Informações: http://www.abiogas.org.br/
Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica: Associação de direito privado
sem fins lucrativos que reúne empresas pertencentes à cadeia geradora de energia eólica
no País. Seu objetivo é promover a produção de energia elétrica a partir da força dos ventos
como fonte complementar da matriz energética nacional e defender a consolidação e com-
petitividade do setor eólico, principalmente por meio de um programa governamental de
longo prazo (ABEEólica, 2016). Informações: http://www.portalabeeolica.org.br/
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – ABSOLAR: Associação de di-
reito privado sem fins lucrativos que reúne empresas de toda a cadeia produtiva do setor
fotovoltaico (FV) com operações no Brasil. A ABSOLAR coordena, representa e defende os
interesses de seus associados quanto ao desenvolvimento do setor e do mercado de energia
solar fotovoltaica no Brasil, promovendo e divulgando a utilização da energia solar fotovol-
taica no País (ABSOLAR, 2016). Informações: http://www.absolar.org.br/
Associação Internacional de Geossintéticos – IGS: Entidade representativa de direito
privado que reúne membros individuais e corporativos de todas as partes do mundo, que
estão envolvidos em projetos, fabricação, vendas, uso ou ensaio de geotêxteis, geomembra-
nas, produtos correlatos e tecnologias associadas, ou que ensinam ou desenvolvem pesqui-
sas sobre tais produtos (IGS, 2016). Informações: http://igsbrasil.org.br/
Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás – cibiogás: Instituição científi-
ca, tecnológica e de inovação. Trabalha com pesquisa e desenvolvimento da cadeia do bio-
gás e de outras energias renováveis. Presta assessoria na elaboração de projetos de viabili-
dade técnica para biogás, possui laboratório para analises de biomassas. Também trabalha
com formação e capacitação de profissionais com a oferta de cursos sobre biogás e gestão
territorial. Tem projetos realizados em conjunto com Itaipu Binacional, Embrapa, muni-

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 189


cípios da Região Oeste do Paraná e é referência em pesquisa e desenvolvimento da cadeia
produtiva do biogás. Informações: https://www.cibiogas.org/
Centro Nacional de Referência em Biomassa – CENBIO: O Centro Nacional de Referên-
cia em Biomassa – CENBIO/IEE/USP – é um grupo de pesquisa instituído na Universidade
de São Paulo, no Instituto de Eletrotécnica e Energia. O CENBIO/IEE/USP foi instituído com
o objetivo de promover o desenvolvimento das atividades de pesquisa e divulgação de infor-
mações científicas, tecnológicas e econômicas para viabilizar o uso da biomassa como fonte
eficiente de energia no Brasil. Informações: http://infoener.iee.usp.br/cenbio/biomassa.htm
CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito / CepeL –
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica: O CRESESB/Cepel promove o desenvolvimen-
to das energias solar e eólica através da difusão de conhecimentos, da ampliação do diálogo
entre as entidades envolvidas e do estímulo à implementação de estudos e projetos. Infor-
mações: http://cresesb.cepel.br/
Empresa de Pesquisa Energética – epe (Ministério das Minas e Energia): Conforme
descrito art. 2º da Lei 10.847 de 15 de março de 2004 “A Empresa de Pesquisa Energética
– epe tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsi-
diar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e
seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre
outras”. É a entidade responsável por elaborar o Balanço Energético Nacional, com infor-
mações sobre produção e uso das fontes energéticas. Informações: http://www.epe.gov.br/
Paginas/default.aspx
Instituto Ideal – Programa América do Sol: É uma iniciativa do Instituto para o Desen-
volvimento das Energias Alternativas na América Latina (IDEAL) com o apoio da Coope-
ração Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e do KfW – Banco de Fomento Alemão, e do
Grupo de Energia Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (ufsc) principal
objetivo do programa é “Transformar a América Latina no continente da energia solar”
(América do Sol, 2016). Informações: http://americadosol.org/
International Energy Agency – IEA – Agência Internacional de Energia: Entidade
membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Atua
como a orientadora política de assuntos energéticos para seus 29 países membros. Infor-
mações: https://www.iea.org/

190 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


International Renewable Energy Agency – IRENA (Agência Internacional para as
Energias Renováveis): A Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) é
uma organização intergovernamental que apoia os países na sua transição para um plane-
jamento energético sustentável e serve como plataforma principal para a cooperação in-
ternacional, um centro de excelência e um repositório de políticas, tecnologias e recursos
financeiros. (IRENA, 2016). Informações: http://www.irena.org
Laboratório de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia –
LEPTEN/Labsolar: Responsável pelos levantamentos de dados de irradiação solar no
Brasil. Foi a partir do trabalho do LABSolar em parceria com o Instituto Nacional de Mete-
orologia – INMET que foi elaborado o primeiro Atlas da Irradiação Solar no Brasil. O labora-
tório desenvolve ainda, pesquisas em coletores solares compactos acoplados a reservatório
e sistemas de ar condicionado auxiliados por energia solar. Realiza ainda pesquisas com
análises do desempenho de instalações fotovoltaicas autônomas, para locais remotos, ou
interligados à rede elétrica. Informações: http://www.lepten.ufsc.br/home/solar.html
Núcleo de Tecnologia em Energia Solar – NT-Solar (Pontifícia Universidade do Rio
Grande do Sul – PUCRS): O NT-Solar tem como objetivo desenvolver dispositivos fotovol-
taicos que reduzem o custo da energia elétrica obtida diretamente da conversão da energia
solar. A linha de pesquisa relativa a células solares centra-se no desenho, fabricação e carac-
terização destes dispositivos. Informações: http://www.pucrs.br/cbsolar/
Open Energy Information – OpenEI: Portal internacional com informações gratuitas so-
bre energias renováveis. É um banco de dados sobre energias renováveis a nível mundial.
Informações: http://en.openei.org/wiki/Main_Page
Portal Brasileiro de Energia Solar – Brasil Solar: Portal com informações sobre temas
relacionados à energia solar. Também conta com sistema de busca de informações sobre
máquinas e equipamentos para energia solar e de empresas do setor. É a editora da revista
Brasil Solar. Informações: http://www.portalenergiasolar.com.br/energia-solar/default.asp
Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de Biogás no
Brasil – PROBIOGÁS: Projeto de cooperação técnica entre o Governo Brasileiro, por meio
da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, e o Gover-
no Alemão, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ)
GmbH. O PROBIOGÁS tem como foco principal o aproveitamento do biogás gerado no
tratamento anaeróbio dos esgotos sanitários, dos resíduos sólidos urbanos, agropecuários

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 191


e dos efluentes agroindustriais. Atua pela melhoria das condições regulatórias, aproxima
instituições de ensino e pesquisa e fomenta a indústria nacional de biogás (PROBIOGAS,
2016). Informações: http://www.cidades.gov.br/saneamento-cidades/probiogas
SolarPower Europe: SolarPower Europe é a Associação Europeia da Indústria Fotovoltai-
ca (EPIA – European Photovoltaic Industry Association). É uma associação que representa
organizações que atuam ao longo de toda a cadeia de valor. Trabalha com ações para forta-
lecer o mercado de energia fotovoltaica na Europa. Informações: http://www.solarpowereu-
rope.org/home/

192 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


DECRETO Nº 52.964 DE 30 DE
MARÇO DE 2016 –
3
GOVERNO DO ESTADO DO

anexo
RIO GRANDE DO SUL

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 193


ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria
Legislativa
DECRETO Nº 52.964, DE 30 DE MARÇO DE 2016.
(publicado no DOE n.º 060, de 31 de março de 2016)

Modifica o Regulamento do Imposto sobre


Operações Relativas à Circulação de Mer-
cadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e
de Comunicação (Ricms).
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso da atribuição que lhe con-
fere o art. 82, V, da Constituição do Estado,
D E C R E T A:
Art. 1º – Com fundamento no disposto nos Convênios icms 16 e 157/15, ratificados nos ter-
mos da Lei Complementar Federal nº 24, de 07/01/75, conforme Atos Declaratórios CON-
FAZ nos 10 e 28/15, publicados no Diário Oficial da União de 14/05/15 e 30/12/15, respectiva-
mente, ficam introduzidas as seguintes alterações no Regulamento do icms, aprovado pelo
Decreto nº 37.699, de 26/08/97:
ALTERAÇÃO Nº 4682 – No art. 9º do Livro I, fica acrescentado o inciso CXCVIII com a se-
guinte redação:
“CXCVIII – saída interna de energia elétrica realizada por empresa distribuidora com desti-
no à unidade consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica inje-
tada na rede de distribuição pela mesma unidade consumidora com os créditos de energia
ativa originados na própria unidade consumidora ou em outra unidade consumidora do
mesmo titular, no mesmo mês ou em meses anteriores, nos termos do Sistema de Com-
pensação de Energia Elétrica estabelecido pela Resolução Normativa aneel nº 482, de
17/04/12.
NOTA 01 – Ver benefício do não estorno do crédito fiscal, art. 35, IV, “a”.
NOTA 02 – O benefício previsto neste inciso:
a) aplica-se somente à compensação de energia elétrica produzida por microgeração e mi-
nigeração, conforme definidas na referida resolução, cuja potência instalada seja, respecti-
vamente, menor ou igual a 100 kW e superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW;

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 195


b) não se aplica ao custo de disponibilidade, à energia reativa, à demanda de potência, aos
encargos de conexão ou uso do sistema de distribuição e a quaisquer outros valores cobra-
dos pela distribuidora.
NOTA 03 – Deverão ser observadas, ainda, as instruções baixadas pela Receita Estadual.”
ALTERAÇÃO Nº 4683 – No art. 35, é dada nova redação à alínea “a” do inciso IV, conforme
segue:
“a) as isenções de que trata o art. 9º, XXV, XXVI, “a”, XXXVIII, XXXIX, XLI, XLVIII, XLIX,
L, LXX, LXXI, LXXIII, LXXIX, LXXXIII, LXXXIV, LXXXV, XCII, XCVI, XCVIII, CII, CIX, CXIII,
CXIV, CXVII, CXX, CXXVII, CXXVIII, CXXXII, CXLI, CXLIV, CXLVI, CL, CLXIII, CLXXX,
CLXXXI, CXCIII, CXCV e CXCVIII;
NOTA – Os incisos mencionados referem-se a: produtos industrializados de origem nacio-
nal para comercialização ou industrialização na Zona Franca de Manaus (XXV) e nos Muni-
cípios de Rio Preto da Eva e de Presidente Figueiredo, no Estado do Amazonas (XXVI, “a”);
medicamentos para tratamento da AIDS (XXXVIII); mercadorias para uso de deficientes
físicos (XXXIX); medicamentos para tratamento do câncer (XLI); veículos para Missões Di-
plomáticas (XLVIII); doações a entidades governamentais de assistência a vítimas de cala-
midade pública (XLIX); doações ao Governo do Estado para distribuição a vítimas de catás-
trofes (L); doações à Secretaria da Educação deste Estado (LXX); doações de mercadorias
que relaciona, para o SENAI (LXXI); veículos, máquinas e equipamentos adquiridos pelos
Corpos de Bombeiros Voluntários (LXXIII); táxis (LXXIX); Coletores Eletrônicos de Voto
(CEV) (LXXXIII); preservativos (LXXXIV); equipamentos para o aproveitamento das energias
solar e eólica (LXXXV); doações a entidades governamentais de assistência a vítimas de seca
(XCII); mercadorias destinadas a estabelecimentos localizados em ZPE (XCVI); equipamen-
tos e insumos destinados à prestação de serviços de saúde (XCVIII); veículos adquiridos pelo
Departamento de Polícia Federal (CII); veículos adquiridos pela Polícia Rodoviária Federal
(CIX); veículos adquiridos pelo Departamento de Polícia Federal e pelo Departamento de
Polícia Rodoviária Federal (CXIII); medicamentos (CXIV); veículos adquiridos pelo Depar-
tamento de Polícia Rodoviária Federal (CXVII); mercadorias diversas nas saídas para órgãos
e entidades da Administração Pública Estadual Direta, suas Fundações e Autarquias, e para
os Poderes Legislativo e Judiciário (CXX); energia elétrica, as parcelas de subvenção da tarifa
estabelecida pela Lei Federal nº 10.604, de 17/12/02, no respectivo fornecimento a consu-
midores enquadrados na “Subclasse Residencial Baixa Renda” (CXXVII); pilhas e baterias
usadas (CXXVIII); selos destinados ao controle fiscal federal (CXXXII); ônibus, micro-ôni-
bus e embarcações, destinados ao transporte escolar, adquiridos pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios (CXLI); reagente para diagnóstico da doença de Chagas (CXLIV); com-

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putadores portáteis educacionais (CXLVI); doações destinadas ao Estado de Santa Catarina
para as vítimas de calamidades climáticas (CL); doações destinadas aos Estados de Alagoas
e Pernambuco para as vítimas de calamidades climáticas (CLXIII); arroz beneficiado para
o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (CLXXX); mercadorias destinadas à
construção, conservação, modernização e reparo de embarcações (CLXXXI); produtos des-
tinados aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 (CXCIII); arroz orgânico destinado à
merenda escolar (CXCV) e operação interna de energia elétrica nos termos do Sistema de
Compensação de Energia Elétrica (CXCVIII).”
Art. 2º – Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir
de 1º de junho de 2016.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 30 de março de 2016.

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METODOLOGIA DE ANÁLISE
DE VIABILIDADE DE
4
PROJETO DE ENERGIA

anexo
SOLAR FOTOVOLTAICA

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 199


1. Dimensionamento Projeto Solar Fotovoltaico
ATOMRA Energia Renovável em informativo online, de 27 de junho de 2014, publicou os
passos para calcular o dimensionamento de um projeto solar fotovoltaico.

1º Passo – Pegue os valores das ultimas 12 contas de energia do seu local. Os valores de seu
consumo são expressos pela grandeza dimensional de kWh/mês.
Entendendo a unidade de medida:
• Quilowatt-hora (kWh) equivale a 1.000 Wh ou 3,6×106 joules.
• O watt-hora (Wh) é a medida de energia usualmente utilizada em eletrotécnica. Um Wh
é a quantidade de energia utilizada para alimentar uma carga com potência de 1 watt
pelo período de uma hora. 1 Wh é equivalente a 3.600 joules.
• Uma lâmpada cuja potência é 100 W consome energia a uma taxa de 100 joules por se-
gundo. Em uma hora consome 360.000 joules ou, equivalentemente, 100 Wh. Se ficar
acesa durante 10 horas, consumirá 1000 Wh ou 1 kWh.
100 W * 10 h = 1000 Wh
A unidade watt por hora (W/h) dever ser usada para indicar “consumo por unidade de
tempo”

2º Passo – Após somar as ultimas 12 medições de energia, deve se tirar a média destes valores.
Para locais onde não haja 12 medições realizadas, poderá ser utilizada as ultimas medições
(ao menos 3 medições), considerando possíveis variações de consumo sazonal ao longo
do ano. Para locais que estão sendo projetada, esta informação pode ser obtida facilmente
com o Engenheiro Eletricista de seu projeto.

TABELA MÉDIA ANUAL


Mês Consumo kWh Mês Consumo kWh
DE CONSUMO
Janeiro 790 Agosto 850
Fevereiro 820 Setembro 896
Março 776 Outubro 922
Abril 884 Novembro 1008
Maio 760 Dezembro 1056
Junho 430
Média Anual 827
Julho 730

Conforme exemplo acima, o consumo médio anual considerado é de 827 kWh/mês.

ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 201


3º Passo: Informações básicas para dimensionamento.
• Considerando um projeto na cidade de Francisco Beltrão, teremos um potencial sola-
rimétrico local de: 5,21 kWh/m²/dia
• Consumo médio do cliente (referência últimos 12 meses): 827 kWh/mês (k=1000, W=
watts, h=hora e mês=30 dias)
• Dias mês considerados: 30 dias
• Eficiência do Projeto Fotovoltaico (inferência padrão): 83% (perdas na geração e trans-
missão de potência).

4º Passo: Cálculos
a) Transformar o dimensional (kWh/mês) para (Wh.mês), basta multiplicarmos por
1000 (k=1000)
827 kWh/mês = 827.000 Wh/mês
b) Calcular o consumo que está medido em um mês, para o consumo médio de um dia.
Para isto basta dividir a grandeza “mês” por 30, e teremos o consumo em “dia”.
827.000 Wh/30 = 27.567 Wh/dia
Se o consumo médio de 27.567 Wh/dia, será possível dimensionar o número de placas ne-
cessárias para gerar esta potência, em um local com índice de 5,21 kWh/m²
• Potência de placas necessária = 27.567/5,21 = 5.291 watts
• Assumindo Eficiência de 83%: 5.291/0,83 = 6.375 watts
Supondo que você irá adquirir placas de 240 watts, teremos que adquirir quantas placas?
• Quantidade de placas: 6.375/240 = 26 placas de 240 watts.

2. Custo da Tarifa
Um fator importante a considerar é o tipo de conexão da rede elétrica instalada em sua resi-
dência, que pode ser monofásico, bifásico ou trifásico. O tipo de conexão determina a tarifa
de disponibilidade cobrada pela concessionária. Esse é o valor mínimo que você deverá pa-
gar pela conta de luz. Para consumidores com conexão monofásica, a tarifa de disponibili-
dade cobrada é 30kW/h/mês, bifásico 50kWh/mês e trifásico 100kWh/mês. Este valor não
será debitado de sua conta se você aderir ao Sistema de Energia fotovoltaica online.
Convencional Resolução aneel Nº 2.096, de 21 de junho de 2016
Tarifa em R$/kWh Resolução aneel* Com impostos: icms e pis/confins
B2-Rural 0,30839 0,48382

202 ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL


Realização:
ITAIPU BINACIONAL CIBIOGÁS
Centro Internacional de Energias
Marcos Vitório Stamm
Renováveis – Biogás
Diretor-Geral Brasileiro
Rodrigo Regis de Almeida Galvão
Mauro José Corbellini
Diretor-Presidente
Diretor Técnico Executivo
João Pereira dos Santos
Diretor Administrativo
Cezar Eduardo Ziliotto
Diretor Jurídico
Newton Luiz Kaminski
Diretor de Coordenação
Paulo Afonso Schmidt
Superintendente da Assessoria
de Energias Renováveis

Apoio institucional:
FAO
Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura: Unidade de
Coordenação e Projetos – Região Sul do Brasil

Publicação da Assessoria de Comunicação Social


da Itaipu Binacional
Patricia Liliana Iunovich
Chefe da Assessoria de Comunicação Social
Projeto gráfico e diagramação:
Divisão de Imagem Institucional
Capa:
Bruno Terao (cibiogás) / Anderson Guapo
Impressão:
Gráfica Verdegraf
Tiragem:
1.400 exemplares

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