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revistaUCS MARÇO/ABRIL.2015 . ANO 3 .

Nº 16

a arte da
COnvivênCia
entre os princípios que norteiAm
A hArmoniA em um Ambiente de
trAbAlho e de AprendizAgem estÃo
o respeito, o diálogo e A empAtiA

prOJetO rOndOn
trocA de experiênciAs com
A comunidAde mArcA
saÚde na mesa
pAssAgem de AcAdêmicos
pesquisAs reAlizAdAs
por monçÃo, no mArAnhÃo
nA ucs primAm pelo
desenvolvimento de
viaGem GeLada produtos Agroecológicos
grupo vAi à AntárticA
estudAr comportAmento
de espécies de Aves

1
saiba como
conviver bem
e promover o
Fotos: Claudia Velho

crescimento
DOS SUJEITOS
EM SEUS
AMbienteS
de inserção
social e
UCS DESENVOLVE PRODUTOS profissional
AGROECOLÓGICOS PARA COMBATER 12
DOENÇAS E PRAGAS
4

Rafael Radaelli
ALUNOS DA UCS
PARTICIPAM DO PROJETO
RONDON NO MARANHÃO
8

EQUIPE DO
DO CURSO
DE BIOLOGIA
REALIZA
VIAGEM À
ANTáRTICA
PARA COLETA
DE MATERIAIS
EM AVES
16

O desafio da convivência
POUSA E ESPERA: no ambiente universitário
UM OLHAR SOBRE O 19
ENTARDECER
18

Universidade de Caxias do Sul Expediente: Assessoria de Comunicação da UCS/Núcleo


Reitor: Evaldo Antonio Kuiava de Produção de Conteúdo (Edição: Ana Laura Paraginski;
Vice-Reitor: Odacir Deonisio Graciolli Redação: Cristina Beatriz Boff, Josmari Pavan e Vagner
Pró-Reitor Acadêmico: Marcelo Rossato Espeiorin. Fotos: Claudia Velho)
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: José Carlos Köche Tiragem: 5.000 exemplares
Pró-Reitor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico: Contato: (54) 3218.2116, @ucs_oficial,
Odacir Deonisio Graciolli www.facebook.com/ucsoficial
Chefe de Gabinete: Gelson Leonardo Rech Leia também no site www.ucs.br
Diretor Administrativo e Financeiro: Cesar Augusto Bernardi Foto de Capa: Claudia Velho

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UCS associa-se ao Pesquisadores da Universidade de Aveiro
Operação
atuam no Instituto de Materiais Jenipapo
Cerâmicos
Instituto Cervantes Claudia Velho
Em março, a UCS – através do
Programa de Línguas Estrangeiras
(PLE) – passou a ser o 1º centro do
Brasil associado ao Instituto Cervantes,
uma instituição pública fundada em
1991 na Espanha com a finalidade
de promover o ensino da língua e da
cultura espanhola. A coordenadora do
Programa de Línguas Estrangeiras,
Magda Monica Cauduro Custódio,
explica que “além de podermos
compartilhar as exposições, palestras,
ciclos de cinema e uma variada
Pesquisadores de Portugal com o bolsista do curso de Engenharia Química Giovani Rech
programação cultural que chega ao
Instituto Cervantes de Porto Alegre, Em janeiro, dois pesquisadores da do conhecimento onde a UCS também
nossos cursos passam a constar do Universidade de Aveiro participaram se destaca. No período em que
Guia que reúne os institutos Cervantes de atividades no Instituto de Materiais ficaram no Brasil, os pesquisadores
de 43 países, assegurando que a Cerâmicos (IMC-UCS) e no Programa realizaram atividades de orientação e
qualidade do ensino de espanhol de Pós-Graduação em Engenharia co-orientação em projetos de pesquisa
oferecido pela UCS equipara-se ao e Ciência dos Materiais. Ana Maria na área de Materiais, participaram
ensino oferecido nos demais centros Segadães, que também é docente de seminários de capacitação e
associados do Instituto Cervantes visitante do PPGMAT/UCS, e contribuiram para a implementação de
espalhados pelo mundo”. Pedro Mantas são pesquisadores técnicas de medição de propriedades
renomados na área de Processamento, de materiais, discutindo os resultados
Caracterização e Síntese de Materiais de trabalhos científicos e tecnológicos,
Destaque em Inovação Cerâmicos. As atividades fazem parte visando à elaboração de Plano de
do processo de internacionalização da Trabalho específico para a área de
A Revista Amanhã divulgou um
Universidade, mediante a interação - na Materiais no âmbito do protocolo de
ranking com as companhias mais
pesquisa e no ensino - com instituições cooperação, em outubro de 2014, entre
inovadoras da região sul do Brasil. Entre
estrangeiras de excelência em áreas a UCS e a Universidade de Aveiro.
elas, em 14º lugar geral, está a Fundação
Universidade de Caxias do Sul. No setor
da Educação, a FUCS figura em 2º lugar.
Com o respaldo técnico do Núcleo de
UCS tem novos LINKEDIN PASSA
Inovação da Fundação Dom Cabral, a cursos de INTEGRAR AS MÍDIAS
pesquisa é realizada há 14 anos pela
Revista Amanhã e pela Edusys, e os Doutorado DIGITAIS DA UCS
resultados são divulgados em uma
edição especial intitulada “Campeãs da A Universidade de Caxias O Linkedin já conta com mais
Inovação”. Participaram da pesquisa as do Sul vai iniciou 2015 com dois de 20 milhões de usuários no
500 maiores empresas dos estados da novos cursos de Doutorado. A Brasil. Trata-se de uma rede social
região sul, listadas no ranking Grandes & Coordenação de Aperfeiçoamento estritamente profissional, no estilo
Líderes, elaborado por AMANHÃ e PwC. de Pessoal de Nível Superior de um currículo online aberto para
O vice-reitor e pró-reitor de Inovação e (CAPES) aprovou as duas propostas o mundo todo. A UCS passou a
Desenvolvimento Tecnológico, Odacir de cursos novos de pós-graduação atualizar diariamente sua Company
Deonisio Graciolli, explica que “a UCS stricto sensu protocolados pela Page em março. Além desta página,
foi a primeira universidade do estado a UCS em 2014: o Doutorado em alunos, ex-alunos, funcionários e
criar, ainda em 2010, uma pró-reitoria Administração, que passa a integrar docentes podem seguir a University
que considerava a Inovação ao lado da o Programa de Pós-Graduação em Page da Instituição. O processo
Pesquisa, com os setores focados em Administração e o Doutorado em de cadastramento é muito fácil. O
inovação subordinados a este órgão Turismo, que integra o Programa importante é buscar pelas duas
superior. As definições de políticas de Pós-Graduação em Turismo e páginas da Instituição. Com isso, o
internas e o alinhamento de setores com Hospitalidade. Com isso, a UCS usuário poderá receber conteúdos
este fim foram medidas importantes para totaliza uma oferta de 14 cursos de e ampliar o relacionamento com
alcançarmos esse resultado”, acrescenta. Mestrado e 6 de Doutorado. profissionais da sua área.

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Estímulo ao
controle
biológico
JOSMARI PAVAN | jpavan@ucs.br

Alimentos cultivados segundo os princípios da agricultura


orgânica NÃO são APENAS sinônimo de saúde. Mais do que
isso, representam uma alternativa para inibir a contaminação
das lavouras por agrotóxicos. Porém, viabilizar esse tipo de
Claudia Velho

agricultura em larga escala ainda é um desafio

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Alimentos orgânicos, produzidos Um dos principais exemplos é a Anticar-
sem o uso de defensivos químicos agrí- sia gemmatalis, conhecida como lagar-
colas, têm conseguido cada vez mais ta-da-soja, espécie que mais preocupa
espaço na mesa das pessoas pela ga- produtores de soja no país inteiro.
rantia de que não agridem a saúde hu- A professora Neiva Monteiro de
mana e o meio ambiente. Barros, coordenadora do Laboratório
Levantamento realizado em 2012 de Controle de Pragas do Instituto de
pela Federação Internacional dos Mo- Biotecnologia da UCS, e a professora
vimentos de Agricultura Orgânica (IFO- Lúcia Bertholdo Vargas, pesquisado-
AM) indica que mais de 37,5 milhões de ra do laboratório, conduzem estudos
hectares são ocupados pela agricultura que provam a eficácia de um fungo, o
orgânica em todo o mundo. Desde o Nomuraea rileyi, no controle da lagarta-
ano de 1999, essa área triplicou, levan- da-soja. Conforme as pesquisadoras,
do-se em conta o cultivo em todos os testes mostram que o fungo é capaz de
continentes. Ainda segundo a IFOAM, a matar a lagarta agindo de forma seletiva
Oceania possui a maior área dedicada à (ou seja, sem prejudicar todos os orga-
agricultura orgânica, representando 12,2 nismos vivos do ambiente – incluindo os
milhões de hectares. Em seguida estão, seres humanos). Por isso, o manuseio
respectivamente, Europa (11,2 milhões), é mais seguro do que com os agrotó-
América Latina (6,8 milhões), Ásia (3,2 xicos. No entanto, além do tempo de
milhões), América do Norte (3 milhões) e resposta ser mais lento, a aplicação de
o continente Africano (1,1 milhões). defensivos alternativos está condiciona-
A América Latina, com seus quase da a condições climáticas favoráveis.
7 milhões de hectares, abriga 18% de “O produto químico tem efeito qua- A agricultura
toda área agrícola orgânica do planeta. se imediato no controle da praga, mas orgânica encontra
O Brasil ocupa a quinta posição entre em contrapartida tem ação sobre todos
os países com a maior área de cultivo os seres vivos que estão na lavoura. Já na logística de
orgânico. Segundo dados do Ministério o produto biológico tem um efeito mais
da Agricultura, o ano de 2013 fechou lento, mas age apenas sobre a praga
produção um
com 6.719 produtores e 10.064 unida- da lavoura”, explica Neiva. dos principais
des de produção orgânica em todo o
Brasil, comparado a 2012. Um aumento
entraves para o seu
de 22%. Integrar é a saída desenvolvimento
Apesar da expansão percebida nos As pesquisadoras são unânimes
últimos anos, a agricultura orgãnica en- em afirmar que, para amenizar a con-
contra na logística de produção um dos taminação química causada pelos
principais entraves para o seu desenvol- agrotóxicos, a solução seria empregar
vimento. o chamado controle integrado de pra-
Em culturas orgânicas, o combate gas. Basicamente, trata da diminuição
de pragas e de doenças é realizado por do uso de defensivos químicos com a
meio do controle biológico. O método inclusão de insumos orgânicos.
consiste em utilizar um organismo vivo Aplicados em períodos diferentes,
para atacar outro que seja prejudicial à os produtos complementam-se na ma-
lavoura. Esse controle natural é uma al- nutenção da lavoura. As pesquisas do
ternativa ao uso de agrotóxicos. laboratório avançam nesse sentido. Po-
rém, a parceria com empresas poderia
acelerar o oferecimento de produtos al-
A PESQUISA NA UCS ternativos no mercado.
Com o objetivo de identificar e de- “Precisamos investir na transfe-
senvolver formas eficazes de controle rência do conhecimento ao agricultor
biológico, a Universidade de Caxias do quanto aos efeitos dos agrotóxicos e à
Sul mantém pesquisas abrigadas no importância da introdução de produtos
Instituto de Biotecnologia e no Centro biológicos para o controle de pragas.
de Ciências Biológicas e da Saúde. É preciso o entendimento geral de que
Um dos estudos em controle bioló- os venenos, que estão nos alimentos,
gico na UCS foca em combater lagar- no solo e na água, acumulam-se no or-
tas que se tornaram pragas em culturas ganismo ao longo dos anos, podendo
agrícolas de importância econômica. causar doenças”, destaca Lúcia.

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são feitas no próprio laboratório. equipe do laboratório, que confirma se
Controle com óleos Os fungos agressores são coletados os produtos estão dentro das normas
de plantas em campo e, em seguida, iniciam-se os necessárias para a agricultura orgânica.
testes para ver quais óleos atacam os A professora Valdirene Camatti Sartori,
Colocar um defensivo agroecológico
fungos identificados. Esta etapa pode que está à frente do trabalho, explica
no mercado é um processo burocrático, que a validação dos insumos auxilia os
que esbarra na legislação e nos altos levar semanas, já que também é preci-
so descobrir as quantidades corretas produtores a alcançar maior produtivi-
custos para liberação de patentes. dade em suas plantações. Muitas falhas
A dificuldade em atrair a confiança e condições ideais de aplicação. Tudo
em adubação de culturas regionais já fo-
do produtor, bastante acostumado ao para tornar o produto viável comercial-
ram sanadas graças aos resultados das
funcionamento dos produtos químicos, mente, sem prejuízos ao meio ambiente. pesquisas.
completa a lista de dificuldades para “Nossas pesquisas precisam desen- Além das pesquisas com insumos, o
tornar o defensivo alternativo menos po- volver produtos que tragam mais resulta- laboratório também se dedica a conscien-
pular nas lavouras. “Infelizmente, o agro- dos com a menor concentração de ma- tizar sobre o uso de agrotóxicos. A equipe
tóxico é sinônimo de lucro garantido, téria-prima possível. O custo-benefício da professora Valdirene está à frente da or-
enquanto o biológico ainda depende de do processo precisa ser considerado”, ganização do único evento da região ser-
uma série de pesquisas, já que a legis- destaca. rana com o objetivo de discutir alternativas
lação brasileira coloca no mesmo nível de desenvolvimento para a agroecologia.
produtos químicos e biológicos”, explica Trata-se do 5º Encontro Caxiense para o
Joséli Schwambach, coordenadora do
Conscientização Desenvolvimento da Agricultura Orgânica
e Sustentável, realizado de 2014 juntamen-
Laboratório de Biotecnologia Vegetal, na lavoura te com e 3ª Reunião Sul Brasileira sobre
que faz parte do Instituto de Biotecnolo- Com o objetivo de ampliar a agricul- Agricultura Sustentável.
gia e Centro de Ciências Biológicas e da tura orgânica e sua eficácia produtiva, o “Por que hoje há mais incidência de
Saúde da UCS. Laboratório de Agricultura Orgânica, que câncer e de intolerâncias alimentares nas
Joséli conduz estudos com óleos es- integra o Núcleo de Inovação e Desen- pessoas? Isso não acontece do nada. O
senciais, substâncias extraídas das plan- volvimento da Agricultura Sustentável, trabalho tenta mostrar para os agriculto-
tas, no controle de patologias em varie- valida insumos alternativos usados em res que há alternativas mais saudáveis.
dades locais, como hortifrutis em geral e áreas agrícolas da região. Eles são receptivos às ideias, mas ainda
videiras. Já foram testados óleos essen- A equipe do laboratório se dedica a têm medo de perder a produção por des-
ciais de 18 espécies de plantas. Tanto a testar e aprimorar insumos orgânicos. conhecerem os métodos alternativos utili-
análise química (realizada no Laboratório Compostagem, extratos e fermentados zados na produção de alimentos orgâni-
de Análises Químicas) quanto a extração vegetais são analisados e testados pela cos”, destaca a pesquisadora.
Claudia Velho

O trabalho APRESENTA Aos


agricultores alternativas mais
saudáveis. Eles são receptivos
às ideias, mas ainda têm medo
de perder a produção por
desconhecerem os métodos
alternativos

6 6
Claudia Velho

Equipe de laboratório
desenvolve pesquisas para
o controle de pragas em
culturas agrícolas. Uma das
etapas consiste na criação
de condições ideais para
o desenvolvimento em
laboratório, e posterior teste
para combate, da Anticarsia
gemmatalis, conhecida como
como lagarta-da-soja. A
espécie ataca culturas de soja
no país inteiro, prejudicando a
produtividade das lavouras

Controle de patologias
a partir de substâncias
extraídas das plantas, os
chamados óleos essenciais

Equipe do laboratório de Agricultura Orgânica


ouve relatos de agricultores sobre os
resultados dos métodos de adubagem orgânica
empregados nas culturas de tomate e de caqui.
Após a troca de experiências, os pesquisadores
ensinam uma fórmula de biofertilizante ideal para
variedades como couve-flor e brócolis

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Onde a Amazônia começa
e o Nordeste termina
VAGNER ESPEIORIN | vaespeio@ucs.br

Vagner Espeiorin

Localizada na Baixada Maranhense, numa região de transição


entre biomas, Monção tem mais de dois séculos de história, um
povo acolhedor e muitas carências a serem sanadas

8 8
Não passava das 16h, quando os telli Zardo e Geovana Zandoná Sartori
raios do sol batiam pela janela da Es- explicavam aos alunos da Escola Rural
cola Rural Familiar de Monção. Na sala Familiar como se faz uma compostei-
escura, a luz ia direto aos rostos atentos ra. A compostagem era desconhecida
dos estudantes que acompanhavam a pelos estudantes do colégio agrícola.
oficina. Além da movimentação atípica Pela técnica, o material orgânico, antes
no colégio, chamava a atenção a es- descartado, passa a ser um aliado na
trutura defasada. Nas paredes, a tinta adubação dos terrenos. Da Biologia,
desbotada, associada à penumbra, in- Michel Mendes e William Lando davam
tensificava a impressão de abandono. um apoio na tarefa. Durante a primeira
Não era apenas aparente. Mantida pelo semana do projeto, os dois desenvolve-
governo do Estado, a Escola Rural Fa- ram junto à escola ações de educação
miliar carece de recursos. Os próprios ambiental.
alunos sofriam com a falta de alimentos, “A adequação das atividades para o
antes repassados pelo município, mas contexto local foi um desafio. A ausên-
que, por motivos financeiros, deixou de cia de condições básicas dificultava as
fazer a remessa. abordagens”, explica Michel.
O local de ensino é apenas um dos Apesar dos imprevistos, era impos-
sível não notar os olhares atentos de
indícios das dificuldades de Monção.
quem acompanhava as oficinas. O pú-
No município, oito alunos e duas profes-
blico absorvia com afeto os conteúdos
soras da UCS se inseriram em janeiro.
trabalhados pelos acadêmicos. Se falta-
As férias foram deixadas de lado para
va infraestrutura, sobrava acolhimento.
que ações voluntárias do Projeto Ron-
Se os serviços públicos eram ineficazes,
don pudessem transformar a realidade
da cidade que tem pouco mais de 30
o carinho com que os rondonistas eram “A adequação das
recebidos compensava.
mil habitantes – 12 deles no meio urba-
A estudante de Engenharia Civil atividades para o
no. Durante 15 dias, eles se ambienta-
Geise Macedo dos Santos que o diga. contexto local
ram com temperaturas de 40°C, com
No Maranhão, ela deixou de lado os
ritmos como o tecnobrega e reggae, e foi um desafio.
cálculos matemáticos e fez uso de ha-
com uma umidade alta, típica para uma
bilidades manuais. A oficina de Corte e A ausência de
cidade encravada entre a Caatinga e a
Costura foi uma das mais disputadas.
Amazônia, numa região chamada de condições básicas
Chegava a ter fila de espera. A jovem
Floresta de Babaçu.
precisou abrir uma turma noturna para dificultava as
O nome se deve à oferta intensa do
dar conta da demanda. Geise recebeu
coco que já foi o principal produto ex- abordagens”
o carinho das alunas que por mais de
traído ali. Da casca do babaçu, fazia-se
10 encontros a acompanharam diaria-
o carvão; da amêndoa, um óleo que é
mente.
utilizado na indústria cosmética. A extra-
“Durante as aulas, elas demonstra-
ção caiu em desuso, ainda na década
ram o interesse de criar uma coopera-
de 1980. Muito tempo antes, a cana-de
tiva de costura e artesanato para que
-açúcar já havia deixado suas marcas.
pudessem obter mais renda”, frisa.
Foi a cana que fez de Monção uma
As alunas de Geise evidenciavam
cidade próspera, ainda no século XIX.
uma tentativa da população em melho-
Foi o fim do ciclo produtivo da cana no
rar de vida, em buscar uma forma de
século XX que estagnou a circulação de
empreender e de movimentar a econo-
capital na localidade. A economia fraca
mia local.
gerou índices de desenvolvimento hu-
“Trata-se de um município carente.
mano extremamente baixos. O IDH em
Às vezes, dava a impressão de estar
Monção é de 0,546; inferior a 0,600 –
mesmo esquecido, principalmente as
número considerado razoável. Ao dado
comunidades rurais. São pessoas sim-
preocupante se somam a inexistência
ples, hospitaleiras e que têm sede de
de saneamento básico, a vulnerabilida-
informação, querem melhorar de vida,
de de jovens em relação às drogas e as
apenas não encontram oportunidades”,
precárias condições de saúde.
analisa a professora Aline Maria Trinda-
de Ramos, do curso de Direito, do Cam-
Estímulo ambiental pus Universitário de Vacaria. Ao lado
Era para auxiliar na rotina de traba- da professora Gisele Cemin, elas coor-
lho no meio rural que as acadêmicas de denaram as ações do grupo. Além da
Engenharia Ambiental Carolina Solda- orientação, elas ficavam responsáveis

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por incentivar os rondonistas diante das tarefa, ela ganhou a companhia de oito
dificuldades. rondonistas da Universidade Federal da
“O papel do professor é de coorde- Grande Dourados, do Mato Grosso do
nar mesmo. As oficinas e as atividades, Sul. Estudantes de Medicina, eles de-
na prática, são elaboradas e desenvol- senvolveram um eixo temático paralelo
vidas pelos acadêmicos e isso é impor- ao da equipe da UCS. Durante os 15
tante para eles. A autonomia é parte dias, os dois grupos dividiram o mesmo
essencial na operação”, contextualiza alojamento e também realizaram todas
Gisele. as atividades em parceria. Uma dessas
ações ocorreu na comunidade quilom-
bola do Jutaí.
Vila Esperança Na localidade, os acadêmicos William
A localidade no interior de Monção Lando, da UCS, Camila Koike e Luis Edu-
não poderia ter nome mais apropriado. ardo Silva Ormonde, da UFGD, vestiram-
Era com esperança que Fernanda Car- se de palhaços e animaram as crianças.
doso Setti, da Engenharia de Controle Além das atividades culturais, o grupo de
e Automação, acolhia nos braços uma rondonistas fez rodas de conversa sobre
menina que não aparentava mais que meio ambiente, prestou atendimento em
seis anos. A pequena lhe pedira se não saúde e ensinou os membros da comu-
havia um espaço na mala da estudan- nidade a produzir sabão.
te caxiense. O objetivo era seguir via- Para chegar à comunidade, o grupo
gem com a estudante; o de Fernanda embarcou de conoas para percorrer o
“As pessoas têm – e de cada uma dos rondonistas – era rio Pindaré. O percurso de 30 minutos
melhorar a vida coletiva da população teve um sabor especial para o estudan-
uma capacidade e semear alternativas para que aquela te de Direito Vagner Espeiorin. Na co-
criança pudesse seguir por um cami- munidade, ele entrevistou José Ribamar
de mostrar nho melhor. Pinheiro, de 73 anos. Descendente de
criatividade, pensar Ex-presidente da UCS Empresa Jú- escravos, o quilombola guardava na
nior, Fernanda não teria problema em memória as narrativas deixadas pela
em negócios e de acolher a criança em sua casa. Possi- bisavó.
propor melhorias, velmente, o faria com todos os mon- Histórias de fuga de escravos, de
çonenses. Mas seu trabalho ali tinha confusão envolvendo os donos de en-
mesmo em ambientes como objetivo garantir sustentabilidade genho e o terror com que os negros
carentes. Eles à comunidade. Ela levou para Monção eram tratados marcavam as memórias
o ímpeto de desenvolver o empreen- do pescador. Apesar de não ter vivido
buscam alternativas dedorismo social e promoveu oficinas a época do engenho, ele era capaz de
para melhorar a para quem pretendia criar ou manter senti-lá.
um negócio. Deparou-se com uma dura “Sempre tive amor pelo cheiro da
comunidade” realidade, mas se surpreendeu com o cana. Não cheguei a trabalhar com a
empenho dos moradores. cana. Mas, de qualquer maneira, o chei-
“As pessoas têm uma capacidade ro da cana ficou sobre o pó da terra, eu
de mostrar criatividade, pensar em ne- senti e criei esse amor”, diz Ribamar, ao
gócios e de propor melhorias, mesmo demonstrar apego à comunidade em
em ambientes carentes. Eles buscam que nasceu.
alternativas para melhorar a comunida- “Narrar a sua história é falar da sua
de”, constata. identidade, é valorizar a sua cultura, é
Foi o foco em otimizar as condições ter orgulho de quem se é. Contem a
da saúde pública que levou a estudante sua história. Esse foi o pedido que fiz à
de Enfermagem Adriane Kappes a Mon- população, quando encerramos a ope-
ção. Da unidade básica de saúde aos ração no município”, frisa o acadêmico
hospitais, ela seguia pela cidade com o que com os depoimentos de morado-
objetivo de ensinar sobre os cuidados res históricos de Monção editou, em
necessários em ambientes de saúde. parceria com a alunos da UFGD, um
Destinação de resíduos, higienização, minidocumentário. A peça foi exibida
cuidados ao lidar com materiais hospi- ao público na última atividade com os
talares eram mais que uma preocupa- habitantes do município. Associada à
ção da estudante, eram uma situação apresentação do coral de crianças da
preocupante em Monção. oficina de musicalização, o evento de
Além das oficinas para servidores e encerramento levou ao choro a comu-
gestores municipais, Adriane fez aten- nidade e os rondonistas. Choro de final
dimentos de saúde à população. Na feliz.
10
10
Vagner Espeiorin
A estudante de
Enfermagem
Adriane Kappes
realizou
atendimentos de
saúde na cidade
maranhense

A rondonista
Fernanda Setti
ministra oficina de
Fernanda Settti empreendedorismo

A acadêmica de
Engenharia Civil
Geise Macedo
dos Santos em
sua oficina de
Corte e Costura

Ao lado,
rondonistas
que
participaram
do Projeto
Vagner Espeiorin

Luis Eduardo Silva Ormonde


Gisele Cemin

Na foto acima, integrantes do grupo da UCS com moradores da


comunidade de Vila Esperança. Na canoa, um grupo se desloca
até a localidade Quilombola do Jutaí, onde prestou serviços de
saúde. Ao lado, alunas de Engenharia Ambiental conversam com
os habitantes sobre os cuidados com o meio ambiente.

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aCOLHimentO,

Claudia Velho
empatia, diáLOGO
e transparênCia

A Arte dA convivênciA envolve interAçÃo empáticA com o outro


mesmo em momentos de conflito, levAndo em contA umA fórmulA
complexA AtrAvés dA quAl o resultAdo será A potenciAlizAçÃo dA
cApAcidAde de AprendizAdo e o crescimento pessoAl e profissionAl
AnA lAurA pArAginsKi | alparaginski@ucs.br

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12
Diferenças que multiplicam da UCS, Marcia Capellano dos Santos,
Imagine um mundo onde todos fos- falou aos professores, no início do atual
sem iguais, onde todos pensassem da período letivo, sobre o sentido da palavra
mesma forma, onde não houvesse dis- “acolhimento”. Entre muitas outras colo-
cordância de opiniões? Você conseguiria cações importantes, Marcia ressaltou que
viver nesse mundo? Ou você é daquelas o acolhimento é essencial na construção
pessoas que precisam instigar os diálo- de um novo paradigma orquestrador das
gos provocando questionamentos? relações humano-sociais. “Em tempos de
Costuma-se dizer que a diferença relações líquidas, marcados pela fragili-
entre perfis de pessoas só vem a somar, dade, pela fugacidade dos laços sociais,
mas pode-se pensar que, no caso de uma é necessário haver a disposição interna
instituição de ensino, a diferença vem a para o acolhimento recíproco”, ressal-
multiplicar. Para o professor de Filosofia tou. Para a professora, seja na relação
da UCS Paulo César Nodari, “nos identi- aluno-professor ou professor-professor, a
ficamos com o que é semelhante, mas o aprendizagem é o produto mais nobre do
crescimento está na diferença, a diferença convívio alicerçado no acolhimento.
é que vai trazer criatividade e crescimento”. A psicóloga organizacional da UCS
Muitas vezes, no ambiente de trabalho Elizandra Dors ressalta que deve haver
ou em sala de aula, costumamos ‘deixar um momento de escolha. “Assim como
de lado’ aquela pessoa com a qual não uma organização escolhe os profissionais
nos identificamos, fazemos de conta que que irão investir seus esforços diários, que
a pessoa não está ali ou não vai enten- passarão a maior parte do dia se doando
der o que estamos falando. Dessa forma, para a mesma, há que acontecer o inver-
estamos bloqueando o potencial de aco- so: as pessoas escolherem a organização
lhimento, de compartilhamento e de har- como seu ambiente de convívio harmo-
nioso e desenvolvimento de um trabalho
“O ACOLHIMENTO
monização com o outro que, por vezes,
nem conhecemos direito. No entanto, digno e reconhecido”, comenta. É ESSENCIAL NA
também é na diferença entre um e outro “No que tange à UCS, se o profissio-
nal pretende crescer na carreira dentro CONSTRUÇÃO DE UM
que se encontram algumas das maiores
virtudes da relação: a de respeitar a opi- da própria Instituição, se ele vê que pode NOVO PARADIGMA
nião, tolerar alguns defeitos (já que todos mais e que isso lhe deixará mais satisfeito,
existe a opção de participar de um recru- ORQUESTRADOR DAS
os temos) e fazer das diferenças que nos
caracterizam a completude que sintetiza tamento interno para outra vaga”, salienta RELAÇÕES HUMANO-
uma verdadeira convivência harmoniosa. a psicóloga organizacional Patrícia Bonat-
Afinal, o que seria de nós se fôssemos to- to Tisato. “O importante é que o tempo o SOCIAIS”
dos iguais? profissional passa dentro da Instituição
Para a psicóloga, psicanlista e pro- seja um tempo de harmonia e de satisfa-
fessora da UCS, Rosita Esteves, para ção”, esclarece.
conviver melhor com o que é diferente a
nós, é necessário abrir mão da ideia de Liberte-se das ideias
onipotência e sapiência inquestionável.
“Para isso, é necessário reconhecer que
preconcebidas
Para a professora de Psicologia da
somos seres incompletos, no sentido de
UCS e membro da equipe do Programa
que sempre nos falta algo, que sempre
de Integração e Mediação do Acadêmi-
temos algo a aprender. A partir desse po-
co (PIMA), Cláudia Bisol, para conviver
sicionamento interior, o sujeito valoriza o
com a diferença é necessário uma aber-
outro, o seu semelhante, como um outro
tura para o outro. “Isso passa por várias
sujeito que tem seus próprios posiciona-
dimensões, entre elas, uma atenção para
mentos com igualdade de valor”, ressalta.
com as ideias preconcebidas, prontas,
que carregamos conosco. Essas ideias
Escolha e acolhimento nos impedem de olhar para o outro em
Sentir-se acolhido no ambiente onde seu modo de ser, de estar no mundo, em
está chegando, seja um novo aluno, fun- seu modo de viver. Uma maior abertura
cionário ou professor, é algo que pode para o outro também só é possível se nos
mudar a maneira com a qual vemos a dispomos a ouvir mais e a julgar menos,
organização e, em consequência, como e se nos dispomos a construir juntos es-
desenvolveremos o sentimento de perten- tratégias para vencer os desafios que o
cimento ao novo local. cotidiano nos apresenta”, enfatiza.
A professora do Programa de Pós- Sabemos que interagem, dentro de um
Graduação em Hospitalidade e Turismo ambiente universitário, pessoas das mais
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diversas origens, hábitos, costumes, coti- cimento individual e coletivo, esse local é
dianos e ideias. A relação de convivência a sala de aula. Aproveitar esse ambiente
entre esses distintos modos de viver deve para tirar o máximo de aprendizado deve
ser apaziguada com muito entendimento ser o objetivo de qualquer aluno, seja de
de que o espaço aqui, dentro da Univer- ensino fundamental, médio, técnico ou
sidade, é de democratização dos aces- na graduação. Para Cláudia, é importan-
sos à educação, de diálogo e construção te lembrar que a sala de aula é um lugar
do conhecimento. “São muitos os que se de conflito, de diferentes visões de mun-
sentem diferentes dentro de um ambien- do, de embate de ideias e de opiniões.
te universitário, não somente as pessoas “Isto não é algo negativo. Ao contrário,
com deficiências. O ambiente universitá- se os conflitos e diferenças puderem ser
rio carrega ainda determinantes históricos enunciados, puderem vir à tona, em um
muito fortes - trata-se de um ambiente com ambiente de respeito e valorização do
fortes tendências elitistas e meritocráticas. outro, isto poderá ser a porta de acesso
Portanto, todos os que de algum modo ao crescimento de todos. O diálogo, a
não se adéquam (estudantes pobres, estu- escuta atenta e a construção conjunta de
dantes trabalhadores, estudantes negros, soluções para as dificuldades pode ser o
estudantes mais velhos, estudantes com melhor caminho”, finaliza.
dificuldades de aprendizagem, estudantes “O bom convívio em sala de aula é
de religiões minoritárias, entre outros) po- fundamental para facilitar o processo en-
dem enfrentar algum nível de preconceito sino-aprendizagem, pois a relação que
e pouca valorização. Essas pessoas aca- se estabelece entre os sujeitos é deter-
“se os conflitos e bam precisando fazer um esforço muito minante para a eficácia das propostas e
maior para estar nos espaços acadêmicos, desafios da aprendizagem. Assim, sentir-
diferenças puderem pois além dos desafios que uma formação se bem em sala de aula por ter uma boa
ser enunciados, superior coloca em termos de construção convivência com o professor e com os
do conhecimento, precisam fazer frente a colegas é essencial”, afirma Rosita.
puderem vir à tona, situações nem sempre acolhedoras”, expli- Para tanto, o professor deve desen-
em um ambiente ca Cláudia. volver um olhar atento ao seu grupo de
Associada à empatia e à escuta ver- alunos investindo no diálogo em sala de
de respeito e dadeira da fala do outro, a capacidade de aula. Ainda, acrescenta Rosita, “faz-se
valorização do aceitar e conviver com as diferenças de importante que o professor os auxilie a
pensamentos, escolhas e decisões favore- refletir sobre sua vida acadêmica dentro
outro, isto poderá ce a boa convivência e reduz os conflitos, do seu projeto de vida, para que o aluno
ser a porta de acesso pois elimina os esforços para que todos se perceba que estar cursando uma discipli-
enquadrem num mesmo modo de pensar na é muito mais que aprender os conteú-
ao crescimento de e viver. dos nela propostos, é fazer parte de um
todos” Essa ideia vem ao encontro do que objetivo maior que vai culminar na for-
pensa Rosita Esteves: “a boa convivên- mação de um profissional que dará sua
cia envolve o compartilhar pensamentos, contribuição para a sociedade através de
opiniões e experiências. Para ser efetiva, sua atividade profissional futura. Assim, o
é imprescindível a empatia, que significa professor promoverá uma aprendizagem
a capacidade de colocar-se no lugar do cooperativa, com a participação ativa
outro para compreender o significado do dos alunos, elementos essenciais para
que está sendo comunicado. Além da em- uma boa convivência em sala de aula”.
patia, é de grande relevância que a escuta
do que está sendo dito seja neutra, isto é,
desprovida de preconceitos e crenças es-
Como dar e receber feedbacks
A hora do feedback é de bastante
teriotipadas. Desse modo, pode-se escu-
ansiedade para a maioria das pessoas.
tar o outro realmente a partir da sua fala e
Sentar-se à frente do líder e escutar o
dos significados que tem para o sujeito. O
que ele tem a dizer sobre o andamen-
sentimento de menos valia no grupo pode
to do seu trabalho e sua produtividade
interferir na autoimagem e na autoestima
pode figurar entre os piores dramas dos
do sujeito, gerando inibição e retraimento
profissionais. Não que isso represente
e, consequentemente, prejuízos na convi-
uma tarefa fácil para todo líder. Diante de
vência”.
uma crítica, cada um reage de uma for-
ma. Para as psicólogas organizacionais
A sala de aula da UCS, lidar com as frustrações fazem
Se existe um local que podemos cha- parte do dia a dia de uma organização.
mar de ideal para a evolução do conhe- “Muitas vezes, é importante que a pes-
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Todo início de semestre, a Assessoria de Relações Interinstitucionais e
Internacionais da UCS realiza um encontro de recepção dos novos alunos
intercambistas. Neste momento, os estrangeiros aproveitam para se Fotos Claudia Velho
integrar e conhecer um pouco da cultura brasileira

soa repense seu papel dentro da orga- para realizá-la ou aceitá-la.


nização e busque não se acomodar. O Para Nodari, a forma com que nos
recrutamento interno está aí para isso e expressamos é que vai gerar o resultado
o gestor deve, também, perceber que positivo ou negativo sobre o que estamos
talvez o profissional possa crescer, mu- querendo dizer. Para ele, três princípios
dar, conquistar outro espaço dentro da norteiam a boa convivência entre as pes-
Instituição”, comentam. soas, seja ela no trabalho ou no âmbito
O líder deve ter a preparação neces- social: o respeito, o diálogo e a alterida- Programa UCS Sênior, que trabalha com
sária para dar o feedback aos membros de. Como já falamos, os diferentes perfis a proposta de oportunizar aprendizado e
de sua equipe. “A UCS planeja executar trazem multiplas formas de colaboração, convívio, inicia atividades de 2015 com 1,1
um treinamento especial para os gesto- mil alunos matriculados
enriquecendo o resultado do trabalho da
res a fim de que sejam preparados para equipe, mas é preciso libertar-se de inte-
lidar com suas equipes de forma madu- resses e críticas que venham a prejudicar
ra e responsável, possibilitando espa- a equipe e, consequentemente, o trabalho
ços de desenvolvimento pessoal dentro do setor.
de seus setores”, comenta Elizandra. Evitar a agressividade e o confronto
Ações como esta visam, entre outras direto é sempre a melhor alternativa. Ser
coisas, não desmotivar o profissional. transparente, falando a verdade de um jei-
to que não fira ninguém é um exercício di-
Transparência ário para chegar ao estado de convivência
“O pecado, muitas vezes, está no modo harmoniosa que toda organização almeja.
com que se fala e não na ideia central da O líder que pode contar com a transparên-
Encontro entre a Reitoria, gestores e
fala”, comenta Nodari. Diariamente, vemos cia de sua equipe, a qual não precisa ficar funcionários administrativos, ocorrido
profissionais criticando colegas ou sendo somente dizendo ‘sim’ a tudo, é um gestor no dia 31 de março, possibilitou a
criticados. A crítica pode surtir efeitos bons privilegiado. Com isso, o indivíduo cres- reflexão sobre responsabilidades na
busca da excelência institucional
ou ruins, depende do teor do conteúdo e ce, a equipe se fortalece e o trabalho é
da forma com a qual nos expressamos reconhecido.

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pesquisa abaiXO
de zerO
grupo dA biologiA vAi à AntárticA pArA estudAr
comportAmento de diferentes espécies de Aves
vAgner espeiorin | vaespeio@ucs.br

Abaixo, o Pinguim
Antártico (Pygoscelis
antarcticus)

Natal e neve formam uma combina- dias em que o sol não aparecia e a ins-
ção típica do cinema americano e, de- tabilidade dominava a região, era para
finitivamente, não fazem parte da reali- lá que a equipe se estabelecia. Apesar
dade brasileira. Para um aluno da UCS, de ser verão, as temperaturas eram
porém, os cenários brancos domina- bastante baixas. Chegaram a -8°C. As-
ram a passagem das festas de final de sociada ao vento forte, a sensação tér-
ano. Estudante de Ciências Biológicas, mica alcançava -20°C.
Rafael Redaelli seguiu em dezembro do As formas de contato também eram
ano passado com destino à Antártica. escassas. Internet não existia e apenas
No polo sul do planeta, o acadêmico um celular por satélite possibilitava a
ficou por 35 dias na Ilha Elefante, pes- comunicação dos acadêmicos. Navios
quisando sobre diferentes espécies de do Programa Antártico Brasileiro faziam
animais que habitam o continente ge- a logística da operação e, diariamente,
lado. Na companhia de mais três pes- a tripulação entrava em contato com o
quisadores – entre eles o egresso de pessoal da Ilha.
Biologia Gustavo Aver, uma participante
da Unisinos e um alpinista – Rafael ana-
lisou o comportamento de diferentes
Preparando o terreno
Antes de Rafael e Gustavo analisa-
espécies de aves, coletou materiais de rem o ciclo reprodutivo de diferentes
indivíduos e ainda fez a contagem das espécies – que ia do acasalamento ao
populações que vivem em colônias na nascimento – no período de novembro,
região. o professor Matheus Parmegiani Jahn e
“Todo dia com tempo bom era dia a professora Renata De Boni Dal Corno
de trabalho. No Natal, passamos traba- participaram de um operação na An-
lhando”, recorda o estudante, ao falar tártica. Eles seguiram com o navio Ary
de como a estadia sequer poupou os Rongel por ilhas do continente também
dias comemorativos. com o interesse de estudar o comporta-
Não seria para menos. Chegar até mento das aves.
a Antártica não é tarefa fácil, permane- Os pesquisadores se deslocavam
cer por lá, menos ainda. Não passava do navio até a praia por meio de botes e
de 18m² o espaço do alojamento em trabalhavam em locais onde havia colô-
que o grupo ficou. O refúgio – como nias de reprodução de aves marinhas.
era chamado o local em que eles dor- Assim como foi feito na Ilha Elefante
miam – era na prática um contêiner, que dias depois, os professores realizaram
abrigava os quatro pesquisadores. Nos a contagem de animais (censo) e dos

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Ao lado, o
estudante
de Ciências
Biológicas
da UCS
Rafael
Radaelli na
Ilha Elefante
Fotos Matheus Parmegiani Jahn e Rafael Redaellii

Acima, o
professor Matheus
processando
as amostras de
sangue coletado
dos pinguins

Ao lado,
Renata e
Acima, coleta Matheus em
de sangue do uma colônia
Petrel-gigante de reprodução
de Pinguim
Antártico, na
Ilhota Chabrier

Pinguim Rei
(Aptenodytes
patagonicus) Pinguim Macaroni
(Macaroni eudyptes
chrysolophus)

pares reprodutivos. Durante as saídas, metabólicas, presença de poluentes,


ocorriam ainda as medições de áreas presença de contaminações virais, aná-
ocupadas pelas colônias de reprodu- lise da cadeia trófica e análises genéti- Viabilização e parcerias
ção e a coleta de materiais biológicos. cas”, explica o professor Matheus, que para a realização da
A pesquisa analisava especialmente o coordena o curso de Ciências Biológi-
Pinguim Antártico (Pygoscelis antarc- cas na UCS. pesquisa na Antártica
ticus) e o Petrel-gigante (Macronectes Conforme ele, as análises dos gru-
giganteus), espécies recorrentes na re- pos de aves marinhas que habitam A viagem de estudos dos
gião antártica. ou transitam pela Antártica vão deixar pesquisadores da UCS foi realizada por
“Acabamos coletando diversos ma- informações sobre as condições de meio de uma parceria com a Unisinos
teriais biológicos, como sangue, penas, saúde dos animais, as variações po- e contou com recursos do Conselho
mucosa traqueal e cloacal. Nossas pulacionais, a dispersão de poluentes, Nacional de Desenvolvimento Científico
amostras foram reunidas com o mate- dispersão de viroses, as influências hu- e Tecnológico (CNPq). Para o projeto,
rial coletado pelo Rafael e pelo Gustavo. manas no comportamento e na repro- eles tiveram a parceria do Instituto
Elas serão trabalhadas aqui na UCS e dução. Assim, os pesquisadores terão Nacional de Ciência e Tecnologia
em outros centros de pesquisa das uni- um entendimento da cadeia trófica das Antártico de Pesquisas Ambientais
versidades parceiras no projeto, como espécies antárticas e das influências (INCT-APA), órgão criado pelo Ministério
Unisinos, UFRGS e UFRJ. Essas aná- das variações climáticas sobre esses de Ciência e Tecnologia (MCT).
lises envolvem dosagens hormonais e parâmetros.
17
Claudia Velho

Pousa e espera.
A lua é a única que consegue desentristecer o anoitecer.

Adriana Antunes
Diretora de Programação da UCS TV e Escritora

18
ARTIGO

O desafio da convivência no
ambiente universitário
No encontro com os professores da Aprendemos na relação com os outros.
Instituição, no início das atividades letivas Ou ainda, não aprendemos se não formos
de 2015, tratei de vários temas: o sentido atravessados pela significação que o ou-
da universidade comunitária; a excelência tro me ajuda a apreender. Em síntese, o
acadêmica como horizonte; a importância aprendizado é favorecido pela convivência
de estabelecer parcerias em um mundo de entre os atores desse processo. Mas, não
muitas conexões e na certeza da impossi- só saliento a sala de aula como espaço de
bilidade de darmos conta de tudo sozinhos; convivência e aprendizado, como destaco
a inovação enquanto cultura organizacional também o espaço fora da sala, nos mais
que, aliás, não é modismo de ocasião, mas diversos ambientes.
necessidade imperativa de construção de A propósito, temos um plano de amplia- No contexto
novos caminhos nas esferas mental e es- ção de espaços de convivência dos estu-
trutural. Abordei, ainda, a importância de dantes e professores nas áreas externas às
atual onde o real,
mudarmos alguns paradigmas da gestão, salas. Em muitas universidades mundo afo- o tecnológico
sob pena de não cumprirmos nosso papel ra observo que a efervescência da reflexão
de vanguarda, próprio das universidades acadêmica pode ser identificada através e o virtual se
de destaque nacional e internacional. Ace- dos grupos que se reúnem para estudos, entrelaçam, o
nei também para a possibilidade de de- se reúnem para seminários livres, se reú-
senvolvermos, cada um de nós, de forma nem pelo campus... A ocupação dos es- humano deve ter a
saudável, nosso projeto de vida dentro da paços e sua adequação para a promoção supremacia.
Universidade e de fazermos de nosso local da discussão acadêmica e para o convívio
de trabalho um espaço de convivência, de com o diferente vai ao encontro da ideia
trocas enriquecedoras e de realização de de que a sala de aula é um bom começo,
projetos de vida pessoal e profissional. mas deve ser ampliado pelo grupo que se
Na sequência de minha fala, fomos reúne para além dela, nas comunidades de
brindados com a exposição, de clareza estudos, nas rodas de conversa, nos espa-
meridiana, da professora Márcia Capellano ços de leitura ou nos laboratórios, onde a
que, com o sugestivo título Conversando convivência impulsiona novas descobertas
sobre Hospitalidade e Convivência, pren- e aprendizagens.
deu a atenção dos cerca de 750 professo- Em largas passadas, aludimos ao por-

Claudia Velho
res reunidos no UCS Teatro. quê do tema do encontro dos professores.
O tema abordado pela professora não Quanto ao fato de ter sido a professora
foi escolhido ao acaso, nem mesmo foi Márcia, deve-se à expertise dela e do gru-
acaso a escolha da professora Márcia po de estudos do Programa de Hospitali-
para falar no encontro. Não. Tenho refleti- dade, que agora tem, além de um mes-
do muito sobre o papel da Universidade e, trado, um doutorado na área. Isso torna
nos encontros que venho realizando com robusta nossa reflexão sobre o humano e
professores, funcionários e gestores, tenho amplia as nossas áreas de investigação.
provocando a todos para pensarem comi- Ou seja, temos elementos internos, aportes
go. Em meio às muitas ideias que tradu- teóricos, que nos ajudam a pensar nossa
zem modelos que transitam entre o antigo, tarefa e nossas relações neste vasto uni-
o moderno e o pós-moderno; entre ideias verso da formação superior, investigação e
que indicam que devemos estar alinhados aplicação da ciência.
ao mercado e ideias que salientam a ne- No contexto atual onde o real, o tecno-
cessidade de estarmos à sua frente, sem a lógico e o virtual se entrelaçam, o humano
subserviência ou até a ditadura do pragma- deve ter a supremacia. O cuidado com o
tismo mercadológico; em meio a tudo isso, humano não pode ser secundarizado, sob
uma coisa é certa e clara: a Universidade pena de fazermos uma inversão de valores.
deve ser o local da promoção da convivên- Ciência e convivência não se opõem, salvo
cia das pessoas e das ideias. Explico-me: nas mentes que dicotomizam vida e edu- Professor Doutor
as relações de ensino e aprendizagem são, cação. E a educação é, em última análise, Evaldo Antonio Kuiava
na verdade, momentos de convivência. o processo de humanização. Reitor

19
Universidade de Caxias do Sul
Caixa Postal 1313
95020-972 - Caxias do Sul - RS

PÓS-GRADUAÇÃO UCS
O CONHECIMENTO

SUA CARREIRA.

Conte com a mais completa infraestrutura de


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de 70 cursos de Especialização e MBAs, além de
Mestrados e Doutorados, onde a base do ensino é
20 a produção científica e tecnológica.

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