Professional Documents
Culture Documents
net/publication/283643233
CITATIONS READS
0 491
3 authors:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Low back pain and previous physical activity in pregnant women.. View project
Learning and Professional Development of High Level Coaches in Brazil (Formação e Desenvolvimento Profissional do Treinador de Alto Nível ) View project
All content following this page was uploaded by Antônio Evanhoé on 10 November 2015.
1
Universidade da Região da Campanha – fabioleivasbage@gmail.com
2
Universidade da Região da Campanha – antonioevanhoeurcamp@gmail.com
3
Universidade Federal de Pelotas – cozzensa@terra.com.br
Resumo
1. Introdução
O futebol é o esporte mais praticado no mundo. Dados revelam que a pouco mais
de uma década existiam cerca de 1,2 bilhões de praticantes (LEÃES,2003), o que o torna
um esporte eclético e de massa, permitindo várias influências quanto a sua organização,
treinamento, prática e suas várias manifestações. A própria definição de futebol já é
diferente; segundo os dicionários mais usados na língua portuguesa, futebol é definido
como um jogo esportivo disputado por dois times de 11 jogadores cada um, com uma bola
74
de couro, ou de outro material, num campo com um gol em cada uma das extremidades, e
cujo objetivo é fazer entrar a bola no gol defendido pelo adversário (Aurélio, 2008). Já
Houaiss (2009), define o futebol como, um de jogo de bola com os pés (foot-ball) de
origem inglesa, disputada por duas equipes de 11 jogadores cada uma.
75
aos jogos e a profissionalização do esporte, com melhor remuneração aos jogadores e
disputa dos clubes pelos melhores jogadores.
Estas relações são abertas na medida em que acontecem num contexto de ações
dos jogadores envolvidos na partida. Estas ações são consequências da interação de
capacidades tática, técnicas, físicas e psicológicas que, coordenadas e contrapostas,
possibilitam recuperar, conservar e mover a bola para atingir ou defender a meta (COSTA
e CARDOSO, 2013).
Segundo RIBEIRO (2012), o futebol também é uma paixão e para muitos outros
uma vida. Segundo o mesmo autor, uma paixão nos faz agir, esta paixão faz o homem
muitas vezes corajoso, revolucionário, arrebatador, capaz de fazer loucuras. Esta paixão
76
pode impulsionar a história e provocar uma guinada na vida de muitos, que levam ao limite
a obstinação de se tornar um profissional do futebol.
2. Metodologia
3. Resultados e Discussão
Uma das formas mais utilizadas para definir o futebol foi que este, hoje, é um
negócio. Seis dos 13 treinadores definiram assim o futebol, onde ganhar dinheiro
atualmente está acima do reconhecimento como um clube do coração ou a representação
77
de uma vida profissional toda prestando bons serviços a uma determinada entidade
futebolística. Segundo FERNANDES e JORGE FILHO (2011), os atletas agenciados por
um profissional conseguem tomar melhores decisões fora de campo, permitindo-lhes
Outra definição que foi feita pelos entrevistados foi a de que o futebol era uma
paixão. Um dos entrevistados simplesmente respondeu que a modalidade é uma paixão;
outro definiu como uma paixão dos brasileiros e do resto do mundo; outro dos
entrevistados, definiu como paixão e amor e destacou que estava completando 30 anos de
vida no futebol, reforçando que é importante, na sua visão, que temos que colocar amor no
que fazemos, seja no campo de atuação. Identificamos aqui uma forte tendência de
idolatria pelo futebol, uma paixão, daquelas que fazem com que o indivíduo abra mão
muitas vezes de outros aspectos da vida pelo esporte. BENITES e Cols (2007) destacam
que no Brasil o futebol além de uma modalidade, é uma “paixão”, um “estilo de vida”.
Ainda pode ser considerado uma instituição social que cultiva mitos e crenças.
Mais do que uma paixão, o futebol foi um elemento base na recente história do
Brasil. O futebol tem sido, após a transição do rural para o urbano, um mecanismo
poderoso de integração social, de solidificação da identidade nacional. Foi através do
futebol que o povo brasileiro sentiu que poderia vencer como um país moderno (HELAL e
GORDON, 2002). Apesar disso, apenas um dos entrevistados respondeu que mais do que
uma definição, o futebol é responsável também pela formação do cidadão além do atleta e
78
isso tem uma forte influência no crescimento do país e da autoestima do povo brasileiro.
Como cita RIBEIRO (2012), uma paixão pode fazer o homem corajoso e a paixão pode
impulsionar a história.
O social também é permeado pelo conceito de saúde e lazer destacado por um dos
treinadores. Além do futebol profissional (BUENO JUNIOR e CARVALHO, 2012)
destacam que atualmente muitas empresas tem incentivado os seus funcionários, a
participarem de programas de atividades físicas, incluindo, entre elas, o futebol, o que pode
refletir na produtividade do colaborador e na saúde dos praticantes. Entendemos que este é
um aspecto extremamente importante, porque além de proporcionar divertimento à
população quando esta assiste uma partida oficial, estes ainda usam a modalidade como um
meio de lazer e divertimento.
79
Esta característica, similar em outras modalidades esportivas, provoca um contexto de
aciclicidade técnica (TEODORESCU, 1977), onde os jogadores devem realizar ações
coordenadas com a finalidade de recuperar, conservar e fazer progredir a bola, com o
objetivo de criar situações de finalizações para marcar o gol (GARGANTA, 1997).
Para KAID e Cols (2010) quando investigada a escolha tática do treinador para
um jogo de futebol, o pesquisador encontrou que o fator determinante foi o resultado da
partida ou da competição, aspectos estes que reforçam a necessidade de o treinador ter o
conhecimento tático-técnico. DUTRA e Cols (2014) corroboram o descrito, quando
investigaram as metodologias de treinamento tático utilizadas no futebol e encontram
como uma das justificativas, para a escolha do sistema tático a posição da equipe no
campeonato, reforçando ainda mais a necessidade de o treinador conhecer os sistemas
táticos e sua aplicação.
4. Conclusões
Conclui-se que o futebol como o esporte mais praticado no mundo, contando com
mais representantes que a própria ONU, infelizmente acaba caindo muitas vezes naquela
80
máxima de que se o indivíduo for nascido no meio do futebol e principalmente for
brasileiro, já sabe tudo sobre o esporte.
Este tipo de ideia não é suficiente para preparar ou formar uma equipe de futebol.
É lógico que se temos uma paixão por determinada área profissional de atuação é
importante, mas não se resumo exclusivamente a tal fato. O lado social citado pelos
treinadores é também um aspecto importante, pois o crescimento do indivíduo é necessário
para a boa aprendizagem e aperfeiçoamento na modalidade. O aspecto voltado ao negócio,
ao lado financeiro é também preponderante, mas não é o principal porque, por exemplo, se
uma equipe tem bons resultados, tem o reconhecimento dos torcedores e isso capta
dividendos para o clube. O sonho e saúde e lazer também são aspectos importantes, mas
não são os mais importantes.
O preparo tático e técnico deve ser considerado o mais importante das equipes,
porque não existe equipe de futebol que consiga realizar boas partidas e campanhas nas
competições se não existir um mínimo de preparo. Este preparo deve ser realizado com um
profissional que tenha o conhecimento tático e técnico apurado, porque senão a preparação
vai ser muito superficial. Imagina-se uma equipe sendo treinada com muita paixão, com
um aspecto social bem definido, mas sem o preparo técnico e tático, por mais brava e
aplicada que ela seja, se não existir uma montagem suficiente para combater o adversário,
vai ser somente uma equipe bem aplicada. O aspecto financeiro ligado ao negócio é
importante, mas vê-se equipes com grande investimento financeiro naufragarem, por que o
preparo para o campo ficou devendo.
O atleta precisa sim ser bem orientado, saber do seu papel nesta engrenagem que
o jogo de futebol. Saber que existe uma fase defensiva e que ele precisa manter
determinados comportamentos, estes são de sua responsabilidade, mas eles dependem de
uma boa experimentação e preparo. Existe ainda, uma fase de transição entre a defesa e o
ataque e também existe uma fase de ataque, e da mesma forma o atleta precisa estar
preparado para cumprir estas fases da melhor maneira possível, isso só ocorre se tiverem
consigo, um treinador que tenha este conhecimento processual bem desenvolvido e oriente
81
este atleta para um jogo, que é tático e depende deste aspecto para ser bem jogado.
Queremos com este estudo dar o pontapé inicial para a investigação dos treinadores de
futebol e suas práticas, sem nenhuma pretensão de esgotar o tema e sim fomentar esta
discussão que pode ser benéfica para a modalidade.
5. Referências bibliográficas
ARRUDA, Miguel de. SANTI MARIA, Thiago. CAMPEIZ, José Mário. COSSIO-
BOLAÑOS, Marco Antonio. Futebol: Ciências aplicadas ao jogo e ao treinamento. São
Paulo: Phorte, 2013. 560p.
BENITES, Larissa Cerignoni & Cols. O futebol: questões e reflexões a respeito dessa
“profissão”. Pensar a Prática 10/1: 51-67, jan./jun. 2007.
BOTA, Ioan. EVULET-COLIBABA, Dumitru. Jogos desportivos colectivos: teoria e
metodologia. Lisboa: Instituto Piaget, 2001. 420p.
BUENO JÚNIOR, Carlos Roberto. CARVALHO, Yara Maria de. Análise antropológica
de uma prática de futebol dotada de sentidos e significados. Revista Mackenzie de
Educação Física – v. 11, n. 1, 2012, p.95-106.
COSTA, Israel Teoldo da. CARDOSO, Felippe. Formação no Futebol: ensino e avaliação
do comportamento tático. In: Jogos desportivos coletivos: investigação e prática
pedagógica – coleção temas em movimento volume 3. Florianópolis: UDESC, 2013.
P.107-130.
DUTRA, Leonardo Cherede & Cols. Análise das metodologias de treinamento tático no
futebol. Revista Brasileira de Futebol. 06(2): 27-36, 2014.
FERNANDES, Felipe Gustavo Lenharo. JORGE FILHO, Ricardo Sérgio Assef. O uso do
marketing pelos empresários na potencialização da carreira de jogadores de futebol.
III ENCONTRO CIENTÍFICO E SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO – UNISALESIANO -
Educação e Pesquisa: a produção do conhecimento e a formação de pesquisadores - Lins,
17 – 21 de outubro de 2011.
82
Futebol. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio ilustrado.
Brasil: Positivo, 2008.
Futebol. In: HOUAISS, Antônio. Novo dicionário Houaiss da língua portuguesa. Brasil:
Objetiva, 2009.
GARGANTA, Júlio Manuel. Modelação táctica do jogo de futebol: Estudo da
organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. 1997. 318p. Dissertação
(Doutorado em esporte) – Universidade do Porto – Faculdade de ciências do desporto e da
educação Física, Porto.
KAID, José Carlos & Cols. A escolha da tática no futebol de campo. Revista Brasileira
de Futebol. 03(2): 48-55, 2010.
SOARES, Antonio Jorge Gonçalves & Cols. Jogadores de futebol no Brasil: mercado,
formação de atletas e escola. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Florianópolis, v.
33, n. 4, p. 905-921, out/dez. 2011.
83