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Aula 08

CURSO ON-LINE - ECONOMIA PARA AFRFB


TEORIA E EXERCÍCIOS COMENTADOS
PROFESSOR HEBER CARVALHO
AULA 08
Crescimento Econômico. Modelo de Solow.
Olá caros(as) amigos(as),

É chegada a hora da nossa última aula. Hoje, veremos o modelo


de Solow de crescimento no longo prazo. Para mim, é o assunto mais
difícil do curso e, pelo que pude ver em alguns cursos ministrados em sala
de aula, os alunos partilham da mesma opinião que eu. De acordo com o
que presenciei, vi que as dificuldades encontradas são muitas.

Existem algumas razões para isso. O modelo de Solow é um modelo


essencialmente de cunho "clássico" (sendo aplicável somente para o longo
prazo). Assim, todas as conclusões são sustentadas a partir da função
de produção clássica, que não é estudada na maioria dos materiais de
macroeconomia para concurso. No nosso curso, por exemplo, a função de
produção vista em todas as aulas é a produção Keynesiana, onde
Y=C+I+G+X-M. No modelo de Solow, a função de produção é algo
totalmente diferente disso. Essa é a primeira dificuldade.

A segunda dificuldade reside no fato de que o modelo utiliza muitas


ferramentas e conceitos da microeconomia. Isso também é um fator
dificultador, pois muitos estudantes que estudam o modelo de Solow
nunca viram e nem pretendem estudar microeconomia na vida (vocês,
que se preparam para o concurso da Receita Federal se enquadram neste
perfil, por exemplo).

Por último, também é necessário termos algumas noções de cálculo


matemático (derivadas) para aprender o modelo. Sem isso, até é possível
aprender, mas o rendimento não será o mesmo.

Pois bem, dadas essas dificuldades, nossa proposta é a seguinte:


primeiro, antes de adentrar no modelo, abordaremos a função de
produção clássica; segundo, teremos algumas noções de cálculo
matemático (derivadas); terceiro, aí sim, veremos o nosso modelo de
crescimento. Acredito que o prévio aprendizado das ferramentas
necessárias ajudará bastante no entendimento do modelo.

E aí, todos prontos?! Então vamos à aula!

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1. FUNÇÃO DE PRODUÇÃO CLÁSSICA

Nos modelos econômicos vistos até o momento (OA-DA, IS-LM), a


função de produção ou renda predominante era a função keynesiana, em
que a renda ou produção da economia era determinada pela soma dos
gastos dos agentes econômicos. Ou seja, a renda ou produção era igual à
soma dos gastos das famílias, do governo, das empresas e do resto do
mundo, de tal forma que

Y = C + I + G + X - M (produção Keynesiana)

Essa função de produção Keynesiana deve-se à hipótese da lei da


demanda efetiva1, em que é a demanda (ou despesa) que determina a
renda/produção da economia.

Agora, no entanto, devemos utilizar pressupostos clássicos para


montar nossa função de produção clássica. Segundo os clássicos, é válida
a lei de Say, em que é a oferta (produção) que determina a demanda. Ou
seja, a produção não é determinada pela demanda dos agentes. Mas,
então, o que determina a produção?

Para os clássicos, a produção é determinada pela quantidade de


fatores de produção existente. Na aula 01, vimos que, para produzir os
bens e serviços que são ofertados à sociedade, as firmas utilizam os
chamados fatores de produção. Dentre estes fatores de produção, aqueles
mais relevantes para o estudo econômico são: a mão-de-obra (L) e o
capital (K).

Desta forma, a produção da economia será função da mão-de-obra


e do capital existentes. Algebricamente, isto que eu acabei de dizer é
representado desta maneira:

Y = F(L, K)

(Y) é a quantidade de produção. (L) 2 é a quantidade de mão-de-


obra. (K) é a quantidade de capital. (F) significa "uma função de" e é
empregado para representar que há uma relação de dependência entre a
produção (Y) e os fatores de produção (L) e (K).

Assim, se a economia de um país tem sua produção (Y) aumentada,


isso aconteceu porque ou o estoque de capital (K), ou a quantidade de
mão-de-obra (L), ou os dois, (K) e (L), foram aumentados. Isto tudo
porque (Y) é função de (K) e (L): Y = F (K, L)

1
Ver aula 03, página 05.
2
Use-se a letra L devido ao termo em inglês: Labour.

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Apesar de sabermos que a produção (Y) é função do capital (K) e da


mão-de-obra (L), ainda falta uma equação ou expressão que nos mostre
esta relação de forma matemática. Existe uma função que expressa
matematicamente esta relação de dependência entre produção e os
fatores de produção mão-de-obra e capital. Esta função é conhecida como
função de produção Cobb-Douglas e tem o formato abaixo:

Y é a produção. A é o parâmetro que mede a tecnologia (quanto


mais tecnologia possui a sociedade, maior será o parâmetro A, e maior
será a produção Y, dados os níveis de K e L). K é o capital. L é a mão-de-

entre o capital e a mão-de-obra.

Vejamos, agora, um pouco sobre esta função de produção Cobb-


Douglas, ora apresentada:

Paul Douglas foi professor de Economia e senador nos EUA entre as


décadas de 40 a 60. Em seus estudos, Douglas notou que, à medida que
a produção da economia crescia, a renda dos trabalhadores e a renda dos
proprietários do capital cresciam na mesma proporção. Em outras
palavras, se a produção da economia, digamos, dobrasse, a remuneração
dos trabalhadores e dos proprietários do capital também dobrava.

Assim, Douglas perguntou a Charles Cobb, um matemático, se


haveria alguma equação ou função de produção capaz de garantir esta
propriedade ora descoberta. Daí, surgiu a função de produção Cobb-
Douglas, em homenagem ao matemático e ao economista,
respectivamente:

No entanto, para que a propriedade descoberta por Douglas fosse


respeitada, seria necessário que (a + 3) fosse igual a 1.

Veja, como exemplo, a função de produção abaixo, em que temos

Agora, vamos calcular a produção considerando um estoque de


capital (K) de 9 máquinas e uma quantidade de mão-de-obra (L) de 4
trabalhadores:

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Vamos, agora, quadruplicar o estoque de capital e a quantidade de


trabalhadores:

que 48 é o quádruplo de 12

Note que, ao quadruplicarmos o capital e a mão-de-obra, também


quadruplicamos a produção. Isto só foi possível porque

^ Nota: para que a produção quadruplique, é necessário que


quadrupliquemos os dois fatores de produção: a mão-de-obra e o capital.
Se quadruplicarmos somente um dos fatores, a alteração na produção
não será na mesma proporção.

Em Economia, quando há esta situação, dizemos que a função de


produção apresenta rendimentos constantes de escala. Em outras
palavras, se capital e mão-de-obra forem aumentados na mesma
proporção, então a produção também aumenta nessa mesma proporção.
Algebricamente, isto é traduzido da seguinte maneira:

ou

Veja as duas funções de produção abaixo:

Considerando um estoque de capital de 4 máquinas e 81


trabalhadores, calculemos as respectivas produções:

Vamos, agora, dobrar o estoque de capital e trabalhadores nas duas


funções de produção:

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quando dobramos o capital e a mão-de-obra, a produção menos que


dobrou (20/12=1,67).

A partir destes dados, podemos tirar as seguintes conclusões acerca


da função de produção Cobb-Douglas:

significa que se aumentarmos K e L em determinada proporção, Y


aumentará nesta mesma proporção.

caso, aumentos de K e L em determinada proporção provocam aumentos


de Y numa proporção maior.

deseconomias de escala). Aqui, aumentos de K e L em determinada


proporção provocam aumentos de Y numa proporção menor.

No modelo de Solow, é pressuposto que a função de


produção possui retornos constantes de escala.

1.1. Produto marginal da mão-de-obra e do capital

Em economia, é muito comum vermos o termo "marginal". Ele não


guarda nenhuma relação com o significado pejorativo que normalmente o
acompanha na maioria das situações em que é utilizado, principalmente
em programas jornalísticos sobre a violência das grandes cidades.

Em economia, marginal significa alguma coisa "na margem",


"incremental" ou "adicional". Quando falamos em produto marginal,
estamos falando apenas do produto "adicional", "incremental", "na
margem". Então, vejamos agora os específicos conceitos de produto
marginal da mão-de-obra e do capital:

Produto marginal da mão-de-obra (PmgL): é o volume de


produção adicional gerado (AY) ao se acrescentar 1 trabalhador
(quando AL=1). Algebricamente, este conceito é representado
assim:

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Algebricamente, este conceito é representado

Exemplo: suponha que a produção de um país seja 100 unidades de


produto. Imagine agora que 01 trabalhador adicional seja incorporado à
força de trabalho deste país. O acréscimo deste trabalhador gerou um
acréscimo de 05 unidades na produção deste país. Qual é o produto
marginal da mão-de-obra? Simples, é o acréscimo de produção provocado
pelo trabalhador adicional. Ou seja, neste exemplo, o PmgL foi igual a 05.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao caso do produto marginal do
capital, se houvesse o acréscimo de 01 unidade de capital.

Assim, podemos entender que se L aumenta em 01 unidade, Y


aumenta em PmgL unidades. Se K aumenta em 01 unidade, Y aumenta
em PmgK unidades.

2. NOÇÕES DE DERIVADAS

Neste tópico, teremos algumas noções de cálculo diferencial,


especificamente o cálculo de derivadas. Não se assustem, pois será
bastante simples. Aqueles que nunca estudaram o assunto devem saber
que o nosso objetivo é apenas saber os processos mais simples de
resolução e aplicação das derivadas e, de forma nenhuma, entender
amiúde o assunto. Assim, passarei somente as regras básicas de
derivação necessárias para o melhor entendimento do nosso modelo de
Solow, bem como os seus usos.

Em um curso de cálculo, estudam-se previamente alguns temas


(limites, noções de continuidade) antes da derivada. Não faremos isso
aqui, caso contrário, necessitaríamos de outro curso só para isso (rs!).

A derivada é o conceito matemático que procura medir a variação


de uma variável em função da variação de outra variável. Considere,
apenas como exemplo, a seguinte função:

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Ela pode ser escrita, de igual maneira, da seguinte forma:

y = 2x2 + 4x - 6

Derivar esta função seria medir a variação da variável y em função


da variação da variável x. Em outras palavras:

Derivada de y na variável x

Assim, lembre que quando temos um delta alguma coisa dividido


por um delta outra coisa, teremos uma derivada. Seguem alguns
exemplos:

Desta forma, pelas expressões em negrito, podemos entender que o


produto marginal da mão-de-obra (AY/AL) significa a derivada da
produção (Y) em relação à quantidade de mão-de-obra (L). Assim,
PmgL=dY/dL.

De forma análoga, o produto marginal do capital (AY/AK) significa a


derivada da produção (Y) em relação à quantidade de capital (K). Assim,
PmgK=dY/dK.

Observação: outra notação utilizada para representar a derivada é a


simbologia

2.1. Regra geral de derivação

Essa é a principal regra de derivação (e a única que utilizaremos!):

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Ou seja, para encontrar a derivada de Y em X, primeiro, devemos
descer o expoente da variável a ser derivada. Esse expoente passará a
multiplicar todo o termo. Depois, em segundo lugar, subtraímos 01
unidade deste mesmo expoente.

Segue a mesma regra, ag ora de forma mais "desenhada":

1° PASSO

Variável a ser
DERIVADA
2° PASSO

Exemplos:

Encontre dy/dx para:

expoente da variável x desce e passa a multiplicar todo o termo. No


mesmo instante, devemos diminuir o expoente da variável x em 1
unidade).

expoente de x é igual a 1. Desta forma, quando fazemos 1-1 no


expoente, ficaremos com x elevado a 0, que é igual a 1. Ou seja, a
variável x desaparece).

3) y = 5, sua derivada dy/dx = 0, isto porque y = 5 é o mesmo que


dizer y = 5.x0 (neste caso, quando descemos o expoente 0, toda a
derivada será igual a 0. Logo, a derivada de um número - ou uma
constante - sempre é igual a 0).

4) y = 2X2 + 4x - 6, sua derivada dy/dx = 4x + 4 (repare que é só


fazer a derivada de cada termo separadamente, assim: dy/dx =

Agora, encontre, para cada função de produção abaixo, o valor do


produto marginal mão-de-obra. Ou seja, encontre o valor de dY/dL:

5) Y = 10 - 2L, sua derivada dY/dL = -2. Repare que, desta vez, a


variável a ser derivada é L.

só mexemos na variável a ser derivada que, no caso, é L. Assim, o

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termo K , que contém a variável K, é tratado como se fosse um
número qualquer, não tendo alteração de seu expoente).

(assim como fizemos no exemplo 4, derivamos normalmente cada


termo em separado).

2.2. A derivada e o valor máximo de uma função

Uma importante aplicação da derivada para a economia diz respeito


à ajuda que ela nos presta para encontrarmos os valores máximos de
determinadas funções ou equações. Quando temos qualquer função f(x)
e desejamos saber o valor de x que maximiza esta função, basta
derivarmos f(x) na variável x e igualar a 0. Segue abaixo um exemplo, já
com uma aplicação para a Economia:

Exemplo:

1) Dada a função de produção Y=8L - L2, determine qual a quantidade


de trabalhadores (qual o valor de L) que repercutirá máxima
produção total?

Resolução:

Para encontrar a quantidade de trabalhadores (L) que maximiza a


produção total (Y), devemos achar a derivada de Y em função de L
e, por fim, igualá-la a 0.

dY/dL = 8 - 2L

Agora, igualamos dY/dL a 0 para achar Y máxima:

8 - 2L = 0
L = 4

(quando L=4, Y é máxima!)

Para descobrir a produção (Y) máxima, basta substituir L=4 na

2.3. A derivada como inclinação da função

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Imagine, apenas como exemplo, o gráfico de uma função simples:
f(x) = x + 1

Quando x=1, y=2 (ponto A). Quando x=3, y=4 (ponto B). Como a
função é de primeiro grau (o expoente da variável x é 1), teremos uma
reta representando a função. Assim, precisamos apenas de dois pontos
para traçá-la. Traçada a reta, o nosso foco volta-se a entender o que
determina a inclinação desta reta.

Em primeiro lugar, como temos uma reta, a inclinação é constante,


ou seja, é a mesma em qualquer lugar da reta. Veja que o ângulo 0, que
mede a inclinação da reta, é o mesmo em A, em B ou em C. Este ângulo
é determinado pela sua tangente, que tem o valor numérico representado
pela divisão do cateto oposto pelo cateto adjacente (Ay/Ax). Do ponto A
ao B, a tangente de 0, que é quem determina a inclinação da nossa
função, é igual a:

tg 9= cat oposto/cat adjacente=

Assim, dizemos que a inclinação da reta é 1. Mas, observe que a


expressão Ay/Ax representa genericamente a inclinação em qualquer
ponto da reta. Dizemos, portanto, que a inclinação da função é dada por

Ora, mas você já viu esta expressão em algum lugar, não?

Ay/Ax é a derivada da função y em relação à variável x. Assim, a

Pois bem, vamos derivar a função, para calcularmos a inclinação


usando a derivada:

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Vemos claramente que atingimos o mesmo valor calculado pelo


método da tangente. Logo, podemos concluir que a inclinação da
reta/curva de uma função é dada pela sua derivada.

Quando temos uma função representada por uma curva, em vez de


uma reta, o raciocínio é o mesmo. A única diferença que a inclinação de
uma curva não é constante, ela varia, dependendo do ponto em que
estamos na curva. Veja o gráfico de uma função de produção (Y) típica
em função do número de trabalhadores (L), representada abaixo:

Fig. 2

Primeiramente, veja que agora não temos mais uma reta e, sim,
uma curva. Quando temos uma curva, ao contrário do que ocorre em
uma reta, a inclinação varia ao longo da curva. A inclinação, em qualquer
ponto da curva, será dada pela inclinação da reta que é tangente à curva
naquele ponto. Por exemplo, no ponto 1, a inclinação da curva é igual à
inclinação da reta 1 ' , que é exatamente a reta que é tangente à curva no
ponto 1. No ponto 2, a inclinação da curva é igual à inclinação da reta 2 ' .
No ponto 3, a inclinação da curva é igual à inclinação da reta 3 ' . A
inclinação dessas retas, por sua vez, é dada pelo valor da sua tangente
(AY/AL), exatamente como mostrado na figura 1. Assim, da mesma forma
que ocorre na reta, a inclinação de qualquer curva também é dada pela
derivada. A diferença é que a inclinação da curva não será constante. Na
figura 2, é possível perceber que a inclinação decresce com o aumento de
L. No ponto 1, o valor da inclinação é alta, pois temos um AY bem maior
que o AL. Já no ponto 3, o valor da inclinação é baixa, pois um AY bem
menor em relação ao AL.

Conforme já dissemos, a grande diferença entre a reta e a curva é


que, no caso da função reta, a derivada (inclinação) é uma constante, já
no caso da curva, a derivada (inclinação) varia. No gráfico acima, a

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inclinação é dada por AY/AL, que é o mesmo que dY/dL, que, por sua vez,
é o nosso PmgL. Note que, no ponto A, a inclinação da curva é 0 (AY será
igual a 0). Como a inclinação é 0 neste ponto, a derivada também será
igual a 0. Como dY/dX=0, é exatamente naquele ponto onde temos o
valor máximo da função (Y máximo), o que corrobora o que já vimos no
item 2.2.

Assim, você consegue perceber, graficamente, porque quando


derivamos uma função e igualamos a sua derivada a 0, obtemos o valor
máximo da função. Esta afirmação é plenamente condizente com o gráfico
apresentado na figura 02.

Desta forma, podemos concluir que se construirmos, no gráfico, a


curva da função de produção (Y) em relação ao número de
trabalhadores (L), a inclinação dessa curva será dada por dY/dL,
que é o produto marginal da mão-de-obra (PmgL).

De maneira análoga, se construirmos, no gráfico, a curva da


função de produção (Y) em relação à quantidade de capital (K), a
inclinação dessa curva será dada por dY/dK, que é o produto
marginal do capital (PmgK).

Passadas essas noções básicas da função de produção clássica e de


derivadas, podemos, finalmente, começar a falar do modelo de Solow.

3. MODELO DE SOLOW

Ao contrário do que muitos pessimistas de plantão anunciam, o


padrão de vida vem melhorando muito nos últimos anos e décadas, e isso
não se deve ao governo A ou ao governo B (quando falo em padrão de
vida, refiro-me à riqueza "material"). Isto é um fenômeno mundial, que
ocorre permanentemente em todos os países, independentemente dos
governos.

Lembro-me bem de que quando eu era criança, na década de 80.


Famílias que tinham mais de 02 televisões em casa eram consideradas
famílias de alta renda. Nem todas as famílias possuíam linha telefônica,
pois era um "bem" extremamente caro. No início da década de 90,
pouquíssimos podiam se dar ao luxo de comprar e manter o alto custo de
um telefone celular. Hoje em dia, todos esses bens que eu citei são
bastante comuns. Mesmo famílias de baixa renda possuem várias
televisões em casa, celulares, e automóvel zero km financiado em zilhões

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de prestações. Assim, é possível perceber que, do ponto de vista
material, o padrão de vida está em constante melhora.

Essa melhora do padrão de vida decorre de rendas cada vez


maiores, que têm permitido às pessoas consumir mais bens e serviços.
Para medir esse progresso no padrão de vida, os economistas utilizam os
dados do produto interno bruto (PIB), o qual também significa o total de
renda das pessoas de um país.

De 1947 a 2009, o PIB per capita3 (PIB ou renda por pessoa) do


Brasil, em termos reais (ou seja, já descontada a variação dos preços), foi
quase quintuplicado. Ou seja, houve grande variação da renda ao longo
do tempo. Se compararmos as rendas entre os diversos países no mesmo
instante temporal, também haverá enormes disparidades. Por exemplo, a
renda per capita do Brasil, em 2004, era quase dez vezes maior que a
renda per capita da Nigéria, e quase 5 vezes menor que a renda per
capita dos EUA.

Como se vê, podemos notar que há grandes diferenças entre as


rendas de um mesmo país ao longo do tempo e também há grandes
disparidades entre as rendas quando se comparam países diferentes.
Mas, o que será que causa essas diferenças?

O economista Robert Solow 4 desenvolveu uma teoria para explicar o


crescimento econômico de longo prazo e nos ajudar a compreender aquilo
que causa essas diferenças na renda de um mesmo país ao longo do
tempo e entre os países. O modelo de Solow nos mostra como a
poupança, o crescimento populacional e o progresso tecnológico
afetam o nível de produção/renda de uma economia, e o seu crescimento
ao longo do tempo.

Nossa abordagem do modelo dar-se-á por partes. Primeiro, nós


veremos como a poupança determina a acumulação de capital na
economia. Nesta parte, será pressuposto que a quantidade de
trabalhadores (força de trabalho) e a tecnologia são constantes. Segundo,
nós introduziremos o crescimento populacional, considerando a tecnologia
fixa. Por último, introduziremos a tecnologia no modelo.

3
PIB per capita é o m e s m o que renda per capita.
4
Robert Solow foi um economista da linha de pensamento Keynesiano, mas que
desenvolveu um modelo de cunho clássico para explicar o crescimento econômico. O
modelo de Solow foi desenvolvido na década de 1950 e valeu o prêmio Nobel de Economia
para Solow em 1987.

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3.1. A função de produção por trabalhador

Começaremos nossa análise a partir da função de produção Cobb-


Douglas. No modelo de Solow, não é importante avaliarmos ou sabermos
o tamanho da economia, mas tão somente a questão do quanto ela
cresce. Por isso, é mais conveniente trabalharmos com a produção por
trabalhador, em vez da produção total. Para que isso seja possível, nós
dividimos a função de produção por L:

Y/L = F(K/L, L/L)

Y/L = F(K/L, 1)

No modelo de Solow, é pressuposto que a produção apresenta


retornos constantes de escala. Desta forma, ao dividirmos os fatores de
produção (K e L) por L, temos a certeza que a produção resultante será Y
dividido por L. É a suposição da existência de retornos constantes que nos
dá essa garantia.

Para tornar o nosso trabalho mais prático, em vez de, a todo o


momento, ficarmos escrevendo Y/L ou K/L, faremos y=Y/L e k=K/L, de tal
forma que y (letra minúscula) corresponde à produção por trabalhador e k
(letra minúscula) corresponde ao capital por trabalhador. O número 1
(resultante da divisão de L por L) é uma constante e pode ser ignorado.
Assim, podemos reescrever a função de produção por trabalhador, que
será utilizado no nosso modelo:

y = f(k)

Esta função de produção nos informa que a produção por


trabalhador é função do estoque de capital por trabalhador. Se traçarmos
um gráfico de y em função de k, teremos algo como representado na
figura 03:

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Fig.3

Observe na figura 03 que, à medida que a quantidade de capital por


trabalhador aumenta, a função de produção fica cada vez menos
inclinada. A inclinação da função é dada pela sua derivada
(Ay/Ak=dy/dk). A derivada, por sua vez, é igual ao produto marginal do
capital. Como a inclinação vai diminuindo, podemos concluir que a
produtividade marginal do capital é decrescente 5 .

Quando k é baixo, o trabalhador possui pouca quantidade de capital


com que trabalhar. Neste caso, uma unidade adicional de capital fará com
que a produção aumente bastante. Ou seja, quando o nível de k é baixo,
o Pmgk (=inclinação da função de produção) é alto. Quando o k é alto, o
trabalhador possui grande quantidade de capital com que trabalhar. Neste
caso, uma unidade adicional de capital não fará muita diferença, de modo
que esta unidade adicional faz a produção aumentar bem mais
discretamente. Ou seja, quando o nível de k é alto, o Pmgk é baixo.

3.2. O papel da poupança na acumulação de capital

A partir do estudo das Contas Nacionais, nós sabemos que a


produção da economia é

Y = C + I + G + X- M

5
Existe até uma lei que afirma isso. É a lei ou hipótese dos rendimentos marginais
decrescentes, segundo a qual, à medida que se aumenta o uso de um fator de produção, a
sua produtividade decresce.

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Se dividirmos tudo por L, de forma a termos todos esses agregados
por trabalhador e, adicionalmente, considerarmos uma economia fechada
(sem os agregados X e M) e sem governo (sem o agregado G), teremos

y = c + i (1)

A expressão (1) mostra que a produção por trabalhador, y, é


dividida entre consumo por trabalhador, c, e investimento por
trabalhador, i.

Suponha que as pessoas poupem uma fração s de sua renda. Essa


fração s significa um montante percentual. Por exemplo, se os
consumidores de determinado país poupam 30% de suas rendas, então, a
fração s será igual a 0,3. Ao mesmo tempo, se os consumidores poupam
a fração s de suas rendas, então, eles consomem uma fração (1 - s). Por
exemplo, se os consumidores poupam 30% de suas rendas (s=0,3),
então, eles consomem 70% de suas rendas (1 - s = > 1 - 0,3 = > 0,7).
Podemos, então, expressar a função consumo da seguinte maneira:

c = (1 - s)y (2)

Se substituirmos essa função consumo na expressão (1), teremos o


seguinte:

y = (1 - s)y + i
y = y - sy + i

i = sy (3)

A expressão (3) nos mostra que o investimento é igual à fração da


renda que é poupada. Por exemplo, se os consumidores poupam 30% de
suas rendas (s=0,3), é exatamente esses 30% da renda (sy=0,3y) que
representarão o montante de investimento. Ou seja, a expressão mostra
que a poupança é igual ao investimento e a taxa de poupança, s, é
também a fração da produção/renda destinada ao investimento.

Assim, podemos entender, em última análise, que a taxa de


poupança, s, determinada a distribuição da produção entre o consumo e o
investimento e, por conseguinte, determina também a acumulação de
capital, já que investir significa acumular capital. Quanto maior a
poupança, maior será a acumulação de capital (maior o investimento) e
menor o consumo.

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3.3. Crescimento do estoque de capital e o estado
estacionário

No último tópico, já vimos que a poupança determina o


investimento e este, por sua vez, influencia diretamente a acumulação de
capital. Neste tópico, nós veremos detalhadamente a questão do estoque
de capital (k). Afinal, a produção por trabalhador depende do capital por
trabalhador [lembre que y=f(k)]. Logo, é fundamental entendermos o que
influencia o capital (k).

Considerando que a quantidade de trabalhadores e a tecnologia são


constantes, o estoque de capital é influenciado basicamente por duas
variáveis: o investimento e a depreciação.

Investimento (+)
Estoque de capital p/ trabalhador

Depreciação (-)

Investimento significa gasto com a aquisição de estoque de capital,


logo, ele faz com que o estoque de capital cresça. Depreciação significa o
desgaste do estoque de capital, fazendo-o diminuir de valor. Logo, ela faz
com que o estoque seja reduzido.

O investimento por trabalhador, i, é igual a sy. Se substituirmos y


por f(k), tendo vista que y=f(k), chegaremos a i=s.f(k). Desta forma,
podemos representar o investimento no mesmo diagrama exposto na
figura 03. Na figura 04, abaixo, podemos visualizar a curva do
investimento por trabalhador, i:
Fig. 4

Produção por
trabalhador, y

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A curva mais clara mostra a curva do investimento em função do


capital por trabalhador. A taxa de poupança, s, determina a distribuição
da produção entre consumo e investimento. A distância entre o eixo
horizontal e a curva do investimento mostra o montante do investimento
por trabalhador, que é i=s.f(k). A distância entre o eixo horizontal e a
curva da produção (curva mais escura) representa a produção por
trabalhador, y=f(k). A parte da produção que não é poupada e, por
conseguinte, não vira investimento é destinada ao consumo. Assim, a
diferença entre curva da produção e a curva do investimento representa o
consumo por trabalhador, c. Todos estes dados estão representados
graficamente na figura 04.

Ainda falta incorporar a depreciação ao modelo, afinal, nós já vimos


que ela altera o estoque de capital, reduzindo-o. Para incorporá-la ao
modelo, pressupomos que uma fração õ do estoque de capital se
desgasta a todo ano. Nesse caso, õ (delta) é a taxa de depreciação. Essa
é uma taxa percentual e se refere ao desgaste do estoque de capital no
período de 01 ano. Por exemplo, suponha que o capital dure, em média,
10 anos. A taxa de depreciação, nesse caso, corresponde a 10% ao ano
(0=0,1). O montante de capital por trabalhador que se deprecia a cada
ano corresponde à taxa de depreciação, õ, multiplicada pelo capital por
trabalhador, k. Ou seja, o valor total da depreciação anual p/ trabalhador
corresponde a õk. Graficamente, a depreciação será uma reta que mostra
que, quanto maior o capital por trabalhador, k, maior será o montante da
depreciação, õk. A inclinação 6 dessa reta será igual a õ. Veja na figura
05:

A função de depreciação é igual 5k. Sua inclinação será igual a sua derivada em função de
k. Fazendo então d(5k)/dk, chegamos à conclusão que a inclinação será igual a 5. Ou seja, a
inclinação da função de depreciação (5k) é a taxa de depreciação (5).

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Quando o capital por trabalhador, k, é 0, a depreciação, õk,


também será igual a 0. Quando o estoque de capital vai aumentando, o
montante de depreciação também aumenta. Quando maior for a taxa de
depreciação, õ, maior será o montante de depreciação por trabalhador
decorrente do aumento do estoque de capital por trabalhador.

Nota ^ não confunda a taxa de depreciação, õ, com a depreciação, que é


igual à taxa multiplicada pelo estoque de capital, õk.

Conforme foi comentado, o estoque de capital é influenciado


positivamente pelo investimento e negativamente pela depreciação.
Assim, podemos expressar a variação no estoque de capital (Ak) da
seguinte forma:

é a variação no estoque de capital. Veja que, havendo


investimento, o capital varia positivamente. Havendo depreciação, o
estoque de capital diminui (varia negativamente). Como i=sy, e y=f(k),
podemos reescrever a expressão:

Se pensarmos que a economia se equilibra 7 quando não temos


variação no estoque de capital podemos desenvolver a expressão
acima a fim de determinar o nível de capital em que a produção da
economia se equilibra e não tende a mudar.

Estado estacionário,
onde o estoque de
capital não varia (Ak=0).

Ou seja, a produção da economia se equilibra e não tende a mudar


em um determinado nível de capital (k*) em que o montante de
investimento por trabalhador [i=sf(k) ] é igual ao montante de
depreciação por trabalhador (õk). Se a economia estiver neste
determinado nível de estoque de capital, o estoque de capital não variará
Uma vez que o investimento, que faz aumentar o k, e a

7
O equilíbrio da economia pressupõe uma situação em que a produção não muda. Como a
produção é função do estoque de capital [y=f(k)], então, se o capital não varia (Ak=0),
consequentemente, a economia estará em equilíbrio.

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depreciação, que faz diminuir o k, são iguais, a variação de k será igual a
0.

Este nível de capital (k*) em que investimento é igual à depreciação


(e Ak=0) é chamado de nível de capital no estado estacionário. Como o
próprio nome sugere, o estado estacionário significa uma situação de
equilíbrio da economia, em que esta permanece "estacionada". Qualquer
economia, independentemente do estoque de capital p/ trabalhador que
possua, tenderá ao nível de capital de estado estacionário e, uma vez
atingido o estado estacionário, a economia nele permanecerá. Ou seja, a
economia, com o passar do tempo, se ajusta automaticamente para o
estado estacionário. Daí, podemos concluir que o estado estacionário
representa o equilíbrio de longo prazo da economia.

Graficamente, o nível de capital do estado estacionário (k*) é


aquele em que a curva do investimento intercepta a reta da depreciação.
Neste ponto, investimento=depreciação e, consequentemente, Ak=0. Tal
situação pode ser visualizada na figura 06:

Fig. 6

Estado estacionário:
Investimento=poupança
sf(k)=õk

Capital por
trabalhador, k

O capital aumenta porque O estoque de capital tende O capital diminui porque a


o investimento é maior ao nível de capital por depreciação é maior que
que a depreciação. trabalhador no estado o investimento.
estacionário.

Podemos entender o ajustamento automático da economia em


direção ao nível de capital no estado estacionário por meio da figura 6.

Se a economia estiver com um nível de capital inferior ao nível de


capital no estado estacionário, por exemplo, k1 na figura 06, isto significa
que o investimento excede o montante de depreciação, pois a curva do

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investimento é superior à curva da depreciação para níveis de capital
menores que k*. Neste caso, à medida que o capital cresce, a
depreciação também cresce. Com o passar do tempo, o capital irá crescer
até quando o investimento for exatamente à depreciação.

Se a economia estiver com um nível de capital superior ao nível de


capital no estado estacionário, por exemplo, k2, isto significa que a
depreciação excede o investimento. Isto quer dizer que o capital se
desgasta (se deprecia) mais rapidamente do que está sendo substituído.
Neste caso, o estoque de capital diminuirá até o nível de capital
estacionário, quando a depreciação iguala o investimento.

Note que, no estado estacionário, todo o investimento para


aumentar a produção é utilizado para repor o capital desgastado, de
forma que o investimento não alterará os níveis produção e consumo, que
permanecem constantes durante o estado estacionário.

Exemplo numérico do estado estacionário:

Dada a função de produção da economia Y=K1/2.La, a taxa de


poupança, s, igual a 0,4 e taxa de depreciação, õ, igual a 0,1; calcular
os níveis de produto e capital por trabalhador no estado
estacionário.

Resolução:

A função de produção desta economia é: Y=K 1/2 .L 1/2 .

Ou seja, já descobrimos que o expoente "a" é igual a /. Como


sabemos disso? O modelo de Solow pressupõe retornos constantes de
escala. Como essa situação ocorre quando a soma dos expoentes de K e L
é igual a 1, então, se o expoente de K é /, obrigatoriamente, o expoente
de L também deve ser / para que a soma dos expoentes seja igual a 1.

Conforme aprendemos, vamos dividir tudo por L, a fim de deixar


todas as variáveis "por trabalhador":

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Como y=Y/L e k=K/L, podemos reescrever assim a equação:

Essa expressão afirma que a produção por trabalhador é igual à raiz


quadrada do montante de capital por trabalhador (k1/2 é o mesmo que
raiz quadrada de k).

No estado estacionário:

Temos que:

s = 0,4
õ = 0,1
f(k) = y = k1/2

Substituindo os valores na expressão do estado estacionário,


temos:

Resposta: No estado estacionário, o produto por trabalhador, y*, é


igual a 4. O capital por trabalhador, k*, é igual a 16.

3.4. A poupança e o crescimento

No último tópico, nós vimos que a economia sempre tenderá


automaticamente ao nível de capital do estado estacionário (onde o
investimento iguala a depreciação e onde a produção é constante) e nele
permanecerá. Mas, como será possível para o governo fazer o país
crescer, de modo a aumentar o produto por trabalhador e, assim,
melhorar o padrão de vida da população?

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A resposta está na taxa de poupança. Considere o que acontece
com uma economia quando a taxa de poupança aumenta. Se a taxa de
poupança aumentar, o investimento também aumentará, pois o termo
sf(k) estará maior, uma vez que houve aumento de s.

Graficamente, isto significa que a curva do investimento será


"rotacionada" para cima, ficando mais inclinada. Veja na figura 07:

Fig. 7

1°: Um aumento da taxa de


poupança de Sfpara s2 eleva
o investimento, rotacionando
para cima a sua curva.

2°: A elevação da taxa de


poupança e, por conseguinte, do
nível de investimento faz com
que o estoque cresça em direção
a um novo estado estacionário.

Após o aumento da taxa de poupança, de si para s2, a curva do


investimento é rotacionada para cima, no sentido de aumento do
investimento. O novo estado estacionário, onde o novo investimento
iguala a depreciação ocorre em um nível de capital por trabalhador maior
(k2*) que o nível antigo, onde a taxa de poupança era si.

A explicação para esse aumento no nível de capital por trabalhador


no estado estacionário é a seguinte: após o aumento da taxa de
poupança, o investimento também aumenta, uma vez que investimento é
igual poupança. Como o investimento aumenta, mas a depreciação se
mantém constante, momentaneamente, o investimento excederá a
depreciação fazendo o estoque de capital variar positivamente. Desta
forma, o estoque de capital aumentará aos poucos, até que a economia
alcance o novo estado estacionário, k2*, que tem estoque de capital
superior ao do antigo estado estacionário.

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Diante do que foi apresentado, o que podemos concluir sobre a
relação entre poupança e crescimento econômico? Uma poupança maior
provoca um crescimento do capital e, por conseguinte, do produto por
trabalhador (o produto, y, é função do capital, k, então, se este aumenta,
o produto por trabalhador também aumenta), mas tal crescimento é
momentâneo. Ele dura apenas até a economia atingir o novo estado
estacionário. Ou seja, uma taxa de poupança mais alta faz aumentar
o nível da renda per capita (ou produto/renda por trabalhador),
mas não influencia a sua taxa de crescimento no longo prazo.

Desta forma, podemos entender que se a taxa de poupança for alta,


a economia terá um grande estoque de capital e um nível de produção
elevado, no estado estacionário. Se a taxa de poupança for baixa, a
economia terá um pequeno estoque de capital e um nível de produção
reduzido no estado estacionário. Conforme se vê, taxas de poupança mais
elevadas não significam crescimento sustentado, uma vez que a economia
cresce, mas apenas até atingir o novo estado estacionário, onde nele
permanecerá.

Essa conclusão ajuda a entender por que muitos economistas


condenam o excesso de gastos públicos. Se o governo gasta demais, ele
reduz a poupança nacional de tal forma que o investimento será menor.
Nesse sentido, os déficits orçamentários e a consequente redução da taxa
de poupança têm um efeito negativo no longo prazo: estoque de capital e
renda (ou produção) per capita mais baixos.

Por fim, é possível entender por que há tantas diferenças nas


rendas per capita entre as nações. Países que poupam e investem uma
elevada fração de sua produção são mais ricos do que os países que
poupam e investem uma fração mais baixa.

3.5. A REGRA DE OURO

No último tópico, nós vimos que quanto maior a taxa de poupança,


maior será o nível de capital e de renda no estado estacionário. Essa
conclusão pode nos levar a pensar que taxas de poupança mais elevadas
significam sempre maior satisfação. No entanto, isso não é (inteiramente)
correto. Imagine que um país tenha uma taxa de poupança de 100%. No
longo prazo, essa taxa de poupança resulta em maior estoque de capital e
renda possíveis. Entretanto, qual a graça de se poupar 100% da sua
renda e não consumir qualquer coisa?

Em economia, o bem-estar está intimamente relacionado ao


consumo. Quanto mais se consome, mais satisfação os indivíduos têm.
Assim, é perfeitamente claro que uma taxa de poupança de 100% não

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traz o máximo de bem-estar para a sociedade. Na verdade, do ponto de
vista prático, as pessoas estão pouco ligando para o valor do estoque de
capital da economia! Elas querem é bem-estar! Ou seja, as pessoas se
preocupam com a quantidade de bens e serviços que podem consumir.

Supondo que o governo tenha a capacidade de fixar a taxa de


poupança no nível que ele quiser, ele procurará fixá-la de tal forma que o
bem-estar das pessoas seja maximizado. Ou seja, o governo procurará
fixar a taxa de poupança que leve ao estado estacionário em que o
consumo das pessoas seja maximizado. O valor de k* nesta
situação em que o consumo é maximizado é chamado de nível de
capital da Regra de Ouro (kouro*)-

Uma vez que definimos o conceito da Regra de Ouro, torna-se


necessário traduzir algébrica e graficamente tal situação. Nós sabemos
que a produção por trabalhador vai para o consumo ou para o
investimento (considerando a economia fechada e sem governo):

y = c + i

Isolando o consumo:

c = y - i

A Regra de Ouro é uma situação tal em que a economia está em um


estado estacionário, então coloquemos os asteriscos nas variáveis para
deixar claro que estamos tratando de situações em estado estacionário:

c* = y* - i*

Sabemos que a produção por trabalhador no estado estacionário,


y*, é igual f(k*), em que k* corresponde ao estoque de capital no estado
estacionário. Assim,

c* = f(k*) - i*

Como estamos em um estado estacionário, onde o investimento é


igual à depreciação, sabemos que i*=õk*. Então,

c* = f(k*) - õk*

A equação nos diz que o consumo no estado estacionário será a


produção menos a depreciação, ambas no estado estacionário.
Graficamente, então, podemos deduzir que o consumo, em estado
estacionário, será a diferença entre a curva de produção por trabalhador e
a curva da depreciação. O nível de capital em que essa diferença entre as

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curvas seja a maior possível (maior consumo possível) representará o
nosso estoque de capital da regra de ouro.

Na figura 08, vemos que existe um nível de capital (k* ouro ) em


estado estacionário que maximiza o consumo. Neste nível de capital, note
que a inclinação da curva de produção é exatamente igual à inclinação da
curva de depreciação.

Fig. 8
õk*, depreciação e
investimento (i*=õk*) no
estado estacionário

Quando o consumo é
máximo, a inclinação
da produção, f(k*), é
igual à inclinação da
Consumo máximo, onde a distância
depreciação, õk*.
entre a curva de produção e a
curva de depreciação é a maior
possível.

Nível de capital da regra de ouro,


onde o consumo é maximizado.

Se o estoque de capital em estado estacionário é menor que o do


nível da Regra de Ouro (nível de k* está entre 0 e kouro*), então, um
aumento no estoque de capital faz crescer o produto mais do que a
depreciação (que é igual ao investimento), de modo que o consumo
aumenta. Nessa situação, a inclinação da função de produção em estado
estacionário é maior que a inclinação da reta õk* e o aumento do capital
faz aumentar a distância entre essas duas curvas, que é igual ao
consumo.

Se o estoque de capital em estado estacionário é maior que o do


nível da Regra de Ouro (nível de k* é maior que kouro*), então, um
aumento no estoque de capital faz crescer o produto menos do que a
depreciação (que é igual ao investimento), de modo que o diminui. Nessa
situação, a inclinação da função de produção em estado estacionário é
menor que a inclinação da reta õk* e o aumento do capital faz diminuir a
distância entre essas duas curvas.

Bem, graficamente já vimos de modo claro o nível de capital da


Regra de Ouro. Agora, necessitamos expressar a regra algebricamente,

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pois isso é o mais importante para concursos. No nível de capital da Regra
de Ouro, a inclinação da produção e da reta õk* são iguais. Uma vez que
a inclinação da função de produção é dada pelo Pmgk (ver o porquê na
figura 03) e a inclinação 8 da reta õk* é igual a õ, a Regra de Ouro será
descrita pela(s) equação(ões):

REGRA DE OURO

Pmgk - õ = 0

No nível de capital da Regra de Ouro, considerando


crescimento populacional e progresso tecnológico constantes, o
produto marginal do capital é igual à taxa de depreciação. Ou, em
outras palavras, o acréscimo de produção (que é o Pmgk) é
totalmente utilizado para repor a depreciação desse estoque de
capital. Ainda podemos dizer que o produto marginal líquido do capital
(Pmgk menos a depreciação) é nulo.

Por fim, antes de partirmos para o exemplo numérico, é importante


que você tenha em mente que a economia tende automaticamente a um
estado estacionário qualquer, mas ela NÃO tende automaticamente ao
estado estacionário DA REGRA DE OURO. Se o governo deseja o estoque
de capital estacionário da Regra de Ouro, ele precisa de uma taxa de
poupança específica para alcançá-lo. Na figura 09, temos um estado
estacionário da Regra de Ouro. Observe que, para isso acontecer, existe
uma taxa de poupança exata. Se a taxa for mais alta, o estoque de
capital será maior que o da Regra de Ouro. Se a taxa for mais baixa, o
estoque será menor. Em ambos os casos, o consumo do estado
estacionário será menor que o consumo do estado estacionário da Regra
de Ouro.

8
A inclinação da reta 5k* é igual à sua derivada em relação a k*. Como d(ôk*)/k* é igual 5,
então, sua inclinação será igual a 5.

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Fig. 9

Nível exato de taxa de poupança que faz com


que a economia tenda ao estado estacionário
da Regra de Ouro, onde o consumo é máximo.

Maneira alternativa de encontrar a expressão da Regra de Ouro

Nós sabemos que o consumo da Regra de Ouro é igual à produção menos


a depreciação, tudo em estado estacionário:

c* = f(k*) - õk*

Para sabermos qual será o nível de capital de estado estacionário (k*)


que nos dá o consumo máximo, basta derivar c* em relação a k* e
igualar a derivada encontrada a 0:

d(c*)/dk* = d[f(k*)]/dk* - d(õk*)/k*

A derivada da função de produção [f(k*)] em relação a k* é igual ao


produto marginal do capital (Pmgk). A derivada de õk* em relação a k* é
igual a õ. Assim,

d(c*)/dk* = Pmgk - õ

Teremos c* máximo quando a sua derivada é igual a 0, então:

0 = Pmgk - õ
Pmgk = õ

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Exemplo numérico do estado estacionário da Regra de Ouro:

Como exemplo numérico, vamos resolver a questão de Modelo de


Solow que foi cobrada no último concurso de auditor da Receita Federal,
no ano passado:

(AFRFB - ESAF - 2009) - Considere o Modelo de Solow


dado pelas seguintes equações e informações:
y = k0'5
õ = 0,05
onde:
y = produto por trabalhador;
k = estoque de capital por trabalhador;
õ = taxa de depreciação.
Supondo a taxa de crescimento populacional igual a zero, a
taxa ótima de poupança dada pela "regra de ouro" gera um
nível ótimo de investimento por trabalhador igual a:
a) 5,0
b) 2,5
c) 10,0
d) 25,0
e) 1,5

Resolução:

Em primeiro lugar, observe que, ao contrário do exemplo numérico


do estado estacionário, a função de produção dada pelo problema já está
"no ponto", pronta para ser utilizada, uma vez que a função já apresenta
as variáveis "por trabalhador". Vamos aos cálculos:

Foi informado que estamos no nível de poupança da regra de ouro


(consumo máximo por trabalhador). Na regra de ouro, sem crescimento
populacional e sem progresso tecnológico, temos:

PmgK = õ

Uma vez que õ=0,05, temos:

PmgK = 0,05 (1)

Para acharmos o produto marginal do capital, devemos derivar a função


de produção na variável k:

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Substituindo Pmgk em (1) temos:

O nível da Regra de ouro é o estado estacionário onde o consumo per


capita é máximo. Como é um estado estacionário, então o estoque de
capital por trabalhador não varia (A k=0), de forma que i=õk:

Gabarito: A

3.6. O CRESCIMENTO POPULACIONAL

Até agora, nós vimos que a acumulação de capital (investimento)


por meio da poupança ainda não explica o crescimento econômico
sustentável no longo prazo. Altas taxas de poupança acarretam um
crescimento temporário até o próximo estado estacionário.

A fim de tornarmos nossa análise mais factível, a partir de agora,


vamos pressupor que há crescimento populacional. Assim, em vez de
pressupor que a população seja fixa, como fizemos até o momento,
vamos adotar a premissa que a população e a força de trabalho 9 crescem
a uma taxa constante, n. Essa taxa, assim como a taxa de depreciação, é
em valores percentuais e se refere ao período de 01 ano. Por exemplo, se
a população do Brasil cresce cerca de 1% ao ano, n será igual a 0,01.

A principal implicação de considerarmos o crescimento populacional


em nosso modelo se refere às forças que influenciam o estoque de capital
por trabalhador. No item 3.3, nós vimos que o estoque de capital por
trabalhador era influenciado pelo investimento (+) e pela depreciação (-).
Pois bem, se o número de trabalhadores cresce, é natural que o capital
por trabalhador diminua, afinal k=K/L. Se L aumenta, k (letra minúscula)
diminui. Ou seja, o crescimento populacional faz com que haja menos
capital para ser distribuído para cada trabalhador.

9
Para fins didáticos, consideramos que aumento da população significa o mesmo que
aumento da quantidade de trabalhadores ou aumento da força de trabalho.

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Assim, o estoque de capital por trabalhador sofrerá a influência de


três forças em vez de duas:

Investimento (+)

Estoque de capital p/ trabalhador Depreciação (-)

Crescimento
populacional (-)

Desta forma, a variação no estoque de capital por trabalhador será:

Agora, não só a depreciação faz diminuir o k, mas também a taxa


de crescimento populacional, n. Quanto mais a população cresce, mais
negativa será a variação do estoque de capital por trabalhador (nos tens
3.1 a 3.6, presumimos que n=0).

No estado estacionário, o capital não varia de modo que Ak=0.


Assim, considerando um crescimento populacional de n, o estado
estacionário ocorre quando

0 = i - (õ + n)k
i = (õ + n)k

Este nível de investimento é chamado de investimento de equilíbrio,


e significa a quantidade de investimento para manter constante o estoque
de capital por trabalhador. O investimento de equilíbrio inclui a
depreciação do capital (õk) e o montante de investimento necessário para
proporcionar capital aos novos trabalhadores (nk). Assim, podemos
entender que, no estado estacionário, o efeito positivo do investimento
sobre o estoque de capital por trabalhador equilibra exatamente os efeitos
negativos da depreciação e do crescimento populacional.

Do ponto de vista gráfico, a diferença é que não teremos mais a


reta õk que diminui o capital. Agora, temos a reta (õ+n)k em vez de
somente õk, uma vez que não somente a depreciação, õ, mas também o
crescimento populacional, n, faz diminuir o estoque de capital por
trabalhador.

Essa reta (õ+n)k é chamada de reta do investimento de equilíbrio,


uma vez que (õ+n)k é igual ao investimento de equilíbrio. A inclinação
dessa reta será igual a (õ+n).

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Fig. 10

Estado estacionário, onde i=(5+n)k

A inclusão do crescimento populacional nos dá alguns "insights"


mais significativos acerca do crescimento econômico sustentável.

I O crescimento populacional explica em parte o


crescimento do total da produção:

No estado estacionário com crescimento populacional, o capital por


trabalhador e também a produção por trabalhador são constantes. No
entanto, sabemos que o número de trabalhadores cresce a uma taxa n.
Ora, se L cresce a uma taxa n, se y é constante e, ao mesmo tempo,
y=Y/L, então, Y também deve crescer a uma taxa n para que y seja
constante.

Assim, o total da produção também deve crescer a uma taxa n,


para que a produção por trabalhador seja constantes. Assim, o
crescimento populacional nos ajuda a explicar o crescimento
sustentável no total da produção. Se a população cresce a uma
taxa n, então, o total 10 da produção também cresce a uma taxa n.

Nota muita atenção, pois estamos falando que o crescimento


populacional explica o crescimento sustentável do total da produção, e
não o crescimento do padrão de vida (que é medido pela produção por
trabalhador). No estado estacionário com crescimento populacional, o
padrão de vida do trabalhador (renda ou produção por trabalhador) é

10
A quantidade de capital por trabalhador, k, também cresce à mesma taxa "n".

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constante, não muda. Apenas o total da produção é que muda, pois ela
cresce a uma taxa n.

II ^ O aumento do crescimento populacional faz diminuir a


renda per capita:

O crescimento populacional explica em parte a diferença de renda


entre os países. Se o crescimento populacional de um país aumenta (se n
aumenta), a reta de investimento de equilíbrio será rotacionada para
cima, ficando mais inclinada. Isso acontece porque sua inclinação é dada
por (õ+n). Então, se n aumenta, a inclinação da reta também aumenta.
Veja os efeitos na figura 11, onde n aumenta de n1 para n2:

Fig. 11

Redução no estoque de capital no


estado estacionário em virtude do
aumento de n.

O aumento de n tornou a curva do investimento de equilíbrio mais


inclinada e o estado estacionário mudou do ponto 1 para o ponto 2,
fazendo reduzir o estoque de capital estacionário por trabalhador (de k1*
para k2*). Dado que a produção por trabalhador é função do capital por
trabalhador [y=f(k)], essa redução no estoque de capital também reduz a
produção per capita (ou renda per capita). Assim, o modelo de Solow nos
mostra que países com maior crescimento populacional têm níveis mais
baixos de PIB per capita, o que é bastante condizente com a realidade.

Nota ^ na primeira parte do estudo do modelo, quando consideramos o


crescimento populacional nulo, nós vimos que uma alteração da taxa de
poupança exerce um efeito sobre o produto por trabalhador no estado

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estacionário, mas não afeta a sua taxa de crescimento no longo prazo. O
mesmo acontece com o crescimento populacional. Sua alteração exerce
um efeito sobre o capital e sobre a produção per capita no estado
estacionário, mas não afeta a sua taxa de crescimento, uma vez que, em
estado estacionário, as variáveis (y e k) permanecerão constantes.

III ^ Novo nível de capital da Regra de Outro considerando


o crescimento populacional:

A formulação teórica do nível de capital da Regra de Ouro continua


a mesma: é o nível de capital estacionário em que o consumo por
trabalhador é maximizado.

Quando não consideramos o crescimento populacional, nós vimos


que o consumo estacionário é máximo quando a inclinação da curva de
produção, f(k), é igual à inclinação da curva de depreciação, õk. Ou seja,
quando Pmgk=õ. Agora, o que muda é que não temos mais curva de
depreciação, mas sim curva de investimento de equilíbrio, (õ+n)k. Assim,
o consumo estacionário será máximo quando a inclinação da curva de
produção, que é igual ao produto marginal do capital, é igual à inclinação
da curva do investimento de equilíbrio, que é igual a (õ+n). Desta forma,
considerando o crescimento populacional sendo igual a n, o nível
de k* que maximiza o consumo é aquele em que

REGRA DE OURO
Ou, com crescimento
populacional n.
Pmgk - õ = n

No estado estacionário da Regra de Ouro, o produto marginal


do capital é igual ao somatório da taxa de depreciação com a taxa
de crescimento populacional. Ou, em outras palavras, o produto
marginal do capital líquido da depreciação é igual à taxa de
crescimento populacional.

3.7. O PROGRESSO TECNOLÓGICO

A partir de agora, acrescentaremos mais uma fonte de crescimento


econômico: o progresso tecnológico. O modelo de Solow não explica o
que determina e o que influencia o progresso tecnológico, ele apenas o
pega como um dado pronto, pré-determinado. Ou seja, o progresso

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tecnológico é uma variável exógena ao modelo de Solow. Por isso, o
modelo de Solow é um modelo de crescimento exógeno 11 .

Neste momento, vamos retornar à função de produção Cobb-


Douglas do início da aula:

Y = F(K, L)

A principal consequência do progresso tecnológico é fazer com que


cada trabalhador produza mais. Ou seja, quanto maior a tecnologia, mais
os trabalhadores serão eficientes. Assim, é possível que, dependendo da
tecnologia de produção, um trabalhador, por exemplo, faça o trabalho de
vários em virtude da técnica utilizada.

A fim de incorporar o progresso técnico em nosso modelo, nós


vamos introduzir uma nova variável na nossa função de produção. É a
variável "E", que significa eficiência da mão-de-obra. Essa variável "E"
deve ser multiplicada por L, no sentido de que ela faz um trabalhador
produzir mais. Veja:

Y = F(K, LxE)

O termo LxE mede o número efetivo de trabalhadores (ou


unidade de eficiência do trabalho). Ele leva em conta o número de
trabalhadores, L, e a eficiência da mão-de-obra, E. A eficiência, por sua
vez, é determinada pela tecnologia do país. Perceba que, segundo essa
nova função de produção, o progresso tecnológico (aumentos de E,
eficiência da mão-de-obra) tem o mesmo efeito que aumentos na força de
trabalho, L.

Por exemplo, suponha que um progresso tecnológico faça com que


um trabalhador hoje tenha o dobro de eficiência de outro há dez anos.
Isso significa que 01 trabalhador, em 2010, é tão produtivo quanto 02
trabalhadores no ano 2000. Em outras palavras, ainda que o número de
trabalhadores (L) permaneça o mesmo nos anos de 2000 e 2010, o
número efetivo de trabalhadores efetivos (LxE) dobra, em virtude do
progresso tecnológico.

Nós denominamos de "g" a taxa com que o progresso tecnológico


aumenta. Por exemplo, se g=0,05l então cada trabalhador passa a ser

11
Existem modelos que explicam o progresso tecnológico e não simplesmente o pegam
como um dado pré-determinado. Para esses modelos, portanto, a tecnologia é uma variável
endógena. No entanto, no nosso curso, não estudaremos esses modelos de crescimento
endógeno.

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5% mais eficiente a cada ano e, por conseguinte, o total da produção
aumenta como se a força de trabalho tivesse aumentado em 5%.

Essa suposição do modelo de que a tecnologia aumenta a eficiência


da mão-de-obra faz com que chamemos o "g" de progresso tecnológico
incrementador da mão-de-obra. Uma vez que a força de trabalho (L)
cresce à taxa n, e a eficiência da mão-de-obra (E) cresce à taxa g, o
número efetivo de trabalhadores (LxE) cresce à taxa (n+g).

Também é importante ressaltarmos que se a eficiência da mão-de-


obra (E) é constante (se, por exemplo, temos E=1), então, não há
progresso tecnológico, de tal forma que g=0. Este pressuposto foi
adotado nos tópicos 3.1 a 3.6 desta aula.

Nos itens 3.1 a 3.6, nós analisamos a economia em termos de


variáveis "por trabalhador". Agora, nós faremos essa análise em termos
de variáveis "por trabalhador efetivo" (ou por unidade de eficiência do
trabalho). Para isso, basta dividirmos a função de produção com
progresso tecnológico por LxE (e não somente por L como temos feito até
o momento). Assim, teremos:

y = Y/(LxE)
k = K/(LXE)

A função de produção por trabalhador efetivo será função do


estoque de capital por trabalhador efetivo:

y=f(k)

Feitas essas considerações iniciais, a nossa análise será igual


àquela realizada nos itens precedentes. O estoque de capital por
trabalhador efetivo variará segundo quatro forças: o investimento
(aumenta o k), depreciação (diminui o k), crescimento populacional
(diminui o k) e progresso tecnológico (diminui o k). Assim, a variação do
capital é

A princípio, pode soar estranho dizer que o progresso tecnológico


diminui o k. Vamos esclarecer esse ponto. Para isso, pense que agora
estamos trabalhando com o capital por trabalhador efetivo, de tal forma
que k=K/(LxE). Assim, se há progresso técnico (g>0), então haverá
aumento da eficiência da mão-de-obra, de forma que o valor de "E"
aumentará. Se o valor de "E" aumenta, o valor de k diminui. Concluímos
então que o progresso técnico faz reduzir o estoque de capital por
trabalhador efetivo.

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No estado estacionário, Ak=0r então:

i = (õ + n + g)k
sf(k) = (õ + n + g)k

Na figura 12, nós podemos visualizar o estado estacionário com o


progresso tecnológico:

Fig. 12

No estado estacionário, o capital por trabalhador efetivo, k, é


constante. Uma vez que y=f(k), o produto por trabalhador efetivo
também é constante.

Há uma crucial diferença entre o estado estacionário com progresso


técnico e sem progresso técnico. Quando consideramos a tecnologia, o
capital e a produção por trabalhador efetivo se mantêm constantes no
estado estacionário. Isso é inteiramente diferente do estado estacionário
sem progresso técnico. Neste, o capital e a produção por trabalhador
(conceito diferente de trabalhador efetivo) são constantes. Com base
nisso, tiramos importantes conclusões. Veja:

Com tecnologia, nós sabemos que y é constante em estado


estacionário e esse y significa o produto por trabalhador efetivo:

y = Y/(LxE)

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Ao mesmo tempo, sabemos que L cresce a uma taxa n, e E cresce a
uma taxa g. Assim, o denominador da nossa fração Y/(LxE) cresce a uma
taxa (n+g). Ora, se o denominador de Y/(LxE) cresce a uma taxa (n+g),
a única maneira de y se manter constante é se o produto Y também
crescer a uma taxa (n+g).

Assim, concluímos que, no estado estacionário, o total da


produção (ou produto total) cresce a uma taxa (n+g).

Bem, já vimos que o capital e o produto por trabalhador efetivo (y)


em estado estacionário são constantes. Também já vimos que o produto
total (Y), em estado estacionário, cresce a uma taxa (n+g). Mas, e
quanto ao produto por trabalhador (Y/L)? Ele cresce ou fica constante?

Vejamos:

Multiplicando os dois lados por E, temos:

A expressão nos mostra que o produto por trabalhador (Y/L) é igual


ao produto por trabalhador efetivo (y) multiplicado por E. Como sabemos
que y é constante e E cresce a uma taxa g, temos então a certeza de que
o produto por trabalhador (Y/L) cresce também a uma taxa g.

Uma vez que o produto por trabalhador (=renda per capita) é o


termo que define o padrão de vida dos cidadãos, nosso modelo pode
finalmente explicar os crescimentos sustentáveis nos padrões de vida que
observamos ao longo dos anos. Ou seja, o modelo de Solow nos diz
que, no estado estacionário, a taxa de crescimento da renda per
capita é determinada exclusivamente pela taxa exógena de
progresso tecnológico, g.

Se houver progresso tecnológico, a renda per capita das pessoas


crescerá mesmo que a economia esteja em estado estacionário. Quanto
maior o progresso técnico, maior o crescimento da renda per capita. Isso
nos ajuda a explicar por que uns países possuem renda per capita tão
mais elevada que outros. Certamente, o desenvolvimento tecnológico

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nestes países de alta renda é bem maior que aquele verificado nos países
pobres 12 .

Assim, podemos resumir quem cresce e quem fica constante no


estado estacionário, com e sem progresso técnico:

Taxa de crescimento no estado estacionário


Variável Com progresso Sem progresso
técnico técnico
Capital por trabalhador
0 -
efetivo: K/ (LxE)
Produto por trabalhador
0 -
efetivo: Y/(LxE)
Produto por
g 0
trabalhador: Y/L
Produto total: Y (n+g) n

Por fim, falemos agora da Regra de Ouro com a introdução do


progresso tecnológico. O nível de capital da Regra de Ouro é definido
como o estado estacionário que maximiza o consumo por trabalhador
efetivo.

Podemos deduzir o consumo da Regra de Ouro da mesma forma


que fizemos nos itens anteriores, só que agora estamos falando do
consumo máximo por trabalhador efetivo e também devemos considerar
que a reta do investimento de equilíbrio é dada por (õ+n+g)k*. As sim, o
consumo será

c* = f(k*) - (õ+n+g)k*

O consumo no estado estacionário será maximizado quando a


inclinação da função de produção for igual à inclinação da reta
(õ+n+g)k*. Assim, temos consumo máximo por trabalhador efetivo no
estado estacionário quando

Pmgk = õ + n + g
REGRA DE OURO com
crescimento populacional
Ou, "n" e com progresso
tecnológico "g".
Pmgk - õ = n + g

12
Como assessor econômico da Casa Branca na década de 1960, uma das ideias defendidas
por Solow era justamente o desenvolvimento tecnológico como forma de melhorar o
padrão de vida da população (aumentar a renda per capita). Para ele, o progresso
tecnológico tinha mais efeito sobre o crescimento do que o aumento da população (L) ou o
aumento do estoque de capital (K).

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No nível de capital da Regra de Ouro, o produto marginal do
capital líquido (Pmgk - õ) é igual à taxa de crescimento do
produto total (n+g).

3.8. RESÍDUO DE SOLOW

Uma das principais críticas a este modelo de Solow é o fato de ele


não investigar mais a fundo a questão do progresso técnico. O modelo
apenas conclui que é ele quem garante o crescimento de longo prazo,
mas não o explica de forma mais detalhada. Conforme nós vimos, neste
modelo, a tecnologia é considerada uma variável exógena.

Neste contexto, Solow calculava o percentual de contribuição da


tecnologia para o crescimento econômica de forma residual. Vejamos
como isso funciona. Suponha uma função de produção Cobb-Douglas:

Onde A é o parâmetro tecnológico, K é o capital, L é a mão-de-obra,


"a" e " 1 - a " são os expoentes de K e L, e medem a participação do capital
e da mão-de-obra, respectivamente.

O crescimento econômico (AY/Y) é calculado por meio da seguinte


fórmula 13 :

O termo A Y / Y representa o crescimento no produto. O termo a.AK/k


representa a contribuição do capital para o crescimento do produto. O
termo (1 -a).AL/L representa a contribuição da mão-de-obra para o
crescimento do produto. O termo AA/A representa a contribuição da
tecnologia para o crescimento do produto e também é chamado de
produtividade total dos fatores (PTF).

Essa produtividade total dos fatores (PTF), que é contribuição da


tecnologia para o crescimento, não é mensurável de forma direta. Afinal,
é bem difícil imputar numericamente qual o percentual do crescimento do
produto que ocorreu devido à tecnologia. Assim, a PTF é calculada
residualmente, uma vez que é possível saber sem maiores problemas

13
Pessoal, não é preciso decorar essa fórmula e também não a demonstrarei, pois acho que
é desnecessário para os nossos objetivos. Apenas a estou mostrando, pois creio que ficará
mais fácil o entendimento do resíduo de Solow.

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qual foi a contribuição da mão-de-obra e do capital para o crescimento do
produto.

Por exemplo, suponha que, em 2010, a taxa de crescimento do PIB


do Brasil tenha sido de 6%, com expansão de 2% do capital e 1% da
força de trabalho, e as participações do capital e da mão-de-obra na
produção são 0,3 e 0,7, respectivamente [ou seja, a=0,3 e (1 -a)=0,7]. O
cálculo da PTF no período é dado por:

Ou seja, dos 6% de crescimento do PIB, 4,7% ocorreram devido ao


crescimento tecnológico. Mas note que essa descoberta do quantum a
tecnologia foi importante para o crescimento foi obtida residualmente.
Primeiro, sabiam-se os valores do crescimento do produto, crescimento
do estoque de capital, crescimento da força de trabalho e suas as
contribuições para esse crescimento. A partir destes dados,
residualmente, foi possível calcular a produtividade total dos fatores
(contribuição da tecnologia para o crescimento).

Pessoal, com essa aula, terminamos nosso curso!

Foram mais de 04 meses (01 aula a cada 02 semanas) em que estivemos


juntos e eu espero que essas aulas possam realmente lhe ajudar a
conseguir seu objetivo: ser aprovado no concurso da Receita Federal!

Agradeço às dúvidas colocadas no fórum, aos feedbacks recebidos e


também àqueles que, mesmo sem obrigação de fazê-lo, me alertaram
sobre erros materiais, de digitação e de uso do Português nas aulas.
Todas essas contribuições foram importantes para que eu pudesse
melhorar o padrão dos textos.

Por fim, desejo a todos bastante saúde e bons estudos!!!

Heber Carvalho
hebercarvalho@pontodosconcursos.com.br
heber.economia@gmail.com

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01 - (AFRFB - ESAF - 2009) - Considere o Modelo de Solow dado


pelas seguintes equações e informações:
y = k05
õ = 0,05
onde:
y = produto por trabalhador;
k = estoque de capital por trabalhador;
õ = taxa de depreciação.
Supondo a taxa de crescimento populacional igual a zero, a taxa
ótima de poupança dada pela "regra de ouro" gera um nível ótimo
de investimento por trabalhador igual a:
a) 5,0
b) 2,5
c) 10,0
d) 25,0
e) 1,5

A questão não nos informou a taxa g (progresso tecnológico) e disse não


haver crescimento populacional (n=0). Foi informado ainda que estamos
no nível de poupança da regra de ouro (consumo máximo per capita).

Na regra de ouro, sem crescimento populacional e sem progresso


tecnológico temos:

Produto Marginal do Capital = Taxa de Depreciação


PMgK = õ
PMgK = 0,05 (1)

Para acharmos o Produto Marginal do Capital, devemos derivar a função


de produção na variável K:

Substituindo PmgK em (1) temos:

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O nível da Regra de ouro é o estado estacionário onde o consumo per
capita é máximo. Como é um estado estacionário então o estoque de
capital por trabalhador não varia (Ak=0):

Ak = i - õ.k ^ o capital cresce com o investimento e se reduz com a


depreciação
0 = i - 0,05.100 ^ em um estado estacionário o Ak=0, pois o capital não
varia
1= 5

GABARITO: A

02 - (AFRFB - 2003 - ESAF) - Com relação ao modelo de


crescimento de Solow, é correto afirmar que, no equilíbrio de
longo prazo:
a) quanto maior for a taxa de depreciação, maior será o estoque de
capital por trabalhador.
b) a taxa de crescimento do produto por trabalhador é igual à taxa de
depreciação.
c) quanto maior for a taxa de poupança, maior será o consumo por
trabalhador.
d) quanto maior for a taxa de crescimento populacional, maior será o
estoque de capital por trabalhador.
e) quanto maior a taxa de poupança, maior será o estoque de capital por
trabalhador.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta. Quanto maior for a taxa de depreciação, MENOR será o
estoque de capital por trabalhador, pois a depreciação reduz o estoque de
capital.

b) Incorreta. Não há essa relação. A taxa de crescimento pode ser maior,


menor ou igual ao crescimento do produto, tanto faz.

c) Incorreta. Quanto maior for a taxa de poupança, maior será o


ESTOQUE DE CAPITAL por trabalhador.

d) Incorreta. Quanto maior for a taxa de crescimento populacional,


MENOR será o estoque de capital por trabalhador.

e) Correta.

GABARITO: E

03 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Com relação ao modelo de Solow, é


incorreto afirmar que

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a) o estado estacionário que maximiza o consumo é aquele definido pela
denominada "regra de ouro".
b) a taxa de poupança determina a quantidade do estoque de capital por
trabalhador e, portanto, o nível do produto por trabalhador no estado
estacionário.
c) quanto maior a taxa de poupança, maior o bem-estar da sociedade.
d) o estado estacionário pode ser considerado como um equilíbrio de
longo prazo.

e) somente o progresso tecnológico explica o crescimento de longo prazo.

COMENTÁRIOS:
Quanto maior a taxa de poupança, maior o ESTOQUE DE CAPITAL POR
TRABALHADOR (o bem-estar da sociedade é medido pelo consumo e não
pelo estoque de capital).
GABARITO: C

04 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Considere os seguintes dados para o


modelo de crescimento de Solow:
k = estoque de capital por trabalhador
õ = taxa de depreciação
y = produto por trabalhador
s = taxa de poupança
Sabendo-se que y = (k)0'5 , õ=0,1 e s=0,4, os níveis de k e y no
estado estacionário serão, respectivamente:
a) 16 e 4
b) 16 e 8
c) 4 e 16
d) 4 e 8
e) 4 e 12

COMENTÁRIOS:
Pessoal, para ver a resolução desta questão, basta ver o exemplo
numérico das páginas 21 e 22.

GABARITO: A

05 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Considere as seguintes informações:


Função de produção: Y = K1/2.L12; onde K = estoque de capital e L =
estoque de mão-de-obra
Taxa de poupança: 0,3
Taxa de depreciação: 0,05
Considerando o modelo de Solow sem progresso técnico e sem
crescimento populacional, o estoque de capital por trabalhador no
estado estacionário será de:
a) 36,0

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b) 6,7
c) 15,2
d) 5,0
e) 2,0

COMENTÁRIOS:
A função de produção desta economia é: Y=K 1/2 .L 1/2 .

Vamos dividir tudo por L, a fim de deixar todas as variáveis "por


trabalhador":

Como y=Y/L e k=K/L, podemos reescrever assim a equação:

No estado estacionário:

Temos que:

Substituindo os valores na expressão do estado estacionário,


temos:

GABARITO: A

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06 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Com base no Modelo de Crescimento


de Solow, é incorreto afirmar que
a) mudanças na taxa de poupança resultam em mudanças no equilíbrio
no estado estacionário.
b) quanto maior a taxa de poupança, maior o bem-estar da sociedade.
c) um aumento na taxa de crescimento populacional resulta num novo
estado estacionário em que o nível de capital por trabalhador é inferior
em relação à situação inicial.
d) no estado estacionário, o nível de consumo por trabalhador é
constante.

e) no estado estacionário, o nível de produto por trabalhador é constante.

COMENTÁRIOS:
Questão muito parecido com a questão 03. A incorreta é a letra B, pois
quanto maior a taxa de poupança, maior o estoque de capital por
trabalhador, e isso não quer dizer bem-estar, que é medido pelo
consumo.
GABARITO: B

07 - (ANALISTA - ECONOMISTA - MPU - 2007 - FCC) - No modelo


de crescimento de Solow, o formulador da Política Econômica do
Governo deve ter como objetivo, no estado estacionário,
a) maximizar o nível de produção por trabalhador.
b) minimizar o desemprego.
c) maximizar o consumo por trabalhador.
d) maximizar a renda por trabalhador.
e) maximizar a poupança por trabalhador.

COMENTÁRIOS:
O objetivo do formulador de política econômica é proporcionar o maior
bem-estar para a sociedade, e isto representa o maior consumo possível
(Regra de Ouro).

GABARITO: C

08 - (ANALISTA BACEN - ÁREA ECONÔMICA - 2006 - FCC) - A


função de produção de uma economia é: y = K 1/2 onde:
y = produto por trabalhador
k = estoque de capital por trabalhador
Sabe-se também que:
s = taxa de poupança = 20%
n = taxa anual de crescimento populacional = 1%
G = taxa de depreciação anual = 4%
No estado estacionário (steady state) dessa economia, o

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a) nível de renda de equilíbrio por trabalhador (y*) é igual a 16.
b) estoque de capital por trabalhador (k*) é igual a 4.
c) valor da depreciação anual dos equipamentos é maior que o valor do
investimento por trabalhador.
d) nível de renda de equilíbrio por trabalhador (y*) é igual a 5.
e) produto total e o capital total crescem à mesma taxa que a população,
ou seja, 1%.

COMENTÁRIOS:
No estado estacionário com crescimento populacional:

s.f(k)=(õ+n).k

Temos que:

s = 0,2
õ = 0,04
n = 0,01
f(k) = y = k1/2

Substituindo os valores na expressão do estado estacionário, temos:

0,2.k1/2 = (0,04+0,01 ).k


0,2/0,05 = k/k1/2
4 = k1-1/2
k1/2 = 4
k* = 16

O capital por trabalhador é igual 16 (incorreta a letra B). A produção por


trabalhador será y=k 1/2 =4 (incorreta as letras A e D).

A depreciação anual dos equipamentos é õk=0,04.16=0,64.

O investimento por trabalhador é s.f(k) = 0,2.y = 0,2.4 = 0,8.

O investimento por trabalhador será maior que a depreciação (incorreta a


letra C).

No item 3.6, "insight" I, nós vimos que a produção total (e o capital


também) cresce à taxa n. Portanto, correta a assertiva E.

Nota ^ na verdade, nem precisava fazer todos esses cálculos para


verificar a incorreção das assertivas A, B, C, D. Sabendo que, no estado
estacionário com crescimento populacional, o produto e capital crescem à
taxa n, já era possível marcar logo a alternativa E.

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GABARITO: E

09 - (ANALISTA BACEN - 2006 - FCC) - É correto afirmar que:


d) o modelo de crescimento de Solow sugere que, quanto mais
alta a taxa de poupança da economia, mais baixo deve ser o nível
de renda per capita no estado estacionário.

COMENTÁRIOS:
Quanto mais alta a taxa de poupança, mais alto deve ser o nível de
capital e produto por trabalhador (=renda per capita) no estado
estacionário.

GABARITO: ERRADO

(CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO -ECONÔMIA - 2002 -


CESPE) - No modelo de crescimento econômico de Solow:

10 - Uma elevação da taxa de poupança afeta o crescimento da


renda per capita de longo prazo.

COMENTÁRIOS:
A elevação da taxa de poupança aumenta o estoque de capital e renda
per capita no estado estacionário, mas não afeta a taxa de crescimento.

GABARITO: ERRADO

11 - Uma elevação da taxa de poupança afeta a renda per capita


de longo prazo.

COMENTÁRIOS:
Conforme comentado na questão 10, a elevação da taxa de poupança
aumenta o estoque de capital e renda per capita no estado estacionário.
Portanto, a renda per capita de longo prazo é mais alta quando a taxa de
poupança é mais alta.

GABARITO: CERTO

12 - A taxa de poupança é exógena.

COMENTÁRIOS:
No modelo de Solow a taxa de poupança a taxa de depreciação, a taxa de
crescimento populacional e a taxa de progresso tecnológico são variáveis
exógenas. Isto é, são dados prontos, que o modelo simplesmente aceita e
toma como verdade. Eles não são definidos dentro do modelo.

GABARITO: CERTO

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13 - Se o crescimento populacional é nulo e a poupança é superior


à depreciação física do capital, a economia estará crescendo em
direção a sua renda de estado estacionário.

COMENTÁRIOS:
Se a poupança é superior à depreciação física do capital,
consequentemente, o investimento também será superior à depreciação,
pois investimento é igual à poupança. Assim, teremos

Ak = i - õk

Se i > õk, então Ak>0

O investimento aumenta o capital, enquanto a depreciação o diminui. Se


o investimento supera a depreciação, então, o capital cresce (Ak>0) e a
economia caminha para o estado estacionário no sentido de aumento da
produção/renda (ver figura 06).

GABARITO: CERTO

14 - Partindo-se do estado estacionário, um aumento da taxa de


crescimento populacional leva, no curto prazo, a um crescimento
negativo da renda per capita.

COMENTÁRIOS:
Um aumento da taxa de crescimento populacional faz decrescer o estoque
de capital por trabalhador e também a produção por trabalhador (=renda
per capita). Logo, o crescimento da produção por trabalhador é negativo.

GABARITO: CERTO

15 - (Analista/MCT - 2006 - NCE/UFRF) - Para a moderna


Macroeconomia Novo-Clássica, o resíduo de Solow é um
instrumento de mensuração do progresso tecnológico. Esse
resíduo mede a variação:
a) do estoque de capital empregado, que não pode ser medido pela
variação do produto.
b) do estoque de mão-de-obra empregado não-vinculado à variação do
produto.
c) do produto, que não pode ser explicada pela variação nos estoques de
capital e trabalho empregados.
d) do produto, que pode ser explicada pela variação nos estoques de
capital e trabalho empregados.
e) percentual dos insumos dividido pela variação percentual do produto
num dado período.

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COMENTÁRIOS:
A função de produção do modelo de Solow é Y=A.K a .L b . Assim, para Y
crescer é necessário que K, L ou A cresçam. O resíduo de Solow mede o
crescimento econômico em virtude de A (o parâmetro da tecnologia). Ou
seja, mede o crescimento do produto que não é devido ao crescimento de
K (capital) e L (mão-de-obra).

GABARITO: C

(CESPE) - Tendo em vista o modelo de crescimento de Solow,


classifique como verdadeira ou falsa cada uma das seguintes
afirmativas.

16 - Na ausência de progresso técnico, quando a produtividade


marginal do capital for igual à soma da taxa de crescimento da
população e da taxa de depreciação, o consumo per capita será
máximo.

COMENTÁRIOS:

Quando o consumo per capita é máximo (Regra de Ouro):

Pmgk = n + õ

GABARITO: CERTO
17 - A propensão a poupar, determinante do nível de
investimento, é a variável mais relevante na determinação da taxa
de crescimento do produto de longo prazo.

COMENTÁRIOS:
A taxa de poupança determina o estoque de capital e produto por
trabalhador no estado estacionário, mas não determina a taxa de
crescimento.

GABARITO: ERRADO

18 - Se o capital atinge o nível definido pela regra de ouro, o


consumo per capita no estado estacionário é máximo.

COMENTÁRIOS:

É exatamente a definição da Regra de Ouro.

GABARITO: CERTO

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19 - Um aumento na taxa de poupança a u menta
permanentemente a taxa de crescimento do produto per capita.

COMENTÁRIOS:
Um aumento da taxa de poupança apenas determina o nível de capital e
produto por trabalhador no estado estacionário, mas não determina a
taxa de crescimento.

GABARITO: ERRADO

20 - Na ausência de progresso tecnológico, o conceito de


equilíbrio estacionário refere-se às condições requeridas para
manter inalterado o estoque de capital per capita da economia.

COMENTÁRIOS:
É exatamente a definição de estado estacionário. Nesta situação, o
estoque de capital e o produto por trabalhador são constantes, se
mantêm inalterados.

GABARITO: CERTO

21 - (ANALISTA DO BACEN - 2001 - ESAF) - Considere o modelo


de crescimento de Solow sem crescimento populacional e
progresso tecnológico. Suponha as seguintes informações:
y = k05
S= 0,05
Onde:
y = produto por trabalhador;
k = estoque de capital por trabalhador;
5= taxa de depreciação.
Com base nestas informações, os níveis de produto por
trabalhador; estoque de capital por trabalhador; taxa de
poupança; investimento por trabalhador; e consumo por
trabalhador, no estado estacionário e supondo a "regra de ouro"
são, respectivamente:
a) 10; 100; 0,25; 3; 7
b) 5; 25; 0,5; 2,5; 2,5
c) 5; 25; 0,5; 3; 2
d) 10; 100; 0,5; 5; 5
e) 10; 100; 0,25; 4; 6

COMENTÁRIOS:
Na regra de ouro, sem crescimento populacional e sem progresso
tecnológico temos:

Produto Marginal do Capital = Taxa de Depreciação

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A u l a 08
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PMgK = õ
PMgK = 0,05 (1)

Para acharmos o Produto Marginal do Capital, devemos derivar a função


de produção na variável K:

Substituindo PmgK em (1) temos:

O nível da Regra de ouro é o estado estacionário onde o consumo per


capita é máximo. Como é um estado estacionário então o estoque de
capital por trabalhador não varia (Ak=0):

0 investimento é igual à poupança:

1 = s.f(k)
i = s.y
5 = s.10
s = 0,5

O consumo é o produto por trabalhador menos o investimento:

c* = y* - i*
c* = 10 - 5
c* = 5

GABARITO: D

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LISTA DE EXERCÍCIOS

01 - (AFRFB - ESAF - 2009) - Considere o Modelo de Solow dado


pelas seguintes equações e informações:
y = k05
õ = 0,05
onde:
y = produto por trabalhador;
k = estoque de capital por trabalhador;
õ = taxa de depreciação.
Supondo a taxa de crescimento populacional igual a zero, a taxa
ótima de poupança dada pela "regra de ouro" gera um nível ótimo
de investimento por trabalhador igual a:
a) 5,0
b) 2,5
c) 10,0
d) 25,0
e) 1,5

02 - (AFRFB - 2003 - ESAF) - Com relação ao modelo de


crescimento de Solow, é correto afirmar que, no equilíbrio de
longo prazo:
a) quanto maior for a taxa de depreciação, maior será o estoque de
capital por trabalhador.
b) a taxa de crescimento do produto por trabalhador é igual à taxa de
depreciação.
c) quanto maior for a taxa de poupança, maior será o consumo por
trabalhador.
d) quanto maior for a taxa de crescimento populacional, maior será o
estoque de capital por trabalhador.
e) quanto maior a taxa de poupança, maior será o estoque de capital por
trabalhador.

03 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Com relação ao modelo de Solow, é


incorreto afirmar que
a) o estado estacionário que maximiza o consumo é aquele definido pela
denominada "regra de ouro".
b) a taxa de poupança determina a quantidade do estoque de capital por
trabalhador e, portanto, o nível do produto por trabalhador no estado
estacionário.
c) quanto maior a taxa de poupança, maior o bem-estar da sociedade.
d) o estado estacionário pode ser considerado como um equilíbrio de
longo prazo.
e) somente o progresso tecnológico explica o crescimento de longo prazo.

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04 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Considere os seguintes dados para o
modelo de crescimento de Solow:
k = estoque de capital por trabalhador
õ = taxa de depreciação
y = produto por trabalhador
s = taxa de poupança
Sabendo-se que y = (k)^5 , õ=0,1 e s=0,4, os níveis de k e y no
estado estacionário serão, respectivamente:
a) 16 e 4
b) 16 e 8
c) 4 e 16
d) 4 e 8
e) 4 e 12

05 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Considere as seguintes informações:


Função de produção: Y = K1/2.L12; onde K = estoque de capital e L =
estoque de mão-de-obra
Taxa de poupança: 0,3
Taxa de depreciação: 0,05
Considerando o modelo de Solow sem progresso técnico e sem
crescimento populacional, o estoque de capital por trabalhador no
estado estacionário será de:
a) 36,0
b) 6,7
c) 15,2
d) 5,0
e) 2,0

06 - (AFRF - 2002 - ESAF) - Com base no Modelo de Crescimento


de Solow, é incorreto afirmar que
a) mudanças na taxa de poupança resultam em mudanças no equilíbrio
no estado estacionário.
b) quanto maior a taxa de poupança, maior o bem-estar da sociedade.
c) um aumento na taxa de crescimento populacional resulta num novo
estado estacionário em que o nível de capital por trabalhador é inferior
em relação à situação inicial.
d) no estado estacionário, o nível de consumo por trabalhador é
constante.
e) no estado estacionário, o nível de produto por trabalhador é constante.

07 - (ANALISTA - ECONOMISTA - MPU - 2007 - FCC) - No modelo


de crescimento de Solow, o formulador da Política Econômica do
Governo deve ter como objetivo, no estado estacionário,
a) maximizar o nível de produção por trabalhador.
b) minimizar o desemprego.
c) maximizar o consumo por trabalhador.

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d) maximizar a renda por trabalhador.
e) maximizar a poupança por trabalhador.

08 - (ANALISTA BACEN - ÁREA ECONÔMICA - 2006 - FCC) - A


função de produção de uma economia é: y = K 1/2 onde:
y = produto por trabalhador
k = estoque de capital por trabalhador
Sabe-se também que:
s = taxa de poupança = 20%
n = taxa anual de crescimento populacional = 1%
G = taxa de depreciação anual = 4%
No estado estacionário (steady state) dessa economia, o
a) nível de renda de equilíbrio por trabalhador (y*) é igual a 16.
b) estoque de capital por trabalhador (k*) é igual a 4.
c) valor da depreciação anual dos equipamentos é maior que o valor do
investimento por trabalhador.
d) nível de renda de equilíbrio por trabalhador (y*) é igual a 5.
e) produto total e o capital total crescem à mesma taxa que a população,
ou seja, 1%.

09 - (ANALISTA BACEN - 2006 - FCC) - É correto afirmar que:


d) o modelo de crescimento de Solow sugere que, quanto mais
alta a taxa de poupança da economia, mais baixo deve ser o nível
de renda per capita no estado estacionário.

(CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO -ECONÔMIA - 2002 -


CESPE) - No modelo de crescimento econômico de Solow:

10 - Uma elevação da taxa de poupança afeta o crescimento da


renda per capita de longo prazo.

11 - Uma elevação da taxa de poupança afeta a renda per capita


de longo prazo.

12 - A taxa de poupança é exógena.

13 - Se o crescimento populacional é nulo e a poupança é superior


à depreciação física do capital, a economia estará crescendo em
direção a sua renda de estado estacionário.

14 - Partindo-se do estado estacionário, um aumento da taxa de


crescimento populacional leva, no curto prazo, a um crescimento
negativo da renda per capita.

15 - (Analista/MCT - 2006 - NCE/UFRF) - Para a moderna


Macroeconomia Novo-Clássica, o resíduo de Solow é um

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instrumento de mensuração do progresso tecnológico. Esse
resíduo mede a variação:
a) do estoque de capital empregado, que não pode ser medido pela
variação do produto.
b) do estoque de mão-de-obra empregado não-vinculado à variação do
produto.
c) do produto, que não pode ser explicada pela variação nos estoques de
capital e trabalho empregados.
d) do produto, que pode ser explicada pela variação nos estoques de
capital e trabalho empregados.
e) percentual dos insumos dividido pela variação percentual do produto
num dado período.

(CESPE) - Tendo em vista o modelo de crescimento de Solow,


classifique como verdadeira ou falsa cada uma das seguintes
afirmativas.

16 - Na ausência de progresso técnico, quando a produtividade


marginal do capital for igual à soma da taxa de crescimento da
população e da taxa de depreciação, o consumo per capita será
máximo.

17 - A propensão a poupar, determinante do nível de


investimento, é a variável mais relevante na determinação da taxa
de crescimento do produto de longo prazo.

18 - Se o capital atinge o nível definido pela regra de ouro, o


consumo per capita no estado estacionário é máximo.

19 - Um aumento na taxa de poupança a u menta


permanentemente a taxa de crescimento do produto per capita.

20 - Na ausência de progresso tecnológico, o conceito de


equilíbrio estacionário refere-se às condições requeridas para
manter inalterado o estoque de capital per capita da economia.

21 - (ANALISTA DO BACEN - 2001 - ESAF) - Considere o modelo


de crescimento de Solow sem crescimento populacional e
progresso tecnológico. Suponha as seguintes informações:
y = k05
8= 0,05
Onde:
y = produto por trabalhador;
k = estoque de capital por trabalhador;
8= taxa de depreciação.

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Com base nestas informações, os níveis de produto por
trabalhador; estoque de capital por trabalhador; taxa de
poupança; investimento por trabalhador; e consumo por
trabalhador, no estado estacionário e supondo a "regra de ouro"
são, respectivamente:
a) 10; 100; 0,25; 3; 7
b) 5; 25; 0,5; 2,5; 2,5
c) 5; 25; 0,5; 3; 2
d) 10; 100; 0,5; 5; 5
e) 10; 100; 0,25; 4; 6

GABARITO
01 A 02 E 03 C 04 A 05 A 06 B 07 C
08 E 09 E 10 E 11 C 12 C 13 C 14 C
15 C 16 C 17 E 18 C 19 E 20 C 21 D

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