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DIMENSIONAMENTO À PUNÇÃO EM LAJES

(NBR 6118:2014)
ENGENHEIRO MAURICIO SGARBI

www.sigma1.eng.br
1) Punção

O fenômeno da punção é verificado quando a laje se apoia diretamente nos


pilares e está associada às altas tensões de cisalhamento na ligação laje -pilar, e se
caracteriza pela ruptura com “perfuração do pilar na laje. A ruína por punção,
geralmente, se configura por um deslocamento vertical ao longo de uma superfície que
parte da área carregada e se estende até a outra face. No caso de pilares internos,
experimentos mostram que a superfície de ruptura, com forma de tronco de cone ou de
pirâmide, tem inclinação entre 30° a 35° em relação ao plano médio da laje.

Figura 1.1 - Forma da superfície de ruptura por puncionamento.

1.1) Verificações

A NBR6118:2014 define três perímetros de controle para verificações


distintas conforme os diferentes mecanismos decorrentes do fenômeno da punção. A
seguir serão listadas estas verificações:

 Tensão resistente de compressão diagonal do concreto na superfície crítica C;


 Tensão resistente na superfície crítica C em elementos estruturais sem
armadura de punção;

2
 Tensão resistente na superfície crítica C’ em elementos estruturais com
armadura de punção;
 Tensão resistente na superfície crítica C” em elementos estruturais sem
armadura de punção.

1.1.1) Definição dos contornos críticos:

São considerados três contornos críticos (ou superfícies críticas):

 Contorno C ou u 0 , que corresponde exatamente ao perímetro do pilar;


 Contorno C’ ou u , que corresponde a uma distância igual 2d da face do pilar,
conforme figura 1.2. Obs: No caso de pilares de borda ou de canto, deve-se
utilizar, para efeito de cálculo, o perímetro crítico reduzido ( u * ).
 Contorno C’’ ou u ' , afastado a uma distância a 2d a partir da última linha de
armaduras.

Figura 1.2 – Perímetros críticos em pilares internos, de borda e de canto (Chust R. e


Pinheiro L. – Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado).

3
Figura 1.3 – Perímetros críticos (a) em pilares centrais e (b) em pilares de borda para
situações em que a armadura se distribui somente na projeção do pilar

1.1.2) Cálculo das tensões solicitantes de cálculo  Sd

 Pilar interno, com carregamento simétrico

- Para contorno C, a fórmula para verificação do esmagamento da biela é definida


por:
FSd
 Sd 
ud

onde:

FSd  Força normal ou reação concentrada de cálculo;


u  Perímetro crítico do contorno considerado;
d  Altura útil da laje no contorno considerado;

 Pilar interno, com efeito de momento

Para os contornos C’ e C’’, além da tensão devido à força normal, no caso de

carregamentos assimétricos, considera-se as parcelas de tensão devido a atuação de

momentos fletores nas duas direções, devendo ser calculado com a seguinte expressão:

4
Fsd k1  Mxsd1 k 2  My sd 2
 Sd '   
u  d Wp1  d Wp2  d

onde,

K = coeficiente que fornece a parcela de M Sd transmitida ao pilar por

cisalhamento, que depende da relação C1 / C2 (Ver tabela abaixo).

Tabela 1.1 – NBR 6118:2014 – Valores de k

A NBR6118:2014 não indica valores de k para C1 / C2  0,5 e C1 / C2  3,0 .

Mantendo a coerência com o Eurocode, recomenda-se adotar k=0,45 para C1 / C2  0,5 e


k=0,8 para C1 / C2  3,0 , ou adotar as formulações do ACI, que serão apresentadas mais
à frente.

u
WP é o módulo de resistência plástica do perímetro crítico dado por W p1  0
e  dl ,

onde dl é o comprimento infinitesimal de u e e é a distância de dl ao eixo que passa pelo

centro do pilar e em torno do qual atua M sd .

A seguir, serão apresentadas as expressões de W p para pilares retangulares centrais.

- Para pilares retangulares centrais:

No Contorno crítico C Não se considera a influência do momento fletor neste


perímetro crítico.

C12
No Contorno crítico C’ Wp   C1  C 2  4  C 2  d  16  d 2  2  d  C1
2

5
No Contorno crítico C’’ W p depende da distribuição da armadura. No caso
da figura 1.2, para situações com distribuição radial da armadura em relação aos cantos
do pilar, tem-se a seguinte expressão:

C12
Wp1  Wp 2   C1  C2  4  C2  d  16  d 2  2  d  C1  2  C2  p  16  d  p  4  p ²    C1  p
2

 Pilares de borda

 Quando agir momento no plano perpendicular à borda livre:

Fsd k  M sd1
 Sd '   1
u * d Wp1  d

onde,

Fsd = reação de apoio;


u * = perímetro crítico reduzido;
M sd = momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre;
M sd * = momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro crítico reduzido
u * em relação ao centro do pilar;

Wp1 = Módulo de resistência plástica perpendicular à borda livre, calculado para o


perímetro u .
Vale observar que, como a distribuição de tensões devido à parcela de momento
é feita em relação ao eixo que passa pelo C.G. do perímetro crítico reduzido u*, tanto a

excentricidade g como o Wp1 deverão ser calculados em relação a esse mesmo eixo, e
não em torno do eixo que passa pelo C.G. do pilar. Logo, o momento M sd * , devido a

essa excentricidade, atuará em sentido oposto ao momento atuante M sd , ou seja:


M sd1  M Sd  M Sd *  0 ; com M Sd *  Fsd  g

A expressão de W p1 é similar ao momento estático do perímetro crítico u em

relação ao eixo que passa pelo centro de gravidade do mesmo.

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Uma vez que os momentos estáticos dos semiperímetros à esquerda e à direta

(em relação ao eixo que passa pelo CG do perímetro crítico) são iguais, W p1 é igual a

duas vezes o momento estático de um dos semiperímetros:

W p1  2  e0
u 2
W p1   e  dl
0

Sabe-se que o momento estático W0 do perímetro crítico em relação à face é igual a:

W0  C12  C1  C 2  2  d  C 2  2  d  C1  8d ²

E o perímetro crítico u  2C1  C2  2d

W0
Como, e0  então g  e0  C1 / 2 .
u
A figura 1.4 abaixo pode ilustrar tais considerações:

Figura 1.4 – Perímetro crítico e excentricidade g.

Em relação ao coeficiente k1 que fornece a parcela de Momento M Sd1 , o mesmo

dependerá da relação C1 / C2 (Ver tabela 1.1).

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 Recomendações da NBR6118:2014 (IBRACON)

Já a NBR 6118:2013 recomenda que a correção do momento atuante de cálculo seja


feita considerando a excentricidade do perímetro reduzido u* em relação ao CG do pilar, e
não em relação ao contorno crítico u. Essa consideração torna a excentricidade g ainda

maior, sendo menos conservador, uma vez que para o cálculo Wp1 , utiliza-se o perímetro
u.

Figura 1.5 – NBR 6118:2014 – Perímetro crítico em pilares de borda.

Tabela 1.2 – Perímetros críticos reduzidos para pilares de borda (ABNT NBR6118:2014 –
Comentários e Exemplos de Aplicação)

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Figura 1.6 – NBR 6118:2014 – Excentricidade do perímetro crítico reduzido para o
contorno C’ em pilares de borda (ABNT NBR6118:2014 – Comentários e Exemplos de
Aplicação).

Tabela 1.3 – Excentricidades dos perímetros críticos reduzidos para pilares de borda, em
relação ao eixo do pilar (ABNT NBR6118:2014 – Comentários e Exemplos de Aplicação).

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Tabela 1.4 – Valores de Wp para pilares de borda (ABNT NBR6118:2014 – Comentários e
Exemplos de Aplicação).

Tabela 1.5 – Valores de Wp para pilares de borda no contorno C’’ (ABNT NBR6118:2014
– Comentários e Exemplos de Aplicação).

 Quando agir momento no plano paralelo à borda livre:

Fsd k  M sd1 k 2  M sd 2
 Sd   1 
u * d Wp1  d Wp2  d

Valem as mesmas definições anteriores, e mais:

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M sd 2 = momento de cálculo no plano paralelo à borda livre;

Wp2 = Módulo de resistência plástica na direção paralela à borda livre, calculado para o
perímetro u .

Para o cálculo de W p 2 , o fato de usar o perímetro crítico u ou o perímetro crítico

reduzido u* não influenciará no cálculo, uma vez que os centros de gravidade dos
perímetros coincidem com o eixo sobre o qual o momento não-balanceado atua.

Tabela 1.6 – Valores de Wp2 para pilares de borda (ABNT NBR6118:2014 – Comentários
e Exemplos de Aplicação).

Quanto ao coeficiente k 2 que fornece a parcela de Momento M Sd 2 , o mesmo

dependerá da relação C2 / 2C1 (Ver tabela 19.2).

 Pilares de canto

Aplica-se o disposto para o pilar de borda quando não age momento no plano
paralelo à borda. Como o pilar de canto apresenta suas bordas livre, deve ser feita a
verificação separadamente para cada uma delas, considerando o momento fletor, cujo
plano é perpendicular à borda livre adotada.

Para a expressão de W p1 (similar ao caso do pilar de borda quando não age momento no

plano paralelo à borda) tem-se então:


W0
e0 
W p1  2  e0
u 2
W p1   e  dl . Sendo, u
0

C12
W0   C1  C2  4  C2  d  16  d 2  2  d  C1
2

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Figura 1.7 – NBR 6118:2014 – Perímetro crítico em pilares de canto.

Tabela 1.7 – Perímetros críticos reduzidos para pilares de canto (ABNT NBR6118:2014 –
Comentários e Exemplos de Aplicação).

Tabela 1.8 – Excentricidades dos perímetros críticos reduzidos para pilares de canto
(ABNT NBR6118:2014 – Comentários e Exemplos de Aplicação).

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Tabela 1.9– Valores de Wp1 para pilares de canto (ABNT NBR6118:2014 – Comentários e
Exemplos de Aplicação).

Nesse caso, K deve ser calculado em função da proporção C1 / C2 , sendo C1 e C2 ,


respectivamente, os lados do pilar perpendicular e paralelo à borda livre adotada.

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 Capitéis

Figura 1.8 – NBR 6118:2014 – Definição da altura útil no caso do capitel.


onde,

d  altura útil da laje no contorno C2 ;


d c  altura útil da laje na face do pilar;

d a  altura útil da laje no contorno C1 ;


lc  distância entre a borda do capitel e a face do pilar. Quando:

lc  2  d c  d  - Basta verificar o contorno C2 ' ;

2  d c  d   lc  2d c - Basta verificar o contorno C1 ' ;

lc  2  d c - É necessário verificar os contornos C1 ' e C2 ' .

1.1.3) Definição da tensão resistente nas superfícies críticas

 Para o contorno C, a fórmula para o cálculo da tensão resistente é igual a:

 Rd 2  0,27  v  fcd
 fck 
sendo   1  
 250 

 Para os contornos C’ e C’’, as tensões resistentes são definidas pelas seguintes


fórmulas:

14
- Sem armadura

 20 
100    fck 3  0,10 cp
1
 Rd 1  0,131 
 d 

- Com armadura

 20  Asw  f ywd  sen


100    fck 3  0,10 cp  1,5 
1 d
 Rd 3  0,101   
 d  Sr ud

onde,

   x   y = taxa de armadura longitudinal de flexão.

x e y = taxas de armadura nas duas direções ortogonais, calculadas na largura igual à

dimensão do pilar acrescida de 3d para cada um dos lados, ou, sem proximidades da
borda quando a distância for menos que 3d.

Sr  0,75d = espaçamento radial entre as linhas de armação de punção;

Asw  área da armadura de punção num contorno completo paralelo C’;

  ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de punção e o plano da laje;

u  perímetro crítico (Contorno C’)

f ywd  resistência de cálculo de armadura de punção (de aço CA-50 ou CA-60), não

maior que 300MPa para conectores, ou 250Mpa para estribos. O valores de f ywd não

poderá ser superior a 250 Mpa em lajes de altura até 15cm, e 435 MPa em lajes com
altura maior que 35cm. Permite-se fazer uma interpolação linear para alturas
intermediárias de lajes.

Interpolando linearmente, f ywd  111,25  9,25h .

1.2) Armadura de punção

Quando necessárias, as armaduras para resistir à punção devem ser constituídas


por estribos verticais ou, preferencialmente, por conectores também denominados studs.

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O diâmetro da armadura de estribos não pode ultrapassar h/20 e deve haver contato
mecânico das barras longitudinais com os cantos dos estribos.
As armaduras de punção devem estar dispostas nas regiões mínimas definidas por
norma, assim como as distâncias regulamentares a serem obedecidas. As figuras abaixo
ilustram a disposição das armaduras:

Figura 1.9 – NBR 6118:2014 - Disposição da armadura de punção em planta e


contorno da superfície crítica C’’.

Figura 1.10 – NBR 6118:2014 - Disposição da armadura de punção em corte.

1.2.1) Armadura de punção obrigatória

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No caso da estabilidade global da estrutura depender da resistência da laje à

punção, deve ser prevista armadura de punção, mesmo que  sd seja menor que  rd1 .A

armadura deve equilibrar um mínimo de 50% de Fsd .

 sd  u 'S r
Logo, Asw,mín 
3  f ywd

1.3) Verificação de elementos estruturais protendidos

A verificação deve ser feita considerando a tensão solicitante efetiva estabelecida a


seguir:

 Pd  
Pk inf,i  sen i
ud

onde,

 Pd = tensão devida ao efeito dos cabos de protensão inclinados que atravessam o


contorno considerado e que passam a menos de d/2 da face do pilar;

Pk inf,i = força de protensão no cabo i;

 i = inclinação do cano i em relação ao plano da laje no contorno considerado;

u = perímetro crítico do contorno considerado, em que se calculam  sd ,ef e  sd .

O ACI (American Concrete Institute) recomenda que, para cabos distribuídos, a


parcela da tensão de alívio proporcionado pela protensão contribui muito pouco na
resistência ao cisalhamento, devendo então, de forma conservadora, ser desprezado no
cálculo. A NBR6118: 2013 não faz nenhuma recomendação em relação a isso.

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Figura 1.11 – Efeito favorável dos cabos (NBR 6118:2014)

1.4) Punção: Formulação pelo método do American Institute Concrete (ACI)

A análise consiste na verificação de seções críticas localizadas a uma distância de d/2


das extremidades dos pilares ou de cargas concentradas. O perímetro crítico desses

contornos é denominado perímetro efetivo b0 .

1.4.1) Contorno Crítico de Controle – Perímetro efetivo b0

É o perímetro do polígono paralelo ao contorno pilar ou do capitel, distando d/2 dessas


faces, sendo d a altura útil média da laje. Quando existirem aberturas em lajes, situadas
a uma distância menor que 10h (sendo h a altura total da laje) em relação à face do pilar
ou de uma carga concentrada, ou quando essas aberturas estiverem dentro das seções
críticas da laje, o perímetro crítico efetivo a ser considerado na verificação é o perímetro
*
crítico reduzido b0 .

18
Figura 1.12 – Perímetros de controle – ACI 318

1.4.2) Cálculo da tensão solicitante no perímetro b0

A tensão de cisalhamento atuante nos contornos críticos em um pilar resulta no esforço


cortante, acrescido do momento fletor transferido ao pilar com cisalhamento, cuja
tensão varia linearmente ao redor do centroide c-c (ver figura 3.26). A tensão máxima
de cisalhamento pode ser calculada da seguinte forma:

- Para pilares internos:

Fu    M u  e
u  
Ac Jc

- Para pilares de borda e de canto, o ponto de atuação da reação vertical Fu , que ocorre
no centro do pilar, não coincide com o centro de gravidade do perímetro crítico, em
torno do qual as tensões se distribuem. Logo, deve-se considerar também o momento

Fu  g , que atua em sentido oposto ao momento atuante:

Fu    ( M u  Fu  g )  e
u  
Ac Jc

Onde,

Fu é o esforço cortante atuante de cálculo;

Ac é área de concreto da seção crítica (perímetro crítico multiplicado pela altura útil da
laje): Ac  2d (c1  c2  2d )

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c1 e c2 são as dimensões do pilar;

M u é o momento solicitante de cálculo;

  é o coeficiente que fornece a parcela de momento fletor transmitida ao pilar por


cisalhamento, dado por:

 
 

  1
1 
  2  (c1  d ) 
 1   
  3  (c 2  d ) 

J c é a propriedade da seção crítica, análoga ao momento polar de inércia, calculado da


seguinte forma:

d (c1  d )3 d 3 (c1  d ) d (c2  d )  (c1  d ) 2


J1   
6 6 2

d (c2  d )3 d 3 (c2  d ) d (c1  d )  (c2  d ) 2


J2   
6 6 2
g é a distância do centro do pilar ao CG( Centro de Gravidade) do perímetro crítico.

e é a distância de centroide c-c à face do pilar.

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Figura 1.13 – Distribuição de tensões ao longo do perímetro crítico

1.4.3) Equações fundamentais:

  n   u
Onde,

 = fator redutor da resistência ao cisalhamento (igual a 0,75);


 n = Tensão nominal resistente ao cisalhamento;
 u = Tensão última de cisalhamento ou tensão atuante de cálculo.
  n   c  s
Onde,

 c = Tensão resistente devido ao concreto;


 s = Tensão resistente devido ao aço;

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1.4.4) Verificação da compressão diagonal do concreto:

 n  0,5  fc '  n   u
Primeiramente, deve-se verificar se a tensão atuante é maior ou menor que a

tensão máxima de compressão da diagonal na biela  n . Se a tensão atuante for menor,


faz-se uma segunda verificação, comparando a tensão atuante com a tensão resistente
sem armadura de punção. Se a tensão atuante calculada for maior que a tensão máxima

limite  n , deve-se reavaliar o projeto estrutural.

1.4.5) Cálculo da tensão resistente no perímetro efetivo b0 sem armadura de


punção)

u  n  c
- Contribuição do concreto:

 Para pilares externos ou pilares internos distando menos de 4h das faces externas das
lajes:

onde,

 c a tensão resistente relativa ao concreto, deverá ser a menor entre os três valores
abaixo:

 2
 c  0,17  1    f c '
 
a)

 as  d 
b)  c  0,083    2   fc
'

 b0 

c)  c  0,33  f c '

Sendo,

22
'
fc a resistência característica à compressão do concreto.

 a relação entre o maior e menor lado do pilar;

as igual a 40 para pilares internos, 30 para pilares de borda e 20 para pilares de canto.

 Para pilares internos:

Para lajes protendidas em duas direções, o valor da resistência à punção devido


ao concreto é calculado abaixo, devendo obedecer às seguintes condições:

a) Nenhum ponto da seção do pilar deve distar menos que 4h de uma das faces externas
da laje;

b) A pré-compressão média f pc nas duas direções da laje, já considerando todas as

perdas de protensão, não poderá ser inferior a 0,9MPa e não maior que 3,5Mpa.
'
c) O valor de fc na formulação abaixo não pode ser maior que 35MPa.

Vc  ( p fc  0,3 f pc )b0d  Vp
'

Sendo,

 as d 
  1,5 
p   0 
b
, com as  40 e  p  0,29
12

V p é a componente vertical da força efetiva de protensão que cruza a seção crítica.


Para cabos distribuídos, este termo tem valor pequeno, já para os cabos concentrados, o
valor se torna muito sensível às variações de elevação do cabo.

23
1.4.6) Cálculo da tensão resistente em lajes no perímetro efetivo b0 com armadura
de punção:

Quando a parcela devido à contribuição do concreto não for suficientemente


maior ou igual à tensão atuante, deve-se então calcular a parcela correspondente à
tensão resistente do aço ( da armadura de punção) necessária.

 u   n   c   s  0,5 fc '
Com,

 c  0,17 f c ' .

s é a tensão resistente relativa ao aço, dado por:

Av f yt ( sen  cos  )
s 
s  b0

Av  u   . c b0

Com
s  . f y .d

Sendo:

Av a área da armadura de punção;

f yt
a tensão de escoamento do aço da armadura transversal, nunca maior que
400MPa;
 o ângulo de inclinação da armadura em relação ao plano da laje;
s o espaçamento da armadura de punção na direção perpendicular ao pilar.

24
1.4.7) Cálculo da tensão resistente a d/2 da última linha de armadura de punção:

A armadura de punção deverá ser estendida em contornos paralelos ao pilar até


que, em um perímetro afastado em d/2 da última linha de armadura de punção, a tensão

de cisalhamento atuante não passe de  c  0,17 f c ' .

Figura 1.14 – Disposições da armadura de punção e perímetros críticos para pilares internos
(1), de borda (2) e de canto (3) – ACI 308

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1.4.8) Formulações Geométricas

 Pilar interno

b0  2  ( D1  D2 )

Ac  bo  d

(c1  d ) D1
e1  
2 2
(c2  d ) D2
e2  
2 2

- Propriedade da seção crítica, análoga ao momento polar de inércia:

d  D1 d 3  D1 d  D2  D1
3 2
J1   
6 6 2

d  D2 d 3  D2 d  D1  D2
3 2
J2   
6 6 2

- Coeficiente que fornece a parcela de momento fletor transmitida ao pilar por


cisalhamento:

   
   

1  1 
1  
 2  1
1 
  2  D1 
;   2  D2 
 1      1    
  3  D2    3  D1 

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 Pilar de Borda

bo  2  D1  D2

AC  b0  d

D1
2  D1 
e1  2  D1 ²
2  D1  D2 b0

D2
e2 
2

- Propriedade da seção crítica, análoga ao momento polar de inércia:

d  D1 d 3  D1
2
D 
3
J1    D2  d  e1  2d  D1   1  e1 
2

6 6  2 

d  D2 d 3  D2
3
J2    2d  D1  e2
2

12 12

- Coeficiente que fornece a parcela de momento fletor transmitida ao pilar por


cisalhamento:

   
   
 1   1 
1  1 ;  2  1
 2 D    2  D2 
 1   1   1   
  3  D2    3  D1 

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 Pilar de Canto

b0  D1  D2

AC  b0  d

D1
D1 
e1  2  D1 ²
D1  D2 2  b0

D2
D2 
e2  2  D2 ²
D1  D2 2  b0

- Propriedade da seção crítica, análoga ao momento polar de inércia:

d  D1 d 3  D1
2
D 
3
J1    D2  d  e1  d  D1   1  e1 
2

12 12  2 

d  D2 d 3  D2
2
D 
3
J2    D1  d  e2  d  D2   2  e2 
2

12 12  2 

- Coeficiente que fornece a parcela de momento fletor transmitida ao pilar por


cisalhamento:

   
   
 1   1 
1  1 ;  2  1
 2 D    2  D2 
 1   1   1   
  3  D2    3  D1 

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1.5) Detalhamento da armadura de punção:

O ACI 318 recomenda os seguintes itens quanto ao detalhamento da armadura de


punção:

 É permitido o uso de armaduras de combate à punção nas lajes com altura útil
d  15cm , mas não maior que 16 vezes o diâmetro das barras de armadura de
punção;
 A distância entre a face do pilar e a primeira linha de armadura de punção não
deve ser superior a d/2.
 O espaçamento entre as pernas dos estribos adjacentes na primeira linhas de
armação a punção não deve exceder 2d, medidos na direção paralela à face do
pilar;
 O espaçamento entre as linhas sucessivas da armação de punção que circundam
o pilar não deve ser superior a d/2 na direção perpendicular à face do mesmo;
 As armaduras de punção devem atender aos requisitos de ancoragem e deve ser
amarrada a armadura de flexão longitudinal, na direção considerada.

29
2) Exercícios de Punção com Protensão

2.1) Punção em Pilar Central com Momentos Fletores atuantes nas duas
direções (Com base na NBR 6118:2014):

2.1.1) Dados iniciais:

 Características dos materiais:

- Resistência característica do concreto (fck) = 35MPa

- Tipo de armadura passiva: CA-50

- Tipo de armadura ativa: CP190 RB

 Reações de apoio do Pilar P64A:

- N k  43,5tf

- Mxk  18,3tfm

- Myk  13,4tfm

 Características da seção em análise:

- Altura da laje (h) = 17cm

- Altura útil da laje (d) = 13,5cm

- Seção transversal do pilar (cm) : 60x25

30
- Armaduras passivas: As x  As y  12.5c / 15

- Armaduras ativas:

Cordoalhas na direção x (cabos concentrados) que cruzam o perímetro a d/2

da face do pilar = 2  312,7mm  612,7mm

- Cordoalhas na direção y (cabos distribuídos) que cruzam o perímetro a d/2

da face do pilar = 2 112,7mm  212,7mm

31
 Características da protensão:

- Força de protensão: 15tf

- Perdas estimadas em t   20%

- Ângulo da cordoalha a uma distância de d/2 do pilar em x:   3,0

- Ângulo da cordoalha a uma distância de d/2 do pilar em y:   3,0

2.1.2) Cálculo dos perímetros de controle C e C’:

 Contorno C (Perímetro do pilar)

uo  2 x(a  b)  2  (25  60)  170cm

 Contorno C’ (Perímetro crítico):

u  uo  2  2d  170  2  2(13,5)  339,6cm

2.1.3) Cálculo da resistência da armadura de punção:

435  250 435  f ywd


 f ywd  111,25  9,25h  268,5MPa
35  15 35  h

2.1.4) Taxa de armadura passiva da laje:

32
A taxa de armadura de flexão aderente refere-se, para cada direção, à taxa de
armadura superior compreendida em uma largura c+6d, sendo c a largura do pilar.

As x  As y  12.5c / 15 8,18 cm² m

8,18
x  y   0,418%
100  17

   x   y  0,418%

2.1.5) Verificação da compressão diagonal do concreto na ligação laje-pilar

(Perímetro C)

Nd 1,4  43,5
 Sd    265,4 tf m²  2,65MPa
u o  d 1,70  0,135

 fck  fck  35  35
 Rd 2  0,27   v  fcd  0,27  1    0,27  1    5,81MPa
 250  1,4  250  1,4
Como  Sd   Rd 2 , não existe esmagamento da biela no contorno C.

2.1.6) Cálculo do coeficiente k e dos módulos de resistência (Wp):

 Para M x (momento em relação ao eixo x)

 Coeficiente k

C1 25
C1  25cm e C2  60cm   0,417 (Ver tabela 19.2
C 2 60
NBR6118:2014)
33
Tabela 2.1 – NBR 6118:2014 – Valores de k

Como 0,417  0,5 , adota-se o valor de k=0,45.

 Módulo de Resistência (Wp)

C12
Wp   C1  C 2  4  C 2  d  16  d 2  2  d  C1
2

0,25²
Wp   0,25  0,60  4  0,60  0,135  16  0,135²  2  0,135  0,25
2

W p  1,01m²

 Para M y (momento em relação ao eixo y)

 Coeficiente k
C1 60
C1  60cm e C2  25cm   2,4
C 2 25

Logo, k=0,74.

 Módulo de Resistência (Wp)

C12
Wp   C1  C 2  4  C 2  d  16  d 2  2  d  C1
2

0,6²
Wp   0,60  0,25  4  0,25  0,135  16  0,135²  2  0,135  0,60
2

W p  1,27m²

34
2.1.7) Cálculo das tensões no perímetro C’:

 Tensão normal de compressão devido à protensão para alívio de τsd (Faixas):

Considera-se o vão médio na direção perpendicular ao traçado (tensão espraiada)


que no caso corresponde a 8m para a direção x:

0,8  15  14
 cp , x   155,55 tf m²  1,56MPa
0,135  8,00

0,8 15  2
 cp , y   177,78 tf m²  1,78MPa
0,135 1,0

 cp  1,67MPa

 Tensão solicitante no contorno C’

Nd k  Mxd k y  Myd
 Sd '   x 
u  d Wp x  d Wp y  d

1,4  43,5 0,45  1,4  18,3 0,74  1,4  13,4


 Sd '   
3,396  0,135 1,01  0,135 1,27  0,135

 Sd '  132,8  84,6  81,0  298,4 tf m²  2,98MPa

 Tensão de cisalhamento resistente de cálculo limite:

 20 
100    fck 3  0,10 cp
1
 Rd 1  0,131 
 d 

1
 20   0,481 3
 Rd 1  0,131    100 
  35   0,1  1,67  0,708  0,167
 13,5   100 

 Rd 1  0,875MPa

35
Como  Sd '   Rd 1 , há necessidade de armadura de punção.

 Tensão de alívio proporcionado pela protensão:

 Pd 
P k inf,i  sen i
ud

0,8  (6  2) 15  sen3


 Pd   10,96 tf m²  0,110MPa
3,396  0,135

 Tensão efetiva no contorno C’:


 Sd ,ef '   Sd ' pd
 Sd ,ef '  2,98  0,110  2,87MPa
Houve uma redução de 3,69% .

2.1.8) Espaçamento entre as linhas de armadura de punção (Sr)


Sr  0,75d
Sr  10,125cm

Como 2d  27cm , adotaremos Sr  10cm .

2.1.9) Cálculo de armadura necessária de punção:

 20  d A  f  sen
100    fck 3  0,10 cp  1,5   sw ywd
1
 Rd 3  0,101 
 d  Sr ud

 Asw  268,5  sen90 


 Rd 3  0,54  0,167  1,5 
 Sr  339,6 
Asw  2,87  0,54  0,167 
   339,6  1,82 cm ² cm
Sr  1,5  268,5 
Asw  10 1,82  18,2 cm²
linha

2.1.10) Verificação do perímetro C’’:

Para a verificação no contorno C’’, serão consideradas duas disposições de

armadura:

36
a) Armação distribuída somente no perímetro do pilar

Para essa situação, serão desprezados os momentos, uma vez que a sua

consideração, utilizando um perímetro crítico reduzido, é muito complexa:

 Rd 1   Sd ,ef ' '

R1  a1  2d  0,707  c1  2d

R1  0,707  0,6  2  0,135  0,694m

R2  a 2  2d  0,707  c 2  2d

R2  0,707  0,25  2  0,135  0,447m

u*  ( R1  R2 )  8d  (0,694  0,447)  8  0,135  4,66m

Nd
 0,875MPa
4,66  0,135

1,4  43,5
 87,5tf / m 2
4,66  0,135

96,9tf / m²  87,5tf / m² Não passa!

37
b) Armação distribuída radialmente

Considerando que a extensão da armadura calculada é igual a 70cm

(7x10cm), utilizando 8 contornos e que os momentos fletores serão considerados

para o cálculo do  Sd ,ef ' ' :

u*  2  (c1  c 2 )  4    d  2  p

Sabendo que a distância da face do pilar até a última linha de conectores é igual

a: p  8  70  78cm

u*  2  (0,25  0,6)  4    0,135  2  0,78  8,30m

 Para M x (momento em relação ao eixo x)


C12
Wp   C1  C 2  4  C 2  d  16  d 2  2  d  C1  2  C 2  p  16  d  p  4  p 2    C1  p
2
W p  1,01  2  0,6  0,78  16  0,135  0,78  4  0,782    0,25  0,78  6,67m²

 Para M y (momento em relação ao eixo y)

C12
Wp   C1  C 2  4  C 2  d  16  d 2  2  d  C1  2  C 2  p  16  d  p  4  p 2    C1  p
2
W p  1,27  2  0,25  0,78  16  0,135  0,78  4  0,782    0,60  0,78  7,25m²

Nd k  Mx d k y  My d
 Sd ,ef '   x    Rd 1
u * d Wp x  d Wp y  d

1,4  43,5 0,45  1,4  18,3 0,74  1,4  13,4


 Sd ,ef '   
8,30  0,135 6,67  0,135 7,25  0,135

38
 Sd,ef '  54,35  12,80  14,18  87,5tf / m²

 Sd ,ef '  81,33  87,5tf / m²

Logo, deverão ser utilizadas 8 linhas com 24 conectores 10 cada.

2.2) Exemplo anterior (Pilar Central), utilizando o Método ACI 308:

A norma americana recomenda que seja feita a verificação no perímetro crítico

bo perímetro crítico a 0,5d da face do pilar.

2.2.1) Cálculo do perímetro crítico:

39
bo  2(a  b  2d )  2  (25  60  2 13,5)  224cm

2.2.2) Cálculo da área da seção crítica:

Ac  b0  d  2d (a  b  2d )  13,5  224  3024cm²

2.2.3) Definição de C1 e C2:

Neste exercício, será denominado C1 a dimensão do pilar paralela ao eixo x e C2

a dimensão paralela ao eixo y.

2.2.4) Cálculo do coeficiente   :

40
- Coeficiente   , x que fornece a parcela de momento fletor Mx (Momento em
relação ao eixo x):

   
   
 v, x 
 1
1  
 1
1   0,325
  2  (c 2  d )    2  (0,25  0,135) 
 1     1   
  3  (c1  d )    3  (0,60  0,135) 

- Coeficiente   , y que fornece a parcela de momento fletor My (Momento em


relação ao eixo y):

   
   
 ,y 
 1
1  
 1
1   0,479
  2  (c1  d )    2  (0,60  0,135) 
 1     1   
  3  (c 2  d )    3  (0,25  0,135) 

2.2.5) Cálculo do momento polar de inércia:

- Em relação ao eixo x:

d (c2  d )3 d 3 (c1  d ) d (c1  d )  (c2  d ) 2


Jx   
6 6 2

0,135(0,25  0,135) 3 0,1353 (0,6  0,135) 0,135(0,6  0,135)  (0,25  0,135) 2


Jx   
6 6 2
3 3 3 3
J x  1,28 10  0,375 10  7,35 10  9,0110 m 4

- Em relação ao eixo y:

d (c1  d )3 d 3 (c1  d ) d (c2  d )  (c1  d ) 2


Jy   
6 6 2
41
0,135(0,60  0,135) 3 0,1353 (0,60  0,135) 0,135(0,25  0,135)  (0,60  0,135) 2
Jy   
6 6 2
J y  8,93 10  0,30110  14,03 10  23,26 10 m  2,33 10 2 m 4
3 3 3 3 4

2.2.6) Cálculo da tensão solicitante u :

Fu   , x  M u , x  e   , y  M u , y  e
u   
Ac Jx Jy

 C2 d  C d 
  ,x  M u,x       , y  M u, y   1  
u 
Fu
  2 2  2 2
Ac Jx Jy

 0,25 0,135   0,60 0,135 


0,325 1,4 18,3     0,479 13,4    
1,4  43,5  2 2   2 2 
u   
0,3024 9,0110 3 2,33 10 2

 u  201,4tf / m²  177,9tf / m²  101,24tf / m²  480,5tf / m²

 u  4,81MPa

2.2.7) Verificação da compressão diagonal do concreto u :

 n  0,5  f c '

 u    n

 u    0,5  f c '  0,75  0,5  35  2,21MPa

Como  u    0,5  f c ' 4,81  2,21 , deve-se reavaliar o

projeto estrutural, dentre as soluções, estão:

 Aumento da espessura da laje ou criação de capitel;

42
 Aumento nas dimensões do pilar;

 Aumento da resistência do concreto;

 Redução da sobrecarga permanente e acidental;

Observa-se uma diferença muito significativa entre as verificações da ACI e da

NBR 6118:2014. Tal conclusão decorre da não consideração dos momentos pela NBR.

Embora, haja algumas interpretações que levariam a concluir que a NBR indica a

consideração de momentos, o texto é claro e indica para a formulação que obtém a τsd

para verificação da compressão diagonal (τsd2) sem considerar momentos (apenas cargas

verticais). De qualquer forma faltaria a indicação das formulações de Wp na superfície

do pilar. No caso da consideração de momentos, deveria haver uma orientação para

utilizar o Wp calculado em relação a este perímetro. Neste caso, sua formulação seria

diferente do perímetro C’ (cuja formulação consta na NBR e que poderia ser

equivocadamente utilizada para o perímetro do pilar).

2.3) Punção em Pilar de Borda com Momentos Fletores atuantes nas duas
direções (Com base na NBR 6118:2014):

2.3.1) Dados iniciais:

 Características dos materiais:

- Resistência característica do concreto (fck) = 35MPa

43
- Tipo de armadura passiva: CA-50

- Tipo de armadura ativa: CP190 RB

 Reações de apoio do Pilar P64A:

- N k  48,45tf

- Mxk  72,36tfm

- Myk  14,06tfm

 Características da seção em análise:

- Altura da laje (h) = 23cm

- Altura útil da laje (d) = 20cm

- Seção transversal do pilar (cm) : 35x180

- Armadura passiva:

As x  16c / 10 20,11cm² m

As y  12.5c / 10 12,27 cm² m

- Armaduras ativas:

 Cordoalhas na direção x (cabos concentrados) que cruzam o perímetro a d/2 do

pilar = 2  612,7mm  1212,7mm

44
 Cordoalhas na direção y (cabos distribuídos) que cruzam o perímetro a d/2 do

pilar = 2 112,7mm  212,7mm

2.3.2) Características da protensão:

- Força de protensão: 15tf

- Perdas estimadas em t   20%

- Ângulo da cordoalha a uma distância de d/2 do pilar na direção x:   6,0

- Ângulo da cordoalha a uma distância de d/2 do pilar na direção y:   5,0

2.3.3) Perímetro de Cálculo:


45
 Contorno C (Perímetro do pilar)

uo  a  2  b  35  2 180  395cm
 Contorno u (Perímetro crítico):

u  2  180  35  40  520,76cm

 Contorno u* (Perímetro crítico reduzido):

u  C1  C2  2  d  341cm Menor dos


valores!
u  3d  C2  2  d  220,7cm

Logo, u  30  2  35  40  220,7cm

2.3.4) Cálculo da resistência da armadura de punção:

435  250 435  f ywd


 f ywd  111,25  9,25h  324MPa
35  15 35  h

46
2.3.5) Taxa de armadura passiva na laje:

A taxa de armadura de flexão aderente refere-se, para cada direção, à taxa de


armadura superior compreendida em uma largura c+6d, sendo c a largura do pilar.

As x  16c / 10 20,11cm² m

20,11
x   0,874%
100  23

As y  12.5c / 10 12,27 cm² m

12,27
y   0,533%
100  23

   x   y  0,683%

2.3.6) Verificação da compressão diagonal do concreto na ligação laje-pilar

(Perímetro C)

Nd 1,4  48,45
 Sd    85,86 tf m²  0,86MPa
u o  d 3,95  0,2

 fck  fck  35  35
 Rd 2  0,27   v  fcd  0,27  1    0,27  1    5,81MPa
 250  1,4  250  1,4
Como  Sd   Rd 2 , não existe esmagamento da biela no contorno C.

2.3.7) Cálculo do coeficiente k e dos módulos de resistência (Wp):

- Direção x:

 Coeficiente k

47
C1 180
C1  180cm e C2  35cm   5,14
C 2 35

Como 5,14  3 , adota-se o valor de k=0,80.

 Módulo de Resistência (Wp)

W0  C1  C1  C2  2d  C2  2d  C1  8d 2
2

W0  6,59m²

W0 6,59
e0    1,26m
u 5,21

Como e0  C1 :
W p1  2  e0  2 *1,26 2  3,21m²
2

- Direção y:

 Coeficiente k
C1 35
C1  35cm e C2  180cm   0,097
C 2 2  180

Como 0,097  0,5 , adota-se o valor de k=0,45.

 Módulo de Resistência (Wp)

W p 2  0,25  C2  C1  C2  4d  C1  d  C2  8d 2
2

W p  2,64m²

2.3.8) Cálculo das tensões no perímetro C’:

2.3.8.1) Tensão normal de compressão devido à protensão para alívio de τsd


(Faixas):

48
Diferentemente do exercício anterior, quando tratava-se de um pilar interno, a
protensão na direção horizontal (direção x) é aplicada próxima ao pilar. Desta forma o
cálculo de cp considera a largura correspondente à protensão do cabos (sem
espraiamento).

0,8  15  12
 cp , x   480 tf m²  4,80MPa
0,2  1,5

0,8  15  6
 cp , y   180 tf m²  1,80MPa
0,2  2

 cp  3,30MPa

Na realidade, as tensões  cp podem ser obtidas através da análise do


pavimento como pórtico espacial, com a consideração dos graus de liberdade para
translação nas duas direções correspondentes ao plano do pavimento.

2.3.8.2) Tensão solicitante no contorno C’

Nd k  Mxd k y  Myd
 Sd '   x 
u  d Wp x  d Wp y  d

49
Sendo M xd  M xd  M xd *  0

M xd * = Momento de cálculo resultante de excentricidade do perímetro crítico

reduzido u * em relação ao centro do pilar.

M xd *  Fsd  g

C1 1,8
g  e0   1,26   0,36m
2 2

M xd *  1,4  48,45  0,36  24,8tfm

1,4  48,45 0,45  1,4  (72,36  24,8) 0,45  1,4  14,06


 Sd '   
2,21  0,2 3,21  0,2 2,64  0,2

 Sd '  154  95  17  266 tf m²  2,66MPa

2.3.9) Tensão de cisalhamento resistente de cálculo limite

50
 20 
100    fck 3  0,10 cp
1
 Rd 1  0,131 
 d 

 Rd 1  0,78  0,1 3,30

 Rd 1  1,11MPa

Como  Sd '   Rd 1 , há necessidade de armadura de punção.

2.3.10) Tensão de alívio proporcionado pela protensão:

- Direção x:

 Pd 
P k inf,i  sen i
ud

0,8  (12) 15  sen6


 Pd , x   34,1tf m²
2,21 0,2
- Direção y:

0,8  (2) 15  sen5


 Pd , y   4,73 tf m²
2,21 0,2

 Pd  34,1  4,73  38,83tf / m²  0,39MPa

2.3.11) Tensão efetiva no contorno C’:

 Sd ,ef '   Sd ' pd

 Sd ,ef '  2,66  0,39  2,27MPa

Houve uma redução de 15% devido ao alívio da componente vertical dos


cabos.

2.3.12) Espaçamento entre as linhas de armadura de punção (Sr)

Sr  0,75d

51
Sr  15cm

Como 2d  40cm , adotaremos Sr  12cm .

2.3.13) Cálculo de armadura necessária de punção:

 20  d A  f  sen
100    fck 3  0,10 cp  1,5   sw ywd
1
 Rd 3  0,101 
 d  Sr u d

 Asw  324  sen90 


 Rd 3  0,6  0,1  3,30  1,5 
 Sr  221 

Asw   Sd ,ef '0,60  0,10 cp 


   221  0,62 cm ²
Sr  1,5  324 
cm

Asw  2,27  0,60  0,33 


   221  0,62 cm ² cm
Sr  1,5  324 

Como Sr=12cm,

Asw  0,62  12cm  7,42 cm ²


linha

2.3.14) Verificação do perímetro C’’:

Calcularemos a distância onde  Rd 1   Sd ,ef ' , ou seja, será calculada a distância

limite, em relação à face do pilar, até onde deve existir armadura de punção.
Considerando 6 linhas, o valor de x=50cm, para o qual deve ser acrescentada uma
distância de 2*d:
Será demostrado o cálculo de duas formas, conforme se segue:
A) Sem a consideração dos Momentos Fletores, com a compensação da
consideração do Contorno C´´ reduzido

Esta forma é coerente com o conceito adotado pelo EUROCODE, que associa a
consideração do contorno reduzido já em função do efeito dos momentos nos pilares de
borda e canto.

52
Nd
 108
(0,95  x   )  0,20

1,4  48,45
 108
(0,95  (0,12  0,50  2  0,2)   )  0,20

1,4  48,45
 108
(0,95  (1,02)   )  0,20

67,83
 108
(0,95  (1,02)   )  0,20

111,4MPa  108MPa Precisamos de mais uma linha!

B) Com a consideração dos Momentos Fletores e consideração do


Contorno C´´ completo

 (62  2  20)   35 (180  62  2  20)


1082   (62  2  20)  180  2  
 
e  
c `` 2 180  35    (62  2  20)

169 cm
Como ec``  c 1

``

W p1  2  ec`` 2  2 1,69  5,70m


2 2

1,8
M sd *  1,4  48,45  (1,69  )  53,58tf .m
2

M sd  Msd1  M sd *  1,4  72,36tf .m  53,58tf .m  47,72tf .m

35
2
  62  35
W p2   35  180  4  180  20  8  20 2    20  35  2  180  62  8  20  62   2  62 2 
4 2
69741,99= 6,97m²

 sd  (1,80  2  0,351,4(x 482,45 


0,8  47,72 0,45  14,06

 0,20   )  0,20 5,70  0,20 6,97  0,2
 108

53
47,43  33,49  6,34  108

87  108  OK!

DESTA FORMA, NÃO SERIA NECESSÁRIO ALTERAR O NÚMERO DE


LINHAS DE ARMADURAS DISPONÍVEL!

Vale ressaltar que as duas formas de obtenção de τsd seguiram uma coerência,

corroborando com a tratativa de diversos autores sobre o assunto. Porém, para maior
conservadorismo, poderia ser a adotado o perímetro C´´ reduzido e ainda incluir os
Momento, mesmo com a consideração dos parâmetros relativos com perímetro crítico
completo (conforme fora feito para C´).

Adotando o resultado mais conservador (item “A”), deverão ser utilizadas 8


linhas com 10 conectores 10 cada, distribuídos no perímetro crítico reduzido. Para
fins construtivos (e de armadura mínima), as armaduras foram detalhadas ao longo de
todo o perímetro crítico, utilizando distribuições distintas.

54
55
2.4) Exemplo anterior (Pilar de borda) utilizando o Método ACI 318:

2.4.1) Dados iniciais:

 Características dos materiais:

- Resistência característica do concreto (fck) = 35MPa

- Tipo de armadura passiva: CA-50

- Tipo de armadura ativa: CP190 RB

 Reações de apoio do Pilar P64A:

- N k  48,45tf

- Mxk  72,36tfm

- Myk  14,06tfm

 Características da seção em análise:

- Altura da laje (h) = 23cm

- Altura útil da laje (d) = 20cm

- Seção transversal do pilar (cm) : 35x180

- Armaduras ativas:

Cordoalhas na direção x = 1212,7mm

Cordoalhas na direção y = 612,7mm

56
 Características da protensão:

Força de protensão: 15tf

Perdas estimadas em t   20%

Ângulo da cordoalha a uma distância de 2d do pilar na direção x:   6,0

Ângulo da cordoalha a uma distância de 2d do pilar na direção y:   5,0

2.4.2) Cálculo do perímetro crítico:


 d  20 
bo  a  d  2   b    35  20  2  180    435cm
 2  2

2.4.3) Cálculo da área de concreto da seção crítica:

 d
Ac  bo  d  d  a  d   2d   b    435  20  8700cm²  0,87m²
 2

2.4.4) Definição de C1 e C2:

Neste exercício, será denominado C1 a dimensão do pilar perpendicular à borda

e C2 a dimensão paralela à borda livre.

57
2.4.5) Cálculo do coeficiente   :

- Coeficiente   , x que fornece a parcela de momento fletor Mx (Momento em


relação ao eixo x):

 
   
   
 1   1   0,553
 v, x  1    1 
 d  2  (1,80  0,1) 
(c1  )   1    
 1  2  2    3  (0,35  0,2) 
  
  3  (c 2  d ) 

- Coeficiente   , y que fornece a parcela de momento fletor My (Momento em


relação ao eixo y):

 
   
   
 ,y 
 1 
1  
 1
1   0,264
    
 1      1   
2 ( c d ) 2 ( 0,35 0, 2)
2

  3  (c  d )    3  (1,80  0,1) 
 1
2 

58
2.4.6) Cálculo do momento polar de inércia:

- Em relação ao eixo x:

2
 
3
 d  d d
d  c1   d 3  c1     c1   
 2  2  d   2
Jx    c2  d   d  e1  2d  c1     e1 
2

6 6  2  2 
 
 
 d
 c1   2
 d  2  d
2   c1     c1  
e1   2 2

2
 d
2   c1    c2  d 
b0
 2

2
 0,2 
1,8  
e1   2 
 0,83
4,35

2
 
3
 0,2   0,2  0,2 
0,21,8   0,2 3 1,8    1,8   
 2   2   0,2    2 
Jx    0,35  0,2  0,2  0,83  2  0,21,8 
2
  0,83 
6 6  2   2 
 
 
J x  228,6 10 3  2,53 10 3  75,78 10 3  0,304 10 3  307,2110 3 m 4

- Em relação ao eixo y:

d c2  d  d 3 c2  d   d
3
Jy    2d  c1    e2
2

12 12  2

e2 
c2  d   0,35  0,2  0,275
2 2

0,20,35  0,2 0,23 0,35  0,2  0,2 


3
Jy    2  0,21,8    0,275
2

12 12  2 

59
J y  2,77 10 3  0,367 10 3  57,48 10 3  60,62 10 3 m 4

2.4.7) Cálculo da tensão solicitante u :

Fu   , x  M u , x  e1   , y  M u , y  e2
u   
Ac Jx Jy

1,4  48,45 0,553  1,4  72,36  0,83 0,264  1,4  14,06  0,275
u   
0,87 307,21  10 3 60,62  10 3

 u  77,97tf / m²  151,35tf / m²  23,57tf / m²  252,9tf / m²  2,53MPa

2.5.8) Verificação da compressão diagonal do concreto u :

 n  0,5  f c '

 u    n

 u    0,5  f c '  0,75  0,5  35  2,21MPa

Como  u    0,5  f c ' 2,53  2,21 , A tensão atuante é ligeiramente

maior que a tensão resistente de compressão diagonal na biela.

A mesma observação feita para o exemplo anterior é válida para este exemplo, em

relação à discrepância entre o ACI e a NBR.

60

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