Professional Documents
Culture Documents
LEITE E DERIVADOS
1. LEITE FLUÍDO
1.1. INTRODUÇÃO
O leite é proveniente da secreção das glândulas mamárias e se caracteriza como
uma emulsão de gordura em água, estabilizada por uma dispersão coloidal de
proteínas em uma solução de sais, vitaminas, peptídeos e outros constituintes
menores. Seu pH varia de 6,5 a 6,7. A tabela abaixo apresenta a composição média
dos constituintes do leite.
Componentes %
Água 87/88
Proteínas 3,2 (85% caseína)
Gordura 3,5
Lactose 4,6
Minerais 0,7
Fosfolipídeos 0,03
Cálcio 0,1
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
3
2 – Leite Esterilizado
a – Integral : > 3,0%
c – Parcialmente desnatado : 0,6 – 2,9%
d – Desnatado : ≤ 0,5%.
O Controle de Qualidade do Leite e seus Derivados é de fundamental importância
tanto ao nível de Indústria, no acompanhamento de processos tecnológicos, como ao
nível de consumidor, pois o leite é um excelente veículo de transmissão de doenças
por possuir os nutrientes essenciais ao crescimento microbiano. No entanto, quando
processado corretamente é o alimento mais completo nutricionalmente.
Para que nós possamos nos referir aos valores da análise como se fosses no
momento da colheita, necessário se torna manter a amostra em temperaturas
inferiores a 10oC. Quando isso não for possível, adiciona-se a amostra um dos
conservadores abaixo discriminados :
Obs. : o menos aconselhável é o HgCl2 por ser tóxico e atacar os metais, quando
em contato prolongado. Deve-se escrever no rótulo do recipiente da amostra o nome
do conservador usado e a indicação de “veneno”.
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
4
Obs.: o álcool a 68º GL é preparado a partir de um álcool etílico p.a. a 95º GL, utilizando-se a
fórmula:
C x V = C* x V*
onde:
C = álcool etílico a 95º GL
V = volume de álcool etílico utilizado para diluição
C* = álcool etílico a 72º GL
V* = volume final de diluição
A acidez do leite fresco varia de 0,12 a 0,23% em ácido lático. Vários são os
métodos utilizados para a quantificação da acidez em leite e derivados. Todos eles, no
entanto, utilizam solução de hidróxido de sódio como titulante e solução de
fenolftaleína como indicador. A tabela abaixo apresenta os métodos mais comuns.
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
5
A. Processo Dornic
P
f =
0,2042 x V x N
onde :
P = gramas de biftalato de potássio usada na titulação
V = volume em ml da solução de hidróxido de sódio
M = molaridade da solução de hidróxido de sódio
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
6
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
7
Temperatura em ºC
Densidade 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
(g/ml) 1,0
195 189 190 191 192 193 195 196 198 200 202 204 206 208 210 211 213 215
200 193 194 195 196 198 200 201 203 205 207 209 211 213 215 217 219 221
205 198 199 200 201 203 205 207 209 211 213 215 217 219 221 223 225 227
210 203 204 205 206 208 210 212 214 216 218 220 222 224 226 228 230 232
215 208 209 210 211 213 215 217 219 221 223 225 227 229 231 233 235 237
220 213 214 215 216 218 220 222 224 226 228 230 232 234 236 238 241 243
225 218 219 220 221 223 225 227 229 231 233 235 237 239 242 244 246 248
230 223 224 225 226 228 230 232 234 236 238 240 242 244 246 248 251 253
235 228 229 230 231 233 235 237 239 241 243 245 247 249 251 253 255 257
240 233 234 235 236 238 240 242 244 246 248 250 252 254 256 258 261 263
245 238 239 240 241 243 245 247 249 251 253 255 257 259 262 264 266 268
250 242 243 245 246 248 250 252 254 256 258 260 262 264 266 268 271 273
255 247 248 250 251 253 255 257 259 261 264 266 268 270 272 274 276 278
260 252 253 255 256 258 260 262 264 266 269 271 273 275 277 279 282 284
265 257 258 260 261 263 265 267 269 271 274 277 279 281 283 285 288 290
270 262 263 265 266 268 270 272 274 276 279 282 284 286 288 290 293 295
275 267 268 270 271 273 275 277 279 281 284 287 289 291 294 296 299 310
280 271 272 274 276 278 280 282 284 286 289 292 294 296 299 301 304 306
285 276 277 279 281 283 285 287 289 291 294 297 299 301 304 307 310 312
290 281 282 284 286 288 290 292 294 296 299 302 304 306 309 312 315 317
295 286 287 289 291 293 295 297 299 301 304 307 309 311 314 317 320 322
300 290 292 294 296 298 300 302 304 306 309 312 314 316 319 322 325 327
305 295 297 299 301 303 305 307 309 312 315 318 320 322 325 328 331 333
310 300 302 304 306 308 310 312 314 317 320 323 325 327 330 333 336 338
315 305 307 309 311 313 315 317 319 322 325 328 331 333 336 339 342 344
320 310 312 314 316 318 320 322 324 327 330 333 336 338 341 344 347 349
325 315 317 319 321 323 325 327 329 332 335 338 341 344 347 350 353 355
330 320 322 324 326 328 330 332 334 337 340 343 346 349 352 355 358 360
335 325 327 329 331 333 335 337 339 342 345 348 351 354 357 360 363 366
340 329 331 333 335 338 340 342 344 347 350 353 356 359 362 365 368 371
Método de Gerber
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
8
4 - Agitar o Butirômetro por inversão, após fechamento com rolha adequada, até
dissolução do coágulo formado;
7 - A leitura é feita com a rolha para baixo. Ajusta-se a linha de separação dos líquidos
ao ponto ZERO da escala ou até o número inteiro mais próximo. O Regulamento de
Inspeção Sanitária de Leite prevê um mínimo de 3% de gordura no leite normal.
A. Processo direto
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
9
Cálculo:
PL - PS
ST = x 100
PL
onde :
PL = peso do leite correspondente a 5 ml
PS = peso seco após a estufa
B. Processos Indiretos
São mais utilizados na indústria por serem mais práticos e se baseiam na relação
entre gordura e densidade do leite. As determinações são feitas usando-se o
calculador automático de Ackermann e a fórmula de Fleishmann:
100 x d - 100
% ST = 1,2 x g + 2,665 x
d
onde:
g = % de gordura
d = densidade
SNG = ST - %G
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
10
Cálculo:
% caseína = V x f x 1,63
onde :
V = volume em ml gasto na segunda titulação
f = fator de correção da normalidade
1,63 = fator de conversão (inclui a média ponderada dos pesos moleculares dos
aminoácidos que compõem a caseína, o volume da amostra, a normalidade da
solução, entre outros parâmetros)
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
11
c - a diferença entre os valores deve ser 0,20 ºC. Caso haja um valor diferente,
calcular o fator de correção dividindo-se 0,20 pela diferença encontrada.
Preparo da amostra
Cálculos
I.C. = (T1 - T2) x F + K
onde:
IC = temperatura de congelamento da amostra de leite
T1 = temperatura em ºC do congelamento da amostra de leite
T2 = temperatura em ºC do congelamento da água destilada
F = fator de correção do termômetro
K = fator de correção da acidez
(T - T*) x 100
% água =
T
onde:
T = temperatura padrão de congelamento do leite (- 0,55ºC)
T* = temperatura de congelamento da amostra de leite
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
12
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
13
7 - Titular com a solução contida na bureta até a solução de FEHLING fique levemente
azulada;.
f = V x T
onde:
V = volume em ml da solução de lactose gasto para titular a solução de FEHLING
T = concentração da solução de lactose em g/100 ml.
T x 10.000
% Lactose =
Vg x Va
onde:
T = fator da solução de FEHLING em gramas
Vg = volume em ml da amostra gasto na titulação da solução de FEHLING
Va = volume em ml da amostra
1. Formaldeido
Relação de reagentes e vidrarias
Reagentes Vidrarias
Álcool etílico Béquer 25 ml - 2 unid.
Floroglucina p.a. Balão volumétrico 100 ml - 2 unid.
Hidróxido de sódio p.a. Bastão de vidro
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
14
Pipeta graduada 1 ml
Pipeta graduada 2 ml
Pipeta graduada 10 ml
Tubo de ensaio 20 ml
Obs.: o óxido de vanádio em meio de ácido sulfúrico reage com a água oxigenada
formando o ácido ortoperóxivanadico de coloração vermelha.
3. Sacarose
Relação de reagentes e vidrarias
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
15
Reagentes Vidrarias
Ácido clorídrico conc. d = 1,19 Pipeta graduada 1 ml
Resorcina p.a. Pipeta graduada 10 ml
Tubo de ensaio 20 ml
4. Amido
O amido com o iodo forma um composto de adsorção de coloração azul.
Preparo do reagente
Solução de Lugol - pesar 3,0 gramas de iodeto de potássio e 1,0 grama de iodo em
béquer de 25 mL. Adicionar 50 mL de água destilada, em pequenas porções, e
transferir para frasco de vidro âmbar.
5. Cloro e Hipocloritos
Fundamenta-se na formação do iodo livre a partir do iodeto de potássio, pela ação
do cloro livre ou hipoclorito.
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
16
3 - Solução de ácido clorídrico - HCl (1+2) - medir, com auxílio de pipeta graduada, 5
ml de ácido clorídrico concentrado e adicionar, lentamente, em 10 ml de água
destilada. Guardar a solução em frasco de vidro.
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
17
6 - Alcalinos (NaHCO3)
Relação de reagentes e vidrarias
Reagentes Vidrarias
Ácido rosólico p.a. Balão volumétrico 50 ml
Álcool etílico p.a. Bastão de vidro
Solução de hidróxido de sódio 0,1N Béquer 25 ml
Béquer 100 ml
Funil de vidro ∅ 5 cm
Pipeta graduada 5 ml - 2 unid.
Pipeta graduada 10 ml
Tubo de ensaio 20 ml - 2 unid.
7 . Cloretos (NaCl)
Fundamenta-se na reação do nitrato de prata com os cloretos em presença de
cromato de potássio como indicador.
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
18
A pasteurização do leite pode ser feita em temperatura baixa por longo tempo (63ºC
a 65 ºC - 30 minutos) ou temperatura alta e tempo curto (73ºC a 75 ºC - 15 a 20
segundos). O tratamento térmico do leite visa aumentar a sua vida útil até a chegada
ao consumidor. Além disso, é o único tratamento que elimina as bactérias
patogênicas, tornando-o uma fonte saudável de nutrientes. Para que o consumidor
tenha segurança no consumo do leite pasteurizado, faz-se necessária a verificação da
eficiência do tratamento da pasteurização. O leite crú corretamente pasteurizado
apresenta um grupo de enzimas denominado peroxidase, que resiste à aplicação do
binômio tempo/temperatura. Por outro lado, também encontra-se no leite crú um outro
grupo de enzimas denominado fosfatase, que não resiste ao tratamento térmico. A
presença da peroxidase é um indicativo que o leite não foi aquecido acima do
permitido pela legislação, enquanto que a ausência da fosfatase indica que a
pasteurização foi adequada. Portanto, o leite pasteurizado deve apresentar presença
de peroxidase e ausência de fosfatase.
1. Pesquisa de Peroxidase
A peroxidase, ao hidrolisar o peróxido de hidrogênio, libera oxigênio, o qual
transformará o guaiacol da sua leucobase para a forma corada.
peroxidase
H2O2 + HA 2 H2O + A
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
19
3 - O aparecimento de uma coloração salmão indica que o leite não foi aquecido além
de 75oC por mais de 20 segundos.
2 - Pesquisa de Fosfatase
As enzimas que pertencem ao grupo fosfatase são totalmente destruídas no
processo de pasteurização. Assim, quando uma amostra de leite apresentar fosfatase
negativa significa que o mesmo foi efetivamente pasteurizado. No caso positivo ou o
tratamento térmico foi deficiente ou houve mistura de leite pasteurizado com leite crú.
O fundamento do método de dosagem baseia-se na ação da fosfatase sobre o fenil
fosfato dissódico e liberação de fenol, que reage com o 2,6- dicloroquinonacloramida
produzindo o azul de indofenol, dosado espectrofotométricamente.
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
20
4. Resultado
Positivo: coloração azul intensa – leite cru.
Negativo: coloração cinza – leite pasteurizado.
Observação:
A tonalidade do azul vai ficando tanto mais intensa, quanto maior for a deficiência de
pasteurização.
A amostra deverá sofrer cuidadosa agitação antes de ser analisada, visando distribuir
a gordura ou a camada de creme pelo líquido. A retirada de uma alíquota da amostra a
partir da sua camada superior poderá levar a resultado positivo ou suspeito, ainda que
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
21
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira
22
BIBLIOGRAFIA
TRONCO, V.M. Manual para Inspeção da Qualidade do Leite. Santa Maria: Ed. UFSM,
1997. 166p.
IFMT – Bela Vista _ Profª. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira