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EDITORA 34 rors 34 Leda Ros Hingria, $92 Jardim Earope CEP 01455-000 lo - SP Brasil Telex (11) 3816-8777 www.edivora34.com.br ra coxtou com 0 spoio do Goethe-fnsinar, ‘Tilo orginal: Ristkogetellschaf: auf dm Weg in eine andere Moderne Prepsracio: Luciano Gatti Revisfo: Mell Bries 1 Baigho - 2010, 2° Ealigdo -2011, (CHP - Brasil. Cotalogasio ne Fonte Jo Ministrio das Relagées Exeriores de Alemarho. SOCIEDADE DE RISCO 7 ut Primeiza p No vurcko crvmizatoxio: 05 CONTORNOS DA SOCIEDADE DE RISCO .. 2 1. Sobre a lgice da distri da dstribuigo de riscos 2 2. Teosia politica do conhecimento da sociedade de isco a Segunda parte INpIVIDUALIZAGRO DA DESIGUALDADE SoctAt: SOBRE A DESTRADICIONALIZAGHO DAS FORMAS DE VIDA DA SOCIEDADE INDUSTRIAL. 105 3, Para além da classe edo estrato... 13 4, Ea sou eur sobre o um sem 0 outro, 149 189 6. Despadronizaco do teabalho a sobre 0 futuro da formacio 203 Teresa parte Mopennizagio nertexva: SOBRE A GENERALIZAGKO Da CHNCIAE DA POLITICA un. 229 7, Gitacia para além da verdade e do A propésito da obra Pobre em catdstrofes histéricas este século na verdade ndo foi: duas Harrisburg e Bhopal, ¢ agora ‘Cheraobyl, Isso exige preceucZoma escolha das palevras ¢ agusa o olhar para singulatidades histéricas, Todo 0 softimento, toda a miséria etoda a violéncia ue sores humanos infigiem «seres humans entéo reservados & , as prdprias quatro paredes — ateés das quais aqueles que aparentemente nfo eram afetados podiam: colber. Isso tudo continna 4 existir e, ao mesmo tempo, desde Chernobyl, deixou de exist. F. firs dos “ou vadas possibilidad lencia€«violéocia do petigo, que suprime todas as 2onas de protean e todas as diferenciagdes da modemidade. Essa dindmica que suprime ay fontezas do perigo nfo depende do grau as medi;Bes | afo fits sob a gulhotina da consernagao general atdnissio de una contaminagio nuclear perigosaequivale&adissio da inexistincia de qualquer saida pos 20s. Sobzeviréncia ¢ {te)conhecimento do perigo se contradizer, E ‘esse fato que toma a disputa em torno de medigdes, valores iéximos acei- ‘reise efeizos de carto ¢ longo prazo, algo candente pea a prépria existéa- S6 precisamos nos perguntar uma nica vez 0 que é que de fato poderia feito diferente se houvesse ocorrido uma contaminaslo do ar, da da fauna e dos seres humanos que alcancasse, também segundo pa 08 oficiais, uma propatcio acentuadamente perigosa. Neste cas0, a vida — respirar, comer, beber — seria interrompida ou restrita por uma Apropésito daotea 7 edo com variiveis “fatalistas” como vento, ia em relagio 20 local do acidente ete), & ir- nada? Podem (grapos de) paises ser mantidos em: ‘quarentena? Desencadeia-se um caos interno? Ou entio, mescno num caso desses, tudo acabaria precisando acontecer como aconteceu em Chernobyl? Perguntas como estas revelam o tipo de suscetibilidade objetiva aa qual 0 isguéstico do perigo coincide com a sensacio de inetutavel desamparo dian- te dele, ‘ure social em razio de suas prOprias escolhas e esforgos, emerge umm novo tipo de destino “adscrito” em fungio do perigo, do qual nenhum esforce permite escapar. Bste se assernelha mais ao desti ental da dade ME- dia que as posigées de classe do século XIX. Apesar disso, ndo se vé nele @ desigualdade dos estamentos (nem grupos mazginais, nem diferenga eatre ‘campo e cidade ou de origem nacional ov étaice, e por af afora). Difecente dos estamsentos oui das classes, ele nfo se encontra sob a égide da necessida- de, e sim sob 0 signo do medo; ele no € um “resicuo tradicional”, mas um produto da modernidade, partcularmente em seu estigio de desenvolvimento sais avangado, Usinas nucleares — 0 auge das forgas produtivas ¢ criativas humanas— converieram-se também, desde Chernobyl, em simbolos de uma moderna Idade Média do perigo. Blas designam ameacas que transformam 0 individualismo moderno, jé levado por sua vez ao limite, em seu tnais ex tzemo contrizio. Os zeflexos de uma outra €poca ainda estdo muito vives: como poderci , uma dependéncia experimentada em meio & ameaga e que suspeadeu todos 0s nosos conceitos de “emancipacio” ¢ “vids jonalidade, espaco e tempo. Longe daqui, no oeste de Unio a, de agora em diarte, em nosso entornd préximo, aconte- —tiada deliberado ou agresivo, na verdade algo que de fato cvitado, mas que, por seu cardter excepcional, também ¢ normal, ou mais, éhumano mesmo, Nao & 2 falha que produz « catéstrofe, as o¢ sistemas que traxsformam a frurnandade do erro em inconcebiveis Forgas destrutivas. Para a avaliagdo dos pecigos, todos dependem de insera- smentos de mediclo, de teoriase, sobretudo: de seu desconhecimento — ince 8 Sociedade de siseo sive os especialistas que ainda hé pouco haviem anunciado o império de 10 ‘mil anos da seguranga probai at6mica e que agora enfatizar, com uma seguranga renovads ¢& 3. que © perigo jamais seria agudo. Em tude isso, destaca-se 0 peculier amélgama de natureaa e sociedade pot meio do quel o perigo passa por cima de mudo o que Ihe poderia opor resiseéucia, De safda, o hibrido da “mvem atbmaica” — essa forza da civiliza- ‘fo invertida e convertida em forga da natureza, na qual bise6ria ¢ fendme- to atmostérico extram numa comunhéo tio paradoxal quanto avassaladorz, i havia erguido muros ¢ aren ferpe- ido isso para proteger suas fronteiras. ainda por cima chuva — que azarl —, eff se cevele a fuelidade de tentar proteger a sociedade da natuceza con- ‘taminada e joger 0 perigo nucleas para o “outro” do “meio ambiente”, ‘qué pot um instante chegou a esmnagar nosse forma impoténcia do sistema industrial mundial diante da te integrada ¢ contaminada, A oposicdo entre na- ‘ureza e sociedade é uma construgio do século XIX, que serve ao duplo pro- posito de controlar jgnorar a naturera. A nanureza foi subjugada e explo- ada no final do século KK e, assim, transformada de fendimeno externo em interno, de fenémeno predeterminado em fabricado. Ao longo de sua trans- Formagio tecnolégico-industral e de sua comercializagio global, « natureza foi absorvida pelo sistéma industrial. Dessa forma, ela se converte, 20 mes- mo tempo, em pré-zequisito indispensével do modo de vida no sistema in- dustrial. Dependéncia do consumo e do mercado agora também significam uum novo tio de dependéncia da “natureza”, ¢ essa dependéncia imanente da “namuceza” em relasiio ao sistema mercantil se converte, no € com o sis- tema mercantil, em lei do modo de vids na civilizacdo industrial. saa, apcendemos a construir caba- bas ea acumular conkecimentos. Diante das emescas da segunda natureza, cescondem-se por toda a parte e junto com o que bé de mais indispensével 8 mmésticos —, atravessam todas tego da modernidade. Quando, depois do acidente, agbes de defesa e prevengio jé nfo cabem, resta (aparen- ‘temente) uma nica atividade: desmentir, um apaziguemento que gera medo A peopésitn de obra ’

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