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Fernanda de Magalhães *
Marília Nogueira Neves **
RESUMO
O presente artigo, fruto da monografia do curso de Serviço Social, procura identificar o perfil
dos egressos do sistema prisional de Uberlândia, perpassando pela realidade dos sistemas
carcerários desta cidade, onde foi possível observar que a prisão é resultado do atual acúmulo
de necessidades sociais, como a falta de emprego, má distribuição de renda e deficiência na
educação. A literatura apresenta uma situação de dupla exclusão dos cidadãos que já passaram
por privação de liberdade: a que acomete a maioria das pessoas empobrecidas e vítimas de um
sistema excludente, acrescida do estigma de criminoso impresso nos egressos do sistema
prisional. O objetivo é traçar um breve perfil destes cidadãos, destacando a percepção deles
perante a reintegração na sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Perfil do Egresso. Reintegração Social. Sistema Prisional.
ABSTRACT
This article, the result of the monograph of the course of Social Service, to identify the profile
of former convicts from Uberlandia, permeated by the reality of prison systems in this city,
which was observed that the arrest is the result of the current accumulation of social needs,
such as lack of employment, unequal distribution of disability income and education. The
literature presents a situation of double exclusion of citizens who have experienced
deprivation of liberty: it affects the most impoverished people and victims of an exclusionary
system, plus the stigma of criminal printed on former convicts. The goal is to draw a brief
profile of these people, highlighting their perception towards the reintegration into society.
KEYWORDS: Graduates' profile. Social Reintegration. Prison System.
* Assistente Social; professora do Curso de Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia; mestranda da
PUC Goiás e orientadora do presente artigo.
2
INTRODUÇÃO
Segundo Camargo (1990), a prisão passou a ser considerada no início do século XIX,
nos países já industrializados, como a pena das sociedades civilizadas. A autora explica que,
anteriormente ocupara somente uma posição secundária no sistema de penas, tendo como
finalidade garantir a presença do suspeito à disposição dos seus juízes, ou do condenado à
espera da execução da sua sentença.
Outro fator importante, de acordo com Camargo (1990), foi a industrialização, a qual
trouxe a necessidade de muita mão-de-obra, e a prisão apareceu também como meio
privilegiado de transformar pessoas ociosas em população trabalhadora. A autora explica que
os corpos dos condenados, mais do que punidos, deveriam ser transformados em corpos
dóceis, através de técnicas de coerção, processos de treinamento, até se traduzirem em novos
comportamentos, produtivos e socialmente úteis. A autora explicita que a prisão foi projetada
como uma empresa de modificação de indivíduos, assim como a escola, as oficinas e outros.
Essas instituições não estão isoladas, evidentemente, mas bem articuladas com leis,
medidas administrativas, enunciados científicos, princípios filosóficos, morais etc.
formando mecanismos, dispositivos disciplinares que garantem a ordem desse tipo
de sociedade. O grande objetivo do conjunto de dispositivos disciplinares não é
manter as estruturas sociais pela força – embora não a exclua – mas sim pelo
cumprimento de normas de conduta bem determinadas (CAMARGO, 1990, p. 134).
que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a
brasileiros e estrangeiros, residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade” (Constituição Federal, 1988).
O sistema penitenciário brasileiro está regulamentado pela Lei de Execuções Penais
(LEP no 7.210 de 11/07/1984), que em seu artigo 1o apresenta o objetivo de “efetivar as
disposições da sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e ao internado”. Em seu artigo 10 está disposta “a assistência
ao preso e ao internado como dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o
retorno à convivência em sociedade, estendendo-se ao egresso1”. Compõem este rol a
assistência: material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa.
A LEP determina como deve ser executada e cumprida a pena de privação de
liberdade2 e restrição de direitos3. Contempla os conceitos tradicionais da justa reparação,
satisfação pelo crime que foi cometido, o caráter social preventivo da pena e a ideia da
reabilitação. Dotando os agentes públicos de instrumentos para a individualização da
execução da pena, aponta deveres, garante direitos, dispõe sobre o trabalho dos reclusos 4,
disciplina as sanções; determina a organização e competência jurisdicional das autoridades;
regula a progressão de regimes de direitos.
De acordo com Torres (2011), a organização do sistema prisional sofre variações nos
estados da federação, porém estão sob a jurisdição do Ministério da Justiça, que conta com
um órgão específico para o tratamento da questão, o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária (CNPCP), que atua no âmbito das propostas de políticas e fiscalização nesta
área, sendo que a administração dos presídios propriamente dita está a cargo dos estados. Nos
1
Egresso: Segundo o dicionário, egresso significa aquele que saiu, que se afastou. Pessoa que deixou a clausura.
Saída, retirada. Neste trabalho, refere-se àquele que deixou o sistema prisional.
2
Privação de liberdade: De acordo com o Código Penal, a pena privativa de liberdade é a pena corporal imposta
ao condenado pela prática de um crime/delito ou contravenção, que poderá ser de reclusão, detenção ou prisão
simples. A diferença está na quantidade de pena prevista pela lei ao crime praticado, o que influenciará na forma
(regime) de início de cumprimento da pena (fechado; semiaberto ou aberto).
3
Restrição de direitos: Conforme informado no Código Penal, as penas restritivas de direitos são autônomas (e
não acessórias) e substitutivas (não podem ser cumuladas com penas privativas de liberdade); também não
podem ser suspensas nem substituídas por multa. As penas restritivas de direito foram paulatinamente
introduzidas como uma alternativa à prisão.
4
Reclusos: O dicionário explica que recluso significa metido em cela. Encarcerado. Recolhido a convento.
Afastado do convívio do mundo: viver recluso. Aquele que vive em clausura, ou foi condenado à pena de
reclusão.
5
estabelecimentos penais do país estão os presos condenados sob a jurisdição das Secretarias
de Justiça ou de Administração Penitenciária dos estados.
Segundo o DEPEN, no levantamento realizado em dezembro de 2010, o resultado
mostra que a população carcerária do Brasil em sua maioria é composta de jovens em idade
ativa (53% tem menos de 30 anos), com baixa escolaridade (64% são analfabetos ou semi-
analfabetos), com grande inserção na prática de crimes de furtos e roubos (50%) e com um
alto índice de presos com até oito anos de condenação (50%).
Outro fator detectado pelo DEPEN é que a grande maioria dos presos são homens. Em
dezembro de 2010 havia uma população de 445.705 reclusos nas penitenciárias 5 do país.
Deste total, 417.517 eram homens e 28.188 eram mulheres. Some-se a este contingente mais
de 50.546 presos, entre homens e mulheres, nas carceragens6 policiais de todo país.
Ainda de acordo com pesquisas realizadas pelo DEPEN, em dezembro de 2005, a
população habitacional do país indicava 126.799.183 habitantes, destes, 294.237 estavam
reclusos. A cada 100 mil habitantes, 232 estavam presos. No intervalo de dezembro de 2006
até dezembro de 2007 o número foi de 383.480 presos para 422.373. No ano de 2008
aumentou para 451.219 segundo INFOPEN7.
Conforme dados coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
até dezembro de 2010 havia cerca de 191.480.630 habitantes no território nacional, destes
segundo DEPEN e INFOPEN, 496.251 estavam reclusos, ou seja, proporcionalmente, a cada
100 mil habitantes, 259 estavam presos. Em relação aos anos de 2005 aos dias atuais, a
população carcerária quase dobrou.
Em dezembro de 2010, a população de Minas Gerais contava com 20.033.665
habitantes segundo DEPEN, e a cada 100 mil habitantes existiam cerca de 231 presos. Com
dados retirados do site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com base nos dados
5
Penitenciária: De acordo com site oficial do Ministério da Justiça, penitenciárias significa estabelecimentos
penais destinados ao recolhimento de pessoas presas com condenação à pena privativa de liberdade em regime
fechado.
6
Carceragem: Segundo descrito no dicionário, carceragem significa a ação de encarcerar. Gasto com a
manutenção dos presos.
7
O INFOPEN corresponde a um programa de computador de coleta de Dados do Sistema Penitenciário no
Brasil, para a integração dos órgãos de administração penitenciária de todo Brasil, possibilitando a criação dos
bancos de dados federal e estaduais sobre os estabelecimentos penais e populações penitenciárias. É um
mecanismo de comunicação entre os órgãos de administração penitenciária, criando “pontes estratégicas” para os
órgãos da execução penal, possibilitando a execução de ações articuladas dos agentes na proposição de políticas
públicas.
6
fornecidos SEDS, em Minas Gerais em 2010 existiam 46.293 presos, sendo 8.978 presos
cumprindo suas penas nas cadeias8, onde a capacidade máxima é de 5.004 presos e o restante
cumprindo em penitenciária e outros estabelecimentos prisionais.
8
Cadeia: De acordo com o site oficial do Ministério da Justiça, cadeias públicas correspondem aos
estabelecimentos penais destinados ao recolhimento de pessoas presas em caráter provisório, sempre de
segurança máxima.
7
O nível de escolaridade dos reclusos nesse Presídio se apresentou baixo. 27 dos presos
informaram ser analfabetos, 136 disseram ser semi-alfabetizados, 890 possuem o ensino
fundamental incompleto, 470 afirmaram ter o ensino fundamental completo, 123 ensino
médio completo e 6 possuem ensino superior completo.
Os dados repassados pela Diretora de Ressocialização sobre a faixa etária dos detentos
do Presídio apontou uma população carcerária jovem. Foram contabilizados 642 presos com
idade entre 18 e 24 anos. Os demais variam da seguinte maneira: 422 entre 25 e 29 anos, 277
entre 30 e 34 anos, 216 ente 35 e 45 anos e 92 a partir de 46 anos. Do levantamento total
restaram 3 reclusos que não informaram a idade.
9
De acordo com o dicionário de termos técnicos da Assistência Social da Prefeitura de Belo Horizonte (2007),
situação de risco social refere-se à probabilidade de ocorrência de um evento de origem natural, ou produzido
pelo ser humano, que concretiza a passagem da situação de vulnerável a vulnerabilizado, afetando a qualidade de
vida das pessoas e ameaçando sua subsistência.
9
Através do PRESP, são desenvolvidas várias ações, tais como, estudo das alternativas
para resolução dos problemas oriundos do débito com o Estado que impossibilitam a
reabilitação do egresso. Trabalha também com regulamentações do Estado que prevê
incentivos fiscais para a inclusão dos mesmos no mercado de trabalho, que é um dos
principais órgãos excludentes.
10
Segundo Lídiston Pereira da Silva, psicólogo e coordenador Técnico do Psicossocial da Fundação de Apoio ao
Egresso do Sistema Penitenciário, o imaginário social compreenderá melhor a reintegração como social na
proporção em que conseguir problematizar a violência oriunda da vulnerabilidade social. Constata-se a
predominância no imaginário social da ideia de que a violência é parte de um mau caráter. De uma personalidade
desviada. De uma natureza obscura no fundo da alma humana. Tais convicções induzem o imaginário pessoal a
se compor na ideia de que a violência é própria de sua identidade de ser no mundo. A violência sendo própria do
individuo, do desviante, do marginal, a inclusão social não pode ser pensada como possível.
10
normas e práticas, o que deixa claro sua importância e a necessidade de agir com coragem no
enfrentamento dos desafios, sabedoria e crença em um futuro mais digno para toda população.
organizada e violenta tem a ver, entre outros aspectos, com a valorização de símbolos
próprios da juventude, como ter dinheiro no bolso ou vestir-se com roupas atraentes e bonitas.
A estes valores, acrescem, a valorização da arma de fogo e a disposição gratuita para matar.
A situação conjugal é elemento na construção das representações coletivas sobre a
criminalidade. As uniões formais são eleitas como modelo ideal na sociedade. A partir disso,
consideram-se desviantes as uniões consensuais e todas as demais formas de relacionamento
que se distanciem do padrão estabelecido. Sob esta perspectiva, acredita-se que delinquentes
venham de famílias que não se baseiam em uniões formais.
De acordo com Adorno (1996), a escolaridade também deve ser analisada, pois é um
dos componentes fundamentais da cidadania:
Por um lado, a escola é vista como a agência de socialização por excelência, muitas
vezes até detentora de um papel superior ao desempenhado pela família na formação
de novos cidadãos. Depositam-se na escola não poucas expectativas: o aprendizado
de conhecimentos formais, o respeito à ordem constituída e às hierarquias, a
valorização de símbolos nacionais e morais, a internalização de hábitos metódicos e
sistemáticos. Por outro lado, espera-se que a escola habilite seus educandos a
competir e a desfrutar das oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho. Por
essa via, a escola é valorizada como veículo de mobilidade e de ascensão social.
(ADORNO, 1996, p. 13).
[...] podemos considerar que o quadro de exclusão social tende a aumentar, pois a
apropriação privada e a ausência de uma política distributiva de renda contribuirão
para a criação de um contingente cada vez maior de desempregados e de
marginalizados socialmente. Numa sociedade como a nossa, em que o acesso ao
trabalho, à moradia, à saúde e à educação não é para todos, certamente vamos
conviver com o agravamento dos rebatimentos da questão social (SIQUEIRA, 2001,
p. 57).
Fui usuário de crack e cocaína durante muitos anos. Me envolvi no crime por causa
disso. Ainda fumo maconha e não tenho interesse de parar. Acho a sociedade
preconceituosa com as pessoas que já estiveram presas e isso atrapalha muito a
conseguir um bom emprego. Eu consegui um emprego formal em uma construtora
como servente de pedreiro, mas meu chefe não sabe do meu passado criminal. Eu
não pretendo contar porque tenho medo de perder o emprego (egresso do sistema
prisional I).
Segundo Dupas (1999), é possível identificar alguns exemplos de cidadãos que podem
ser tratados como excluídos: os desempregados de longo prazo, os empregados submetidos a
trabalhos precários e não qualificados, os velhos e os não protegidos pela legislação, os que
ganham pouco, os sem-terra, os sem habilidades, os analfabetos, os evadidos da escola, os
deficientes físicos e mentais, os viciados em drogas, os delinquentes e presos, as “crianças
problemáticas” e que sofrem abusos, os trabalhadores infantis, as mulheres, os estrangeiros,
os imigrantes e os refugiados, as minorias raciais, religiosas e em termos de idiomas, os que
14
A sociedade é muito preconceituosa com quem já foi preso. Para conseguir uma
oportunidade de trabalho eu preciso estudar mais e acabar o preconceito das pessoas.
Quando alguém descobre que eu já fui preso, não quer nem saber o motivo, a minha
história de vida, enfim, não quer saber nada. Já me trata como vagabundo, gente que
não presta (egresso do sistema prisional III).
De acordo com Siqueira (2001), a pena de prisão traz consigo um conjunto de fatores
de repressão exercido tanto de forma psicológica quanto física. Os efeitos dos elementos na
vida do cidadão não param quando ele deixa a prisão, pois a coerção, principalmente a
psicológica, traz consigo a participação da sociedade, que se encarrega das mais variadas
formas de lembrar ao ex-preso que ele já esteve lá e que, a qualquer tempo, pode retornar.
Para Adorno (1996) é comum crer-se que delinquentes possuem uma natureza distinta
dos demais cidadãos que contribuíram ou vêm contribuindo para a marcha do processo
civilizatório. É como se aqueles fossem portadores de uma natureza e um pouco mais
distantes da cultura. É como se eles não tivessem “conserto” aos olhos do senso comum.
Demonstrando indignação, os relatos abaixo de egressos do sistema prisional reforçam o
pensamento do autor:
Quero fazer tudo certo, mas sofro discriminação. Esse preconceito atrapalha muito a
conseguir emprego e isso pode acabar incentivando a pessoa a voltar para o crime.
Eu tive a sorte de conseguir um emprego formal, mas a maioria não consegue. Acho
11
São as despesas ou gastos de toda a população com bens e serviços existentes na economia. Exemplo:
vestuário, alimentação, higiene, tratamento dentário, etc.
15
Sempre trabalhei de pedreiro. Atualmente faço bicos e acredito que para conseguir
uma oportunidade melhor no mercado de trabalho, preciso melhorar minha
capacitação profissional e acabar com o preconceito da sociedade. Quem já foi preso
e quer trabalhar para recomeçar a vida precisa de um voto de confiança (egresso do
sistema prisional VI).
O que se observa nos discursos acima e que é comum em todos eles é o preconceito
que a sociedade imprime nas pessoas que, por algum motivo, já passaram pela prisão. E em
consequência disto, evidencia-se um ciclo de exclusão-inclusão-exclusão, na qual o cidadão
ao tentar se reintegrar na sociedade após a privação de liberdade, se vê novamente excluído,
porém, com um agravante: o estigma de criminoso.
12
De acordo com Mattar (1996), amostragem não probabilística acidental é a seleção dos elementos da
população para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador
no campo.
16
13
Esta afirmação implica em condições mínimas para uma vida digna, para uma vida humana. Implica em
possuir cada pessoa as condições mínimas de sustento físico próprio, bem como as condições mínimas para que
possa participar da vida social de seu Estado, se relacionando com as pessoas que estão ao seu redor e que fazem
parte da sociedade na qual vive.
14
A diferença entre furto, roubo e assalto está na forma como são praticados. Segundo informações extraídas da
Wikipedia, roubo é o ato de subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. Furto é
uma figura de crime prevista nos artigos 155 do Código Penal Brasileiro, e 203º do Código Penal Português, que
consiste na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, com fim de assenhoramento definitivo.
Difere do roubo por ser praticado sem emprego de violência contra a pessoa ou grave ameaça. O assalto é a
forma popular de se referir ao roubo.
17
tentativa de homicídio, 5% foram presos por porte ilegal de arma e 10% cometeram tráfico de
drogas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
reincidência delitiva. Importante destacar que esse apoio dado pelo PRESP já ocorre antes da
saída do indivíduo da prisão. Os técnicos sociais realizam visitas às penitenciárias visando
aproximar o preso do Programa e divulgando os benefícios que essa política pode trazer.
Assim, ao sair da condição de cárcere, o indivíduo sabe onde obter apoio para prosseguir sua
vida.
O Serviço Social neste contexto é de extrema importância, uma vez que o profissional
atua na direção da transformação social do egresso, segundo o projeto ético-político da
profissão. O seu desafio está em representar os interesses individuais e coletivos da
população, na busca de um atendimento que não se limite ao emergencial, mas que defenda e
amplie os direitos sociais historicamente conquistados. Neste sentido, o Assistente Social
procura combater situações ofensivas à dignidade do homem promovendo a vida humana
como um bem inviolável, ao qual nenhum outro se iguala. A relação Assistente Social e
egressos atendidos no PRESP exige um repensar da relação sociedade/subjetividade,
demandando articulação efetiva entre: construção da identidade individual/coletiva, na defesa
de direitos, busca de autonomia e rompimento com as práticas criminais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 1984.
19
CAMARGO, Maria Soares. A prisão. Revista Serviço Social & Sociedade nº 33, São Paulo:
Cortez, 1990.
DORNELES, João Ricardo. O que é crime. 2. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.
FOCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 18. Ed. Petrópolis, Vozes.
1997.
SILVA, Lídiston Pereira. Violência e Direitos Humanos. Porto Alegre: Globo, 2007.