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Após o sinal una-se a pessoa que está a sua direita e ande em dupla, com o ritmo
da dupla. Pode mudar de dupla quando quiser, mas não pode andar sozinho (isso força
as pessoas a estarem atentas ao que os outros estão fazendo, pois dependem do
outro para fazer aquilo que querem)
Parar, situar-se no espaço e encontrar uma dupla. Guiar o parceiro. Aquele que é
guiado apoia a mão no ombro do guia e fecha os olhos. (Deve executar os movimentos
a partir das sensações musculares que sente o movimento do corpo do outro
reverbera no seu corpo e assim constroem um diálogo.)
Depois, tivemos que nos separar. De um lado da sala aqueles que guiaram, do
outro lado os que foram conduzidos. Os guias precisavam executar o som da dupla na
mesma intensidade proposta durante o exercício e o guiado deveria encontrar a sua
dupla. (Não tivemos problemas, quando os meus olhos estavam fechados, eu fiquei
um tempo ouvindo aquele caos de sons, dava para perceber que entre todas as
diferenças, havia uma unidade de todo. Concentrei-me para encontrar o meu
impulso sonoro e lá estava ele, baixo e arrebatador, foi uma experiência muito
interessante e me me senti “relativamente” preparada para ela, pois já havia feito
dinâmica semelhante nas aulas de expressão corporal.)
22/11/11 – Manhã
O período da manhã foi ministrado pelo músico do Soleil, eu que sou muito
descoordenada tive muita dificuldade nos exercício propostos por ele. Preciso melhorar
urgentemente nesse quesito, eu demoro um tempo muito maior para absorver esse tipo
de atividade, é uma grande limitação que possuo.
Depois ele comentou sobre a nossa tendência corporal e social de fazermos tudo
de forma simétrica, nossas contagens, ritmos, tudo tem predileção simétrica e por isso ele
nos propôs uma caminhada de 5 tempos, assimétrica.
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Depois de um tempo, tínhamos transformado a caminhada de 5 tempos em algo
simétrico e ele nos advertiu. Na hora de transferir o peso para dar o segundo passo
fazíamos um contratempo que deixava a caminhada binária. (É interessante esse
exercício porque precisamos parar, respirar e depois andar, porque necessitamos
desse tempo de adaptação, realmente não é algo que estamos acostumados a fazer
e parece bem simples. Na verdade não é difícil, mas inicialmente nós complicamos
o que podia ser fácil.)
Depois ele pediu que executássemos uma sequência de ações, um por vez. Achei
que todos iriam fazer e, como estava receosa, fiquei aguardando. No fim das contas, só
algumas pessoas fizeram a dinâmica e eu fiquei decepcionada comigo mesma, deveria
ter sido mais corajosa. Estou na oficina para aprender, tenho que fazer, fazer e fazer. A
sequência era a seguinte: abre a cortina, dá um passo, vai em direção ao público, olha
para o público da esquerda para a direita e diz: bom dia, meu nome é …. Sai de cena.
(Por mais simples que pareça cada vez que uma pessoa executava essas
instruções, Lemétre encontrava um monte de equívocos que tinham cometido. As
críticas dele não eram relacionadas ao modo de agir no quesito interpretação, mas
o que dissonava na música dos movimentos. Foi incrível, ele é muito detalhista e
fazia observações incríveis. Fiquei brava comigo por não ter participado.)
Ele nos ensinou uma composição com as mãos que serviria de base para todas
as evoluções que faríamos. Mãos nos joelhos – esquerda; direita; esquerda. (Quando
solicitava que aumentássemos a velocidade, nós aumentávamos a força para bater
nos joelhos, ele disse que isso não nada a ver com virtuosismo e é para manter os
braços soltos.)
Depois pediu que relaxássemos os braços enquanto ele nos manipulava nessa
sequência de batidas, daí ele nos perguntava qual era a mão que estava encostando nos
joelhos. Na grande maioria dos casos, quando a gente respondia, contraíamos a
musculatura do braço. Apenas uma moça conseguiu dizer e manter-se relaxada. É uma
questão de treinamento, não estamos habituados a isso.
22/11/11 – Tarde
Caminhada :
1 – para
2 – olha para a pessoa à esquerda
3 – senta
4 – equilibra-se
5 – pega no pé da pessoa mais próxima
(Esse tipo de exercício trabalha a prontidão, serve para aquecimento do corpo e da
mente, desenvolvendo, inclusive, coordenação motora.)
Formaram-se dois grandes coros com seus respectivos corifeus. O contexto: nós
éramos povos que queriam invadir a terra do inimigo, estávamos em uma guerra. Nós
tínhamos movimentos e sons definidos pelo corifeu, assim como o estado, mas a energia
despendida nesse jogo de atacar/recuar era imensa.
Nos dividimos em 4 grupos de coro. Um por vez saía pela cortina. Cada grupo era
um animal que ia queixar-se com o rei do outro grupo porque este havia roubado a sua
comida, tendo em mente todos os princípios do exercício.
olhar/respirar/ver/verdade interior
Estava muito cansada e o exercício dos príncipes durou muito tempo, queria
que a oficina terminasse logo. Ainda fizemos mais um exercício, porém, mais uma
vez, eu não participei, estou muito indignada comigo mesma. Definitivamente esse
não foi o meu dia.
O “hup” dessa vez era individual (fico acuada quando o exercício é individual,
por isso não fiz DE NOVO), o caminho a percorrer era um floresta. Cada pessoa que
atravessasse o percurso tinha que imaginar, criar imagens e desenhá-las para que
ficassem claras para o público. O hup servia como ritmo interno. A Eve reclamou muito da
ansiedade das pessoas ao realizar a travessia e muitos não criavam ações concretas e
assim não dava para entender o contexto.
23/11/11 – Manhã
23/11/11 - Tarde
Teve uma dica que o Serge deu que eu achei incrível. Não sei se terei
competência para usá-la algum dia. Em um processo de construção de personagem,
podemos criar uma coreografia que depois de experimentada saibamos quais estados ela
proporciona. Então, caso estejamos perdidos em cena, podemos acioná-la para recuperar
um estado, podemos fazê-la quase internamente, mas a mobilização corporal necessária
para executá-la em pequenas dimensões, ativa a memória corporal e retoma o estado. É
claro que ele nunca será idêntico, mas é um recurso interessante para o ator quando não
está nos seus dias mais inspirados. (Enquanto reescrevia essa anotação, agora no
computador, recordei o compasso ternário. Nele, nós iniciávamos o movimento em
grandes dimensões e, aos poucos, íamos reduzindo-o ao ponto dele tornar-se
imperceptível externamente, contudo, ele ainda existia e era a causa da
permanência pulsante do estado, ou seja, em pequenas proporções já pude
experimentar o comentário que o Serge fez.)