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UFRPE

DEPARTAMENTO​ ​DE​ ​LETRAS


LITERATURA​ ​DE​ ​AUTORIA​ ​FEMININA/2017.2
THYAGO​ ​ARANTE​ ​PESSÔA
RESENHA
BUTLER, Judith P. Sujeitos do sexo/gênero/desejo; 1. “MULHERES COMO SUJEITO
DO FEMINISMO”; ​in​: Problemas de Gênero: feminismo e subversão da
identidade/Judith Butler; tradução, Renato Aguiar.- Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira,​ ​2003.

O texto de Judith Butler aqui analisado constitui-se como parte de um importante


trabalho sobre a identidade de gênero na contemporaneidade. Trata-se do livro
“Problemas de Gênero”, onde a autora propõe um debate acerca dos conceitos sobre
mulher e os caminhos tomados pelo feminismo nas discussões elaboradas sobre o
tema no último século. Trataremos aqui do primeiro tópico do capítulo 1, onde é
possível perceber uma preocupação acerca dos trâmites jurídicos nos campos
linguísticos e políticos acerca do conceito de “MULHER” e as representações desse
sujeito​ ​frente​ ​a​ ​sociedade​ ​patriarcal.
A autora inicia o tópico situando suas propostas de modo a esclarecer as
correntes filosóficas com as quais estabelece relação de pensamento, a partir de
citações de importantes teóricos que se debruçaram sobre o assunto. Ainda na página
17, Butler propõe a existência duma ideia de mulher como essência do feminismo, o
que posteriormente levará as correntes feministas a buscarem uma linguagem
adequada para tratar da questão da representação política da categoria. Na página 18,
a autora traz um pequeno, mas detalhado panorama, acerca da problemática que
envolve a concordância do que viria constituir a categoria das mulheres. Ainda na
mesma página traz à luz da discussão o pensamento foucaultiano sobre os sistemas
jurídicos​ ​de​ ​poder​ ​e​ ​sua​ ​relação​ ​com​ ​os​ ​sujeitos.
Sobre essa relação: poder jurídico/sujeito, a autora propõe, de maneira
esclarecedora, a ideia de que os poderes de representação criam os sujeitos a quem
dizem representar, numa dialética que fortalece as relações de dominação. Na página
20, a autora cita a necessidade de superação da ideia de identidade comum
pré-concebida e sustentadora duma categoria totalizante de mulheres. Um pouco mais
adiante faz uma reflexão sobre as noções de gênero em diferentes contextos. Na
página 21, a autora fala sobre uma espécie de universalidade categórica ou fictícia da
estrutura de dominação e atenta para suas especificidades. Ainda na mesma página,
enumera uma série de perguntas pertinentes à problemática na questão da
identificação​ ​do​ ​que​ ​seria​ ​o​ ​“traço​ ​comum​ ​entre​ ​as​ ​mulheres”.
Na página 22, Butler coloca que as estruturas jurídicas, tanto no campo
linguístico, quanto no campo político, são os atuais espaços de afirmação do poder,
dizendo ainda que fora dele não há meio de opinião. Na página 23, a autora chama
atenção para a necessidade de uma política feminista que se constitua a partir de uma
noção variável da identidade de gênero, já que não é possível estabelecer parâmetros
precisos do que viria a definir seus “limites”. A discussão sobre a necessidade de uma
noção subjetiva na ideia de gênero é trabalhada pela autora até o encerramento do
tópico, finalizando o trecho mencionando a importância de se identificar que o conceito
do que viria a se caracterizar como mulher não é presumível e incita os movimentos
feministas​ ​sobre​ ​uma​ ​espécie​ ​de​ ​volatilidade​ ​das​ ​noções.
A partir dos pontos mencionados acima, é possível observar que o texto de
Judith Butler, considerando o pequeno trecho que fora analisado aqui, é de grande
relevância para os estudos sobre a identidade de gênero e os conceitos trabalhados
nas discussões sobre essa temática. Visando o estudo de literatura, o texto assume um
caráter de importância considerável para as propostas que despontam hoje nos meios
acadêmicos​ ​e​ ​filosóficos,​ ​constituindo-se​ ​como​ ​forte​ ​referencial​ ​para​ ​essas​ ​pesquisas.

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