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– O Senhor espera que saibamos dar-lhe graças, pois os dons que recebemos diariamente são
incontáveis.
Toda a nossa vida deve ser uma contínua acção de graças. Recordemo-nos
com frequência dos dons naturais e das graças que o Senhor nos dá, e não
percamos a alegria quando percebemos que nos falta alguma coisa, porque
mesmo isso que nos falta é, possivelmente, uma preparação para recebermos
um dom mais alto. Lembrai-vos das maravilhas que Ele fez9, exorta o salmista.
O samaritano, através do seu mal, pôde conhecer Jesus Cristo, e por ser
agradecido conquistou a sua amizade e o incomparável dom da fé: Levanta-te
e vai; a tua fé te salvou. Os nove leprosos mal agradecidos ficaram sem a
melhor parte que o Senhor lhes tinha reservado. Porque – como ensina São
Bernardo – “a quem humildemente se reconhece obrigado e agradecido pelos
benefícios, com razão lhe são prometidos muitos mais. Pois quem se mostra
fiel no pouco, com justo direito será constituído sobre o muito, assim como,
pelo contrário, se torna indigno de novos favores quem é ingrato em relação
aos que antes recebeu”10.
Muitos favores do Senhor nos chegam através das pessoas com quem
convivemos diariamente, e por isso, nesses casos, o agradecimento a Deus
deve passar por essas pessoas que tanto nos ajudam para que a vida nos seja
menos dura, a terra mais grata e o Céu mais próximo. Ao agradecer-lhes,
agradecemos a Deus, que se torna presente nos nossos irmãos, os homens.
O Senhor sente-se feliz quando nos vê agradecidos com todos aqueles que
nos favorecem diariamente de mil maneiras. Para isso, é necessário que nos
detenhamos um pouco, que digamos simplesmente “obrigado”, com um gesto
amável que compensa a brevidade da palavra... É bem possível que aqueles
nove leprosos curados bendissessem o Senhor no seu coração..., mas não
retornaram, como fez o samaritano, para encontrar-se com Jesus que os
esperava.
Não existe um só dia em que Deus não nos conceda alguma graça particular
e extraordinária. Não deixemos passar o exame de consciência de cada noite
sem dizer ao Senhor: “Obrigado, Senhor, por tudo”. Não deixemos passar um
só dia sem pedir abundantes bênçãos do Senhor para aqueles que, conhecidos
ou não, procuraram fazer-nos algum bem. A oração é também um meio eficaz
de agradecer: Dou-te graças, meu Deus, pelos bons propósitos, afectos e
inspirações que me comunicaste...
(1) 2 Re 5, 14-17; (2) Lc 17, 11-19; (3) cfr. Lev 13, 45; (4) cfr. 2 Re 17, 24 e segs.; Jo 4, 9; (5)
cfr. Lev 14, 2; (6) Santo Agostinho, Epístola 72; (7) cfr. São João Crisóstomo, Homilias sobre
São Mateus, 25, 4; (8) Santo Agostinho, Sermão 176, 6; (9) Sl 104, 5; (10) São
Bernardo, Comentário ao Salmo 50, 4, 1; (11) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 894; (12) Sl
97, 1-4; Salmo responsorial da Missa do vigésimo oitavo domingo do Tempo Comum, ciclo C;
(13) São Bernardo, Homilia para o Domingo VI depois de Pentecostes, 25, 4; (14) Georges
Chevrot, “Pero Yo os digo...”, Rialp, Madrid, 1981, págs. 117-118.