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SUMÁRIO

1. FUNDAMENTOS ESSENCIAIS DA SAÚDE ........................................................ 4


1.1. O cuidado e o cuidador ................................................................................ 4
1.2. Fundamentos em saúde ............................................................................... 4
1.3. Conceitos de saúde na sociedade............................................................... 6
1.4. Concepções causais do processo de saúde/doença............................... 10
1.5. Noções de legislação aplicada à saúde .................................................... 13
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 15
2. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL ......................................... 17
2.1. Fases do desenvolvimento infantil............................................................ 18
2.1.1. Sensório-motor (Recém-Nascido, Lactente e Toddler) ............................... 19
2.1.2. Período Pré-operatório (dois a sete anos) – (Pré-escolar) ...................... 21
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 24
3. JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS ............................................................... 26
3.1. Técnicas recreativas adequadas às faixas etárias (0 – 7 anos) .............. 27
3.1.1. Jogos e brincadeiras ........................................................................................ 27
3.1.2. Sugestões de jogos e brincadeiras ............................................................... 27
3.1.3. Contação de histórias ...................................................................................... 34
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 36
4. CONHECIMENTOS E TÉCNICAS DE TRABALHO DO CUIDADOR INFANTIL . 38
4.1. Noções de anatomia e fisiologia infantil ................................................... 38
4.1.1. Conceito de Anatomia e Fisiologia ................................................................ 38
4.1.2. Níveis de organização estrutural do corpo humano ................................... 38
4.1.3. Divisão do Corpo Humano .............................................................................. 39
4.2. Noções de nutrição e dietética infantil ...................................................... 39
4.2.1. Alimentação ....................................................................................................... 39
4.2.2. Conceitos ........................................................................................................... 41
4.2.3. Aspectos Sócio-econômicos da Alimentação .............................................. 41
4.2.4. Classificação dos Alimentos ........................................................................... 42
4.3. Alimentação no primeiro ano de vida ....................................................... 45
4.3.1. Aleitamento materno ........................................................................................ 45
4.3.2. Vantagens do aleitamento materno............................................................... 45
4.3.3. O desmame ....................................................................................................... 46
4.3.4. Alimentação artificial ........................................................................................ 47
4.3.5. Métodos de administração de mamadeiras ................................................. 48
4.4. Alimentação no período de 12-36 meses de idade................................... 49
4.5. Alimentação do pré-escolar ....................................................................... 49
4.6. Alimentação do escolar ............................................................................. 49
4.7. Problemas na alimentação infantil ............................................................ 50
4.7.1. Alergias nutricionais ......................................................................................... 50
4.7.2. Distúrbios nutricionais ..................................................................................... 50
4.7.3. Cólicas abdominais .......................................................................................... 51
4.7.4. Diarreia e constipação .................................................................................... 51
4.7.5. Gases ................................................................................................................. 51
4.7.6. Regurgitação ..................................................................................................... 51
4.8. Processo de crescimento infantil .............................................................. 52
4.8.1. Fatores que influenciam o crescimento ........................................................ 53
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
4.9. Parâmetros utilizados para acompanhar o crescimento infantil............. 54
4.9.1. Método de pesagem......................................................................................... 55
4.10. Princípios de higiene, profilaxia e biossegurança ................................... 55
4.10.1. Noções de Higiene ....................................................................................... 56
4.10.2. Normas universais de Biossegurança....................................................... 57
4.10.3. Importância da higiene na saúde da criança ........................................... 57
4.10.4. Cuidados durante a higiene da criança .................................................... 57
4.11. Principais problemas relacionados à pele e higiene................................ 60
4.11.1. Assadura ........................................................................................................ 60
4.11.2. Escabiose ...................................................................................................... 60
4.11.3. Pediculose....................................................................................................... 61
4.11.4. Impetigo ......................................................................................................... 61
4.11.5. Furúnculos ...................................................................................................... 61
4.11.6. Brotoeja .......................................................................................................... 61
4.12. Processo saúde-doença ............................................................................ 62
4.12.1. Microbiologia ................................................................................................. 62
4.12.2. Patologias comuns na infância ................................................................... 63
4.13. Infecções respiratórias agudas ................................................................. 66
4.13.1. Avaliação da criança com infecção respiratória aguda .......................... 67
4.14. Verminoses ................................................................................................. 70
4.14.1. Ascaridíase .................................................................................................... 71
4.14.2. Oxiurose ......................................................................................................... 72
4.14.3. Tricocéfalo (trícuro) ..................................................................................... 73
4.14.4. Ancilostomíase .............................................................................................. 73
4.14.5. Esquistossomose.......................................................................................... 73
4.14.6. Giardíase........................................................................................................ 74
4.14.7. Amebíase ....................................................................................................... 74
4.14.8. Teníase .......................................................................................................... 75
4.15. Imunização .................................................................................................. 75
4.15.1. Esquema básico de vacinação................................................................... 76
4.16. Necessidades da criança ........................................................................... 78
4.16.1. Repouso e sono ............................................................................................ 79
4.16.2. Eliminação ..................................................................................................... 80
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 81

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
1. FUNDAMENTOS ESSENCIAIS DA SAÚDE

1.1. O cuidado e o cuidador

Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se


mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitação. Percebendo isso, o cuidador
tem condições de prestar o cuidado de forma individualizada, a partir de suas
ideias, conhecimentos e criatividade, levando em consideração as
particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada. Esse cuidado deve ir
além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento físico
decorrente de uma doença ou limitação, há que se levar em conta as questões
emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa a ser
cuidada.
Cuidador é um profissional de qualidades especiais, expressas pelo
forte traço de amor à humanidade, de solidariedade e de doação. A ocupação
de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o
código 5162, que define o cuidador como alguém que “cuida a partir dos
objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos,
zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação,
cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”. É a pessoa, da família ou da
comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de qualquer idade, que esteja
necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou
mentais, com ou sem remuneração.
Nesta perspectiva mais ampla do cuidado, o papel do cuidador
ultrapassa o simples acompanhamento das atividades diárias dos indivíduos,
sejam eles saudáveis, enfermos e/ou acamados, em situação de risco ou
fragilidade, seja nos domicílios e/ou em qualquer tipo de instituições na qual
necessite de atenção ou cuidado diário.
O cuidador infantil tem a função de acompanhar o desenvolvimento
global de crianças de 0 a 7 anos, observando as suas necessidades
particulares e realizando as seguintes atividades:
• Observar e compreender a dinâmica da criança e do contexto
sociofamiliar, entendendo sua função e o papel de cada indivíduo
envolvido para atuar de forma adequada a cada situação;
• Intermediar a relação entre a mãe e a criança, comunicando-se
adequadamente com ambas, mostrando interesse e disponibilidade e
ajudando nas rotinas diárias, a fim de dar à mãe o suporte esperado;
• Facilitar as relações da criança com o grupo e com o ambiente,
atendendo às necessidades coletivas e singulares para permitir o pleno
desenvolvimento individual;
• Dar andamento às rotinas diárias, utilizando-se de práticas apropriadas
visando à saúde e o bem-estar da criança.

1.2. Fundamentos em saúde

O profissional de saúde e o mercado de trabalho: importância e


responsabilidade

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
A área de Saúde ocupa-se da produção de cuidados integrais de saúde
no âmbito público e privado do sistema de serviços, por meio de ações de apoio
ao diagnóstico, educação para a saúde, proteção e prevenção, recuperação e
reabilitação e gestão em saúde, desempenhadas por profissionais das diferentes
subáreas que a compõem. Outro compromisso da área é a interlocução,
interação e pactuação com outros setores da economia e da sociedade que têm
relevância no estado de saúde da população, e que influenciam na organização
dos respectivos serviços. Depreende-se disso que as ações da área possuem um
enfoque setorial e outro Intersetorial.
No Brasil, há uma consciência crescente no âmbito do governo e da
sociedade de que se faz necessária uma mudança do modelo assistencial
predominante e uma reordenação do sistema de saúde com vistas à
efetividade, à qualidade e à racionalização dos custos.
A ideia da saúde como condição de cidadania que assegura mais
e melhores anos à vida, aponta para certas especificidades dos
trabalhadores de saúde: c o m o o compromisso desses agentes com uma
concepção ampliada de saúde que transcenda uma visão setorial e
diversifique tendencialmente, os seus campos de prática.
O reconhecimento da integralidade como um princípio ou diretriz
que contemple as dimensões biológicas, psicológicas e sociais do
processo saúde-doença mediante a promoção, proteção, recuperação e
reabilitação, visando à integralidade do ser humano, deve ser difundido como
uma nova cultura da saúde na educação profissional.
Sob esta perspectiva a nova visão de qualidade em saúde inclui
a humanização do cuidado na perspectiva do cliente/paciente. De acordo com
o princípio da autonomia do cliente/paciente para assumir sua própria saúde, a
humanização envolve um conjunto de “amenidades” de trato e de possibilidades
de escolhas em que se incluem os aspectos éticos. Trata-se de interagir com o
cliente/paciente para ver o que melhor lhe satisfaz.
Essa concepção inclui a organização do trabalho, a tecnologia,
entendida no seu sentido amplo, e não apenas material; o processo de trabalho;
a equipe e a integralidade do cuidado procura ver o cliente/paciente como um
todo, resolvendo os seus problemas de forma integral pela equipe de saúde na
qual se insere o profissional de nível técnico.
Para atender às atuais exigências e preparar-se para o futuro, o
trabalhador precisa ser capaz de identificar situações novas, de auto
organizar-se, de tomar decisões, de interferir no processo de trabalho, de
trabalhar em equipe multiprofissional e, finalmente, de resolver
problemas que mudam constantemente.
Temos ainda as questões éticas que devem permear o trabalho
humano em qualquer atividade e que adquirem uma conotação peculiar e
especial quando voltadas ao fazer do profissional de Saúde. É fundamental que
esse profissional coloque, prioritariamente, em suas ações, a ciência, a
tecnologia e a ética a serviço da vida. A ética a serviço da vida diz respeito ao
comprometimento com a vida humana em qualquer condição,
independentemente da fase do ciclo vital, do gênero a que pertença ou do
posicionamento do cliente/paciente na pirâmide social.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
1.3. Conceitos de saúde na sociedade

Hoje existem dois conceitos de saúde. Um que considera a saúde


como ausência da doença e outro que a considera igual à qualidade de vida.
Este, portanto, está relacionado com moradia, trabalho, alimentação, lazer,
relações sociais etc.
A forma como as pessoas concebem a saúde (conceito de
saúde) não é algo pronto e ocasional, mas é construído historicamente e
permeado por determinada ideologia.
Histórico, pois seu significado modificou-se em conformidade com os
períodos históricos sofrendo influência do contexto e das experiências de cada
sociedade. Ideológico, porque na construção da compreensão desse conceito
está contida uma concepção de homem, de sociedade, de organização da
economia e da política. Demonstraremos, embora muito rapidamente, como nos
diversos momentos históricos se construíram conceitos de saúde e modelos de
atenção motivados pelo contexto do momento que, ao mesmo tempo, contemplava
uma compreensão ideológica.

Saúde na Sociedade Feudal (séc. V - XV)

A sociedade feudal foi marcadamente teocêntrica, tendo em Deus


a explicação de todas as coisas. Por meio de Deus se justificava a ordem
social, principalmente a exploração dos senhores (donos das terras) sobre os
servos (trabalhadores). Dentro desse contexto, o conceito de saúde que se
estabelece é de que ela é BÊNÇÃO DE DEUS.
A morte para os servos era sinônimo de ir para o céu, pois a sua
pobreza e miséria eram justificadas e compensadas com a promessa de
receber em troca o céu. Surgem, nesse contexto social de justificativas para
exploração, processos de resistência. Uma delas foram as BRUXAS que
eram perseguidas e queimadas vivas nas fogueiras em praças públicas
pelos tribunais da Inquisição, porque faziam um processo de resistência ao
teocentrismo e à dominação feudal. As bruxas praticavam a medicina através
de rituais (não reconhecidos pela igreja) e da utilização de chás, o que lhes
permitia questionar o poder da igreja e o pensamento de que a saúde e a
morte eram determinações divinas, pensamento esse hegemônico na época.
A forma como as pessoas concebem a saúde (conceito de saúde)
não é algo pronto e ocasional, mas construído historicamente e permeado por
determinada ideologia. Note como, na Idade Média, a saúde era pauta para
fazer a disputa de projeto político. Não existia política pública para a saúde e o
modelo de atenção era a caridade ao doente. Os doentes eram considerados
um castigo de Deus (fruto dos pecados da sociedade) que deveriam ser
escondidos ou afastados. Com isso surgem as práticas diferentes: as bruxas
que são perseguidas por representar uma contestação.

Saúde na Idade Moderna (séc. XV – XVIII)

Nesse período, a economia pelo comércio (mercantilismo)


predominava. O poder político estava com os reis. As metrópoles (Portugal)
buscavam as colônias (Brasil). Para ir em busca dessas colônias, dominá-
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
las e explorá-las, precisava do aumento populacional. Ao mesmo tempo,
vínhamos de um contexto de baixa densidade demográfica devido aos
problemas sofridos no século XIV e XV. Nesse contexto, o escravo valia
dinheiro, pois era necessária grande quantidade de mão-de-obra. O aumento
populacional, na época, significava poder econômico para os reis.
O objetivo era, então, evitar epidemias, pois as pessoas não
podiam morrer, porque seu trabalho era necessário para “desenvolver” a
economia.
Para manter as pessoas vivas e haver um crescimento
populacional também era preciso dar atenção às condições de higiene.
Começa-se exigir do Estado a política da saúde, ou seja, exigir a intervenção
para se garantir crescimento populacional.
Embora não seja objetivo analisar as políticas de saúde adotadas
em cada período, é importante, a título de ilustração, transcrever a justificativa
de um médico da época para convencer o rei investir na saúde:
Suponhamos que nos domínios do Rei existam 9 milhões de
pessoas, das quais 360 morram a cada ano, e das quais nasçam 440 mil. E
suponhamos que, pelo avanço da arte da medicina, morra uma quarta parte a
menos. Então, o Rei ganhará e poupará 200 mil súditos por ano que, avaliados
em 20 libras por cabeça, o mais baixo preço de escravos, significará 4 milhões
de lucros para a coroa.
Esse trecho traduz claramente qual era a compreensão de saúde
do período mercantilista, bem como a concepção ideológica contida ali. Os
seres humanos, que não compunham a nobreza, eram considerados
mercado- rias. Por isso ter saúde era considerado estar vivo, aumentar a
população para atender as necessidades econômicas da época.

Saúde na Revolução Industrial

O desenvolvimento industrial traz consigo um conjunto de


transformações econômicas e sociais. Diversos teóricos, até hoje, se ocupam
da discussão e divergem sobre os benefícios e os prejuízos sociais trazidos
pela industrialização. Sem pretensão de entrar nesse debate é importante
frisar que a Revolução Industrial trouxe novos problemas sociais, entre eles
destacam-se: necessidade de maior quantidade de mão-de-obra, divisão do
trabalho, urbanização, consolidação do assalariado (venda da força de
trabalho) e, portanto, de uma nova forma de exploração.
A característica central da Revolução Industrial é a mecanização da
produção, acompanhada da urbanização forçada pelas indústrias. As pessoas
tinham que viver perto das fábricas para que o custo da produção baixasse.
Na Europa, acontecerão os cercamentos para criar ovelhas que produziriam
matéria-prima. Isso exigiu que as pessoas saíssem de suas propriedades.
Surge a lei dos pobres da Inglaterra que vai punir os andarilhos. Com isso
todos iam para as cidades.

• O conceito de saúde passa a ser ter condições de trabalhar nas fábricas.


Começa a discussão do saneamento e se cria, pela primeira vez, o conceito
de que o pobre deve ter assistência para se tornar mão-de-obra. A atenção,
nesse período, é diferenciada para os operários e para os indigentes.
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Especial para os operários, pois deles dependia a mão-de-obra das fábricas. A
atenção com os indigentes é apenas para não alastrar epidemias.
• Conceito Clássico de Saúde (Pensamento Liberal). Nesse contexto histórico,
da Revolução Industrial, surgem os pensadores clássicos que fazem uma
análise da situação socioeconômica, embora não abordem diretamente a
problemática da saúde. Essas formulações permitem identificar diferentes
posições entre os Liberais e os Socialistas.
Os liberais não trabalham especificamente o conceito de saúde e
quando se referem a ela, atribuem um viés econômico. A maior preocupação
era garantir, através de um rendimento mínimo, a sobrevivência da força de
trabalho.
Um dos grandes teóricos do liberalismo foi Adam Smith que discutiu
o conceito de Estado. Para ele, o Estado não deveria interferir na economia.
Nessa lógica, o Estado também não deveria discutir saúde enquanto política
pública. Vai dizer que a saúde é uma questão de responsabilidade da
sociedade. Portanto, a saúde é caridade. Isso terá um peso muito grande na
resistência ao industrialismo. Não se tinha nenhuma garantia de assistência
quando o operário se machucasse na fábrica. Surge a fraternidade entre os
empregados. As condições precárias de trabalho vão ser a base para a
organização do movimento operário que passa a reivindicar melhores
condições de trabalho e maiores salários. São esses movimentos que
garantem as primeiras leis trabalhistas.
Outro pensador liberal que vai se ocupar da saúde é Malthus. Dentro
da mesma lógica de considerar o ser humano uma mercadoria e analisá-lo
apenas pelo viés econômico, preocupou-se com o crescimento da natalidade,
uma vez que, pela sua análise, o crescimento populacional era superior ao
crescimento econômico. Pois, conforme David Ricardo, a população em boas
condições de vida se reproduzirá demasiadamente o que, certamente, será um
problema. Para Malthus, a produção cresceria de forma aritmétrica
(2+2=4+2=6+2=8) e a população cresceria de forma Geométrica
(2x2=4x2=8x2=16).
Para resolver esse problema, Malthus aborda, como política de saúde, a
necessidade do controle de natalidade efetivado, dentre outras formas, pelo
estabelecimento de um salário apenas suficiente para a sobrevivência uma vez
que quanto maior os obstáculos, menor seria a natalidade.
Marx, nesse mesmo período, é o primeiro teórico que aborda a
temática da saúde dentro de uma perspectiva mais ampla, apontado que a
saúde é fruto de diversos fatores, inclusive das condições de trabalho, de
moradia, de alimentação etc. Nessa perspectiva, aponta que o Estado deveria
garantir condições de trabalho que não explorassem e, ao mesmo tempo,
garantir o tratamento da doença. Na análise do capitalismo e proposição do
socialismo desenvolvidas por Marx com o objetivo de demonstrar os problemas do
capitalismo e propor uma alternativa ao sistema socioeconômico do século XIX,
o Estado assume papel fundamental para o desenvolvimento da sociedade.
Max não via a saúde como questão social, pois para ele a saúde
estava ligada à estrutura econômica. Para e l e , as condições de trabalho são
importantes para a saúde. No capitalismo, o trabalhador nunca teria saúde, pois
sempre seria explorado. Suas condições de moradia, de alimentação e de trabalho
sempre seriam determinadas pelo desejo de lucro do patrão. Portanto, salário é
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
sinônimo de má-saúde, porque o salário já é sinônimo de exploração. Ou seja,
por meio dele o trabalhador recebe apenas uma parte (e não todo o fruto de seu
trabalho) deixando mais-valia (lucro) para o seu patrão. Com isso o trabalhador não
consegue suprir suas necessidades de sobrevivência.
Podemos perceber que no século XIX surgem dois conceitos de
saúde bem diferentes que expressam concepções de mundo desiguais, isto é,
são ideologicamente diferentes.

Conceito Neoclássico

No pós segunda guerra mundial (1939-45), surgiu a g uerra fria.


Uma disputa entre os EUA, representando capitalismo, e a URSS, o socialismo.
Os EUA surgem como a grande potência capitalista e passam a influenciar na
reconstrução da Europa destruída pela guerra e, ao mesmo tempo, espalhar pelo
mundo a sua concepção de saúde entendida como um negócio que visa ao lucro.
Acontece o avanço tecnológico. No campo, o emprego da tecnologia
vai provocar a revolução verde. A tecnologia vai ser empregada no campo da
saúde. Isso vai representar a revolução industrial da saúde. O investimento em
saúde proporcionava desenvolvimento. Dava lucro direto (emprego na
construção de hospitais) e indireto (materiais de construção e indústria
farmacêutica).
Nesse processo entende-se a produtividade da doença. Os
médicos ganham por atendimento que fazem, ganham por produtividade. A
indústria farmacêutica se desenvolve e toma conta. Portanto, motivada pelo
processo da industrialização, a lógica capitalista industrial abarcou o
sistema de saúde. Defende a modernização da saúde (hospitais,
equipamentos etc.) e um grande investimento do Estado na saúde privada,
pois entendia que isso geraria desenvolvimento direto e indireto (construção
de hospitais e empregos no sistema de saúde). É esse conceito neoclássico de
saúde que vai nortear as políticas de saúde no Brasil nos anos 1940, 1950 e
depois durante a ditadura militar. Mas no período neoclássico, vamos ter o
desenvolvimento de um conceito de saúde antagônico daquele entendido
enquanto “ausência de doença”. Além de afirmar a saúde como qualidade de vida,
avança no sentido de entendê-la enquanto direito fundamental.
Terminada a segunda guerra m criou-se a ONU (Organização das
Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde). Em 1946, a OMS já
conceituava a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não apenas a ausência de doenças” (preâmbulo incorporado à
constituição da Organização Mundial da Saúde). Na década de 60, um autor
chamado René Dubos, num exercício de explicar o conceito de saúde adotado pela
OMS, dirá que “sob o ponto de vista médico, o homem é, geralmente, mais um
produto de seu ambiente do que de seus dotes genéticos. A saúde do povo é
determinada não por sua raça, mas por suas condições de vida. (...). Com efeito, os
fatores sociais são de importância tão óbvia como causa e controle de doenças
que muitos sociólogos, e até médicos, estão inclinados a acreditar que reformas
políticas e sociais são a maneira mais acertada de melhorar a saúde das
populações destituídas. Portanto, reafirma-se, de forma categórica, que não
podemos entender a saúde como “não estar doente”, mas como ter qualidade de
vida.
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Após o término da guerra, a saúde passa a ser entendida como
direito fundamental de todo ser humano. Está claro na Declaração Universal dos
Direitos Humanos, votada em 1948 pela ONU, que foi assinada p or vários países,
incluindo o Brasil: “todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar, a si e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação,
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, (...).
Nessa perspectiva, quando reconhecemos determinado direito, é preciso que
alguém tenha responsabilidade de garanti-lo. Essa responsabilidade cabe ao
Estado.
Portanto, todos os países que assinaram a declaração deveriam,
a partir daí, implementar políticas públicas capazes de efetivar o direito à
saúde para todos. Diferente da perspectiva de colocar a saúde na mão do
mercado minimizando o papel social do Estado, a lógica de entender a saúde
como direito fundamental maximiza o papel social do Estado. Essa
concepção vai estar presente de forma muito forte na construção do SUS no
Brasil.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição
Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao
atendimento público de saúde.
A Constituição Brasileira de 1988 preocupou-se com a cidadania do
povo brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais, tais como o direito à
educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer e à aprendizagem.
Em relação à saúde, a Constituição apresenta cinco artigos – os
de nº 196 a 200.
O artigo 196 diz que:

1. A saúde é direito de todos.


2. O direito à saúde deve ser garantido pelo Estado. Aqui, deve-se entender Estado
como Poder Público: governo federal, governos estaduais, o governo do Distrito
Federal e os governos municipais.
3. Esse direito deve ser garantido mediante políticas sociais e econômicas com
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção,
proteção e recuperação e para reduzir o risco de doença e de outros agravos.

1.4. Concepções causais do processo de saúde/doença

O processo saúde-doença, representa o conjunto de relações


e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde e doença de uma
população, e que ele se modifica nos diversos momentos históricos e do
desenvolvimento científico da humanidade. E os modelos explicativos do
processo de saúde, doença e cuidado são determinados socialmente,
variando também conforme os tempos, os lugares e as culturas e,
contribuíram na formulação de políticas de promoção da saúde, com o
objetivo de promover a vida de boa qualidade, para as pessoas
individualmente e para as suas comunidades no território.
Eis os modelos explicativos, vamos nos reportar aos modelos para
apontar diferentes concepções que se complementam, buscando indicar, as
vantagens e as desvantagens explicativas referentes a cada um deles. De
qualquer forma, esse panorama vai ajudá-lo a entender proximidades e
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
disparidades com as concepções de saúde, doença e cuidado da atualidade.

Modelo Definição Vantagem Desvantagem


Trata a saúde, a doença e o A simplicidade das A visão da
cuidado através de elementos causas religião como
Mágico- naturais como os espíritos das possíveis ponto de partida
Religioso sobrenaturais doenças para a
ou compreensão do
Xamanístic mundo e de
o como organizar o
cuidado
Trata a doença e a saúde Usar o meio ambiente A dificuldade de
como desequilíbrio/equilíbrio como fator que intervir no meio
Holístico entre os elementos e humores influencia o processo ambiente
que compõem o organismo saúde-doença
humano
Trata a saúde e a doença É a busca de É a dificuldade da
Empírico-
através do equilíbrio dos explicações não compreensão dos
Racional
humores sobrenaturais para o desequilíbrios
ou
processo saúde-
Hipocrático
doença
Predominante na atualidade A praticidade dos A fragmentação
que foca-se na explicação da conceitos, pois são do modelo onde o
doença como um desgaste nos objetivos e pontuais, homem é visto
mecanismos de adaptação do aceitando-se verdade como corpo
Medicina
organismo, reduzindo a saúde somente quando se máquina; o médico
Científica
a um fundamento mecânico e pode identificá-la como mecânico; a
Ocidental
no cuidado do controle do como tal. Destaca-se doença é o defeito
(Biomédico
espaço social. também a da maquina.
)
incorporação das
situações ambientais
como fatores que
implicam as doenças.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
É um conjunto de elementos de Visto no conceito de Exigência de um
tal forma saúde sistema
relacionados, que uma mudança de uma forma mais de saúde complexo
no estado dos demais dos complexa exigindo que apesar de ser
elementos. Esses elementos são um sistema de saúde correto é
fatores políticos e que contemple um de difícil colocação
socioeconômicos, fatores conjunto de ações e em prática.
culturais, fatores ambientais e serviços de saúde
Sistêmico agentes patogênicos. capaz de identificar
as interações dos
determinantes da
produção e
reprodução das
doenças e de atuar
de forma efetiva no
enfrentamento
destes.
É o conjunto de processos O modelo de HND Não há
interativos compreendendo as representa um desvantagem
inter-relações do agente, do grande avanço em propriamente dita
suscetível e do meio ambiente relação ao modelo este modelo, mas
que afetam o processo global e biomédico clássico, somente muito
seu desenvolvimento. A História na medida em que esforço para sua
Natural das Doenças define duas reconhece que operacionalizaçã
dimensões da causalidade, a saúde- doença o.
primeira, epidemiológica, é a da implica um processo
determinação do aparecimento de múltiplas e
das doenças, e a segunda, complexas
fisiopatológica, trata da evolução determinações.
História
das mesmas. Os fatores
Natural das
associados são organizados em
Doenças
redes de causalidade,
(Processua
constituindo-se em modelos
l)
ecológicos. Ocorre uma redução
das condições sociais em
atributos naturais dos indivíduos
e/ou do ambiente, ou seja, uma
naturalização do social. E, a partir
do estabelecimento de condutas
em geral, se estabelece a
neutralidade técnica da medicina
e da prática médica nas suas
intervenções sobre o processo
saúde e doença nos indivíduos e
populações.

12
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
1.5. Noções de legislação aplicada à saúde

Após o regime ditatorial surgiu um período marcado pela abertura


política, cenário este onde se deu o movimento pela reforma sanitária. Esse
cenário propiciou toda a reestruturação político- institucional, culminando com
a consolidação do Sistema Único de Saúde.
A reformulação do sistema de saúde se deu pela desigualdade no
acesso aos serviços de saúde; multiplicidade e descoordenação entre as
instituições atuantes no setor; desorganização dos recursos empregados nas
ações de saúde curativas e preventivas; baixa resolutividade e produtividade
dos recursos existentes e falta de integralidade da atenção; escassez de
recursos financeiros; gestão centralizada e pouco participativa. Todos esses
fatores motivaram a IV Conferência Nacional de Saúde, com o objetivo de
propiciar a articulação do governo federal com os governos estaduais,
dotando-o de informações para a formulação de políticas, para a concessão
de subvenções e auxílios financeiros.
Os principais marcos legais e normativos para a conformação do
SUS, ressaltando a abrangência e a profundidade das mudanças propostas,
foram a Constituição Federal de 1988 e as Leis Orgânicas da Saúde, de 1990.
Os princípios e diretrizes do SUS foram estabelecidos pela Lei Orgânica n. 8080
de 1990: universalização do direito à saúde; descentralização com direção
única para o sistema; integralidade da atenção à saúde; participação popular
visando ao controle social.
A Lei Complementar à Lei Orgânica – Lei 8142, também de 1990,
definiu ainda as regras gerais para a participação popular e financiamento.
Com base nesses conhecimentos viu-se a importância dada à
descentralização em decorrência da redistribuição das responsabilidades
quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo
(união, estados, distrito federal e municípios), partindo do pressuposto de que
quanto mais perto o gestor estiver dos problemas de uma comunidade, mais
chance terá de acertar na resolução dos mesmos. Essa autonomia dada
aos municípios, especialmente, pode tornar-se complicada se os mesmos
não cumprirem com suas obrigações, pois assim se deixa o usuário sem a
prestação do serviço de forma adequada. Então todo o cuidado especial deve
se dá a descentralização, para que um avanço não se torne um retrocesso,
necessitando de intervenções estaduais e da união. Considerou-se ainda a
integralidade da atenção à saúde como um avanço no sentido de prestar
assistência de forma completa ao usuário e não de forma fragmentada e
pontual, tratando o indivíduo como um ser completo, participativo no
processo saúde-doença e capaz de promover saúde. Entendeu-se ainda que
deve-se reconhecer a comunidade dentro da realidade de saúde que
apresenta, entendida em sua integralidade, promovendo saúde com ênfase
na atenção básica, sem menosprezar os demais níveis de assistência.
Um grande avanço deu-se com a participação popular visando o controle
social, participando dos processos de formulação de políticas e de
controle de sua execução, fortalecendo a democratização do poder local,
com o aumento da influência da população na definição de políticas sociais.
Mesmo diante desses avanços ainda temos alguns desafios a
enfrentar para garantir saúde de qualidade aos nossos usuários. A humanização
13
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
do atendimento requer uma atenção especial para contribuir nesse processo,
onde ações de educação permanente com capacitações no tema devem estar
presentes no plano de saúde do município. Deve-se ainda atentar para a adequação
do perfil profissional ao nível de serviço no qual está inserido, fazendo com que o
mesmo possa contribuir efetivamente para o sistema de saúde. Outra dificuldade
com a qual nos deparamos é a dificuldade de se trabalhar dentro da
territorialização com a plenitude das equipes de saúde da família, acarretado
sobrecarga de atendimentos com prejuízo a qualidade da atenção. Para reverter
esse problema nos deparamos com o problema de financiamento, que pode ser
minimizado com a regulamentação da EC-29, além de se ter uma forma
adequada para o planejamento no uso desses recursos.

14
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
REFERÊNCIAS

ALMEIDA FILHO, N. Transdisciplinaridade e saúde coletiva. Ciência e


saúde coletiva. Salvador, v.11, n1-2, p.5-20, 1997.

ARY, Maria Cecília. Saúde e Ambiente Sustentável. RJ: Fiocruz, 2004.

RESENDE, A. l. M. DE. Saúde- dialética do pensar e do fazer. 2.ed. São


Paulo. Cortez,
1989.

TEIXEIRA, Pedro (org.). Biossegurança. RJ: Fiocruz, 2002.

SILVA, J. L. L. O processo saúde-doença e importância para a promoção


da saúde. Informe-se em promoção da saúde, n.2.p.03-05. 2006.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
CRESCIMENTO
E
DESENVOLVIMENTO
INFANTIL

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
2. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Atender as necessidades essenciais da criança é uma das formas de


garantir o seu crescimento e desenvolvimento saudáveis. Dessa forma, saúde,
amor, segurança e presença de novas experiências e estímulos, têm papel
fundamental.
Nos seis primeiros anos de vida a criança descobre o mundo que a
rodeia, adquire as experiências básicas e elabora valores de referência.
Entretanto, é sabido que, um número crescente de crianças vive em condições
sanitárias, culturais e sociais deficientes, o que tende a afetar seu
desenvolvimento, já que as oportunidades de recreação e estímulo são poucas,
constituindo um grave impedimento para se alcançar suas potencialidades físicas,
psicológicas e espirituais.
Pais, educadores, atendentes de creches e todos que direta ou
indiretamente cuidam da criança devem trabalhar para que ela tenha saúde e
desenvolva-se integralmente.
Nesta unidade abordaremos algumas informações básicas sobre:
crescimento e desenvolvimento; fatores que influenciam o crescimento e
desenvolvimento; parâmetros utilizados para acompanhar o crescimento e
desenvolvimento infantil, enfim os fundamentos para atuação do cuidador
infantil.
Ao nascer, a criança não tem a percepção de todas as coisas que estão ao
seu redor. Ela inicia sua relação com o mundo por meio de reflexos básicos.
Executa o s u g a r , o movimento da língua, o engolir e o pegar. Utiliza seus
sentidos vendo, ouvindo, provando, tocando, cheirando. Dessa forma vai
gradualmente apropriando-se do mundo a sua volta.
O desenvolvimento da linguagem inicia-se com o nascimento, com o
primeiro choro. É um ato reflexo, porém logo a criança aprende a usá-lo como
forma de expressão. A criança ao fazer barulho, consegue gratificar-se, ao
chorar consegue alimento, a tagarelice lhe proporciona aprovação dos outros. Isto
tudo fará com que ela aprenda que a linguagem é uma forma de interagir com o
meio ambiente e as pessoas.
Usar as mãos para explorar o mundo por meio dos atos de tocar,
pegar e alcançar ajuda a criança a descobrir como sentir as pessoas e as
coisas. Sente diferença entre um pano suave e um chocalho duro, uma
barba áspera e um pele l i s a e m a c i a . A s s i m , é necessário deixar à sua
disposição objetos coloridos e brincadeiras para que ela possa fazer várias
vezes. A criança goza e se beneficia com a repetição das ações dos demais.
À medida que cresce a c r i a n ç a vai necessitando de mais
experiências e de estímulos aprimorar o desenvolvimento dos seus sentidos.
Tem que escutar, olhar e tocar toda uma variedade de coisas. Recebendo a
necessária estimulação nos primeiros meses de vida, terá capacidade de
começar a desenvolver um grande leque de respostas. A visão se
desenvolverá através da ação de olhar, a audição, da capacidade de ouvir ou
de escutar, seus movimentos descontraídos da mão se convertem em atos de
pegar; inicia-se então o desenvolvimento de sua coordenação motora; olha
para ver o que faz ruído, volta-se para a direção de onde vem barulhos e a voz
das pessoas, etc.

17
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
2.1. Fases do desenvolvimento infantil

O conceito de desenvolvimento humano inclui todos os processos de


mudança ocorridos nas interações estabelecidas num determinado contexto,
levando em conta não somente os processos biológicos, mas também as
mudanças sóciohistóricas ao longo tempo.
Para entendermos melhor o desenvolvimento humano, é necessário
considerar os ciclos de vida como fenômenos intrínsecos aos ciclos familiares e
representados por estágios vivenciados pelos membros da família. Esses
estágios são definidos também pelos papéis assumidos entre esses membros
e pelas tarefas de desenvolvimento a serem cumpridas pelo grupo familiar. As
escolhas e as decisões tomadas pelos indivíduos na composição de sua
trajetória dependem tanto de fatores pessoais, quanto sociais, somados ainda
aos padrões socioculturais, que exercem grande influência.
Pelo fato de o indivíduo estar continuamente percebendo as
similaridades e diferenças entre ele e os outros, a forma como constrói a si
próprio está muito próximo à forma como ele constrói o outro, e vice-versa.
Os estudos específicos sobre o desenvolvimento infantil entendem o
comportamento do bebê e da criança como resultado da interação dos
seguintes aspectos: biológico, social, afetivo e cognitivo.
Desde a gravidez, a relação entre mãe e filho já compõe um espaço
essencial no desenvolvimento da criança e da sua personalidade. O apego e a
vinculação entre o bebê e os pais e, posteriormente, a construção dos laços
afetivos sólidos com a família extensa, propiciam a formação de um indivíduo
mais bem preparado para os desafios da vida.
Uma criança com autonomia e boa autoestima consegue refletir e
encontrar soluções utilizando suas competências e criatividade. Convém
destacar que esse processo vai se ampliando por meio das troca com o outro e
com o meio alicerçado pelo afeto que envolve essas trocas. Mas o seu primeiro
contato será sempre a família, sistema que fornece as bases para que o
desenvolvimento humano aconteça de forma equilibrada.
O mundo da imaginação, do concreto, das brincadeiras, dos símbolos,
do imaginário, da fantasia, da realidade, do corpo, do movimento, do som, das
sensações…Tudo isso faz parte do universo infantil e desempenha um papel
fundamental na construção da personalidade da criança. O nível de curiosidade
e espontaneidade de uma criança diz muito acerca da forma com que ela vê o
mundo e se coloca nele.
A partir do momento em que a criança trabalha junto com adultos e
pares num ambiente seguro e estável, ela dá um passo em relação à sua
autonomia e à sua autoconfiança. O espaço lúdico que apresenta desafios
sem, no entanto, criar pressão para a sua resolução, cria uma atmosfera
propícia para que ela se sinta à vontade para experienciar o mundo à sua volta
e encontrar o suporte para as suas necessidades.
Quando da espontaneidade infantil surgem soluções criativas,
alcançamos a possibilidade de fazer parte, ao lado da família, de uma
engrenagem maior em prol do crescimento de uma criança feliz.
Os primeiros anos de vida de uma criança são marcados por grandes
transformações e descobertas. Aos poucos, os pequenos começam a entender
o mundo em que vivem e aprendem a lidar consigo mesmos e com os outros.
18
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Para ajudar a compreender melhor o universo infantil, abordaremos cada
fase/estágio por idade cronológica.

2.1.1. Sensório-motor (Recém-Nascido, Lactente e Toddler)

É o período que vai do recém-nascido até os dois anos de idade da


criança, antes do surgimento da fala, sendo marcado pelo desenvolvimento
mental.
Nesta fase a criança explora o mundo através dos sentidos, isto é,
ela precisa tocar e provar os objetos. Nesse estágio as ações geralmente não
são intencionais, a aprendizagem ocorre "acidentalmente", por reflexos.
A inteligência é essencialmente prática, baseando-se em exercícios
de aparelhos reflexos: coordenações sensoriais e motoras de fundo hereditário,
que correspondem a tendências instintivas, como a nutrição.

Faixa Ações que realiza Comportamento Como se comunica


Etária

0 a 3 No primeiro mês, Desenvolve um Quando ouve a voz dos


meses reage perante tipo diferente de pais, o bebê vira a cabeça.
barulhos muito altos choro para cada Comunica-se através do
e pode se assustar problema que se choro e ruídos. Imita alguns
com barulho apresenta, como sons de vogal.
inesperado. por exemplo, o Nesta fase, é importante
Passa boa parte do constante e organizar a rotina do bebê,
tempo dormindo. agudo. tornando os horários das
Seu sistema visual é Com atividades fixos, como por
limitado, portanto só brincadeiras e exemplo, trocar a fralda
enxerga algum músicas o bebê depois da mamada ou dar
objeto ou alguém se fica agitado, banho todos os dias na
estiver bem próximo realizando mesma hora.
a ele. movimentos de É importante que a rotina
2º ao 3º mês, o pernas, braços, seja de forma
bebê já começa a sorri e dá razoavelmente metódica.
acompanhar objetos gritinhos.
e pessoas com os
olhos e reconhece
os pais.
Abre e fecha as
mãos, leva-as à
boca e suga os
dedos.
Segura objetos com
firmeza por certo
tempo e consegue
pegar objetos
suspensos.

19
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Ações que Como reage Como se comunica
realiza

aos 7 meses Fica na postura de Ri quando algo o agrada e quando o


bruços e se apóia desagrada mostra raiva através da expressão
nos antebraços facial.Nesta fase, alguns bebês podem
quando quer ver o demonstrar medo perante pessoas estranhas.
que está Fica repetindo os seus próprios sons e imita as
acontecendo ao vozes das pessoas ao seu redor
seu redor. Movimenta a cabeça na direção do som
Rola de um lado escutado.
para o outro. Pára de chorar ao ouvir música.Sorri quando
Estende a mão quer atenção do adulto.
para alcançar o Formação do conceito de causa e efeito no
objeto que deseja, momento em que está explorando um
transfere-o de uma brinquedo.
mão para outra e
coloca-o na boca.
Apresenta
equilíbrio quando
colocado sentado.

Ações que realiza Como reage Como se comunica

8 a 11 Engatinha e senta Demonstrar raiva Localiza a fonte sonora.


meses sem apoio. quando não é o Bate palmas, joga beijo e
Consegue ficar em centro das entende quando lhe
pé com apoio. atenções. dizem tchau.
Aponta para objetos Reconhece sua Começa a compreende o
ou pessoas. imagem no significado de alguns
Pega pequenos espelho e reage gestos.
objetos com o com euforia. Balança a cabeça
indicador e o polegar Reclama quando quando não quer alguma
é contrariado. coisa.
Fase do treino com
monossílabos do tipo:
“ma-ma”, “da-da”, “ne-
ne”.

Ações que Como reage Como se comunica


realiza

Anda sem apoio. Mostra senso de humor.


Com 1 ano e 6 Nesta fase, o bebê ainda não compreende as
meses pode regras, contudo chora quando leva uma

20
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
começar a correr, bronca e sorri quando é o centro das atenções
1 a 2 anos subir em móveis e ou quando é elogiado.
ficar nas pontas Quando está bravo, pode atirar objetos ou
dos pés sem apoio. brinquedos.
Vira páginas de um É possessivo. Prefere não compartilhar
livro ou revistas brinquedos com as outras crianças.
(várias ao mesmo Reconhece o próprio nome.A partir dos 18
tempo). meses começa a criar frases curtas.
Gosta de rabiscar A criança começa a formar frases com uma
no papel. palavra só, tipo “nenê-papá, nenê-naná”, mas
Sabe quando uma até o término do ano constrói frases de até três
ilustração está de palavras como: “quer ver tevê”.
cabeça para baixo. Esta é a fase das perguntas: “que é isso?”
Usa o próprio nome.
Reconhece as partes do seu corpo e de outras
pessoas.
Apresenta atenção para histórias pequenas.

2.1.2. Período Pré-operatório (dois a sete anos) – (Pré-escolar)

Neste período, a Inteligência Simbólica e Intuitiva são também


comumente apresentados.
Inteligência Simbólica - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente.
Neste período surge a função semiótica que permite o surgimento da
linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc.. Podendo criar
imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia, do
faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais
pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de fósforo
em carrinho, por exemplo).
É também o período em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos
objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está a nível
de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que
respondam as argumentações dos outros. Duas crianças “conversando” dizem
frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo. Sua
socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há
liderança e os pares são constantemente trocados.
Existem outras características do pensamento simbólico como por
exemplo, o nominalismo (dar nomes às coisas das quais não sabe o nome
ainda), superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”, não
consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro), etc.
Inteligência Intuitiva- dos 4 anos aos 7 anos -. Neste período já
existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, pois
o indivíduo pergunta o tempo todo, não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter
uma explicação. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia
sem que acredite nela. Seu pensamento continua centrado no seu próprio
ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos sem, no entanto
incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores,
21
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
por exemplo). Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa, mas
já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro.

Ações que realiza Como reage Como se comunica

Tira os sapatos. Apresenta percepção de


Chuta bola sem perder o quem é.
2 a 3 anos equilíbrio. Mexe em tudo e faz mal
Gosta de dançar, consegue criação, testa a autoridade
acompanhar o ritmo da Tenta impor suas vontades.
música batendo palmas. Prefere companhia para
Nesta fase a criança está brincar.
pronta para abandonar o uso Gosta de participar dos
das fraldas. serviços de casa, como por
exemplo arrumar a mesa do
jantar.
As frases vão aumentando e
surge o plural.
As crianças nesta fase tem
uma ótima compreensão,
entendem tudo que é dito em
sua volta.
Pergunta: "cadê", "O que",
"onde".
Fala de si mesma na 3a.
pessoa.
Chama familiares próximos
pelo nome.

Ações que realiza Como reage Como se comunica

3 a 4 anos Consegue colocar Brinca com as Constrói frases com até


suas roupas e tirá- outras crianças. seis palavras, sobre o
las sem ajuda de um Apresenta dia a dia, situações reais
adulto. interesse pelos e pessoas próximas.
Gosta de desenhar. sentimentos das Compreende a
Nesta fase já pessoas que existência de regras
consegue segurar estão ao seu gramaticais e tenta usá-
um lápis na posição redor, por las.
correta. exemplo, se É comum a troca do '"r"
Consegue pedalar. perceber que seu pelo "l", a qual acaba por
pai está triste, volta dos 3 anos e 6
procura confortá- meses.
lo. Compreende os
conceitos de igual e
diferente.
É capaz de separar os

22
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
brinquedos por tamanho
e cor.
Lembra e conta
histórias.

Ações que realiza Como reage Como se comunica

Consegue usar a tesoura, Está mais sociável com as


4 a 7 anos corta papel. outras crianças.
Maior domínio no uso de Se sente grande perto das
talheres. crianças menores.
Consegue pegar a bola com Sente vontade de tomar as
as duas mãos quando está suas próprias decisões.
em movimento. Nesta fase o vocabulário da
criança aumentou bastante, já
fala muitas palavras.
Expressa seus sentimentos e
emprega verbos como
“pensar” e “lembrar”.
Também fala de coisas
ausentes e usa palavras de
ligação entre as sentenças,
como por exemplo: “e então”,
“porque”, “mas”, etc.
Gosta de inventar e contar as
próprias histórias.
Consegue identificar algumas
letras do alfabeto e números.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
REFERÊNCIAS

ARRIBAS, Teresa Lleixá. Educação Infantil: Desenvolvimento, currículo e


organização escolar.5ª Ed. Ed.Artmed, 2004.

Bringuier, J.Conversas com Jean Piaget, Bertrand, Lisboa, 1978.

BRASIL. Ministério da Saúde . Saúde da criança: acompanhamento do


crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília, 2002. 100p.

Primeira e segunda infância. Disponível em


http://www.cuidarcrianca.com/index.php?option=com_content&view=article&id=
33&Itemid=4
Acessado em 25/03/2013.

Piaget, Jean. Psicologia e Epistemologia. Dom Quixote, Lisboa, 1989.

Piaget, J., Inhelder, B. A imagem mental na criança, Livraria Civilização, Porto,


1984.

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. RIO DE JANEIRO: MARTINS


FONTES, 1996.

WALLON, H. As Etapas Da Socialização Da Criança. Lisboa, 1953.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
JOGOS
E
BRINCADEIRAS
INFANTIS

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
3. JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS

O que são jogos? O que é a brincadeira? O que está em jogo


quando a criança brinca? A brincadeira é um processo de relações entre a
criança e o brinquedo e das crianças entre si e com os adultos. O ato de
brincar é muito importante para o desenvolvimento integral da criança. As
crianças se relacionam de várias formas com significados e valores inscritos
nos brinquedos.
Os jogos e brincadeiras como atividades lúdicas tem sido
valorizados e enfatizados como uma das condições fundamentais para o
desenvolvimento motor, intelectual, social e emocional das crianças, sendo
considerados, de maneira geral, como atividades espontâneas que propiciam
prazer e se constituem, ao mesmo tempo, em um meio de expressão e de
interação com os outros.
Ao observarmos uma criança brincando, identificamos que nesta
atividade ela coloca em funcionamento todas as suas capacidades, sejam elas
motoras, cognitivas e sócio-emocionais, de maneira que as mesmas se
integram e produzem uma resposta adequada ao contexto que o brinquedo, a
brincadeira ou jogo exigem. Piaget esclarece ainda que “... ao manifestar a
conduta lúdica, a criança demonstra o nível de seus estágios cognitivos e
constrói conhecimentos”. (KISHIMOTO,2005. P.32)
Na evolução das pesquisas sobre o jogo, brincar e o brinquedo no
universo infantil, estes são apresentados sob as visões teóricas de Piaget e
Vygotsky, que em seus conceitos atribuíram a atividade lúdica um importante
papel para o desenvolvimento da criança.
Piaget não atribui uma conceituação específica à brincadeira.
Entendida como ação assimiladora, a brincadeira aparece como forma de
expressão da conduta: livre, espontânea e prazerosa. Através da expressão
que a criança incorpora quando inserida em uma atividade lúdica, a mesma se
desenvolve, assimilando e transformando a sua realidade.
Na teoria piagetiana encontra-se uma classificação dos jogos
baseada na evolução das estruturas mentais, caracterizando três formas
básicas de atividade lúdica, de acordo com a etapa do desenvolvimento: os
jogos de exercícios, os jogos simbólicos e os jogos de regras.
Piaget (1946) classificou os jogos infantis, distinguindo três tipos de estruturas
– o exercício, o símbolo e a regra - as quais estão relacionadas às estruturas
da inteligência, ou seja, o estágio sensório-motor caracterizado pelo jogo de
exercício,o estágio pré-operatório, pelo jogo simbólico; e o estágio operacional
concreto, pelo jogo de regras. (BARRETO,2001)
Já Vygotsky (1998) diferentemente de Piaget, considera que o
desenvolvimento ocorre ao longo da vida através do processo interativo, ou
seja, a criança usa as interações sociais como forma privilegiada de acesso a
informações.
Partindo da premissa acima e valorizando a forma peculiar de
interação da infância que é primordialmente a atividade lúdica, é possível
afirmar que os brinquedos, as brincadeiras e os jogos se relacionam com o
processo de desenvolvimento e aprendizagem, e que eles são introduzidos já
nas fases inicias do desenvolvimento da vida da criança:

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo.
Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade
condutora que determina o desenvolvimento da criança
(VYGOTSKY,1989,117)
Na escola, o brincar pode ser uma prática eficaz na sala de aula,
pois é uma atividade que possibilita a vivência de situações do
cotidiano,provendo uma aprendizagem mais espontânea.
No entanto, as manifestações lúdicas, isoladamente, não são
suficientes para garantir eficiência para o desenvolvimento global da criança,
caso não seja associado junto a elas um outro mediador de igual importância,
que é o adulto, o professor, o companheiro ou qualquer pessoa que, de alguma
forma, estabeleça uma relação de interação com ela.
Dessa forma, a atividade lúdica é essencial para estimular a
aprendizagem e o desenvolvimento social, cultural, físico, cognitivo e afetivo da
criança. E que tal conhecermos mais sobre isso?

3.1. Técnicas recreativas adequadas às faixas etárias (0 – 7 anos)

3.1.1. Jogos e brincadeiras

As atividades que descrevemos a seguir podem ser utilizadas


como brincadeiras, pequenos jogos, ou grandes jogos, adaptando-se as regras
de acordo com as necessidades do grupo.
Acreditamos, ainda, que toda atividade pode ser utilizada para
várias faixas etárias, dependendo somente da forma como é utilizada por
quem a conduaz.
O material a ser utilizado pode ser improvisado, pois sabemos
que nem sempre temos materiais específicos disponíveis no local onde
estamos trabalhando.
A pessoa que vai conduzir a brincadeira, poderá a partir das
atividades a seguir, criar muitas outras, basta apenas modificar detalhes e
adaptá-las às circunstâncias em que se encontra.

3.1.2. Sugestões de jogos e brincadeiras

Bebês de 0 a 12 meses

Bebê que não senta


Converse Ao ouvir a sua voz, o som que mais o acalma no mundo, é uma
com ele verdadeira brincadeira. Fale bastante, conte o que está acontecendo
a sua volta, explique o que está fazendo, trocando a fralda, dando
banho, alimentando-o. Lógico que ele não entenderá o significado
exato, mas captará seus bons sentimentos.
O bebê vai adorar ouvir sua voz e vai entender que a música é outra
Cante forma de comunicação. Relembre as cantigas de roda que sua mãe
cantava para você na infância e suas atuais músicas preferidas.
Vale tudo desde que você o faça com prazer.
Faça Bebês adoram olhar rostos e vai adorar ver sua boca, seus olhos e
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
caretas suas mãos em movimentos diferentes. Mesmo que ele não
demonstre grandes reações, como dar risadas, ficará entretido
tentando entender.
Mímicas Fazer mímicas para ele também é uma forma de interação. O bebê
vai, no mínimo, achar engraçado ver você se mexendo de forma
diferente.
Mostre Mostre a ele objetos como chocalhos, mordedores e móbiles e
objetos ensine como eles funcionam. Na frente do bebê, aperte, rode, agite
diferentes o brinquedo várias vezes. Assim ele aprende como cada coisa
funciona. Coloque o acessório perto para que ele tente segurar.
Ainda é cedo para conseguir, mas as tentativas sao válidas e irao
ajudar no seu desenvolvimento motor.
Mostre a Bebês adoram janelas! Fique perto do vidro e mostre a paisagem lá
paisagem fora, as gotas da chuva, o gato da vizinha, o cachorro que passeia
na calçada, as flores, os carros e os aviões no céu. Com o tempo, o
bebê vai apontar os dedinhos e até reconhecer alguns nomes.
Brinque Em algumas conversas, faça vozes mais grossas e mais finas, fale
com sua rápido ou muito devagar, imite os sons dos animais. Talvez você
voz consiga até algumas gargalhadas.
Rode, pule Segurando o bebê no colo, rode, leve na altura da sua cabeça e
desça, pule. Eles vao adorar as novas sensações que esses
movimentos proporcionam. Tome cuidado apenas para sempre
deixar a coluna e o pescoço apoiados em seus braços. Nada de
grandes malabarismos enquanto o bebê não estiver firme.
Esconde- A tradicional brincadeira de "Cade? Achou!" é sempre um sucesso.
esconde Esconda seu rosto com as mãos ou com um pedaço de pano e
brinque bastante. Se o bebê não ficar irritado, vale também
esconder o rostinho dele. Além de divertir, seu filho aprenderá que
quando algo desaparece, não significa que deixa de existir. O objeto
vai e volta. E isso vai ajudá-lo inclusive a aprender que você também
vai e volta.
Com os Outra brincadeira bem tradicional e simples, mas que muita gente
dedos esquece: finja que seus dedos sao formiguinhas e vá "andando" pelo
corpo do bebê. As risadinhas estao garantidas...
Pisca- Use os olhos para piscar! Pisque devagar, depois rápido, revire os
pisca olhos, feche e abra em velocidades diferentes. Os bebês adoram
ficar observando essas ações e com o tempo tentarão imitar.
Bichinhos Deixe o bebê perto de bichinhos de pelúcia de diferentes cores,
formatos e texturas para ele conhecer novas sensaçoes táteis e
visuais. Encoste o ursinho nele e deixe que sua mãozinha o toque
da forma como ele conseguir, por exemplo.
Fantoches Use os bichinhos também como um tipo de fantoche para conversar
e cantar. Os bebês se divertem muito observando os brinquedos
criarem vida.
Rolar Deite ao lado do bebê na cama ou no edredom e estimule os seus
movimentos rolando seu corpinho, colocando ele de bruços. Aperte
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
o colchão para seu corpo dar pulinhos, como se estivesse em uma
cama elástica. Ele vai amar!
Dançar Dance com o bebê no colo. Faça isso ouvindo músicas diferentes
para alternar movimentos mais rápidos e mais lentos.
Bebê já consegue ficar sentado e começa a engatinhar
Com o bebê mais firme, as possibilidades aumentam. Seu ângulo de visao muda,
ele será capaz de identificar brinquedos maiores e as atividades envolvendo
movimentos ficam ainda mais interessantes
Aproxime Colocar o bebê sentado no edredom com vários brinquedos em volta
os é sempre bom. Mas sente ao seu lado, mostre os brinquedos,
brinquedos ensine como eles funcionam. Procure colocar alguns objetos que
cabem nas mãozinhas do bebê para ele segurar. Mas nada muito
pequeno - o mais seguro é usar o tamanho de uma bola de pingue-
pongue como referencia.
Jogar no Sabe quando o bebê joga algo no chão milhões de vezes para você
chão pegar? Pois é, trata-se de uma brincadeira. não perca a paciência
ou tire o objeto da mão dele, achando que o objetivo é irritá-la. Para
o bebê, é divertido fazer isso e, mais uma vez, ajuda a perceber que
objetos e pessoas podem ir e voltar.
Cabanas e Quando aprender a engatinhar, o bebê começará a explorar a casa.
túneis Os móveis se transformarao em brinquedos também. Participe da
brincadeira montando cabaninhas e túneis para vocês passarem por
baixo. Lençóis, cadeiras e sofás vão ajudar bastante.
Empilhar Crianças pequenas adoram colocar coisas em caixas e com o seu
de novo bebê não será diferente. Deixe várias disponíveis para ele. Pode ser
plástico ou aquela embalagem de algum produto que acabou. Ele
vai encher com brinquedos, com colheres, CDs, roupas, qualquer
coisa que estiver ao seu alcance. você pode brincar, tirando e
colocando junto com ele. Mais uma vez, vale lembrar: cuidado com
objetos e brinquedos que não sejam seguros - pequenos demais,
que tenham pontas, que cortem etc.
Caça ao Para diverti-lo e também ajudar a fortalecer seus músculos da perna,
brinquedo coloque o bebê sentado em uma extremidade do sofá e fique com o
brinquedo na outra. Ele vai tentar pegá-lo. Ou, se o bebê estiver no
chão, tentará alcançar você e o brinquedo subindo no sofá.
Rolar, Use os brinquedos para várias atividades: mexa em diferentes
apertar, direções para a criança seguir com o olhar. Estimule o bebê a rolar,
explorar apertar e explorar o brinquedo. Mostre como ele funciona para a
criança imitar.
Pega-pega Já dá para brincar de pega-pega! Se você falar e mostrar que está
indo atrás dele, com certeza seu bebê vai desandar a engatinhar na
direçao contrária, rindo e tentando escapar.
Alturas e Coloque diversas almofadas e travesseiros em cima de um edredom
obstáculos e deixe o bebê rolar para lá e para cá, explorando as alturas e os
obstáculos que esses objetos proporcionam. Faça isso no chão - e
não em cima da cama -, assim poderá brincar mais relaxada, sem se
29
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
preocupar com que o bebê caia.
Serra, Lembra do "serra, serra, serrador..."? Pois invista em todas as
serra, brincadeiras que seus pais faziam com você quando criança. Essa
serrador... em particular, por causa dos movimentos, da sua atenção e da
canção bacana, é uma das preferidas dos pequenos.
Corrida As cadeiras são uma delícia nessa fase e ajudam no processo de
Maluca andar. Empurre com eles para mostrar como se faz. Com o tempo,
vocês podem bolar até uma corrida maluca.

Crianças de 2 a 4 anos
Um para mim, Você pode usar praticamente qualquer coisa para fazer
outro para essa brincadeira: giz de cera, cereais em forma de argola,
você bloquinhos, peças de jogo. Dê uma pilha dos objetos para
seu filho e peça a ele que os distribua: "Um para mim, um
para você", colocando-os em dois pratos ou caixas.Depois
que ele já estiver craque, você pode acrescentar uma
terceira pessoa (ou pode ser um bichinho ou boneco) para
que a criança aprenda a dividir as coisas em três. rianças
desta idade adoram se sentir no controle, e a brincadeira
ajuda
Use jornal velho ou papéis destinados à reciclagem para
Basquete fazer bolas. A criança pode ajudar (ela vai adorar poder
dentro de casa amassar os papéis à vontade, e ainda aproveita para
exercitar a coordenação motora). Depois faça uma
competição para ver quem consegue lançar a bola mais
longe. Quando seu filho já estiver com prática, improvise
um jogo de basquete: coloque uma caixa ou um cesto a
cerca de um metro de distância e peça ao seu filho para
tentar acertar.
Além de ser divertida, essa brincadeira ajuda a desenvolver
a coordenação entre os movimentos dos olhos e das mãos.
Você pode também começar a marcar um placar,
estimulando dessa forma a noção de quantidade.
Num dia normal, transforme a hora do lanche da tarde num
Piquenique gostoso piquenique. Você não precisa nem mesmo sair de
com bonecos casa: coloque uma toalha no chão da sala mesmo e
arrume comidinhas fáceis de comer. Sugestões:
sanduichinhos, palitinhos de cenoura, erva-doce ou salsão,
ovos cozidos, pedaços de queijo.
Convide alguns bonecos ou bichinhos de pelúcia da
criança para se sentarem em torno da toalha e participarem
do piquenique. Esta é uma ótima ideia para um dia de
chuva, quando não dá nem para sonhar com um
piquenique de verdade. Você pode pedir ao seu filho que
imagine que está em um lugar diferente, com árvores, ou
na praia. É uma atividade boa para estimular a
imaginação de crianças nesta idade, e renderá um bom
30
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
tempo de diversão.
Ou, numa variação mais bem-humorada ainda, não pode
Não pode cair cair no mar de lama! Combine com seu filho que o chão da
no mar! sala é o mar (ou mar de lama), e que vocês não podem cair
nele. Espalhe algumas almofadas, tapetinhos ou papéis
para servirem de "ilhas" para que vocês consigam passar
de um lugar para o outro sem "molhar" o pé. É uma
brincadeira divertida que colabora para o senso de
equilíbrio e de consciência de espaço.
Teste o caminho antes para ver ser não há perigo de a
criança escorregar.
Escolha um dia e decrete que aquele é o Dia do Vermelho.
Dia do Vista-se de vermelho, proponha ao seu filho que se vista
vermelho de vermelho também. Na hora de comer, ofereça macarrão
com molho de tomate, salada de beterraba, morango de
sobremesa, suco de goiaba...
Invente alguma atividade para que a criança use giz de
cera ou tinta vermelha, ou ainda massinha. No caminho
para a escola, conte quantos carros vermelhos vocês
encontram, ou quantas flores vermelhas. Esta é uma ideia
divertida que ajuda seu filho a aprender as cores e a fazer
relações, despertando a percepção visual para a cor em
questão. Se a brincadeira pegar, vocês podem repetir
outras vezes com outras cores.
Esta é uma brincadeira simples que você pode fazer com
duas crianças pequenas, ou com seu filho e outro adulto,
Bingo se não houver outra criança por perto. Use um jogo de
memória simples. Divida as cartas ou peças iguais em
duas pilhas (um pedaço do "par" em cada pilha). Fique com
uma, embaralhe a outra e a divida entre os dois
participantes do jogo. Aí você vai sorteando as peças que
ficaram com você, enquanto a criança confere se tem a
peça igual ou não.
As peças iguais vão sendo retiradas. Ganha quem ficar
sem peças primeiro. É um jogo que ensina a noção de
regras, de esperar a vez do outro, além da observação de
detalhes e a noção de número e quantidade.
Sim, seu filho já tem idade para brincar de Seu mestre
mandou! Você começa como o mestre. Dê comandos
Seu mestre simples e os demonstre, como: "Seu mestre mandou
mandou colocar a mão na cabeça". Seu filho tem que imitar você.
Vá fazendo coisas engraçadas: "Seu mestre mandou
mostrar a língua", ou "Seu mestre mandou fazer a careta
mais feia do mundo!".
Para incrementar a brincadeira, dê alguns comandos sem
dizer "Seu mestre mandou" antes, e aí seu filho não vai
poder obedecer. É uma ótima maneira de exercitar a

31
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
comunicação e a observação, e para ensinar o nome das
partes do corpo.
Esconda um brinquedo do seu filho em algum lugar da sua
Está quente, casa, como na sala, e peça a ele que venha procurar. Se
está frio! ele se aproximar do lugar do esconderijo, você diz que está
esquentando. Se ele se afastar, diga que está esfriando.
Caso ele comece a ficar impaciente, dê uma ajudinha.

Crianças de 5 a 7 anos
A criança que está à frente será o carrinho, a que está
Carrinho atrás, o motorista. Este "carro" se locomoverá da seguinte
maluco forma: quando o motorista colocar o seu dedo indicador na
parte superior "das costas", do carro este irá andar para
frente, e, ao retirar o dedo, o carro ficará parado. Para
dobrar à direita ou à esquerda, basta colocar a mão no
ombro direito ou esquerdo do carro. Para a ré, colocam-se
as duas mãos, uma em cada “ombro" do carrinho. Depois,
trocam-se as posições.
O fotógrafo e - Um aluno será o fotógrafo, que deverá fotografar, de
o modelo forma bem dinâmica, o modelo em várias situações
(praticando esportes, na praia, na passarela, a escolha do
próprio modelo e etc.). Diga aos alunos que tanto fotógrafo
quanto modelo são muito criativos e de nível internacional.
Pique cola O aluno pegador corre atrás dos demais; aqueles que
americano- forem pegos deverão ficar "colados", com as pernas
afastadas. O pegador continua "colando" e os colegas que
estiverem livres, deverão passar por baixo das pernas deles,
salvando-os.
Avião O pegador não poderá pegar os colegas que estiverem na
posição de um avião (exercício de ginástica olímpica).
O pegador não poderá pegar os colegas que estiverem na
Tartaruga posição de tartaruga, em decúbito dorsal, porém mexendo
os membros superiores e inferiores. O aluno pego passa a
ser o pegador.
Dois círculos, um interno, outro externo. Os alunos do
Eu estou círculo interno ficarão com os olhos fechados, os do círculo
assim externo irão "modelar" o corpo dos colegas, fazendo lindas
poses. Depois, irão procurar um espaço e farão com o seu
corpo a mesma pose que fizeram com o corpo do seu
companheiro; estes, ao sinal do professor, abrirão os olhos
e irão descobrir quem os "modelou". A seguir, trocam-se os
círculos. Esta atividade é ótima!
Caminho Com folhas de papel pardo, faça um caminho para que as
colorido crianças carimbem os pés, com tintas coloridas.

Toca do Dispor bambolês no chão de forma que fiquem duas


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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
coelho crianças em cada um e que sobre uma fora do bambolê.
Ao sinal, as crianças deverão trocar de toca, entrando
duas em cada um. Sempre sobrará uma criança fora da
toca.

Brinquedos indicados para cada idade

0 a 5 meses Chocalhos, brinquedos musicais, mordedores, brinquedos de berço,


móbiles, livrinhos de pano ou plástico, bolas com texturas diferentes
para serem agarradas com as duas mãos.

6 meses a 1 Brinquedos flutuantes (patinhos de borracha que bóiam na água),


ano cubos que tenham guizos embutidos ou ilustrações, caixas ou
brinquedos que se encaixam uns dentro dos outros, argolas
empilháveis, brinquedos para martelar, empilhar e desmontar,
brinquedos eletrônicos de aprendizado, mesa pequena com
cadeirinhas na altura em que a criança possa alcançar os pés
corretamente no chão, telefone de brinquedo, espelhos, brinquedos
que emitem sons por meio de botões de apertar, girar ou empurrar.

1 a 2 anos Brinquedos de variadas texturas (estimulam os sentidos da visão, da


audição e do tato), bonecas de tecido e bichos de pelúcia feitos de
materiais atóxicos, livros e álbuns de fotografia com ilustrações dos
familiares e objetos conhecidos, brinquedos de empurrar ou puxar,
brinquedos de montar e desmontar. Os brinquedos devem ter cores
vivas e não podem ser tóxicos.

2 a 3 anos Bolas, muitos blocos de brinquedos para empilhá-los e colocá-los


dentro de caixas, brinquedos de encaixar e desmontar, brinquedos
musicais, carrinhos, bonecas, cavalinho de balanço, brinquedos para
praia ou piscina, brinquedos de equilibrar um em cima do outro.
Nesta idade deve-se ensinar a criança a organizar e recolher os
brinquedos.

3 a 4 anos Triciclo, carrinho grande de puxar, aviões, trenzinhos, brinquedos


infláveis, bolhas de sabão, caixas de areia com pás e cubos,
cabaninhas, casas de bonecas, ferramentas de brinquedos, massinha
de modelar, objetos domésticos, fantasias, máscaras, fantoches,
instrumentos musicais de brinquedo como pandeiros, pianinhos,
trombetas e tambores, brinquedos de montar e desmontar mais
complicados, blocos de formas e tamanhos variados, jogos e quebra-
cabeças simples, lápis de cor e papel para desenhar (círculos,
bonecos, enumerar os elementos de uma ilustração, colorir), livros
com diferentes ilustrações e histórias alegres.

4 a 6 anos Esta é a fase do mundo imaginário, sua criatividade está se


desenvolvendo. Os brinquedo nesta fase devem auxiliar a criança a
entrar no mundo da fantasia, por exemplo: dinheirinho de
33
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
brinquedo, caixa registradora, casas de boneca com móveis, telefone,
cidadezinhas, circos, fazendas com animais, materiais de papelaria,
postos de gasolina, meios de transporte (caminhões, automóveis e
pistas, motos, aviões, trens elétricos, barcos e tratores), instrumentos
musicais e eletrônicos, jogos. Nesta idade, a criança começa a sentir
o que chamamos de medos infantis, como o medo do escuro, as
bruxas, o bicho papão e outras coisas feias que impedem que a
criança durma, desta forma recomendamos uma boneca ou um
ursinho de pelúcia, que tem a função de ajudar as crianças a
superarem esta fase.

acima de 6 Jogos de tabuleiro, bolinhas de gude, pipas, carros de corrida, trens


anos elétricos, argila para modelar, pincel, brinquedos de mágica, artigos
esportivos, bicicletas, patins, skate, jogos eletrônicos, de memória,
videogames, patinetes, futebol de botão, laptops, brinquedos

3.1.3. Contação de histórias

O ato de contar histórias proporciona recreação e prazer, mas é


óbvio, nenhum conto resulta só nisso. Numa história bem contada, aprecia-se
a beleza da língua bem articulada, o vocabulário, a postura, aprende-se a
ouvir e a se concentrar, estimula-se a imaginação, abre-se caminho à
leitura, aprende-se a compartilhar emoções, descobrem tradições
culturais e tantas outras manifestações da vida íntima e social dos homens.
O primeiro objetivo dos contos é lúdico, um elemento que não pode
faltar. A fantasia tem uma força muito grande sobre os seres humanos, pois
foi por meio das narrações orais que o homem experimentou compartilhar o
prazer, sensações, alegria e beleza.
Além disso, com a sequência narrativa, a criança começa a entender o
mundo ao seu redor, a ideia de tempo, as relações sociais, a complexidade
dos conflitos e a interpretação dos sentidos, o que facilitará e abrirá o
caminho à leitura. O conto também é um elemento muito eficaz na
educação informal, independente dos centros educacionais.
Ler e contar histórias apresentam, na verdade, visões de mundo, de
valores, dos conflitos humanos e sociais, da história do mundo em diferentes
épocas e culturas. Isso permite a contemplação, a reflexão e a análise.
Muitos educadores reclamam de não conseguirem manter a atenção
das crianças durante uma contação de história, gerando assim uma frustração
para eles e, por consequência, um desânimo para se atreverem a uma nova
contação. Todos que trabalhamos ou convivemos com crianças sabemos desta
inquietude natural de todas elas que estão sempre buscando encontrar ações
que supram as necessidades cognitivas, suas curiosidades e as façam se
deleitar em aprender e conhecer melhor o objeto, a ação, “o novo”.
Isso também ocorre com os adultos com a diferença que, durante os
anos, vamos aprendendo, muitas vezes contra a vontade, a ficar parados e
prestar atenção em um fato que está ocorrendo ou na observação de um objeto
que seja novo para o nosso intelecto.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Para aqueles que se proponham a contar histórias para as crianças
pequenas, procurem observar o seguinte:

- Quanto menor a criança, menos poder de concentração terá;


- Para crianças bem pequenas a ilustração, gesticulação, colorido, sonorização
são os fatores que conseguem prender a atenção.

- Crianças maiores seguem o ritmo da narrativa e a interação com a história


ajuda muito manter a atenção das mesmas;
- Na hora de preparar uma contação para bebês, por exemplo, leve materiais
coloridos, com texturas diferentes que eles possam tocar, sentir; leve objetos ou
livros que produzam sons.

- Atente para não cometer exageros na hora da contação com gesticulações


excessivas, evitando assustar os bebês. Vá contando e testando a aceitação
dos mesmos.

- Histórias curtas faladas, lidas ou cantadas encantam os pequeninos e vão


criando o hábito de ouvir e interagir na hora do conto. Crianças habituadas a
ouvir histórias, desenvolvem mais a capacidade de atenção do que as outras.

À medida que a criança vai tendo mais idade, você pode ir abrindo mão
dos recursos visuais (gradativamente) e trabalhando mais com voz, corpo,
como se estivesse em cena sem, contudo, esquecer que a ação proposta é
uma contação de história.
Não subestime as crianças e evite explicar as histórias. Deixe que a
imaginação de cada uma leve-as a embarcar no sonho que cada história
propõe;
A história será melhor contada, quando o contador gostar da história que está
narrando, por isso escolha boas histórias. Antes de contá-las, leia, releia, traga-
as para dentro de si para que assim você possa vivenciá-las no momento da
contação.

35
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
REFERÊNCIAS

ABERASTURY, A. A criança e seus jogos. Porto Alegue: Artes Médicas,


1999.

CLOUDER, Christopher; NICOL, Janni. Brincadeiras criativas para o seu


bebê. 2008

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.


Ed. Cortez, 2003.

QUEIROZ, Tania Dias, MARTINS, João Luiz Martins. Pedagogia Lúdica:


Jogos e Brincadeiras de a a z (com Cd). 2001.

36
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
CONHECIMENTOS E
TÉCNICAS DE
TRABALHO
DO CUIDADOR
INFANTIL

37
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
4. CONHECIMENTOS E TÉCNICAS DE TRABALHO DO CUIDADOR
INFANTIL

4.1. Noções de anatomia e fisiologia infantil

Iremos abordar, determinadas partes do corpo humano, pelo que


se torna necessário fazer um breve resumo de sua constituição.Não é
possível abranger neste curso todas as partes do corpo humano nem tratá-las
de forma intensa, abordaremos apenas os aspectos necessários para a
formação que vocês está fazendo.
A criança apresenta uma anatomia distinta em contínua
modificação para aprimoramento de seus sistemas.

4.1.1. Conceito de Anatomia e Fisiologia

A anatomia (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-


se ao estudo da estrutura e das relações entre estas estruturas. A fisiologia
(physis + lógos + ia) lida com as funções das partes do corpo, isto é, como
elas trabalham. A função nunca pode ser separada completamente da
estrutura, por isso você aprenderá sobre o corpo humano estudando a
anatomia e a fisiologia em conjunto. Você verá como cada estrutura do corpo
está designada para desempenhar uma função específica, e como a estrutura
de uma parte, muitas vezes, determina sua função. Por exemplo, os pêlos
que revestem o nariz filtram o ar que inspiramos. Os ossos do crânio
estão unidos firmemente para proteger o encéfalo. Os ossos dos dedos,
em contraste, estão unidos mais frouxamente para permitir vários tipos de
movimento.
Assim, a anatomia é a ciência que estuda a forma, a estrutura e
organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. E a
f isiologia é a ciência que estuda o funcionamento da matéria viva, investiga
as funções orgânicas, processos ou atividades vitais.

4.1.2. Níveis de organização estrutural do corpo humano

O corpo humano p o s s u i vários níveis de organização estrutural


que estão associados entre si. O nível químico inclui todas as substâncias
químicas necessárias para manter a vida.
As substâncias químicas são constituídas de átomos, a menor
unidade de matéria, e alguns deles, como o carbono (C), o hidrogênio (H), o
oxigênio (O), o nitrogênio (N), o cálcio (Ca), o potássio (K) e o sódio (Na)
são essenciais para a manutenção da vida. Os átomos combinam-se para
formar moléculas; dois ou mais átomos unidos. Exemplos familiares de
moléculas são as proteínas, os carboidratos, as gorduras e as vitaminas.
As moléculas, por sua vez, combinam-se para formar o próximo nível
de organização: o nível celular. As células são as unidades estruturais e
funcionais básicas de um organismo. Entre os muitos tipos de células existentes
no corpo estão as células musculares, nervosas e sanguíneas.
O terceiro nível de organização é o nível tecidual. Os tecidos são
grupos de células semelhantes que, juntas, realizam uma função particular. Os
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
quatro tipos básicos de tecido são: tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido
muscular e tecido nervoso. As células na Figura acima formam um tecido epitelial
que reveste o estômago. Cada célula tem sua função específica na digestão.
Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, eles formam
o próximo nível de organização: o nível orgânico. Os Órgãos são
compostos de dois ou mais tecidos diferentes, têm funções específicas e
geralmente apresentam uma forma reconhecível. Exemplos de órgãos são: o
coração, o fígado, os pulmões, o cérebro e o estômago.
O quinto nível de organização é o nível sistêmico. Um sistema consiste
de órgãos relacionados que desempenham uma função comum. O sistema
digestório, que funciona na digestão e na absorção dos alimentos, é composto
pelos seguintes órgãos: boca, glândulas salivares, faringe (garganta), esôfago,
estômago, intestino delgado, intestino grosso, fígado, vesícula biliar e pâncreas.
O mais alto nível de organização é o nível de organismo. Todos
os sistemas do corpo funcionando como um todo compõem o organismo - um
indivíduo vivo.

4.1.3. Divisão do Corpo Humano

Continuando apenas em noções básicas, podemos dividir genericamente o


corpo humano em:

4.2. Noções de nutrição e dietética infantil

4.2.1. Alimentação

39
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Saúde é condição essencial a vida. A alimentação se constitui um
fator determinante para se ter saúde. É sabido que a vida depende de um
suprimento adequado de nutrientes apesar de não se constituir um fator único
para a manutenção da vida. Portanto, a oferta adequada e com variedade
suficiente de alimento são condições básicas e necessárias para atender o
organismo. Assim sendo, cuidar da alimentação é cuidar de uma necessidade
básica do homem e que deve ser ajustado as várias fases do
desenvolvimento humano.
Assim, abordaremos:

• A importância da alimentação;
• Conceito de nutrição e alimento;
• Aspecto socioeconômico da alimentação;
• Classificação dos alimentos;
• Alimentação no primeiro ano de vida (aleitamento materno, aleitamento
artificial, desmame);
• Alimentação no período de 12-36 meses de idade;
• Alimentação do pré-escolar (3 – 5 anos);
• Alimentação do escolar (6-12 anos);
• Problemas na alimentação infantil.

Temos como objetivo reconhecer as necessidades nutricionais da


criança das várias faixas etárias, descrever problemas na alimentação infantil
a fim de contribuir para a promoção da nutrição infantil.

a) Importância da Alimentação

A alimentação é a base da vida, pois dela depende a saúde do


ser humano. Se uma pessoa não se alimenta bem, ou se alimenta de
maneira errada, o organismo enfraquece e as doenças aparecem. Muitas
vezes, os problemas de saúde aparecem porque no organismo estão faltando
os alimentos necessários para o seu bom funcionamento.
Cuidar da alimentação é cuidar de uma necessidade básica do homem
de extrema importância em sua vida. Saber alimentar-se de acordo com as suas
necessidades, significa “comer para viver”.
A alimentação exerce grande influência sobre o indivíduo,
principalmente sobre sua saúde, sua capacidade de trabalhar, estudar e
divertir-se, sua aparência e sua longevidade.
O problema alimentar depende de dois fatores fundamentais:
capacidade aquisitiva para alimentação e educação alimentar.

b) Finalidade da alimentação

• Dar energia;
• Oferecer nutrientes para os processos de crescimento e
desenvolvimento da pessoa;
• Entrada de água e eletrólitos para regular o meio interno do nosso
organismo.
Cada indivíduo tem exigências alimentares distintas, segundo
40
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
característica do seu organismo. Têm-se assim as regras fundamentais da
alimentação, o que implica dizer que devemos comer com quantidade,
qualidade, harmonia e adequação.
O indivíduo nas diferentes fases de sua vida, apresenta
características específicas, que determinam necessidades nutritivas próprias
a cada fase. É indispensável para o indivíduo ter um bom padrão nutricional,
ajustado as várias fases do desenvolvimento humano, levando-se em conta
o período rápido de crescimento e desenvolvimento, as mudanças
psicológicas da adolescência, as exigências durante a gravidez, bem como na
velhice.

4.2.2. Conceitos

A nutrição é fundamental a vida, dentro dessa concepção, é difícil


definir nutrição, mas podemos descrever como o estudo dos alimentos e dos
mecanismo através dos quais os materiais da dieta são utilizados pelo
organismo, ou seja, conjunto de processos através dos quais o
organismo ingere, assimila ou nutrientes necessários as funções corporais.
Alimento seria então os produtos de origem animal, vegetal que
servem para o organismo retirar a energia necessária para as funções
orgânicas. Os nutrientes são substâncias químicas contidas nos alimentos
que servem para atender as necessidades do organismo e se adentram no
organismo através dos alimentos.
A dieta é uma mistura de alimentos (leite, carne, frutas, verduras,
etc.) e sua preparação sofre acentuada influência, da oferta local de alimentos,
do poder aquisitivo da população e dos padrões culturais do consumidor.

4.2.3. Aspectos Sócio-econômicos da Alimentação

Ainda que uma boa nutrição não seja o único fator de


prolongamento da vida e do aumento das perspectivas de saúde, esse fator
tem contribuído em grande escala para a melhoria das condições de
saúde da população.
Em muitas áreas populacionais o suprimento de alimentos
ainda é inadequado. Essa inadequação ocorre dada a influência acentuada
de vários aspectos na alimentação do indivíduo; oferta e disponibilidade
sistemática de alimentos na comunidade local, poder aquisitivo e os
padrões culturais da população.
Os fatores sociais existem em função de grupos sociais
distintos, porque diz respeito as diferentes condições econômicas e sociais
de cada grupo e a percepção que se tem dos alimentos. Essas condições
determinam as diferenças de consumo entre os grupos sociais.
Essa evolução dos costumes alimentares tem sido determinada
pelos hábitos alimentares.

Forma que os indivíduos selecionam, consomem e utilizam os alimentos


disponíveis:

Fatores culturais: pode ser definido como a forma de vida de um grupo


41
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
de pessoas, que geralmente pertencem à mesma comunidade. A cultura
pode ser transmitida de geração para geração, pela família, escola, igreja.
Uma cultura pode considerar a alimentação somente como forma de atender
o apetite, outra como obrigação, outra uma virtude ou forma de prazer, outra
como forma de entrosamento familiar. O importante é compreender que os
hábitos alimentares culturalmente determinados variam segundo o grupo.

Fatores econômicos: tem influência direta na determinação de surgimento


de problemas de alimentação, podemos citar o baixo poder aquisitivo da
população, o alto preço dos alimentos; o que influenciam numa prática
alimentar inadequada não atendendo as reais necessidades na ingestão
de calorias, trazendo repercussões para a saúde do indivíduo e da coletividade.

4.2.4. Classificação dos Alimentos

Para que o organismo seja saudável, é necessário que a pessoa


tenha uma alimentação equilibrada, pois cada alimento exerce uma função no
corpo humano. De acordo com as funções que desempenham, os alimentos
são classificados em três grupos:

• Construtores (proteínas)
• Energéticos (carboidratos e gorduras)
• Reguladores (vitaminas e sais minerais)

Alimentação equilibrada é aquela que contém estes três


elementos. Só uma alimentação equilibrada pode garantir bem-estar físico e
mental, além de boa disposição para o trabalho.

a) Alimentos Plásticos e Energéticos

Alimentos construtores são alimentos que contêm proteínas. Eles


ajudam a formar, a “construir” o corpo. São responsáveis pela manutenção
dos músculos, sangue, ossos, dentes, unhas, cabelos e órgãos como rins,
cérebro, coração e fígado. A proteína é um elemento da maior importância no
organismo. É necessária em qualquer idade e principalmente durante a
infância, quando o corpo está em fase de crescimento.
Pode-se saber se uma pessoa tem quantidade de proteínas suficiente
no organismo observando-se o seguinte: os cabelos estão bonitos, as unhas fortes
e as feridas cicatrizam com rapidez.
Alimentos que contêm proteínas de origem animal (carne, ovos,
leite e derivados) e de origem vegetal (feijão, soja, ervilha, lentilha, grão-
de-bico). É necessário comer diariamente alimentos que contenham proteínas,
porque o corpo humano não tem reserva de proteínas. A falta de proteínas no
organismo constitui um sério problema para a saúde.
Alimentos energéticos: aqueles que contêm carboidratos e gorduras.
Produzem energia para que o indivíduo tenha ânimo, força e disposição para
trabalhar, estudar, brincar, correr, etc.
Os carboidratos e gorduras são indispensáveis na composição do
sistema nervoso e na formação das células. Nosso organismo consome energia o
42
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
tempo todo. Um trabalhador braçal, por exemplo, gasta mais energia do que
alguém que trabalha sentado. Mesmo assim, alimentos que contêm carboidratos
e gorduras devem fazer parte da refeição de qualquer pessoa. É através das
gorduras e carboidratos que se extrai o mais alto grau de energia. Estes elementos
são indispensáveis na composição do sistema nervoso e na formação das células.
Alimentos com carboidratos (açúcar, melado, rapadura, mel, arroz, trigo,
milho, batata, mandioca, farinhas em geral) e com gordura (manteiga,
margarina, toucinho, óleo de milho, óleo de soja, óleo de algodão, banha, azeite de
dendê).

Tipos Principais Fontes Funções


Proteínas Carne, peixe, ovos, leite, queijo, ervilhas, Crescimento e
sojas. desenvolvimento do
organismo.
Carboidrat Cereais e derivados, açúcar, batatas, Principal fonte de energia
os massas.
Valor energético maior que o dos
Gorduras Manteiga, margarida, leite, queijo, azeite, carboidratos, servem como
banha solventes de certas vitaminas
insolúveis em água.

b) Alimentos Reguladores: Minerais

Alimentos reguladores são aqueles que contêm vitaminas (A, C, D,


E, K e complexo B) e sais minerais (cálcio, ferro e outros). Estes alimentos
regulam as funções do corpo, como a digestão, a respiração, a circulação do
sangue, etc. Os alimentos reguladores são: frutas, hortaliças.
As vitaminas não contêm em si nenhuma energia. Elas ajudam o
ser humano a liberar energia dos alimentos. Isso significa que nós não
podemos viver só de vitaminas, só de complementos. Elas podem atuar
sozinhas, mas o que ocorre mais frequentemente é que atuam como
constituintes de uma enzima. Por isso se diz que são coenzimas.
As vitaminas diferem umas das outras do ponto de vista
químico e cada uma delas desempenha um, ou vários papéis concretos.
As vitaminas se apresentam sob duas formas: as vitaminas hidrossolúveis,
quer se dissolvam na água: a vitamina C e todo complexo B, vão
embora, por exemplo, na água da torneira quando lavamos os alimentos, ou
na cocção quando jogamos a água fora. Isso explica porque, às vezes,
os alimentos inicialmente ricos nessas vitaminas depois da lavagem,
cozimentos, geladeira, não tem mais gosto e valor nenhum.
As vitaminas lipossolúveis que se dissolvem nos corpos gordurosos:
as vitaminas A, D, E, K, em geral menos frágeis. As vitaminas lipossolúveis se
armazenam no fígado e nos tecidos adiposos que são utilizados na medida das
necessidades do corpo. Contudo, a capacidade de armazenamento é
limitada, e existe a possibilidade de intoxicação em doses excessivas.

43
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Tipos Principais Fontes Funções
Cálcio Leite e queijo Participa da formação e conservação dos
ossos e dentes.
Fósforo Leite e queijo Participa da formação e conservação dos
ossos e dentes.
Ferro Verduras, frutas, trigo, fígado Faz parte da molécula da hemoglobina
de boi
Iodo Sal iodado, verduras Faz parte da molécula dos hormônios da
tiróide.

c) Alimentos Reguladores Vitaminas

Tipos Principais Fontes Forte Carência Menor Carência


Leite, manteiga, ovos, Xeroftalmia Cegueira noturna;
A verduras, óleo de fígado de Retarda o
bacalhau. crescimento
D Leite, manteiga, ovos, óleo de Raquitismo Crescimento
fígado de bacalhau, sol sobre a inadequado dos
pele. ossos
B1 Trigo integral, carne, ovos, Beribéri Perturbações nervosas,
(tiamina) aveia fadiga
B12 Leite, carne, verduras, Anemia Retarda o
(cobalamina) fígado de boi. É também crescimento
sintetizada por bactérias
dentro do intestino
C Frutas cítricas, pimentão, Escorbuto Cicatrização
tomate, demorada das feridas
goiaba, verduras
K Produzida por bactérias Aparecimento de Dificuldade de
dentro do hemorragias coagulação
intestino, couve, espinafre. sanguínea
B2 Trigo, carne, ovos Degeneração da Inflamação dos lábios e
(riboflavina) córnea da boca
Niacina Trigo, carne, ovos, aveia. Pelagra Diarreia

Todos os alimentos oriundos das diversas fontes (construtores,


reguladores, energéticos) devem fazer parte da alimentação diária,
devendo ter qualidade, quantidade, harmonia e adequação, para garantir
ao indivíduo boa saúde.
Para escolher de maneira correta os alimentos, existe uma regra
prática conhecida como roda dos alimentos, onde é suficiente escolher pelo
44
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
menos um alimento de cada grupo no almoço e no jantar para garantir os
nutrientes de que nosso organismo precisa.
O indivíduo nas diferentes fases de sua vida, apresenta
características específicas, que determinam necessidades nutritivas
próprias a cada fase. Daremos enfoque somente na alimentação do
primeiro ano de vida até o período do escolar.

4.3. Alimentação no primeiro ano de vida

4.3.1. Aleitamento materno

O leite humano é a dieta mais completa para o lactente, durante os


primeiros seis meses de vida.
É possível manter o leite materno, mesmo na ausência da mãe, pois é
só retirar o leite e guardá-lo, mesmo fora da geladeira, por até 8 horas. Na
geladeira, o leite pode ser mantido por um período de 24 horas e no freezer por 15
dias. Na hora de dar o leite para a criança é só aquecê-lo em banho-maria.

Amamentação

É a forma natural de alimentar o recém nascido. Requer atenção


por parte dos profissionais de saúde, já que os índices de desmame precoce
no Brasil ainda são bastante elevados.

A criança deve ser alimentada exclusivamente ao seio materno


até os 6 meses de idade. Nesse período não é necessário nenhum tipo de
complementação, nem mesmo água. O leite materno é um alimento completo
que atende a todas as necessidades do organismo da criança e a protege
contra infecções.

Veja nas figuras abaixo as posições para amamentar

Ministério da Saúde, 2002.

4.3.2. Vantagens do aleitamento materno

O leite materno contém substâncias chamadas anticorpos, que protegem


o bebê das infecções.
45
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
O leite materno contém fatores de proteção, os chamados anticorpos,
contra muitas doenças. Essas substâncias, que passam da mãe para o filho através
do leite, protegem o bebê contra as infecções. O leite materno é mais adequado
do ponto de vista nutricional, pois preenche todas as necessidades
nutricionais da criança até os 6 meses de vida.
A qualidade e a quantidade dos seus componentes é
adequada, isso quer dizer que a quantidade de proteínas, vitaminas e sais
minerais que existem no leite estão na medida certa para preencher as
necessidades do bebê. Além disso, o bebê digere melhor o leite materno,
bem como absorve melhor os seus nutrientes do que quando toma leite de
vaca.

O leite materno é prático e higiênico

O leite do peito não tem risco de contaminação, porque não precisa


ser preparado, passa direto do peito da mãe para a boca da criança e já vem na
temperatura ideal. É mais prático porque já está pronto e aquecido. Não se perde
tempo preparando, nem lavando mamadeira e panelas.

É mais econômico criar os filhos com o leite materno

Outro fato que ocorre após o desmame, é a dificuldade das mães em


preparar o leite de vaca nas medidas adequadas. Como o leite é muito caro, na
hora de preparar a mamadeira a mãe acaba misturando água demais ao leite. Isso
faz com que o bebê não receba a quantidade de nutrientes necessários.
Uma das soluções que as mães encontram para engrossar o
leite misturado com água é acrescentar a ele fubá, creme de arroz ou
qualquer outro tipo de farinha. Como consequência disso, muitas crianças
ficam mais fracas porque não tomam a quantidade de leite de que precisam.
Algumas podem até engordar, devido à farinha que engrossa o leite, mas são
crianças com pouca resistência, principalmente às infecções.

O aleitamento materno favorece o relacionamento mãe e filho

A amamentação permite que a mãe e o bebê tenham uma relação


mais próxima, pois cria mais oportunidades para mãe e filho estarem juntos,
mantendo um contato mais íntimo, que pode contribuir para o estabelecimento de
relações sócio-afetivas necessárias ao desenvolvimento da criança.

4.3.3. O desmame

Até os seis meses, o leite materno supre todas as necessidades


nutricionais da criança. Por isso não é necessário dar nenhum outro tipo de
alimento. Nem sequer é preciso dar água ou chá, porque o leite materno tem
água suficiente para matar a sede do bebê. Quando o bebê só recebe o leite
materno, diz-se que ele está em aleitamento materno exclusivo.
Quando a criança completa seis meses de idade, ela vai precisar de
outros alimentos, além do leite materno. Inicia-se assim, o desmame, quando o
bebê começa a receber qualquer outro tipo de alimento, além do leite materno.
46
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
O desmame deve ser feito aos poucos, à medida que novos alimentos vão
sendo introduzidos. Deve-se utilizar colher ou copo ao introduzir os novos
alimentos, ao invés de mamadeira. No período do desmame, diz-se que a
criança está em aleitamento misto: com leite materno e outros alimentos.

Proposta de alimentação para o desmame

Cereais, batatas e raízes Feijão, carne e ovos

Leite materno

Hortaliças e frutas Gordura e açúcares

Cuidados importantes durante o desmame são: oferecer alimentos


complementares somente após as mamadas, introduzir os alimentos de
forma gradual, utilizar a colher para alimentar a criança, preparar e
acondicionar higienicamente os alimentos, os ingredientes devem ser
incorporados às receitas gradativamente de acordo com a idade da
criança, ao oferecer os alimentos posicionar a criança de maneira ideal,
evitando assim, engasgar.
Durante o primeiro ano, inicia-se a formação dos hábitos
alimentares da criança. Por isso, é importante oferecer os mais diversos tipos
de alimentos e fazer uso moderado de açúcar, sal e condimentos no preparo
das refeições.

4.3.4. Alimentação artificial

A alimentação artificial constitui um risco para a saúde da criança em


função da má qualidade do leite e inadequado manejo da mamadeira. Entretanto
em função de alguns obstáculos relacionados à mãe e a criança, tais como:
inflamação da mama, desnutrição, dificuldade de sucção e deglutição,
problemas psíquicos da mãe, uso de medicamentos pela mãe, que impedem a
amamentação.

Tipos:

Leite fresco: utiliza normalmente o leite de vaca, que deve ser fervido mesmo
que tenha sido pasteurizado;

Leite em pó: tem a vantagem do fácil armazenamento e de ter recebido


tratamento descontaminante. Os cuidados especiais referem-se à qualidade da
água e preparo;

Leite vegetal: o mais comum é o leite de soja. Empregado para crianças


com síndromes diarreias ou para lactente alérgico ao leite de vaca. Neste
caso, igualmente importantes são a qualidade da água e a técnica de
preparo.

47
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Ocorrendo a impossibilidade do aleitamento materno, são pontos
essenciais de orientação:

• Seguir rigorosamente a prescrição médica, do nutricionista ou enfermeiro,


quanto ao tipo de leite, diluição e acréscimos, se for o caso (açúcar,
farinha).
• Lavar com água e sabão o local de preparo, as mãos e todo material
usado no preparo da mamadeira, ou seja: copos, colheres, vasilhames, a
mamadeira e o bico.
• Ferver mamadeira e bicos, durante vinte minutos. Enxaguar com água
fervente os demais utensílios previamente lavados com água e sabão.
• Ferver a água utilizada no preparo da mamadeira e para beber durante vinte
minutos.
• Manter as mamadeiras protegidas e em locais limpos.
• Utilizar bicos com furos de tamanho apropriado;
• Lavar com água e sabão a mamadeira logo após seu uso.
• Pode-se também preparar várias mamadeiras de uma só vez, onde todos
os passos acima devem ser respeitados seguido, além do mais, a cada
refeição, deve-se aquecer a mamadeira em banho-maria e ajustar o bico.

4.3.5. Métodos de administração de mamadeiras

• Verificar as condições de higiene e vestuário da criança, trocar se


necessário;
• Lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão;
• Conferir o tipo e a quantidade, o tamanho do furo do bico e a
temperatura do leite. A última pode ser verificada, colocando gotas de leite
sobre o punho do administrador;
• Levar a criança ao colo sempre que possível. Ter à mão uma fralda ou
similar, para uso em caso de regurgitação ou vômito. Incentivar para que
o bebê segure a mamadeira com as próprias mãos, tão logo seu
desenvolvimento lhe permitir;
• Manter a mamadeira em um ângulo que encha completamente o bico com o
líquido. Se a criança demonstrar cansaço ou agitação retirar periodicamente o bico
da mamadeira da boca;
• Fazer a criança arrotar;
• Se for bebê ou estiver acamada, deitá-la de lado;
• Fazer anotações nas fichas da criança referindo: quantidade ingerida,
ocorrência, se a aceitação foi espontânea ou estimulada e outras
ocorrências.

a) Diluições

Idade/
Com medida Com colher de sopa Volume
medida
1 medida rasa de leite 1 colher de sopa rasa
0-2 meses e 60 ml de água e 100 ml de água 90-180 ml

48
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
1 medida rasa de leite 1 colher de sopa
180 – 220
e 50 mel de água quase cheia e 100 ml
2-6 meses ml
de água

1 medida rasa de leite 1 colher de sopa cheia


200-250 ml
6 em diante e 30 ml de água e 100 ml de água

*Leite integral: Ninho, Itambé, Glória, Mococa.


**Leite modificado (1 medida de leite para 30 ml de água). Bônus, Pelargon,
Sobee.

Mingau: fazer somente com leite integral (1 colher de chá para


100 ml de leite). Pode acrescentar arrozina, cremogema, maisena, mucilon.
Além da alimentação, é necessário que o bebê seja colocado ao sol, no
máximo até às 10 horas. Esse procedimento é para o aproveitamento da vitamina D,
que só ocorre sob a ação dos raios solares.

4.4. Alimentação no período de 12-36 meses de idade

A alimentação neste período já inclui todos os grupos de alimentos, a


maioria das crianças já come da mesma comida que é preparada para os outros.
As carnes e vegetais frescos, de difícil mastigação, devem ser picados em
pequenos pedaços. É preferível servir pequenas porções de alimentos de alto valor
nutritivo, uma vez que ele se desinteressa quando vê o prato cheio.
Seu apetite e suas preferências alimentares são muito irregulares, onde
é frequente períodos de boa alimentação e os de alimentação precária. A
introdução, em cada refeição, de pelo menos três itens dos quatro grupos básicos
de alimentos é uma medida que contribui para o desenvolvimento de hábitos
alimentares equilibrados e para variar as preferências em relação ao paladar.
Alimenta-se sozinho com uso das mãos e de colher. Quando for
necessário ajudá-lo, use outra colher, permitindo que ele continue o treino de
alimentar-se. As refeições devem seguir um horário regular, para favorecer tanto
os aspectos nutricionais quanto os de formação de hábito.

4.5. Alimentação do pré-escolar

O pré-escolar alimenta-se sem ajuda, exceto para cortar alimentos


rígidos (carnes) e para descascar frutas. As necessidades nutricionais são
semelhantes ao período anterior, entretanto, deve-se respeitar suas preferências
alimentares, sem contudo, descuidar do valor nutricional da dieta.
Neste período a criança começa a adquirir hábitos alimentares
dos outros, mostrando-se disposta a provar alimentos novos. Vale
enfatizar, que a criança de 3 – 4 anos dificilmente consegue permanecer
sentada durante toda refeição, já a criança de 5 anos está geralmente pronta
para o aspecto social do ato de alimentar-se.

4.6. Alimentação do escolar

A criança come geralmente aquilo que a família ou o que come na


49
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
creche, então, a qualidade de sua dieta depende essencialmente dos padrões
alimentares da família e da creche. Entretanto, ele adquire gosto para uma
variedade crescente de alimentos. Todavia, a influência dos meios de
comunicação e a tentação de provar uma imensa variedade de alimentos não
nutritivos, o que leva a criança a sentir-se satisfeita com alimentos que
não favorecem o crescimento. A educação nutricional pode e deve ser
integrada neste período.

4.7. Problemas na alimentação infantil

• Alergias nutricionais;
• Distúrbios nutricionais;
• Cólicas abdominais;
• Diarreia, constipação;
• Gases;
• Regurgitação.

4.7.1. Alergias nutricionais

Intolerância ao leite, a mais comum é alergia ao leite de vaca. Em


geral, surge dentro dos primeiros dois meses de vida, após a introdução do
leite de vaca, pode apresentar vômitos, diarréia, cólicas e outros sintomas. A
confirmação do problema ocorre após suspensão do leite e o
desaparecimento desses sintomas.
Neste caso, deve-se substituir o leite e em algumas situações a
criança pode vir a tolerar o leite de vaca por volta dos dois anos de idade.
Vale ressaltar que, todos os produtos derivados do leite também devem ser
evitados.

4.7.2. Distúrbios nutricionais

Desnutrição: é um termo geral que se refere à nutrição inadequada


ou deficiente. Pode manifestar- se como: subnutrição, supernutrição
(obesidade ou hipervitaminose). Temos ainda, anemia ferropriva e as
deficiências vitamínicas. Os estados mais graves de desnutrição
envolvem as deficiências proteicas e calóricas, o kwashiorkor e o marasmo.
Os principais distúrbios vitamínicos presente em nosso meio são:
deficiência de vitamina A, complexo B, C e D. O principal tratamento consiste
no reposição de vitaminas.
Temos ainda deficiência de ferro, um tipo mais comum de anemia em
nosso meio, aparecendo entre 6 a 12 meses de vida, preferencialmente em
crianças que recebem leite de vaca.
A subnutrição infantil se apresenta como um dos maiores
problemas de saúde pública no nosso país, especialmente no Nordeste. É
agravada pela anemia, verminose, falta de vitamina, desmame precoce, cárie
dentária, infecções e doenças diarreicas no primeiro ano de vida.
Na desnutrição calórico-proteica, causada pela ingestão deficiente
de calorias e, por vezes, de proteínas, agravada por episódios de diarreia
e outras infecções. Crianças com este tipo de desnutrição, apresentam
50
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
falhas no crescimento e predisposição a doenças infecciosas. Temos
Kwashirokor e o Marasmo. O tratamento consiste no fornecimento de uma
dieta rica em proteínas de alto valor e/ou carboidratos, vitaminas e sais
minerais.
4.7.3. Cólicas abdominais

Sã o descritas como dor ou cãibras abdominais, que se


manifestam por choro alto e retração das pernas sobre o abdome. A cólica
desaparece espontaneamente, em geral por volta dos três meses de vida,
embora nunca se deva garantir que isso ocorrerá, já que o problema pode
persistir por muito mais tempo.
Causas: alimentação rápida e excessiva, deglutição de ar,
técnica de alimentação inadequada, etc. Pode-se tentar aliviar as cólicas,
tais como: colocar o lactente de bruços sobre uma tolha aquecida,
massagear o abdome, fazer arrotar e manter a criança sentada após as
refeições ou de lado, mudar frequentemente a posição do lactente.

4.7.4. Diarreia e constipação

Problema de diarreia na criança merece atenção especial,


portanto será abordado em separado mais à frente.
Constipação: dificuldade ou desconforto ao tentar evacuar.
Importante identificar se a criança está fazendo uso de alguma dieta,
medicamento que estejam causando este problema. Deve-se oferecer mais
líquidos, suspensão de alimentos constipantes, às vezes introduzir
açúcar ou mel na mamadeira resolve a situação. Evitar uso de laxantes.

4.7.5. Gases

O abdômen apresenta-se distendido. Neste caso deve-se identificar


a causa, fazer exercícios e posicionar o bebê adequadamente no berço
(decúbito ventral).

4.7.6. Regurgitação

É o retorno de pequenas quantidades de alimento após a


alimentação constitui ocorrência comum durante o primeiro ano de vida.
Neste casos, é possível reduzi-la através de medidas simples, como colocar
a criança para arrotar após a alimentação, movimentação mínima da criança,
antes e durante a refeição, e seu posicionamento de lado com a cabeça
ligeiramente elevada, após a amamentação.

Resumo

Grupo Etário 0-6 meses O padrão alimentar ideal é o aleitamento materno;

51
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Introduzir desmame, porém deve-se continuar
A partir dos 6 meses amamentado, até 2 anos.
Dê lanches conveniente e nutritivos tais como
banana, arroz doce, leite com banana, pão, tapioca,
batata doce, cuscuz, canjica.
Dê alimentos adequadamente amassados ou
cortados em pequenos pedaços.
Alergias nutricionais;
Cuidados com problemas Distúrbios nutricionais;
na alimentação infantil Cólicas abdominais;
Diarreia, constipação;
Gases;
Regurgitação.

Atividades para realizar em aula

• Tentar reconhecer as substâncias alimentares contidas na refeição


oferecida;
• Preparar cardápios para o almoço e o jantar e identificar os alimentos que
fazem parte da roda dos alimentos;
• Discutir os cuidados necessários para preparar a refeição numa creche,
a partir das experiências de cada um.

4.8. Processo de crescimento infantil

Crescer é desenvolver, é o resultado de um série de fatores


intrínsecos e extrínsecos interdependentes, que ocorre de maneira indissociável,
singular, original e contínua em cada criança. No entanto, por motivos práticos
somos levados a dar um sentido próprio a cada um dos dois aspectos.
A todo momento em nossas vidas utilizamos o verbo crescer, para
nos referirmos a altura dos indivíduos, tamanho dos cabelos, unhas, etc.
Assim pensamos no conceito de crescimento como sendo um aumento no
tamanho do corpo inteiro ou de alguma de suas partes à medida em que a
criança cresce em direção a maturidade.
Podemos dizer ainda que crescimento, de outra forma, refere-se às
alterações de tamanho e volume do corpo. Ocasionado pela multiplicação das
células, o que permite facilmente sua medida em uma determinada grandeza.
A infância é feita de uma sucessão de etapas de
desenvolvimento, cada uma com suas particularidades, é um fenômeno
contínuo, onde uma etapa prepara a seguinte. Entretanto, algumas
etapas são mais importantes que outras e abrem espaço para novas
descobertas. Basicamente, são dois momentos na vida de uma pessoa onde o
crescimento é mais acentuado.
O primeiro período ou etapa compreende a fase pré-natal (antes da
criança nascer, quando ela ainda vive no útero materno) até aproximadamente
dois anos de idade.
O segundo período ou etapa é a chamada puberdade que nas
52
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
meninas tem início aproximado de 10, 11 anos e nos meninos 13, 14 anos.
Esse novo impulso de crescimento dependerá mais da carga genética do
indivíduo na determinação da intensidade do crescimento em altura.
Em geral, o crescimento e desenvolvimento são referidos como uma
unidade que expressa a soma das numerosas mudanças que ocorrem durante a
vida de um indivíduo. Podemos utilizar como um indicador de suas condições de
saúde e de vida, o que justifica a necessidade de seu acompanhamento.
Este acompanhamento deve ser realizado periódica e
continuamente por todos que prestam assistência à criança.

4.8.1. Fatores que influenciam o crescimento

O crescimento pode ser considerado um dos sinais mais


importantes da saúde da criança, porque indica claramente progressos ou
problemas no seu desenvolvimento. Entretanto, muitos fatores estão
envolvidos no processo de crescimento da criança, cada qual exercendo um
maior ou menor poder de influência.

Entre esses fatores, encontram-se:

• Os genéticos;
• A saúde e nutrição da gestante;
• A nutrição da criança;
• As doenças da criança;
• As relações sócio afetivas.

a) Fatores genéticos
Os fatores genéticos através dos quais os pais transmitem
características físicas para os filhos, influenciam o crescimento da criança. Por
exemplo, a cor dos olhos, da pele, do cabelo e também a altura final do
indivíduo.

b) Fatores ligados à saúde e nutrição da gestante


A desnutrição da mãe ou doenças durante a gestação, como
pressão alta e diabetes podem influenciar o crescimento do feto. Um pré-natal
de qualidade é fundamental para diminuir o efeito desses agravos sobre o
crescimento do feto, evitando que a criança nasça com baixo peso.
Pode-se dizer, ainda que as condições sociais e econômicas são
fatores também importantes para garantir o crescimento do feto.

c) Fatores ligados à nutrição da criança


A nutrição exerce também uma forte influência sobre o crescimento
da criança. O aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade
garante os nutrientes necessários para o processo de crescimento, além de
proteger a criança contra doenças.
Famílias que possuem dificuldades econômicas e sociais não
podem oferecer uma alimentação adequada em quantidade e qualidade,
ocasionando crianças desnutridas, que ficam com seu crescimento
prejudicado.
53
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
d) Fatores ligados a doenças da criança
As doenças também podem ter impacto sobre o ritmo de
crescimento da criança. Durante períodos de sérias doenças o ritmo de
crescimento da criança diminui acentuadamente.

e) Relações sócio afetivas mantidas com a criança


Situação social e afetiva extremamente precária pode causar
enormes prejuízos ao seu processo de crescimento e desenvolvimento.
Temos ainda, o sistema de valores de suas famílias e cultura; as influências
psicológicas, nível socioeconômico.

4.9. Parâmetros utilizados para acompanhar o crescimento infantil

O desenvolvimento da criança é o processo unitário que engloba o


desenvolvimento físico e o desenvolvimento psíquico. Acompanhando o
desenvolvimento podemos avaliar, cuidar e promover a saúde da criança.
Para cada sexo, existe um gráfico que contém curvas de peso e altura,
porque o desenvolvimento físico da menina e do menino é diferente.
Para acompanhar o desenvolvimento físico através do crescimento,
usamos o peso-idade da criança, que mostra rapidamente progressos ou
problemas no desenvolvimento da criança. Nele temos, em cima, a idade da
criança em anos. Em baixo, esta idade aparece em meses e vai de 0, que é
o nascimento e, aumentando mês a mês até 36 meses que são 3 anos e
depois aumenta de 2 em 2 meses até completar 60 meses que são 5 anos.

Gráfico peso-idade

Toda vez que a criança é pesada, esse peso é marcado no gráfico.


54
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Entretanto temos que pesar a criança várias vezes para fazer o seu
acompanhamento. Formamos assim a curva de peso da criança. Se a curva de
peso está subindo, a criança está se desenvolvendo. Se a linha é horizontal, o
peso continua o mesmo. Se a curva está caindo, a criança está tendo problemas no
seu desenvolvimento.

4.9.1. Método de pesagem

a) Recomendações
• Determinar o momento habitual do dia que se realiza a pesagem (no
mesmo horário);
• Pesar a criança sempre com mesmo tipo de roupa;
• Utilizar a mesma balança;
• Manter a balança regulada;
• Anotar o peso e a idade no lugar certo;
• Traçar a curva do peso e avaliar o crescimento de acordo com a direção da
curva de peso.

b) Técnica de pesagem
• Verificar se a balança foi tarada;
• Colocar a criança sobre a balança (deitada, sentada ou de pé), conforme a
sua idade;
• Ler o peso;
• Anotar o peso.

Temos ainda a estatura, perímetro cefálico, torácico como uma medida de


avaliação do crescimento. Para acompanhar o desenvolvimento psíquico,
observamos a atividade da criança, porque à medida em que se desenvolve,
ela muda seu jeito de fazer as atividades. No cartão é acompanhado algumas
atividades na idade em que a maioria das crianças é capaz de fazer. E foi
dada também uma faixa de idade que limita o tempo de cada atividade que a
criança faz.
Os conhecimentos e habilidades da criança são desenvolvidos
a partir das experiências sociais, ou seja, do que aprende na relação com
outras pessoas. Pode-se concluir, então, que existem formas diferentes de a
criança se desenvolver. Seus conhecimentos e comportamentos são
desenvolvidos de acordo com as experiências presentes no dia-a-dia.
O desenvolvimento de uma criança é normal, quando está de acordo
com os costumes, valores, conhecimentos e habilidades do seu grupo social de
referência, além do que cada criança têm um ritmo de desenvolvimento próprio. O
bebê, por exemplo, pode falar ou andar mais cedo do que outro.

4.10. Princípios de higiene, profilaxia e biossegurança

Higiene significa limpeza; asseio; inter-relação entre o homem e o


meio ambiente, no sentido da preservação da saúde. Existem vários tipos de
higienização, a individual (banho, cabelos, unhas e mãos, boca, dentes e
vestuário), coletiva (saneamento básico, água, esgoto, lixo, vetores), a
mental (equilíbrio, costumes morais e sociais), do trabalho (riscos físicos,
55
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
químicos e biológicos), e ambiental (limpeza de moveis, utensílios e estrutura).
Profilaxia é a aplicação de meios que tendem evitar doenças ou contágios. As
medidas profiláticas interrompem a interação entre o agente causador da
doença e o organismo. Alguns exemplos de doenças sujeitas a profilaxia são
peste bubônica, hepatite, verminoses, DSTs, infecções hospitalares.

Higiene e profilaxia estão intimamente ligadas, pois a higienização,


em todas as suas formas, evita a transmissão e/ou contágio por agentes
infectocontagiosos, logo é uma medida profilática.
Biossegurança, segundo a Comissão de Biossegurança em Saúde,
do Ministério da Saúde, é a condição de segurança alcançada por um conjunto
de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes
às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o
ambiente.
Infecção: Penetração, alojamento, multiplicação e desenvolvimento
de microrganismos patogênicos no corpo de um hospedeiro, provocando
reações orgânicas patológicas.
Período de Incubação: Intervalo de tempo entre o início da infecção
e o aparecimento do primeiro sintoma ou sinal da doença.

4.10.1. Noções de Higiene

A higiene é o aspecto mais importante da manutenção da saúde.


Relaciona-se ao comportamento pessoal, familiar, coletivo, cultural e é
dependente de ações governamentais. A limpeza e a higiene são, hoje, um
diferencial nos serviços de saúde.

a) Limpeza
Consiste na remoção de sujidade visível e por conseguinte na
retirada de sua carga microbiana.

b) Descontaminação
Medidas adotadas para assegurar que a manipulação de um
instrumento médico seja inócua, ao reduzir a contaminação por
microrganismos.

c) Esterilização
Destruição de todas as formas de vida microbiana, incluindo os
esporos bacterianos, que são as formas mais resistentes.
O aquecimento é o método mais comum usado para a esterilização.

d) Desinfecção
Controle voltado para a destruição de micro-organismos nocivos.
Refere-se à destruição de patógenos vegetativos (não-formadores de esporos).
Reduz ou inibe o crescimento, mas não esteriliza necessariamente.

e) Assepsia
Conjunto de medidas adotadas para impedir a introdução de agentes
patogênicos no organismo.
56
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Técnicas assépticas são importantes em cirurgia para
minimizar a contaminação dos instrumentos cirúrgicos.

4.10.2. Normas universais de Biossegurança

Todos os profissionais de saúde devem adotar normas anti-


infecciosas quando houver possibilidade de contato com sangue, outras
substâncias corporais, mucosa e pele não íntegra.
As normas se baseiam em 03 fundamentos:

• Lavagem das mãos;


• Uso de EPI;
• Evitar acidentes com perfuro-cortantes.

4.10.3. Importância da higiene na saúde da criança

Mais o que seria higiene?

É o conjunto de meios que permitem que uma pessoa seja saudável,


desde o seu nascimento evitando moléstias. É importante para o homem
durante toda a sua vida, em qualquer atividade executada, em casa, no
trabalho, na rua, etc. Importante enfatizar a manutenção de medidas de higiene
não só da criança e da creche, mas também a higiene individual das
funcionárias, que deve tomar cuidado com suas roupas, os cabelos, de
preferência usá-los presos; as unhas devem ser conservadas curtas, cortadas
e limpas.
Por ser as mãos uma das partes mais importantes do corpo, visto
que a s usamos em todas as nossas atividades do dia-a-dia, além de ficarem
expostas a todo tipo de sujeira e a germes causadores de doenças, devemos
lavá-las ao comer ou dar de comer as crianças; na preparação dos alimentos;
antes e depois de cuidar de bebês e crianças; usar vaso sanitário.

4.10.4. Cuidados durante a higiene da criança

A higiene engloba todos os meios para à preservação da


saúde, inicia desde a higiene individual e ambiental (roupas, água,
alimentos, etc).

4.10.4.1. Higiene individual

Os cuidados prestados ao nosso corpo. A pele é a nossa primeira


proteção contra as doenças, ela só funcionará se estiver limpa, livre de
poeiras, células mortas e germes. O banho tem esta tarefa, de retirar os
obstáculos, além de proporcionar relaxamento. Ele deve ser completo,
limpando todas as partes do corpo.
Na higiene individual, abordaremos inicialmente a higiene do
recém-nascido, no período de 12 a 36 meses, período pré-escolar e escolar.
De acordo com cada faixa etária tem-se alguns cuidados peculiares nestes
57
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
períodos, que são importantes considerá-los no cuidado com a criança.

4.10.4.2. Higiene do recém-nascido e do lactente

Os recém-nascidos são frágeis, estando sujeitos a infecções.


Por isso, é preciso tomar cuidados em relação às condições de higiene da
própria criança e do ambiente.
O banho é muito importante para a higiene do bebê, além de ser
refrescante e prazeroso. Para realizar o banho, inicialmente prepare e reúna o
material: recipiente com água, sabonete, toalha, fralda de pano e peças do
vestuário. No recém-nascido, o banho poderá ser dado na banheira, bacia ou
pia limpa. A temperatura da água deve ser morna, o que é experimentado
colocando o braço dentro da água. Uma posição confortável e segura durante o
banho deve ser mantida. Em nenhum momento se pode deixar uma criança
sozinha no banho, mesmo quando for capaz de sentar-se sem apoio.
Permita que a criança brinque com a água e outros objetos, bem
como movimente suas pernas e braços, tornando o banho um momento
agradável. Inicie lavando o rosto apenas com água, limpando os olhos, narinas e
orelhas. Lave os cabelos e o couro cabeludo com sabonete. Se houver crostas
em um desses locais, passe óleo antes do banho e remova as que se
desprenderem ao lavar e secar a área.
Continue, lavando o tronco e os membros. Realize a higiene da
genitália de ambos os sexos no sentido de cima para baixo. Então, vire o bebê
de costas, e complete a lavagem.
O coto umbilical deve ser limpo com um sabão suave e água durante
o banho, e secando-o cuidadosamente a seguir. O uso de um cotonete com
álcool pode ser usado, pois promove o ressecamento.
Ao retirar da água e transportar a criança, segure-a junto ao seu
corpo. Enxugue todas as partes do corpo do bebê suavemente. Vista-o com
roupas adequadas à temperatura ambiente.
As trocas de fraldas devem ser realizadas sempre que o bebê
urina ou evacuar. Remova os resíduos de fezes, urina e creme ou pomada
que estiverem aderidos à pele, lavando com água e, quando necessário, com
sabonete. Seque bem e coloque outra fralda limpa.
Para a higiene oral, resíduos de leite ou alimentos na boca e na língua
podem ser removidos usando fralda ou gaze limpas e úmidas, com o intuito de
evitar o sapinho (placas esbranquiçadas na parte interna dos lábios e bochecha ou
na língua, causada por monília). A partir do aparecimento dos primeiros dentes
inicia-se a escovação, o que é importante tanto para a limpeza quanto para a
formação de hábito. A escova deve ser pequena e macia. Não é recomendado o uso
de creme dental, uma vez que a criança vai ingeri-lo.

a) Realizar curativo do coto umbilical

O curativo do coto umbilical é feito diariamente após o banho ou


sempre que estiver molhado de urina ou sujo de fezes. Tem por objetivo
promover a cicatrização, por meio da mumificação e evitar a contaminação
local.
É importante atentar a qualquer anormalidade, como presença
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
de sangramento, secreção purulenta, hiperemia, edema e odor fétido.

Material necessário: frasco com álcool a 70%, cotonete e gaze. O curativo


consiste na limpeza da base do coto com o cotonete embebido em álcool,
fazendo movimentos suaves e circulares.

4.10.4.3. Higiene no período de 12 a 36 meses de idade

Nesta fase, deve-se dar especial atenção à higiene dentária, pois se


completa a dentição.
Os dentes devem ser escovados diariamente e após as refeições ou
quando comer doces, chocolates, etc. Para uma adequada higiene oral, todas as
faces do dente devem ser escovadas, assim como a língua. A escova de dente deve
ser macia e de tamanho pequeno possibilita a limpeza sem ferir a criança.

4.10.4.4. Higiene no período do pré-escolar e escolar

Nestes períodos as crianças são capazes de tomar banho


sozinhas, porém resiste e, às vezes, finge ter se lavado, apenas molhando os
cabelos. O mesmo ocorre com relação a escovação dos dentes. Assim
sendo, convém reforçar a importância da higiene corporal e dentária, ser
firme ao ordenar sua execução e, eventualmente, verificar o resultado.
Não esquecer de cuidar das unhas, que devem ser cortadas quando
necessário. Os pés devem ser bem lavados e secados, principalmente entre os
dedos. Deve-se andar sempre calçado.
Atenção! O uso de objetos pessoais, tais como pente, toalha,
escova de dente, deve-se evitar o uso coletivo dos mesmos, porém sempre
que uma pessoa usar o pente deve lavá-lo, que não seja pessoal deve lavá-lo.
Evitando a disseminação de piolhos.
A escova de dente deve ser mantida com as cerdas limpas, sem
resíduos de pasta ou água. Trocá-la periodicamente e a toalha de banho após uso
deve ser colocada ao sol, lavá-la uma vez por semana.

4.10.4.5. Higiene das Roupas

As roupas nos servem como proteção contra sujeira, frio,


traumatismos, etc, por isso devemos cuidar delas. Alguns cuidados são
necessários: roupas de baixo (calcinhas, cuecas, fraldas), devem ser
trocadas sempre que necessário, secar ao sol, em varais, nunca ao chão;
passar ferro as roupas lavadas, se possível, pois isto auxilia a matar os
germes que ainda existem nelas, conservar as roupas sempre em bom estado,
ou seja, com botões, colchetes, etc.
Caso na creche exista alguma criança com problema de pele, suas
roupas devem ser lavadas separadas das outras. Deve-se também evitar o uso
de roupas coletivas.

4.10.4.6. Higiene dos alimentos

59
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Os alimentos tem importância fundamental em nossas vidas. Não
podemos viver sem eles. Porém, alguns cuidados devemos ter com eles:

• Manter os alimentos longe de insetos, baratas, moscas, ratos;


• Colocá-los em depósitos fechados;
• Lavar os alimentos crus, antes de comê-los;
• Limpar os armários onde são depositados os alimentos;
• Evitar que as crianças comam alimentos que estejam no chão, sem que
sejam lavados;
• Um alimento só deve ser ingerido se em perfeitas condições, ou seja, se
estiver com cheiro diferente do normal ou aspecto, deve ser jogado fora;
• Carnes de porco deve ser bem cozida ou bem assada;
• Manter o ambiente limpo;
• Lavar as mãos antes de cuidar dos alimentos, evitar tossir ou espirrar
próximo a eles.

a) Água

Mesmo aparentando estar limpa, a água que é usada para beber,


deve ser filtrada ou fervida. Os recipientes que servirem de depósito para a
água, devem ser lavados periodicamente, e manterem-se tampados.

4.10.4.7. Higiene do ambiente

Manter os espaços da criança limpos também é tarefa nossa, pois


um ambiente limpo é fundamental para a saúde. Não esquecer também de
arejar o ambiente o máximo possível, deixando as janelas abertas para
renovação do ar e entrada da luz do sol, bem como de colocar os colchões no
sol.

4.11. Principais problemas relacionados à pele e higiene

4.11.1. Assadura

É uma lesão de pele. Essa manifestação é bastante comum,


porém ocorre com maior frequência em bebês que não são mantidos limpos e
secos. Tanto para prevenção como para o tratamento de assaduras, a higiene
é fundamental. A pele deve ser mantida limpa e seca.
Na presença de assadura, exponha a região ao sol. Pode-se
aplicar ainda cremes preparado para este fim, tais como Hipoglós, sobre a
pele limpa e seca.

4.11.2. Escabiose

Doença de pele, causada por um parasita chamado ácaro, que


penetra na pele, depositando seus ovos. É também chamada de sarna.
Como se percebe que está com escabiose: aparecem pequenos
caroços que coçam muito, podendo aparecer no corpo todo. Os locais mais
comumente atingidos são: entre os dedos, nas dobras dos braços e coxas; nas
60
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
axilas; nas mamas, ao redor da cintura, em volta do umbigo, nas nádegas e
nos órgãos genitais. A transmissão se dar através do contato com a pele e com
roupas de uso pessoal ou de cama. Pode ser evitada mantendo cuidados de
higiene com roupas do corpo, de cama e de banho da pessoa que estiver com
escabiose, e evitar o contato de pele. Para combater devemos: Ter higiene no
ambiente, nas roupas de cama e uso individual; fazer o tratamento para todas
as pessoas que apresentam coceira, utilizar o medicamento apropriado. É
importante seguir as recomendações com precisão, a loção é deixada sobre a
pele no período de 4-6 horas, todo os membros infectados devem ser tratados ao
mesmo tempo, as roupas usadas devem ser lavadas em água quente e passada
ferro.

4.11.3. Pediculose

É uma infecção causado por um parasita conhecido popularmente pelo


nome de “piolho”.
Geralmente, habita na cabeça, onde pões os seus ovos (lêndeas). A
transmissão ocorre pelo uso de pentes e escovas utilizadas por pessoas com
piolhos, através de lençóis ou de roupas de cama pertencendo a pessoa
infectadas. Podemos evitar: orientando as pessoas sobre a importância da higiene
pessoal; lavar a cabeça com frequência; não usar pentes ou escovas de
pessoas contaminadas de piolhos; usar medicamentos indicado para a infestação;
deve-se examinar a cabeça da criança pelo menos uma vez por semana. Se
elas tiverem piolhos, deve-se tratá-las adequadamente. Aplicar o medicamento no
cabelo molhado e deixá-lo por um período determinado antes de enxaguar.

4.11.4. Impetigo

Pequenas bolhas ou bolinhas de pus localizadas nas palmas das


mãos e nas plantas dos pés. Podem aparecer também no pescoço, debaixo
do braço, em torno do umbigo ou na região genital. Dar banhos com
permanganato de potássio (1 comprimido dissolvido em 4 litros d’água).
Depois, passa-se pomada indica sob prescrição médica.

4.11.5. Furúnculos

Uma lesão pequena, com presença de pus. Uma lesão maior, cheia
de pus, chama-se abscesso. Tratamento consiste: uso de compressa quente.
Molhe pedaços de pano em água quente e coloque sobre o furúnculo. Cubra a
compressa com plástico e uma toalha para conservar o calor. Quando esfriar
molhe novamente em água quente. Faça isso várias vezes, mas tome cuidado
para não queimar a criança. Nunca espremer um furúnculo. Caso piore procure o
médico.

4.11.6. Brotoeja

Manchas, pápulas e bolhas muito pequenas ocasionada pelo calor.


Não coloque muita roupa na criança, dar banho com mais frequência, passe
loção de pasta d’água.
61
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
4.12. Processo saúde-doença

4.12.1. Microbiologia

O que são microrganismos?

Os microrganismos são uma forma de vida que não pode ser


visualizada sem auxílio de um microscópio. Estes seres diminutos podem ser
encontrados no ar, no solo, e, inclusive, no homem.

Contato com os seres humanos

Com relação ao seu contato com o homem, este pode ocorrer de


forma positiva e indispensável à vida (bactérias nitrificantes) ou bastante negativa,
neste caso, os efeitos prejudiciais à saúde, e, até mesmo à vida do homem, se dá
pelo contato com microrganismos patogênicos (causadores de doenças).

Outras informações importantes

Estes seres tão minúsculos não são todos iguais, eles podem ser
muito diferentes em tamanho e modo de vida. Contudo, todos têm em
comum uma estrutura bastante simples e a impossibilidade de serem
vistos sem o uso de microscópio.
O conhecimento deste tipo de vida se deu graças a descobertas
ocorridas ao longo de muitos anos. O ápice destas descobertas ocorreu em
1878, quando Pasteur apresentou a "Teoria dos Germes", a partir daí, deu-
se início a chamada Era Bacteriológica.
As pesquisas de Pasteur foram acompanhadas por um grande
número de cientistas e médicos. Alguns deles, impressionados pelas
descobertas, promoveram mudanças bastante significativas em seus
métodos de trabalho.
Além dos microrganismos já identificados e classificados (bactérias,
fungos, parasitas), havia uma outra categoria que só pôde ser observada após a
invenção do microscópio eletrônico. Tratava-se de um ser de estrutura
organizacional bastante simples e de existência já presumida: o vírus.
Somente após a invenção do microscópio, foi possível identificar
uma grande variedade de seres vivos. A partir daí, eles passaram a fazer parte
da classificação dos seres vivos em reinos.
Eles compõem o Reino Monera (seres unicelulares como bactérias
e algas azuis), Protista (seres unicelulares como protozoários e algas
eucariontes) e Fungi (seres uni ou pluricelulares como fungos elementares e
fungos superiores).
Bacteriologia é uma ciência, ramo da Biologia, que estuda as
bactérias e suas propriedades.
Virologia é a ciência que estuda os vírus e suas propriedades.
Micologia é uma ciência, ramo da Microbiologia, que estuda os
fungos e suas propriedades. Esta ciência também é conhecida como
micetologia.
Parasitologia é a ciência voltada para o estudo dos parasitas.
62
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
4.12.2. Patologias comuns na infância

A) Diarreia

A diarreia é uma das doenças mais conhecidas pela população. Isso


porque, além de ser muito frequente, ela é responsável pela morte de um número
grande de crianças no Brasil e no mundo.
É uma doença perigosa porque pode levar à desidratação e
comprometer o estado de nutrição, colocando a criança em risco de tornar-se
desnutrida ou mesmo de morrer.
Em muitas comunidades, parece que a diarreia é uma doença comum
de criança. As pessoas estão tão acostumadas a verem crianças com diarreia que
até acham natural essa situação.
No mundo inteiro a diarreia é mais frequente nas regiões menos
desenvolvidas e mais pobres. No Brasil, na região norte e nordeste, a diarreia é a
principal causa de morte em crianças menores de 5 anos de idade. Ela ocorre,
principalmente nas crianças de famílias com menos recursos, que moram em
casas sem condições adequadas de saneamento, que não conseguem ter uma
boa alimentação e que têm grandes dificuldade para obter assistência à saúde.
A atuação da atendente de creche à criança com diarreia deve
visar sempre a prevenção de complicação, como desidratação e desnutrição.
Nesta unidade abordaremos: conceito de diarreia, forma de transmissão da
diarreia, prevenção e o tratamento. Com o objetivo de orientar a atendente de
creche sobre cuidados a serem tomados com a criança para profilaxia e tratamento
da diarreia e da desidratação.

O que é diarreia?
Diarreia é uma doença, na maioria das vezes, muito contagiosa,
aguda ou crônica, causada por agentes infecciosos, como vermes, bactérias e
vírus. Por ser aguda, quando dura algumas horas ou dias, ou crônica, quando
persiste por semana ou meses. Essa doença se espalha, rapidamente, em
condições precárias de vida e em pessoas com menos defesas, como as crianças
desnutridas e as de baixa idade.
Quando uma pessoa está com diarreia, ela evacua mais vezes que o
habitual. As fazes são mais líquidas e muitas vezes com cheiro diferente. Em
alguns casos pode haver nas fezes sangue ou muco.
As crianças com doença diarreica ficam abatidas e fracas. Podem Ter
cólicas, vômitos ou febre. Logo perdem o apetite e se a diarreia é mais intensa,
rapidamente começam a perder peso.
Quando a diarreia se torna mais intensa, a criança perde muita
água e sais minerais pelas fezes ou vômitos, podendo ficar desidratada. Além
disso, no caso da criança desnutrida, a doença é mais grave, piorando a
desnutrição e aumentando o risco de morte.
É bom lembrar que no primeiro ano de vida, principalmente no
recém-nascido, é normal a criança evacuar várias vezes ao dia, com fezes
líquidas e até esverdeadas. Isso é mais frequente, ainda, nas crianças em
aleitamento materno. Também algumas crianças até os dois ou três anos,
mesmo sem diarreia, podem evacuar um número maior de vezes. A diferença
é que essas crianças
63
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
não parecem estar doentes, comem bem e estão ganhando peso.
Isso, portanto, não é diarreia.

Como é que ocorre a transmissão da diarreia?


A transmissão da diarreia ocorre através de vermes, bactérias e
vírus. As pessoas que têm diarreia eliminam esses agentes infecciosos pelas
fezes.
Quando as fezes são despejadas no solo ou nos córregos e rios, esses
micróbios podem contaminar as pessoas, quando, por exemplo, usam a água
contaminada para lavar as mãos e preparar alimentos.
As moscas são, também, agentes de transmissão da diarreia, pois
pousam em locais contaminados, carregando em suas patas os micróbios. Assim
ao pousar nos alimentos, acabem contaminando-os.
Pode-se dizer, portanto, que o destino adequado das fezes e do
lixo e o tratamento da água são fatores indispensáveis para evitar a
transmissão da diarreia.

a) Prevenção da diarreia
São medidas importantes de prevenção da diarreia:
• saneamento básico (cuidados com água, com as fezes e com o lixo);
• aleitamento materno;
• práticas adequadas de desmame;
• imunização.

b) Tratamento da criança com diarreia

A diarreia é uma doença grave por que causa a desidratação e a


desnutrição. Os sinais de desidratação são: olhos afundados, sem lágrimas; vômitos
muito intenso; boca seca; moleira afundada; pele ressecada e quando beliscada
forma uma prega que demora para voltar ao normal; dificuldade de urinar; febre.
O M inistério da Saúde elaborou um esquema de avaliação do
estado de hidratação da criança, que procura facilitar a classificação e
conduta nos casos de crianças com diarreia. Apresenta-se, a seguir, uma
adaptação do referido esquema.
Conduta nos casos de diarreia sem desidratação

1 - Aumentar a ingestão de líquidos

Durante a diarreia, a criança perde líquidos e sais minerais,


através das evacuações e dos vômitos. É preciso, portanto, que ela receba
mais líquidos para compensar essas perdas.
Ao primeiro sinal de diarreia, portanto, é preciso oferecer mais líquidos
para a criança. Assim, para:

• as crianças em aleitamento materno – oferecer o peito mais vezes e, se


a diarreia for muito intensa, introduzir também o soro caseiro;
• as crianças após o desmame – aumentar a oferta de água, chás caseiros,
suco de frutas diluídos, leite, água de coco, água de arroz ou de outros
cereais cozidos, sopas, soro caseiro.
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
A quantidade de líquidos a ser dada depende da sede e da aceitação
da criança. Quando a criança vomitar, esperar um pouco e recomeçar em
pequenas quantidades, aos goles ou em colheradas.

2 - Manter a alimentação

Sabe-se que a criança com diarreia pode absorver e aproveitar os


alimentos no intestino. A criança que se alimenta durante a diarreia tem mais
condições de reagir à doença e menos risco de ficar desnutrida. Assim,
oferecer alimentos da preferência da criança, em pequenas quantidades e mais
vezes ao dia; oferecer alimentos cozidos sob a forma de papas ou amassados
para facilitar a mastigação e digestão, misturar à comida, duas colheres das de
chás de óleo, para aumentar as calorias.
Durante o período de recuperação, a criança precisa ainda
de mais alimentos para recuperar seu peso. É preciso, portanto, oferecer
uma ou mais refeições suplementares, até a criança voltar a apresentar o
peso adequado.

Conduta no caso de diarreia com algum grau de desidratação

A grande maioria dos casos de diarreia se curam dentro de 1 a


2 semanas, só com o tratamento feito em casa. Entretanto, alguns
casos podem se agravar, necessitando de encaminhamentos para os
serviços de saúde.
Se a criança apresentar sinais de desidratação, deve começar a
dar soro de reidratação oral (pode vir pronto comercialmente ou pode ser
caseiro).
Deve procurar assistência médica nas seguintes situações: a criança
apresentar sangue e muco nas fezes; vomitar tudo que bebe ou não aceitar
beber nada; a diarreia piorar muito; a febre continuar e quando tiver associada a
desnutrição; ficar sem urinar mais de 6 horas, mesmo tomando soro; apresentar
convulsões; estiver largada, sonolenta e apresentar barriga inchada ou fofa.

Conduta nos casos de diarreia com desidratação grave

A criança deve ser levada imediatamente ao hospital para tratamento.

Quantidade de soro após cada evacuação


criança até 12 meses 50 a 100ml (1/4 a meio copo)
criança acima de 12 meses 100 a 200 ml (1/2 a 1 copo)

65
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Resumo

As causas mais profundas da diarreia são a miséria, a fome e a má


alimentação.
Muitos casos de diarreia podem ser prevenidos:
1. amamentando o bebê pelo maior tempo possível;
2. não usando mamadeiras;
3. lavar as mãos;
4. usar água encanada, filtrada ou fervida;
5. aproveitar
Sinais melhor os alimentos
da diarreia
1. boca seca;
2. pouca urina de cor amarela-escura;
3. moleira afundada (só em criança com menos d 1 ano de idade);
4. olhos fundos e sem lágrimas;
5. soro
O pelecaseiro
sem elasticidade.
representa um sinal de esperança: a própria vida.

4.13. Infecções respiratórias agudas

As infecções respiratórias agudas (IRA) e uma das principais causas


de morte de crianças, no Brasil. Nem sempre são doenças graves. O nome
“aguda” significa que a doença é de curta duração, com evolução média de sete
dias. As IRA caracterizam-se pela presença de um ou mais dos seguintes sinais:
tosse, dificuldade para respirar, chiado no peito, nariz escorrendo, dor de ouvido e
dor de garganta.
Existem infecções respiratórias agudas, como é o caso das
chamadas gripes e resfriados que, mesmo sendo benignas, prejudicam a
criança no seu dia-a-dia, incomodando-a para dormir, comer, chegando, às
vezes, a comprometer o seu peso e crescimento.
Ainda que não sejam graves e que possam se curar
sozinhos, os resfriados e gripes incomodam a criança, devendo ser
acompanhados com cuidado para evitar complicações.
Entre as infecções respiratórias agudas, a maior número de
mortes de crianças é por pneumonia; razão pela devemos identificar e tratar
o mais rápido possível.
Temos como objetivo nesta unidade: identificar os sinais e sintomas
das infecções respiratórias agudas e abordar os cuidados que devem ser
prestados a criança que têm: pneumonia grave, pneumonia não grave e não é
pneumonia. De modo que as atendentes de creche possa detectar precocemente as
IRA.
Abordaremos: conceito de infecção respiratória aguda, identificação das
IRAs e o tratamento.

O que são as infecções respiratórias agudas?

São as infecções do aparelho respiratório, que podem afetar o nariz,


a garganta, os ouvidos, a laringe, os brônquios e os pulmões.
A criança com infecção respiratória aguda pode ter tosse, dificuldade
para respirar, chiado no peito, nariz entupido ou escorrendo, dor de ouvido e
dor de garganta.
66
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Além disso, a criança perde o apetite, pode ficar muito irritada e
chorosa. Algumas ficam com os olhos vermelhos e lacrimejando. As crianças
maiores reclamam de dor de cabeça e dores no corpo.
Em geral, são os vírus que causam a maioria das infecções
respiratórias. Mas podem ocorrer infecções por bactérias, que costumam ser
mais graves. Às vezes, os resfriados causados por vírus se complicam
quando se junta uma infecção por bactéria.
Contra os vírus não se tem remédio específico. Contra as
bactérias podem ser usados os antibióticos. Em geral, os resfriados e
gripes são causados por vírus e as infecções do ouvido e pneumonias por
bactérias. Assim, os resfriados e gripes não precisam de tratamento
com antibióticos e as pneumonias sim.
Existem várias situações de risco para a criança ter IRA, dentre
eles: crianças que vivem em ambientes fechados, com pouca circulação de ar,
crianças que moram na periferia das cidades, isto é, perto das fábricas ou
ruas sem asfalto, com muita poeira, à vida da criança em creches,
geralmente as creches são pouco arejadas e ventiladas. As crianças ficam
muito tempo fechadas nesses ambientes, em contato com outras crianças
que já estão com infecções respiratórias. Por isso, as crianças de creche
adoecem mais do que as que não frequentam creches. Quando há uma
aglomeração de pessoas num mesmo cômodo, a qualidade do ar fica
prejudicada, fazendo com que haja a ocorrência de infecções respiratórias.
Existem outras situações que fazem com que a criança tenha mais
chances de agravamento da doença, tais como: criança nos primeiros meses de
vida, quando as defesas do organismo não estão bem desenvolvidas; com baixo
peso; desnutrida, bebês alimentados em mamadeira, doenças como sarampo,
coqueluche, tuberculose, difteria e as crianças que não estão com esquema vacinal
completo.

Diante do exposto discuta com o grupo

Quais as medidas preventivas para combater infecções respiratórias

4.13.1. Avaliação da criança com infecção respiratória aguda

A tosse é um dos sinais mais frequentes nas doenças


respiratórias agudas. No bebê com menos de dois meses, a tosse pode não
se tão frequente.

Observe com atenção

• A criança respira mais depressa que o normal


• A parte inferior do peito (abaixo das costelas) da criança afunda quando
estiver inspirando;
• O bebê não consegue mama ou beber líquido;
• Criança sonolenta ou difícil desperta;
• Bebê menor de 2 meses apresentar febre ou temperatura baixa.

67
“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
a) Respiração

Quando as vias respiratórias estão cheias de catarro fica difícil para o


ar chegar até os pulmões ou ser expelido. Diminui, então, a quantidade de oxigênio
que chega aos pulmões e a criança tem de respirar mais vezes por minuto para
conseguir oxigênio de que precisa. Assim, a respiração fica mais rápida, isto é,
aumenta o número de vezes que a criança puxa o ar por minuto.
Para contar a respiração, é necessário que a criança esteja calma,
no colo, com o peito e a barriga visível. Observa-se a respiração da
criança e contam-se os movimentos da respiração durante 1 minuto,
marcando com um relógio.
O número de vezes que a criança respira vai mudando com a idade. O
recém-nascido respira mais rápido do que o bebê maior de 2 meses, a criança
maior tem uma respiração mais devagar ainda.

Considera-se como “respiração rápida”


Crianças menores de 2 meses Com 60 ou mais respirações por minuto
Crianças de 2 a 11 meses Com 50 ou mais respirações por minuto
Crianças de 1 ano a 4 anos Com 40 ou mais respirações por minuto

A criança com infecção respiratória aguda tem de fazer mais força


para conseguir que o ar chegue até os pulmões. Este esforço pode ser visto
na parte inferior do peito da criança, que apresenta um afundamento
embaixo das costelas, chamado de tiragem.
Importante também observa se algumas crianças apresentam um
barulho alto e áspero ao inspirar. Isso significa que pode haver obstrução das
vias aéreas superiores, porém deve diferenciar se o chiado é de uma
pneumonia ou uma crise de asma.
A pneumonia é uma infecção dos pulmões. Uma pessoa com
pneumonia não consegue fazer a renovação adequada do ar nos pulmões,
passando a ter dificuldade para respirar.

b) Sinais de doença grave

Para as crianças de todas as idades:

• Sonolência anormal ou dificuldade para despertar;


• Estridor;
• Convulsões;
• Em crianças menores de dois meses:
• Febre ou temperatura baixa;
• Redução acentuada da aceitação alimentar;
• Chiado no peito.

Em crianças a partir de 2 meses até 4 anos:

• Dificuldade para beber líquidos, em geral;


• Desnutrição grave.
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Se a criança apresenta qualquer um desses sinais de perigo, ela,
provavelmente, está com uma doença muito grave e precisa ser
encaminhada ao médico

Classificação da criança com tosse ou dificuldade para respirar


Crianças menores de 2 meses Crianças a partir de 2 meses até 4 anos
Pneumonia grave Pneumonia grave
Não tem pneumonia Pneumonia não grave
Não tem pneumonia
Essa classificação baseia-se em dois sinais:
Aumento da frequência respiratória;
Presença ou não de tiragem.

Pneumonia grave em crianças menores de 2 meses


Tiragem acentuada ou
Respiração rápida (60 ou mais respirações por minuto)

Pneumonia grave em crianças a partir de 2 meses até 4 anos


Tiragem (excluir se é crise de asma) Encaminhar ao médico

Pneumonia não grave em crianças a partir de 2 meses até 4 anos


Sem tiragem;
Com respiração rápida
Encaminhar ao médico
Não é pneumonia, em crianças menores de 2 meses:
Não tem tiragem acentuada e
Não está com respiração rápida (menor de 60 por minuto)
Não é pneumonia, em crianças a partir de 2 meses até 4 anos
Sem tiragem;
Não está com respiração rápida

Oferecer bastante líquido, retirar as secreções do nariz, tratar a febre (Se tiver).
Observar sinal de perigo.

Toda criança menor de 2 meses com qualquer sinal de


pneumonia será classificada como tendo pneumonia grave. Isso porque a
criança menor de 2 meses pode adoecer e morrer com grande rapidez, devido
a infecções graves causadas por bactérias. Encaminhar ao médico.

Tem tosse ou resfriado:

Tratamento
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
• Amamentar mais vezes o bebê;
• Aumentar a oferta de líquidos (água, chá, sucos). Caso não amamente.
• Manter o bebê agasalhado;
• Limpar o nariz da criança e para facilitar a retirada das secreções do nariz,
pinçar soro fisiológico ou água limpa;
• Observar se apresenta sinais de gravidade (respiração rápida ou dificuldade
para se alimentar ou ingerir líquidos).
• Entre às IRA, a infecção no ouvido, é uma das mais conhecidas e a criança
pode apresentar:
• Febre, irritabilidade, choro intenso e frequente, recusa da alimentação;
• Ouvido supurado;
• Dor de ouvido.

O tratamento consiste: encaminhar ao médico, fazer compressas


quentes e secas no ouvido para aliviar a dor, limpar o ouvido (nunca use
cotonete e sim uma ponta de um pedaço de pano de algodão limpo; coloque-
o no ouvido da criança até ficar bem molhado; retire o pedaço de pano e faça
tudo de novo até que o ouvido fique bem seco.
A dor de garganta também é uma queixa muito frequente nas
crianças com gripe ou resfriado. Este tipo de inflamação na garganta se
cura sozinho, resolvendo-se com os cuidados gerais que são feitos para os
resfriados e gripes (limão com açúcar, mel, chá com alho e limão, chá de
hortelã, alecrim são bons para tosse).
A dor de garganta é um problema sério quando a criança
apresenta também febre alta, dificuldade para engolir e placas de pus na
garganta. Neste caso encaminhar ao médico.
Resumo
Observar sinais de gravidade:
Respiração rápida ou difícil;
Dificuldade em alimentar-se ou ingerir líquidos;
Piora do estado geral

Conduta:
Alimentar a criança durante a doença;
Limpar o nariz para facilitar a alimentação e respiração;
Aumentar a oferta de líquidos;
Observar presença de algum sinal de gravidade
Encaminhar ao médico

4.14. Verminoses

As crianças vivem em constante interação com o meio, esta relação resulta


no processo saúde-doença.
É comum, as crianças apresentarem verminoses. Na creche, devido
grande aglomerado de crianças, é importante conhecer as principais verminoses do
meio, bem como as principais medidas de prevenção.
O problema da verminose, que tanto afeta nossas crianças
decorrente das más condições sanitárias e higiene inadequada, terá os
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
principais tópicos abordados são: principais parasitoses, (ascaridíase;
oxiurose; tricocéfalo; ancilostomíase; esquistossomose; giardíase; amebíase;
teníase) e suas respectivas formas de transmissão e medidas de prevenção.
Tem como objetivo conhecer as principais parasitoses transmissíveis
do meio, bem como forma de transmissão e as medidas preventivas.

O que provoca as verminoses?

Verminose, é uma doença causada por vermes que vivem,


crescem e se multiplicam na pessoa. Os vermes são conhecidos pelo nome
de parasitas ou hospedeiro, porque vivem às custas de outros seres (homens
e animais).
A verminose espalha-se facilmente onde não há cuidados com a
limpeza, por exemplo: quando uma pessoa evacua, os ovos dos vermes saem
junto das fezes. Se esta evacuar no chão, os ovos dos vermes irão se espalhar
na terra. E é assim que acontece a contaminação, pois esses ovos acabam sendo
levados pelo vento ou água da chuva até os rios, lagos, açudes e, o que é mais
grave ainda, até os poços de onde se retira água para beber, lavar louça e
alimentos, cozinhar, tomar banho, etc.
Outro exemplo: quando uma atendente de creche limpa uma
criança após evacuar e esquece de lavar as mãos, ela por sua vez pega oura
criança ou então vai fazer comida sem lavar as mãos. Nesta situação ela se
contamina e também contamina outras crianças.

De que maneira a pessoa contrai a verminose?

Os ovos dos vermes penetram no organismo da pessoa quando ela


bebe água contaminada, ou quando come alimentos que não foram bem lavados
ou se foram lavados com água contaminada, tomar banho em rios, lagoas cujas
águas podem conter vermes, também é um meio de contaminação.
Quando os ovos penetram no organismo da pessoa, eles soltam
seus filhos (larvas) que se transformam em vermes. Os vermes crescem, se
multiplicam e começam a soltar ovos que irão do organismo junto com as
fezes. Por isso, se as fezes forem depositadas no chão os ovos
contaminarão as águas, e outras pessoas serão atingidas pela verminose.
A contaminação não acontece apenas através da água, isto vai
depender do tipo de verme. Suponhamos que, se uma pessoa andar
descalça perto do local onde havia fezes contaminadas, poderá pegar o
verme que provoca o amarelão. Isso porque, os ovos eliminados com as
fezes podem também soltar suas larvas na terra. Elas penetram no organismo
pela própria pele e percorrem quando uma criança, brincando perto do local
onde casos, a contaminação pode acontecer quando uma criança,
brincando perto do local onde foram evacuadas fezes contaminadas,
coloca a mão na boca, depois de mexer na terra.

4.14.1. Ascaridíase

Doença causada por um verme, com tamanho de 20 a 30 cm, de


cor rosa branca. Conhecida como lombriga ou bicha. As lombrigas vivem
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
nos intestinos, onde colocam seus ovos. Se as pessoas evacuarem no
chão, os ovos eliminados junto com as fezes poderão ser levados pelo vento
ou água da chuva até os rios, lagos, poços, etc. Se esta água for usada para
beber, regar as plantas ou lavar alimentos, outras pessoas irão pegar o verme.
A criança pode ter tanta lombriga, que formar um bolo obstruindo
o intestino. Às vezes é possível palpar esse bolo através da barriga. Se a
quantidade de lombriga é muito grande, a criança pode ficar desnutrida.

a) Manifestações
Barriga grande, cólicas abdominais, enjoos, fraqueza, falta de disposição
, perda de apetite, diarreia, perturbação do sono. QUANDO não tratada pode
causar obstrução intestinal e levar à morte.

b) Transmissão

Quando há falta de higiene, os ovos de áscaris podem passar das


fezes de uma pessoa, para a boca de outra, através de alimentos
contaminados e das mãos sujas levadas à boca.

c) Prevenção

• Usar privada, lavando as mãos em seguida;


• Lavar as mãos antes de comer e ao mexer nos alimentos;
• Proteger os alimentos contra moscas;
• Lavar bem frutas e verduras antes de comer;

4.14.2. Oxiurose

Doença causada por vermes de cor branca, muito fino com


cerca de 1 cem de comprimento.

a) Manifestações

Coceira no ânus, perturbação no sono; irritabilidade.

b) Transmissão

Estes vermes deixam milhares de ovos ao redor do ânus


causando coceira, principalmente à noite. Quando a pessoa coça, os ovos
ficam debaixo das unhas e são levados para a comida e outros objetos. A
roupa de cama fica cheia de ovos. Desta maneira os ovos podem até a boca da
mesma pessoa ou a boca dos outros, causando infestação.

c) Tratamento e prevenção

• Usar fraldas ou calças para dormir, para não tocar no ânus;


• Lavar as mãos e nádegas das crianças quando acordam;
• Cortar as unhas bem curtas;
• Trocar roupas de cama com frequência;
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
• Educar as crianças para lavar as mãos ao acordar, depois de evacuarem e
antes das refeições;
• A limpeza é a melhor prevenção.

4.14.3. Tricocéfalo (trícuro)

Verme arredondado de cor rosa, ou cinza, com 3 a 5 cm de


comprimento, que infesta o intestino grosso.

a) Transmissão:

Passa das fezes de uma pessoa para a boca de outra.

b) Prevenção:

Mesma da ascaridíase.

4.14.4. Ancilostomíase

Doença causada por um verme que se localiza no intestino delgado,


tem a forma arredondada, de cor vermelha e mede 1 cm de comprimento.

a) Manifestação

Anemia, fraqueza, barriga grande, desânimo.

b) Transmissão

Os ovos são eliminados através das fezes do doente que chegam


ao solo. As larvas se desenvolvem entram nos pés, alguns dias depois
alcançam o sangue e o intestino. No intestino se ficam e ficam chupando o
sangue, causando anemia e fraqueza à pessoa. Uma criança muito pálida,
anêmica e que come muita terra pode Ter amarelão. Dependendo da
intensidade da infestação, o amarelão pode ser muito grave, retardando o
crescimento físico e mental da criança.

c) Prevenção

• Usar privada;
• Não andar deslaço;
• Lavar os alimentos;
• Lavar as mãos.

4.14.5. Esquistossomose

Doença causada por um verme chamado “Schistosoma mansoni”


que, entra na corrente sanguínea. Conhecido como “barriga d’água”.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
a) Manifestação

Mal – estar geral, dores nas pernas e na barriga, falta de apetite,


diarreia e urina, às vezes com sangue; às vezes febre, calafrios, fraqueza.
Depois de muitos meses, pode apresentar aumento do volume do fígado e
baço.

b) Transmissão

Pelo contato do homem com a água contaminada, através de


lavagem de roupas, banhos e pescaria. O verme vive dentro de um caramujo,
após algum tempo as larvas abandonam o caramujo e vão para a superfície
da água, onde atacam as pessoas que ali entram para tomar banho, lavar
roupas ou simplesmente molhar os pés. Penetrando na pele o verme adere,
perfura-a e instala-se no organismo, provocando a doença.

c) Prevenção

• Usar sempre privada;


• Evitar entrar em água que tem caramujo;
• Tratar as pessoas contaminadas.

4.14.6. Giardíase

Doença causada por um parasita chamado Giardia lamblia e que


habita normalmente o intestino do homem.

a) Manifestação

No início não apresenta sintomas, mas em grande infestação pode


surgir: náuseas (enjoo), gases, diarreia amarelada, odor fétido e espumosa,
sem sangue ou muco e perda de peso, cólica, anemia.

b) Transmissão

A falta de hábitos higiênicos faz com que as pessoas


portadoras da doença, depositem suas fezes infectadas contendo cistos, na
água ou sobre alimentos. Havendo ingestão de cistos pela alimentação ou
através das mãos contaminadas com fezes levadas à boca, faz com que haja
uma grande infestação rapidamente nas pessoas.

c) Prevenção

• Higiene pessoal;
• Cuidados com a água e proteção dos alimentos;
• Depósito das fezes em local adequado.

4.14.7. Amebíase

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
Doença provocada por um protozoário patogênico (Entamoeba
histolytica), que se localiza no intestino.

a) Manifestação

No início pode ser assintomática ou pode apresentar: cólica,


diarreia alternada com dificuldade de evacuar, disenteria com sangue e pode
aparecer pus, dores na barriga. Transmissão - A mesma da giardíase.

b) Prevenção

A mesma da giardíase.

4.14.8. Teníase

Infecção causada pela solitária Taenia solium (porco) e Taenia


Saginata (vaca). É um verme achatado que cresce muito, tem pedaços
brancos e chatos que são encontrados nas fezes. Manifestação - Pode causar
dor de barriga, irritabilidade, insônia, falta de apetite, perda de peso. O perigo
maior se encontra quando os cistos (larvas) entram no cérebro da pessoa.

a) Transmissão

Consumo de carne malcozida, contendo cisticercose que se


desenvolvem no intestino, originando o verme adulto, que cresce e pões
ovos. Os ovos são eliminados pelas fezes. Se os porcos ou as vacas
comerem alguma coisa contaminada pelas fezes, eles engolirão os ovos que
depois de algumas transformações ficarão na sua carne. E assim, outras
pessoas quando comerem essa carne, também irão pegar a verminose. A
carne, quando é bem cozida ou assada, não oferece perigo, pois o calor mata
os ovos.

b) Prevenção

• Só comer carne de porco bem cozida ou bem assada;


• Nunca comer carne de porco com cistos;
• Seguir as regras de higiene cuidadosamente;
• Tratar pessoas contaminadas.

4.15. Imunização

Inúmeros agentes podem causar doenças, sejam eles bactérias,


vírus, protozoários, fungos; e que podem ser transmitidas de pessoa a pessoa
ou de um animal para uma pessoa de modo direto ou indireto.
Entretanto, algumas doenças transmissíveis podem ser evitadas
através de vacinas, tais como sarampo, coqueluche, difteria, poliomielite e
tétano.
A imunização é uma ação básica de saúde que visa reduzir a
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
mortalidade infantil. Assim, não se justifica a morte de nenhuma criança por
doença para a qual se dispõe de vacina.
Nesta unidade pretendemos abordar conceito de vacinas,
esquema básico de vacinação e algumas doenças que podem ser evitadas
por meio de vacina. De forma a ajudar os cuidadores infantis a
compreenderem a importância da vacinação e quanto se deve vacinar.

O que são vacinas?

Vacinas são preparados feitos com os próprios agentes


infecciosos ou parte deles ou com suas toxinas modificadas artificialmente
de modo a formar ou fabricar anticorpo contra os micróbios que causam
a doença.
Assim, quando um indivíduo vacinado entra em contato com
pessoas que tenham essa doença, não adoece; diz-se então, que o indivíduo
adquiriu imunidade ou proteção contra aquela doença.

4.15.1. Esquema básico de vacinação

O esquema básico de vacinação constitui nas vacinas obrigatórias


durante o primeiro ano de vida, que é o seguinte:

a) Calendário básico de vacinação da criança

O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo


Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/MS)
e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interesse
prioritário à saúde pública do país.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
4.16. Necessidades da criança

Quanto às necessidades de amor e afeto é importante para a


criança ser amada e se sentir segura desse amor. A principal fonte de amor,
particularmente durante o primeiro ano de vida, são os pais, portanto a
importância do estabelecimento desta ligação é crucial para a criança.
Vale destacar que durante todos os estágios de desenvolvimento da
criança, estas necessitam saber que são desejadas, aceitas e que possuem o lar e
esse amor é transmitido através de palavras e ações.
Numa creche, os profissionais que cuidam da criança, devem durante
sua assistência tentar suprir as necessidades de amor e afeto da criança,
principalmente quando as mesmas são abandonadas.
Uma necessidade que está intimamente relacionada à de amor é a
necessidade de segurança, pois no meio existem inúmeros fatores que
podem gerar insegurança nas crianças tais como: rejeição por parte de
pessoas significativas, inabilidade social e também problemas físicos: fome,
frio ou outros desconforto. Por este motivo devemos estar alerta para os
indícios que revelem ameaças a esse senso de segurança.
Na necessidade de disciplina devemos saber que as crianças devem
estar preparadas para aceitar restrições no seu comportamento, porém é
importante compreendermos o que vem a ser disciplina, pois não é punição, e
conduzir a criança para um comportamento aceitável, pois elas precisam
aprender as regras que regem o lar, a creche, a escola e a comunidade em geral.
Disciplinar é ensinar a realidade. Esta necessidade deve fazer parte do cuidar da
criança, pois à medida que estamos prestando cuidados, devemos orientar e
ensinar o que é aceitável na sociedade.
À medida que as crianças crescem e se desenvolvem, elas se tornam
progressivamente capazes de direcionar suas atividades e de tomar decisões
mais independentes, surgindo assim a necessidade de dependência. Por isso, é
importante dar oportunidade para a criança se desenvolver e adquirir sua
dependência. Nas ações da vida diária podemos dar espaço para a mesma
executar tarefas simples até mesmo comer sozinha, andar, se vestir, etc, desta
maneira se vai adquirindo independência.
Autoestima refere-se à valorização da criança, principalmente nas
áreas de aceitação da criança na sociedade. Devemos favorecer o
autoconceito positivo na criança proporcionando estímulo e
reconhecimento durante suas ações e quando for comunicar um
comportamento inaceitável é importante enfatizar que não é a criança.
Já na necessidade biológica e física, de início enfatizamos que
esta deve ser satisfeita antes de tudo, são as necessidades de alimento,
água, ar, temperatura adequada, eliminação, estímulo e abrigo. Os recém-
nascidos são totalmente dependentes dos adultos para satisfazer
suas necessidades básicas. À medida que a criança desenvolve, ela
começa a progredir e assumir responsabilidade por suas necessidades
básicas.
Quanto à necessidade de ar não enfatizaremos nesta unidade,
entretanto é importante saber identificar se a criança apresenta algum
desconforto respiratório; caso isto aconteça comunicar de imediato ao
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
profissional de saúde.
Em relação a necessidade de estímulo, de certa forma esta na
unidade de crescimento, desenvolvimento e estimulação.

4.16.1. Repouso e sono

A necessidade de repouso e sono constitui uma necessidade


humana básica. Repouso entendemos como um estado de bem-estar, já o
sono é a regeneração dos processos do organismo. Nesta unidade
pretendemos discutir as necessidades de repouso e de sono na faixa de
idade do recém-nado, lactente, pré-escolar e do escolar, bem como
discorrer as intervenções dos profissionais da creche para facilitar o repouso
e o sono.
Dependendo da criança e do seu estágio de desenvolvimento, a
mesma têm necessidade de repouso e sono diferenciado, já que não existe um
esquema padronizado para todas as crianças.
O padrão do sono e repouso comumente do recém-nado, varia de
10 horas e meia a 23 horas, com uma média de 16 horas e meia, pois na
primeira semana os bebês costumam dormir a maior parte do dia. Em geral,
dormem, alimentam-se e dormem novamente, no decorrer do dia.
Mas as necessidades variam muito; existem bebês que
permanecem mais tempo acordado do que outros. Para promover o sono e
repouso devemos enrolar ou aconchegar o recém-nado com um cobertor, pois
além de promover o sono mantém a temperatura corporal.
Já o lactente, a maioria dorme a noite toda, com sonecas durante o
dia e a criança com 8 ou 9 meses pode tirar 1 ou 2 sonecas durante o dia e
dorme cerca de 12 horas durante a noite. Assim, a rotina diária vai se
estabelecendo aos poucos.
Em geral, o sono da criança apresenta-se por fases diferentes. Em
alguns momentos, o sono parece profundo e os bebês têm um aspecto
tranquilo, respirando fundo e regularmente. Em outros momentos, o sono
parece superficial e os bebês se mexem, fazem movimentos, bocejam,
gemem, bem como a respiração pode ficar mais rápida e irregular.
Nesta fase existe vários fatores que podem perturbar o sono e o
repouso da criança, tais como o ambiente, alimentação, condições de higiene
e outras condições até mesmo patológicas.
Durante a fase do toddler e pré-escolar, algumas vezes a criança
pode ter dificuldade na hora de dormir. Antes de mais nada é fundamental
estabelecer um horário para o sono e promover um ambiente propício.
Na idade escolar as necessidades relativas a sono e repouso são
altamente individuais. Não existe determinado número de horas de sono
e/ou repouso, pois esta necessidade depende da idade da criança, sua
atividade e o estado de saúde. Em geral, nesta idade a criança não dorme
durante o dia, mas dorme em média 11 a 12 horas por noite. Com o decorrer
dos anos, por volta de 8 a 9 anos são particularmente resistentes durante o
ato de ir dormir. Devemos usar alguns métodos para facilitar o sono/repouso,
como ler e contar histórias, cantar e outros.
Conversar com o grupo sobre: O que devemos fazer para promover
um repouso e sono adequado às crianças.
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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
4.16.2. Eliminação

O processo de eliminação tem a finalidade de eliminar do organismo


substâncias indesejáveis ou em excesso. As principais vias de eliminação
são os tratos urinários e intestinal, mais eliminados também através da
pele e dos pulmões também.
Pretendemos descrever os dados relacionados à eliminação
urinária e intestinal do recém- nado, lactente, pré-escolar e escolar e
descrever cuidados quanto a necessidade de eliminação da criança que pode
ser executada pelo profissional de creche.

A eliminação como uma necessidade básica

Nas primeiras 24 horas, a maioria dos recém-nado urina e elimina fezes


chamadas mecônio, que é escuro, pastoso e pegajoso e é eliminado durante
alguns dias, até ser substituído por fezes amareladas. Além do que, eles evacuam
várias vezes ao dia, entretanto a freqüência depende do grau de hidratação e
nutrição, de modo que aqueles que se alimentam melhor tendem a evacuar mais.
Quanto ao volume urinário nas primeiras 24 horas é de 16 a 60
ml, mas com um mês de idade este volume já é de 250 a 400 ml.
Os lactentes podem apresentar dificuldades de evacuar ou urina,
mas em média eles urinam de 6 a 8 vezes ao dia, o que equivale a cerca de
400 a 500 ml por dia. As evacuações podem ser em número de 4 ou 5 por dia
ou pode até evacuar apenas uma vez e em dias alternados. É comum nesta
faixa etária, as crianças apresentarem diarreias e cólicas.
O toddler e o pré-escolar tende a apresentar fezes mais escuras e
mais consistente já a urina tende a ser eliminado em média 600- 750ml. É
importante nesta fase a educação da criança quanto aos hábitos sanitários e
maneira a ajudar a criança a manter o controle de suas eliminações.
O escolar têm o volume urinário maior, em torno de 650-1000ml
de urina, pois apresenta maior capacidade de concentrar a urina.
No cuidado com a criança deve-se investigar se ela urinou no
período, se foi muito e também se evacuou, observando o aspecto das fezes;
se tem sangue, quantidade, quantas vezes evacuou. Se porventura apresentar
algum problema de eliminação tais como: dificuldade de evacuar e urina,
diarreia, fezes endurecidas e outros; comunicar profissional de saúde.
Importante ainda, que o profissional de creche promova hábitos
normais na criança e lhe auxilie durante a necessidade de eliminação
dependendo de sua capacidade.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de


Gestão do Trabalho eda Educação na Saúde. Guia prático do cuidador /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção àSaúde, Secretaria de Gestão do
Trabalho e da Educação na Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Atendimento integrado à saúde e


desenvolvimento da criança. 1995.

SIGAUD, Cecília Helena S. & VERÍSSIMO, Maria (Org.). Enfermagem


Pediátrica: o cuidado deEnfermagem à criança e ao adolescente. São Paulo:
EPU, 1996.

STEFANE, Joelle. A enfermagem, o crescimento e desenvolvimento


infantil. In SCHMITZ.

Edilza e cols. A enfermagem em pediatria e puericultura. São


Paulo:Atheneu. 1995.

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“Educar para o trabalho em atividades de comércio de bens, serviços e turismo”

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