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Michell Pedruzzi Mendes Araújo
RESUMO: Esse trabalho objetiva descrever a Síndrome de Klinefelter (SK) a nível genotípico e
fenotípico e traz reflexões sobre as práticas educacionais inclusivas que podem ser aplicadas a esses
alunos com déficit cognitivo. Teoricamente, a pesquisa foi fundamentada em Vigotski e
metodologicamente, para o alcance dos objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
em artigos da área biomédica. Sabe-se que a SK vem desde 1942 sendo descrita por diversos ramos
biomédicos, mas estudos que retratam sobre o desenvolvimento cognitivo desses alunos e as ações
inclusivas a serem tomadas pelos profissionais da educação são escassos e merecem destaque.
Como resultados dessa pesquisa destaca-se a importânciado diagnóstico precoce do indivíduo
portador dessa síndrome, bem como o reconhecimento do fenótipo e do genótipo do indivíduo com a
síndrome para que possamos superar suas limitações/restrições e valorizar as suas potencialidades.
ABSTRACT
This paper aims to describe the Klinefelter syndrome (KS) genotypic and phenotypic level and reflects
on the inclusive educational practices that can be applied to those students with cognitive impairment.
Theoretically, the research was based on Vygotsky and methodologically, to achieve the proposed
objectives, we performed a literature search of articles in the biomedical area. It is known that SK has
since 1942 been described by several biomedical fields, but studies that show on the cognitive
development of students and inclusive actions to be taken by education professionals are scarce and
are worth mentioning. The results of this research highlights the importance of early diagnosis of
individuals with this syndrome, as well as recognition of the phenotype and genotype of the individual
with the syndrome so that we can overcome their limitations / restrictions and enhance their potential.
INTRODUÇÃO
A síndrome de Klinefelter é chamada dessa maneira devido ao pesquisador
Dr. Harry F. Klinefelter que, ao trabalhar no projeto de consumo de oxigênio na
glândula adrenal em conjunto com o Dr. Howard Means, atendeu um paciente com
um caso raro no qual um homem desenvolveu seios (Ginecomastia). Ao estudar o
caso, o Dr. Klinefelter descreveu nos seus exames infertilidade, liberação de
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Mestrando da linha de pesquisa Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas na Universidade
Federal do Espírito Santo. Pós-graduado em Educação Inclusiva pelo CESAP- Centro de Estudos
Avançados em Pesquisa e Pós Graduação. Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade
Federal do Espírito Santo.
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NUNES, A. L. V. Introdução à Psicologia do Desenvolvimento. São Cristóvão:
Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009.
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Ginecomastia se refere ao desenvolvimento de mamas.
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Esse hormônio é responsável pelo crescimento e maturação dos folículos ovarianos durante a
ovulogênese (período que culmina com a liberação dos ovócitos secundários para serem fecundados
pelos espermatozoides).
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NUNES, A. L. V. Introdução à Psicologia do Desenvolvimento. São Cristóvão:
Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009.
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LEITE, L. Síndrome de Klinefelter (47 XXY). Disponível em
<http://www.ghente.org/ciencia/genetica/klinefelter.htm>. Acesso em 28 fev. 2012.
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Em biologia, damos o nome de cromatina ao complexo de DNA e proteínas (que juntas
denomina-se cromossomo) que se encontra dentro do núcleo celular nas células eucarióticas.
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Referem-se ao conjunto gênico de um indivíduo (ao conjunto de cromossomos que um
indivíduo possui).
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A sigla AA está relacionada com os 44 cromossomos autossômicos que a espécie humana
possui. Esses cromossomos autossômicos estão divididos em 22 pares e não estão relacionados
com as características sexuais. Cabe salientar que as características sexuais estão relacionadas com
os cromossomos sexuais “X” e “Y”.
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LEITE, L. Síndrome de Klinefelter (47 XXY). Disponível em
<http://www.ghente.org/ciencia/genetica/klinefelter.htm>. Acesso em 28 fev. 2012.
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descrita geneticamente como 47 XXY, mas existem outras variações menos comuns
como 48 XXYY, 48 XXXY, 49 XXXXY e o mosaico 46 XY/47 XXY. Esta última
variação ocorre em cerca de 15% dos casos diagnosticados288.
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LEITE, L. Síndrome de Klinefelter (47 XXY). Disponível em
<http://www.ghente.org/ciencia/genetica/klinefelter.htm>. Acesso em 28 fev. 2012.
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O fenótipo são as características observáveis ou caracteres de um organismo.
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CASTRO, E. C. et al. Síndrome de Klinefelter. Fundação Faculdade Federal de Ciências
Médicas de Porto Alegre, 2000.Disponível em
<http://genetica.ufcspa.edu.br/seminarios%20textos/Klinefelter.pdf>. Acesso em: 11 jan.
2012.
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291
MAIA, F.F.R.; COELHO, A. Z. ; ANDRADE, C. G.; ARAÚJO, L.R. Diagnóstico Tardio da
Síndrome de Klinefelter – Relato de Caso. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/abem/v46n3/10903.pdf>. Acessoem 10 mar. 2012. Arq.
Bras.Endocrinol.Metab.2002; 46/3: 306-309.
292
CHIANG, H. S.; WEI, H. J. ; CHEN, Y. T. Genetic screening for patients with azoospermia
and severe oligoasthenospermia.Int J Androl 2000; 23(Suppl. 2):20-5.
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MAIA, F.F.R.; COELHO, A. Z. ; ANDRADE, C. G.; ARAÚJO, L.R. Diagnóstico Tardio da
Síndrome de Klinefelter – Relato de Caso. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/abem/v46n3/10903.pdf>. Acessoem 10 mar. 2012. Arq.
Bras.Endocrinol.Metab.2002; 46/3: 306-309.
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KAMISCHKE, A.; NIESCHLAG, E. Analysis of medical treatment of male infertility.Hum.
Reprod. 1999; 14 (Suppl. 1):1-23.
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SMITH, C. M.; BREMNER, W. J: Klinefelter Syndrome. Arch Intern Med, 158:1309-1314,
1998.
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SMITH, C. M.; BREMNER, W. J: Klinefelter Syndrome. ArchInternMed, 158:1309-1314,
1998.
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Deficiência na produção de hormônio sexual, como a androsterona e a testosterona,
produzido especialmente nos testículos e no córtex ad-renal, caracterizado por sua capacidade de
estimular o desenvolvimento dos característicos sexuais no homem.
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CASTRO, E. C. et al. Síndrome de Klinefelter. Fundação Faculdade Federal de Ciências
Médicas de Porto Alegre, 2000.Disponível em
<http://genetica.ufcspa.edu.br/seminarios%20textos/Klinefelter.pdf>. Acesso em: 11 jan.
2012.
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VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
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fim de que este aluno com algum tipo de deficiência seja incluído eficazmente, assim
como também o aluno que não apresenta deficiência.
De acordo com Drago; Rodrigues301 quando se observa a fundo questões
como igualdade étnica, de gênero, inclusão de pessoas com deficiência, respeito às
diferenças e minorias, a prática escolar continua, salvo algumas exceções,
reproduzindo práticas excludentes, não querendo ver que valorizar as diferenças,
por exemplo, é valorizar cada ser humano, já que todos são diferentes em vários
aspectos que transcendem os fatores biológicos.
Alguns pedagogos dizem que separar crianças atrasadas em escolas
especiais nem sempre é útil, embora em termos de realização do programa seja
mais fácil e desejável se livrar de crianças atrasadas das escolas de educação geral.
Porém, Vigotski302 ao se referir às doenças mentais e psicopatias relata que “do
ponto de vista psicológico, é de suma importância não fechar essas crianças em
grupos específicos, mas praticar com elas o convívio com outras crianças da forma
mais ampla possível”.
Sabe-se que os indivíduos que apresentam a síndrome de Klinefelter
possuem dificuldades de aprendizagem, além de serem possíveis vitimas de bulling
por apresentarem determinadas características físicas muito peculiares e, até certo
ponto, femininas. Dessa forma, a escola deve se preparar para receber os alunos
com essa síndrome e a família deve tomar algumas atitudes, quando necessárias.
Algumas reflexões serão expostas a seguir.
A escola pode/ deve oferecer atendimento ao aluno com Klinefelter em contra
turno, além dele, por direito do cidadão e dever do Estado, estar matriculado na
escola de ensino comum, conforme podemos observar no âmbito da legislação: No
ano de 2001, asDiretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básicapela Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que:
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DRAGO, R.; RODRIGUES, P. S. Diversidade e exclusão na escola: em busca da inclusão.
Revista FACEVV, n.1, 2. sem. 2008.
302
VIGOTSKI, L. S. Psicologia pedagógica. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p.389.
303
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2001, p.1.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS