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1) O que é uma teoria? Comente a afirmação: “Na prática a teoria é outra”.

Como aferir o teste de validade de uma teoria?

A palavra Teoria deriva do termo grego θεωρία, que significa algo como 'contemplação',
‘meditação’, 'reflexão', 'introspecção'. Era fundamentalmente tida como a forma filosófica
de obter conhecimento, embora na Grécia antiga essa palavra pudesse também vir a
adquirir outros sentidos, tais como o de uma comissão enviada aos jogos olímpicos ou aos
oráculos por uma determinada cidade, querendo, portanto, dizer algo como
“representação”. Alguns autores também comentam que essa palavra carregou o sentido
de “lente” ou “ponto de vista” antes de chegar a seu atual significado de “modelo cientifico”.
Isso quer dizer, num sentido clássico teoria era algo subjetivo, quase pessoal, e, mesmo os
melhores filósofos da antiguidade chegavam à conclusões conflitantes sobre o mundo com
base em suas Teorias, isso quer dizer observações, e foi só com o longo desenvolvimento
histórico da ciência moderna que métodos e técnicas foram sendo desenvolvidas para que tais
reflexões sobre o mundo pudessem ser purificadas das impressões pessoais e preconceitos
que inevitavelmente acompanham o pensamento humano, podendo atingir assim maior grau
de objetividade acompanhada de uma efetividade prática de sua aplicação, a tecnologia.
Mas mesmo as teorias, no sentido moderno, entendidas, como modelos abstratos, baseados
em observações sistemáticas do mundo, não dão conta de abarcar a totalidade dos eventos,
uma teoria física pouco poder tem de explicar fenômenos psicológicos por exemplo e vice
versa.
Dada as limitações da possibilidade do conhecimento que jamais é capaz de abarcar a
totalidade do real, surgem frases como “na prática a teoria é outra” o que, claro se refere
muito mais a um uso cotidiano comum da palavra teoria, que abarca toda a história do termo,
do que ao seu significado estrito no meio cientifico. Contudo os cientistas sabem que suas
teses são modelos e não de fato a realidade.
As teorias nesse sentido em que todos as formulamos a partir das experiencias e observações
do dia a dia muitas vezes carecem do rigor analítico e metodológico das ciências formais
levando muitas vezes à resultados inesperados e conclusões imprecisas.
Assim, durante a história muitos foram os métodos propostos de verificação de uma teoria, se
no começo, a teoria verdadeira era aquela que vinha de pessoas com poder tais como
filósofos, magos ou reis, que interpretavam a realidade, com o passar do tempo, cada vez
menos o elemento subjetivo passa a ter força e ao longo dos milênios, desde o Liceu e
Aristóteles, e da Academia platônica passando pelas universidades medievais até as modernas,
foram se criando testes e métodos visando a construção de um conhecimento mais objetivo, o
que em última instância quer dizer “eficiente na prática”.
Assim se durante milênios a retórica foi a principal forma de sustentar uma teoria, até que nos
últimos 500 anos o método cientifico vem se afirmando como principal (se não o único ao
menos o “oficial”) verificador das teses.

2) Comente o que o Professor Samuelson denomina “tirania das palavras”.

Em sua opinião quais as implicações da “tirania das palavras” para a análise

econômica?

Um dos mais claros limites do conhecimento que podemos compreender é a linguagem, as


palavras são anteriores ao método cientifico e, mesmo nas línguas modernas, tiveram suas
origens remontando a tempos antigos e por isso carregam significados múltiplos e por vezes
ambíguos, carregados de preconceitos sociais e significações conscientes ou não que
expressão relações de poder e exploração.
Assim, mesmo as teses cientificas mais elaboradas e verificadas carregam em si mesmas essa
problemática de ordem linguística, termos como “acumulação primitiva de capital” como
traduzido tradicionalmente em português carregam um duplo sentido, enquanto primitivo
deve ser lido originalmente como primeiro, original, pode significar também simplório, rústico.
Assim para pessoas pouco familiarizadas com o linguajar da economia cientifica acadêmica,
um conceito pode parecer ter uma significação diferente daquela originalmente proposta pelo
autor levando a possíveis incompreensões.
Ainda piores são as confusões geradas por termos como “liberal” que carregam uma infinidade
de sentidos positivos ou negativos a depender de quem usa e em qual contexto.
Assim, somos governado pela forma como entendemos e usamos as palavras que são a
herança cultural de que dispomos para nosso arsenal cognitivo, é muito difícil se não
impossível pensar fora de palavras e conceitos, mas elas carregam em si construções
semântico-históricas cheias de ambiguidades.
Portanto para plena fundamentação e divulgação de uma boa ciência econômica é preciso que
cada autor se dedique a explicar com rigor científico, cada conceito que utiliza para assim
buscar reduzir ao máximo os inevitáveis mal entendidos.

3) O que é um sofisma? O que é um sofisma post hoc? Em que consiste o

sofisma da composição?

Sofisma é uma figura de retórica, ou seja um pensamento expresso em linguagem, que visa
induzir o interlocutor ao erro, através de uma lógica aparente que se bem observada se
mostrará falha.
Uma das formas mais comuns de sofisma é o post hoc que consiste em pensar que porque um
evento precede outro temporalmente há uma relação de causalidade consequente entre eles.
Por exemplo alguém poderia afirmar que a revolução russa causou a quebra da bolsa de 1929,
no entanto, simplesmente por um evento ser anterior ao outro, não se pode dizer que um
causou o outro.
Já o sofisma de composição funciona quase como uma figura linguística de metonímia onde se
toma a parte pelo todo ou o detalhe pelo sistema. Porém diferente de um uso poético ou
metafórico que visa explicar alguma coisa difícil de ser percebida, enquanto sofisma essa
construção induz necessariamente ao erro.
Assim nem sempre um argumento que é valido para um determinado agente econômico, é
valido para o sistema como um todo, ou seja, nem sempre é verdade que o que faz bem a um
indivíduo fará bem à sociedade, ou que o que deu certo para um grupo empresarial dará
resultados na macro economia de um pais, como tende a afirmar o que existe de mais
superficial e propagandístico no discurso neoliberal.

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