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REALISMO E NATURALISMO:
conceitos, características, tipologias, objectivos e diferenças
Quelimane, 2018
Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 3
1.3.3.1. Realismo optimista: Robert Browning, "Fra Lippo Lippi" (1855) ..................................... 7
1.5. Alguns dos princípios aceitos pelos realistas e naturalistas, no que diz respeito à criação .... 11
2. Conclusão .................................................................................................................................. 17
Bibliografia .................................................................................................................................... 18
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Introdução
A presente pesquisa versa sobre Realismo e Naturalismo. Pretende-se com a mesma trazer os
principais contornos sobre estes dois temas, com intuito de conhecer o contexto de surgimento e
evolução, características, representantes, estabelecer diferenças, entre outros aspectos.
O Realismo foi uma escola literária que combatia os ideais românticos. O surgimento ocorreu
enquanto o mundo vivenciava o nascimento do socialismo e da segunda Revolução Industrial.
A partir da segunda metade do século XX, as concepções estéticas que nortearam o ideário
romântico começaram a perder espaço. Uma nova tendência, baseada na trama psicológica e em
personagens inspirados na realidade, toma conta da literatura ocidental. Estava inaugurado o
Realismo-Naturalismo
O realismo e o naturalismo eram muitas vezes definidos por seu assunto: a escolha de pessoas
simples por pessoas mais ricas e mais "interessantes", súditos em vez de agradáveis, contos
trágicos em vez de histórias com finais convencionalmente felizes. Durante o debate um tanto
confuso sobre o realismo, os adversários da escola que se chamavam realistas muitas vezes
declararam que a realidade é tanto espiritual quanto material, e que, portanto, um escritor ou
pintor que exclui a alma é culpado de falsificar a realidade; e um romancista que descreve apenas
pessoas sórdidas e degradadas é falso para a natureza, porque há muitas pessoas boas no mundo.
O realista poderia argumentar que há mais pessoas pobres, infelizes e degradadas do que pessoas
ricas, felizes e elevadas
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1. Realismo / Naturalismo
Na Segunda metade do século XIX, a concepção espiritualista de mundo, que tinha caracterizado
o período romântico, foi cedendo lugar a uma concepção científica e materialista. Tal visão de
mundo decorre do enorme valor que se atribuiu à ciência, vista na época como o único
instrumento seguro para explicar a realidade e também gerar riquezas. O espírito científico era
considerado como critério supremo na compreensão e análise da realidade. A ciência vai
determinar as novas maneiras de pensar e viver.
Para ter uma idéia da atmosfera dominante, atente para as palavras do filósofo francês Taine:
"Pouco importa que os fatos sejam físicos ou morais; eles sempre têm as suas causas. Tanto
causas para a ambição, a coragem, a veracidade, como para a digestão, o movimento muscular e o
calor animal. O vício e a virtude são produtos químicos como o açúcar e o vitríolo ".
Em 1859 Darwin publica A origem das espécies. Nessa obra, a evolução das espécies é
considerada como resultado do mecanismo de seleção natural. A idéia básica de tal mecanismo é
a de que o meio ambiente condiciona todos os seres, deixando sobreviver os mais fortes e
eliminando os mais fracos. A natureza de todos os seres, o homem inclusive, seria determinada
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por circunstâncias externas. O meio ambiente passa a ter enorme importância, pois condiciona
matéria e espírito. Essa concepção biológica de vida, chamada darwinismo, seria responsável por
grandes mudanças no campo científico, repercutindo na economia, na filosofia e na política.
O positivismo, corrente filosófica baseada no método das ciências naturais, traduziu essa visão de
mundo, pois concentrava-se nos fatos, rejeitando qualquer explicação metafísica para a atuação
do homem no mundo, além de propagar a idéia de que somente o progresso material já seria
suficiente para neutralizar os desequilíbrios sociais.
Segundo os positivistas, todos os fenômenos podem ser explicados pela ciência, o que os reduz,
portanto, ao aspecto simplesmente material.
Em resumo: a ciência, que tinha conseguido revelar as leis naturais, extremamente objetivas,
suplanta o idealismo do período romântico, formulando uma concepção predominantemente
materialista da vida.
A burguesia volta-se para a ciência, enxergando nela respostas e soluções para os problemas do
momento histórico que o país vivia. O pensamento europeu, principalmente o positivista,
encontra, por isso, grande ressonância entre nós. Por volta de 1870, a Faculdade de Direito de
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Recife está em plena atividade. A partir dela formam-se grupos que consideram a atividade
científica como base para um renovação do pensamento, utilizando revistas e jornais como
veículo de divulgação de suas idéias.
“O realismo é a forma de apresentar ou considerar as coisas tal como são. Uma postura realista
não exagera nem atenua os acontecimentos/factos.”1
Num sentido amplo, realismo aplica-se a toda obra em que o artista procura representar a
realidade de maneira objetiva, quase fotográfica.
O objectivo do realismo foi por vezes afirmado como a representação imediata, directa e sem
mácula do discurso das pessoas. Alguns escritores recentes usaram gravadores em suas pesquisas;
https://conceito.de/realismo
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mas mesmo eles obviamente tiveram que seleccionar seu material e, portanto, estruturá-lo. A
combinação de imagens em movimento e gravação de som para reproduzir a reacção exacta de
pessoas que não sabem que estão sendo observadas, como em um programa, pode dar um
realismo ou naturalismo.
Objectivismo;
Veracidade;
Universalismo.
O realismo pode significar várias coisas. Críticos alegaram que alguns "realistas" usaram o termo
como uma desculpa para a fraude. Para outros, como Flaubert, o realismo significava mais quase
a atitude amoral, mostrando que a vida como sempre acontece com o distanciamento clínico.
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Outros realistas, como o poeta inglês Robert Browning, glorificavam-se na "abundância de Deus"
e se deleitavam em captar, da maneira mais exata possível, a verdadeira forma e matiz de tudo
Erich Auerbach comenta sobre o romance realista russo que mostrava uma "intensidade passional
de experiência" além da Europa Ocidental, como se as emoções nessa imensa terra fossem tão
grandes quanto a geografia russa.
Dostoiévski escreveu The Devils (ou The Possessed, como é frequentemente traduzido) entre
1869 e 1871 contra um pano de fundo de fermentação política na Rússia. Surgiram movimentos
terroristas revolucionários, organizados por liberais desiludidos com o programa de reforma do
czar, que havia começado bravamente com a libertação dos servos em 1861, mas que depois
vacilara. Embora desdenhoso da aristocracia russa, Dostoiévski era hostil a esse espírito
revolucionário.
Os Goncourts eram extraordinariamente versáteis. Eles escreveram história, crítica de arte, peças
de teatro e romances e muitos outros tipos de livros. Durante algum tempo eles editaram um
jornal literário, e eles sempre mantiveram o famoso Jornal que, quando foi publicado em parte na
vida de Edmond, escandalizou Paris por sua franqueza. Mas os Goncourts nunca foram um
sucesso popular. Parte do ácido no Journal é obviamente a inveja de Edmond daqueles que, como
seu amigo e protegido Emile Zola, usaram o método de Goncourt de sondar as profundezas
inferiores para ganhar fama e fortuna. O Jornal Goncourt oferece mais informações sobre os
letrados franceses do século XIX do que qualquer outro documento.
Segundo STROMBERG (1968: 22), o "naturalismo" era frequentemente visto como uma
subdivisão ou desdobramento do realismo, às vezes uma escola separada e bastante diferente. O
naturalismo tendeu a tornar-se importante em uma data um pouco posterior ao realismo: a partir
de 1860, dominou a década de 1870, mas na década de 1880 enfrentou um forte desafio dos
simbolistas. O impressionismo na pintura é um fenômeno paralelo, e a proximidade dos dois
movimentos é sublinhada pela amizade de Emile Zola, o fundador e líder do naturalismo, com o
pintor impressionista Paul Cézanne e pelo grande interesse de Zola pela pintura.
David Masson (1822-1907) foi um historiador e biógrafo literário escocês, um estudioso do que
hoje chamaríamos de história das idéias, e escritor em cujas prosa ocasionalmente levemente
explícita pode-se ouvir facilmente ecos de seu grande escocês Thomas Carlyle, a quem ele
admirava grandemente. Sua avaliação das tendências da filosofia britânica em 1867 enfatizou
John Stuart Mill e William Hamilton, os principais representantes do empirismo britânico e do
transcendentalismo alemão. Mas ele viu que as novas descobertas científicas e as teorias-
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evolução eram as maiores delas, mas havia também a descoberta da segunda lei da
termodinâmica e outras teorias sobre o cosmo - mudou completamente os termos do discurso e
tornou obsoletos os antigos sistemas.
O naturalismo foi principalmente influenciado por essas idéias científicas, revelando o homem
nas dimensões do determinismo cósmico, não mais uma criatura única que possui uma alma
imortal e o objeto da providência especial de Deus.
Uma crítica ao naturalismo mencionada na Introdução é que, uma vez que visava apenas
descrever o mundo e reter julgamentos morais, não oferecia base para uma crítica da sociedade.
Os naturalistas, por exemplo, Thomas Hardy, Joseph Conrad e Theodore Dreiser, eram
pessimistas: em seus livros, um destino inescrutável derrota o homem, ridicularizando cruelmente
suas patéticas esperanças e sonhos.
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Além disso, o colapso do gênio de Zola em seus trabalhos posteriores parecia apontar para um
defeito em seu método. O naturalismo parecia carecer de qualquer princípio lógico de seleção e,
assim, resultar em obras sem forma. Nietzsche argumenta que a arte precisa escapar do
naturalismo e se ligar por regras e padrões.
1.5. Alguns dos princípios aceitos pelos realistas e naturalistas, no que diz respeito à criação
literária.
O artista procura nivelar sua atitude à do cientista. Daí decorre a objetividade que o escritor
procura manter durante a narrativa, não idealizando a realidade, mas limitando-se a registrá-la, o
que nem sempre consegue. Por isso, o artista não emite julgamentos a respeito de fatos ou
personagens.
O escritor naturalista francês Émile Zola, por exemplo, afirmou, a respeito de duas personagens
de um de seus romances: "Limitei-me a fazer em dois corpos vivos aquilo que os cirurgiões
fazem em cadáveres".
O romance é encarado como um instrumento de denúncia e combate, uma vez que focaliza os
desequilíbrios sociais. É o que se chama de "arte engajada". Observe no fragmento seguinte como
o narrador analisa e denuncia o problema da escravidão e do preconceito racial,
A disciplina militar, com todos os seus excessos, não se comparava ao penoso trabalho da
fazenda, ao regímen terrível do tronco e do chicote. Havia muita diferença. (...) Ali ao menos, na
fortaleza, ele tinha sua maca, seu travesseiro, sua roupa limpa, e comia bem, a fartar, como
qualquer pessoa. (...) Depois, a liberdade, minha gente, só a liberdade valia por tudo! Ali não se
olhava a cor ou a raça do marinheiro: todos eram iguais, tinham as mesmas regalias – o mesmo
serviço, a mesma folga.
peças pertencentes ao reino animal ou vegetal. Decorre daí que, principalmente nos escritores de
tendência naturalista, o narrador enfatiza comportamentos instintivos das personagens e as
compara com animais.
Ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, doida, que esvoaçava havia muito tempo em
torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos...
As personagens deveriam ser moldadas de acordo com a realidade observada de fora pelo
narrador, sem idealizações. Obedecendo a esse princípio, o escritor toma duas direções: retrato do
corpo e dos comportamentos exteriores da personagem (tendência naturalista, principalmente) e
retrato do espírito e da vidas interior da personagem (predominante na tendência realista).
O comportamento das personagens decorre de causas biológicas e sociais que o determinam. Suas
ações nunca são gratuitas.
Nos escritores de tendência naturalista, é comum aparecerem personagens que representam casos
patológicos. Não porque o escritor as considere excepcionais, mas porque elas podem funcionar
como índices dos males que corrompiam a sociedade.
Para os naturalistas, a personagem está condicionada ao meio ambiente em que vive, nada
podendo fazer contra o peso das influências externas, tornando-se vítima da fatalidade das cegas
leis naturais. Por isso, é comum que tais personagens se vejam reduzidas a meros joguetes de
forças biológicas ou sociais. Cada uma é um caso a ser analisado com os recursos da ciência, para
comprovar uma tese aceita pelo escritor.
fascinando-a com a sua tranqüila serenidade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou
seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho de raça superior.
Existe uma preferência nítida pelo espaço urbano, pois a burguesia fixou-se sobretudo nas
cidades.
Encarando o seu presente histórico, o autor capta os conflitos do homem da época, os seus
problemas concretos, dando preferência aos dramas cotidianos de gente simples.
Narrativa (Machado de Assis. Quincas Borba, publicado pela primeira vez em 1891.)
Linguagem
A linguagem utilizada pelos realistas/naturalistas é mais simples que a linguagem dos românticos.
O detalhismo é uma das características desta linguagem, pois o narrador pretende conseguir o
retrato fiel da realidade focalizada.
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Nos escritores que tendem para o naturalismo, ocorrem muitas expressões tomadas às ciências
físicas e biológicas. Desses princípios resultam as características fundamentais do texto
realista/naturalista:
O Naturalismo surge como um segmento do Realismo, uma vez que ambos fundamentam-se nos
mesmos princípios científicos, filosóficos e artísticos.
O Naturalismo apresenta uma visão de mundo mais mecanicista, mais determinista, pois aceita o
princípio segundo o qual somente as leis de ciência são válidas. Qualquer tipo de visão
espiritualizada do mundo não tem, para o naturalista, grande valor.
Enquanto o drama das personagens realistas tem origem moral ou decorre de algum desequilíbrio
social, as personagens naturalistas têm a origem dos seus dramas em heranças de ordem biológica
ou psicológica que, num determinado momento, em determinado ambiente, acabam por vir à
tona. Por isso, uma personagem naturalista é muito parecida com outra personagem naturalista,
uma vez que todas estão submetidas à mesmas leis.
Para os naturalistas, a ação no romance é importante, pois o drama vivido pelas personagens se
exterioriza através dessa ação. Para o realista, a ação é secundária, já que ele se preocupa mais
em sugerir o mundo interior das personagens.
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Quanto à temática, observa-se nos naturalistas uma tendência a retratar temas de patologia
sexual ou social. Nota-se ainda que o escritor naturalista não vacila em trazer para a literatura os
aspectos mais repulsivos da vida, além de tender a focalizar as camadas mais baizas da sociedade.
É importante assinalar ainda, neste período (1881 – 1893), o surgimento de algumas obras que
dão seqüência ao regionalismo. O romance regionalista de fins dos século XIX vai utilizar os
princípios realistas/naturalistas, diferenciando-se, portanto, pela sua objetividade, dos romances
do regionalismo romântico.
A poesia do período está reunida sob o nome geral de Parnasianismo, sendo que a produção em
prosa permite a seguinte esquematização didática:
Tendência realista:
1. Machado de Assis
2. Raul Pompéia
3. Tendência naturalista
4. Aluísio Azevedo
5. Inglês de Sousa
6. Adolfo Caminha
Realismo em Portugal
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Autores
2. Conclusão
O movimento realista não estava apenas reagindo contra o romantismo da era anterior, mas
também o idealismo filosófico da escola alemã, em particular de Hegel. O herói eloquente do
romance inicial de Turgenev, Rudin, publicado em 1856, lida com confiança em abstracções
como Humanidade, Liberdade, Dever, mas não pode fazer nada quando confrontado com
situações reais.
O Naturalismo apresenta uma visão de mundo mais mecanicista, mais determinista, pois aceita o
princípio segundo o qual somente as leis de ciência são válidas. Qualquer tipo de visão
espiritualizada do mundo não tem, para o naturalista, grande valor.
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Bibliografia
BARRISH, Phillip. American Literary Realism, Critical Theory, and Intellectual Prestige, 1880
– 1995. Cambridge University Press, 2004.
Sítios da internet