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ALÉM DO PRINCÍPIO DO PRAZER (1920)

• Contexto histórico:

• Sentimento deixado pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918)


• Morte da filha Sophie em 1920
• Suicídio de amigo psicanalista, Victor Tausk
• Medo da morte (perseguição pelo nr.62)
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

• Grande virada na teoria psicanalítica: a dinâmica


prazer-desprazer dá lugar ao modelo pulsão de vida vs.
pulsão de morte (EROS x THANATOS);
• Referência o artigo “O Estranho” (1919);
• Sonhos não são somente a realização de desejos, mas a
repetição de ansiedades (traumas).
• A compulsão à repetição (For-Da)
• Na prática clínica Freud sustentava o modelo em que
o neurótico buscava ajuda para se livrar do seu
desprazer, no entanto, isso não era sempre verdade.

• Como explicar que certos pacientes não suportavam


ser aliviados de seus sintomas e o fato de terem
recaídas depois de apresentarem melhoras?

• Como explicar o masoquismo e o sadismo?


O PRINCÍPIO DO PRAZER e O PRINCÍPIO DE CONSTÂNCIA

Quando observamos a fome ou o


desejo sexual, constata-se que há
uma sucessão de tensões seguidas
de descargas. O crescimento da
tensão é seguido de desprazer e a
descarga, de prazer. Tal regulação
é chamado de princípio do prazer.

A tendência à estabilidade nos


processo psíquicos é chamada
de princípio da constância, o
qual visa à manutenção da
quantidade de estímulo no nível
mais baixo possível.
No entanto, Freud conclui que a experiência clínica
demonstra que os processos psíquicos do princípio do prazer
não são dominantes.

Deve-se, contudo, apontar que, estritamente falando, é incorreto falar


na dominância do princípio de prazer sobre o curso dos processos
mentais (p.4).

Algumas forças se opõem ao princípio do prazer, de modo que o


resultado final nem sempre tende à satisfação.

Que forças então impedem a satisfação das pulsões?


O princípio de realidade – retarda a satisfação e tolera,
provisoriamente, o desprazer;

O ego – pode produzir desprazer causado por pulsões


interiores ao longo do desenvolvimento. Algumas são
consideradas incompatíveis. No caso do neurótico, o
desprazer é um prazer que não pode ser experimentado,
pois provoca sensação de perigo.
FONTES DE REPETIÇÃO
Neurose traumática – angústia, sintomas, sonhos
repetitivos;

Se não quisermos que os sonhos dos neuróticos


traumáticos abalem nossa crença no teor realizador de
desejos dos sonhos, teremos ainda aberta a nós uma
saída: podemos argumentar que a função de sonhar, tal
como muitas pessoas, nessa condição está perturbada e
afastada de seus propósitos (...) P.6.
Quando os sonhos trazem de volta a lembrança de um
trauma, ele obedece mais a compulsão à repetição do
que o principio do prazer.
O jogo da criança (FORT-DA)

(...) a repetição dessa experiência aflitiva (...) harmonizava-se com o


princípio de prazer? Talvez se possa responder que a partida dela (mãe)
tinha de ser encenada como preliminar necessária a seu alegre retorno, e
que neste último residia o verdadeiro propósito do jogo. Mas contra isso
deve-se levar em conta o fato observado de o primeiro ato, o da partida,
ser encenado como um jogo em si mesmo, e com muito mais frequência
do que o episódio na íntegra, com seu final agradável (FREUD, p. 7),
O jogo da criança possibilita reproduzir de maneira repetitiva
experiências marcantes, objetivando o controle emocional da
situação.

A repetição pode ser uma tentativa de elaboração e estar


relacionada ao princípio do prazer.
COMPULSÃO À REPETIÇÃO E TRANSFERÊNCIA

Em psicanálise, a repetição acontece na transferência. Nela são


reproduzidos fragmentos reprimidos do passado infantil. O que é
repetido precisa ser elaborado.

Porém, há casos em que o processo de elaboração, em


decorrência de resistências, fracassa, fazendo da repetição uma
compulsão.

Freud, não esclarece o motivo de tal fracasso, mas apenas diz que
existe na vida psíquica uma compulsão à repetição que se coloca
acima do princípio do prazer.
O PAPEL DO ESCUDO PROTETOR CONTRA OS
ESTÍMULOS: controlar a efração traumática

A função do escudo é proteger o psiquismo de energias destrutivas


(in e out). Órgãos dos sentidos recebem estímulos externos
reduzidos. Não existe barreira para os estímulos internos, mas o
psiquismos os recebem como se fossem externos mediante
mecanismos de projeção.
Os estímulos traumáticos são aqueles que fazem efração (quebra,
fissura) no escudo e perturbam o todo o funcionamento psíquico e
físico. Por isso o princípio do prazer é posto fora de ação.
“o objetivo de toda morte é a vida”
O escudo que nos protege dos estímulos de fora não nos
protegem dos que vem de dentro e estes podem causar
neuroses traumáticas.

Estímulos internos são pulsões do interior do organismo e


a incapacidade de ligá-los psiquicamente pode causar
excesso de desconforto.

A tarefa do aparelho psíquico é ligar esses estímulos:


tarefa feita por meio da compulsão à repetição.
Na análise, a compulsão à repetição pode assumir um
caráter paralisante, fazendo com que as experiências
reprimidas na infância e manifestadas na transferência
não sejam ligadas psiquicamente, o que as torna
inaptas ao processo secundário e de difícil elaboração.
Ao constatar que a compulsão à repetição pode levar o
indivíduo ao fracasso analítico, Freud lança a hipótese de
que a verdadeira natureza das pulsões seria a de
restabelecer o estado inicial, inorgânico anterior à vida:
retorno ao ponto de partida.
Segundo Freud, o funcionamento do psiquismo é regido por uma
energia que vai além do princípio do prazer: o conflito entre pulsão de
vida e pulsão de morte.

A pulsão de morte decorre da necessidade biológica do organismo de


retornar ao estado inicial, inorgânico. O princípio do prazer mantem o
seu valor, porém é preciso que a pulsão de vida sobreponha-se à
pulsão de morte.

Em 1923, Freud apresentou a teoria de que quando a pulsão de morte


predomina, o componente destrutivo da vida psíquica se impõe, como
no sadismo-masoquismo; quando acontece o contrário, o componente
destrutivo é parcialmente neutralizado e a agressividade se coloca a
serviço da vida.
Pulsão de vida versus pulsão de morte significa a luta entre duas
forças opostas entre si:
Eros – vida, criatividade, harmonia, sexualidade, reprodução e
autopreservação;

Thanatos – agressividade, destruição compulsão à repetição e


autodestruição.
Freud busca na biologia algo que confirme a sua teoria, ou
seja, de que todo ser vivo morre de causas internas, mas
não encontra.

Encerra seus escritos confessando que não está convencido


de suas hipóteses e declara esperar os avanços na biologia
para responder a seus questionamentos.
Com a mudança na teoria, Freud
passa a valorizar mais os afetos
de amor e ódio, a ambivalência,
as relações de objeto, os
processos de identificação, o
sentimento de culpa e o luto
patológico.

Freud, mais tarde, teve ciência


de que sua teoria dualista
(morte x vida) não se impôs
entre os psicanalistas.

fim

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