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INTRODUÇÃO:

Vivemos em um contexto onde a sociedade brasileira já se despertou


para as necessidades vitais das camadas sociais que compõe as minorias,
nesse sentido, entendidas como as que estão à margem da sociedade tida
dentro dos padrões da normalidade.

Essas minorias são compostas por sociedades de risco, resultando em


exclusão social de caráter não individual, ou seja, uma situação de provação
social coletiva.

Dentro das comunidades que compõem as minorias estão às pessoas


desempregadas moradores de ruas, negros, prostitutas, portadores de doenças
sexualmente transmissíveis, gays e deficientes. Entre os últimos, notadamente
as pessoas surdas e deficientes auditivas, provavelmente em razão da
disseminação do uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras, por meio de
movimentos de cunho religioso e universitário, vê-se uma mobilização para
normalizá-los.

Certo é que nunca se falou tanto em inclusão de pessoas deficientes na


sociedade em geral e, em especial, das pessoas surdas, seja nas áreas
trabalhistas esportiva, mais principalmente, educacional.

Para se incluírem as pessoas surdas na sociedade desenvolveram-se nas


últimas décadas várias legislações com o fito de se estabelecerem direitos e
obrigações, obrigações essas quase sempre imputadas às instituições públicas
e privadas.

Não obstante tais legislações, em várias circunstâncias e contextos, não


são efetivadas corretamente e, consequentemente, acabam por excluir ainda
mais a camada social, ferindo assim o fundamento constitucional da dignidade
humana destes indivíduos.

Um pouco da História... Ao olhar de Audrei Gesser

A vida e a língua das pessoas surdas foram pouco investigadas,


permanecendo na obscuridade e longe do conhecimento das pessoas durante
muitos anos. Com efeito, a maioria dos estudos científicos remete-nos a datas
mais recentes. Os únicos registros relatados na literatura, por exemplo, sobre a
possível existência de língua de sinais como língua naturais surge a partir de
dois tipos de evidências: a primeira é a famosa descrição feita a partir de
registros ocorridos m Marthas Vineyard, uma ilha perto de Costa de
Massachusetts, Estados Unidos, com elevada incidência hereditária da Surdez
entre os séculos XVII e XX ¹. Neste lugar, os surdos não eram visto como
deficientes ou incapazes, pois atuavam na pequena sociedade do mesmo modo
que participavam os ouvintes e tinham os mesmos direitos e responsabilidade
1

(Groce, 1985). E a segunda evidência vem da Europa, mais precisamente da


França, descrita em um livro escrito no final do século VXIII por um Surdo
chamado Pierre Desloges, intitulado Observações de um surdo mudo, a maioria
dos documentos e referenciais históricos foram descritos e narrados por
ouvintes. As razões para tão pouca documentação devem-se possivelmente, à
margem que se tinha dos surdos e da sua língua. Assim descreve Sá (1999:71):
A história dos surdos começa muda, apagada e triste. Começa
semelhadamente à história de diversos segmentos minoritários de
pessoas que se caracterizavam por algum tipo de estranheza como
que denunciado a dificuldade que o homem tem de aceitar o diferente,
o deficiente, o trabalhoso, o feito e o imperfeito.

Os sinais não passavam de gestos e formas primitivas de comunicação.


Não foi reconhecido ou atribuído, antes da década de 1960, qualquer valor
linguístico às línguas de sinais. Os Surdos eram todos vistos com débeis
mentais, criminosos, loucos, selvagens, comparados aos animais. Os sinais
eram tidos como formas obscenas e pecaminosas. Muitas vezes associados a
um espirito possuído pelo mal. Diante deste cenário, as pessoas são
empurradas para um contexto patológico, num enquadre ideológico dominante
de viés oralista, cujo impacto teve proporções desastrosas na vida e na
formação educacional dos surdos, testemunhados ate os dias de hoje.

Uma das crenças mais recorrentes quando se fala em língua de sinais é


que ela é universal. Uma vez que essa universalidade está ancorada na ideia de
que toda a língua de sinais é um “código” simplificado aprendido e transmitido
aos surdos de forma geral, é muito comum pensar que todos os surdos falam a
mesma língua em qualquer parte do mundo. Ora, sabemos que nas
comunidades de língua orais, cada país, por exemplo, tem sua própria língua.
Embora se possa traçar um histórico das origens e apontar possíveis
parentescos e semelhanças no nível estrutural das línguas humanas (seja elas
orais ou de sinais) alguns fatores favorecem a diversificação e a mudança da
língua dentro de uma comunidade linguística, como, por exemplo, a extensão e
a descontinuidade territorial, além dos contatos com outras línguas.

Com a língua de sinais não é diferente afirma Gesser, nos Estados


Unidos, “os surdos falam” a língua americana de sinais; na França, a língua
francesa de sinais; no Japão, a língua japonesa de sinais; no Brasil, a língua
brasileira de Sinais, assim por diante.

 VARIAÇÃO REGIONAL: representa as variações de sinais de uma região


para outra, no mesmo país.
2
 VARIAÇÃO SOCIAL: refere-se às variações na configuração das mãos
e/ou no movimento, não modificando o sentido do sinal.

 MUDANÇAS HISTÓRICAS: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer


alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza.

Destaca-se, ainda, a crença de que a Libras resume-se em aprender o alfabeto


manual, o que é uma inverdade, pois em nenhum idioma aprendemos apenas o
alfabeto. Este, em Libras serve para fazermos a DATILOLOGIA, ou seja, a
soletração de uma palavra para a qual não haja um referente em sinal, ou
nomes próprios.
3
Alfabeto manual:

Exemplo de Datilologia:

Ana Paulo

A- N - A P-A-U-L-O

Em qualquer lugar em que haja surdos interagindo, haverá língua de


sinais. Podemos dizer que o que é universal é o impulso do indivíduo para a
comunicação e, no caso dos surdos, esse impulso é sinalizado.

Refletirmos: Quem é o Sujeito Surdo:

O surdo, hoje, precisa ser visto em sua integralidade, ou seja, é um ser social,
político, capaz como todo e qualquer ser humano. Embora ele seja visto apenas
como falante de uma língua minoritária, na verdade ele é dotado de habilidades
e competências linguísticas como todo falante natural.

Infelizmente, devido a questões culturais ainda credita-se aos surdos


estereótipos tais como: deficiência cognitiva, incapacidade de se relacionar,
mudez, deficiência mental, dentre outras ideias incorretas sobre esse indivíduo.

O surdo é capaz de se relacionar, estudar, participar de tomada de decisões


sociopolíticas, desde que lhe sejam oferecidas oportunidades de se desenvolver
como acontece com o ser humano de um modo geral, ou seja, já é tempo de
revermos nossas crenças ultrapassadas e politicamente incorretas sobre este
sujeito.
4
A língua de sinais NÃO pode ser considerada universal, dado que não
funciona como um decalque ou rótulo que possa ser colado e utilizado por todos
os surdos de todas as sociedades de maneira uniforme e sem influências de
uso.

A língua de sinais é uma língua natural e NÃO artificial como muitos


pensam ou acreditam. Língua artificial é as que são construídas e estabelecidas
por um grupo de indivíduos com algum propósito específico. O esperanto (língua
oral) e o gestuno (língua de sinais) são exemplos de língua artificiais cujo
objetivo maior é estabelecer a comunicação internacional. Este tipo de língua
funciona como língua auxiliar ou franca. O Gestuno também conhecido como
língua de sinais internacionais é, da mesma forma que o esperanto uma língua
construída, planejada. Portanto, afirmamos que a língua de sinais tem gramática
própria. O reconhecimento linguístico tem marca nos estudos descritivos do
linguístico americano William Stokoe em 1960.

Os surdos foram privados de se comunicarem em sua língua natural


durante séculos. Vários estudos têm apontado a difícil relação dos surdos com a
língua majoritária e com uma sociedade ouvinte. Escolas, profissionais da
saúde, e familiares de surdos têm seguido uma tradição de negação de uso de
sinais. Groce (1985), por exemplo, oferece-nos um panorama das atitudes dos
ouvintes em relação à surdez, apontando que, por séculos, os surdos NÃO
tinham respeitados os seus direitos e reconhecidas suas responsabilidades,
mesmo depois de receberem educação. Para Nídia Limieira Sá, A história
comum dos Surdos é uma história que enfatiza a caridade, o sacrifício e a
dedicação necessários para vencer “grandes adversidades”.

MODELO E/OU FILOSOFIAS EDUCACIONAIS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS


E O GRANDE IMPACTO DO CONGRESSO DE MILÃO

O grande impacto que mais marcou na história de surdos no Congresso


de Milão no ano de 1880 foi à decisão adotada pelos educadores de surdos
ouvintistas que, posteriormente discutiremos e refletiremos mais a respeito no a
seguir.
(...) essa data ainda é lembrada como a mais sinistra de sua história:
como se fosse mesmo o ‘11 de setembro’ deles quando desabaram as
torres gêmeas da cultura e da língua de sinais, a do método misto e a
do método manualista para educação dos surdos. Ali começou uma
longa e amarga batalha para defender o direito de vida de língua de
sinais. Jonathan Rée

Quando nós observamos atentamente a situação atual da educação de


surdos, nós podemos perceber que houve ruptura em alguma parte de historia
de surdos e que esta ruptura está aos poucos sendo preenchida nestas últimas
décadas. Até recentemente os povos surdos sofreram com esta ruptura, pois
para a maioria deles a educação verdadeira começou somente depois quando
5
saíram da escola na idade de
adolescência, ao terem contato
com os outros sujeitos surdos
adultos nas associações de
surdos.
O ano de 1880 foi o clímax
da história de surdos, que
adicionou a força de um lado de
muitos períodos de duelos
polêmicos de opostos
educacionais: a língua de sinais e
o oralismo. Nenhum outro evento
na historia de surdos teve um impacto maior na educação de povos surdos como
este que provocou uma turbulência séria na educação que arrasou por mais de
cem anos nos quais os sujeitos surdos ficaram subjugados ás práticas
ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura, a sua identidade surda e se
submeteram a uma ‘etnocêntrica ouvintista’, tendo de imitá-los.
A filosofia oralista, fortemente disseminada no
Brasil em torno de 1911, por uma forte influência das
decisões do famoso Congresso Internacional de Milão
em 1880. Deste congresso participaram figuras
importantes da sociedade, que lá se reuniram para
discutir três abordagens para a educação de surdos:
com base na língua de sinais, no oralismo, e num
método misto. Dentre outras temáticas, os
congressistas discutiram as (des) vantagens dos
internatos, questões de saúde, e medidas curativas,
preventivas, aspectos pedagógicos e assim por diante.
Há relatos de surdos que tinham suas mãos amarradas recebiam castigos
corporais quando tentavam se comunicar em sua própria língua. Neste contexto,
deprimente e violento, os surdos eram vistos e representados por anormais por
conta de sua deficiência auditiva e de sua suposta limitação pra adquirir língua e
desenvolver a fala oral.
A surdez era tratada como uma aberração da raça humana na sociedade.
Assim pregava Alexandre Gran Bell, mais conhecido como inventor do telefone
umas das figuras presentes no Congresso de Milão. Por conta do seu prestígio
na sociedade da época, ele acabou contribuindo com suas ideias insanas para a
negação e a opressão das línguas de sinais em todo o mundo.
A decisão do congresso de Milão é apenas um fragmento da história, mas
marcou centenas de milhares de vidas de
surdos por todo o mundo, deixando rastros,
lamentações, vinganças, recalque e ódio.
Por quase um século, as línguas de
sinais foram perseguidas nas mesmas
instituições que supostamente deveriam
propagá-las. Mas os códigos não chegaram a
ser eliminados, mas simplesmente conduzidos
ao mundo marginal, onde sobreviveram graças
às contraculturas estabelecidas pelas crianças
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nas escolas, clã-destinas, rebeldes e cruéis. (REÉ, 2005)


Neste evento em uma votação de 160 votos contra 4, ficou oficialmente
proibida o uso da língua de Sinais, decidindo-se que deveriam ser empregados
métodos orais na educação de surdos alegando que a mesma destruía a
habilidade da oralização dos sujeitos surdos. (Perlin & Strobel 2006: 13)

(...) ficou decidido no Congresso Internacional de Professores Surdos,


em Milão, que o método oral deveria receber o status de ser o único
método de treinamento adequado para pessoas surdas. Ao mesmo
tempo, o método de sinais foi rejeitado, porque alegava que ele
destruía a capacidade de fala das crianças. O argumento para isso era
que ‘todos sabem que as crianças são preguiçosas’, e por isso, sempre
que possível, elas mudariam da difícil oral para a língua de sinais.
(WIDELL, 1992, p. 26)

Este congresso foi organizado, patrocinado e conduzido por muitos


especialistas ouvintistas, todos defensores do oralismo puro, do total de 164
delegados, os 56 eram oralistas franceses e os 66 eram oralistas italianos.
Exemplos de países que resistiram à proibição de língua de sinais era a
Grã Bretanha e Estados Unidos e houveram sujeitos surdos representantes de
povo surdo que queriam participar mas foram excluídos na votação e tiveram
seus discursos negados. Obviamente já perceberem que o ensejo do oralismo
puro já era vitorioso, por causa de números de presentes ouvintistas e assim
demonstrou que o triunfo para a causa do oralismo puro foi ganha antes mesmo
do congresso iniciar. Após o congresso, as maiorias dos países adotaram
rapidamente o método oral nas escolas para surdos proibindo oficialmente a
língua de sinais e ali começou uma longa e sofrida batalha do povo surdo para
defender o direito linguístico cultural.
Não foi sempre assim, havia momentos antes do congresso de 1880 em
que a língua de sinais era mais valorizada. Por exemplo: havia professores que
juntavam na tarefa de demonstrar a veracidade da aprendizagem dos sujeitos
surdos ao usar a língua de sinais e o alfabeto manual e em muitos lugares havia
professores surdos.
Os professores surdos já existentes naquela época foram afastados e
os alunos desestimulados e até proibidos de usarem as línguas de
sinais de seus países, tanto dentro quanto fora da sala de aula. Era
comum a prática de amarrar as mãos das crianças para impedi-las de
fazer sinais. Isso aconteceu também no Brasil. Mas, apesar da
proibição do uso da língua de sinais, os surdos continuaram a usá-la
escondidos (Ferreira, 2012.)

HISTÓRICO DE AÇÕES DE ALGUNS PAÍSES

 Na antiguidade chinesa, os Surdos eram


lançados ao mar.
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 Em Esparta, os Surdos eram jogados do alto dos rochedos e, em Atenas,
eram rejeitados e abandonados nas
praças púbicas ou nos campos.

Na Grécia

 Para os gregos, os surdos não eram seres competentes, pois defendia que
o pensamento só se desenvolvia com linguagem e, para eles, só a fala
desenvolvia a linguagem. Assim, os surdos não recebiam educação,
Aristóteles, em 355 a.C., defendeu que os que nasciam surdos, por não
terem linguagem, eram incapazes de raciocinar.

UM PONTO A FAVOR

 Abade Charles Michel de L’Epée (1712-1789),


em Paris conheceu duas irmãs gêmeas
surdas que se comunicavam através de
sinais, iniciou e manteve contato com os
surdos carentes e humildes, procurando
aprender seu meio de comunicação e levar a
efeito os primeiros estudos sérios sobre a
língua de sinais.

 Fundou a primeira escola pública para os surdos “Instituto para Jovens


Surdos e Mudos de Paris” e ensinou inúmeros professores para surdos.

 Em 1855 Hernest Huet, como professor surdo, com experiência de


mestrado e cursos em Paris, chega ao Brasil sob beneplácido do
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imperador D.Pedro II, com a intenção
de abrir uma escola para pessoas
surdas.

Com a chegada deste professor, em 1857 foi


fundada a primeira escola para surdos no Rio de
Janeiro – Brasil, o “Imperial Instituto dos Surdos-
Mudos”, hoje, “Instituto Nacional de Educação de
Surdos”– INES, no dia 26 de setembro. Mas
receberam várias nomenclaturas a primeira escola de
Surdos do Brasil, veja:

• 1856 – Colégio Nacional para Surdos-Mudos


• 1857/1858 – Instituto Imperial para Surdos-Mudos-
Ano de sua fundação
• 1858/1865 – Imperial Instituto para Surdos-Mudos
• 1865/1874 – Imperial Instituto dos Surdos-Mudos
• 1874/1890 – Instituto dos Surdos-Mudos
• 1890/1957 – Instituto Nacional de Surdos Mudos
• 1957/atual – Instituto Nacional de Educação de Surdos.

Com base na fundação do INES, este dia ficou decretado (Lei nº 11.796, de 29 de
Outubro de 2008) como o dia Nacional do Surdo.

• Institui o Dia Nacional dos Surdos. O Presidente da República. Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
• Art. 1º Fica instituído o dia 26 de setembro de cada ano como o Dia Nacional
dos Surdos.
• Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
• Brasília, 29 de outubro de 2008; 187º da

Independência e 120º da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
9
Outra importante conquista da comunidade Surda, foi apoiada pela
Câmara Municipal de Teresina em 13 de Setembro de 2013, aprova o dia 13 de
Setembro como dia Municipal do Surdo de Teresina. O projeto de lei foi
aprovado pelos vereadores. Este dia foi escolhido por ser o dia de criação da
associação dos surdos de Teresina. Os deficientes auditivos são lembrados
mundialmente no dia 30 de setembro e nacionalmente no dia 26 do mesmo mês.
A Lei ressalta uma importante mudança na vida social da pessoa surda e com
deficiência auditiva.

A comunicação total no Brasil, essa abordagem era chamada por uns de


filosofia e por outros por métodos e propunha-se reconhecer a língua de sinais
como direito fundamental de toda criança surda. Nela privilegiava-se a
comunicação de qualquer tipo acima de qualquer outro objetivo. Em um primeiro
momento, o movimento criou uma nova ordem, ao expor o fracasso exponencial
da formação dos surdos via oralização. Pouco a pouco, entretanto, deixou de ser
uma filosofia oposta ao oralismo, para se constituir em mais uma de suas
técnicas: reconheciam o surdo em sua diferença linguístico cultural, mas
acabavam por utilizar os sinais e todas as formas comunicativas com a
finalidade de desenvolver a capacidade da fala vocalizada nos surdos. A
Comunicação Total foi desenvolvida em meados de 1960, após do fracasso de
oralismo puro em muitos sujeitos surdos, começaram a ponderar em juntar o
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oralismo com a língua de sinais simultaneamente como uma alternativa de
comunicação.

A filosofia da comunicação total tem como principal preocupação os


processos comunicativos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes, afirma
Barbosa, 2012. Esta filosofia também se preocupa com a aprendizagem da
língua oral pela criança surda, mas acredita que os aspectos cognitivos,
emocionais e sociais não devem ser deixados de lado por conta do aprendizado
o exclusivo da língua oral, por esse motivo essa filosofia defende a utilização de
recursos espaço-viso-manuais como facilitadores da comunicação.

Uma das grandes diferenças entre a comunicação total e as outras


filosofias educacionais é o fato de a comunicação total defender a utilização de
quaisquer recursos linguísticos, seja a língua de sinais a língua oral, ou códigos
manuais, para facilitar a comunicação com pessoas surdas.

A filosofia educacional bilíngue trata-se de uma abordagem de ensino que


estimula e propõe acesso e o uso das duas línguas pela criança surda no
ambiente escolar. Parte do pressuposto de que a língua de sinais deve ser o
meio de comunicação principal e que a língua oral deve ser aprendida na sua
modalidade escrita. Assim defende Quadros (1997:27):
Se a língua de sinais é uma língua natural adquirida de forma
espontânea pela pessoa surda em contato com pessoas que usam
língua e se a língua oral é adquirida de forma sistemática, então as
pessoas surdas têm o direito de ser ensinadas na língua de sinais.

A defesa da educação bilíngue é, sem dúvida, a mais coerente e


possivelmente a primeira das abordagens que considera de fato a perspectiva e
a condição sociolinguística complexa dos surdos.

Ou seja.... estas filosofias visam:

1 ) Oralismo (objetivo: a língua da comunidade ouvinte, com foco na fala)

2 ) Comunicação Total (Objetivo: aquisição da língua da comunidade ouvinte. A


língua de sinais é um recurso metodológico para o aprendizado da língua oral,
i.e., sem status de língua e sua função cognitiva e social).

3) Bilinguismo (Objetivo: aquisição da língua de sinais como a primeira língua


e a língua da comunidade ouvinte (foco na modalidade escrita) como a segunda
língua da pessoa surda, com metodologia específica de aprendizado de uma L2.

Visão da Fonoaudiologia sobre as Filosofias Educacionais:

• Oralismo:
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- O fonoaudiólogo procura suprir a dificuldade sensorial do surdo


buscando aproximá-lo o mais possível da realidade do ouvinte.
- Não estimula nenhum tipo de linguagem gestual.

- Procura o desenvolvimento da emissão oral e pode trabalhar numa


abordagem multissensorial utilizando estímulos sonoros, táteis,
cinestésicos e visuais ou numa abordagem unissensorial, com uma
metodologia que procura utilizar apenas pistas auditivas como via de
acesso.

 Comunicação Total:

- Procura respeitar sua diferença sensorial.

- Faz uso da Língua de Sinais e trabalha com a ideia de facilitar a


comunicação utilizando para isso as estratégias e recursos que forem
necessários.

- Desenvolve a leitura labial, o treino articulatório e auditivo com ênfase na


protetização precoce, a leitura e a escrita.

- Faz uso do bimodalismo, podendo utilizar de "pidgin" (uso simultâneo da


Língua de Sinais e a modalidade oral da Língua), de "cued speech",
Português sinalizado e do alfabeto manual nas terapias, respeitando a
opção das crianças.

 Bilinguismo:

- Baseia-se na ideia de que a Língua de Sinais é mais espontânea para o


surdo e, portanto mais facilmente adquirida.

- Como qualquer outra Língua tem a função de estruturação do


pensamento e da linguagem, por possuir os mesmos níveis "fonológicos",
morfo-sintáticos, semânticos e pragmáticos comuns a constituição das
Línguas naturais orais.

Apresentamos abaixo conforme Saunders (1988) sobre as filosofias


afirma:

VANTAGENS DESVANTAGENS
Quando adquirido na infância faz com que a Pode retardar a inteligência verbal por
criança tenha um sotaque como o de um até dois anos, ou seja, a criança pode
nativo. Naturalmente deve-se ter em conta demorar mais para falar, pois
que a criança imitará seu padrão linguístico, aprenderá dois sinônimos para cada
ou seja, seu pai ou sua mãe; palavra: um numa língua e outro na
outra
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Bilinguismo desde a infância faz com que a Uma língua sempre, de uma forma ou
criança desenvolva superioridade em de outra, influencia a outra. Isso não
habilidades em geral; necessariamente é ruim. Entretanto, é
comum a criança associar algumas
regras gramaticais e contextos de
uma língua à outra, criando situações
de desentendimento. Isso, segundo o
autor, se corrige automaticamente
com o tempo.

Saunders observou diversas vezes que o Q.I. Pode ocorrer mudança de idioma
de seus filhos ou o grau de aprendizado era caso não se saiba uma palavra em
superior àquele de crianças monolíngues; uma das línguas.

A criança vai adquirir, desde a infância,


proficiência nas duas línguas, não sendo
necessário processo formal de aprendizado.

MODELOS DE BILINGUÍSMO

Conforme Kozlowski (1998) pode citar duas formas básicas de educação


bilíngue na área da Surdez:

A primeira classificação das propostas educacionais bilíngues referencia-


se a modelos que tratam de período/época de apresentação das línguas
que poderá ser descrita da seguinte forma:

 Modelo Sucessivo

Neste modelo, logo após o diagnóstico da surdez, a criança surda passa


a ter contato com a língua de sinais exclusivamente. Uma segunda língua
só apresentada após o domínio da primeira língua;

 Modelo Simultâneo:

As duas línguas, a língua da comunidade surda (língua de sinais) e a da


comunidade ouvinte (língua portuguesa) são apresentados
simultaneamente em dois momentos linguísticos distintos.

A segunda classificação trata da modalidade da segunda língua (L2), já


que dentro de um enfoque bilíngue é sempre a língua de sinais a L1 considerada
como natural do surdo, primeira língua e como a língua mais importante, sendo
esta a que garantirá o desenvolvimento do seu potencial cognitivo e sua
constituição enquanto indivíduo surdo.

A segunda língua (L2), será a língua da comunidade ouvinte e poderá ser


a língua oral ou escrita. De um modo geral se apresentam da seguinte forma:

- L1 – Língua de Sinais, L2 Língua Escrita (modelo sucessivo);


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- L2 – Língua de Sinais, L2 Língua Oral (modelo simultâneo).


Brito (1993) defende uma proposta de educação bilíngue para surdos, do
tipo bilinguismo Diglóssico, isto é, o uso, em separado de duas línguas mesmo
que de modalidades distintas, cada uma em situações linguísticas diferentes. Ela
sugere:

a) A língua de sinais será usada em todas as situações em que uma língua


materna é usada, exceto no que se refere à escrita e à leitura, quando ela
pode ser o meio, mas não o objetivo.

b) A língua oral será ensinada enquanto segunda língua será veículo de


informação da tradição escrita.

De acordo com Brito, o Bilinguísmo Diglóssico pode ser considerado”a


forma mais eficiente de abordagem educacional do surdo, seja ele
deficiente de surdez leve, moderada, severa ou profunda. Além do mais,
constitui se na única possibilidade de desenvolvimento psicossocial e
cognitivo do surdo, na sua plenitude. (1993,p. 65)

SURDEZ:

Conceito:

 Surdez é a incapacidade parcial ou total de audição.

 Pode ser de nascença ou causada posteriormente por doenças.

 A surdez é um defeito invisível.

 A audição é o sentido que mais nos coloca dentro do mundo e a


comunicação humana é um bem de valor inestimável;

 Nosso ouvido é dividido em 3 partes: externo, médio e interno.

De acordo com Slomski (2010), na concepção clínica, a surdez é vista


como uma patologia, um déficit biológico, e a pessoa surda, como deficiente
auditivo e/ou incapaz que precisa ser curado por profissionais por meio de
reabilitação da fala, ou seja, trazido à anormalidade para integra-se a sociedade
majoritária ouvinte. Sob a perspectiva clínica a surdez classifica-se em termos
de medidas audiometrias, de denominação de perdas (leve, moderada, severa e
profunda). Nesse sentindo, o termo deficiente auditivo e/ou deficiência auditiva
são termos clínicos que escondem preconceitos e a não aceitação da surdez.

TIPOS DE SURDEZ

1 Condução: quando existe um bloqueio no mecanismo de transmissão do som,


desde o canal auditivo externo até o limite com o ouvido interno.
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Causas da surdez de condução:


 Obstrução por acúmulo de cera ou por objetos introduzidos no canal do
ouvido;

 Perfuração ou outro dano causado no tímpano.

 Infecção no ouvido médio.

 Infecção, lesão ou fixação dos pequenos ossinhos (ossículos) dentro do


ouvido médio.

2 Percepção ou Neurossensorial (lesão de células sensoriais e nervosas): é


aquela provocada por problema no mecanismo de percepção do som desde o
ouvido interno (cóclea) até o cérebro.

Causas de surdez de percepção ou neurossensorial:

 Ruído intenso; Intensidades de som acima de 75 decibéis podem causar


perdas auditivas induzidas pelo ruído (PAIR);

 Infecções bacterianas e virais, especialmente rubéola, caxumba e


meningite, podem causar surdez de percepção;

 Certos medicamentos, especialmente alguns antibióticos, podem lesar as


estruturas neurossensoriais causando surdez;

 Infecção, lesão ou fixação dos pequenos ossinhos (ossículos) dentro do


ouvido médio;

 Idade (presbiacusia), é uma ocorrência quase habitual nos idosos. É um


processo degenerativo de células sensoriais do ouvido interno e fibras
nervosas que conectam com o cérebro.

3 Surdez congênita: Quando uma criança nasce surda a causa pode ser
hereditária (genética) ou embrionária (intrauterina).

Causas intrauterinas:

 Rubéola, sífilis, toxoplasmose, herpes, alguns tipos de vírus e certos


medicamentos usados pela gestante;

 Variações de pressão no líquido do ouvido interno pode ocasionar perda


gradativa da audição; esta alteração é chamada doença de Menière e
vem acompanhada, em sua forma clássica, de vertigem e zumbido;

 Tumores benignos e malignos que atingem o ouvido interno ou a área


entre o ouvido interno e o cérebro podem causar surdez;

4 Surdez mista: quando existe problema em ambos os mecanismos;


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Como Reconhecer:
 Nos primeiros meses o bebê reage a sons como o de vozes ou de batidas
de portas, piscando, assustando-se ou cessando seus movimentos;

 Por volta do quarto ou quinto mês a criança já procura a fonte sonora,


girando a cabeça ou virando seu corpo;

 Se o bebê não reage a sons de fala, cuidado!, pois desde cedo ele
distingue, pela voz, as pessoas que convivem com ele diariamente;

 Cuidado com a criança que assiste à televisão muito próxima do aparelho


e que pede sempre para que o volume seja aumentado;

 Só responde quando a pessoa fala de frente para ela;

 Não reage a sons que não pode ver; pede que repitam várias vezes o que
lhe foi dito, perguntando "o quê?", "como?" ou tem problemas de
concentração na escola.

 Crianças com problemas comportamentais também podem estar


apresentando dificuldades auditivas.

DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO AUDITIVA:

• Vida Intrauterina - 20ª semana;

• Nascimento: respostas reflexas;

• 2 meses – início do controle de cabeça e da coordenação do movimento


ocular; mantém atenção ao som;

• 4º – 7º mês – vira a cabeça em plano lateral;

• 7º - 9º mês – localiza a fonte sonora diretamente para os lados e


indiretamente para baixo;

• 9º - 13º mês – localiza diretamente o som para os lados, para baixo e


indiretamente para cima;

• A partir do 16º mês – localiza o som em qualquer plano.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA QUANTO AO TIPO


(Classificação de Acordo com Barbosa, 2012.)

Deficiência Auditiva Condutiva

Deficiência Auditiva Condutiva – qualquer interferência na transmissão do som


desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna
tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração
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sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do


estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode
ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico.
A surdez condutiva é causada por um problema localizado no ouvido externo
e/ou médio, que tem por função “conduzir” o som até o ouvido interno. Essa
deficiência, em muitos casos, é reversível e geralmente não precisa de
tratamento com aparelho auditivo, apenas requer cuidados médicos.

Causas da Deficiência Auditiva Condutiva

Algumas das causas da deficiência auditiva condutiva são: o cerume ou corpos


estranhos no conduto auditivo externo; otite externa, infecção bacteriana da pele
do conduto auditivo externo; otite média, processo infeccioso e/ou inflamatório
da orelha média, que se divide em (otite média secretora, otite média aguda,
otite média crônica e otite crônica colesteatomatosa.); estenose ou atresia do
conduto auditivo externo (redução de calibre ou ausência do conduto auditivo
externo). Atresia é geralmente uma má formação congênita e a estenose pode
ser congênita ou ocorrer por trauma, agressão cirúrgica ou infecções graves;
miringite bolhosa (o termo miringite refere-se à inflamação da membrana
timpânica). Acúmulo de fluido entre as camadas da membrana timpânica, em
geral associado a infecções das vias respiratórias superiores.
Perfurações da membrana timpânica podem ocorrer por traumas externos,
variações bruscas da pressão atmosférica ou otite média crônica supurada. A
perda auditiva decorre de alterações da vibração da membrana timpânica. É
variável de acordo com a extensão e localização da perfuração; obstrução da
tuba auditiva; fissuras palatinas; otosclerose.

Deficiência auditiva neurossensorial

Deficiência auditiva neurossensorial – ocorre quando há uma impossibilidade de


recepção do som por lesão das células da cóclea ou do nervo auditivo. Os
limiares por condução óssea e por condução aérea, alterados, são
aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da
cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de
avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível.
A surdez neurossensorial é uma deficiência em que há lesão no ouvido interno,
nesse caso, não há problemas na “condução” do som, mas acontece a
diminuição (total ou parcial) na capacidade de receber os sons que passam pelo
ouvido externo e ouvido médio. A deficiência neurossensorial faz com que as
pessoas escutem menos e também tenham maior dificuldade de perceber as
diferenças entre os sons

Causas da deficiência auditiva neurossensorial


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As causas da deficiência auditiva neurossensorial se dividem em três tipos:


Pré-natais: de origem hereditária (surdez herdada monogênica, que pode ser
uma surdez isolada da orelha interna por mecanismo recessivo ou dominante ou
uma síndrome com surdez), e uma surdez associada a aberrações
cromossômicas; de origem não hereditárias (causas exógenas), que podem ser
infecções maternas por rubéola, citomegalovírus, sífilis, herpes, toxoplasmose,
drogas ototóxicas e outras, alcoolismo materno, irradiações por raio X, toxemia,
diabetes e outras doenças maternas graves. ·As peri-natais: prematuridade e/ou
baixo peso ao nascimento, trauma de parto - fator traumático/ fator anóxico,
doença hemolítica do recém-nascido.
·As pós-natais: infecções – meningite, encefalite, parotidite epidêmica
(caxumba), sarampo, drogas ototóxicas, perda auditiva induzida por ruído
(PAIR), traumas físicos que afetam o osso temporal.

Deficiência auditiva mista

Deficiência auditiva mista ocorre quando há uma alteração na condução do som


até o órgão terminal sensorial associado à lesão do órgão sensorial ou do nervo
auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo
dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos
limiares de condução aérea.
A deficiência auditiva mista ocorre no ouvido médio e no interno, ou seja, quando
há ambas as perdas auditivas, a condutiva e a neurossensorial em uma mesma
pessoa. Enquanto a surdez condutiva faz perder o volume sonoro, a surdez
neurossensorial corta o volume sonoro e distorce os sons. Essa interpretação
descoordenada de sons é um sintoma típico de doenças do ouvido interno.

Deficiência Auditiva Central

Deficiência auditiva central, disfunção auditiva central ou surdez central – este


tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente acompanhada de diminuição
da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldades
na compreensão das informações sonoras as quais decorre de alterações nos
mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral
(Sistema Nervoso Central).

Na antiguidade foi feita por JERÔNIMO CARDANO, Médico (1501-1576) a


primeira classificação da surdez:

a) Surdos de Nascença;

b) Perda Auditiva antes da fala;

c) Perda Auditiva após aquisição da fala.


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Jerônimo Cardano (1501-1576) Médico italiano interessado em estudar o caso


do seu filho surdo. Cardano encontrou por casualidade o livro de Rudolphus
Agrícola. Defendeu que o emprego de palavras faladas não era indispensável
para se compreender as ideias, mas defendeu que era necessário aprender a ler
e a escrever.

Ponto de Vista da Visão Clínica:

 A escola de surdos só se preocupa com as atividades da área da saúde,


vêem esses sujeitos surdos como pacientes ou doentes das orelhas que
necessitam ser tratados a todo custo.

 Classifica os sujeitos surdos através de graus de surdez.

GRAUS DE SURDEZ:

Leve:

(PERDA DE 25 a 40 DÉCIBEIS)

Esta perda impede que a pessoa perceba igualmente todos os fonemas, tendo
igualmente dificuldade de perceber todos os sons da fala, a voz fraca e distante
não é ouvida.

 Adquire linguagem oral naturalmente, podendo apresentar um pequeno


atraso e trocas de fonemas;
 Frequenta escola comum, necessitando acompanhamento de
fonoaudiologia;

Moderada:
(PERDA ATÉ 40 A 70 DÉCIBEIS)

 Não consegue perceber sons entre 40 a 70 dB (voz fraca), tendo


dificuldade de entender completamente a conversa normal;
 Adquire linguagem oral, apresentando atraso e dificuldades de
articulação;
 Frequenta escola comum, necessitando de acompanhamento de
fonoaudiólogo, prótese auditiva;

Severa:
(PERDA ATÉ 70 A 90 DÉCIBEIS)

 Não consegue perceber sons e nem ruídos familiares, e poderá perceber


apenas voz forte;
 Não utiliza a audição como um canal preferencial de comunicação; Língua
de Sinais
 Necessita de estimulação precoce, prótese auditiva, escolaridade
especial, acompanhamento de profissionais e, talvez um programa de
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comunicação total; Língua de Sinais;


Profunda:
(PERDA SUPERIOR A 90 DÉCIBEIS)

 Não consegue perceber os sons e a


gravidade desta perda é tal, que priva o
sujeito de informações auditivas necessárias
para identificar a voz humana, impedindo
naturalmente de adquirir a língua oral;
 Difícil aquisição de linguagem oral sem
intervenção adequada;
 Necessita de estimulação precoce, prótese
auditiva e escolaridade especial; Língua de Sinais.

Anacusia
 Perda total da audição;
 Caso a criança não seja estimulada ou não desenvolva uma língua de
sinais, pode desenvolver deficiência mental.
O que fazer

 Uma vez constatada a deficiência, deve-se buscar um especialista em


Otorrinolaringologia ou Fonoaudiologia o quanto antes;

 Realizar um teste auditivo e outros exames médicos para localizar a


deficiência;

 Avaliar a necessidade e a importância da indicação correta de um


aparelho auditivo, o qual deve estar adaptado às necessidades
específicas de cada pessoa;

Como evitar

Prevenção: conjunto de medidas que visam evitar algo;

Formas de prevenção: exames pré-natais, vacinas, acompanhamento médico


em casos de dores no ouvido, teste da orelhinha quando bebê, evitar exposições
frequentes a ruídos fortes.

 A mulher deve sempre tomar a vacina contra a rubéola, de preferência


antes da adolescência, para que durante a gravidez esteja protegida
contra a doença. Se a gestante tiver contato com rubéola nos primeiros
três meses de gravidez, o bebê pode nascer surdo;

 A criança deve receber todas as vacinas contra as doenças infantis, como


sarampo e outras, para prevenir-se contra possíveis deficiências;

 Devem ser evitados objetos utilizados para "limpar" os ouvidos, como


grampos, palitos ou outros pontiagudos;
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 Cuidado para a criança não introduzir nada nos ouvidos, correndo-se o


risco de causar lesões no aparelho auditivo.
IMPLANTE COCLEAR....

A busca pela fala é uma cobrança social e independe da família. Mas o


fato comprometedor é que exige sempre uma fala “perfeita” e também natural,
como se bastasse ouvir para falar, como se a aquisição da linguagem não fosse
um processo e nem dependesse de interações e usos efetivos da linguagem
afirma Santana (2007).

Em busca desta fala a autora acrescenta, surge uma tecnologia que


pretende suprir as deficiências da prótese auditiva: o implante coclear. A
pergunta é: ele pode mesmo erradicar ou contornar esta deficiência? Como as
próteses mais tradicionais, o implante coclear não garante resultados, ou mesmo
audição, a todas as crianças surdas.

Nussbaum (2003) ressalta que a mídia trata o implante coclear como


cura. Para ela, é importante deixar claro que o implante coclear pode:

a) Promover acesso ao som ultrapassando as células ciliadas permitindo ao


usuário perceber os sons;
b) Transformar sinais elétricos e enviar sons ao nervo auditivo e ao cérebro;
c) Oferecer mais acesso que as próteses tradicionais para a
informação da fala;
d) Melhorar a percepção de crianças que já realizam
treinamento auditivo.

Contundo o implante coclear não pode:

 A) Interpretar o som;
 B) Garantir acesso completo à Linguagem;
 C) Permitir que uma criança completamente surda adquira a fala como
uma ouvinte;
 D) Fazer um som elétrico ser interpretado do mesmo modo que um som
acústico.

DEMONSTRATIVO:

Pré-natais: adquirida através da mãe no período de gestação (rubéola,


sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, drogas, remédios ototóxicos, entre
outros.)

Peri-natais: adquirida durante o parto (anóxia, fórceps,


infecção hospitalar, entre outros.)
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Pós-natais: adquirida após o nascimento (meningite,
excesso de remédios, sífilis, sarampo, caxumba, exposição
a fortes ruídos, traumatismos cranianos, entre outros.)

CULTURA SURDA

Os surdos têm cultura e identidade próprias, entretanto concordamos com


Gesser (2009), quando diz que, na verdade, a cultura é plural, uma vez que,
sejamos surdos ou ouvinte é permeado por múltiplas identidades e culturas.

Quando dizemos que o surdo tem cultura e identidade próprias, queremos


com isso dizer que ele tem uma língua específica de sua comunidade e isso o
diferencia, todavia não podemos pensar como há alguns séculos em identidade
no sentido de uma patologização, de minoria e outras denominações mais que
hoje estão fora de contexto.

Quadros (2002:10) define cultura surda:


Como a identidade cultural de um grupo de surdos que se define
enquanto grupo diferente de outros grupos. Essa cultura é
multifacetada, mas apresenta características que são específicas: ela é
visual, traduz de forma visual. As formas de organizar pensamento e a
linguagem transcendem as formas ouvintes.

Ele é um ser cultural, político e, como tal, tem um modo de se relacionar e


ver o mundo a partir de seu universo visual. Além disso, não
podemos deixar de perceber cultura como algo em processo,
não estático, em constante modificação. Como o surdo e sua
cultura, no contexto brasileiro, especificamente, têm uma
visibilidade maior agora, com as leis da inclusão, isso tem
gerado algumas discussões e tentativas de se compreender
como ele vive e se percebe no mundo.

A cultura surda está em conexão com a teoria cultural, no qual o surdo é


visto como diferente e sujeito cultural. A diferença como diz Perlin (1998)
assume um caráter principal na constituição da identidade surda devido ao surdo
se perceber diferente do ouvinte. Neste espaço, os surdos lutam pelos seus
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direitos de pertencerem a uma cultura surda representada pela língua de sinais


pelas identidades diferentes, pela presença de intérpretes por tecnologias
especializadas, pela pedagogia da diferença pelo povo surdo, pela comunidade
surda. Esta luta é para conquistar um espaço na escola onde a diferença surda
possa ser respeitada, afirma Lacerda.

Entretanto, vale repensar nossos conceitos, pois o surdo, como qualquer


pessoa, faz parte de um multiculturalismo.

O ser surdo é aquele que apreende o mundo por meio do contato visual,
que é capaz de se apropriar da língua de sinais e da língua escrita e de outras
de modo a propiciar seu pleno desenvolvimento cognitivo, cultural e social. A
língua de sinais permite ao ser surdo expressar seus sentimentos e visões sobre
o mundo sobre significados, de forma mais complexa e acessível afirma Lacerda

Entendendo...

Conforme pensamentos de Karin Strobel:

Comunidade Surda: É aquela que reúne pessoas usuários da língua de sinais-


LS surdos, familiares de surdos, profissionais da área da surdez, professores,
instrutores e tradutores e intérpretes de Libras, bem como, amigos e outros que
participam e compartilham os mesmos interesses em comuns em um determinado
localização que podem ser as associação de surdos, federações de surdos, igrejas
e outros.”

Povo Surdo é grupo de sujeitos surdos que tem costumes, história, tradições
em comuns e pertencentes às mesmas peculiaridades, ou seja, constrói sua
concepção de mundo através da visão.
As comunidades surdas no Brasil têm uma história longa. O povo surdo
brasileiro deixou muitas tradições e histórias em suas organizações das
comunidades surdas, que podem ser associação de surdos, federações de
surdos, confederações e outros.
Associação iniciou diante de uma necessidade de povos surdos terem um
espaço ao se unirem e resistirem contra as práticas ouvintistas que não
respeitavam a cultura deles.
No inicio as associações de surdos tinham exclusivamente o objetivo de
natureza social devido ao baixo padrão de vida no século XVIII, os sujeitos
surdos tinham a finalidade de ajudar uns aos outros em caso de doença, morte e
desemprego e, além disso, as associações se propunham a fornecer informações e
incentivos através de conferências e entretenimentos relevantes. (Widel, 1992).
Como afirma MONTEIRO:

“(...)Há pessoas surdas em toda a parte do Brasil. Porém, muitos


surdos são invisíveis à Sociedade (...): a) Nos Lugares Comuns (
praças, bares, cinemas, clubes, etc. ), b) Nas Associações de Surdos,
c) Nas Escolas e Universidades, d) Nas Clínicas, e) Nas Igrejas” (2006,
p.280)

Hoje as associações de surdos fornecem muitas atividades de lazer, cultural,


esportivos, sociais e outros.
23

As principais comunidades surdas


1- Associações de Surdos: Uma associação de surdos surge em função de
reunir sujeitos surdos que participam e compartilham os mesmos interesses em
comuns, assim como os costumes, as histórias, as tradições em comuns, em
uma determinada localidade, geralmente em uma sede própria ou alugada, ou
cedida pelo governo e outros espaços físicos.

A Associação de Surdos representa importante espaço de encontro entre os


sujeitos surdos da comunidade surda. Importantes movimentos em prol a causa
de surdos se originaram e ainda se resultam das reuniões e assembleias nas
associações de surdos que ocorrem por todo o Brasil.

2- Federação Nacional de Educação de Surdos / FENEIS: é uma entidade


filantrópica, sem fins lucrativos com finalidade sociocultural, assistencial e
educacional que tem por objetivo a defesa e a luta dos direitos da Comunidade
Surda Brasileira. É filiada a Federação Mundial dos Surdos.
3- Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos / CBDS. Esta confederação
organiza e regulamenta muitas práticas de muitas modalidades de esportes de
povo surdos, também promove competições entre as associações de surdos e
outros.
4- Federação Estaduais Esportivas de Surdos. promove intercâmbios de
esportes dentre as várias associações de surdos do Estado.
5- Outras Instituições: associações de pais e amigos de surdos, Associações de
intérpretes de Libras, escolas de surdos e outros.
6- Representantes religiosas: pastorais de surdos, ministério de keiraihaguiai,
grupos de jovens de igrejas, etc...

Apresentamos as visões existentes no olhar a Surdez:

Construto Patológico

• Baseado na tradição médica/surdez é deficiência;


• A competência auditiva e classificada por graus de perdas;
• Acontece a opressão do surdo à medida que proíbe ou dificulta o acesso
a língua de sinais

Fundado na tradição médica, supõe a surdez como patologia que precisa


ser tratada, medicalizada e corrigida. Então o procedimento indicado para
tratar essa “DOENÇA” é ensinar o surdo a falar.

ALGUMAS REGRAS DESTE CONSTRUTO:


- Não gesticular;
- Não usar as mãos para se comunicar;
- Manter os olhos sempre atentos aos lábios das pessoas ao redor.

Construto Sócioantropológico


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Concebe a surdez como diferença que acima de tudo deve ser


compreendida e respeitada;
• Garante o direito dos surdos de ter acesso á língua de sinais;
• O sujeito surdo e compreendido como um componente de uma
comunidade linguística minoritária que faz uso da língua de sinais.

• Nesta visão o sujeito surdo é concebido como membro de uma


comunidade linguística minoritária que faz uso da língua de sinais. Assim
a surdez a surdez é vista como uma diferença;
Neste construto o surdo não é visto como desviante, mas como ser
humano que faz parte de uma comunidade que apresenta especificidades
culturais, linguísticas, políticas e etc;
O principal objetivo deste construto e garantir os direitos dos alunos
surdos relativos ao acesso à língua de sinais.

CATEGORIAS DE IDENTIDADES SURDAS

Inicialmente afirmamos que o Surdo só adquire sua identidade por meio da


Língua de Sinais, os defensores da língua de sinais afirmam que só por meio dela,
adquirida em qualquer idade, o sujeito surdo constituirá uma identidade surda, já que
ele não é ouvinte (Perlin, 1998; Moura, 2000).

A maioria dos estudos tem como base a ideia de que a identidade surda está
relacionada ao uso da língua. Usar a língua de sinais em contato com outro surdo é o
que define, basicamente tal identidade. O que ocorre segundo Santana (2007) é que, na
interação entre surdos que usam a língua de sinais, surgem possibilidades de
compreensão, de diálogo e de aprendizagem, que não são possíveis apenas por meio
da linguagem oral. Isso porque a aquisição de uma língua, e de todos os mecanismos
afeitos a ela, faz que se credite à língua de sinais a possibilidade de ser a única capaz
de oferecer uma identidade ao Surdo.

Abaixo apresentamos os tipos de identidades e suas especificidades:

Identidades Surdas Híbridas:

 São os surdos que nasceram ouvintes;

 Conhecem a estrutura do português falado e usam-no como língua;

 Captam o exterior pela experiência visual, passam para o português e,


finalmente, para os sinais;

 Terá sempre duas línguas, mas sua identidade irá ao encontro da identidade
surda;

Identidades Surdas de Transição:

 Filhos de pais ouvintes;

 Surdos que foram oralizados, mantidos numa comunicação auditiva;


25

 Transição é o momento da passagem do mundo do ouvinte para o mundo do


surdo;
 Nessa transição, os surdos passam pela desouvintização, isto é, passam do
mundo auditivo para o mundo visual;

Identidades Surdas Incompletas:

 Vivem sob a ideologia do ouvintismo, não conseguem se organizar, resistir e


quebrar o poder dos ouvintes, que fazem tudo para medicalizá-los;

 Negam a identidade surda, como uma diferença;

 São surdos estereotipados, acham os ouvintes superiores a eles;

Identidades Surdas Flutuantes:

 São conscientes ou não de serem surdos;

 São surdos conformados e acomodados às situações impostas pelo ouvintismo;

 Não têm militância pela causa surda;

 Oscilam de uma comunidade a outra;

 Não conseguem viver bem na comunidade surda porque não falam por sinais e

 Não conseguem viver bem com os ouvintes pela falta de comunicação;

DEFICIÊNCIAS E TERMINOLOGIAS

Embora conste no texto constitucional e em outras leis posteriores, o uso


do termo portador é incorreto. Àquela época, o legislador visava tão somente
não utilizar de palavras com conotação negativas, como surdo-mudo, retardados
e outros. Entretanto, atualmente, este termo também não condiz com a realidade
e, portanto, deve ser evitado.

De acordo com (Novaes, 2010: 36) caracteriza estas terminologias da


seguinte forma:

Portador de Necessidades Especiais dá o sentido que a pessoa está


portando sua deficiência, assim como porta consigo, por exemplo, objetos
pessoais, os quais a pessoa pode deixar de carregar quando bem deseja.
Pessoas com Necessidades Especiais é uma classificação genérica,
que independe da existência de deficiências. Todo ser humano possui
necessidades especiais, que pode ser interpretadas de vários cunhos:
econômicos, sociais, sentimentais e etc.

Pessoas idosas obesas, grávidas, por exemplo, possuem necessidades


especiais. Trata-se de um termo amplo, que não abrande portanto, somente a
26

deficientes.
DEFICIÊNCIA E EFICIÊNCIA

Entendemos que o termo correto é pessoa com deficiência, haja vista


retratar sem ofensas tal realidade.

Muitos não usam a terminologia correta “pessoa com deficiência” por


acreditarem que contrário de deficiência é eficiência. Entretanto, esse
entendimento é equivocado.

Ainda conforme afirma Novaes o contrário de eficiência não é deficiência.


O contrário de eficiência é ineficiência. Assim, ineficiente (entendido como
aquele que não produz, e, portanto, não e eficaz) pode ser tanto uma pessoa
com deficiência como uma pessoa sem deficiência haja vista ser esta
característica existente independentemente desta situação (eficiência).

Incapacidade também não é contrário de deficiência. Pode até ser sob um


recorte feito dentro de uma análise concreta, uma consequência de uma
deficiência, entretanto, não deve ser considerada de forma generalizada, pois a
incapacidade de um sentido (visão audição, por exemplo) não impede,
necessariamente, a capacidade de utilização de outro.

Nesse sentido a douta Fávera (2004 p.27), afirma que a pessoa com
deficiência não é uma pessoa incapaz, em uma perspectiva amplificada, pois
caso assim fosse, representaria, no mínimo um retrocesso a todo o esforço de
décadas para que a deficiência não seja vista de forma dissociada da ausência
de potencialidades.

Portanto, entende-se que o contrário da pessoa com deficiência e a


pessoa sem deficiência.

Assim, pode-se definir deficiência como uma restrição física, mental ou


sensorial de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de
exercer uma ou mais atividades da vida diária.

O uso do termo surdo mudo é totalmente incorreto. Os surdos que não


emitem sons não possuem necessariamente, nenhuma deficiência em relação a
voz e aos instrumentos para isso.

A não utilização de sons se dá por que não ouvem O surdo quando


oralizado, pode se comunicar por meio da fala. Isso demanda um
27

acompanhamento fonoaudiológico demasiado.


Já o surdo não oralizado comunica-se em regra, somente por meio da
língua de sinais, que, por ser uma língua visual-motora, não utiliza, portanto,
sons.

O deficiente auditivo é a pessoa que não tem surdez profunda, sua


limitação sensorial é parcial.

Por outro lado o surdo é a pessoa como limitação sensorial de forma total.

A terminologia correta a ser utilizada é pessoa surda, caso sua surdez


seja profunda ou deficiente auditivo, caso a pessoa ouça mesmo que de forma
parcial.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO

Inclusão Social qualidade para Todos


Fernando José de Almeida

A inclusão não é algo natural. O ser humano tem uma tendência a


acreditar que as dificuldades de sempre e que não podem ser mexidas
continuarão sempre a ser dificuldades ou empecilho. É da essência humana,
sempre foi assim, é impossível mudar, são algumas frases que trazem uma
espécie de paralisia na nossa capacidade de fazer a história.
De acordo com Lacerda e Santos (2013), as autoras lembram que no
Brasil não possui escola de Surdos em todas as cidades. O debate é tão
inconclusivo que o país possui propostas diferenciadas para a Educação de
Surdos. Segundo o IBGE (2012) o Brasil possui 9.722.163 pessoas com
problemas relacionados à Surdez.
A política de incluir não acontece somente em relação ao acesso à
educação, mas também ao acesso em espaços sociais, tais como hospitais,
bancos, restaurantes, shoppings empresas, órgãos públicos, igrejas.
Nesta parte, mencionamos algumas das Leis que ampara este sujeito, por
que não mencionar estes sujeitos com deficiência, que tem como objetivo
reconhecer as leis que favorecem aos surdos o acesso à educação ao trabalho e
à sociedade, a fim de introduzir aspectos de cada um delas. Hoje em dia há uma
série de leis em relação à educação de surdos, à sua língua de sinais, a cultura
surda, e à acessibilidade de comunicação para que eles possam estudar e
trabalhar e serem incluídos na sociedade.
28

Citamos:
O decreto n.º 3.298, de 20 de Dezembro de 1999, que regulamentou a
Política Nacional para integração da Pessoa com Deficiência dedicou uma seção
em relação ao Acesso à Educação das Pessoas com Deficiências (artigos 24 ao
29).
Segundo o artigo 24, os órgãos e as entidades da Administração Pública
Federal direta e indireta responsáveis pela educação devem dispor de
“tratamento prioritário e adequado” aos assuntos do decreto, viabilizando várias
medidas, tais como: matrículas compulsórias de pessoas com deficiência em
cursos regulares e estabelecimentos públicos e particulares na rede regular de
ensino; a inclusão da educação especial como “modalidade” de educação
escolar para todos os níveis e as modalidades de ensino e a “oferta” de forma
obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimentos públicos de
ensino.
Define a educação especial como a “modalidade de educação escolar
oferecida preferencialmente na rede regular para o educando com necessidades
educacionais especiais, entre eles, a pessoa com deficiência” (art.24,§1º).
A educação especial se caracteriza por constituir um processo flexível,
dinâmico e individualizado, que deve ser oferecido, de forma preferencial, nos
níveis de ensino considerados obrigatórios (art.24,§2º).
Destarte, percebe-se que a Educação Especial, equipada com uma gama
de profissionais diversos, deve adotar orientações pedagógicas individualizadas.
Isso significa levar em consideração as diferenças individuais. Em relação aos
Surdos, sua diferença individual é linguística e cultural.
Determina ainda que, quando a educação das escolas comuns não puder
satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno, ou quando for
necessário ao bem estar do educando, os serviços de educação especial devem
ser ofertados pelas instituições de ensino público ou privados do sistema de
educação geral, seja de forma transitória ou permanente, mediante programas
de apoio para o aluno integrado ao sistema regular de ensino ou em escolas
especializadas (art.25).
No caso dos Surdos a escola própria para Surdos ou a classe de Surdos
continua juridicamente existindo como OPÇÃO para os pais ou responsáveis por
29

alunos surdos, que entendem ser este modelo educacional o mais eficiente para
a preparação de um cidadão completo, por reconhecerem uma diferença
linguística, e concomitante, como reforço para alunos surdos que os
pais/responsáveis entendem ser a escola regular a ideal, mas que não satisfaz
totalmente as necessidades educacionais existentes.
Relacionado ao ensino superior devem as instituições oferecer
adaptações de provas e apoios necessários, quando solicitados previamente
pelo aluno deficiente, além de, conforme as características da deficiência,
oferecer tempo adicional para a realização da mesma. (art.27).
Quanto à educação profissional que visa proporcionar acesso ao mercado
de trabalho, o aluno com deficiência matriculado ou egresso do ensino
fundamental ou médio de instituições públicas ou privadas, tem direito ao
acesso, podendo ser oferecida em níveis básico, técnico e tecnológico ou em
escola regular, em instituições especializadas e no ambiente de trabalho. (art.28,
§1º).
Findamos afirmando que as escolas e as instituições de educação
profissional, quando se fizerem necessário, oferecerão serviços de apoio
especializado para atender às peculiaridades da pessoa com deficiência, como
adaptações dos recursos instrucionais, capacitação dos recursos humanos e a
adequação dos recursos físicos (art.29).
Isso em relação aos Surdos inclui a possibilidade de adaptação linguística
do conteúdo ministrado, o apoio especializado do tradutor-intérprete, bem como
a possibilidade de se desenvolver essa formação profissional em instituições
especializadas para os alunos surdos, como às associações.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

A Lei 9394/96 estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.


Além de determinar os níveis e as modalidades de educação de ensino,
estabelece os artigos 58 e 60 como deve dar a educação especial.
Define a educação especial como a modalidade escolar “oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência”.
Novamente a legislação faz uso do termo “preferencialmente”, dando ao
aluno ou ao responsável legal a possibilidade de optar pela rede regular ou pelo
30

modelo especial.
Isto é reforçado pelo § 2º do mesmo artigo, em
que determina que o atendimento escolar deva ser
oferecido em “classes, escolas ou serviços
especializados” quando em função das condições
específicas dos alunos não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular.
É interessante ressaltar que a oferta de educação especial é, segundo o
texto legal um dever constitucional do estado devendo ser oferecido desde a
educação infantil.
Portanto, é obrigação do Estado oferecer a opção de educação especial
para os Surdos, por meio de classes e escolas especiais para surdos. Qualquer
norma que estabelece diretrizes contrárias fere a garantia constitucional de
escolha entre modelos existentes.
A lei 10.436/02 dispõe sobre a língua brasileira de sinais – Libras,
definindo-a como forma de comunicação e expressão em que o sistema
linguístico de natureza visual motora, com estrutura gramatical própria constitui
no sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil (art. 1º).
Afirma ainda que o sistema educacional federal e os sistemas
educacionais, municipais e do distrito federal deve garantir a inclusão nos cursos
de formação de Educação Especial, de fonoaudiologia e de magistério, em seus
níveis médio e superior, do ensino da língua brasileira de sinais – Libras, como
parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (art. 4º).
No entanto, em seu parágrafo único do art. 4º, que a Libras não poderá
substituir a modalidade escrita da língua portuguesa, defendendo a educação
bilíngue.
Ressaltamos que a educação é que deve ser bilíngue e não a política
pedagógica formadora do espaço educacional, ou seja, é a educação de surdos
que deve ser realizada em um contexto educacional que envolvam as das
línguas, e não espaço educacional (sala de aula) que deve ser bilíngue
meramente por agrupar pessoas surdas e ouvintes, até porque estes são
usuários nativos no primeiro caso de uma língua espaço-visual e no último, de
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uma língua de natureza oral auditiva.


O decreto n.º 5.626/05 regulamenta a Lei n.º 10.436/02, popularmente
conhecida como a Lei da Libras. Em seu capítulo VI, trata sobre a garantia do
Direito a Educação das Pessoas Surdas ou com Deficiência Auditiva.
Determina o artigo 22 que as instituições de ensino responsáveis pela
educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência
auditiva por meio de:
 I- escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e
ouvintes com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental;
 II – Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino,
abertas a alunos surdos ou ouvintes para os anos finais do ensino
fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das
diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos
alunos surdos, bem como a presença de tradutores e intérpretes de
Libras – Língua Portuguesa.

Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do


atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de
complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de
informação (art. 22,§1º). Ressalta-se que, em uma interpretação
constitucionalizada, isto é válido somente para alunos surdos que estudam, por
opção, em escolas regulares bilíngues.
Quanto ao uso da Língua de Sinais, em seu artigo 23. As instituições
federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos
alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa
em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e
tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação.
Afirma também a necessidade de se proporcionar aos professores o
acesso à literatura e às informações sobre as especificidades linguísticas do
aluno surdo (art. 23, §1º).
Isso significa que os professores necessitam ser capacitados em relação
ao contexto histórico e social da Língua Brasileira de Sinais, e não somente
32

saber utilizá-la.
Para Bernardino (2000, pág. 52), a língua de sinais para o surdo, tem um
valor importantíssimo: é ela que possibilita seu relacionamento com o mundo
surdo e com o ouvinte; é a língua de pela qual expõe naturalmente suas
emoções.

AÇÕES FACILITADORAS PARA A INCLUSÃO DO SURDO


Citamos o profissional como ferramenta principal na comunicação com Surdos,
sabemos que há outras formas de favorecer esta inclusão.

• INTERPRETES EDUCACIONAIS: São aqueles profissionais especializados


que atuam como intérprete de língua de sinais na educação de surdos, para
a garantia do acesso comunicacional e sinalização na sala de aula;
• PROFESSORES DE LIBRAS: São aqueles usuários nativos da libras, com
curso de pós-graduação ou com formação superior e certificado de
proficiência – pró-libras, este profissionais podem atuar dentro ou fora do
contexto educacional;
• INSTRUTORES DE LIBRAS: Profissionais devidamente qualificados para
ensinar libras, também dentro ou fora do contexto educacional, com
formação nível médio.
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SUGESTÕES PARA MEDIAR À COMUNICAÇÃO COM SURDOS

1. Tratar os surdos de maneira natural, não adotando atitudes


superprotetoras ou de rejeição;
2. Falar com clareza, naturalidade, sem aumentar o tom de voz;
3. Utilizar sinais, caso perceba que o Surdo não sabe Libras utilize outras
formas que favoreçam este comunicação como exemplo: gestos e se
possível o motive para o aprendizado da Libras;
4. Conversar de frente de forma que a iluminação incida sobre o rosto de
quem fala;
5. Evitar movimentos que dificultem o acompanhamento da expressão oral
como: mastigar chicletes, chupar balas, ter bigode etc.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Marilene de. NOGUEIRA. Monteiro. Repensando a Educação dos


Surdos. In: INES-Instituto Nacional de Educação de Surdos. Revista Espaço.
95/96. Pág.3;

BARBOSA, Estélio S. Língua Brasileira de Sinais LIBRAS. Teresina: EDUFPI,


2012.

BRASIL. Ministério da Ação Social/CORDE. Política Nacional de Integração da


Pessoa Portadora de Deficiência. Brasília, CORDE, 1992.

BRITO, L. F. Por uma gramática da língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo


Brasileiro, 1993.

FAVERO Eugênia A.G. Direitos das Pessoas com Deficiência: Garantia e


Igualdade na diversidade/Eugênia Fávero. Rio de Janeiro: WVA Ed., 2004. 334p.

FERNANDES, E. (org). Surdez e bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, 2005

GESSER. Audrei. O ouvinte e a Surdez: Sobre Ensinar e Aprender Libras.


São Paulo: ed Parábola Editorial, 2012.

____ Libras? Que Língua é Essa: Crenças e Preconceitos em Torno da Língua


de Sinais e da Realidade Surda.

GOLFELD, M.. Fundamentos de Fonoaudiologia. Rio de Janeiro, 1998.

LARCEDA, Cristina. B. F; Santos, Lara F. Tenho um Surdo, e agora?


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Introdução a Libras e a Educação de Surdos. São Paulo: Edusfscar. 2013.

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