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FREUD, S. (1979/1910). “Contribuciones para un debate sobre el suicidio”.

In: Obras
completas, vol. XI. Op. cit., p. 231-232.

BREVES ESCRITOS (1910)

CONTRIBUIÇÕES PARA UMA DISCUSSÃO ACERCA DO SUICÍDIO

I. OBSERVAÇÕES INTRODUTÓRIAS

Senhores. Todos vós ouvistes com muita satisfação o arrazoado feito por um educador que não
admitirá que uma acusação injusta se levante contra a instituição que lhe é tão cara. Mas eu sei que, de
todo modo, não estais inclinados a dar fácil crédito à acusação de que as escolas impelem seus alunos ao
suicídio. Não nos deixemos levar demasiado longe, no entanto, por nossa simpatia pela parte que foi
injustamente tratada nesse caso. Nem todos os argumentos apresentados pelo iniciador da discussão me
parecem sustentáveis. Se é o caso que o suicídio de jovens ocorre não só entre os aluno de escolas
secundárias, mas também entre aprendizes e outros, este fato não absolve as escolas secundárias; isto
deve talvez ser interpretado como significando que no, concernente a seus alunos, a escola secundária
toma o lugar dos traumas com que outros adolescentes se defrontam em outras condições de vida. Mas
uma escola secundária deve conseguir mais do que não impelir seus alunos ao suicídio. Ela deve lhes dar
o desejo de viver e devia oferecer-lhes apoio e amparo numa época da vida em que as condições de seu
desenvolvimento os compelem a afrouxar seus vínculos com a casa dos pais e com a família. Parece-me
indiscutível que as escolas falham nisso, e a muitos respeitos deixam de cumprir seu dever de
proporcionar um substituto para a família e de despertar o interesse pela vida do mundo exterior. Esta
não é a ocasião oportuna para uma crítica às escolas secundárias em sua forma presente; mas talvez eu
possa acentuar um simples ponto. A escola nunca deve esquecer que ela tem de lidar com indivíduos
imaturos a quem não pode ser negado o direito de se demorarem em certos estágios do desenvolvimento
e mesmo em alguns um pouco desagradáveis. A escola não pode ajudicar-se o caráter de vida: ela não
deve pretender ser mais do que uma maneira de vida.

II. OBSERVAÇÕES FINAIS

Senhores. Tenho a impressão de que, a despeito de todo o valioso material que nos foi exposto,
nesta discussão, não chegamos a uma decisão sobre o problema que nos interessa. Estávamos ansiosos
sobretudo em saber como seria possível subjugar-se ao extraordinariamente poderoso instinto da vida:
isto pode apenas acontecer com o auxílio de uma libido desiludida, ou se o ego pode renunciar à sua
autopreservação, por seus próprios motivos egoístas. Pode ser que tenhamos deixado de responder a
esta indagação psicológica porque não temos meios adequado para abordá-la. Podemos, eu acredito,
apenas tomar como nosso ponto de partida a condição de melancolia, que nos é tão familiar clinicamente,
e uma comparação entre ela e o afeto do luto. Os processos afetivos na melancolia, entretanto, e as
vicissitudes experimentadas pela libido nessa condição nos são totalmente desconhecidos. Nem
chegamos a uma compreensão psicanalítica do afeto crônico do luto. Deixemos em suspenso nosso
julgamento até que a experiência tenha solucionado este problema.

LACAN, J. (1998/1957-1958). Le séminaire, livre V: les formations de l’inconscient. París: Seuil,


p. 245

o que Freud nos desvenda como 0 para-alem do prinClplO de


prazer e que talvez haja, com efeito, uma aspira<;:ao ultima ao repouso
e a morte eterna, mas, em nos sa experiencia, e esse e todo 0 sentido
de meu segundo ana de seminario, deparamos com 0 carater especifico
da rea<;:ao terapeutica negativa, sob a forma do irresistfvel pendor para
o suicidio que se faz reconhecer nas derradeiras resistencias com que
lidamos nos sujeitos mais ou menos caracterizados pelo fato de terem
sido filhos nao desejados. A medida mesma que se articula melhor
para eles aquilo que deve fazer com que se aproximem de sua historia
de sujeitos, eles se recusam cada vez mais a entrar no jogo. Querem
sair dele, Iiteralmente. Nao aceitam ser aquilo que sao, nao querem
essa cadeia significante na qual so foram aceitos com pesar por sua
mae.
o que se evidencia aqui para nos, analistas, nesses casos, e
exatamente 0 que se encontra nos outros, ou seja, a presen<;:a de urn
desejo que se articula, e que se articula nao somente como desejo de
reconhecimento, mas como reconhecimento de urn desejo. 0 significante
e a dimensao essencial disso. Quanto mais 0 sujeito se afirma,
com a ajuda do significante, como querendo sair da cadeia significante,
e quanta mais entra e se integra nela, mais ele proprio se torna urn
signa dessa cadeia. Quando abole a si mesmo, torna-se mais signa
do que nunca. A razao disso e simples: e precisamente a partir do
momenta em que 0 sujeito morre que ele se torna, para os outros,
urn signo eterno, e os suicidas mais que os outros. E por isso mesmo
que 0 suicidio tern uma beleza horrenda, que 0 faz ser Uio terrivelmente
condenado pelos homens, e tambem uma beleza contagiosa, que da
margem aquelas epidemias de suicidio que san 0 que h:l de mais real
na experiencia.
Mais uma vez, em Mais alem do principio de prazer, Freud
enfatiza 0 desejo de reconhecimento como tal, como servin do de
fundo para 0 que constitui nossa rela<;:ao com 0 sujeito. E, afinal, no
que Freud denomina de alem do principio de prazer, havera real mente
outra coisa senao a rela<;:ao fundamental do sujeito com a cadeia
significante?

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