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LENDAS VIGIENSES

A CARONA

Meu tio, já falecido, quando rapaz costumava


frequentar certas festas nas vilas e povoados da cidade
de Vigia. Certo dia, quando estava no caminho de uma
dessas festas, de bicicleta – escutou uma voz: “ei me
dáuma carona”! Meu tio ficou apavorado, no momento,
pois; percebeu que não havia ninguém na sua frente e
tampouco ao redor. Quando escutou tal voz, ele freou
um pouco sua bicicleta, como não viu ninguém, conti-
nuou a pedalar, mas nesse momento, percebeu como se tivesse alguém subindo no
bagageiro da bicicleta, apavorado e sem falar nada, continuou a pedalar mais rápido
ainda em direção do tal povoado. Chegando ao povoado, percebeu como se alguém
estivesse saltando da bicicleta e escutou a mesma voz: “tivesse sorte porque não
mexesse comigo”! Assustado arrepiou todo seu corpo, que daquele dia em diante,
nunca mais foi em festa alguma nas vilas e povoações da cidade de Vigia. Naquela época
não havia energia elétrica nessas localidades, a festa era realizada com a energia do
motor da aparelhagem.

O HOMEM ENCANTADO

Ele percorria as ruas da cidade arrastando as correntes


que estavam presas em suas pernas. As pessoas escutavam
o barulho da corrente e outro que parecia algo caindo ao chão.
Era o fantasma de um homem que matou uma pessoa, e todas
as noites, ele carregava nos ombros sua vítima e o barulho era
quando o homem acorrentado, cansado jogava sua vítima no
chão para descansar e depois carregava de novo e voltava a
andar nas ruas. A corrente nas pernas foi sua pena até falecer na cadeia pública da
cidade.

O MEDO FAZ O MEDO

Uma moça que usava calça de boca de sino, à moda da


época, foi a uma festa dançante. Na volta a sua casa, ao passar
por uma rua sem iluminação elétrica, começou a correr, e quanto
mais ela corria, mais medo ela ficava, porque ela escutava um
forte barulho: vap, vap, vap... que vinha atrás dela. Quando parou
de correr o barulho acabou, e ela foi perceber que era a ponta da
calça.
FOGO – FÁTUO/FOGO FATO

O fogo fátuo ou fogo fato, como é popularmente


pronunciado, era uma chama de fogo que aparecia por
baixo e de repente subia, como movimento rápido.
Eram diversos os locais em que aparecia o fogo fato:
o mais avistado foi na esquina da Igreja Matriz e percorria
até a esquina do Supermercado esperança.
Aparecia perto da caixa d’água da COSAMPA (Com-
panhia de Saneamento do Pará). O fogo fátuo desse lugar fa-
zia o percurso até a esquina e sumia.
Outro local de registro do aparecimento foi na ilharga da Igreja de Pedras, era
uma chama de fogo que vinha e batia na parede da Igreja e caía brilhando. Mas não
eram todos os dias que o fogo fato aparecia. Esses fatos levam muitos a acreditarem
que o fenômeno se trata de um evento sobrenatural, tais como espíritos, visagem,
assombração, fantasmas, dentre outros.
A Igreja Matriz e a Capela do Senhor Bom Jesus dos Passos (hoje Igreja de
Pedras), foram durante muito tempo locais onde se enterravam os mortos da cidade da
Vigia. Dentro ou nos entornos, as Igrejas serviam de cemitérios até meados do século
XIX. Essas práticas de enterramentos nas Igrejas foram gradativamente sendo
abandonados. Com isso, os mortos passaram a serem enterrados em cemitério público.
No dia 7 de outubro de 1686 é autorizada a construção do novo cemitério na
cidade de Vigia, de acordo com a lei provincial nº 560. Este novo cemitério foi chamado
de Soledade, localizava-se no perímetro onde é hoje a caixa d’água da COSAMPA (Com-
panhia de Saneamento do Pará). O primeiro cemitério público foi construído onde hoje
é a Agência dos Correios e Telégrafos da cidade.
Esses locais que a memória coletiva informou que o fogo fato aparecia com
frequência na cidade de Vigia.

PROCISSÃO DAS VELAS

Era uma procissão que vinha do cemitério à


Igreja matriz. Uma procissão de almas com velas nas
mãos, essas velas eram ossos de pessoas. Um dia uma
mulher ao escutar o barulho da dita procissão a tantas
horas da madrugada, abriu a janela de sua casa, e uma
das almas que vinha acompanhando a procissão deixou
uma vela em sua janela. Essa mulher, a partir daquele
momento ficou doente, enlouqueceu e faleceu.
No século XIX, havia uma procissão que sempre no dia 1º do mês de novembro
“Dia dos Finados”, à noite saía do cemitério da Soledade até a Igreja Matriz (este
cemitério localizava-se na Tv. Vilhena Alves com Av. Magalhães Barata, onde é hoje a
Caixa d’água da COSAMPA). Possivelmente como esta procissão não permaneceu no
século XX, a memória coletiva, tenha associada essa procissão das velas, com essa do
século XIX.

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