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1. C ONJUNTO DE INFORMAÇÕES
Informação 1: Vide a seguir uma parte do relatório de conjuntura econômica para os países da
América Latina de um banco brasileiro.
2. P ROBLEMAS
Economia global
Mercados emergentes sob pressão 4
A guerra comercial continua sendo um grande risco para a China e a economia global. Nos EUA, o banco central continua
aumentando juros gradualmente, enquanto na Europa, o crescimento desacelera em meio a crescentes riscos políticos.
Neste ambiente global mais adverso, mercados emergentes estão sob pressão.
América Latina
Enfrentando turbulência 8
A maior volatilidade na região tem afetado principalmente os mercados emergentes com fundamentos mais vulneráveis.
Brasil
Cenário mais volátil 10
A recente desaceleração dos dados de atividade econômica e a piora das condições financeiras levam a um viés de baixa
para nossas projeções de crescimento.
Argentina
Sem tempo a perder 15
O país se comprometeu a obter um déficit fiscal de 0% do PIB em 2019 e pediu ao FMI que acelere os desembolsos para
garantir que o serviço da dívida seja pago no próximo ano, à medida que as condições financeiras se deterioram ainda mais.
México
Acordo do Nafta mais próximo, mas ainda incerto 18
O presidente Trump anunciou um acordo comercial (acordo de entendimento) com o México, ao mesmo tempo em que a
nova administração está prometendo gastos adicionais para o orçamento de 2019.
Chile
A primeira reforma 22
O presidente Piñera apresentou um projeto de lei para modernizar a lei tributária e aumentar o investimento. Sem a maioria
no Congresso, seu plano provavelmente será vigorosamente debatido e modificado antes da aprovação, provavelmente
apenas no início de 2019.
Peru
Recuperação equilibrada 25
A atividade econômica mostrou aceleração de 5,4% na variação anual no 2T18, impulsionada pelo investimento e consumo
privado. Políticas expansionistas e preços favoráveis de metais foram os principais fatores por trás da aceleração.
Colômbia
Início de recuperação 28
A atividade econômica se recuperou no 2T18, impulsionada pelo avanço do consumo, e o investimento não está mais caindo.
No entanto, o crescimento permanece abaixo da tendência.
A última página deste relatório contém informações importantes sobre o seu conteúdo. Os investidores não devem considerar este
relatório como fator único ao tomarem suas decisões de investimento.
Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
Em um ambiente global mais hostil, mercados emergentes com maiores vulnerabilidades estão tendo
depreciações cambiais mais acentuadas. Na Argentina - um país com grandes déficits gêmeos (fiscal e em
conta corrente), reservas baixas e inflação alta -, a taxa de câmbio desvalorizou 35% em agosto. Embora isso
ajude a reduzir o déficit em conta corrente, a necessidade de financiamento do governo aumentou com a
depreciação, já que o endividamento público em moeda estrangeira é elevado. Neste contexto, o governo pediu
ao FMI para antecipar os desembolsos, apertou ainda mais a política monetária, vendeu parte de suas reservas
e, mais importante, anunciou uma redução mais rápida do déficit fiscal (visando déficit primário de 0% no ano
que vem, com a ajuda de impostos sobre exportações). A depreciação do peso mexicano no período foi mais
modesta, uma vez que as autoridades anunciaram um acordo comercial bilateral, com potencial de ser
ampliado para um acordo trilateral, a depender das negociações com o Canadá. Por outro lado, as notícias
sobre política fiscal no México não foram favoráveis, diante da intenção da nova administração de incluir
despesas adicionais no orçamento de 2019.
No Brasil, dados recentes confirmaram a desaceleração em curso da atividade econômica. Nossas projeções
de crescimento do PIB estão em 1,3% para 2018 e 2,0% para 2019, mas o aperto recente das condições
financeiras elevou o risco de baixa para nossas projeções. Nossas estimativas para o índice de preços ao
consumidor (IPCA) permanecem inalteradas em 4,1% para 2018 e 4,2% para 2019. Da mesma forma, nossas
projeções de final de ano para a taxa de câmbio permanecem em BRL 3,90 / USD para 2018 e 2019, mas
incertezas domésticas e internacionais representam riscos relevantes para a nossa visão. Com excesso de
capacidade elevado e um cenário de baixa inflação, o Comitê de Política Monetária provavelmente manterá a
taxa básica de juros estável em 6,50% em sua reunião de setembro.
Cordialmente,
Mario Mesquita e equipe de macroeconomia
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
Revisão de Cenário
Mundo América Latina e Caribe
2018 2019 2018 2019
Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior
PIB - % 3,9 3,9 3,6 3,7 PIB - % 1,1 1,4 1,9 2,0
Brasil México
2018 2019 2018 2019
Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior
PIB - % 1,3 1,3 2,0 2,0 PIB - % 2,0 2,3 2,2 2,0
BRL / USD (dez) 3,90 3,90 3,90 3,90 MXN / USD (dez) 18,50 19,50 18,50 18,50
Taxa de Juros - (dez) - % 6,50 6,50 8,00 8,00 Taxa de Juros - (dez) - % 7,75 8,00 6,75 6,75
IPCA - % 4,1 4,1 4,2 4,2 IPC - % 4,2 4,0 3,5 3,5
Argentina Chile
2018 2019 2018 2019
Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior
PIB - % -2,2 0,0 0,0 1,5 PIB - % 3,8 3,8 3,5 3,5
ARS / USD (dez) 40,0 30,0 50,0 35,5 CLP / USD (dez) 635 635 625 625
BADLAR - (dez) - % 40,0 33,0 25,0 22,0 Taxa de Juros - (dez) - % 2,75 2,75 3,75 3,75
Taxa de referência – (dez) 60,00 35,00 30,00 24,00 IPC - % 3,0 2,8 3,0 3,0
IPC - % 45,0 31,0 27,0 20,0
Colômbia Peru
2018 2019 2018 2019
Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior Atual Mês anterior
PIB - % 2,7 2,7 3,3 3,3 PIB - % 4,2 4,0 4,0 4,0
COP / USD (dez) 2890 2890 2930 2930 PEN / USD (dez) 3,30 3,30 3,35 3,35
Taxa de Juros - (dez) - % 4,25 4,25 4,50 4,50 Taxa de Juros - (dez) - % 2,75 2,75 3,25 3,25
IPC - % 3,2 3,2 3,0 3,0 IPC - % 2,2 2,2 2,6 2,6
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
Economia global
• O banco central dos EUA deve prosseguir com seus aumentos graduais nas taxas de juros.
• Mercados emergentes afetados por riscos idiossincráticos em um cenário global mais desafiador.
• Cenário para as commodities marcadas por um viés de baixa devido a atritos comerciais.
Guerra comercial – Um grande risco para a em US$ 50 bilhões de importações de ambos EUA e
China e a economia global China, sem qualquer aumento adicional de barreiras ao
comércio.
Os Estados Unidos e a China seguem caminhando Consideramos ainda um cenário comercial mais
em direção a uma guerra comercial em grande benigno, mas os riscos estão aumentando
escala. O Escritório do Representante Comercial dos nitidamente. Após as eleições legislativas em novembro,
Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) completou o o presidente Donald Trump pode ter mais incentivos para
processo de audiências públicas sobre a segunda lista de suavizar sua retórica, principalmente se a China
US$ 200 bilhões em importações chinesas que podem se continuar cooperando. A China já adotou medidas
tornar sujeitas a tarifas de 10% a 25%. A China prometeu adicionais para abrir sua economia, prometeu aumentar a
retaliar com tarifas de 5% a 25% sobre US$ 60 bilhões proteção dos direitos de propriedade intelectual, e o
em importações norte-americanas. O presidente Donald banco central retomou suas medidas anticíclicas para
Trump ameaçou impor tarifas sobre todas as limitar a depreciação do yuan, pontos que são demandas
mercadorias chinesas importadas, caso a China se importantes dos EUA. Até o momento, no entanto, o
recuse a aceitar um acordo melhor para os EUA, sólido crescimento da economia americana, o baixo
incluindo maior acesso ao mercado e maior proteção dos desemprego e as condições financeiras expansionistas
direitos de propriedade intelectual. reforçam a retórica agressiva do presidente Trump sobre
as questões comerciais. Portanto, fica cada vez mais
O crescimento do PIB global provavelmente sofreria improvável que Trump suspenda suas altas tarifárias
um forte impacto (-0,8%) em um cenário de guerra antes que consequências negativas não intencionais
comercial em grande escala entre os EUA e a China para as economias dos EUA e do mundo venham a
(veja a tabela no final do texto). O PIB dos EUA (-0,4) surgir.
sofreria menos que o da China (-0,9) e o da Europa (-
0,8). A economia americana é maior, mais fechada, e
deve ser menos impactada. A China seria duramente Fed deve continuar subindo os juros de
atingida pelo aumento das tarifas, já que está mais forma gradual
exposta ao comércio global. Mesmo não envolvida
diretamente, a zona do euro também sentiria impactos
significativos, já que tem fortes elos comerciais e O crescimento dos EUA continua acima do
financeiros internacionais. potencial; e o mercado de trabalho, apertado.
Projetamos crescimento do PIB de 2,8% em 2018 e de
Os estímulos recentes começaram a mostrar 2,4% em 2019. A taxa de desemprego deve cair abaixo
resultados na atividade da China, mas vemos espaço de 3,3% no fim de 2019, e o deflator dos gastos de
limitado para estímulos adicionais se a guerra consumo deve subir para 2,2% no fim de 2019, de 2,0%
comercial se intensificar ainda mais. Por ora, em agosto de 2018.
mantemos nosso cenário de desaceleração moderada da
É provável que o Fed, o banco central americano,
economia chinesa (crescimento do PIB em 6,5% em
continue aumentando gradualmente as taxas de
2018 e 6,1% em 2019), assumindo estímulos suficientes
juros. Com um mercado de trabalho perto do pleno
para estabilizar o crescimento e tarifas de apenas 25%
emprego e inflação na meta de 2%, as taxas de juros
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dos Fed Funds continuarão subindo até atingir um nível crescimento de 2,0% este ano. Para 2019, ainda
neutro. Esperamos dois aumentos adicionais, levando a esperamos uma desaceleração para 1,7%.
taxa de juros para 2,25%-2,5% no fim de 2018, seguidos
por três aumentos dos juros para 3,0%-3,25% no fim de
Crescimento um pouco melhor no 2º
2019.
semestre de 2018
No caso de uma guerra comercial em grande escala, 1,0%
esperaríamos aumentos mais moderados dos juros % var. trimestral
por parte do Fed. Não vemos espaço, neste caso, para 0,8%
cortes nas taxas de juros, dado o mercado de trabalho
perto do pleno emprego e a posição menos vulnerável da 0,6%
economia americana na guerra comercial, em
0,4%
comparação a outras economias. Nessas circunstâncias,
a taxa de juros terminal provavelmente será menor do 0,2%
que nossas estimativas atuais (ver gráfico). No contexto
de uma guerra comercial de grande escala, esperamos 0,0%
que o Fed realize três altas, levando os juros para 2,5%-
2,75% no fim de 2019. -0,2%
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comercial. Uma cesta de moedas de mercados Por fim, a eleição presidencial no Brasil em outubro
emergentes atingiu níveis historicamente baixos em é um risco político relevante dentro dos mercados
relação ao dólar, embora a apreciação do dólar em emergentes. A sustentabilidade fiscal depende de
relação às moedas de mercados desenvolvidos tenha reformas econômicas que ainda não são claramente
se estabilizado (ver gráfico). A pressão sobre o EMFX apoiadas por todos os candidatos.
provavelmente continuará à frente.
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
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América Latina
Enfrentando turbulência
• A volatilidade retornou à América Latina, à medida que os riscos de guerra comercial se intensificam e o Federal Reserve
(Fed) continua aumentando as taxas de juros, prejudicando principalmente os mercados emergentes com fundamentos
mais fracos.
• A atividade permanece mista na região, e o crescimento em países com fundamentos mais fracos está abaixo da média
da região.
• Reduções dos juros são improváveis, e alguns bancos centrais podem aumentar a taxa básica de juros antes do final do
ano.
As moedas dos mercados emergentes estão sem a adesão do Canadá), as notícias recentes foram,
enfraquecendo, à medida que os riscos de guerra sem dúvida, positivas. Por outro lado, as notícias sobre
comercial se intensificam e o Fed continua política fiscal no México não foram tão favoráveis, uma
aumentando as taxas de juros. Na América Latina, vez que o novo governo está prometendo despesas
as moedas dos países que enfrentam maiores adicionais para o orçamento de 2019.
vulnerabilidades estão desvalorizando mais
acentuadamente do que em outros países. Na Do lado da atividade, os dados permanecem mistos
Argentina – um país com déficits gêmeos ainda amplos, na região: os países com fundamentos mais fortes
reservas baixas e inflação alta – a taxa de câmbio mostram crescimento sólido. Na Argentina, a economia
desvalorizou 35% em agosto, acumulando uma queda está entrando em uma recessão profunda (também por
de quase 100% em termos nominais durante os conta dos efeitos da seca que atingiu o país). No Brasil,
primeiros oito meses do ano. Embora a depreciação dados recentes confirmam desaceleração,
favoreça a redução do déficit em conta corrente (que acrescentando riscos de baixa às nossas projeções de
projetamos agora em 1,2% do PIB em 2019, ante 4,8% crescimento. Paralelamente, o crescimento no Chile e
em 2017), o foco do mercado está nas necessidades de no Peru foi forte durante o 2T18, embora dados mais
financiamento do governo, que aumentam em recentes no Chile tenham sido mistos. No México, a
proporção do PIB com a depreciação (dado o alto grau economia enfraqueceu no 2T18, mas, dadas as
de dolarização da dívida pública). Nesse contexto, o perspectivas melhores para as negociações do Nafta,
governo precisou intensificar os ajustes, pedindo ao em meio a um crescimento sólido nos EUA, revisamos
Fundo Monetário Internacional (FMI) que antecipasse para cima nossa projeção de crescimento para o
os desembolsos do pacote de resgate de US$ 50 próximo ano.
bilhões, apertando a política monetária ainda mais
Cortes de juros são improváveis na região. Apesar
(elevando a taxa básica de juros para 60%), vendendo
de esperarmos que apenas o banco central do Chile
parte das reservas já escassas e, principalmente,
inicie um ciclo de alta dos juros antes do fim de
anunciando uma redução mais rápida do déficit fiscal
2018, há risco de aumentos também em outros
(com uma nova meta de déficit primário zero no próximo
países. No Chile, o banco central disse explicitamente
ano, apoiada pela introdução de impostos sobre as
que o ciclo de alta terá início nos próximos meses. No
exportações). No Brasil, onde as incertezas sobre as
entanto, pensamos que, dadas as expectativas de
reformas continuam alta, a moeda também vem
inflação bem-ancoradas e a inflação subjacente baixa,
enfraquecendo substancialmente, e a autoridade
em um momento em que ainda há capacidade ociosa
monetária vendeu dólares no mercado através de
na economia, o banco central provavelmente adiará os
swaps. Por outro lado, a depreciação do peso mexicano
aumentos caso os riscos de guerra comercial não se
no período foi mais modesta, com as autoridades
dissipem. No México, a inflação está alta, acima do
anunciando um acordo bilateral de comércio com os
limite superior do intervalo em torno da meta,
EUA, com potencial para se tornar um acordo trilateral,
impulsionada pelos preços de energia. O banco central
dependendo das negociações com o Canadá neste
do México manteve a taxa básica de juros inalterada na
mês. Apesar de ainda haver incerteza sobre as relações
última reunião, mas as portas estão abertas para novos
comerciais entre México e EUA (não está claro se o
aumentos e, portanto, uma negociação bem-sucedida
Congresso norte-americano aprovará qualquer acordo
do Nafta é fundamental para a nossa projeção de
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
Brasil
• As projeções de déficit primário seguem inalteradas em 2,1% do PIB este ano e em 1,6% do PIB em 2019. O reequilíbrio
fiscal continua dependente de reformas.
• Mantivemos a nossa projeção de taxa de câmbio em 3,90 reais por dólar no fim de 2018 e 2019. Existem riscos para essa
projeção diante das incertezas doméstica e internacional.
• Mantivemos as projeções para inflação no IPCA em 4,1% este ano e em 4,2% em 2019.
• Política monetária: num contexto de elevada capacidade ociosa e inflação baixa, o Comitê de Política Monetária deve
manter a taxa Selic estável em 6,50% na reunião de setembro.
3,0%
Trimestre contra mesmo trimestre do ano anterior 90
2,0%
1,0% 80
1,0%
Indústria
70 Comércio
0,0% Serviços
Construção
-1,0% 60
ago-10 ago-12 ago-14 ago-16 ago-18
-2,0%
Fonte: FGV, Itaú
-3,0%
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
Os principais indicadores do mercado de trabalho Apesar de mantermos as projeções para o PIB, cabe
mostraram resultados mistos em julho. A Pnad notar que o aperto das condições financeiras,
Contínua mensal mostrou ligeiro avanço da população evidenciado pela elevação dos juros de mercado e
ocupada, levando à queda de 0,1 ponto percentual (p.p.) queda dos preços das ações, causado tanto pela
da taxa de desemprego, para 12,2% (dados conjuntura externa desafiadora quanto pela incerteza
dessazonalizados, nossas estimativas). Por outro lado, em relação ao avanço das reformas, impõe um viés
os dados do emprego formal do Cadastro Geral de de baixa para a projeção de crescimento em 2018.
Empregados e Desempregados (Caged) mostraram novo
recuo na média de três meses dessazonalizada da
criação líquida de empregos, de 6 mil para 4 mil À espera de reformas
empregos/mês, seguindo a desaceleração ante o ritmo
observado no 4T17 (aproximadamente 40 mil
Apesar da moderação na atividade econômica e do
empregos/mês – ver gráfico).
impacto negativo das medidas tomadas para
encerrar a paralisação dos caminhoneiros, o
Mercado de trabalho formal perdendo força governo deve cumprir a meta de déficit primário de
2,2% do PIB em 2018 (R$ 161 bilhões).
250
milhares, mm3m Nossa estimativa de déficit primário para 2018 é de
200
2,1% do PIB (R$ 145 bilhões). No caso do governo
150 central, especificamente, esperamos déficit de 2,1% do
PIB (R$ 148 bilhões), frente a uma meta de 2,3% do PIB
100
(R$ 159 bilhões). Além disso, melhores dados correntes,
50 tanto em razão da resiliência das receitas à moderação
na atividade econômica quanto por gastos abaixo do
0
previsto no orçamento do ano, sugerem que, mantida
-50 essa tendência, o resultado primário do ano pode ser
ainda melhor do que esperávamos.
-100
Criacão formal de empregos Em 2019, o novo governo também deverá ser capaz
-150
de, com algum esforço, cumprir o teto para o
-200 crescimento dos gastos públicos e a meta de
jul-10 jul-12 jul-14 jul-16 jul-18
resultado primário de -1,8% do PIB (R$ 132 bilhões).
Fonte: Caged Especificamente, esperamos déficit primário de
1,6% do PIB (R$ 117 bilhões) em 2019.
Quadro de enfraquecimento desde o fim de 2017. O esforço fiscal em termos de cortes adicionais de
Com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e gastos para o cumprimento do teto de gastos em
Estatística (IBGE) que consideram desalento (pessoas 2019 é em torno de R$ 6 bilhões. Esse montante será
que desistiram de procurar ocupação) e precarização atingido com cortes nos gastos discricionários a serem
(trabalho de poucas horas na semana), estimamos que o incorporados no Orçamento de 2019, recém-enviado ao
desemprego “ampliado” subiu de 24% para 24,5% do 1T Congresso.
para o 2T. Além disso, sondagens dos consumidores
Sem reformas, os resultados fiscais voltarão a uma
sugerem que mais de 90% dos respondentes avaliam
tendência de deterioração. Em particular, a reforma da
que é difícil encontrar emprego, estando no mesmo
Previdência é condição fundamental para o reequilíbrio
patamar desde o último trimestre de 2015.
das contas públicas e para viabilizar o controle das
Olhando à frente, projetamos crescimento do PIB de despesas previsto na emenda constitucional que
1,3% em 2018 e de 2,0% em 2019. O cenário é estabeleceu o teto de gastos. Sem o cumprimento do
consistente com recuo lento do desemprego de 12,1% ao teto, a convergência gradual para superávits primários
fim de 2019 (ante 12,3% no 2T18). A taxa média compatíveis com a estabilização da dívida pública
projetada para 2018 e 2019 é de 12,3% e 12,2%, estará interrompida. Mantida a tendência atualmente
respectivamente. insustentável da dívida pública (ver gráfico), aumentam
ainda mais as dúvidas sobre a consistência da retomada
da atividade econômica e da manutenção das taxas de
juros em níveis historicamente baixos.
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
55% 270
3,90
245
50%
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018 3,70 220
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
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Macro Latam Mensal – 6 de setembro de 2018
das projeções segue em 4,0%, ancorada no valor da A autoridade monetária voltou a ressaltar que sua
meta do ano. Já para 2021, a mediana das projeções se atuação no mercado cambial é separada de sua
manteve em 3,9%, um pouco acima da meta (3,75%). política monetária. O BC aproveitou o anúncio de sua
intervenção recente no mercado de câmbio para repetir
que não há relação mecânica entre a política monetária e
Política monetária: estabilidade em os choques recentes. Essa foi a única comunicação
setembro, em meio a incertezas domésticas oficial que tratou de política monetária após a ata do
e externas Copom de agosto.
Com um pano de fundo de elevada capacidade
ociosa na economia, inflação corrente baixa e
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco
expectativas ancoradas, acreditamos que o comitê
Central volta a se reunir nos dias 18 e 19 de
deva optar por manter a taxa Selic em 6,50% na
setembro. Apesar das pressões recentes sobre a taxa
reunião de setembro.
de câmbio, até o momento os movimentos recentes não
têm se traduzido em efeitos secundários significativos No entanto, é possível que o Copom se torne ainda
sobre a inflação. Além disso, as expectativas de inflação mais enfático a respeito da necessidade de reformas.
permaneceram relativamente estáveis desde o último Dado o aumento da volatilidade ocasionado tanto por
Copom, sem sinais de desancoragem em horizontes incertezas domésticas quanto pelo cenário internacional
maiores. menos favorável (especialmente para mercados
emergentes que apresentam necessidades de ajuste), é
possível que o Copom destaque, de maneira ainda mais
enfática, que a percepção de continuidade da agenda de
reformas afeta as expectativas e as projeções
macroeconômicas correntes e, por conseguinte, a
condução da política monetária.
Projeções: Brasil
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018P 2019P
Atividade Econômica
Crescimento real do PIB - % 1,9 3,0 0,5 -3,5 -3,5 1,0 1,3 2,0
PIB nominal - BRL bi 4.815 5.332 5.779 5.996 6.259 6559,9 6.936 7.493
PIB nominal - USD bi 2.463 2.468 2.455 1.800 1.795 2055,3 1.893 1.921
População (milhões de hab.) 198,7 200,4 202,2 203,9 205,5 207,1 208,6 210,1
PIB per capita - USD 12.399 12.314 12.141 8.829 8.736 9925 9.075 9.146
Taxa Nacional de Desemprego - média anual (*) 7,4 7,1 6,8 8,5 11,5 12,7 12,3 12,2
Taxa Nacional de Desemprego - fim do ano (*) 7,5 6,8 7,1 9,6 12,7 12,5 12,3 12,1
Inflação
IPCA - % 5,8 5,9 6,4 10,7 6,3 2,9 4,1 4,2
IGP–M - % 7,8 5,5 3,7 10,5 7,2 -0,5 9,0 4,3
Taxa de Juros
Selic - final do ano - % 7,25 10,00 11,75 14,25 13,75 7,00 6,50 8,00
Balanço de Pagamentos
BRL / USD - final de período 2,05 2,36 2,66 3,96 3,26 3,31 3,90 3,90
Balança comercial - USD bi 19 2 -4 20 48 67 57 55
Conta corrente - % PIB -3,0 -3,0 -4,2 -3,3 -1,3 -0,5 -1,1 -1,2
Investimento direto no país - % PIB 3,5 2,8 3,9 4,2 4,4 3,4 3,6 3,4
Reservas internacionais - USD bi 379 376 374 369 372 382 382 382
Finanças Públicas
Resultado primário - % do PIB 2,2 1,7 -0,6 -1,9 -2,5 -1,7 -2,1 -1,6
Resultado nominal - % do PIB -2,3 -3,0 -6,0 -10,2 -9,0 -7,8 -7,3 -6,4
Dívida bruta - % PIB 53,7 51,5 56,3 65,5 70,0 74,0 76,1 77,2
Dívida pública líquida - % do PIB 32,3 30,6 33,1 36,0 46,2 51,6 53,0 56,0
Fonte: IBGE, FGV, BCB e Itaú
(*) Taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua
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