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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL

DA COMARCA DE.

NOME, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL , PROFISSÃO, portador do RG nº, inscrito no CPF


nº, residente e domiciliado na___, por intermédio de sua advogada que a esta subscreve,
cujo o instrumento de procuração segue anexo, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME, com fundamento legal no artigo 100,§2º do
Código Penal, arts. 30, 41 e 44 do Código de Processo Penal em face de NOME, brasileiro,
portador do RG nº, inscrito no CPF nº, residente e domiciliado na ___, pelos motivos a
seguir expostos:

AUTORIA DELITIVA – NEXO CAUSAL

No dia __de ______de ____, o querelado, , a xingou de “____”, “_____”, fez-


lhe gestos obscenos e ainda lhe ameaçou, dizendo que ________Não é a primeira vez
que o mesmo lhe ofende e profere-lhe palavras de baixo calão.
Em outra ocasião, o querelado chegou a desferir-lhe um soco, que pegou de
raspão no rosto da querelante. Tal fato fora comunicado às autoridades policiais e
registrado boletim de ocorrência, sob o nº______, porém não oferecida queixa-crime.
Diante disso, foram gerados vários constrangimentos e diversas humilhações.
Oportuno se torna dizer que as consequências desses fatos foram terríveis para a
querelante, que teme por sua vida, diante da ameaça sofrida.
A querelante teve sua honra desrespeitada, fora humilhada, constrangida,
teve sua imagem denegrida.
Cansada da situação e não mais aguentando sofrer tantas ofensas devido à
sua cor, compareceu à Delegacia e registrou o boletim de ocorrência nº ___________, em
anexo, até mesmo porque fora ameaçada.
Agindo desta forma, o querelado cometeu as condutas dos artigos 140 e 147
do Código Penal, pelo que se requer sejam a ele aplicadas as penas do citado dispositivo
penal.
No Direito Penal, a autoria delitica é de quem executa a ação expressa pelo
verbo típico da figura delitica. Portanto, pelos fatos narrados, não resta dúvidas de que o
querelado foi o autor dos crimes indicados, razão pela qual requer a sua condenação.

MATERIALIDADE

A condenação criminal é a resultante de uma soma de certezas: certeza da


materialidade e certeza da autoria do imputado. Pelo que se depreende das provas
produzidas por meio do boletim de ocorrência, fica demonstrada a materialidade,
culminando na imadiata condenação do réu.

TIPICIDADE
Configuração na injúria

Diferentemente da calúnia ou difamação, o bem jurídico tutelado no presente


caso é a honra subjetiva da querelente, constituída pelos atributos morais, intelectuais e
sociais (decoro) inerente à dignidade da pessoa humana.
A tipicidade vem caracterizada claramente no Código Penal, nose seguintes
termos:
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
[...]
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza
ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.

E diante de tal conduta, o mesmo Código dispões sobre a possibilidade de


afastamento da pena.
Art. 140, § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

O que não se enquadra no presente caso, uma vez que fica perfeitamente
claro que não houve qualquer iniciativa por parte da ofendida, no sentido de desencadear
situações tão reprováveis quanto as que foram aqui narradas, o que deve ser rechaçado.

INJÚRIA RACIAL

Ora, pelos fatos narrados, conclui-se que a conduta do réu, ao chamar a


ofendida de “________”, demonstra suficientemente o dolo no agir do acusado com a
nítida intenção de ofender a honra subjetiva da vítima com expressão de cunho racial, o
que deve ser imediatamente combatido.
“Apelação – Injúria qualificada – Utilização de expressões degradantes
referentes à raça e cor – Preliminares de nulidade – Ausência de justa causa e
coisa julgada – Inocorrência – Presentes elementos referentes à materialidade
e autoria do delito, a sustentar o recebimento da denúncia – Ação penal que
versa sobre fatos novos, embora semelhantes a outros anteriormente
apurados – Mérito – Materialidade e autoria bem demonstradas – Fato
presenciado por vizinhos – Prova segura e coerente – Versão do acusado
isolada nos autos – Pena e regime prisional bem aplicados – Condenação
Mantida – Rejeitadas as preliminares, nego provimento ao recurso. (TJSP;
Apelação 0001284-19.2011.8.26.0435; Relator (a): Cesar Augusto Andrade de
Castro ; Órgão Julgador: 4ª Câmara Criminal Extraordinária; Foro de Pedreira
- 1ª Vara Judicial; Data do Julgamento: 29/04/2015; Data de Registro:
30/04/2015).”
“Injúria qualificada por preconceito de raça. Comprovação. O escalonamento
da gravidade, da dor moral, em face da ofensa, é apenas critério judiciário
para a fixação da reprimenda, toda calunia “contém” uma difamação, toda
difamação, uma injúria, e se o dolo é atingir a reputação, o bom nome, a
estima ou a dignidade e decoro de outrem, é ele unitário, quer seja afetada a
honea que doutrinariamente se considera objetiva, material, exterior, ou que
outro nome se lhe queira dar, e traduzida pela reputação, valoração ética da
comunidade em relação ao ofendido, quer seja afetada a honra que se designa
subjetiva, moral, interna e traduzida pela dignidade e pelo decoro, estes
valoração ética do ofendido frente a comunidade que integra. Juízo de censura
escorreito frente a constatação da efetiva ocorrência de injuria qualificada por
preconceito de raça, como exsurge das expressoes ofendidas usadas.
Adequação da dosimetria. (JRC) Vencido o Des. Luiz Leite Araújo. (TJ/RJ – Ap.
Criminal n. 130/00 – Ac. Maioria – 6ª. Câm. Crim. – Rel: Des. Eduardo Mayr –
j. em 13.07.2000 – Fonte: DOERJ, 13.06.2001)”.
INJÚRIA QUALIFICADA. ELEMENTOS DE CUNHO RACIAL. SUFICIÊNCIA DE
PROVAS. TIPICIDADE NA CONDUTA. VALOR DE CADA DIA-MULTA. EXCESSO.
ALTERAÇÃO. 1. Apurado pelo conjunto probatório produzido que a acusada
ofendeu a honra da vítima, dirigindo-lhe palavras ofensivas de cunho racial, a
condenação pelo crime de injúria preconceituosa se afigura imperiosa. II
Compete ao Magistrado ao arbitrar a pena pecuniária aplicável ao delito,
mensurar a quantidade de dias-multa e fixar o valor unitátio de cada um
destes, observando, quanto a esse último aspecto, os limites mínimo e máximo
previstos no §1º do art. 49 do Código Penal, bem como a situação econômica
da condenada, conforme preconiza o art. 60 desse mesmo diploma legal.
Constatado que o valor do dia-multa fixado está em descompasso com a
situação econômica da condenada, imperiosa a sua alteração. III – Recurso
conhecido e parcialmente provido. (TJ-DF- APR: 20130110579506, Relator:
Nilsoni de Freitas, Data de Publicação: 16/03/2016).
“APELAÇÃO-CRIME. AMEAÇA. INJÚRIA RACIAL. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. CONDENAÇÃO MANTIDA. Tendo em vista que o relato da
ofendida mostrou-se firme e coerente como em todas as fases da persecução
penal, há prova suficiene para susrentar a sentença condenatória. A honra da
vítima restou atingida diante das ofensas proferidas pelo acusado. Tipificado
o delito de injúria qualificada, nos termos do art. 140, ficando configurado que
o réu usou elementos relativos à cor da pela ou raça. RECURSO IMPROVIDO.
(Apelação Crime nº 70069409670, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Iago Wolfgang Scarlet, Julgado em 31/08/2016)”.

DA CONFIGURAÇÃO DE AMEAÇA

Nos termos do art. 147 do Código Penal, enquadra-se no crime de ameaça:

“Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação”.

Ou seja, pela narrativa dos fatos, fica perfeitamente demonstrado o crime de


ameaça, conforme lições de Cleber Masson:
“O núcleo do tipo é ‘ameaçar’, que significa intimidar, amedontrar alguém,
mediante promessa de causar-lhe mal injusto e grave. Não é qualquer mal que
caracteriza o delito, mas apenas o classificado como ‘injusto e grave’, que
pode ser físico, econômico ou moral. Mal injusto é aquele que a vítima não
está obrigada a suportar, podendo ser ilícito ou simplesmente moral. Por sua
vez, mal grave é o capaz de produzir no ofendido um prejuízo relevante. Além
disso, o mal deve ser sério, ou fundado, iminente e verossímil, ou seja, passível
de realização. Em outras palavras, a ameaça há de ser séria e idônea à
intimidação da pessoa contra quem é dirigida.” (MASSON, Cleberio Rogerio,
Direito Penal Esquematizado: parte especial, 2ª ed. Rio de Janeiro: Método,
2010. Págs. 219-220)”.

Assim, considerando a evidência de que houve ameaça, no momento em que


o réu disse que “______________”, resta configurado o crime de ameaça, conforme
precedentes sobre o tema:
“Configura o crime de ameaça e conduta do agente que promete atentar
contra a vida da vítima, mesmo que ele tenha uma modesta constituição
física, haja vista que o mal prometido independe de tal característica”.
(RJTACRIM 41/7 – Rel. Lagrasta Neto)”.

“APELAÇÃO CRIMINAL. DELITO DE AMEAÇA (ART. 147, CAPUT, DO CP).


INCONFORMISMO DEFENSIVO. Materialidade e autoria comprovadas. O
relato da vítima mostra-se coerente e coeso, apresentando a mesma versão,
anto em sede policial, quanto em juízo. O réu não foi ouvido, posto que
decretada sua revelia. Com efeito, restou demonstrada a ameaça proferida
pelo réu, no sentido de que iria quebrar a vítima a pau, em razão de ela não
querer lhe dar mais dinheiro pela obra que estaria realizando em sua
residência. Ora, a prova produzida se mostra suficiente, evidenciando que o
réu teria ameaçado a vítima de causar-lhe mal injusto e grave, em razão disso,
causando-lhe temor, sendo o réu incurso no que dispõe o artigo 147, caput, do
CP, APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Crime nº 70074657503, Segunda
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Cidade
Pietrez, Julgado em 12/07/2018, Data da Publicação: 26/07/2018)”.

Portanto, pelos elementos claramente demonstrados, requer a condenação


do réu ao crime de ameaça.
DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) O recebimento da presente queixa-crime;


b) Seja designada audiência preliminar, na forma do art. 72 da Lei nº 9.099/95
e, em caso de impossibilidade de conciliação,
c) A citação do querelado para responder aos termos da presente queixa;
d) Seja dada vista ao representante do Ministério Público;
e) A produção de todos os meios de provas em direito admitidos, requerendo,
desde já a juntada da documentação em anexo;
f) Ao final, seja julgado totalmente procedente o pedido para condenar o
querelado como incurso nas penas dos artigos 140 e 147 do Código Penal;
g) Requer ainda seja arbitrada indenização a ser paga pelo querelado a título
de danos morais, em valor a ser fixado por esse r. juízo;
h) Ademais, requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita nos termos
da Lei 1.060/50, com redação introduzida pela Lei 7.510/86 e consoante art. 5º, LXXIV da
Constituição Federal, bem como nos termos do Art. 98 do CPC.

Dá à causa o valor de R$ _______________(______).

Nesses termos,
Pede deferimento.

Cidade, data.

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