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RECEITA PÚBLICA

Conceito:

Aliomar Baleeiro: “é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem


quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu
vulto, como elemento novo e positivo.” (mais restrito)

Ingresso ou entrada denomina-se qualquer entrada de dinheiro nos cofres públicos.

Mas se reserva a denominação de Receita Pública ao ingresso que se faça de


modo permanente no patrimônio estatal (ex. caução ou depósito não são receita
pública) e que não esteja sujeito à condição devolutiva (empréstimo não é receita
pública) ou correspondente baixa patrimonial (receita da venda de um bem não se
inclui na noção de receita pública eis que determinará uma baixa patrimonial
correspondente à saída do bem.
O ordenamento jurídico brasileiro (art. 11 da Lei nº 4320/64) não seguiu a
conceituação proposta por Aliomar Baleeiro.

A distinção de ingresso e receita ocorre só no campo doutrinário. A Lei nº 4320 adota


o termo receita em sentido lato, corresponde a qualquer entrada de dinheiro nos
cofres públicos.

Ingresso é o gênero do qual receita pública é espécie.

Ex: caução, depósito, empréstimo, venda de bem, representam simples


movimentação de fundos.
1º CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA PÚBLICA

Quanto ao sentido:

 Amplo (lato) – é toda a entrada ou ingresso de recursos que, a qualquer título,


adentra os cofres públicos, independentemente de haver contrapartida no
passivo. Como fiança, caução, antecipações de receita orçamentária (ARO),
operações de crédito, recitas tributárias, patrimoniais, empréstimos
compulsórios etc.

 Restrito – é toda entrada ou ingresso de recursos que se incorporam ao


patrimônio público sem compromisso de devolução posterior. Ex. receita
tributária, patrimonial, de serviços, alienação de bens etc.

Quanto à competência do ente:


 Federal
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 Estadual
 Municipal

Quanto à regularidade:
 Ordinárias – arrecadada regularmente em cada período financeiro (impostos)
 Extraordinárias – decorrentes de situações excepcionais como guerra,
calamidade etc. (ex. imposto compulsório)

Quanto à Natureza:

 Orçamentária – decorre da lei orçamentária (art. 11 da Lei nº 4320/64). Ex.


operações de crédito (exceto ARO).
ATENÇÃO: Nos termos do art. 57 da Lei nº 4320/64, excetuando as
receitas extra-orçamentárias, todas as demais serão classificadas
com receita orçamentária, inclusive as operações de créditos NÃO
PREVISTAS NO ORÇAMENTO. Ex. Não coloquei no orçamento a
previsão de determinado imposto por esquecimento, isto não
ensejará sua classificação como extra-orçamentária. O que importa é
a natureza da receita se orçamentária ou não, no caso vai gerar
excesso de arrecadação.
 Extra-orçamentária – ingressos financeiros ou créditos de terceiros que não
integram o orçamento público e que constituirão compromissos exigíveis do
ente, como simples depositário ou como agente passivo da obrigação, cujo
pagamento independe de autorização legislativa. Art. 3º , parágrafo único da
Lei nº4320/64, exemplo: ARO – operações de crédito por antecipação de
receita, cauções, depósitos para garantia de instâncias, consignações em
folha de pagamento.

Classificação da Lei 4320/64, segundo a categoria econômica:

A dicotomia básica inicial:


 Corrente (Receita – não se origina de qualquer bem de capital e o produto não
está vinculado a destinações específicas)
 Capital (Receita – se origina de bem de capital e o produto está vinculado a
destinação específica)

São correntes segundo Heraldo da Costa Reis e J. Teixeira Machado Jr. as


operações que:
 Não provenham da alienação de um bem de capital
 Não estejam, na lei, definidas como de capital (tributos)

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 Estejam, por ato do Poder Público, vinculadas à manutenção e ao
funcionamento de serviços públicos (transferências para determinados fins:
aumento professores –FUNDEF)
São de capital, segundo Heraldo da Costa Reis e J. Teixeira Machado Jr., as
operações que:
 provenham da alienação de um bem de capital
 estejam, na lei, definidas como de capital (obtenção de empréstimo,
recebimento das amortizações de empréstimos concedidos)
 Estejam, por ato do Poder Público, vinculadas à constituição ou à aquisição
de bens de capital (transferências que a entidade concedente vincula a um
bem de capital)
 Corrente
 Tributária
o Imposto
o Taxa
o Contribuição de Melhoria

 De Contribuições (a doutrina e a jurisprudência entendem ter natureza


tributária)
o Sociais (CSLL)
o Econômicas (CIDE)
o
 Patrimonial (fruição)
o Imobiliária
o Valores Mobiliários
o Concessões e permissões
o Juros de aplicação financeira
 Agropecuárias (atividade)
o Produção Vegetal
o Produção animal e derivados
 Industrial (atividades)
o Extrativa Mineral
o De transformações
o De construção
 De Serviços (atividades de prestação de serviços)
o De comércio
o De Transporte
o Comunicação
o Portuárias
o Juros de empréstimos concedidos
 Transferências correntes

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o Intergovernamentais
o Intragovernamentais
 Receitas Diversas (outras receitas correntes)
o Multas e Juros de Mora
o Cobrança da Dívida Ativa (tributária e não-tributária)
o Indenização paga a Estado e Municípios pela exploração de
recursos minerais de petróleo

 Capital
 Operações de Crédito (títulos colocados no mercado ou empréstimo,
inclusive compulsório)
o Interna
o Externa

 Alienação de bens
o Móveis
o Imóveis

 Amortização de empréstimos concedidos


 Transferência de Capital

Portaria STN nº 300, de 27 de junho de 2002 com finalidade da consolidação das


contas nacionais.

Quanto à Coercitividade

 Originária - oriunda da exploração do próprio patrimônio do Estado. Receita


voluntária, espontânea e volitiva. Quando o Estado participa da atividade
econômica na exploração de atividades privadas, por meio da cobrança de
PREÇO ou TARIFA. (Receitas Patrimoniais, Comerciais/Industriais etc.)

 Derivada – são aquelas obtidas pelo Estado através do seu poder de império,
chamado também de autoridade (Soberano). São provenientes de bens
pertencentes ao patrimônio dos particulares impostas coercitivamente aos
cidadãos. (Receita tributária, incluindo as contribuições e empréstimo
compulsório + multas (fiscais ou não) + ingressos parafiscais)

OBS: Fiscalidade – quando os objetivos que presidiram a


instituição do tributo são simplesmente aqueles de abastecer
os cofres públicos.

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OBS: Extrafiscalidade - O tributo é usado como instrumento
de intervenção do estado no domínio econômico e social. No
ITR que faz incidir o imposto de maneira mais onerosa no
caso de imóveis inexplorados ou de baixa produtividade.

OBS: Parafiscalidade - significa finança paralela, vem da


doutrina italiana parafiscalitá.
A Contribuição parafiscal não é destina ao caixa fiscal da
União, são destinadas a outras entidades. Ex. INSS, OAB etc
Conceito Roque Carrazza: “é a atribuição pelo titular da
competência tributária, mediante lei, de capacidade tributária
ativa, a pessoas públicas ou privadas (que persigam
finalidades públicas ou de interesse público), diversas do
ente impositor, que, por vontade desta mesma lei, passam a
dispor do produto arrecadado, para a consecução dos seus
objetivos”.

Ricardo Lobo Torres ensina: as receitas originárias compreendem:

 os preços públicos ou tarifa – o ingresso não-tributário devido ao


Estado Administrativo Intervencionista com contraprestação por
benefício recebido.
 Compensações financeiras – participação do Estado, DF ou
Município no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental ou
zona econômica exclusiva ou compensação financeira por essa
exploração (art. 20, § 1º CF). NA PROVA A RESPOTA A PERGUNTA
COMO SE CLASSIFICARIA DOUTRINARIAMENTE A RECEITA DO
ART. 20 § 1º ERA: NÃO HÁ CONSENSO QUANTO AO SEU
CONTEÚDO.
 Ingresso comercial – é proveniente da exploração de monopólios e
da manutenção de empresas estatais e também da exploração do
negócio de loterias.

TAXA Preço Público


Por ser tributo decorre de exercício do Decorre de uma atividade desempenhada
poder de polícia ou da prestação de um pelo Estado como se fosse particular, sem
serviço público ou desempenho de uma estar investido de sua soberania (coação)
atividade em que o Estado age investido

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de sua soberania (serviço público ínsito a
sua soberania taxa judiciária e
passaporte. E também serviços públicos
essenciais ao interesse público, utilização
efetiva ou potencial dos serviços)
Receita derivada, obrigatória, de direito Receita originária, contratual, de direito
público privado
Decorre do desempenho de uma Se origina do desempenho de uma
atividade que não pode ser transferida, atividade que pode ser transferida ao
por sua natureza, ao particular particular
Provém do desempenho de uma atividade Prepondera o interesse particular
na qual prevalece o interesse público
Decorre da lei O preço de um acordo de vontades, pelo
qual o particular não pode ser
constrangido a pagá-lo se não utilizar-se
da atividade estatal.
Na taxa não ocorre porque decorre de lei No preço por sua natureza contratual há a
possibilidade do desfazimento do acordo
O poder de polícia pode ensejar a Mas não de preço
cobrança da taxa
Remunera serviço público ínsito à Remunera serviço público não-essencial
soberania do estado e serviço público
essencial ao interesse público
Pode ocorrer com a taxa Não comporta extrafiscalidade O tributo é
usado como instrumento de intervenção
do estado no domínio econômico e
social.
Ex. ITR tem fim exclusivamente
extrafiscal (para resolver problema de
ordem social, não é sanção, é
extrafiscalidade).

Obediência ao princípio da anterioridade Não se submete a anterioridade


O serviço a disposição autoriza a O serviço a disposição autoriza a
cobrança cobrança
A QUESTÃO DO SUPERAVIT DO ORÇAMENTO CORRENTE (art. 11, § 3º da Lei nº
4320/64)

Para apurar: somar todas as receitas correntes e diminuir de todas as despesas


correntes. A diferença positiva é o superávit do orçamento corrente.

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Ex:
total receitas correntes 100
total despesas correntes 90
Superávit 10

Posso usar os 10 na despesa, mas não ele não entra na Receita, pois estaria
somando duas vezes.

Estes 10 (superávit do orçamento corrente) só poderão ser utilizados nas despesas


de capital. (porque é classificado como Receita de Capital (art. 11, § 2º)

Portanto o superávit do orçamento corrente não representa nova fonte de Receita


(não temos na classificação – art. 11, § 4º)

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