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Direito do Consumidor - Semestre

Origem

Lastreado no fato histórico da revolução industrial. Gera desigualdade nas relações.


Consumidores vulneráveis. O poder é fruto de quem tem o controle da produção.

O CC/16 tinha como característica o liberalismo, era eminentemente privatístico. Intervenção


estatal mínima. Sobreposição da vontade dos particulares. Igualdade era presumida.

O fornecedor passou a padronizar a forma das contratações com os contratos de adesão.


Relação acaba sendo desequilibrada.

A regra no CC/16 era pacta sunt servanda, assim como a responsabilidade subjetiva (dever de
indenizar surge em razão da culpa). O consumidor, nesse sentido, deveria provar a culpa do
fornecedor, além do mais, o que estava no contrato fazia lei entre as partes (tidas como iguais
naquele contexto privatístico).

O CDC mudou a premissa do pacta sunt servanda, relativizando-a. Assim, a vontade do


consumidor, por sua vulnerabilidade, não pode ser considerada absoluta. O CDC toma como
regra a responsabilidade objetiva. Não há necessidade de provar que houve culpa do
consumidor. Trata-se de regra geral das relações consumeristas. O fornecedor responde de
forma objetiva independentemente de culpa.

A CF/88 elevou a uma condição de direito fundamental a proteção do consumidor (art. 5º,
XXXII). O Estado passa a intervir nesta relação jurídica por meio de lei. Ordena o art. 48 do ADCT
que em 120 dias o Congresso Nacional promulgasse o CDC. A lei 8.078 entretanto só foi
promulgada em 1990 e entrou em vigor em março de 1991.

É necessário salientar que não se pode superproteger o consumidor, deve-se, de outra forma
proporcionar o poder necessário para que este alcance poder paritário ao fornecedor. Há uma
busca de igualdade na relação.

O art. 170 estabelece os princípios da atividade econômica. Dita a livre iniciativa e a livre
concorrência, com respeito à soberania, valoração do trabalho humano, proteção ao meio
ambiente e atenção ao direito do consumidor

Ainda que o processo legislativo não tenha sido o mais adequado, não há questionamentos hoje
no que tange a identidade de Código atribuída ao CDC.

O CDC é uma lei principiológica. Seus princípios fornecem amplas e importantes bases para
regular as relações consumeristas e resolver os problemas a elas atinentes

Art. 1°. O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de
suas Disposições Transitórias.

Proteção e defesa do consumidor (para que este seja tão forte como fornecedor)

Norma de ordem pública: aplicável “ex officio” pelo julgador (independentemente da


provocação). Todo código de defesa do consumidor é norma de ordem pública. Não se afasta
aqui a inércia da jurisdição (impulso inicial da demanda que provoca o judiciário). O juiz poderá
anular outras cláusulas, ainda que não sejam objeto da demanda, desde que respeitado o
contraditório e a ampla defesa. Contudo, deve-se observar a sumula 381 que veda ao julgador
conhecer “ex officio” da abusividade das cláusulas nos contratos bancários.
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Norma de interesse social: a visão da proteção do consumidor não se limita a ser individual. Há
transcendência da vontade das partes. Deve-se levar em conta aqui a própria manutenção do
capitalismo que necessita de relações sadias para se desenvolver. O CDC junto a Lei de Ação Civil
Pública (7347/85) cria um microssistema de proteção coletiva de direitos

Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e
interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de
suas Disposições Transitórias.

Ordem pública

Interesse social

Características:

Pode ser aplicado de ofício pelo julgador. Respeitada a inércia e o contraditório.

Entretanto, preceitua a Súmula 381, STJ que “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”

 Súmula 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.


 Súmula 469 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de
saúde.

Origem da Súmula 381: foi lastrada pela interpretação do art. 515, CPC/73 que versava sobre o
recurso de apelação. O tribunal só poderia julgar aquilo que foi impugnado no recurso.
Entretanto era recorrente as situações em que os tribunais aplicavam o CDC de ofício, em que
pese não fosse a matéria atacada na apelação. Daí surge a Súmula para regular tal situação.

O REsp. 1 465 832/RS indica a necessidade e inclinação a alteração da Súmula 381 do STJ pois
ofende o art. 1º do Código de Defesa do Consumidor

A aplicação de ofício é sim possível, desde que sejam respeitados os princípios do contraditório
e da ampla defesa

O CDC, em regra, não pode ser afastado pela vontade das partes

Trata-se de norma cogente, imperativa. Diz-se em regra porque existem margens no próprio
Código do afastamento de suas disposições

Incidência imediata de suas disposições (prestações continuadas)

O CDC entrou em vigor em março de 1991. A regra é que as normas de direito material se
aplicam às relações em que estavam vigentes no tempo de sua constituição.
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É de se notar, todavia que muitas das relações de consumo se consubstanciam em contratos de


prestações continuadas (repercussão prolongada ao longo do tempo). Ex.: contratos de planos
de saúde.

O fato de ser o CDC uma norma de ordem pública e interesse social incide no tratamento dessas
questões. Assim, com a entrada em vigor do CDC, a todas relações consumeristas se adaptaram,
automaticamente, as suas disposições, quando de prestação continuada

Exemplo prático: cláusulas contratuais que limitem procedimentos são tidas, no viés do CDC
como abusivas, pois se a doença estiver coberta pelo plano há de se garantir o seu efetivo
tratamento sem restrições, caso contrário haveria ofensa à própria natureza do contrato. No
caso de o contrato ser anterior a vigência do CDC, não há obstáculo em pleitear o serviço do
plano de saúde mesmo com as disposições contratuais vedando os procedimentos (ex.: marca-
passo)

Diálogos das fontes

O CDC é norma geral lastreada em princípios e direitos básicos que fundamentam os seus demais
dispositivos. Entretanto há a possibilidade de restar lacunas (ausência de disposições jurídicas)
em seu corpo normativo. Para colmatar (preencher) tais lacunas, faz-se necessário socorrer-se
a outras normas. Para melhor compreensão, temos que o CDC não esgota em suas disposições
o conteúdo dos contratos, isto é, não há regras específicas sobre a matéria contratual, o CC/02
por sua vez atribui à matéria amplo cuidado. É possível, portanto, aplicar as disposições do CC/02
em relações consumeristas em que se apresente lacunas.

É de suma importância observar, entretanto, de que a aplicação da norma não depende apenas
de lacuna, mas sobretudo de coadunação da norma empregada aos princípios e direitos básicos
do CDC, sem isso é impossível conceber uma aplicação normativa nas relações de consumo em
casos onde haja falta normativa. Assim, configura-se uma interpretação dupla para resolver o
problema das lacunas, deve-se avistar a omissão do CDC além da adequação da norma
integradora aos preceitos básicos do direito do consumidor.

Princípios

Etimologicamente: o que vem do início.

Tratam-se de fundamentos que sustentam o direito do consumidor.

Os princípios relacionados ao direito do consumidor tem uma importância maior. Ora, na


existência de alguma lacuna funcionarão para preenchê-las. Têm, portanto uma carga
completiva do direito em si, do qual o próprio direito se faz extraído. Quando for necessário o
uso de analogia, usando-se de outras normas para solucionar problemas não abarcados pelo
CDC nas relações a que a ele incumbe, os princípios atuarão como normas de adequação,
justamente porque reagem às normas de outros ramos, adequando-os para que possam reger
as relações consumeristas sem subvertê-las ou deformá-las. Por fim, são tidos também como
normas orientadoras da interpretação do CDC.

Os princípios estão estampados no art. 4° do CDC.


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Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades
dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:

Princípio da Vulnerabilidade

Art. 4° (...)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

O reconhecimento da vulnerabilidade dá ensejo à buscas para equanimizar esta relação,


desproporcional por sua própria natureza. Ao reconhecer essa premissa podemos atuar para
resolvê-la.

O fornecedor é detentor do conhecimento técnico da produção e do fornecimento de seu


serviço, podendo, assim, impor sua vontade ante ao despreparo do consumidor, ou seja, as
escolhas de consumo feitas pelo consumidor não são livres, mas direcionadas pelos
fornecedores, que determinam o produto e as suas características, bem como será promovido
o serviço, cabendo ao consumidor a escolha de consumir ou não dentro dos critérios
estabelecidos pelo fornecedor.

Quanto aos tipos de vulnerabilidade, temos:

Vulnerabilidade fática (socioeconômica): o consumidor não tem verdadeiro poder de escolha.


Fica à mercê das vontades de produção do fornecedor, que dispõe do poder de controle sobre
os produtos. O fornecedor é o detentor do poderio econômico, encontrando-se em posição de
supremacia. Relação de superioridade do fornecedor (autossuficiência) em detrimento do
consumidor vulnerável.

Vulnerabilidade técnica: trata-se de poder de desenvolvimento do produto. É o conhecimento


técnico-científico sobre o produto. O consumidor não possui conhecimentos específicos sobre
o produto ou serviço, seja com relação às suas características, seja com relação à sua utilidade;

Vulnerabilidade jurídica (científica): produtor possui o conhecimento do direito, amplo


assessoramento jurídico. Não limitado ao direito, implica também em outros ramos da ciência
(contábil, administrativa, financeira). Gama enorme de conhecimentos a disposição do
fornecedor que o torna muito poderoso no que tange a atuação nas relações que emprega.

Vulnerabilidade informacional: o fornecedor controla a informação, acaba por decidir o que


expor ou não. É este que elabora o manual do produto, por exemplo. A informação é por si só
grande fonte de poder e o consumidor, mais uma vez, se submete à essas diferenças na medida
em que é dependente das informações que o fornecedor detém. A proteção a vulnerabilidade
informacional do consumidor pressupõe o controle da qualidade da informação transmitida
pelos fornecedores

Vulnerabilidade processual: o consumidor não tem as mesmas condições de defesa quando


comparado ao fornecedor. Ora, o fornecedor é verdadeiro litigante profissional cercado de
ferramentas que o coloca em vantagem frente ao consumidor. A vulnerabilidade processual é
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reconhecida no art. 6º, VIII do CDC quando estipula a facilitação da defesa dos direitos do
consumidor

Há de se comentar a situação de hipervulnerabilidade que surge da premissa de que, embora


todo consumidor seja vulnerável, alguns terão essa vulnerabilidade acentuada. É o caso de
idosos e crianças, por exemplo.

Importante salientarmos que a doutrina evidencia a necessidade de se distinguir o princípio da


vulnerabilidade do termo hipossuficiência. Para o Código de Defesa do Consumidor, todo
consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente, visto que esta é analisada
como requisito próprio para a possibilidade de inversão do ônus da prova, nos termos do
inciso VIII, do artigo 6º, do CDC, que é um direito básico do consumidor.

Tal distinção se mostra necessária uma vez que a análise da vulnerabilidade – por ser um
princípio – é objetiva, ou seja, ser consumidor é ser vulnerável, sendo, portanto, merecedor de
toda a proteção do CDC, já quanto a hipossuficiência, sua análise deve ser realizada de maneira
subjetiva pelo juiz em cada demanda, posto que a consequência da sua existência é a decretação
da inversão do ônus da prova a favor do consumidor.

Obs.: quanto a definição de consumidor, adota-se a teoria finalista mitigada.

Princípio da Harmonia

Art. 4° (...)

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;

Trata-se de ausência de conflitos. Os interesses entre os participantes da relação não são


excludentes ou antagônicos, muito pelo contrário, devem se compatibilizar de forma saudável.
Enquanto o fornecedor visa o lucro e desenvolvimento (para obter mais lucro) o consumidor
visa atender suas necessidades pessoais e ter seus direitos respeitados. Isso não significa uma
relação antagônica, mas quando esta relação se mostra desnivelada o CDC interfere a fim de
harmoniza-la e não superproteger qualquer dos polos, é sempre bom lembrar que o capitalismo
saudável demanda relações de consumo equilibradas e harmônicas.

Princípio do equilíbrio

Art. 4° (...)
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III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;

A relação de consumo é naturalmente desequilibrada, haja vista a inerente vulnerabilidade do


consumidor. O sistema de proteção do consumidor não pode, valendo-se disso, conferir ao
consumidor direitos ilimitados. O princípio do equilíbrio, neste sentido, é um limitador da
proteção ao consumidor.

O CDC traz a possibilidade de relativização do “pacta sunt servanda” quando for necessário para
a proteção do consumidor e reestabelecimento do equilíbrio da relação.

O equilíbrio, assim, ao mesmo tempo que limita os direitos do consumidor garante um relação
saudável entre os sujeitos da relação sem exacerbação de ambos os lados

Princípio da boa-fé

Art. 4° (...)

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores;

Pode ser analisado pelo prisma subjetivo ou objetivo. O pressuposto básico da análise subjetiva
da boa-fé está calcado na compreensão da intensão dos agentes. Ora, nas relações massificadas
de nossa contemporaneidade, típicas do próprio capitalismo, este tipo de análise se torna
extremamente inviável, ou ainda, impraticável sendo necessário abandonar essa concepção e
buscar uma forma mais prática de se aferir a boa-fé. Nesse sentido nos deparamos com a análise
objetiva, que dita sobre o comportamento esperado dos sujeitos da relação. Aqui, o
comportamento esperado é a honestidade, lealdade, confiança. A quebra da boa-fé objetiva
resulta em consequências jurídicas. O direito de arrependimento (art. 49, CDC) por exemplo
deve ser observado a luz da boa-fé. Ex.: exercer tal direito para o pedido de uma pizza (sem
vícios, que configuraria outro tipo de situação jurídica) não se mostra honesto, probo.

A quebra da boa-fé pelo fornecedor gera a responsabilidade civil. A quebra da boa-fé pelo
consumidor, por outra via, afasta o seu direito.

Princípio da educação/informação

Art. 4° (...)

IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com
vistas à melhoria do mercado de consumo;
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Princípio voltado ao Estado para que este promova a educação tanto do consumidor quanto do
fornecedor. A sanidade do mercado de consumo deve ser instrumentalizada por meio da
educação.

A informação está operacionalizada como dever do fornecedor no art. 6°, III do CDC. Mas aqui,
não se confunde com o princípio da educação que se volta ao Estado para que este promova a
informação e educação aos sujeitos. Trata-se em verdade de uma vertente do princípio, uma
forma de materialização deste no próprio ordenamento.

Princípio da garantia da adequação

Art. 4° (...)

V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de


produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;

Adequação: qualidade e segurança

Se o fornecedor não observa qualidade e segurança que deveria promover arcará com as
consequências civis desta inobservância. O fornecedor detém o controle da adequação por
controlar os custos de seu produto.

Mecanismos alternativos para a solução de conflitos

Art. 4° (...)

V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de


produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;

É ainda função do fornecedor a criação de mecanismos de solução de conflitos. Ex.: serviços de


atendimento ao consumidor que são promovidos pelo fornecedor com vistas a resolver
eventuais problemas, impedindo muitas vezes que o problema ingresse na via litigiosa judicial,
trazendo satisfação para ambos os lados

Princípio da racionalização e melhoria dos serviços públicos

Art. 4° (...)

VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;


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Serviço público é aquele prestado pela Administração (ou delegados), sob o controle estatal com
fins de atender as necessidades essenciais e secundárias da coletividade. O Estado tem o dever
de bem servir, sem distinção ou favorecimento de qualquer pessoa, como um direito subjetivo
do povo, atendendo com equidade a população em geral e tomando as medidas necessárias
para agilizar sua prestação.

Racionalizar é otimizar o serviço, com maior prestabilidade, de maneira mais organizada. O


serviço público deve ser oferecido de maneira eficiente e menos custosa. Um dos reflexos desse
princípio pode ser visto no:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer
outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo,
serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.

Princípio do dever governamental (de intervir nas relações de consumo)

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades
dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:

(...)

II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

a) por iniciativa direta;

b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;

c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade
e desempenho.

O Estado na forma da lei promoverá a defesa do consumidor (art. 5º, XXXII). Trata-se de
intervencionismo nas relações de consumo para a manutenção do próprio capitalismo. Políticas
Públicas com vistas a atender as necessidades dos consumidores.

a) por iniciativa direta;

Verificação da efetividade da tutela do consumidor pelo próprio Estado. Estado-regulador.


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b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;

Os consumidores, em regra, são pulverizadas, o que acaba por dificultar a efetivação de seus
direitos. Nesse sentido, cabe ao Estado incentivar a criação e desenvolvimento de associações a
fim de que as relações sejam mais equitativas com demandantes fortes. É importante salientar
a legitimidade das associações no ingresso de ações coletivas. Normalmente, é conferida como
forma de incentivo às Associações por parte do Estado a isenção de impostos

c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

Estado na qualidade de fornecedor

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade
e desempenho.

São exemplos os órgãos que tem por fim a normatização e verificação da qualidade e segurança
dos produtos, como por exemplo o INMETRO e a ANVISA.

Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os
seguintes instrumentos, entre outros:

Traz meios, em rol exemplificativo, de execução desta Política Nacional

I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;

Em regra, quem presta tal serviço são as Defensorias Públicas, trazendo o inciso um reforço haja
vista a existência de previsão constitucional que determina assistência jurídica aos
hipossuficientes

II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;

Quanto maior o grau de especialização, melhor será a aplicação do direito

III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações


penais de consumo;

Possibilidade de melhor desenvolver, visualizar, aplicar mediante especialização o direito


consumerista a fim de garantir uma relação saudável e segura

IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de
consumo;
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V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.

Coibição e repressão da pratica abusiva

Art. 4º (...)

VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a


concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes
comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;

É o ato de afastar o comportamento do fornecedor que, no desenvolvimento de sua atividade,


acaba por ofender o direito

Estudo do mercado de consumo

Art. 4º (...)

VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.

Constante acompanhamento da evolução do mercado de consumo, a fim de se renovar e se


estabelecer nas complexidades sociais que estão em permanente mudança

RELAÇÃO DE CONSUMO

Premissas:

Para configuração da relação jurídica de consumo, faz-se necessário:

 Elemento subjetivo: relacionado às partes firmadas na relação. Consumidor e


fornecedor
 Elemento objetivo: relacionado ao objeto. Produto ou serviço

É aplicável o CDC:

a) Na relação entre condomínio e condôminos

R: Não é caracterizada como relação de consumo segundo jurisprudência do STJ: AgRg no Ag


1122191
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b) Na relação entre locador e locatário

R: Não incide o CDC porque há regência por lei própria, qual seja a Lei 8.245/91

c) Na relação entre o cliente e o advogado

R: Não estão sujeitos a incidência do CDC, pois são regidos pela Lei 9.806/94

d) Na relação entre os planos de previdência e seus contratantes

R: Havia súmula do STJ estabelecendo a aplicação do CDC nesta situação (Súmula 321).
Entretanto este entendimento foi revisto e o enunciado cancelado.

Agora, faz-se necessária a distinção entre a entidade de regime aberto (com finalidade lucrativa)
e a de regime fechado. Sendo assim, a Súmula 563 tomou protagonismo estipulando que o CDC
é aplicável nas entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos
previdenciários celebrados com entidades fechadas

e) Na relação entre o Poder Público e o contribuinte

R: Incide o CDC nas relações tidas entre concessionárias de serviços públicos e usuários finais
dos serviços públicos

f) Na relação entre o segurado e o INSS

g) Na relação entre o cliente e instituições financeiras

R: Incide o CDC, haja vista a Súmula 297 do STJ

h) Na relação entre o contratante e o plano de saúde

R: É consumerista a relação firmada em tais planos tendo em consideração a Súmula 469 do STJ

Retomando...

Relação jurídica de consumo

É formada por elementos analisados sobre duas óticas

 Subjetivo: analisando quem é o consumidor e quem é o fornecedor da relação


 Objetivo: análise do objeto da relação de consumo, produtos e/ou serviços
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De um lado um consumidor, do outro o fornecedor e o objeto deve ser produto e/ou serviços

Consumidor

Destinatário final:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

Toda pessoa física ou jurídica

Nem sempre pessoa física é consumidor ou pessoa jurídica é fornecedora

Adquire ou utiliza produto e/ou serviços

Adquire em diversos sentidos (comprar, apreender, etc.)

Pode ter diversos consumidores numa relação. Ex.: A compra um presente (é consumidor) e
entrega o presente para B (também é consumidor). A adquire e B adquire e utiliza

Teoria maximalista

Expande sobremaneira o enquadramento de consumidor

Destinatário final é o destinatário fático, aquele que retira o produto ou serviço do mercado de
consumo. Aquele que coloca fim a cadeia de produção ou fornecimento.

Ex.: A compra o objeto para presentear, encerra a cadeia de produção. Entretanto se a compra
for destinada à revenda, não encerra a produção

Analisa a cadeia da relação de consumo, finda qual restará o consumidor. Consumidor é tão
somente o destinatário fático. Crítica doutrinária: trata o consumidor como uma teoria objetiva

Teoria finalista ou subjetiva:

O STJ começou a se valer de outra teoria, pois não basta ser apenas destinatário fático, também
tem que ser destinatário econômico, e por conta disso deixou de aplicar a teoria maximalista

Destinatário econômico é o que não tem fins lucrativos, o benefício econômico do próprio
serviço fica com a pessoa que adquiriu, não é repassado. O proveito econômico não é
transferido. O consumidor não utiliza o produto ou serviço para o lucro, repasse ou transmissão
onerosa

Ser for destinatário fático (retirar o objeto do mercado econômico) + destinatário econômico =
teoria finalista subjetiva

Além de analisar o destinatário fático, deve se analisar o destinatário econômico, se tiver fins
lucrativos não é consumidor – 591.864/BA
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Quando retira da cadeia de consumo, retira do mercado de consumo, tornando-se destinatário


fático. Tendo interesse lucrativo, não será consumidor. Caso não tenha interesse lucrativo, será
destinatário econômico e, portanto, consumidor

Não basta ser destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de produção, levá-lo para o
escritório ou residência – é necessário ser destinatário econômico do bem, não adquiri-lo para
revenda, não adquiri-lo para uso profissional, pois o bem seria novamente um instrumento de
produção, cujo preço será incluído no preço final do profissional para adquiri-lo.

Teoria finalista mitigada, abrandada ou temperada

Se adquirir ou utilizar o produto com fins lucrativos, mas sendo vulnerável será consumidor

O STJ, tendo em vista a possível injustiça cometida com a aplicação cega da teoria finalista, vem
reconhecendo em determinadas hipóteses onde presente a vulnerabilidade do adquirente do
produto a aplicabilidade do CDC

“A jurisprudência desta Corte tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar a
incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora não seja
tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situação de
vulnerabilidade”

Não pode utilizar o bem/serviço em sua atividade econômica predominante

Consumidores por equiparação


Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço

Defeito: falta de segurança esperada (que todo produto/serviço tem). Gera o dever de indenizar

Extensão de danos a outras pessoas que não são, a priori, consumidores

Há uma igualdade de tratamento pelo fato ocorrido. Ex.: acidente aéreo

Pessoas expostas às práticas comerciais e contratos


Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

Capítulos: das práticas comerciais e da proteção contratual

Não se pode proteger o consumidor só a partir do momento em que este firma o negócio, deve
haver uma proteção pré-consumo

Coletividade
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
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Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.

Abre as portas para a proteção coletiva de direitos e deveres coletivos

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

Direitos coletivos lato sensu:

 Difusos
 Coletivos (strictu sensu)
 Individuais homogêneos

Difusos
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;

Transindividuais: supraindividual, não pertence a um único indivíduo, mas a coletividade

Natureza indivisível: não se pode dividir, mensurar individualmente. Vale de maneira igual a
todas as pessoas

Titulares pessoas indeterminadas: nem sequer precisa saber quais as pessoas tem o direito, são
indeterminadas

Ligadas por circunstância de fato

Ex.: propagandas abusivas

Coletivos
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base;

Transindividuais: abrange mais de uma pessoa

Natureza indivisível

Titular: grupo, categoria ou classe de pessoas

Ligadas entre si ou com a parte contrária

Por relação jurídica base

Individuais homogêneos
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III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.

Decorrentes de origem comum

Homogêneo: situação igual. Relações individuais com origem igual

Ex.: fraude na realização de festa de formatura

A ação poderia ter sido proposta individualmente

O que define a aplicação dos direitos coletivos (em sentido lato) é o pedido da ação

Fornecedor
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.

Pessoa física

Pessoa jurídica (pública ou privada)

Ente despersonalizado (massa falida, sociedades sem personalidade mas com aparência de
pessoa jurídica etc.)

Nacional ou estrangeira

Atividade típica do fornecedor: habitualidade

Promove de forma a transparecer profissionalismo, situação recorrente e dinâmica

Até mesmo a venda de um carro, por exemplo, à quem exerça tal atividade (compra e venda de
carros) com habitualidade e profissionalismo configura ao alienante o caráter de consumidor na
medida em que a compra do carro é objeto da atividade economicamente explorada pelo
comprador.

“Para o fim de aplicação do Código de Defesa do Consumidor, o reconhecimento de uma pessoa


física ou jurídica ou de um entre despersonalizado como fornecedor de serviços atende aos
critérios puramente objetivos, sendo irrelevantes a sua natureza jurídica, a espécie dos serviços
que prestam e até mesmo o fato de se tratar de uma sociedade civil, sem fins lucrativos, de
caráter beneficente e filantrópico, bastando que desempenhem determinada atividade no
mercado de consumo mediante remuneração” (STJ – REsp 519.310/SP – Terceira Turma – Rel.
Min. Nancy Andrighi – j. 20.04.2004).

Elemento objetivo

 Produto
 Serviço
Direito do Consumidor - Semestre

Produto
Art. 1º. (...)

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

Produto na concepção civilista é o proveito retirado da coisa, não renovável. Isto é, resultado
extraído do bem explorado que não é passível de renovação

Na concepção consumerista, produto ganha conteúdo próprio de uma relação de consumo,


tratando-se de bem que tenha proveito econômico próprio de relação de consumo

 Bens móveis: passíveis de movimentação, sem que esta altere a substancia do bem. Esta
movimentação pode ser dar por força própria (semoventes) ou por força alheia. Obs.:
animal doméstico é produto de relação consumerista
 Material: tangível, pode ser tocado ou apreendido
 Imaterial: intangível, não pode ser tocado ou apreendido

Serviço
Art. 1º (...)

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as


de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

Atividade: um prestar, fazer

Remuneração:

 Direta: pagamento
 Indireta: qualquer contraprestação

A doutrina e jurisprudência trabalham com a remuneração indireta (contraprestação), assim o


fato de o serviço ser gratuito significa que não há relação direta, contudo não desqualifica a
remuneração indireta. Esses serviços “gratuitos” se agregam aos principais, fomentando a
atividade fim do fornecedor.

A segurança é atrelada à prestação do serviço, como nos casos de furtos de veículos em


estabelecimentos que concedem estacionamento gratuito

Ressalva:

A pessoa jurídica de direito público, em regra, não é qualificada como fornecedora. Entretanto
quando o serviço prestado se der mediante contraprestação direta, a relação consumerista
restará configurada

Assim é que:

 Quanto aos impostos, não se aplica


 Quanto as contraprestações diretas, em que é possível identificar o valor da prestação
e os sujeitos a que estão atendendo se aplicará. Ex.: tarifas e (taxas?).
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Retomada (relações de consumo)

Causas de incidência do CDC

Condomínio x Condômino

Condomínio é a reunião de condôminos. O condomínio se constitui de áreas privativas do


condômino, assim como áreas comuns. Ambiente onde há deliberação acentuada sobre as
questões de vivência. Não há que se falar em incidência do CDC na relação do condômino com
a do condomínio, haja vista a falta dos elementos caracterizadoras da relação consumerista, o
condomínio não emprega atividade econômica visando lucro, porque é, como já dito, reunião
de pessoas que convivem em ambiente compartilhado e presam pela manutenção deste por
meio de deliberações e reuniões, não se prestando a atividade comercial, mercantil ou
prestação de serviços vinculada à renda, mas a convivência harmônica de seus participantes, e
os conflitos daí existentes hão de ser resolvidos no âmbito civil.

De outra forma, quando a atividade prestada for exercida por empresa terceirizada há a
configuração da relação consumerista, e a empresa se responsabilizará tanto no que diz respeito
ao condomínio, como no que diz respeito aos condôminos.

Locador x Locatário

A jurisprudência sustenta a não aplicação do CDC nas relações locatícias quando no trato de
bens imóveis, haja vista a lei 8.245/91 regular especificamente tal situação. Não se pode olvidar,
entretanto a hipótese de essa relação ser intermediada por empresa imobiliária, porque esta
não se exime da incidência das relações consumeristas levando em conta que presta atividade
econômica com fim lucrativo de modo habitual, desta forma responde como fornecedora tanto
em relação ao locador como em relação ao locatário, em apertada síntese, restando a Imobiliária
na relação locatícia, incidirá o CDC com relação à ela, e a Lei 8.245/91 regulará, por sua vez a
relação entre o locatário e o locador

Em sendo móveis os bens, deverá se analisar o contexto da relação. Isto é, se por um lado o que
fornece o bem ou serviço presta a atividade com intenção de lucro e habitualidade, e se por
outro, o que adquire ou utiliza assim o faz como destinatário final (destinatário fático e
econômico), ou não sendo, o faz como condição de vulnerabilidade (finalista mitigada, adotada
pelo STJ)

Empregado doméstico x Diarista

Em que pese prestem o mesmo serviço (afazeres domésticos) são tratadas de modo diverso pelo
direito à depender da relação jurídica a qual estão imersos. O critério diferenciador dessas duas
classes é a periodicidade da prestação de serviços. Assim é que, se o sujeito presta a atividade
por mais de 2 vezes na semana, estará configurada a relação trabalhista, caso contrário será
considerado diarista. Esta distinção implica no trato diferenciado do próprio direito e situação
de vulnerabilidade atribuída ao sujeito. Melhor dizendo, se o sujeito for considerado diarista, o
CDC será aplicado, tornando-o fornecedor de seu serviço, o que gera, por exemplo,
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responsabilização objetiva por eventuais danos e o coloca em situação desvantajosa em relação


ao seu consumidor, que é considerado nesta ótica, vulnerável. Em contrapartida, se for
considerado empregado doméstico, a CLT (e lei específica dos empregados domésticos, que eu
não sei qual é *pesquisar depois) será empregada e a situação de vulnerabilidade correrá a seu
favor, tornando mais dificultoso o uso dos aparatos jurídicos por quem usufrui de seus serviços,
que nesta situação é considerado seu empregador (e não mais consumidor)

Relação cliente advogado

Não é relação consumerista, na ótica da jurisprudência majoritária

Muitas são as fundamentações para tanto, sendo as principais:

 Existência de lei própria regulando a relação


 Ausência ou limitação de publicidade que permeia tal relação
 Não mercantilização do serviço, porque este não é empregado no mercado de consumo
da mesma maneira que o é o serviço de outro fornecedor

Professor argumentou que todos os pontos podem ser debatidos, não sendo estes motivos
fundamentos absolutos

Previdência

Havia súmula do STJ estabelecendo a aplicação do CDC nesta situação (Súmula 321). Entretanto
este entendimento foi revisto e o enunciado cancelado.

Agora, faz-se necessária a distinção entre a entidade de regime aberto (com finalidade lucrativa)
e a de regime fechado (colaborativa, em que o acesso é categorizado, não disponibilizado no
mercado de consumo). Sendo assim, a Súmula 563 tomou protagonismo estipulando que o CDC
é aplicável nas entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos
previdenciários celebrados com entidades fechadas

Poder Público x Contribuinte

Situação em que dependerá do modo de remuneração do serviço. É certo que o Estado precisa
recolher tributos, mas estes se classificam em algumas espécies, contando com diferenças entre
elas. O imposto é espécie tributária que se caracteriza por sua não vinculação, isto é, sua receita
não se presta à serviços específicos, atendendo à atividades gerais. Disto decorre a falta de
referibilidade (especificidade e divisibilidade), isto é, não é possível apontar para o quê
exatamente o imposto está se valendo, não é possível visualizar o seu uso haja vista ele se
prestar à atividades gerais

E por que isto é importante? Porque por vezes, ao prestar um serviço, o Estado ou
concessionária exige uma contraprestação, esta, ao contrário dos impostos, gozam de
referibilidade, pode-se deste modo observar qual o serviço específico a ser desempenhado pelo
preço cobrado (especificidade) e ainda, a quem se destina tais serviços (divisibilidade). Neste
caso, há incidência do CDC.
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É o caso das tarifas, que constituem preços públicos (não é tributo, vimos na aula de Econômico)
exigidos pela prestação de determinado serviço executados por concessionárias de serviços
públicos. Como se trata de hipótese em que o sujeito paga diretamente pelo serviço, sabendo
pelo que está pagando, é plenamente possível a aplicação do CDC

Em síntese: se houver remuneração direta pelo serviço prestado, aplica o CDC. Ex.: transporte
público, energia elétrica etc.

Segurado x INSS

É previdência pública

Não aplica CDC

Caráter obrigatório

Cliente x Instituições Financeiras

Incide o CDC, haja vista a Súmula 297 do STJ

Contratante e o plano de saúde

É consumerista a relação firmada em tais planos tendo em consideração a Súmula 469 do STJ

Direitos básicos

Direito básico: sustentáculo de toda a proteção dada ao consumidor. Relacionado com outros
direitos que são melhores detalhados nos artigos específicos do CDC

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

Graus de nocividade ou periculosidade

Espécie de escada, que a cada degrau influi no grau de nocividade e consequentemente nas
condutas à serem tomadas pelas partes da relação no que concerne, principalmente ao dever
de informação

Posição zero: à priori, tem-se que nenhum produto ou serviço deve trazer riscos à vida, saúde
ou segurança do consumidor, hipótese em que o risco ofertado pelo produto é zero, nulo. É
modelo ideal, que na prática se mostra impraticável em diversas situações, impossibilitando-o
de forma plena
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Risco natural: alguns produtos ou serviços carregam consigo riscos naturais, o seu uso mesmo
acarreta um perigo. Este perigo/risco entretanto é natural (porque decorre do próprio uso da
coisa) e previsível (pode ser antevisto, efeitos cujos quais não se visualiza surpresa, novidade).
É o exemplo da faca em que é possível visualizarmos em seu uso a possibilidade de nos
cortarmos. Estes produtos podem ser colocados no mercado de consumo, desde que
acompanhados da devida informação, sendo esta à necessária (porque imprescindível para o
conhecimento do consumidor) e adequada (porque permite ser transmitida de modo claro,
suficiente à chegar ao conhecimento do consumidor). É o que dispõe o art. 8º, CDC

Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou
segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
necessárias e adequadas a seu respeito.

Risco potencial: é o risco que pode não ser evidenciado, isto é, pode nunca se apresentar.
Exemplo é a possível (potencial) lesividade à saúde de crianças menores de 1 ano de idade que
consumam leite pasteurizada haja vista a não completa formação da flora intestinal destes. É
situação que pode, ou não ocorrer, cuja lesividade não se extrai naturalmente do produto ou
serviço. Estes produtos ou serviços podem ser colocados no mercado de consumo, entretanto a
informação deve ser feita de modo ostensivo (aparente, aquilo que não se deixa de ver) e
adequada. Isto é, a informação deve se dar de modo latente

Dispõe o art. 9º, CDC:


Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança
deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem
prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

E correlacionado ao art. 9, CDC, temos ainda o art. 8º, §2º que preceitua

Art. 8 (...)

§2º. O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos


ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada,
quando for o caso, sobre o risco de contaminação.

Auto grau de nocividade: situação em que não há possibilidade de a informação, por si só,
proteger o consumidor. Hipótese de impeditivo absoluto. O consumidor não pode colocar
produto ou serviço no mercado de consumo coisa que sabe ou deveria saber apresentar alto
grau de nocividade ou periculosidade à vida e à segurança. É o que dispõe o art. 10. CDC,
vejamos:
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Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.

Obs.: o fato de não saber da nocividade/periculosidade não exime o fornecedor da


responsabilidade

Após a inserção do produto ou serviço no mercado de consumo, pode o fornecedor descobrir


da nocividade/periculosidade deste. Caso em que deverá proceder para evitar danos (ou
continuidade dos já gerados), reparando o produto ou, até mesmo, quando necessário,
retirando-os do mercado de consumo (restituindo-se o dinheiro, por óbvio). É a hipótese do
recall. A portaria 789/2001 regulamenta o Recall. Assim temos que:

Art. 10 (...)

§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo,


tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às
autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.

Ainda há de se notar que o fornecedor responde por todos os custos referentes à realização do
recall. Assim dispõe:

Art. 10 (...)

§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e
televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.

§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança


dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.

RESPONSABILIDADE CIVIL

É o dever de indenizar. Em regra é responsabilidade objetiva para o fornecedor

A origem está no risco da atividade por ele empreendida com fim de obter lucro

O fornecedor detém o controle de sua atividade. Os meios massificados de produção implicam


em relações massificadas e impessoais. Nesta relação massificada é quase impossível ter culpa.
Daí a desnecessidade (regra) de se provar a culpa do fornecedor

Em síntese: a responsabilidade do fornecedor é, a priori, objetiva tendo em vista a massificação


das relações consumeristas

Responsabilidade em relação ao vício: vício é problema ligado a qualidade ou quantidade do


produto ou serviço.

Responsabilidade pelo fato: decorre da quebra da segurança que todo o produto deve ter.
Relaciona-se ao defeito do produto ou serviço, aquele que não detém a segurança esperada.
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São os danos efetivamente causados por problema de qualidade ou quantidade que extrapolem
o próprio produto ou serviço

No vício – seja do produto ou do serviço –, o problema fica adstrito aos limites do bem de
consumo, sem outras repercussões (prejuízos intrínsecos). Por outra via, no fato ou defeito –
seja também do produto ou serviço –, há outras decorrências, como é o caso de outros danos
materiais, de danos morais e dos danos estéticos (prejuízos extrínsecos).

De outra forma, pode-se dizer que, quando o dano permanece nos limites do produto ou serviço,
está presente o vício. Se o problema extrapola os seus limites, há fato ou defeito, presente, no
último caso, o acidente de consumo propriamente dito.

O art. 6º traz como direito básico a responsabilidade pelos danos causados ao consumidor

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

Aplica-se o art. 17, que amplia o conceito de consumidor

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

As vítimas dos acidentes de consumo e o terceiro que sofre a consequência do fato ou serviço

Ex.: motorista de Uber atropela uma pessoa, esta pessoa é equiparada ao consumidor

 Se pega o caminho errado: vício na qualidade


 Se bate em outro carro: quebra de segurança, responsabilidade pelo fato

Responsabilidade pelo fato do produto

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-
se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;


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III - a época em que foi colocado em circulação.

São responsáveis: o fabricante, produtor, construtor e importador, nacional ou estrangeiro

A quebra da segurança do produto está ligada à origem do produto fabricado, pois o fabricante
(e outros) são os responsáveis

Responsável é aquele que dá origem ao produto

No primeiro momento o comerciante não é responsável pelo fato do produto.


Excepcionalmente o comerciante poderá responder quando restar configurada as hipóteses do
art. 13

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso
contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.

A exceção à solidariedade atinge o fato do produto, pelo que consta dos arts. 12 e 13 da Lei
8.078/1990. Isso porque ambos os comandos consagram a responsabilidade imediata do
fabricante – ou de quem o substitua nesse papel – e a responsabilidade subsidiária do
comerciante.

Responsabilidade pelo fato: quebra da segurança esperada

Responsabilidade pelo fato do produto

É objetiva (independe da culpa). Necessário apenas o fato, o dano e o nexo causal entre estes.

A responsabilidade não é integral, isto é, há excludentes do dever de indenizar, excludentes


estes que atuam na quebra do nexo causal. Estão dispostos no art. 12, §3º

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;


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III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Podem haver situações em que haja culpa concorrente, sobre este tema se faz necessário buscar
no diploma civil o art. 945
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

Aqui, verifica-se o grau de culpa da vítima para a diminuição da indenização

Responsabilidade pelo fato do serviço

Serviço, conforme disposição do art. 3º, §2º é “qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”

O art. 14, estabelece a regra geral nas hipóteses de quebre de segurança quanto ao serviço,
preceituando a responsabilidade objetiva (independência de culpa)

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Entretanto, é de suma importância o trato do §4º do diploma consumerista, nas situações


envolvendo profissional liberal, em que se excepciona a regra conferindo à essas hipóteses a
necessidade de comprovação de dolo ou culpa (responsabilidade objetiva)

Art. 14 (...)

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

Profissional liberal é aquele que presta serviços, desenvolve atividades típicas de meio.
Divergindo portanto das atividades de resultado onde este (o resultado) deve ser alcançado
necessariamente. Ora, nas atividades de meio o resultado não é assegurado, imposto,
necessário, porque não está na inteira possibilidade de atuação do agente. São profissionais
liberais o advogado, o médico, o psicólogo etc. Ao consumidor não é oferecido o resultado
esperado, mas tão somente uma garantia de que o serviço será prestado da melhor forma
possível.

Há de se ponderar entretanto que por mais didático que pareça, situações há em que a própria
profissão por si só não revela sua natureza de resultado ou de meio. Sendo assim, podemos
discorrer a respeito do atividade médica, no trato de cirurgia plástica com fins unicamente
estéticos, ora temos que no caso há um comprometimento quanto ao resultado da cirurgia,
cabendo nesta hipótese a responsabilidade objetiva
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O dever de indenizar também comporta excludentes, então vejamos:

Art. 14 (...)

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Situação interessante se põe quando analisamos os casos de excludentes. Pode ser observado
que o CDC não faz menção às hipóteses de caso fortuito e força maior, em que pese estes
institutos sejam figuras clássicas de excludentes de dever de indenização. O art. 393 diz ser caso
fortuito e força maior: “o fato necessário cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”.

À esse respeito, temos que parte da doutrina considera que não se aplicam às relações
consumeristas quando no dever de indenizar, porque a lei é limitativa e prescreve que só não
será responsabilizada as hipóteses contidas em seus incisos, esta é a jurisprudência minoritária.
A linha de pensamento tomada pelo STJ entretanto entende que a hipótese de caso fortuito e
força maior está contida na culpa exclusiva de terceiro, podendo figurar como uma excludente
desde que seja na modalidade externa. Assim é que podemos ter:

 Caso fortuito ou força maior interno: decorrente da própria atividade do fornecedor,


está inclusa no contexto da atividade exercida. Ex.: avião atingido por raio; navio que
não identifica icebergs, assalto dentro de agência bancária
 Caso fortuito ou força maior externo: é alheio à atividade de fornecedor. Neste caso
exclui o dever de indenizar. Ex.: assalto em posto de gasolina contra quem abasteça o
carro

Súmula 479, STJ "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias."

Resp. 1.145.728/MG – Questão relativa ao trato das relações médicos x hospitais quanto à
responsabilidade

O hospital responde quando o fato advier de materiais ou pessoas auxiliares ao tratamento, isto
é, quando relativos à insumos, equipamentos e pessoas que auxiliem no serviços (que não seja
médico)

Atos técnicos praticados por médicos sem vínculos de emprego ou hospital (situação em que o
médico atua no hospital, mas não tem vínculo com aquele. É fato recorrente em hospitais
particulares em que o médico usa o espaço para operar e realizar procedimentos mas não está
subordinado). Neste caso a imputação de responsabilidade é individual e subjetiva, salvo se o
hospital tenha concorrido para o dano

Profissionais de saúde vinculados de alguma forma ao hospital. Respondem solidariamente


tanto o médico quanto o hospital, mas com verificação de culpa do médico
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O art. 27 estabelece um prazo de prescrição de 5 anos para a pretensão à reparação pelos danos
provenientes dos fatos (produto ou serviço), a partir do conhecimento do dano e da autoria
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou
do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento
do dano e de sua autoria.

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