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Estado do Amapá
Abril de 2013
EQUIPE TÉCNICA
Liliane Aparecida Robacher, Arquiteta e Urbanista
Mary Helena Allegretti, Antropóloga
Luiz Fernando Allegretti, Engenheiro Agrônomo
Maurício Alexandre Maas, Arquiteto e Urbanista
Cecile Miers, Arquiteta e Urbanista
Daniela Bonamigo Zupiroli, Antropóloga
Mario Renato Lobato da Silva, Arquiteto e Urbanista
Suéllen Conceição de Oliveira da Silva, Arquiteta e Urbanista
Bruno Meirinho, Advogado
Artur da Silva Coelho, Economista
Fabrício Pereira Barbosa, Engenheiro Cartógrafo
Eudimar Viana, Técnico Agrícola
Égina Viana, Técnica Agrícola
ESTAGIÁRIOS
André Bihuna D´Oliveira, Estagiário de Arquitetura e Urbanismo
Bianca Johanna Salomons, Estagiária Design Gráfico
Jacy Soares Corrêa Neto, Estagiário de Arquitetura e Urbanismo
Katrícia Milena Almeida Corrêa, Estagiária de Arquitetura e Urbanismo
Marina Gonçalves Hesketh Cardoso, Estagiária de Arquitetura e Urbanismo
Sadami Teixeira Yoshida, Estagiário de Arquitetura e Urbanismo
A elaboração do Plano Diretor de Ferreira Gomes foi determinada pela condicionante 2.15
da Licença Prévia 40/2010, emitida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amapá para a
empresa Ferreira Gomes Energia, como um dos programas do Projeto Básico Ambiental (PBA) da
Usina Hidrelétrica Ferreira Gomes – UHEFG. O estudo também atende o Art. 41, inciso V, da Lei
Federal No 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade, que torna obrigatória a realização
de Planos Diretores no caso de cidades “inseridas na área de influência de empreendimentos ou
atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional”.
De acordo com o Plano Básico Ambiental (PBA) da UHE Ferreira Gomes, as seguintes
diretrizes gerais foram seguidas na elaboração do Plano Diretor de Ferreira Gomes:
1. APRESENTAÇÃO.......................................................................................... 5
3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO................................................................ 33
3.1. Perfil Socioeconômico Municipal.......................................................... 33
3.2. Formação Histórica................................................................................. 34
3.3. Inserção Regional.................................................................................... 36
4. ASPECTOS FÍSICO-NATURAIS...................................................................... 39
4.1. Clima.......................................................................................................... 39
4.2. Hidrografia............................................................................................... 40
4.3. Geologia e Pedologia............................................................................... 41
4.4. Vegetação e Fauna................................................................................... 44
4.5. Unidades de Conservação....................................................................... 48
ANTEPROJETO
Lei do Plano Diretor
Lei de uso e ocupação do Solo
Lei de Criação do Conselho da Cidade
Lei de criação de fundo................................................................................... 241
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 287
ETAPAS DO PROJETO
ETAPA 1 - DEFINIÇÃO E PACTUAÇÃO DA METODOLOGIA
I) Criação e Capacitação do Núcleo Gestor Municipal
II) Definição dos Fluxos Informacionais
III) 1ª Audiência Pública
DATA ATIVIDADE
2012
ABRIL Início das atividades do projeto por meio de contatos escritos com a Prefeitura
Municipal de Ferreira Gomes (PMFG).
29 MAIO Reunião com o prefeito e a equipe técnica da prefeitura.
30 MAIO 1ª Oficina de Capacitação do Núcleo Gestor com objetivo de treinar a equipe
técnica da Prefeitura e do Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo.
1ª Audiência Pública para apresentação da metodologia, dos objetivos e da
legislação que orienta a elaboração de um Plano Diretor Participativo.
02 A 08 DE JULHO Pesquisa na área urbana de Ferreira Gomes.
15 A 25 DE JULHO Pesquisa na área rural de Ferreira Gomes.
19 DE JULHO Reunião de encerramento do levantamento de campo com a participação de
equipe da Prefeitura, do Núcleo Gestor e representante da Ferreira Gomes Energia.
10 DE NOVEMBRO 2ª e 3ª Audiências Públicas em Ferreira Gomes com apresentação do Diagnóstico
das Condicionantes, Deficiências e Potencialidades, base para elaboração de
ações e propostas do Plano Diretor.
2013
22 MARÇO 4ª Audiência Pública realizada pela Prefeitura e Câmara de Vereadores para
análise do Projeto de Lei do Plano Diretor de Ferreira Gomes.
A primeira atividade foi a criação oficial de um Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo
de Ferreira Gomes formado por representantes da Prefeitura, de órgãos governamentais estaduais
e federais e de organizações da sociedade civil. Essa iniciativa teve como objetivo envolver os
gestores municipais com o processo de elaboração de um Plano Diretor.
O Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo de Ferreira Gomes foi criado pelo Decreto
075 de 25 de maio de 2012, sendo formado por representantes de cinco instituições, sob a
coordenação de Manoel Benedito Rabelo. Este Núcleo teve vigência até a posse do prefeito eleito
de Ferreira Gomes, ocorrida em 18/03/13.
No dia 30 de maio de 2012 foi realizada a Primeira Oficina de Capacitação que contou
com a presença do Prefeito Municipal, representantes de órgãos da Prefeitura e da sociedade local,
todos membros do Núcleo Gestor. Foi realizada uma apresentação técnica sobre os objetivos e a
metodologia de elaboração de Planos Diretores e houve grande participação dos presentes que se
mostraram conscientes da importância deste trabalho e interessados em colaborar.
No dia 30 de maio de 2012 foi realizada a Primeira Audiência Pública em Ferreira Gomes
que começou com uma conversa informal em frente ao local de realização do evento, onde foi
aplicada uma dinâmica participativa com a população, no preenchimento de um questionário acerca
das impressões dos munícipes sobre a gestão pública e características gerais do município. As
empresas de consultoria apresentaram para os presentes a proposta de metodologia do Plano Diretor
Participativo, incluindo descrição da base legal, cronograma de trabalho e responsabilidades das
partes, especialmente as da Prefeitura Municipal e da Câmara de Vereadores na sua execução. A
Audiência Pública contou com a presença de 27 pessoas, um número considerado representativo
da sociedade local. Foi realizada uma apresentação sobre os objetivos de um Plano Diretor e a
importância da participação da sociedade.
- falta de calçadas, ruas escuras, água com baixa qualidade, lazer concentrado em futebol,
ausência de ensino profissionalizante, falta de creche, saneamento ausente, não tem agências
bancárias, falta de serviços públicos na área rural, iluminação precária, limpeza pública com
frequência reduzida de coleta, falta de segurança, sinal do celular sempre com problemas,
necessidade de ampliação dos serviços urbanos existentes.
- melhorar a orla
- construir uma praça no Paredão com espaço para as pessoas idosas praticarem esporte
saudável e condizentes com as suas idades.
De acordo com Maria do Socorro dos Santos, funcionária pública municipal, os desafios
do município de Ferreira Gomes são: “O principal potencial do município é para o turismo, pela
beleza do rio Araguari e a diversidade de fauna e flora. Agricultura, pela grande diversidade de
produtos agrícolas plantados no município. Ponto forte a ser trabalhado: indústrias voltadas pra a
agricultura e a pesca, para geração de emprego e renda para os munícipes, para que os mesmos
não sintam o impacto do desemprego após a construção da barragem. Implantar uma Escola
Técnica para atender a demanda dos jovens.”.
O diagnóstico municipal foi realizado com base em dados secundários obtidos de fontes
oficiais e em dados primários levantados nas áreas urbana e rural do município. A pesquisa de
campo foi realizada na área urbana do município de Ferreira Gomes entre os dias 02 e 8 de julho.
Com base na Lista de Informações Municipais, organizada pela equipe técnica do projeto, foram
levantados todos os dados disponíveis relacionados com os seguintes itens:
As atividades foram realizadas com visitas técnicas nas áreas urbana e rural de Ferreira
Gomes utilizando os seguintes procedimentos metodológicos:
• Observação in loco.
• Registro fotográfico de todas as faces das quadras ou de outros aspectos das áreas
importantes para o planejamento.
Foi construída uma legenda com códigos para os usos, composta com informações
existentes sobre os usos institucionais, que serviram de referência de localização em campo. Além
dos usos a legenda também indicava itens para coleta de informação dos seguintes aspectos, por
face: nas quadras observar o número de edificações em um lote; nas vias, observar a presença de
pavimentação, arborização, hierarquia, sentido e tamanho. No item saneamento básico observar
a existência e forma de abastecimento de água, rede e forma de tratamento de esgoto, drenagem
das águas da chuva, existência de coleta do lixo, fornecimento de energia e finalmente códigos
criados para anotações das condições físico-naturais existentes na área urbana. Todas as imagens
foram identificadas pela numeração e face da quadra (Figura 2).
1. Coleta das informações em campo: com anotações nas pranchas A3 a lápis ou caneta
em uma cor, utilizando os códigos da legenda e da tabela, marcações dos códigos das condições
físico-naturais existentes na área urbana, indicações de novas edificações e vazios urbanos de
propriedade pública ou privada, cadastramento de pontos georreferenciados quando necessário,
registro fotográfico de todas as faces das quadras ou de outros aspectos das áreas importantes para
o planejamento.
A Figura 3 mostra o resultado final dos usos do solo alcançado após o trabalho de campo
FIGURA 4. Imagem do mapa final de usos do solo, resultado dos levantamentos de campo.
As informações que deram origem aos mapeamentos presentes nesse estudo foram
provenientes de (i) bases de dados de institutos e órgãos governamentais de gestão territorial, a
saber, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária – INCRA, Embrapa, Companhia de Eletricidade do Amapá, Companhia de
Saneamento do Amapá, Instituto de Ordenamento Territorial do Estado do Amapá – IMAP,
Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de Ferreira Gomes; (ii) levantamentos
realizados em visitas de campo, destacando-se os dados de uso e ocupação do solo urbano.
Além da coleta destes dados, foi preparada uma base cartográfica para a representação
das informações temáticas, em escala apropriada, contendo as referências necessárias às leituras
analíticas. As informações dessa base estão descritas no quadro a seguir.
A partir da preparação destas informações foi possível a elaboração de uma série de mapas
temáticos, ferramentas de análise da realidade atual do município. Abaixo pode ser conferida a
lista dos mapas elaborados.
Foi preparada uma apresentação didática em PowerPoint com mapas, figuras e fotos com
o objetivo de apresentar à população os resultados preliminares do diagnóstico e as indicações de
potencialidades e limitações identificadas a partir da leitura e análise das realidades municipais.
Para facilitar a visualização e permitir a familiaridade dos participantes com as informações geradas
sobre o município, os mapas principais foram impressos em formato A0 e colocados nas paredes
da sala da Audiência.
Na segunda parte da reunião pública foi organizado um exercício sobre a visão de futuro
para a cidade e o município. Fotos impressas a respeito de diferentes situações encontradas em
cidades e áreas rurais ao redor do mundo foram colocadas sobre a mesa; os participantes foram
convidados a escolher aquelas imagens que poderiam representar suas expectativas em relação ao
futuro do município. Em seguida, cada um explicou aos demais qual foto escolheu e por quais
razões e definiu um prazo, dentro de um período de 10 anos, durante o qual gostaria de ver aquele
projeto sendo concretizado. Cada participante colocou sua foto em um painel na parede e, ao final,
todos puderam visualizar as prioridades do município para seus moradores, que foram consideradas
pela equipe responsável pelo Plano Diretor.
Para viabilizar a efetivação desta metodologia, a preparação das audiências públicas foi
iniciada em fevereiro com convites para reuniões com prefeitos e vereadores de Ferreira Gomes
visando definir datas e acordar sobre os procedimentos que seriam adotados.
A Audiência Pública foi realizada no dia 22 de março de 2013 e foi aberta pelo prefeito
municipal recém-empossado, Elcias Guimarães Borges. A reunião teve participação da sociedade
civil, representantes do poder executivo e legislativo municipal, da Ferreira Gomes Energia e de
órgãos do governo estadual, totalizando 21 pessoas. As apresentações foram realizadas pela equipe
técnica responsável pelo projeto. A reunião pública analisou e debateu o anteprojeto de lei do Plano
Diretor de Ferreira Gomes, incluindo a Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Lei de Criação do Conselho
da Cidade e do Fundo de Desenvolvimento Urbano.
O presente item tem como objetivo fornecer uma visão geral da dinâmica atual de
Ferreira Gomes a partir da apresentação das principais informações socioeconômicas do município
de forma sintética.
FERREIRA GOMES
Instalação 17 de dezembro de 1987
Instrumento Jurídico de
Lei Federal no 7.639/87
Criação
Gentílico Ferreirense
Padroeira Nossa Senhora da Conceição
Prefeito Valdo Isacksson Monteiro (PT)
Mesorregião Mesorregião do Sul do Amapá
Microrregião Microrregião de Macapá
Norte: Pracuuba
Sul: Macapá
Municípios limítrofes
Leste: Tartugalzinho e Cutias do Araguari
Oeste: Serra do Navio, Pedra Branca do Amapari e Porto Grande
Distância até a capital 137 km
5.046,696 km2 – o que representa 3,53% do território do Estado do
Área
Amapá e 0,059% do território brasileiro.
Distritos Ferreira Gomes e Paredão
Igarapé, Roberta, Campinho, Igarapé da Onça, Zebulândia, Onório, Igarapé
Comunidades
do Palha e Triunfo do Araguari
População 5.802 habitantes
A área que hoje constitui o Estado do Amapá era, antes do processo de colonização
portuguesa, habitada por índios da etnia Aruan, os quais se espalhavam entre a Ilha do Marajó e
a costa do Cabo Norte. Após anos de disputa entre Portugal e França, em 1637 foi iniciado o
A Cabanagem, revolta social que ocorreu entre 1835 e 1840 na província do Grão-Pará
foi motivada pelas péssimas condições de vida das camadas mais baixas da população e a
insatisfação das elites locais. Essa revolta, resultado da crise de legitimidade sofrida pelos
representantes locais do poder imperial, juntou escravos e elite em busca de um mesmo ideal, a
autonomia política e a liberdade; porém, dois anos após o início da revolta, em 1837, os cabanos
começaram a ser controlados por meios violentos de repressão, os quais viriam a causar a morte
de mais de 30 mil pessoas. Os rebeldes que conseguiram sobreviver, entre 1837 e 1840 (ano em
que a revolta foi oficialmente sufocada pelo poder imperial), acabaram sendo obrigados a fugir para
manter-se com vida; muitos deles acabaram escolhendo o território afastado, que hoje é o Estado
do Amapá, como refúgio (GUIMARÃES 2000).
Desse modo, os primeiros registros de ocupação do local onde hoje está instalado o
município de Ferreira Gomes remetem à formação de duas colônias – a colônia de barro e a colônia
de prata – por cabanos no fim da década de 1930. Com o fim da Cabanagem, em 1840, a área
ocupada atualmente pelo município tornou-se sede da Colônia Militar Pedro II, implantada pelo
major João Ferreira Gomes, em cuja homenagem, posteriormente, foi denominado o município.
No início de sua fundação, as colônias que deram origem a Ferreira Gomes tinham
somente cerca de 20 unidades habitacionais, casas que se dividiam entre construções de barro e
de madeira e se espalhavam ao longo do rio Araguari, vetor importante para a ocupação da região.
Entretanto, passados quase 40 anos, com a eclosão do chamado primeiro ciclo da borracha, entre
1879 e 1912, quando houve migração maciça de brasileiros de várias regiões e, sobretudo, do
Nordeste, para a região amazônica, a área onde atualmente se situa o Estado do Amapá não teve
o desenvolvimento e a ocupação esperados, uma vez que na região não eram encontradas
seringueiras em abundância (ANDRADE 2005).
Desse modo, somente em 1944, com a chegada do Capitão Janary Nunes, o primeiro
governador do então recém-fundado Território Federal do Amapá, foi edificada a primeira escola
rural da área que viria a se constituir no município de Ferreira Gomes. De acordo com Andrade
(2005), em 1949, Janary Nunes implantou a Colônia Agrícola do Matapi, importante ponto para
a ocupação da área e para o aumento da produção agropecuária.
Interessante notar que, no caso de Ferreira Gomes, não há ligação desse Centro Local
com nenhum Centro de Zona ou Sub-regional; na verdade o município insere-se na dinâmica de
Macapá, uma Capital Regional C, que, por sua vez liga-se à Metrópole de Belém. Entretanto, é
significativo o fato de que, embora para obter serviços de saúde, frequentar cursos, fazer compras
e utilizar instalações aeroportuárias os habitantes de Ferreira Gomes busquem primariamente
Macapá, este foi um dos únicos municípios amapaenses a citar outro Centro Local como opção de
lazer, no caso, Porto Grande, que exerce certo nível de atração sobre Ferreira Gomes quando se
busca opções de entretenimento.
Desse modo, percebe-se que excluindo a opção de parte dos habitantes em se deslocar
até Porto Grande por conta de seu fator de atração na categoria lazer e, mais recentemente, opção
de moradia para trabalhadores ligados à construção da UHE Ferreira Gomes, a inserção regional
de Ferreira Gomes resume-se às relações que o município estabelece com Macapá.
Foram consultadas, também, outras fontes que tratam sobre a formação geológica e as
características físicas e da fauna e flora encontradas no Amapá e, mais especificamente, na região
Sul do Estado, microrregião de Macapá, onde se situa Ferreira Gomes. O resultado dessa compilação
deu origem ao texto exposto no presente trabalho.
4.1. Clima
O clima em Ferreira Gomes é marcado pela existência de duas estações bem definidas:
o verão, que se estende de junho a novembro e caracteriza-se como o período menos chuvoso; e
o inverno, compreendido entre dezembro e maio e que se caracteriza por um maior volume
pluviométrico. O regime térmico da região, ou seja, as médias de temperatura, é fortemente
condicionado pelas chuvas, com temperaturas mais elevadas ocorrendo nos meses de agosto a
novembro (época da estação menos chuvosa). A variação espacial de temperatura é relativamente
pequena em Ferreira Gomes pelo fato do município localizar-se na região de abrangência do rio
Araguari, que tem essa como uma de suas características mais marcantes. As temperaturas anuais,
excetuando-se temperaturas extremas ocasionais, variam entre 26,0ºC e 26,5ºC no município,
uma amplitude de apenas 0,2ºC (ECOTUMUCUMAQUE 2010).
4.2. Hidrografia
Ferreira Gomes insere-se na região da Bacia do Araguari, composta pelo rio homônimo e
pela Foz do Araguari. Destaca-se que, essa bacia, dada sua magnitude, com aproximadamente 42
Cerca de 80% da área da bacia do rio Araguari, onde encontra-se Ferreira Gomes, está
inserida no domínio geotectônico de crosta antiga, formada pelo embasamento cristalino. Ou seja,
o município insere-se na zona geomorfológica das depressões da Amazônia setentrional, tendo sua
geologia caracterizada por uma maior diversidade, onde predominam gnaisses tipo TTG do
Complexo Tumucumaque, rochas graníticas da Suíte Intrusiva Cupixi e sequências
metavulcanossedimentares do Grupo Vila Nova (ECOTUMUCUMAQUE 2010).
QUADRO 4. Tipos de solos encontrados na região do município de Ferreira Gomes e suas principais
características.
A região do Escudo das Guianas, uma sub-região amazônica onde se insere o Estado
do Amapá, é caracterizada por extensas áreas de floresta tropical intactas, com paisagens
reconhecidas por seus ecossistemas singulares e alta taxa de endemismo. Entretanto, existem poucos
trabalhos de pesquisa sobre vegetação nesta área, não havendo descrições densas e específicas
acerca da riqueza que ali pode ser encontrada em termos de flora.
Assim como a vegetação, grande parte da fauna amapaense é desconhecida, sendo poucos
os estudos acerca do tema que versam especificamente sobre as espécies endêmicas do Estado.
De acordo com informações da Conservation International do Brasil (CI 2007), levantamentos
realizados na última década no Amapá registraram cerca de 580 espécies de aves no Estado, o
que representa pouco mais de 5,6% da avifauna a nível global. Caso a amostragem de aves seja
uma boa estimativa para os outros grupos de organismos, pode-se inferir que o Amapá abrigue por
volta de 777.000 espécies de plantas e animais.
Outros inventários realizados na bacia do rio Araguari nos últimos três anos têm revelado
uma alta diversidade de mamíferos, principalmente em áreas de terra firme, incluindo registros de
animais que se encontram nas listas de espécies que possuem populações pequenas e/ou em
declínio, tais como a Lista de Espécies Ameaçadas do IBAMA, a Lista Vermelha da IUCN e a Lista
da Cites, destacando-se dentre elas: tamanduá-bandeira (M. tetradactyla), veado-galheiro (O.
virginianus), onça-pintada (P. onca), ariranha (P. brasiliensis), tatu-canastra (P. maximus),
macaco-aranha (A. paniscus), anta (T. terrestris), gato-do-mato (L. tigrinus), queixada (T.
pecari) e cachorro- vinagre (S. venaticus) (ECOTUMUCUMAQUE 2010).
Em relação aos mamíferos aquáticos, destaca-se que o Estado do Amapá pode ser
considerado uma das regiões de maior relevância para a conservação dessas espécies na Amazônia
brasileira. Essa ponderação decorre de dois fatores: primeiro pela presença de espécies pouco conhecidas
cientificamente e/ou que necessitam de maiores esforços para conservação; e, segundo, pela vasta
extensão de ambientes favoráveis e protegidos por unidades de conservação e terras indígenas
no Estado, o que amplia a possibilidade de manutenção de populações saudáveis e a conservação
das espécies da mastofauna aquática (ECOTUMUCUMAQUE 2010).
Os registros de mamíferos aquáticos na bacia do rio Araguari obtidos nos últimos anos são
oriundos de inventários biológicos rápidos, realizados em algumas das unidades de conservação
que compõem o Corredor de Biodiversidade do Amapá. Nestes estudos basicamente foram
observadas lontras e ariranhas, especialmente nos limites e entornos das UCs. De acordo com o
Plano de Ação para Mamíferos Aquáticos do Brasil (IBAMA 2001), a ariranha está citada como
espécie “em perigo” e o peixe-boi marinho encontra-se “em perigo crítico de extinção”.
Sabe-se, hoje, que, na bacia do rio Araguari, inserida no Escudo das Guianas, são
conhecidas pelo menos 1.004 espécies de aves, que representam 70 famílias e 22 ordens. Tamanha
diversidade pode ser em muito explicada pela presença na área de três unidades de conservação, a saber:
Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, Floresta Nacional do Amapá e Reserva Biológica
Lago Piratuba (ECOTUMUCUMAQUE 2010). No caso da região de Ferreira Gomes, há inúmeras
espécies de aves, destacando-se: acurana, andorinha-de-coleira, arapaçu-pardo, chororó-escuro,
sabiá-coleira, vissiá-cantor, entre outras.
Durante a elaboração do item acerca do meio biótico para o Estudo de Impacto Ambiental
do AHE Ferreira Gomes (ECOTUMUCUMAQUE 2010), os pesquisadores levantaram uma série de
As áreas protegidas que estão parcial ou totalmente inseridas nos limites do município de
Ferreira Gomes estão descritas nos quadros a seguir.
Nome:
Floresta Nacional do Amapá
Esfera de Gestão: Orgão Gestor:
Federal Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
Categoria de Manejo: Bioma: Área:
Floresta Amazônia 412.000 hectares
Municípios Abrangidos: Amapá (AP), Calçoene (AP), Ferreira Gomes (AP), Porto Grande (AP), Serra do
Navio (AP), Tartarugalzinho (AP) e Pracuúba (AP)
Data de Criação: Documento de Criação:
10/04/1989 Decreto Federal no 97.630
Plano de Manejo: Conselho Gestor: Outros Instrumentos de Gestão:
Não possui Possui Não possui
Objetivos da UC (tal como descrito em seu decreto de criação): Uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.
Principais Características:
- Originalmente criada para permitir a exploração sustentável de produtos florestais, a complexidade
topográfica e a dificuldade de acesso impediram, até o momento, esta exploração em escala comercial
dentro da unidade.
- Entre as 12 unidades de conservação federais do Estado, a FLONA do Amapá é a 5ª maior em termos
de área.
- Sua vegetação é formada predominantemente por florestas de terra-firme, com algumas manchas
menores de florestas alagadas, tabocais e afloramentos rochosos.
- A altitude de seu território varia de 80 a 450 metros acima do nível do mar.
- A população residente em seu interior é pequena e as pressões ao redor e dentro da FLONA ainda são
consideradas baixas. Desta forma, mesmo permitindo o uso sustentável de seus recursos naturais, até o
momento a unidade tem funcionado efetivamente com o caráter de uso restrito.
- Dentro da proposta do Corredor de Biodiversidade, a FLONA do Amapá tem um papel bastante importante,
uma vez que, juntamente com a UC vizinha, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, representa,
na prática, um grande bloco de território protegido, conservando a porção centro-oeste do Estado.
Fonte: ECOTUMUCUMAQUE (2010) e MMA (2012).
Nome:
Floresta Nacional do Amapá
Esfera de Gestão: Orgão Gestor:
Estadual Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá – SEMA/AP
Categoria de Manejo: Bioma: Área:
Floresta Amazônia 2.369.400 hectares
Municípios Abrangidos: Amapá (AP), Calçoene (AP), Ferreira Gomes (AP), Mazagão (AP), Oiapoque (AP),
Novo Santo Antônio (MT), Porto Grande (AP), Pracuúba (AP), Serra do Navio (AP)e Tartarugalzinho (AP)
Data de Criação: Documento de Criação:
12/07/2006 Lei Ordinária no 1.028
Plano de Manejo: Conselho Gestor: Outros Instrumentos de Gestão:
Não possui Não possui Não possui
Nome:
Reserva Particular do Patrimônio Natural Seringal Triunfo
Esfera de Gestão: Orgão Gestor:
Federal Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
Categoria de Manejo: Bioma: Área:
Reserva Particular do Amazônia 9.996 hectares
Patrimônio Natural
Município Abrangido: Ferreira Gomes (AP)
Data de Criação: Documento de Criação:
02/07/1998 Portaria no 89-N do IBAMA
Plano de Manejo: Conselho Gestor: Outros Instrumentos de Gestão:
Não possui Não possui Não possui
Objetivos da UC (tal como descrito em seu decreto de criação): Conservação da diversidade biológica em
áreas privadas.
Principais Características:
- Localiza-se inteiramente no município de Ferreira Gomes, na margem esquerda do rio Araguari. O acesso se
dá pela rodovia BR-156 até o km 147.
- Constitui a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Estado do Amapá, mas ainda não existem in-
ventários biológicos para a área.
- Em termos de geomorfologia, o terreno é plano e boa parte do mesmo está sujeito às inundações periódicas
do rio Araguari. Os solos predominantes são os latossolos, concrecionários, gley e as lateritas; a variabilidade
do tipo do solo está diretamente associada à diversidade de ambientes verificadas no local.
- A vegetação da área combina floresta densa de terra firme, floresta densa aluvial e campos cerrados.
- Em função de sua considerável extensão territorial, a reserva abrange lagos, igarapés, corredeiras e ilhas,
além da própria influência do rio Araguari.
- Tem como proprietário o Elfredo Félix Távora Gonçalves.
Fonte: ECOTUMUCUMAQUE (2010) e MMA (2012).
1 Foram consultados a base de dados do INCRA para identificar a área ocupada com os projetos de assentamento e o
Estudo de Impacto Ambiental da UHE Ferreira Gomes (ECOTUMUCUMAQUE 2011).
5.1.1. Agricultura
FIGURA 10. Vista geral de uma residência na Comunidade da Terra Preta, Ferreira Gomes, 2012.
Aspectos Sociais
• Escola. A comunidade possui uma escola com ensino fundamental que funciona até
a 5º série. Para estudar as séries seguintes os alunos são transportados por meio de
uma van até Ferreira Gomes. Foi identificado que três jovens iniciaram os estudos na
Escola Família do Cachorrinho, no entanto, nenhum concluiu o curso.
• Saúde. A comunidade não possui posto de saúde, mas na ocasião da visita, havia
vários trabalhadores iniciando uma obra que seria o futuro posto de saúde da
comunidade, que será construído pela Prefeitura de Ferreira Gomes. Hoje, quando há
problema de saúde, os moradores vão para Porto Grande ou Ferreira Gomes.
Aspectos Ambientais
• Lixo. Assim como na maioria dos outros lugares não existe coleta do lixo, que é
queimado ou deixado em local a céu aberto.
• Contaminação da água. Não foram mencionados problemas junto aos poços do tipo
amazonas que abastecem a comunidade.
• Poluição. Não há qualquer outro tipo de poluição que ameace a comunidade. Apesar
de haver um britador nas proximidades, as pessoas entrevistadas dizem não causar
nenhum tipo de perturbação.
Prioridades
A agricultura não familiar é aquela que não é dirigida por famílias, mas por empresas
ou outras formas de gestão, estando instaladas em áreas que ultrapassam quatro módulos rurais.
Não foi identificada nenhuma área no município que deva ser classificada como de agricultura
não familiar.
5.1.2. Pecuária
O diagnóstico do Plano Diretor identificou duas áreas onde há uma concentração maior
da atividade pecuária, ambas estão localizadas nas proximidades do reservatório da UHE Paredão
e ao longo do rio Araguari. Estas duas áreas somam 5.829,02 hectares.
5.1.3. Silvicultura
O cavaco é um produto com baixo valor agregado, pouco tributado e que usa pouca mão
de obra, deixando limitados resultados para o município e para o Estado. Por outro lado, o
escoamento das toras é feito por grandes caminhões que usam a rodovia BR-156 com destino a
Santana, gerando problemas de transito, desgastes no leito da estrada e na camada de asfalto.
5.1.4. Conservação
No município de Ferreira Gomes está localizado o módulo III, com uma área total de
83.885,21 hectares, o que corresponde a 16,6% da área do município.
A FLOTA tem os seguintes objetivos definidos por lei: o uso sustentável mediante a
exploração dos recursos naturais renováveis e não renováveis, de maneira a garantir a perenidade
dos recursos ambientais e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais
atributos ecológicos de forma socialmente justa e economicamente viável.
As finalidades da FLONA são: promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase na
produção sustentável da floresta; garantir a proteção dos recursos hídricos, das belezas cênicas e
dos sítios históricos e arqueológicos; e fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica básica
e aplicada, da educação ambiental e das atividades de recreação, lazer e turismo.
Segundo inventário realizado à época de sua criação, a unidade possui elevado potencial
madeireiro. Há também grande valor nas espécies não madeireiras tradicionalmente extraídas pelas
populações locais, destacando-se dentre elas o cipó-titica, os frutos das palmeiras de açaí, a bacaba
e a pupunha.
Nos últimos anos, a FLONA tem sido objeto de intensa atividade científica, bem como
vem recebendo diversos apoios institucionais. Isto permitiu a formação e a organização de reuniões
periódicas do seu Conselho Gestor e a realização de estudos para consubstanciar o seu plano de
manejo, que está em elaboração.
Predomina na RPPN o terreno plano, sendo que boa parte dele está sujeito às inundações
periódicas do rio Araguari. Essa variabilidade está diretamente associada à diversidade de ambientes
que há no local. A reserva abrange lagos, igarapés, corredeiras e ilhas, além de receber influência
direta do rio Araguari.
A vegetação da área combina floresta densa de terra firme, floresta densa aluvial e campos
cerrados. Não constam, ainda, inventários científicos da flora da reserva. A unidade funciona como
refúgio para diversas espécies animais, mas ainda não foram realizados levantamentos científicos.
2 A área destinada a RPPN nos dois municípios identificadas no diagnóstico do Plano Diretor é maior que a área indicada
para esta RPPN.
Este item trata das questões relacionadas ao modo como o solo urbano é utilizado pelos
moradores de Ferreira Gomes, considerando os aspectos de distribuição da ocupação, os vazios
urbanos gerados no processo de ocupação, a distribuição das atividades comerciais, industriais,
das habitações e os usos que oferecem riscos à população.
Como relatado no item 3.2, o povoamento da região de Ferreira Gomes vem acontecendo
há mais de um século, mas a atual configuração urbana e político-administrativa teve início na
década de 1970, quando a vila foi transformada em distrito de Macapá com o intuito de implantar
a infraestrutura necessária para o desenvolvimento econômico da região.
Esta análise leva em consideração duas áreas que podem ser consideradas urbanizadas
pela concentração populacional e construtiva, pela concentração de serviços públicos e pela
infraestrutura urbana instalada: a sede municipal, com aproximadamente 203 hectares de área
urbanizada (incluindo a ocupação denominada Portelinha) e a sede do distrito do Paredão, com
aproximadamente 80 hectares de ocupação linear dispersa.
Percebe-se, pelo mapa apresentado na Figura 12, que as áreas que se classificam em um
segundo patamar de densidade apresentam uma diferença bastante significativa em relação à
porção central da cidade. Nesta classificação estão a orla do rio Araguari e o bairro Montanha,
ambos com aproximadamente 22 hab/ha. No entanto, o setor da orla engloba também a margem
noroeste da via de acesso da cidade, que é menos densamente ocupada que o restante do setor.
Descontando-se esta área e realizando-se uma ponderação da população do setor pelo levantamento
de edificações, a densidade da área da orla subiria para 30 hab/ha, alcançando um nível
intermediário de densidade entre o Centro e a Montanha. Provavelmente por ter sido implantado
mais recentemente, o bairro Montanha possui uma ocupação visivelmente mais rarefeita do que a
porção mais tradicional da cidade, apresentando muitos terrenos vagos.
O setor que apresenta a densidade mais baixa, de 9,2 hab/ha, abarca a ocupação
espontânea Ameixal e a ocupação irregular Portelinha. O Ameixal se localiza na parte norte deste
setor, como pode ser verificado na Figura 12, e tem ocupação bem mais densa do que a Portelinha,
que começou a ser ocupada recentemente.
O modo de produção do espaço nas cidades brasileiras, que permite a retenção de imóveis
e sua valorização no tempo, ou a dificuldade de acesso a imóveis localizados em áreas mais
valorizadas por grande parte da população urbana, resulta em uma grande quantidade de terrenos
vazios em regiões infraestruturadas da cidade. Abrem-se novos loteamentos em áreas periféricas
sem infraestrutura, enquanto as áreas consolidadas permanecem com uma baixa densidade
construtiva e populacional.
Na Figura 15, verifica-se que o bairro Montanha possui um número maior de terrenos
vagos quando comparado com a área central da cidade, apresentando em sua área 89 dos 159
Chama atenção o fato de que não há grandes glebas vazias no interior da malha urbana
consolidada, ou seja, na zona central da sede urbana municipal, fenômeno bastante comum em
grande parte das cidades brasileiras. Entendendo que os vazios de grande porte causam
descontinuidades na malha viária e resultam na subutilização da infraestrutura instalada, a
inexistência destas glebas contribui para um funcionamento otimizado da estrutura urbana, com
melhor aproveitamento da infraestrutura instalada.
Há que se destacar, também, que a região da Portelinha, apesar de ainda ser pouco
ocupada, possui grandes extensões de área desmatada, o que não chega a espantar por ser uma
ocupação irregular.
FIGURA 17. À esquerda edificação de uso comercial de três pavimentos, situada na Rua Tiradentes; à direita
edificações construídas em madeira.
A tipologia das construções de Ferreira Gomes é quase totalmente térrea, com algumas
edificações de dois pavimentos localizadas no Centro e uma edificação de uso comercial de três
pavimentos situada na Rua Tiradentes (Figura 18). O número de edificações de madeira em Ferreira
Gomes é muito significativo, especialmente quando comparado a outras cidades brasileiras e mesmo
com a cidade vizinha, Porto Grande; as edificações em madeira atingem um percentual de 52%
da totalidade de construções cadastradas na malha urbana. A maior parte destas construções se
localiza no bairro Montanha e na porção leste do Centro (Figura 19).
FIIGURA 20. Palafitas próximas ao rio Araguari em área caracterizada como vila de pescadores pelos
moradores locais.
Ferreira Gomes possui poucas atividades potencialmente poluentes já que não há indústrias
instaladas na malha urbana e nas redondezas. No entanto, cabe destacar o fato de que o sistema
de tratamento de esgoto é completamente ausente na cidade, resultando em alto risco de poluição
do meio ambiente e da saúde da população. A falta de sistema de tratamento polui não apenas os
rios, mas o lençol freático, utilizado por grande parte da população como fonte de abastecimento
de água.
Por fim, existe apenas um posto de combustíveis instalado na orla do rio Araguari, na Rua
Duque de Caxias. Por se encontrar em uma área densamente habitada, muito próxima ao rio, há
necessidade de controle e monitoramento de suas instalações, de modo que sejam evitados
vazamentos que causem poluição e minimizados os riscos de explosão.
Este processo de regularização é composto por diversas fases, das quais se destacam três:
exclusão, discriminatória e declaratória. A primeira consiste na exclusão das áreas já regulares de
posse do Estado, como as unidades de conservação, áreas de interesse e função pública, bem como
as com títulos de propriedade já expedidos e comprovados. Na fase seguinte, denominada de
discriminatória, regulamentada pela Lei Federal no 6.383/1976, são criadas comissões responsáveis
por seguir os procedimentos que identificam e separam as terras devolutas das terras de propriedade
particular, já tituladas e estremadas do domínio público. Como parte do processo, há ainda uma
fase chamada de declaratória, na qual todos os pretensos proprietários são obrigados a mostrar a
documentação de comprovação (título + registro cartorial).
Atualmente está sendo feita uma declaratória para a área do Cerrado, que engloba a gleba
de Matapi. Ferreira Gomes encontra-se na gleba de Tartarugalzinho, que deve passar pelo mesmo
processo em breve. Ressalta-se que, segundo o técnico do IMAP responsável pelo processo, este
procedimento diz respeito apenas à área rural, mas, ao final desta fase deverá ser definido um
perímetro de área urbana para cada município e a administração municipal assumirá o processo
de regularização dos terrenos pertencentes a este perímetro.
Ferreira Gomes ainda não possui um perímetro urbano delimitado e, de acordo com técnico
do INCRA, é possível que a proposta em elaboração pelo Plano Diretor possa ser tomada como
parâmetro para o processo de regularização fundiária. Além disso, configurando-se como uma
questão de interesse local, que interfere na dinâmica de uso e ocupação do solo urbano, o Plano
Diretor aponta diretrizes para a execução do processo de regularização na esfera municipal.
A Vila do Paredão possui oferta de serviços públicos de saúde e educação em sua porção
oeste, os quais servem aos moradores do Distrito e da região. Grande parte das edificações é de
madeira e abriga uso residencial, mas existem atividades comerciais e de uso religioso. Segundo
moradores da Vila, faltam áreas destinadas ao lazer e à recreação, bem como é necessária uma
melhor manutenção dos serviços públicos e da infraestrutura.
FIGURA 23. À esquerda habitação na rua principal do Paredão próxima ao alinhamento predial; acima à
direita, entrevista com moradora local.
6.1. Educação
Como, para fins do presente estudo, também está considerando-se o Distrito do Paredão
como área urbanizada de Ferreira Gomes, as três escolas lá encontradas serão inseridas na análise
desse item de forma diferenciada. Essas três unidades de ensino estão divididas em: um anexo do
Centro Educacional Infantil Vitória do Araguari, uma escola municipal e uma escola estadual (Tabela
2). Os demais estabelecimentos rurais estão dispostos na mesma tabela sem nenhuma diferenciação,
apenas situando-os de acordo com a comunidade onde se localizam.
TABELA 2. Estabelecimentos de ensino localizados em área urbana e rural, nome, bairro e número de
matrículas por nível de ensino ofertado, Ferreira Gomes, 2012.
TABELA 3. Números totais e percentuais de estabelecimentos escolares e matrículas de acordo com o bairro,
Ferreira Gomes, 2012.
O Centro é o único bairro onde, com exceção de vagas de creche, pode ser encontrada
oferta de todos os níveis de ensino. No bairro Montanha fica a única creche em funcionamento de
Ferreira Gomes.
As duas maiores escolas em Ferreira Gomes são urbanas, a saber: Escola Municipal Pastor
Jaci Torquato e Escola Estadual Professora Maria Iraci Tavares, as quais tinham, em 2012, 785
e 690 alunos, respectivamente. Os dois estabelecimentos localizam-se na região central do
município; fora do Centro, a maior unidade é a Escola Municipal João Freire Cordeiro, com 349
alunos, situada no bairro Montanha.
TABELA 4. Taxa de analfabetismo acima de 15 anos e acima de 25 anos de idade, Ferreira Gomes, 2000.
Informações acerca do Estado do Amapá, da região Norte e do Brasil a título de comparação.
TABELA 5. IDEB observado e metas projetadas para 2007, 2009, 2015 e 2021, Ferreira Gomes. Informações
sobre o Estado do Amapá e o Brasil a título de comparação.
Municípios
Iniciais
Iniciais
Iniciais
Iniciais
Iniciais
Iniciais
Iniciais
Finais
Finais
Finais
Finais
Finais
Finais
Finais
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Anos
Ferreira
2,1 3,0 2,8 2,8 3,0 3,4 2,2 3,1 2,5 3,2 3,5 4,3 4,4 5,1
Gomes
Estado do
3,1 3,5 3,0 3,4 3,6 3,6 3,2 3,6 3,6 3,7 4,6 4,8 5,4 5,5
Amapá
Brasil 3,8 3,5 4,2 3,8 4,6 4,0 3,9 3,5 4,2 3,7 - - 6,0 5,5
Fonte: MEC. INEP.
Pelo apresentado na Tabela 5 é possível perceber que Ferreira Gomes, além dos problemas
relativos à falta de espaço e de professores, também tem desempenho insuficiente no tocante à
qualidade da educação ofertada. Em todos os anos da série, o IDEB municipal obteve nota abaixo
da média nacional, sendo, em praticamente todos os casos, a disparidade de valores acentuada.
Em comparação com os índices estaduais, o município também apresentou IDEB abaixo do
amapaense, sendo essa inferioridade ainda mais marcante em relação às séries iniciais.
Apesar de ter sido observada uma melhoria dos índices entre 2005 e 2009, o município
não atingiu as metas projetadas em 2007, embora as tenha superado em 2009. O mesmo foi
observado no Estado do Amapá como um todo.
A título de comparação, de acordo com o Censo 2000, na região Sul, a média da taxa de
escolarização líquida no ensino médio era de 47,1%, ou seja, quase 40% superior à de Ferreira
Gomes. Porém, considerando a região Norte do Brasil, que tem uma realidade mais próxima da
observada no município, Ferreira Gomes apresentou indicadores de taxa de escolarização líquida
mais elevados para os dois níveis de ensino, embora estes tenham ficado abaixo da média nacional.
Há que se relevar que diversas variáveis incidem sobre os baixos índices de escolarização
da população de 15 a 17 anos, muitas vezes não estando essas razões relacionadas à oferta
educacional propriamente dita, como, por exemplo, a necessidade dos jovens entrarem precocemente
no mercado de trabalho para auxiliar na composição da renda familiar. Por outro lado, o baixo
número de estabelecimentos de ensino que ofertam esse nível e a inadequação dos espaços
contribuem enormemente para a evasão escolar após o ensino fundamental.
Para além da evasão escolar, outro grave problema educacional em Ferreira Gomes é a
defasagem dos alunos em relação à série na qual deveriam estar inseridos. Segundo dados da
PNAD 2007, essa realidade não é particular dos municípios do Estado do Amapá, mas do Brasil
como um todo, embora não se possa deixar de notar que as taxas de defasagem observadas
localmente superam a média nacional. A defasagem escolar reflete a baixa qualidade do ensino,
expressa nos altos índices de reprovação e abandono escolar, bem como em baixos níveis de
aprendizagem. Os dados acerca desse indicador estão expostos na Tabela 7.
TABELA 7. Defasagem escolar, distorção idade-série e idade-conclusão nos ensinos fundamental e médio,
Ferreira Gomes, 2007. Informações sobre o Estado do Amapá e o Brasil a título de comparação.
TABELA 8. Obras concluídas, em conclusão, licitadas ou a licitar na área de educação, recursos, convênios
e parcerias, Ferreira Gomes, 2012.
Na área urbana de Ferreira Gomes estão localizados três equipamentos de saúde públicos
assim divididos: uma Unidade Básica de Saúde (UBS), uma Unidade Mista de Saúde (UMS) e um
Posto de Saúde (PS). As duas unidades de saúde ficam no Centro, enquanto o posto situa-se no
distrito do Paredão. Em zona rural localiza-se apenas um posto de saúde, situado na comunidade
Triunfo do Araguari.
Ainda segundo o CNES, a Unidade Mista de Saúde de Ferreira Gomes conta com 01
médico e 26 outros profissionais de saúde, todos vinculados ao SUS. Apesar de um efetivo de
profissionais menor, a UMS presta mais atendimentos do que a UBS por conta de sua classificação
hierárquica no SUS, disponibilizando os seguintes serviços de saúde: ambulatorial, internação,
SADT e urgência.
Informações mais detalhadas acerca dos equipamentos de saúde descritos acima podem
ser encontradas nos Quadros 9, 10, 11 e 12.
QUADRO 9. Informações gerais e especificidades da Unidade Mista de Saúde de Ferreira Gomes, 2012.
INFORMAÇÕES GERAIS
Nome: Unidade Mista de Saúde de Ferreira Gomes CNES: 2019663
Razão Social: Secretaria de Estado da Saúde do Amapá Personalidade: Jurídica
Logradouro: Av. Luzia Serra Cavalcante, 477 Bairro: Centro Município: Ferreira Gomes, AP
INFORMAÇÕES SOBRE A UNIDADE
Tipo da Unidade: Unidade Mista Esfera Administrativa: Estadual
Gestão: Estadual Dependência: Mantida
Natureza da Organização: Administração Direta da Saúde (MS, SES e SMS)
Profissionais do SUS:
Médicos: 01 Outros: 26 Total: 27
Tipo de Atendimento: Convênio:
Ambulatorial SUS
Internação SUS
SADT SUS
Urgência SUS
Fluxo de Clientela: Atendimento de Demanda Espontânea
LEITOS
Tipo Leitos Existentes Leitos SUS
Clínica Geral 06 06
Obstetrícia Clínica 03 03
Pediatria Clínica 03 03
QUADRO 10. Informações gerais e especificidades da UBS Maria Leonice Tavares, Ferreira Gomes, 2012.
INFORMAÇÕES GERAIS
Nome: PMFG UBS Maria Leonice Tavares CNES: 5480620
Razão Social: Prefeitura Municipal de Ferreira Gomes Personalidade: Jurídica
Logradouro: Rua Castelo Branco Bairro: Centro Município: Ferreira Gomes, AP
INFORMAÇÕES SOBRE A UNIDADE
Tipo da Unidade: Centro de Saúde/ Esfera Administrativa: Municipal
Unidade Básica
Gestão: Municipal Dependência: Mantida
Natureza da Organização: Administração Direta da Saúde (MS, SES e SMS)
Profissionais do SUS:
Médicos: Outros: 27 Total: 29
02
A UBS Maria Leonice Tavares, apesar de ter uma estrutura menor do que a Unidade Mista
de Saúde de Ferreira Gomes, apresenta um quadro de profissionais maior, com a presença de dois
médicos. Na UBS, entretanto, só há atendimento ambulatorial. Ao contrário da UMS, a UBS não
conta com sala de cirurgia ou equipamentos, assim como não disponibiliza leitos de internamento
à população.
INFORMAÇÕES GERAIS
Nome: PMFG Posto de Saúde do CNES: 5457432
Paredão
Razão Social: Prefeitura Municipal Personalidade: Jurídica
de Ferreira Gomes
Logradouro: Distrito do Paredão Bairro: Paredão Município: Ferreira Gomes, AP
INFORMAÇÕES SOBRE A UNIDADE
Tipo da Unidade: Posto de Saúde Esfera Administrativa: Municipal
Gestão: Municipal Dependência: Mantida
Natureza da Organização: Administração Direta da Saúde (MS, SES e SMS)
Profissionais do SUS:
Médicos: 1 x por semana Outros: 01 Total: 01
Tipo de Atendimento: Ambulatorial Convênio: SUS
Fluxo de Clientela: Atendimento de Demanda Espontânea
Leitos: Estabelecimento não possui leitos cadastrados
Equipamentos: Estabelecimento não possui equipamentos cadastrados
INSTALAÇÕES FÍSICAS PARA ASSISTÊNCIA
Tipo: Urgência e
Qtde./Consultório Leitos/Equipos
Emergência
Consultórios Médicos 01 00
Tipo: Ambulatorial Qtde./Consultório Leitos/Equipos
Sala de Curativo 01 00
Sala de Enfermagem
01 00
(Serviços)
Outros Consultórios Não
01 00
Médicos
A única unidade de saúde encontrada no Distrito do Paredão não conta com médico que
atenda permanentemente no posto de saúde; o profissional passa uma vez por semana pelo Distrito
para atender aos casos que não podem ser solucionados pelo técnico de enfermagem responsável
e/ou que não podem ser encaminhados para a UBS e a UMS do Centro, no município de Ferreira
QUADRO 12. Informações gerais e especificidades do Posto de Saúde Triunfo do Araguari, Ferreira Gomes,
2012.
INFORMAÇÕES GERAIS
Nome: PMFG Posto de Saúde Triunfo do Araguari CNES: 5457505
Razão Social: Prefeitura Municipal de Ferreira Gomes Personalidade: Jurídica
Logradouro: Triunfo do Araguari Bairro: Zona Rural Município: Ferreira Gomes, AP
INFORMAÇÕES SOBRE A UNIDADE
Tipo da Unidade: Posto de Saúde Esfera Administrativa: Municipal
Gestão: Municipal Dependência: Mantida
Natureza da Organização: Administração Direta da Saúde (MS, SES e SMS)
Profissionais do SUS:
Médicos: Outros: 01 Total: 01
00
Tipo de Atendimento: Ambulatorial Convênio: SUS
Fluxo de Clientela: Atendimento de Demanda Espontânea
Leitos: Estabelecimento não possui leitos cadastrados
Equipamentos: Estabelecimento não possui equipamentos cadastrados
INSTALAÇÕES FÍSICAS PARA ASSISTÊNCIA
Tipo: Urgência e Qtde./Consultório Leitos/
Emergência Equipos
Consultórios Médicos 01 01
Tipo: Ambulatorial Qtde./Consultório Leitos/
Equipos
Sala de Curativo 01 01
Sala de Imunização 01 00
SERVIÇOS DE APOIO
Tipo Característica
Farmácia PRÓPRIO
SAME ou SPP (Serviço de Prontuário de Paciente) PRÓPRIO
Fonte: Ministério da Saúde. CNES (2012); Pesquisa de Campo (2011).
Tal como no posto de saúde localizado no Distrito do Paredão, a unidade de saúde situada
na comunidade Triunfo do Araguari também não conta com um médico atendendo aos moradores.
O atendimento é prestado por um técnico de enfermagem e os casos mais graves são encaminhados
para a UBS ou para a UMS situadas no município de Ferreira Gomes.
TABELA 9. Mortalidade infantil e variação percentual no período, Ferreira Gomes, 2002 a 2008. Informações
acerca do Estado do Amapá e do Brasil a título de comparação.
Ferreira Gomes apresentou uma redução substancial desse indicador entre 2002 e 2008,
ainda que haja variações bastante acentuadas durante a série temporal em análise, com biênios,
inclusive, apresentando crescimento da taxa. A série histórica de Ferreira Gomes revela índices
menores do que os do Estado do Amapá no ano inicial e nos dois anos finais, porém, em relação
aos indicadores nacionais Ferreira Gomes só mostra índices menores no ano de 2008.
TABELA 10. Esperança de vida ao nascer, Ferreira Gomes, 2000. Informações sobre o Estado do Amapá e
o Brasil a título de comparação.
TABELA 11. Indicadores de Atenção Básica em Saúde, Ferreira Gomes, 2009. Informações sobre o Estado
do Amapá e o Brasil a título de comparação.
Atenção Básica
% população % de crianças % de cobertura
Modelo de População Prevalência de
Município coberta pelo c/ esq.vacinal de consultas de
Atenção coberta(1) desnutrição(2)
programa básico em dia pré-natal
Ferreira PACS - - - - -
Gomes PSF 4.222 77,1 99,4 91,4 0,1
Estado do PACS 81.236 13,0 90,7 66,9 0,5
Amapá PSF 345.660 55,2 92,5 79,5 1,2
PACS 20.194.460 10,5 93,5 74,3 1,7
Brasil
PSF 95.638.435 49,9 95,8 73,5 1,9
Onde: (1) Situação no final do ano. (2) Em menores de 2 anos, por 100.
Na tabela: PACS = Programa de Agentes Comunitários de Saúde e PSF = Programa Saúde da Família.
Fonte: SIAB (2010).
Outro grande problema de saúde no município é a dengue que, apesar de não ter
apresentado notificações para 2012, em 2010, os casos dessa endemia representaram 16,1% do
total e, em 2011, esse percentual foi de 14,9%.
TABELA 13. Obras concluídas, em conclusão, licitadas ou a licitar na área de saúde, recursos, convênios e
parcerias, Ferreira Gomes, 2012.
O município demanda a implantação de uma Unidade Mista de Saúde para contar com
serviços especializados como ultrassonografia, raio x, médicos especialistas, visando evitar o
transporte de pacientes para Macapá. Além disso, também é necessário intensificar programas de
prevenção e educação em saúde.
6.3. Habitação
Com base no Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNIS), intituído pela Lei
n 11.124/2005, o Ministério das Cidades abriu uma linha específica de financiamento para a
o
elaboração de Plano Local de Habitação de Interesse Social( PLHIS) pelos municípios de todo o
país. Assim como muitos municipios brasileiros, Ferreira Gomes não conseguiu acessar a linha de
financiamento, que durou até 2010, no prazo estipulado. Compreendendo a realidade destas
localidades, caracterizadas pela baixa capacidade administrativa, o Ministério das Cidades instituiu
A cidade não possui área de expansão. Além dos dois bairros, Centro e Montanha, existem
duas áreas de ocupação consolidadas. Uma ocupação espontânea mais antiga, o Ameixal, na parte
baixa do município, e uma área de ocupação irregular recente, a Portelinha, localizada no lado
esquerdo do bairro Montanha. A Portelinha, nos últimos três anos, vem crescendo rapidamente e
ocupando uma área de encosta significativa.
De acordo com dados do IBGE (2010), Ferreira Gomes tem 68,57% do total de domicílios
municipais atendidos pelo serviço da rede de abastecimento de água. Na área urbana, este número
é mais significativo, com a rede geral chegando a abranger 64,14% dos domicílios. Em área rural
o percentual de atendimento cai para 28,8%.
Grande parte da área urbana é atendida pela rede de distribuição, que se encontra em
boas condições de uso e abrange em torno de 80% dos domicílios. Em entrevistas com os
moradores constatou-se que o funcionamento da rede é regular, com serviço disponível 24 horas
por dia, principalmente nos bairros Centro e Montanha. Nas áreas de invasão e/ou ocupação
espontânea, Portelinha e Ameixal, respectivamente, muitas famílias utilizam poços para
abastecimento de água.
QUADRO 13. Situação das ligações de água do sistema da CAESA, Ferreira Gomes, 2010.
A CAESA informou à empresa Ferreira Gomes Energia (GEOCENTER 2012) que a água
é fornecida por 18 horas a cada dia aos moradores do município de Ferreira Gomes. São captados
56.246 litros d’água por plantão para o abastecimento da cidade; quando esta quantia é utilizada,
os tanques de abastecimento são enchidos mais uma vez visando dar continuidade ao abastecimento
naquele plantão, porém, depois desse reabastecimento, caso acabe a água, a distribuição só é
retomada no próximo plantão. Na Vila do Paredão está em fase de conclusão um projeto de sistema
de água tratada com recursos da FUNASA.
• 2ª Etapa: execução prevista para o ano 2012, com recursos do PAC2, no valor de R$
5.225.000,00.
A primeira etapa do projeto, com fase única e alcance para 2012, encontra-se em
execução. Já a segunda etapa, também de fase única, deverá ter sua execução iniciada este ano,
com alcance final de 30 anos, sendo referência até o ano de 2042.
A coleta de lixo domiciliar na área urbana de Ferreira Gomes é feita de segunda a sábado
no período das 8h às 13h, conforme descrito no Quadro 15, cujos dados foram retirados de
informações disponibilizadas pela SEMOSP. A Prefeitura dispõe de duas caçambas para a coleta
de lixo domiciliar.
QUADRO 15. Coleta de lixo de acordo com o dia da semana, o período e o bairro, Ferreira Gomes, 2012.
O serviço de coleta não atende a todos de forma satisfatória, fazendo com que algumas
famílias despejem os resíduos diretamente em áreas mais afastadas, formando pequenos lixões
clandestinos. Durante as entrevistas muitos moradores reclamaram do serviço. Não foi
observada nenhuma prática de separação dos resíduos, reciclagem ou reuso como adubo por
parte dos moradores.
FIGURA 27. Acima à esquerda e à direita, lixeira pública a céu aberto. Abaixo à esquerda, resíduos na orla
do rio Araguari. Abaixo à direita, lixo domiciliar em via pública.
Valor da
Valor Global Valor do Repasse
Ministério Objeto Contrapartida
(em R$) (em R$)
(em R$)
Implantação do Aterro
SAÚDE/
Sanitário Urbano no Município 1.683.845,75 1.515.461,17 168.384,58
FUNASA
de Ferreira Gomes
FONTE: ADAP (2012).
TABELA 14. Obras concluídas, em conclusão, licitadas ou a licitar na área de drenagem e pavimentação,
recursos, convênios e parcerias, Ferreira Gomes, 2012.
FIGURA 28. À esquerda e à direita, vias alagadas sem rede de drenagem, Montanha.
Ferreira Gomes possui um cemitério localizado na Rua Castelo Branco, na área central
da cidade. Apesar de, aparentemente, ainda haver espaço para novos sepultamentos, a Secretaria
de Obras Municipal informou que há intenção de implantar outro cemitério em local mais afastado
da área urbana para não haver riscos de contaminação do lençol freático. Não há capela mortuária
no cemitério e, em geral, os velórios são realizados nas residências.
A cidade não possui uma casa especializada em serviços funerários e, por isso os
moradores utilizam os serviços da empresa do ramo instalada na cidade vizinha, Porto Grande. Por
Ferreira Gomes ser um município de porte muito pequeno, a demanda não justifica a abertura deste
tipo de empresa no local.
De acordo com dados do IBGE (2010), Ferreira Gomes tem 92,16% de sua população
atendida pelo serviço de energia elétrica. Na área urbana este número é mais significativo, atingindo
FIGURA 30. Situação do serviço de energia dos domicílios de Ferreira Gomes (em %).
Os casos de domicílios que não são atendidos pela CEA estão localizados,
predominantemente, na área rural, com destaque especial para a porção leste do município, onde
existem 11 residências nesta situação. Cabe destacar que esta porção do território é quase
inteiramente de propriedade da AMCEL. Porém, a porção rural com pior índice de atendimento do
serviço fica ao norte da sede municipal, onde 69,06% dos domicílios não possuem energia elétrica
(40 residências).
O Censo Demográfico 2010 não apresenta informações sobre a porção mais ao norte do
município, abarcada pela Floresta Nacional do Amapá, em relação à oferta do serviço de eletricidade,
mas é possível inferir que não há atendimento por ser uma região mais isolada, onde se localiza
apenas um (01) domicílio.
Na área urbana, além do índice de abrangência do serviço ser bastante alto, as diferenças
de atendimento são pouco significativas. A área com melhor índice é o bairro Montanha, com
98,21% de domicílios atendidos. A Portelinha, provavelmente por ser uma área que ainda está em
processo intenso de ocupação, apresenta o incide mais baixo, com 96,24% de domicílios atendidos.
Fonte: SEJUSP-AP.
Os dados mais recentes disponíveis são provenientes dos registros de ocorrências efetuados
pela Delegacia de Policia de Ferreira Gomes entre 2009 e 2012, estando dispostos na Tabela 16.
Percebe-se uma queda acentuada do número registrado pela SEJUSP em 2008, principalmente
nos casos de delitos como furto e roubo, que eram bastante numerosos nos registros estaduais.
TABELA 16. Ocorrências de segurança pública registradas nos municípios de Porto Grande e percentual
sobre o total, 2009 a 2012.
Fica evidente, na análise da Figura 35, que o ano mais violento da série foi 2011, tendo
o polo oposto, ou seja, o ano com menor número de ocorrências, sido registrado em 2008. O
aumento do número de incidências de cunho violento registradas na Delegacia de Ferreira Gomes
nos últimos anos acompanha uma tendência nacional, bem como pode ser explicado pelo aumento
populacional gerado por uma população flutuante no município em decorrência de obras de grande
porte que estão sendo executadas na região.
Efetivo do 7º Batalhão
Município População
1ª Companhia 2ª Companhia
Amapá 8.005 - -
Cutias 4.634 12 -
Ferreira Gomes 5.772 - 08
Pedra Branca do Amapari 10.773 - -
Porto Grande 16.825 36 -
Pracuúba 3.783 - -
Serra do Navio 4.409 - -
Tartarugalzinho 12.435 - -
TOTAL 66.636 44
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010; Allegretti (2011).
Assim, hoje, tem-se uma média de 1.500 habitantes para cada policial em atividade, um
índice considerado inadequado por autoridades na área de segurança pública, que estipulam um
policial para cada 250 habitantes. Somente para fazer a cobertura de Ferreira Gomes seriam
necessários, no mínimo, 50 policiais adicionais.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) não possui uma estatística oficial
acerca do número ideal de policiais por habitantes que seja aplicável em todas as regiões do Brasil.
Aparentemente a SENASP admite que, em cada região, dependendo dos recursos físicos existentes
para os policiais, da qualificação dos mesmos, das características do ambiente urbano ou rural e
das características da população residente, haverá uma necessidade diferenciada de policiais.
TABELA 18. Policiais civis e militares per capita, Ferreira Gomes, 2011. Informações a respeito do Estado
do Amapá e Brasil a título de comparação.
TABELA 19. Infraestrutura física, de equipamentos e efetivos da Polícia Militar, Ferreira Gomes, 2011.
Em 2012 o quartel ainda necessitava de reformas na parte elétrica, que corre o risco de
incêndio, e na cobertura e encanação, que possuem vazamentos.
TABELA 20. Infraestrutura física, de equipamentos e efetivos da Polícia Civil, Ferreira Gomes, 2011.
Em função da obra em execução da UHE Ferreira Gomes, tem sido percebido, como se
pôde notar no registro de ocorrências apresentado em item anterior do presente estudo, um aumento
do número de casos de violência por conta da afluência de trabalhadores para o município. Na
avaliação feita pelo Cabo Melo, da Polícia Militar de Ferreira Gomes: “Existem mudanças na cidade,
o pessoal de fora está chegando, se vê nos restaurantes, onde só tem pessoal da empresa
construtora, o que antes não ocorria. Em número de ocorrências ainda não dá para sentir. Ontem
mesmo houve um caso, acabei de vir de audiência com pessoas de fora que chegaram... o caso
foi por desacato, resistência à prisão e ameaça. Ainda não há aumento no número, está a mesma
coisa ainda, está aumentando, está inchando, ontem na frente da escola havia muita gente
Em parceria com a empresa Ferreira Gomes Energia (FGE), como parte de seu programa
de investimentos compensatórios pela construção da UHE Ferreira Gomes, a Prefeitura Municipal
de Ferreira Gomes deverá construir uma nova sede para o quartel da Polícia Militar, que ainda hoje
necessita de reformas, como na parte elétrica, que corre o risco de incêndio, a cobertura e a
encanação que possuem vazamentos. Para atender a necessidade do município precisaria de mais
efetivos, mais viaturas, um prédio novo na área de montanha, um bairro novo, onde a fiscalização
e feita, mas não possui pessoal efetivo, o desejo maior e de colocar uma base da policia militar,
pois assim dividiria o numero de policiais, que ficariam a postos pois e grande o numero de
ocorrências nesse local.
Com apoio da FGE o prédio da Polícia Civil foi reformado e ampliado e foram adquiridas
duas viaturas L200 e uma voadeira. O número de policiais aumentou de 10 para 33 e foram
construídos dormitórios para todo o efetivo. Alojamentos de detentos continua havendo somente
na sede da policia civil.
6.8. Mobilidade
Ferreira Gomes não possui ramais ferroviários, entretanto, a proximidade com a linha
férrea que atravessa Porto Grande abre a possibilidade de utilização futura deste meio de transporte.
Considerando-se que o Amapá ainda é um Estado novo, com baixa densidade populacional,
a rede rodoviária que serve ao Estado ainda é pequena se comparada com outras regiões do Brasil.
Ferreira Gomes encontra-se no trajeto de uma das duas principais rodovias do Amapá, a BR-156,
que liga Macapá à Guiana Francesa, passando pelos municípios Oiapoque, Calçoene, Amapá e
Para acessar Ferreira Gomes, tendo como origem a capital ou o porto de Santana, é
necessário passar pela BR-210, outra rodovia importante na configuração da malha urbana
estadual. O trecho da BR-210 que se liga à BR-156 é totalmente pavimentado, entretanto, a região
próxima a Macapá é caracterizada por grande número de buracos na pista, configurando-se como
uma área de alto risco de acidentes. O trecho mais próximo da intersecção entre as rodovias
encontra-se em melhores condições de trafegabilidade. A pista é bem sinalizada em todo o trajeto.
Destaca-se que, além da BR-156, a estrada que dá acesso à Hidrelétrica Coaracy Nunes,
passando pela Vila do Paredão, também é pavimentada. Não há rodovias estaduais servindo ao
município, mas, de acordo com o Mapa Intermodal do Amapá, produzido pelo DNIT3, existe um
projeto para a construção de uma via estadual ligando a sede de Ferreira Gomes ao município do
Amapá, passando pelo interior do município de Tartarugalzinho (AP-330) e de outra rodovia, que
partiria de Ferreira Gomes e se encontraria com a AP-130 seguindo para o norte do Estado.
Além da rodovia federal que corta a região, Ferreira Gomes é servido por uma rede de
estradas que interligam as localidades e as propriedades rurais situadas em toda a extensão do
município. Comumente chamadas de ramais, estas estradas não são pavimentadas e apresentam
condições variadas de trafegabilidade. No total, as estradas rurais de Ferreira Gomes perfazem 550
quilômetros de extensão, sendo, em sua maioria, ramais utilizados e mantidos pela AMCEL para
o escoamento da produção de silvicultura.
Como pode ser observado na Figura 38, a maior parte dos ramais encontra-se na porção
central – coincidindo com a área com maior densidade populacional – e a sudeste do território
municipal. A malha mais densa de estradas se origina da BR-156, na ligação entre Ferreira Gomes
e Porto Grande, onde se concentra grande parte das propriedades rurais produtivas. A porção norte
e oeste do município, ocupada predominantemente por unidades de conservação por se caracterizar
pela grande quantidade de remanescentes florestais de grande relevância, não possui estradas.
3 http://www.dnit.gov.br/mapas-multimodais/mapas-multimodais/AP.pdf.
A Figura 38 mostra em destaque duas estradas rurais, uma partindo da sede em direção
a Tartarugalzinho e outra partindo da BR-156 em direção a Itaubal. Ambas ganham importância
ao ligar áreas afastadas e fazer conexões com municípios vizinhos. Também é possível observar
que os dois assentamentos da reforma agrária encontrados no território de Ferreira Gomes são
pouco servidos pelos ramais municipais. Pela sua configuração de ocupação do solo, estes
assentamentos concentram uma grande quantidade de agricultores familiares que, além das
necessidades pessoais de deslocamento, precisam escoar sua produção.
A malha viária de Ferreira Gomes tem um desenho ortogonal, com ruas mais longas no
sentido nordeste-sudeste, perfazendo um total aproximado de 25 km. As vias possuem largura
variável, entre 03 e 18 metros. Grande parte das ruas não possui calçadas e passeios preparados
para a circulação de pedestres, com exceção da Rua Tiradentes e da porção oeste da Rua Duque
FIGURA 39. À esquerda, rua sem calçada. À direita, rua com arborização.
A arborização das vias de Ferreira Gomes não apresenta boas condições considerando
que apenas 3,2 km, do total de 25 km, são devidamente arborizados e somente 3,3 km possuem
arborização parcial. A falta de passeios adequados e de arborização resulta em riscos e desconforto
na circulação de pedestres. Além disso, levando-se em conta o clima quente da cidade e o aumento
de temperatura causado pela impermeabilização do solo inerente ao processo de urbanização, a
arborização contribuiria para a manutenção do microclima da área urbana.
Além da falta de passeios adequados, a cidade não possui ciclovias e, por isso, as
bicicletas disputam espaço com pedestres nos locais onde já existem calçadas, como na via de
acesso à área urbana. Como muitos moradores de Ferreira Gomes utilizam este meio de transporte,
as bicicletas trafegam pelas pistas de rolamento juntamente com os veículos motorizados em ruas
onde não existem calçadas. Atualmente, por conta do baixo número de veículos que trafegam na
área urbana, a circulação de bicicletas em pistas inadequadas não se configura como um conflito
significativo, entretanto, com o aumento da frota de veículos motorizados, a situação pode mudar,
trazendo riscos para os ciclistas e para os pedestres.
O município não possui uma lei de sistema viário, mas o desenho das vias e a função
viária que exercem naturalmente definem uma hierarquia viária. Neste sentido é possível afirmar
que as vias de maior nível hierárquico são a Rua Tiradentes e a Rua Duque de Caxias, que formam
um binário no centro da cidade. Destaca-se que a Rua Tiradentes possui uma caixa larga, contando
com um canteiro central que auxilia na organização do trânsito. Estas vias são, em sua maior parte,
pavimentadas e com calçada para pedestres.
Outra via considerada importante é a rua de ligação entre a área urbana e a BR-156, onde
se concentra uma série de unidades de oferta de serviços e casas comerciais. Por fim, deve ser
dado destaque para a Avenida Coaracy Nunes por fazer a ligação entre o Centro e o bairro
Montanha, uma vez que adentrando no bairro a avenida concentra serviços e equipamentos de
grande importância para aquela região da malha urbana.
A maioria das vias urbanas tem duplo sentido de tráfego, com exceção das ruas na porção
sudoeste do Centro. Com vistas a facilitar a circulação na entrada e na saída da cidade, especialmente
A Figura 41, na qual as vias são classificadas pela largura, mostra que as vias mais largas,
sem considerar as já mencionadas, encontram-se no bairro Montanha, com uma largura média de
7 metros. No entanto, destaca-se que a diferença em relação às vias mais estreitas não é muito
significativa, visto que a maior parte das ruas tem uma média de 6,5 metros. Enquanto não houver
tráfego intenso e demanda por estacionamento, esta configuração deve ser o suficiente para atender
às necessidades do município, porém, com o aumento de tráfego, como acontece nos dias em que
a cidade recebe muitos visitantes, a atual largura das ruas pode se tornar um empecilho para do
desenvolvimento da área urbana.
Vale ressaltar, também, que a região a oeste do bairro Montanha, a ocupação irregular
Portelinha, vem passando por um processo intenso de expansão urbana com abertura de novas
vias sem cuidado e a formação de trajetos funcionais, o que pode causar problemas futuros de
fluidez de tráfego e de manutenção das vias.
Devido à atividade de silvicultura, que está presente em boa parte do território de Ferreira
Gomes, verifica-se o tráfego de caminhões com dupla carroceria, o que exige melhores condições
de sinalização das vias, além de acarretar possíveis desgastes excessivos da pavimentação asfáltica.
Apesar de Ferreira Gomes não ser contemplada com uma malha ferroviária, a proximidade
em relação à linha férrea que corta o município de Porto Grande (Estrada de Ferro do Amapá) abre
a possibilidade da utilização deste modal para o escoamento da produção agrícola e mineral quando
combinado ao modal rodoviário. O principal ponto de junção entre os modais seria a sede de Porto
Grande, onde acontece o encontro da rodovia BR-156 com a estrada de ferro. Cabe ressaltar que
o Estado do Amapá está implantando uma central de abastecimento de alcance regional neste
lugar, o que poderá potencializar o escoamento da produção agrícola e pesqueira de Ferreira Gomes.
Além deste ponto, o ramal ferroviário acompanha a divisa sul do município, abrindo a possibilidade
de outros pontos de integração intermodal.
As tarifas cobradas nas viagens são estabelecidas pela Portaria no 063/2012 da Secretaria
de Estado de Transportes do Amapá (SETRAP). No entanto, foi verificado que algumas empresas
cobram um valor mais baixo visando à atração de mais passageiros.
Outro meio de locomoção utilizado são os ônibus escolares, especialmente no caso dos
habitantes que se deslocam no interior da área rural do município. Este fato, apesar de não estar
previsto formalmente pelos órgãos gestores, é comum a muitos municípios brasileiros.
Este item trata das questões relacionadas aos meios e serviços de comunicação que
servem ao município de Ferreira Gomes, a saber: correio, telefonia, internet, rádio e televisão.
Destaca-se que, no cenário atual, em que os processos sociais – compra e venda de produtos,
relacionamento e marketing – e burocráticos – procedimentos governamentais, emissão de
documentos, transações bancárias – tem se utilizado cada vez mais de serviços de postagem,
telefonia e internet, as condições de comunicação de um município têm grande influência sobre
seu desenvolvimento.
A telefonia móvel também é oferecida por apenas uma operadora, especializada neste
tipo de serviço. A área de abrangência atinge toda a sede municipal, o Distrito do Paredão e parte
da área rural. O município de Ferreira Gomes já é abrangido pela tecnologia 3G e GSM/EDGE, pelos
quais é possível realizar ligações e transmissão de dados de longa distância.
Quanto aos serviços de internet, de acordo com o site da operadora, Ferreira Gomes possui
a opção de conexão discada e ADSL. Neste último caso, tomando-se por base as informações do
site, a relação custo-benefício deste serviço não é vantajosa, pois a velocidade máxima alcançada
é de 600 Kbps, oferecida em um valor monetário em torno de 14 vezes maior que o observado em
outras cidades do país. Cabe ressaltar que (i) esta velocidade, comparando-se com a realidade de
outros municípios de áreas mais infraestruturadas do país, ainda é bastante baixa e (ii) não diz
respeito apenas ao município de Ferreira Gomes, mas ao Estado do Amapá como um todo. Em
contraposição às informações divulgadas pela operadora, moradores da cidade alegam que não há
serviço de ADSL disponível para Ferreira Gomes, sendo, em geral, esta modalidade de serviço
substituída pelo uso da tecnologia 3G/GSM/EDGE da telefonia móvel, ainda que sejam ouvidas
muitas reclamações quanto à qualidade deste serviço também.
Quanto aos outros meios de comunicação de massa, Ferreira Gomes possui um periódico
impresso no município regularmente. Segundo entrevista com moradores, os jornais regionais mais
lidos são Gazeta do Amapá e Folha do Amapá, os quais, entretanto, não são vendidos em Ferreira
Gomes. Dentre as emissoras de televisão aberta, apenas a rede Globo oferece bom sinal com o uso
de antena normal, sendo transmitida de Macapá. Cabe ressaltar que o uso de antenas parabólicas
é muito difundido no município, inclusive na área rural, o que amplia consideravelmente a
abrangência dos canais de televisão. O município ainda possui algumas rádios FM/AM.
FIGURA 45. À esquerda, Mini Box, localizado no bairro Montanha. À direita, mercearia localizada na
Portelinha.
O Conselho Tutelar de Ferreira Gomes possui uma demanda muito grande e não consegue
realizar todo o atendimento requisitado; o Conselho está instalado em um prédio alugado e sem
estrutura. Já são registrados casos de prostituição infantil, principalmente no Distrito do Paredão,
aumentando a demanda e a importância do trabalho do Conselho Tutelar. Além deste, o município
conta com os serviços do Conselho da Criança e do Adolescente e do Conselho da Assistência, mas
ambos não possuem espaço físico próprio, utilizando o espaço e o pessoal da própria Secretaria
de Assistência Social. Por conta desse cenário precário, há um projeto para constituir uma Central
de Conselhos, de modo a abranger não só os citados como também o Conselho da Saúde e outros
que poderão ser criados futuramente.
TABELA 21. Programas federais de transferência de renda, número de beneficiados e repasses mensais e
totais, Ferreira Gomes, 2012.
Transferência de Renda
Repasse total até junho
Programa Beneficiários (famílias) Repasse mensal (em R$)
de 2012 (em R$)
Bolsa Família 595 118.280,00 875.690,00
Fonte: MDS em Números. Banco de dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
TABELA 22. Programas federais na área de assistência social, número de beneficiados e repasses mensais
e totais, Ferreira Gomes, 2012.
Assistência Social
Repasse total até junho
Programa Beneficiários Repasse mensal (em R$)
de 2012 (em R$)
BPC1 – Idoso 44 26.963,70 144.552,80
BPC – PCD2 (incluindo RMV3) 49 30.478,00 142.438,00
Ações do PETI 4
119 3.000,00 21.000,00
Total 212 60.451,70 307.990,80
1
Benefício de Prestação Continuada.
2
Pessoa Com Deficiência.
3
Renda Mensal Vitalícia.
4
Ações Socioeducativas e de Convivência para Crianças e Adolescentes em Situação de Trabalho.
Fonte: MDS em Números. Banco de dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
TABELA 23. Programas de segurança alimentar e nutricional, beneficiados e repasses, Ferreira Gomes, 2011.
O PAA tem como finalidade principal o apoio aos agricultores familiares por meio da
aquisição de alimentos de sua produção com dispensa de licitação. Os alimentos adquiridos
diretamente dos agricultores familiares ou de suas associações e cooperativas são destinados à
formação de estoques governamentais ou à doação para pessoas em situação de insegurança
alimentar e nutricional. A operacionalização do PAA em Ferreira Gomes é feita somente em parceria
com o Estado do Amapá, não havendo participação da CONAB. O programa é pouco abrangente
nesse município, atendendo a apenas 10 agricultores, com repasses inferiores a R$ 10 mil.
FIGURA 46. Estrutura física de algumas das organizações civis de Ferreira Gomes.
Como mencionado em outros tópicos, a Prefeitura de Ferreira Gomes tem uma série de
obras em praticamente todas as áreas de sua competência a serem executadas ou em execução.
As empreitadas referentes à ampliação dos equipamentos de assistência social encontram-se
descritas na Tabela 24, ressaltando-se o fato de que várias delas serão fruto de parcerias com a
empresa Ferreira Gomes Energia (FGE), responsável pela construção da UHE Ferreira Gomes no
município homônimo.
TABELA 24. Obras concluídas, em conclusão, licitadas ou a licitar na área de assistência social, recursos,
convênios e parcerias, Ferreira Gomes, 2012.
Ferreira Gomes possui poucas áreas destinadas às atividades de cultura, esporte e lazer,
como já destacado pelo estudo de infraestrutura social, elaborado em 2011 para a empresa Ferreira
Gomes Energia (FGE) com a finalidade de complementar o Estudo de Impacto Ambiental da UHE
Ferreira Gomes. Pelos levantamentos realizados, tanto o de 2011 (pesquisa de campo para o
supracitado estudo complementar) e 2012 (pesquisa de campo que dá base ao atual documento),
verificou-se a existência de poucos equipamentos esportivos, praças e balneários.
FIGURA 47. À esquerda, equipamento esportivo localizado na praça do bairro Montanha; à direita, o
Complexo de Lazer Valentim Monteiro.
Quanto às praças, além da Praça Lázaro Frank, citada anteriormente, há uma pracinha
localizada na orla do rio Araguari, denominada Francisco Pinheiro Borges, equipada com playground,
ainda que este se encontre em condições precárias de conservação. Ambas as praças da cidade
passarão por obras de revitalização, ação a ser realizada com recursos da Prefeitura; ressalta-se
que a Praça Lázaro Frank foi reformada há pouco tempo, mas que suas áreas destinadas às crianças
já estão em precárias condições.
Chama atenção o fato de não haver mais praças com espaços de estar na zona central
da cidade. É possível que a explicação desta constatação esteja no pequeno porte da cidade e na
presença do rio Araguari em toda a extensão do Centro, que faz às vezes de espaço de lazer.
A cidade conta com vários balneários localizados na beira do rio que banha o município.
Na área urbana, a orla do rio Araguari, no Centro, caracteriza-se como um dos espaços mais
populares, sendo muito utilizada por visitantes e moradores. Parte da Rua Duque de Caxias,
localizada na beira do rio, possui uma infraestrutura que possibilita o usufruto da paisagem e o
encontro de moradores e turistas, mas há potencial para ampliar a vocação de espaço de lazer
desta área da cidade.
Ferreira Gomes promove alguns eventos culturais de grande sucesso no Estado, destacando-
se o Carnaguari, um carnaval fora de época que atrai um número significativo de visitantes. Além
A cidade possui um centro cultural, localizado no Centro, à beira do rio Araguari. Este
equipamento é formado por um auditório, preparado também como um espaço de estar, e uma
biblioteca, com acervo considerável e atualizado de livros.
A sede do Distrito do Paredão não possui espaços para esporte, lazer e encontros
comunitários. Em entrevista com moradores da localidade percebeu-se que a construção deste tipo
de equipamento na Vila é uma das principais demandas da comunidade.
De acordo com os resultados finais do Censo Demográfico mais recente, realizado pelo
IBGE em 2010, a população residente em Ferreira Gomes é de 5.802 habitantes. A densidade
demográfica no município é de 1,14 hab/km2, uma média considerada baixa quando em comparação
com outros municípios brasileiros de mesmo porte. Porém, dado que no Estado a concentração
populacional também é baixa, 4,09 hab/km2, e que muitos municípios amapaenses apresentam
médias abaixo de 1 hab/km2, percebe-se que a situação de Ferreira Gomes não é discrepante do
contexto em que se insere.
TABELA 25. População residente, por naturalidade em relação ao município e à Unidade da Federação,
totais e percentuais, Ferreira Gomes, 2010.
Dos 821 moradores de Ferreira Gomes não amapaenses, mais de 59% já vivem no local
há mais de 10 anos; os recém-chegados, com menos de um ano de residência, representam
apenas cerca de 9% do total. Em relação à naturalidade quanto ao município, os percentuais
são muito mais próximos do que quanto ao Estado de origem; tal realidade, por si só, contudo,
não parece indicar que Ferreira Gomes faça parte de um quadro de forte movimento migratório
dentro do Estado, mas pode ser vista como um fato natural por ser este um município ainda
relativamente novo.
FIGURA 51. Representação gráfica do crescimento populacional ocorrido em Ferreira Gomes entre 1991 e
2011.
Também é possível perceber que entre 1991 e 2000 o nível de incremento do número
de habitantes do município foi mais significativo, ainda que entre 2000 e 2007 tenha se mantido
em níveis bastante elevados. No intervalo de tempo de 2007 a 2011 esse aumento sofreu
TABELA 27. Taxas de crescimento populacional por período entre a realização dos censos e contagens,
Ferreira Gomes, 1991 a 2011.
Taxa de Crescimento %
1991 a 2000 2000 a 2007 2007 a 2010 2010 a 2011
68,25 41,49 15,11 2,96
Fonte: IBGE. Censos Demográficos e Contagens Populacionais.
TABELA 28. População de acordo com a zona de residência, rural ou urbana, totais e percentuais, Ferreira
Gomes, 2010.
Como ocorre em praticamente todo o Estado do Amapá, que possui um alto grau de
urbanização, Ferreira Gomes apresenta uma população urbana bastante superior à rural, com quase
72% dos munícipes residindo em áreas urbanizadas.
TABELA 29. Distribuição da população por gênero, totais e percentuais, Ferreira Gomes, 2010.
Outro dado importante é o alto crescimento percentual das faixas etárias mais elevadas,
o que mostra um aumento da qualidade de vida, já que o número de idosos é um dos aspectos
considerados quando do cálculo de índices de desenvolvimento municipais.
Com exceção da variação dos idosos, a faixa etária que apresentou menor crescimento
percentual foi a de 0 a 4 anos, o que corrobora com a afirmação anterior de que o Ferreira Gomes
passa, nesse momento, por um período de estabilização de seu contingente populacional. A Figura
54 apresenta a pirâmide etária do município.
Interessante notar que a frequência populacional de cada faixa evolui de forma usual, com
a redução de contingente de habitantes na passagem das faixas etárias mais jovens às mais velhas.
Este tipo de estrutura etária é típico de localidades sem grandes impactos de pressões migratórias
ou alterações bruscas na composição populacional.
TABELA 31. População Economicamente Ativa ocupada e desocupada, totais e percentuais, Ferreira Gomes,
2010.
População Não
População Economicamente Ativa
Economicamente Ativa
Ocupada Desocupada Total
No de Pessoas
N de Pessoas
o
% N de Pessoas
o
% N de Pessoas
o
Entre a PEA, o número de ocupados é bem maior do que o de desocupados, o que pode
indicar um baixo nível de desemprego, ainda que a informalidade seja marcante na economia de
Ferreira Gomes. Uma vez que a maior parte desse percentual de ocupados encontra-se alocada em
atividades do setor primário e na prestação de serviços domésticos, não chega a admirar a diferença
entre ocupação e empregos formais no município, sendo a primeira bastante superior ao total dos
segundos. Na sequência serão expostos os principais dados acerca do mercado de trabalho formal
do município de Ferreira Gomes.
Indústria de
N.D N.D N.D 01 - 01 21 10 11 21 19 02 34 40 -06 77 69 08
Transformação
Serv. Industrial de
01 - 01 N.D N.D N.D N.D N.D N.D N.D N.D N.D 28 16 12 31 16 15
Util. Pública
Construção Civil N.D N.D N.D N.D N.D N.D 47 09 38 30 04 26 N.D N.D N.D 77 23 54
Agropecuária, Ext.
01 02 -01 N.D N.D N.D 03 03 - 02 02 - 02 02 - 08 09 -01
Vegetal Caça e Pesca
Outros/Ignorado 14 16 -02 27 34 -07 104 53 51 100 59 41 1.589 602 987 1.834 764 1.070
*Os dados de alguns anos não se encontram disponíveis para alguns setores nas bases consultadas.
** Referente ao primeiro semestre do ano.
Na tabela: Ad.: admissões; Ds.: desligamentos; VB: variação bruta; N.D.: não disponível.
FONTE: Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED.
139
Interessante notar que praticamente nenhum setor na série analisada apresentou
decréscimos significativos, ou seja, desligamentos muito superiores às admissões. Teve destaque,
em 2012, o crescimento de dois setores, a saber: os serviços, que tiveram um incremento de 1.456
postos de trabalho, resultando, em julho de 2012, em um saldo positivo de 950 empregos; e os
postos classificados como “outros/ignorado”, que aumentaram em 1.589 vagas, o que fez com que
alcançassem um saldo ainda maior: 987 novos empregos gerados de janeiro a julho de 2012. Os
demais setores apresentaram comportamento estável ao longo de todos os anos da série temporal,
com pequenas variações positivas e, em raras ocasiões, negativas. Curioso notar que, ao inverso
do que ocorre na maioria dos municípios de pequeno porte, o comércio foi o único setor que teve
um saldo total negativo, com mais desligamentos do que admissões.
TABELA 33. Número de empregos formais por setor econômico considerado como de relevância, Ferreira
Gomes, em 31 de dezembro de 2010.
TABELA 34. Remuneração média (em R$) por setor econômico de relevância, Ferreira Gomes, em 31 de
dezembro de 2010.
Os maiores salários são encontrados no setor de construção civil, o que decorre do fato
de que a demanda por esses profissionais supera a oferta de trabalhadores especializados. A
incompatibilidade entre oferta e demanda é tão alta que o salário nesse setor chega a ser mais de
seis vezes superior ao segundo maior, o do funcionalismo público. No extremo oposto, ostentando
os menores valores, encontra-se o setor ligado às atividades do setor primário, onde os trabalhadores
têm uma remuneração média apenas ligeiramente superior ao salário mínimo – considerado como
R$ 510,00 na base de cálculos do CAGED.
As profissões que mais admitiram no primeiro semestre de 2012 estão ligadas ao setor
de construção civil. Provavelmente, como citado anteriormente, isso decorre do início das obras de
construção de mais uma usina hidrelétrica no município, a UHE Ferreira Gomes. Destaque para o
número de serventes de obras admitidos em apenas seis meses, 500 trabalhadores, e para o de
armadores, 203. Os desligamentos não chegam a atingir somas preocupantes, bem como não se
concentram em um único setor, o que faz crer que fazem apenas parte da flutuação normal do
mercado de trabalho municipal.
Nas Figuras 55 e 56, são apresentados os mapas de distribuição de renda nas áreas
urbanas e rurais de Ferreira Gomes, respectivamente. Os mapas mostram como, geralmente, as
áreas mais pauperizadas são exatamente as onde é encontrada a maior carência de infraestrutura
e de serviços públicos.
FIGURA 56. Mapa de distribuição de renda na zona rural do município de Ferreira Gomes.
Apesar dos percentuais da Figura 55, ou seja, da zona urbana de Ferreira Gomes,
estarem longe de serem ideais e apontarem para uma situação de grande desigualdade de renda,
dado que apenas 23 domicílios localizados nessa área tem renda superior a 3 salários mínimos,
a realidade em zona rural é ainda pior. Na Figura 56 visualiza-se que, entre 72% e 82% dos
domicílios situados em áreas rurais do município de Ferreira Gomes auferem uma renda média
inferior a 1 salário mínimo.
O IDH, desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
é um dos índices mais utilizados para a caracterização sintética das condições de uma dada
localidade. Esse indicador, cujos dados para Ferreira Gomes estão expostos na Tabela 37, considera
tanto a oferta de saúde e de educação quanto a geração e distribuição de renda, de modo a
contemplar as três variáveis mais representativas do desenvolvimento. Quanto mais próximo de 1
o índice, melhor a condição do município.
IDH
Ferreira Gomes Amapá Brasil
1991 2000 Ev. (%) 1991 2000 Ev. (%) 1991 2000 Ev. (%)
IDH-M 0,642 0,720 12,14 0,691 0,753 8,97 0,696 0,766 10,05
IDH-M
0,649 0,753 16,02 0,667 0,711 6,59 0,662 0,727 9,81
Longevidade
IDH-M
0,752 0,854 13,56 0,756 0,881 16,53 0,745 0,849 13,95
Educação
IDH-M
0,524 0,553 5,53 0,649 0,666 2,61 0,681 0,723 6,16
Renda
Fonte: PNUD. Atlas de Desenvolvimento Humano.
Como se pode observar, o IDH-M de Ferreira Gomes, apesar de ter apresentado o maior
crescimento percentual na série exposta, fica ligeiramente abaixo do brasileiro (6%) e do amapaense
(4,6%). Esse indicador apresentou ao longo de quase uma década um aumento de pouco mais de
12%, percentual superior ao registrado para o Estado do Amapá e para o Brasil. Tal incremento
foi impulsionado, principalmente, pelo IDH-Longevidade, que ampliou seu valor em cerca de 16%,
média bem maior do que a registrada nos demais.
Por outro lado, os índices relativos à educação e à renda tiveram os menores incrementos
dentre os apresentados na Tabela 37. O que difere, no caso desses indicadores, é que educação
ainda se encontra acima da média brasileira, enquanto o IDH-Renda fica bem abaixo dos
encontrados no Estado e no país, o que mostra que a desigualdade de renda é um dos principais
problemas socioeconômicos no município.
Para facilitar a análise dos dados, a FIRJAN classificou os índices de acordo com seus
valores; assim, um IFDM entre 0 e 0,4 indica baixo desenvolvimento, entre 0,4 e 0,6 pontos,
desenvolvimento regular, entre 0,6 e 0,8 aponta para um desenvolvimento moderado e acima de
0,8 mostra-se um alto desenvolvimento.
TABELA 38. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – IFDM e variação percentual entre os períodos
apresentados, Ferreira Gomes, Edição 2008 (ano base 2000) e Edição 2011 (ano base 2009).
Isso mostra, novamente, que o maior problema de Ferreira Gomes é reflexo da distribuição
de renda e da falta de oportunidades de empregos formais. Com a análise da evolução ano a ano
desse índice disponibilizado pela FIRJAN, percebe-se que a situação na última década não tem
mostrado melhorias, pelo contrário, todos os índices estudados ao longo dos últimos cinco anos
apresentaram decréscimos que, ainda que não substanciais, permitem visualizar uma instabilidade
no processo de evolução das condições socioeconômicas locais.
Em relação aos demais municípios do Estado do Amapá, Ferreira Gomes faz parte dos
62,5% que apresentam um IFDM Consolidado de desenvolvimento regular superior (entre 0,5 e
0,6 pontos), sendo que nenhum dos municípios amapaenses atinge patamares de alto
desenvolvimento – somente Macapá e Serra do Navio apresentam melhores condições e se
classificam como municípios de desenvolvimento moderado.
Na Tabela 39 estão expostos os valores do PIB de Ferreira Gomes entre 2005 e 2009.
Na mesma tabela constam os dados estaduais, possibilitando uma breve comparação em termos
de crescimento percentual.
TABELA 39. Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes (em R$ mil) e variação percentual no período,
Ferreira Gomes e Estado do Amapá, 2005 a 2009.
Em termos percentuais, o crescimento do PIB estadual foi bem mais tímido do que o do
município de Ferreira Gomes, que, entre 2007 e 2008, vislumbrou um aumento de quase 80%.
Entretanto, apesar de ter alcançado picos percentuais elevados de acréscimo, Ferreira Gomes
mostrou comportamento instável nesse indicador na série temporal analisada, inclusive com um
decréscimo de quase 5% no último biênio exposto no gráfico. O Estado do Amapá manteve uma
linha decrescente em termos de crescimento percentual, entretanto, em nenhum ano da série
apresentou decréscimo, mantendo uma tendência mais próxima da estabilidade.
O PIB per capita, que divide o valor do PIB bruto pelo contingente populacional local,
foi o primeiro índice utilizado para analisar a qualidade de vida de uma região, visto que são comuns
os casos de locais onde se observa um PIB elevado por serem territorialmente extensos, mas que,
por contarem com um grande número de habitantes, apresentam um PIB per capita inferior ao de
outras localidades que apresentam PIB nominal e contingente populacional menor.
TABELA 40. Produto Interno Bruto per capita (em R$) a preços de mercado e variação percentual no período,
Ferreira Gomes e Estado do Amapá, 2005 a 2009.
FIGURA 58. Evolução do PIB per capita bruta (acima) e percentual (abaixo), Ferreira Gomes e Estado do
Amapá, 2005 a 2009.
Na Tabela 41 estão expostos os valores adicionados fiscais para cada setor econômico
de Ferreira Gomes, bem como suas representações percentuais em relação ao total agregado.
Ressalta-se que, em todos os anos apresentados o valor do setor terciário, que compreende serviços,
comércio e administração pública foi o mais alto, tendo sido inflado por esta última, que,
normalmente, contribui com mais de 50% do total desse setor.
TABELA 41. Valor Adicionado Fiscal (em R$1.000,00) por setor e percentual em relação ao PIB total,
Ferreira Gomes, 2005 a 2009.
É possível notar, ao observar a Tabela 41, o grande peso do setor terciário na economia
do município, destacando-se, nesse aspecto, como já mencionado, o fato de que a administração
pública é a principal responsável por agregar valor nesse setor, uma vez que as atividades de
comércio e serviços são típicas de municípios de pequeno porte.
Nota-se, analisando a série temporal, uma tendência inversa entre agropecuária e indústria.
Enquanto os percentuais e o Valor Adicionado pela primeira apresentam-se em uma série
decrescente, a indústria sai, em 2005, de uma participação de menos de 5% no PIB municipal
para, em 2009, alcançar quase 30% do total. Nesse período também se observa uma diminuição
da participação do setor terciário na composição do PIB.
FIGURA 59. Composição, por setor, do PIB Municipal, Ferreira Gomes, 2005 a 2009.
TABELA 42. Composição do Valor Adicionado Fiscal do setor terciário, Ferreira Gomes, 2005 a 2009.
7.4.2. Mineração
De acordo com a SEPLAN, em 2010, o PIB (Produto Interno Bruto) do Amapá foi superior
a R$8 milhões, com a seguinte composição percentual: 3,2% no setor primário; 10,0% no setor
secundário e 86,8% no setor terciário. A participação da produção mineral no Valor Adicionado
Bruto (a preços básicos) não chega a 2% do setor secundário; no entanto tem tido um papel
relevante no crescimento da riqueza, geração de empregos e dinamização dos municípios nos quais
a atividade está instalada. Se for considerado o PIB per capita, que é o valor da riqueza produzida
dividida para toda a população do Amapá, chega-se a um total de R$11.816,60 (R$ 1.000 a
preços correntes), em 2009, para o Estado como um todo. Já nos municípios onde a base da
economia é a mineração, os valores são mais altos: Pedra Branca do Amapari apresentou um PIB
per capita de R$12.769,37, Serra do Navio, R$27.572,90, Porto Grande, R$9.671,80 e Santana,
R$11.361,09, este último em decorrência das atividades portuárias.
No cadastro da Prefeitura de Ferreira Gomes estão registradas seis empresas que exploram
recursos minerais: duas internacionais (Zamapá Mineração S.A. e Beadell Brasil Ltda) e duas que
exploram areia, cascalho ou pedregulho, britamento de pedras e outros materiais para construção
e beneficiamento (Gran Amapá do Brasil Importação e Exportação e Agrícola Monte Sinai); as
demais não têm suas atividades especificadas.
A Beadell Brasil Ltda, de acordo com o site da empresa, tem sede em Perth, Austrália, e
explora ouro no município de Pedra Branca do Amapari. A Zamapá Mineração S.A., de origem
indiana, adquiriu uma planta de extração de ferro localizada nos municípios de Ferreira Gomes e
Tartarugalzinho em 2011 e fez sua primeira exportação, de 30 toneladas, para a China, naquele
A empresa Gran Amapá do Brasil Importação e Exportação Ltda. tem uma concessão
mineral de 50 hectares onde explora rocha granítica com boa qualidade para britagem e grande
disponibilidade no local. (MME/SEICOM/IEPA 2010:79).
FIGURA 61. Processos minerários e áreas de extração de agregados de construção civil em Porto Grande e
Ferreira Gomes
De acordo com o Censo Agropecuário 2006, última pesquisa desse segmento divulgada
pelo IBGE, existiam 162 unidades/estabelecimentos agropecuários no município, sendo 158
pertencentes a proprietários individuais, 03 a cooperativas e 01 a uma sociedade anônima de cotas
limitadas. Àquele ano, 18.423 hectares eram ocupados por estabelecimentos desse tipo,
predominando as pequenas propriedades individuais. Da área total voltada para atividades
agropecuárias, 2.432 ha (13,2%) eram utilizados para lavouras permanentes, 1.884 ha (10,2%)
para lavouras temporárias, 7.109 ha (38,6%) para pastagens naturais e 1.710 ha (9,3%) para
pastagens plantadas; os restantes 5.288 ha (28,7%) eram divididos entre matas naturais e florestas
plantadas sob algum tipo de restrição e/ou referentes à reserva legal.
Nas Tabelas 43 e 44 estão expostos os dados mais recentes acerca da área agrícola de
produção, no município de Ferreira Gomes, de acordo com os principais itens cultivados nas
lavouras temporárias e permanentes.
Lavoura Temporária
Arroz
70 21,0 70 18,6 50 14,6 45 10,1 75 12,7 90 12,7 28,5
(em casca)
Feijão
10 3,0 05 1,4 25 7,3 60 13,5 70 11,8 72 10,1 620,0
(em grão)
Mandioca 200 60,0 230 61,3 200 58,2 250 56,2 276 47,3 335 47,5 67,5
Milho
40 12,1 60 16,1 50 14,6 60 13,4 112 18,9 140 19,9 250,0
(em grão)
TOTAL 333 100 375 100 343 100 445 100 588 100 707 100 112,3
Lavoura Permanente
Lavoura Temporária
Mandioca (toneladas) 1.650 660 2.500 1.375 2.100 861 2.615 2.014 2.870 2.813 4.250 2.338 157,5 254,2
TABELA 46. Quantidade produzida e valor de produção dos itens de lavoura permanente e variação percentual no período, Ferreira Gomes, 2000 a 2010.
Lavoura Permanente
TOTAL 270 80 205 88 155 56 183 172 277 199 426 508 57,7 535,0
159
Entre 2000 e 2010 nenhum item da lavoura temporária mostrou redução de quantidade
produzida, ainda que ao longo da série apresentada sejam observadas ligeiras variações, ora
positivas ora negativas, na quantia total produzida de alguns itens. Já na lavoura permanente, a
laranja apresentou uma queda de pouco mais de 30% em quantidade produzida.
TABELA 47. Efetivos pecuários municipais (em cabeças) e variação percentual no período, Ferreira Gomes,
2007 a 2011.
TABELA 48. Valor da produção de origem animal (em mil R$) e variação percentual no período, Ferreira
Gomes, 2007 a 2011.
Variação
Tipo do
2007 2008 2009 2010 2011 % (2007-
Produto
2011)
Leite 121 95 162 183 273 125,6
Ovos de 66,6
03 03 03 04 05
galinha
Mel de 62,5
- 08 07 11 13
abelha
Total 124 106 172 198 291 134,6
Fonte: IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal.
Sobre a lenha e a madeira em tora, como se pode observar na Tabela 49, a produção de
ambas mostrou, entre 2000 e 2010, uma variação percentual de quantidade extraída bastante
acentuada, sobressaindo-se, ainda mais, o aumento percentual do valor da produção que, ao
apresentar-se superior ao da quantidade indica a elevação dos preços de mercado para os respectivos
itens e/ou a melhoria das condições de comercialização dos mesmos. Por outro lado, ao se observar
o açaí e o carvão vegetal, tanto em termos de quantidade quanto de valor, percebe-se que, apesar
do crescimento percentual elevado na última década, a exploração ainda encontra-se aquém de
seu potencial, bem como as condições de inserção no mercado e os incentivos de produção, dado
que o preço médio de ambos os produtos e as quantias extraídas ainda deixam a desejar.
A AMCEL iniciou suas atividades em terras amapaenses ao ano de 1976 com a produção
de cavacos e biomassa; após 30 anos de funcionamento, em 2006, passou a ser controlada pelas
empresas japonesas Marubeni Corporation e Nippon Paper Industries, às quais, posteriormente,
somou-se a NYK-Nippon Yusen Kaisha. Atualmente, as empresas atuam em consórcio e apresentam
uma produção anual de 900 mil toneladas de cavacos na qual são empregados, aproximadamente,
mil funcionários diretos e outros 3.000 indiretos. A empresa se destaca como propulsora do
desenvolvimento florestal e industrial do Estado, contando com bases florestais em sete municípios.
A empresa conta com aproximadamente 130 mil hectares disponíveis para o plantio de
florestas renováveis de eucalipto, aos quais se somam 180 mil hectares de reservas nativas.
Entretanto, é preciso ressalvar que, apesar da maior propriedade da empresa estar matriculada no
cartório de Ferreira Gomes, o município não é onde se situa a maior extração/arrecadação da
AMCEL, uma vez que o projeto florestal empreendido pela empresa distribui-se por outros seis
municípios do Estado do Amapá, a saber: Santana, Macapá, Porto Grande, Itaubal do Piririm,
Tartarugalzinho e Amapá. Considerada a ressalva supracitada, é preciso enfatizar a importância
das atividades da AMCEL no município, onde além de contribuir de maneira acentuada para a
composição do PIB, ainda gera vários postos de emprego formal.
TABELA 50. Valor de produção da madeira oriunda de silvicultura (em mil R$) e variação percentual no
período, Ferreira Gomes, 2003 a 2007. Informações a respeito do Estado do Amapá a título de comparação.
Variação %
2003 2007
2003 a 2007
Ferreira Gomes 90 248 175,6
Estado do Amapá 4.011 7.901 97,0
Fonte: IBGE. Pesquisa Agrícola Municipal.
Tendo feita essa ressalva, com base no apresentado na Tabela 50, percebe-se que, entre
2003 e 2007, o valor da produção de madeira oriunda de silvicultura teve um crescimento
acentuado, quase triplicando em um período de menos de cinco anos. No mesmo período, o valor
da produção estadual praticamente dobrou, o que, apesar de, em termos percentuais, ser menor,
é um crescimento bruto bem mais significativo.
O Estado do Amapá, por sua cobertura florestal bastante preservada, bem como pelos
atrativos históricos encontrados em sua capital, Macapá, e os fenômenos naturais únicos ali
vislumbrados por sua posição geográfica, tais como o equinócio e a pororoca, acaba atraindo
um fluxo considerável de turistas interessados na modalidade conhecida como ecoturismo ou
turismo verde.
QUADRO 18. Atrativos naturais e culturais e serviços e equipamentos de lazer e entretenimento, Ferreira
Gomes, 2010.
Hospedagem
Unidades
Nome Localização Leitos
Habitacionais
Rua Duque de Caxias,
Pousada Tucumã 20 36
621
Pousada Mirante do Rua Duque de Caxias,
08 12
Araguari 651
Rua Duque de Caxias,
Pousada Maramalde 11 34
401
Hotel Buriti Av. Tiradentes, 543 24 34
Rua Duque de Caxias,
Pousada do Seu João 13 30
681
Margem esquerda do rio
Thassos Hotel Araguari em frente à sede 30 -
do município
Alimentação
Nome Localização Observações
O restaurante é uma extensão da residência
Av. Costa e Silva, 327
Restaurante Raio de Sol do proprietário. Com estrutura simples,
(entrada da cidade)
serve comida caseira.
FIGURA 62. Organograma sobre a composição de um ciclo de Política Pública de acordo com Figueiredo e
Figueiredo (1986) e Frey (2000).
No caso da elaboração do Plano Diretor, levando em conta que o município não possui
este tipo de legislação em vigor, pode-se afirmar que o foco está nos três primeiros passos do ciclo,
a saber: (i) definição de problemas, (ii) conformação da agenda e (iii) formulação. No entanto, há
que se considerar que existe um trabalho de avaliação necessário para a elaboração do plano,
especialmente no que tange às políticas públicas que tratam do território e do meio ambiente nas
esferas federal e estadual, cada uma com suas legislações próprias.
Chama-se atenção, também, que, apesar do Plano Diretor pertencer à esfera municipal,
o documento deve ser coerente para com a política urbana nacional e estadual, obedecendo, dessa
forma, à estrutura hierárquica legislativa.
Nesse sentido, a análise do arcabouço jurídico-legislativo inicia-se com uma leitura dos
instrumentos jurídicos federais e estaduais, a começar com a Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, para, em seguida, abordar as leis municipais vigentes em Porto Grande.
Dada a importância da questão urbana no Brasil, uma vez que a maior parte da população
vive nas cidades e o processo de urbanização vem ocorrendo de forma intensa desde a década de
1970, a Constituição Federal dedica um capítulo especialmente para a Política Urbana.
Este capítulo está em congruência com o artigo 30, inciso VIII, que assegura ao município
a atribuição de legislar sobre o espaço urbano e questões de interesse local:
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento
à saúde da população;
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais
de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no
plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
no que tange ao planejamento municipal, dentre os quais se destaca a inclusão da área rural na
elaboração do Plano Diretor que, até então, limitava-se a planejar as áreas definidas por uma lei
de perímetro urbano como urbanizáveis.
Em seguida, no artigo 2º, estabelece uma série de diretrizes gerais para ordenar o
desenvolvimento da função social da cidade e da propriedade, das quais algumas se destacam
como eixos orientadores para a elaboração de planos municipais, em especial do Plano Diretor, a
saber: (i) garantia ao direito a cidades sustentáveis; (ii) gestão democrática por meio da participação
da população na elaboração, execução e acompanhamento de planos de desenvolvimento urbano;
(iii) cooperação entre governos e destes com a iniciativa privada, visando ao atendimento do
interesse social; (iv) planejamento das cidades e ordenamento do uso do solo, de modo a evitar e
corrigir distorções do crescimento desordenado, bem como a especulação imobiliária, vista como
um severo agravante de tais distorções; (v) oferta adequada dos serviços públicos e equipamentos
comunitários; (vi) integração entre as atividades urbanas e rurais com vistas ao desenvolvimento
socioeconômico sustentável dos municípios; (vii) proteção do patrimônio cultural e ambiental; (viii)
justa distribuição dos bônus e ônus decorrentes do processo de urbanização; (ix) recuperação, por
parte da municipalidade, dos investimentos públicos que resultam na valorização dos imóveis
urbanos, utilizando-se instrumentos específicos; (x) regularização fundiária e urbanização de áreas
ocupadas por população de baixa renda; e (xi) simplificação das leis urbanísticas para diminuição
dos custos e aumento da oferta de moradia.
Reforçando o que foi estabelecido pela Constituição, o Estatuto da Cidade afirma o Plano
Diretor como o instrumento básico da política urbana, remetendo a ele a regulamentação detalhada
de diversos instrumentos propostos em seu Capítulo II – Instrumentos da Política Urbana. Também
dedica ao Plano Diretor um capítulo específico, no qual se define seu conteúdo mínimo e a
obrigatoriedade do instrumento:
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4o do art.
182 da Constituição Federal;
I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou
utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda para
utilização, na forma do art. 5o desta Lei;
Quanto ao conteúdo mínimo assegurado pelo artigo 42, faz-se a ressalva de que, devido
ao porte do município e a configuração da dinâmica imobiliária, há a possibilidade dos instrumentos
de Outorga Onerosa do Direito de Construir, de Transferência do Potencial Construtivo e de
Operações Urbanas Consorciadas não se adequarem às necessidades decorrentes dos problemas
que Porto Grande enfrenta atualmente. No entanto, obedecendo à diretriz preconizada pela
legislação federal e prevendo-se mudanças futuras na realidade municipal, a possibilidade de uso
destes instrumentos deve ser incorporada à Lei do Plano Diretor.
Nesse sentido, o Plano Diretor deverá prever um sistema de gestão que dê condições de
participação à sociedade civil, preferencialmente de forma paritária com o poder público no que
tange à deliberação de questões estratégicas do planejamento e gestão municipal. Além disso, o
Plano Diretor deve regulamentar e detalhar as regras de funcionamento dos instrumentos previstos
no capítulo IV do Estatuto da Cidade, a saber, Conferências, Audiências Públicas e Consultas.
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial local, mediante planejamento
e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Além das questões apontadas, este capítulo ainda define conteúdos que diferem ou
detalham as orientações da legislação federal (art. 195, § 1º):
III - critérios de parcelamento, uso e ocupação do solo e zoneamento, prevendo áreas destinadas
a moradias populares com garantias de acesso aos locais de trabalho e lazer;
IV - proteção ambiental;
Art. 198. A Lei Orgânica Municipal fixará o âmbito, conteúdo básico, periodicidade,
obediência, condições de aprovação, controle e revisão do plano diretor, dispondo sobre a
competência dos órgãos de planejamento e consulta a entidades representativas da sociedade civil.
Esta questão será detalhada no item que trata da Lei Orgânica do município de Ferreira Gomes.
Além da legislação que trata diretamente das questões urbanísticas, há outros diplomas
legais que incidem sobre a questão do ordenamento territorial, os quais devem ser considerados
na elaboração do Plano Diretor, tendo especial destaque aqueles que tratam da conservação do
meio ambiente.
Estas leis trazem um conjunto de regras sobre o uso e ocupação do solo urbano e rural,
bem como sobre a gestão de unidades de conservação e dos impactos da antropização sobre o
Art. 6. Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos
Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos
e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumento legal ou convênio.
• Lei Estadual nº. 0005 de 18/08/94. Institui o Código de Proteção Ambiental ao Meio
Ambiente do Estado do Amapá. Estabelece finalidades, princípios e objetivos da
Política Estadual do Meio Ambiente. Também define os instrumentos para a execução
da política, destacando-se o planejamento ambiental, os mecanismos de licenciamento,
controle e monitoramento de atividades de impacto ambiental e as normas específicas
para os espaços territoriais especialmente protegidos. A lei exige que as unidades de
conservação e espaços territoriais especialmente protegidos possuam planos de
utilização e gestão ambiental. Para o gerenciamento dos espaços territoriais
especialmente protegidos, a lei cria o Sistema Estadual de Unidades de Conservação
(SISEUC), que tem como meta “abranger amostras representativas de todos os
ecossistemas naturais existentes no território estadual” (AMAPÁ 1994). Cabe destacar
que o Código Estadual abre a possibilidade de descentralização das atividades
fiscalizadoras e de educação ambiental mediante convênios com os municípios, fato
que se consolidou no caso de Porto Grande.
FIGURA 63. Esquema conceitual do encadeamento hierárquico da legislação urbanística, da esfera federal
até a esfera municipal.
Em seu artigo 10, a Lei Orgânica reforça a competência geral dos municípios, já prevista
na legislação federal e estadual, de legislar sobre as questões de interesse local, com vistas a
garantir o bem-estar dos habitantes do município. Detalhando esta atribuição, a lei institui uma
série de normas e instrumentos de gestão municipal que têm influência direta e indireta na
elaboração do Plano Diretor, em especial, quando se trata da forma de organização do município,
do planejamento municipal e da definição da política urbana.
XIV - Autorizar, regulamentar e fiscalizar a fixação de cartazes e anúncios, bem como a utilização
de quaisquer outros meios de publicidade e propaganda, nos locais sujeitos ao poder de policia
municipal;
Art.95 – O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, é o instrumento básico da polícia4
urbana.
Atenta-se para o fato de que, em congruência como o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor
abrange a totalidade do território, incluindo-se a área rural, para a qual poderá ser elaborado um
zoneamento de uso e ocupação do solo desde que respeitadas as normas de âmbito federal e
estadual. No mesmo artigo, determina-se que a elaboração, a implantação e o processo de avaliação
do Plano Diretor deverão contar com a participação da população e que o poder público deverá
garantir os meios de informação e as condições para que tal participação aconteça de fato.
4 Presume-se, pelo contexto em que o artigo se insere no texto da lei, que a palavra ‘polícia’ deriva de um erro de grafia,
lendo-se ‘política’ em seu lugar.
Art. 79 – Para cumprir o objetivo e as diretrizes da Política Urbana, o Poder Público poderá
intervir na propriedade, visando ao cumprimento de sua função social e agir sobre a oferta
do solo, de maneira a impedir sua retenção especulativa.
VIII – Preservação das áreas de exploração agrícola e pecuária e estímulos a essas atividades
primárias;
• O uso do instrumento de IPTU progressivo, citado nos artigos 84 e 85, bem como o
de edificação compulsória, são tratados especificamente no artigo 87, o qual estabelece
como parâmetro mínimo que os terrenos abaixo de 300m2 estão isentos da incidência
dos instrumentos supracitados.
Art.89 – É reconhecido o direito de vizinhança, seja pelas disposições desta lei Orgânica e,
especialmente, quanto ao licenciamento de obras no Município, pelo atendimento do seguinte:
III – A consulta ao processo se fará diretamente pelos interessados ou por terceiros legalmente
qualificados os quais poderão manifestar-se a respeito da observância, no projeto, dos
requisitos legais;
Com a definição das normas de uso e ocupação do solo, bem como do código de
edificações, constantes do Plano Diretor, entende-se que não há necessidade de
notificação dos vizinhos para construções que seguem as regras estabelecidas, a não
ser quando exigido por Estudos de Impacto de Vizinhança. Por outro lado, o direito dos
vizinhos de fiscalizar os processos de construção e de reivindicar adequação quando
desconformes com a norma, como determina o inciso segundo, deve ser assegurado.
Por fim, destaca-se que a Lei Orgânica do município de Ferreira Gomes não dá conta da
exigência da Constituição Estadual de fixar a periodicidade, as condições de aprovação, controle e
revisão do Plano Diretor, bem como a competência dos órgãos públicos e entidades da sociedade
civil no processo.
Em Ferreira Gomes não há necessidade do Plano Diretor para que as leis do código
urbanístico sejam instituídas no município. Entretanto, estas leis devem obedecer às orientações
dos instrumentos jurídicos superiores, em especial a Lei Orgânica no âmbito municipal. No momento
em que o Plano Diretor é elaborado, as leis urbanísticas complementares existentes devem ser
readequadas para que se forme um conjunto articulado de instrumentos jurídicos que tratem das
questões urbanas e territoriais.
Em Ferreira Gomes o único código urbanístico existente é o Código de Posturas, que data
de 2007, ou seja, é relativamente recente. A lei contém o essencial da matéria que geralmente
compõe um código de posturas, tratando dos costumes, da segurança, da ordem pública, das
normas de funcionamento das atividades comerciais, industriais e de serviços, das questões de
higiene pública e da proteção ambiental. Para que a Prefeitura possa exercer a fiscalização e o
controle dos aspectos relacionados, o código também estabelece as penalidades e os procedimentos
administrativos referentes à fiscalização e à autuação dos infratores. Sobre o Código de Posturas
de Ferreira Gomes destacam-se as seguintes considerações:
• A seção que trata de cercas e muros dá margem a interpretações diversas, pois, apesar
de admitir a possibilidade de construção de cercas, exige, no artigo 59, inciso II, que
a construção dos muros seja de alvenaria, com altura mínima de 1,5m. Destaca-se
que a lei exige que todo terreno urbano localizado em ruas pavimentadas seja cercado
ou murado, o que não vem acontecendo na prática. Não há exigências quanto à
construção de calçadas.
O código está bem estruturado, sendo dividido em dois livros, com o primeiro contendo
as questões gerais do meio ambiente no município, primordialmente: (i) a Política Municipal do
Meio Ambiente; (ii) o sistema de gestão ambiental; e (iii) os instrumentos para a execução da
política. Enquanto o segundo trata das normas e parâmetros necessários ao processo de fiscalização.
Em seguida, o Código do Meio Ambiente de Ferreira Gomes institui, em seu artigo 9º, o
Sistema Municipal de Meio Ambiente, composto por quatro categorias organizacionais, a saber:
• Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMMA). Tem por objetivo “criar condições
financeiras e de gerencia dos recursos destinados ao desenvolvimento das ações e
serviços relativos ao meio ambiente como um todo” (FERREIRA GOMES 2009). É
regulamentado por legislação específica e, dentre as várias fontes de receita previstas
na lei, figuram os recursos provenientes dos processos administrativos de atividades
de impacto ambiental e as taxas de análise de projeto e de licença ambiental, fato
envolvido num questionamento realizado pelo Ministério Público do Meio Ambiente
que será tratado em pormenores no item “8.3. Estruturação e Institucionalização da
Administração Municipal” do presente documento.
Quanto aos instrumentos, o código é bastante completo, citando inclusive o Plano Diretor
como uma das ferramentas para a garantia dos princípios da Política de Meio Ambiente. Além do
Plano Diretor, cabe destaque aos seguintes instrumentos:
5 De acordo com o Código, a SEMMA deveria estar coordenando a execução do presente trabalho, mas esta função vem
sendo realizada pelo Gabinete do Prefeito.
Ainda que algumas normas importantes para o exercício da atividade de fiscalização sejam
mais detalhadas no código ambiental, a existência de dois instrumentos legais versando sobre a
mesma matéria pode acarretar (i) dificuldades no trabalho de fiscalização, (ii) dificuldades de
apreensão das normas por parte dos cidadãos e (iii) inconsistências jurídicas que, consequentemente,
podem fazer com que as regras sejam anuladas. Ainda sobre o Livro II, algumas questões pontuais
merecem destaque por sua relação como o Plano Diretor, a saber:
• O artigo 149 reproduz as normas para áreas de proteção no entorno dos corpos hídricos
constantes do antigo Código Florestal Brasileiro. Considerando que o município pode,
• O artigo 155, em seu inciso II, exige que projetos urbanísticos com área superior a 25
hectares, ou quando localizados em área de relevância ambiental, apresentem Estudo
de Impacto Ambiental (EIA) como parte do processo de aprovação.
De maneira geral, o Código Ambiental de Porto Grande propõe uma série de ações que
ficam sob a responsabilidade da SEMMA, mas não estabelece prazos para sua consecução.
Ressalta-se que, para que o órgão dê conta de todas estas ações, há necessidade de ampliação de
sua estrutura administrativa.
Por fim, cabe destacar que o Código Ambiental do município apresenta alguns problemas
formais, a saber: (i) repetições desnecessárias que podem acarretar em confusões na apreensão e
aplicação das normas; (ii) remissão de algumas questões a anexos inexistentes6; (iii) citação do
nome de outras cidades em alguns artigos do código, provavelmente pela utilização de outras
legislações para a sua elaboração; (iv) pelo mesmo motivo, alguns artigos se remetem a legislações
de outros municípios; (v) utilização de nomenclatura variada para um mesmo instrumento, fato
que pode resultar em interpretações dúbias da lei.
6 É provável que estes anexos tenham sido elaborados para a aprovação da Lei pelo órgão legislativo municipal, entretanto,
não compunham o volume impresso repassado pela SEMMA. A subtração destes anexos impossibilitaram a análise completa do
instrumento, além de indicarem a possibilidade de problemas no cotidiano de gestão do órgão responsável por sua implementação.
EIXO VALOR
ÁGUA – ABASTECIMENTO DE ÁGUA 500.000,00
ÁGUA – ABASTECIMENTO DE ÁGUA 4.743.020,00
UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE - AMPLIAÇÃO 161.700,00
SANEAMENTO - ELABORAÇÃO DE PROJETOS 279.508,77
TOTAL 5.684.228,77
Além destes projetos, o Governo do Amapá está em negociações avançadas com o BNDES
para uma modalidade de empréstimo denominada PDR (Programa de Dinamização Regional) que
poderá aportar cerca de 1 bilhão de Reais na modernização da estrutura de arrecadação e de outras
funções públicas. Ainda com BNDES também está em negociação o PROINVEST, no valor de 25
milhões para estabelecer a interligação da Companhia de Energia do Amapá (CEA) ao Sistema
Interligado Nacional (SIN).
A alocação destes recursos de origem federal está associada aos investimentos previstos
no Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 do Governo do Amapá que foi elaborado em consulta à
sociedade, com foco territorial e de forma regionalizada, conforme a Figura 64.
Fonte: SEPLAN
A Região Centro Oeste é formada pelos municípios de Ferreira Gomes, Porto Grande,
Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio para os quais foram identificados investimentos
O território Centro Oeste concentra 5,8% do PIB do Estado em 2009, que foi de 7.4
bilhões de reais, e 5,4% da população estadual, conforme Quadro22.
QUADRO 22. População e Produto Interno Bruto na Região Centro Oeste do Amapá e Participação no Total
do Estado
POPULAÇÃO
MUNICÍPIOS % PIB (2009) %
(2010)
Porto Grande 16.809 2,7 144.603,00 2,0
Pedra Branca do Amapari 10.772 1,7 109.795,00 1,5
Serra do Navio 4.380 0.7 104.479,00 1,4
Ferreira Gomes 5.802 0.9 69.938,00 0.9
TOTAL DA REGIÃO 37.763 428.815,00
TOTAL DO ESTADO 627.177 5.4% 7.404.389.000,00 5,8
Fonte: SEPLAN
O ponto crítico, neste contexto, é a gestão pública que deverá ser aperfeiçoada, em nível
municipal e estadual, para assegurar que os investimentos previstos nos programas governamentais
sejam gastos com eficácia, eficiência e em benefício da sociedade local.
Para que o planejamento municipal seja implantado de forma efetiva faz-se necessário
uma avaliação das condições da estrutura administrativa local, tendo em vista dois fatores que
delimitam a análise: (i) a capacidade de assimilação das novas ações previstas pelo Plano
Diretor pela gestão pública municipal e (ii) as necessidades de mudanças e incrementos na
forma como a administração se organiza atualmente, com vistas a dar suporte à execução das
diretrizes do plano.
Nesta perspectiva, este item trata (i) da estrutura administrativa da Prefeitura de Ferreira
Gomes, (ii) dos mecanismos de informações da gestão e respectivas informatizações, incluindo
o cadastro técnico imobiliário e (iii) dos recursos humanos existentes. Devido ao caráter da
maioria das ações previstas em um Plano Diretor, a análise enfatiza as questões relacionadas à
gestão territorial.
FIGURA 66. Organograma geral da Prefeitura de Ferreira Gomes - primeiro nível hierárquico.
Chama atenção o fato de que a legislação que versa sobre a estrutura administrativa
repassada à consultoria não cita uma Procuradoria Geral do Município, órgão de considerável
importância para o bom funcionamento da administração municipal.
Por se tratar de uma secretaria bem estruturada e correlata às funções demandadas pela
implementação do Plano Diretor, vale destacar algumas considerações sobre a Secretaria de Meio
Ambiente. Como discorrido no item 8.1 do presente documento, a legislação estadual prevê a
possibilidade de descentralização das competências de licenciamento e fiscalização ambiental,
tendo sido Ferreira Gomes um dos municípios que aderiu a esta forma de gestão. Para tanto, a
Secretaria de Meio Ambiente teve que se preparar, criando uma divisão de licenciamento, ampliando
as funções da divisão de fiscalização para além das questões urbanas e preparando técnicos para
o exercício destas funções. Fez-se necessário, também, a criação de um Conselho do Meio
Ambiente, no qual o secretário do meio ambiente exerce a função de coordenador.
A criação do Conselho, bem como de um Fundo de Meio Ambiente são objeto do Código
Ambiental de Ferreira Gomes, tema abordado no item 8.1 do presente diagnóstico. Ainda faz parte
deste código a exigência de elaboração de um Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), ação que
não foi realizada até o momento, mas que pode ter sua função suprida pelo macrozoneamento a
ser elaborado como parte do Plano Diretor, pelos planos de manejo das unidades de conservação
e pelos dispositivos legais e de planejamento do uso do entorno dos reservatórios das hidrelétricas.
Esses instrumentos são importantes por serem exigidos no processo de descentralização da gestão
ambiental estadual.
Por outro lado, Ferreira Gomes já conta com o Conselho do Meio Ambiente, único órgão
de gestão democrática que trata mais profundamente de questões territoriais, configurando-se como
uma experiência e uma oportunidade para a ampliação da participação da sociedade civil na gestão
municipal do território. Além deste espaço de participação comunitária, já existem os conselhos
da área social, destacando-se o de saúde, educação e de assistência social, que seguem a mesma
lógica descrita para o caso das cidades.
Por fim, com relação à estrutura física, a administração pública funciona em diversos
prédios espalhados pela cidade. Destaca-se que o prédio onde funciona a Prefeitura tem um porte
reduzido, configurando-se como pouco adequado para abrigar todas as funções administrativas
necessárias à gestão municipal, oferecendo, também, poucas condições de conforto para os
funcionários que ali trabalham.
Por fim, destaca-se que, atualmente, não há planta do município em meio digital, apenas
a restituição da área urbana contratada pela empresa Ferreira Gomes Energia para a elaboração
do EIA/RIMA e dos Planos Diretores, porém, esta não contém informações de lotes.
Apesar de previsto na Lei Orgânica Municipal, não há noticia de um plano de carreira para
os servidores municipais. O plano de carreira se mostra importante por (i) incentivar o
desenvolvimento profissional contínuo dos servidores municipais, (ii) manter o pessoal capacitado
no quadro de funcionários e (iii) prever plano de qualificação profissional, visando à eficiência e à
eficácia da gestão pública.
Diante das limitadas fontes geradoras de receitas próprias e dos mecanismos pouco
eficientes de arrecadação, as ofertas municipais dificilmente suprem as demandas da municipalidade,
o que pode ser verificado quando se analisa as receitas e as despesas dos municípios brasileiros
em geral. Para o município de Ferreira Gomes esta análise procura evidenciar até que ponto há
localmente capacidade de gerar receitas próprias, sua evolução de receitas orçamentárias, o grau
de dependência das transferências, a situação financeira geral e a distribuição dos gastos entre as
principais funções públicas.
8 (1) torna os gerentes dos serviços responsáveis por resultados, ao invés de obrigados a seguir regulamentos rígidos;
(2) premia os servidores por bons resultados e os pune pelos maus; (3) realiza serviços que envolvem poder de Estado através de
agências executivas e reguladoras; e – o que é mais importante – (4) mantém o consumo coletivo e gratuito, mas transfere a oferta dos
serviços sociais e científicos para organizações sociais, ou seja, para provedores públicos não estatais que recebem recursos do Estado
e são controlados através de contrato de gestão.
9 Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF). É uma lei brasileira que
tenta impor o controle dos gastos de estados e municípios condicionados à capacidade de arrecadação de tributos desses entes políticos.
A arrecadação, por ser de diversas fontes, varia muito em função da área do município,
da população e das atividades econômicas. Em geral, o município de Ferreira Gomes apresentou
crescimento de sua receita no patamar médio de 18,8% nos últimos 10 anos (Figura 67), mesmo
com variações negativas no biênio 2000-2001 e no período de 2005 a 2007. Este crescimento
concentrou-se, principalmente, no período iniciado em 2008, sendo que a média de crescimento
atingiu um acentuado patamar de 39,25% no período compreendido entre 2009 e 2011.
FIGURA 67. Receitas Orçamentárias (em R$ 1,00), Ferreira Gomes, 2000 a 2011.
O gráfico das Receitas Orçamentárias revela que, embora os valores tenham crescido
percentualmente em torno 21% entre os anos de 2000 e 2005, os valores de receita estavam em
um patamar superior quando analisada a Receita Orçamentária Per Capita10 de Ferreira Gomes
em relação às médias dos demais municípios do Estado. Verifica-se, também, que nos anos de
2007 e 2008 o município ficou no mesmo nível dos demais municípios amapaenses e, somente
a partir de 2009 essa relação tornou-se significativamente superior em favor de Ferreira Gomes.
No mesmo período, elevou-se a taxa de crescimento de Ferreira Gomes a uma média bastante
superior à dos demais municípios.
10 A Receita Orçamentária Per Capita indica a razão entre a Receita Orçamentária e o número de habitantes da unidade
federativa estimado para o ano de referência.
O forte crescimento das Receitas Orçamentárias a partir de 2008 foi contínuo e de ampla
escala, de modo que mesmo com um crescimento populacional de 211% entre 2000 e 2011,
quando o número de habitantes de Ferreira Gomes saltou de 2.828 para 5.974 habitantes, os
valores de Receita Per Capita não se reduziram no período.
FIGURA 69. Crescimento populacional como base de comparação para o cálculo das Receitas Orçamentárias
Per Capita, Ferreira Gomes, 2000 a 2011.
FIGURA 70. Participação da Transferência sobre as Receitas Orçamentárias, Ferreira Gomes, 2000 a 2011.
Receitas próprias
11 Conforme estabelece a Constituição Federal, uma parcela das receitas arrecadadas pela União é repassada aos
municípios. O rateio da receita proveniente da arrecadação de impostos entre as três esferas de governo representa um mecanismo
fundamental para amenizar as desigualdades regionais, na busca de promover o equilíbrio socioeconômico entre estados e municípios.
12 As receitas próprias são consideradas aquelas desassociadas de qualquer tipo de transferências de outros entes
federativos que o município recebe.
A Figura 71, referente à evolução das receitas próprias de Ferreira Gomes entre 2000 e
2011, revela uma taxa de crescimento impressionante de 1.388%, ou seja, passa-se de irrisórios
R$ 76 mil em 2000, para R$ 2.441 milhões em 2011. Várias causas contribuem para este forte
crescimento, principalmente o aumento da atividade econômica local, que favorece o crescimento
da arrecadação, bem como, a valorização dos imóveis e o aumento da eficiência dos instrumentos
de arrecadação local.
Excetuando-se o ano de 2004, que apresentou uma queda de 75,02% nas receitas
próprias em relação a 2003, há uma clara tendência de crescimento destas ao longo da série,
evidenciando um maior dinamismo da economia local e a elevação da capacidade de diversificação
dos investimentos do poder público municipal em áreas desassociadas das vinculadas às receitas
de transferências.
ANO
FUNÇÃO
2002 2003 2004 2005 2009 2010 2011
Legislativa 146.381,87 175.683,00 175.683,00 252.042,04 429.421,00 426.064,35 427.422,00
Essencial à
0,00 0,00 0,00 926,07 8.761,05 7.200,00 0,00
Justiça
Defesa
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Nacional
Segurança
2.038,32 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Pública
Relações
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Exteriores
Assistência
71.980,17 150.516,14 150.516,14 21.582,50 219.170,44 534.711,83 518.578,21
Social
Previdência
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Social
Direitos da
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cidadania
Gestão
0,00 7.336,10 4.686,50 0,00 34.139,93 180.813,79 175.488,98
Ambiental
Ciência e
815,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Tecnologia
Organização
1.543,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Agrária
Comércio E
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Serviços
Desporto e
0,00 6.915,00 6.915,00 38.497,27 186.099,37 0,00 0,00
Lazer
Encargos
0,00 120.446,69 120.446,69 0,00 376.694,01 537.651,72 294.254,93
Especiais
ANO
FUNÇÃO
2002 2003 2004 2005 2009 2010 2011
Legislativa 4,85% 5,32% 5,32% 5,33% 4,79% 4,19% 3,32%
Judiciária 0,00% 0,03% 0,03% 5,33% 0,10% 0,07% 0,00%
Essencial à Justiça 0,00% 0,00% 0,00% 0,02% 0,10% 0,07% 0,00%
Administração 45,81% 49,77% 49,77% 42,32% 29,72% 21,43% 21,29%
Defesa Nacional 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Segurança Pública 0,07% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Relações Exteriores 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Assistência Social 2,39% 4,56% 4,56% 0,46% 2,45% 5,26% 4,03%
Previdência Social 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Saúde 7,12% 6,63% 6,63% 17,07% 15,14% 16,67% 17,13%
Trabalho 0,00% 0,42% 0,42% 0,00% 0,70% 0,97% 1,19%
Educação 36,22% 26,37% 26,37% 24,21% 32,31% 35,54% 35,45%
Cultura 0,00% 0,60% 0,60% 0,09% 3,02% 1,42% 4,04%
Direitos da
Cidadania 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Urbanismo 1,98% 1,27% 1,27% 0,29% 2,11% 1,59% 4,14%
Habitação 0,00% 0,18% 0,18% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Saneamento 0,08% 0,05% 0,05% 0,00% 0,02% 0,00% 0,00%
Gestão Ambiental 0,00% 0,22% 0,14% 0,00% 0,38% 1,78% 1,36%
Ciência e
Tecnologia 0,03% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Agricultura 0,60% 0,03% 0,11% 3,18% 0,00% 4,40% 5,21%
Organização
Agrária 0,05% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Indústria 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Comércio E
Serviços 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Comunicações 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Energia 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Transporte 0,80% 0,71% 0,71% 0,90% 2,90% 1,32% 0,54%
Desporto e Lazer 0,00% 0,21% 0,21% 0,81% 2,08% 0,00% 0,00%
Encargos Especiais 0,00% 3,65% 3,65% 0,00% 4,20% 5,29% 2,29%
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional/FINBRA.
13 De acordo com a Lei no 8.142/90: “Art. 4º - Para receberem os recursos Estados, DF e Municípios deverão contar
com... V- “contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento”. Para cada ente há um percentual de recursos mínimos a
serem destinados, a saber: União – valor determinado a partir do crescimento anual do PIB; Estados – 12% dos recursos próprios
provenientes de impostos; e Municípios – 15% dos recursos próprios provenientes de impostos.
9.1. Metodologia
Os dois primeiros tópicos foram elaborados com base no diagnóstico técnico realizado e
na leitura comunitária da cidade que surgiu nas Audiências Públicas. O macrozoneamento espacial
urbano e rural espacializa e sintetiza tanto o diagnóstico quanto as propostas para o município de
Ferreira Gomes.
9.2. Resultados
Para o presente documento foram dimensionados cinco aspectos principais para serem
analisados em termos de deficiências e potencialidades: ordenamento territorial, infraestrutura e
serviços, socioeconômicos, ambiental e institucional.O quadro 23 apresenta as principais
deficiências e potencialidades levantadas em campo pelos pesquisadores.
- Incentivar a diversificação dos usos na malha urbana atual e futura, de modo a otimizar
o uso e a ocupação do solo.
- Traçar diretrizes básicas de sistema viário para as áreas de expansão urbana e para
adequação da malha urbana existente em relação ao adensamento populacional e construtivo futuro.
- Ampliar as medidas de saneamento básico para as áreas urbanas com risco ambiental
promovendo a recuperação ambiental, revertendo os processos de degradação das condições físicas,
químicas e biológicas do ambiente e implantando redes de água e esgoto.
- Promover a qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais por meio do
planejamento e do controle ambiental.
- Implantar novas praças e parque municipal urbano nas áreas periféricas da malha urbana
da sede do município.
- Complementar a rede de energia elétrica nos bairros periféricos das áreas urbanizadas.
9.3.3. Socioeconômico
a) Educação
b) Saúde
c) Segurança Pública
d) Assistência Social
- Consolidar a rede de assistência social municipal como política pública de direito social
a partir da ampliação do atendimento aos cidadãos que se enquadram na categoria de vulnerabilidade
social no município.
f) Indústria
g) Comércio e Serviços
h) Turismo
i) Finanças Públicas
9.3.4. Ambiental
- Definir áreas de preservação ambiental em zona urbana, implantando limites físicos para
o monitoramento e fiscalização ambiental.
- Elaborar plano de manejo para os parques urbanos definidos pelo plano diretor.
- Desativar o cemitério da área central, localizado em região muito próxima ao rio Araguari
e em área com vocação para usos de residência, comércio e serviços, e implantar um novo cemitério
em região propícia para esse tipo de uso.
- Mapear pontos críticos com risco de inundação nas áreas urbanas do município.
9.3.5. Institucional
a) Administração pública.
Para cada macrozona são definidos objetivos específicos, conforme a realidade daquela
porção do território. As zonas especiais também apresentam objetivos e parâmetros de uso e
ocupação próprios, mas têm abrangência territorial menor que as macrozonas. Os setores especiais
têm os mesmos objetivos fundamentais que as macrozonas onde se inserem, porém com algum
aspecto específico complementar. E, por fim, os eixos são definidos quando as características e
objetivos esperados dizem respeito à determinados marcos físicos lineares, em especial vias e rios.
QUADRO 24. Denominação da macrozona, características e objetivos, zona urbana de Ferreira Gomes
QUADRO 25. Denominação da macrozona, características e objetivos, zona rural de Ferreira Gomes.
TÍTULO I
DO PLANO DIRETOR
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º. Esta lei institui o Plano Diretor e o Perímetro Urbano no município de Ferreira Gomes.
CAPÍTULO II
DA DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO URBANO
Art. 3º. O perímetro urbano, aprovado nesta lei e parte integrante do Plano Diretor, é
descrito conforme ANEXO I e classifica, para todos os fins legais, como urbano o território nele
inscrito.
Parágrafo único. Fica o Poder Executivo autorizado a definir, por meio de decreto, informações
complementares necessárias à identificação dos limites do perímetro urbano estabelecidos nesta
lei.
I – A delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos trechos sujeitos a controle
especial em função de ameaça de desastres naturais;
CAPÍTULO III
DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA URBANA
Art. 5º. As diretrizes da política urbana do município de Ferreira Gomes serão organizadas
em 5 (cinco) eixos:
I – Do ordenamento territorial;
III – Socioeconômico;
IV – Ambiental; e
V – Institucional.
X – A definição das diretrizes básicas de sistema viário para as áreas de expansão urbana e
para adequação da malha urbana existente em relação ao adensamento populacional e construtivo
futuro;
XIV – A definição de diretrizes de controle do uso e ocupação do solo para área urbana do
Distrito do Paredão em conformidade com a legislação federal que versa sobre as áreas de entorno
de barragens e reservatórios.
XII – A implantação de novas praças e de parque municipal urbano nas áreas urbanas da
sede do município;
b) Elevação da qualidade da rede pública municipal e estadual de ensino por meio de apoio
e desenvolvimento de projetos e programas voltados à educação infantil e ao ensino fundamental
e médio;
a) Redução dos índices de mortalidade infantil a partir de programas de saúde que ampliem
a atenção especializada ao pré-natal, parto e pós-parto;
III – Elaborar um plano de arborização pública para a área urbana do município, priorizando
o uso de espécies nativas;
IV – Elaboração do plano de manejo para os parques urbanos definidos pelo Plano Diretor;
VII – Mapeamento de pontos críticos de risco de inundação nas áreas urbanas do município;
XII – Promoção da educação ambiental como instrumento para sustentação das políticas
públicas ambientais, buscando a articulação com as demais políticas setoriais;
XIII – Promoção da qualidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais por
meio do planejamento e do controle ambiental;
XIV – Promoção do manejo da vegetação urbana de forma a garantir a proteção das áreas
de interesse ambiental e da diversidade biológica natural;
a) Administração Pública;
CAPÍTULO IV
DO MACROZONEAMENTO URBANO E RURAL
I – Macrozona Urbana;
Art. 11. A Macrozona Urbana abrange o perímetro urbano e é subdividida em zonas para
fins de gestão urbana.
Parágrafo único. O zoneamento, parte integrante desta lei em capítulo próprio, classifica e
delimita as zonas urbanas integrantes da macrozona urbana.
III – Ordenar e monitorar o uso e ocupação do solo rural de acordo com o Zoneamento
Agroecológico do Município de Ferreira Gomes;
III – Garantir a proteção dos recursos hídricos, das belezas cênicas e dos sítios históricos
e arqueológicos;
Art. 14. A Macrozona de Uso Especial dos Reservatórios caracteriza-se pela área de parte
do futuro reservatório da UHE Cachoeira Caldeirão, localizada em Ferreira Gomes, pelo futuro
reservatório da UHE Ferreira Gomes e pelo reservatório da UHCN, bem como pelos perímetros
definidos pelos respectivos Planos Ambientais de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório
Artificial (PACUERA), acolhendo e recepcionando integralmente as regras de uso definidas em
cada um dos planos.
Parágrafo único. Incentivar o uso múltiplo das águas por parte do futuro reservatório da
UHE Cachoeira Caldeirão, localizada em Ferreira Gomes, pelo futuro reservatório da UHE Ferreira
Gomes e pelo reservatório da UHCN com vistas a:
II – Recreação;
IV – Aquicultura e pesca;
II – Incentivar o uso múltiplo das águas com vistas ao abastecimento para o consumo
humano, recreação, irrigação, aquicultura e pesca, navegação e harmonia paisagística.
CAPÍTULO V
DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA
Art. 17. Leis municipais específicas, baseadas neste plano diretor, poderão determinar a
aplicação dos instrumentos descritos nos artigos 28, 29, 32 e 35 da Lei Federal 10.257 de 10
de julho de 2001 no interior da macrozona urbana.
SEÇÃO I
DO DIREITO DE PREEMPÇÃO
Art. 18. O município de Ferreira Gomes tem preferência para a aquisição de imóvel
urbano objeto de alienação onerosa entre particulares quando estiver incluído em área prioritária
delimitada pela lei de uso e ocupação do solo ou lei municipal específica.
§1º A lei que delimitar a área para o exercício do direito de preempção deve fixar o prazo
de vigência, não superior a 5 (cinco) anos, renovável a partir de 1 (um) ano após o decurso do
prazo inicial de vigência.
I – Regularização fundiária;
§4º As finalidades previstas no parágrafo anterior deverão estar previstas para as áreas
prioritárias demarcadas para o exercício do direito de preempção.
Art. 19. O proprietário de imóvel inserido em área prioritária demarcada para o exercício
do direito de preempção deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o Município,
no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo.
§1º À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada por
terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições de pagamento e
prazo de validade.
§2º O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local ou regional
de grande circulação, edital de aviso da notificação recebida nos termos do caput e da intenção
de aquisição do imóvel nas condições da proposta apresentada.
§6º Ocorrida a hipótese prevista no §5º, o Município poderá adquirir o imóvel pelo valor da
base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for inferior àquele.
SEÇÃO II
ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA
I – adensamento populacional;
IV – valorização imobiliária;
VI – ventilação e iluminação;
§1º As atividades classificadas como inadequadas para instalação no eixo ou zona requerido
pelo interessado não podem ser submetidas a Estudo de Impacto de Vizinhança para a obtenção
de licenciamento.
§2º Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para
consulta, no órgão municipal responsável pelo licenciamento, por qualquer interessado.
§3º O Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) será apresentado em uma audiência
pública que deverá ter a participação da população diretamente afetada pela atividade, em uma
distância de 500 (quinhentos) metros a partir dos limites do terreno do empreendimento.
§4º Após a realização dos estudos e da audiência pública, os resultados serão apresentados
em um Relatório de Impacto de Vizinhança, que será submetido à apreciação do órgão municipal
responsável pelo licenciamento de atividades.
CAPÍTULO VI
DAS DIRETRIZES DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA
Art. 21. A regularização fundiária em áreas urbanas, prevista pela Lei Federal 11.952 de
25 de junho de 2009, deverá respeitar as seguintes diretrizes:
III – Será tolerada, durante prazo estabelecido em lei específica, a ocupação pré-existente
sobre a faixa de domínio do sistema viário urbano, quando esta tiver sido realizada antes da
aprovação da lei que estabelece as dimensões do sistema viário urbano;
Parágrafo único. Após o término do prazo mencionado pelo inciso III deste artigo, não será
mais tolerada a ocupação sobre o sistema viário, e será exigido do ocupante que:
TÍTULO II
DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA
IV – Consultas públicas;
V – Oficinas de participação;
IX – Cadastro Multifinalitário.
Art. 23. A Conferência da Cidade de Ferreira Gomes será realizada a cada 2 (dois) anos,
e terá como objetivos:
Art. 24. O Conselho da Cidade de Ferreira Gomes será formado por 20 (vinte) membros,
sendo 10 (dez) indicados pelo poder público, e 10 (dez) indicados pela sociedade civil, e terá
caráter deliberativo.
a) 5 (cinco) membros indicados pela Câmara de Vereadores de Ferreira Gomes, por ato de
sua mesa diretora;
b) 5 (cinco) membros indicados pela Prefeitura Municipal de Ferreira Gomes, por meio de
portaria expedida pelo chefe do Poder Executivo.
Art. 25. No prazo de até 12 (doze) meses após a entrada em vigor deste Plano Diretor, o
município deverá adotar as medidas necessárias para:
a) Conselho da Cidade de Ferreira Gomes, previsto pelo art. 22, inciso II, do Plano Diretor;
b) Conselho Municipal de Segurança Pública, previsto pelo art. 7º, inciso III, alínea “a”,
do Plano Diretor;
c) Conselho de Desenvolvimento Agrícola Rural, previsto pela Lei Orgânica, art. 208,
parágrafo único;
Art. 26. No prazo de até 24 (vinte e quatro) meses após a entrada em vigor deste Plano
Diretor, o município deverá adotar as medidas necessárias para:
III – A elaboração e aprovação dos planos de manejo dos parques urbanos previstos pelo
art. 8º, inciso IV, deste Plano Diretor;
IV – A elaboração e aprovação do Plano de Desenvolvimento Agrícola e Rural;
Art. 27. O perímetro urbano definido nesta lei deverá ser revisado após a elaboração e
aprovação do plano de manejo do Parque Municipal e sua respectiva delimitação definitiva.
Art. 28. Os demais dispositivos desta lei que dependam de regulamentação devem ser
regulamentados no prazo de 120 (cento e vinte) dias.
Prefeito
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta lei estabelece normas complementares ao Plano Diretor, dispõe sobre o
zoneamento municipal, disciplina e ordena o uso e ocupação do solo urbano do Município, dispõe
sobre o parcelamento do solo e sobre o sistema viário urbano.
Art. 2º Para cada eixo, setor ou zona serão definidas normas específicas de uso, ocupação,
aproveitamento e parcelamento do solo.
Art. 4º As normas desta lei não substituem nem isentam de obediência as normas sobre
edificações e posturas.
ZONEAMENTO MUNICIPAL
Art. 5º Para os fins desta lei, o Município do Ferreira Gomes é classificado nas zonas e
eixos a seguir indicados:
Parágrafo único. O mapa de zoneamento faz parte integrante desta lei, ANEXO I.
Art. 6º As zonas são constituídas por extensões do território municipal com características
semelhantes e passíveis da aplicação das mesmas diretrizes e parâmetros de uso e ocupação
do solo.
Art. 7º Os setores são constituídos por extensões do território municipal com características
especiais que exigem diretrizes e parâmetros específicos de uso e ocupação do solo que se
sobrepõem, naquilo que forem mais restritivos, aos parâmetros definidos pela zona.
Art. 8º Os Eixos de Comércio e Serviços são constituídos pelas vias estruturantes da malha
urbana que, por suas características físicas, de infraestrutura e por sua localização, comportam
maior adensamento e concentração de usos não residenciais.
§1º Os parâmetros do Eixo de Comércio e Serviços são aplicáveis nos lotes com testada
para a via classificada, e afetam o interior do lote até a profundidade máxima de 50 (cinquenta)
metros, contados do alinhamento predial definido pelo sistema viário.
§2º Os Eixos de Comércio e Serviços são compostos pelas seguintes vias públicas:
I - Rua Tiradentes, a partir da Avenida Costa e Silva até a Avenida Coaracy Nunes;
II - Avenida Coaracy Nunes, a partir da Rua Tiradentes até o final de sua extensão;
III - Rua Castelo Branco, a partir da Avenida Costa e Silva até a Avenida Piauí.
§3º No ato de aprovação do parcelamento do solo para uso urbano, as vias definidas pela
Lei de Sistema Viário como Estruturais passam automaticamente a integrar os ECS, adotando as
normas e os instrumentos urbanísticos dos referidos eixos.
I - Promover a mudança, a longo prazo, de usos ligados aos serviços públicos para usos
relacionados às atividades de turismo, lazer e recreação;
§3º Deverá ser elaborado plano paisagístico-urbanístico para a Zona Turística Prioritária
1, contemplando:
III - Quiosques para instalação de serviços de alimentação, considerando toda sua extensão;
V - Sinalização horizontal e vertical das vias, intersecções e acesso à orla, bem como
comunicação visual orientativa das áreas de lazer.
Art. 10. A Zona de Uso Misto caracteriza-se pela maior parte da malha urbana atual, com
diversidade de usos e predominância do uso residencial.
§2º Deverá ser elaborado plano específico de saneamento para a Zona Especial de
Habitação Tradicional, contemplando sistema de esgotamento sanitário, de abastecimento de
água e de coleta de resíduos sólidos adaptados a moradias em palafita.
Art. 12. A Zona Especial de Interesse Social caracteriza-se por terrenos sem utilização e
com características físico-ambientais propícias para a ocupação urbana.
Art. 13. A Zona de Expansão Urbana caracteriza-se pelo relevo levemente acidentado e
poucos maciços de vegetação, obedecendo aos critérios aceitáveis para urbanização.
§2º No ato de aprovação do parcelamento do solo para uso urbano, a área parcelada passa
automaticamente a integrar a Zona de Uso Misto, estando sujeita às normas e aos instrumentos
urbanísticos incidentes sobre esta última.
§2º Deverá ser realizado projeto urbanístico específico abrangendo todos os terrenos da
ZIS, definindo-se:
Art. 15. A Zona de Proteção Permanente localiza-se a oeste da malha urbana e é marcada por
fundos de vale e porções de alta declividade, configurando-se como impróprias para urbanização.
Art. 17. A Zona de Uso Controlado compreende a área urbana do Distrito do Paredão.
Parágrafo único. Os parâmetros de uso e ocupação do solo da ZUC serão definidos pelo
PACUERA da UHE Ferreira Gomes.
Art. 18. O Setor de Uso Institucional localiza-se entre o centro e o bairro Montanha, com
características propícias para abrigar os serviços públicos que atualmente se encontram na região
da orla do rio Araguari.
I - Concentrar os usos relacionados aos serviços públicos, de forma a liberar espaço na orla
para atividades de turismo, lazer, recreação e habitação;
§3º A área construída abaixo do nível indicado no parágrafo anterior poderá ser utilizada
como garagem, depósito e outras funções que não acarretem em riscos aos moradores e usuários
e perdas materiais significativas.
Seção I
DA CLASSIFICAÇÃO
Art. 21. De acordo com sua classificação, em cada zona ou eixo, as atividades urbanas
serão consideradas como:
Art. 23. O interessado pela instalação de atividade ou renovação de alvará deverá requerer
ao órgão responsável pelo licenciamento de atividades consulta a respeito dos parâmetros de uso
para a atividade pretendida no local, apresentado:
Art. 24. A consulta solicitada no artigo anterior será respondida pelo órgão responsável
pelo licenciamento no prazo de 3 (três) dias, e informará:
Art. 25. Se a atividade for declarada permitida ou, se for tolerada, receber deliberação
favorável do Conselho da Cidade de Ferreira Gomes ou, se for de grande ou especial impacto,
tiver o seu Relatório de Impacto de Vizinhança aprovado pelo órgão municipal responsável e
pelo Conselho da Cidade de Ferreira Gomes, será concedido ao requerente, após confirmação do
§2º O alvará será concedido pelo prazo de 2 (dois) anos, salvo deliberação do Conselho da
Cidade de Ferreira Gomes.
§3º Fica o poder executivo autorizado a editar, por decreto, normas para a renovação
automática de alvarás, desde que atendidos integralmente os parâmetros previstos na legislação
municipal.
Art. 26. Conforme as definições para cada zona ou eixo, as edificações deverão guardar
afastamentos frontais, laterais e de fundos em relação às divisas do terreno.
Parágrafo único. Os afastamentos das divisas nos casos em que a edificação disponha
de aberturas ou vãos para luz ou ventilação devem observar as normas do código de obras e a
legislação estadual e federal, em especial, o Código Civil brasileiro, sem o prejuízo da exigência de
afastamentos maiores.
Art. 27. A projeção horizontal das edificações sobre o terreno não pode ultrapassar o
percentual definido pela taxa de ocupação para a zona ou eixo no qual o terreno se insere.
Art. 28. O aproveitamento dos terrenos é indicado pela razão entre a área construída no
terreno e a área total do terreno, configurando o Coeficiente de Aproveitamento.
§1º Para cada zona ou eixo deve ser definido um Coeficiente de Aproveitamento básico,
que indica o maior aproveitamento que pode ser autorizado para as edificações na referida zona
ou eixo.
Art. 29. É definida a taxa de permeabilidade, aplicável a cada zona ou eixo, que indica
o percentual da área do terreno que deve permanecer permeável, livre de qualquer edificação ou
cobertura não drenante, que impeça a infiltração de água no solo.
Art. 33. A consulta solicitada no artigo anterior será respondida pelo órgão responsável
pelo licenciamento no prazo de 3 (três) dias, e informará os parâmetros previstos na legislação
municipal e normas complementares para edificação e ocupação no endereço solicitado.
Parágrafo único. A consulta terá validade de 30 (trinta) dias, salvo alterações na legislação
e normas complementares que revoguem ou alterem os parâmetros informados na consulta.
Art. 34. Após obter a resposta da consulta, o interessado deverá apresentar ao órgão
municipal de licenciamento requerimento instruído com:
§1º O requerimento será apreciado pelo órgão municipal de licenciamento, que analisará a
conformidade do projeto e dos dados da construção com a consulta e com a legislação municipal,
e emitirá parecer de aprovação, rejeição ou de exigências complementares para o requerimento.
DO PARCELAMENTO DO SOLO
Seção II
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 35. O parcelamento do solo depende de expressa aprovação pela Prefeitura Municipal,
e somente poderá ser realizado quando em conformidade com a lei.
§1º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos dentro do perímetro
urbano, isto é, em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim
definidas nesta lei.
§2º O parcelamento do solo, para fins de loteamento, em áreas com declividade entre 0%
e 0,5%, isto é, terrenos totalmente planos, somente será admitido se garantidas as condições de
escoamento de águas superficiais e subterrâneas.
II - Terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que
sejam previamente saneados;
III - Terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas
exigências específicas das autoridades competentes;
Art. 36. A infraestrutura básica dos parcelamentos, indispensável para a plena execução
de qualquer projeto, é constituída pelos equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais,
iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública
e domiciliar e vias de circulação.
§2º As vias devem ser pavimentadas conforme os parâmetros estabelecidos pelo órgão
técnico municipal.
Art. 39. A tabela de parâmetros urbanísticos de parcelamento do solo para cada eixo, setor
ou zona faz parte integrante desta lei, no ANEXO III.
Seção III
DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS PARA PARCELAMENTOS
Art. 40. É definido, para cada zona ou eixo, o tamanho mínimo de lote e de testada para
fins de desmembramento ou loteamento.
Art. 41. Em loteamentos, as áreas destinadas aos sistemas de circulação, aos sistemas
de drenagem do solo, à implantação de equipamentos urbanos e comunitários, bem como aos
espaços livres de uso público, serão reservadas à razão de, pelo menos, 35% (trinta e cinco por
cento) da área total loteada.
Parágrafo único. A Prefeitura poderá exigir o incremento da área destinada ao uso público
quando houver necessidade de equipamentos públicos pelo aumento do contingente populacional
na área do loteamento.
Art. 42. As vias do loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais,
existentes ou projetadas, previstas nesta lei ou nas diretrizes viárias expedidas pelo Poder Executivo,
e harmonizar-se com a topografia local.
Art. 44. É dispensada a fixação de diretrizes prevista pelos arts. 6º e 7º da Lei Federal
6.766 de 19 de dezembro de 1979 e alterações posteriores, facultado ao município estabelecer
em decreto a localização de áreas de uso público, uso institucional e para implantação de
equipamentos urbanos e comunitários.
Seção V
DO PROJETO DE LOTEAMENTO E ANÁLISE PELO MUNICÍPIO
Art. 45. Orientado pelas diretrizes previstas no Plano Diretor, nesta lei e em decretos
e regulamentos específicos, o interessado apresentará projeto de parcelamento contendo
desenhos, memorial descritivo e cronograma de execução das obras com duração de até quatro
anos, acompanhado de certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo Cartório de
Registro de Imóveis competente, de certidão negativa de tributos municipais e do competente
instrumento de garantia.
Parágrafo único. Os documentos devem ser assinados pelo proprietário ou seu representante
legal e por profissional devidamente habilitado.
II - Localização de áreas verdes existentes, cursos d’água, lagoas, áreas alagadiças e áreas
sujeitas a inundações;
III - Localização de faixas de domínio público, como vias, ferrovias, linhas de transmissão
e similares.
V - Construções existentes;
VII - Afastamentos frontais exigidos para o eixo, setor ou zona urbana, devidamente cotados;
VIII - Dimensões lineares e angulares do projeto, com raios, cordas, arcos, pontos de
tangência e ângulos centrais das vias;
XII - Indicação em planta e perfis de todas as linhas de escoamento das águas pluviais;
Art. 47. A planta geral do loteamento deverá conter um quadro que indique o número total
de lotes e quadras, áreas destinadas para implantação de equipamentos urbanos e comunitários,
área destinada a áreas verdes e praças, área útil do loteamento, área destinada ao arruamento,
outras áreas com restrição caso existam, e respectivos percentuais.
Art. 48. A planta geral do loteamento deverá conter ainda um quadro com os seguintes dizeres:
Art. 50. O loteador terá um prazo de 30 (trinta) dias para atender a qualquer pedido de
esclarecimento ou apresentação de elementos elucidativos formulados pelo município.
Art. 51. O município poderá, na análise do projeto para sua aprovação, recusar as áreas
a serem doadas ou os lotes a serem caucionados em cada etapa do loteamento e escolher outros.
Seção VII
DA APROVAÇÃO DOS PROJETOS DE PARCELAMENTO
Parágrafo único. O projeto aprovado deverá ser executado no prazo constante do cronograma
de execução, sob pena de caducidade da aprovação.
Art. 56. Para efeitos desta Lei, as vias do Município de Ferreira Gomes classificam-se de
acordo com a seguinte hierarquia e função:
III - Via estrutural especial – além de cumprir as mesmas funções da via estrutural,
corresponde à via onde poderá haver maior concentração de usos não residenciais, conforme
diretrizes estabelecidas na Lei de Municipal de Uso e Ocupação do Solo;
§1º O mapa de sistema viário, com as diretrizes viárias, traçados existentes e projetados
para as vias, conforme a tipologia prevista neste artigo, fazem parte integrante desta lei, ANEXO IV.
§2º O mapa do sistema cicloviário faz parte integrante desta lei, ANEXO V.
§3º Novas vias poderão ser definidas e classificadas de acordo com o caput deste artigo,
sempre com a finalidade de acompanhar a expansão e a urbanização da cidade.
Seção VIII
DAS DIMENSÕES DAS VIAS
Art. 57. Objetivando o perfeito funcionamento das vias, são considerados os seguintes
elementos:
I - Caixa da via - distância definida em projeto entre os dois alinhamentos prediais em oposição;
II - Pista de rolamento - espaço dentro da caixa da via onde são implantadas as faixas de
circulação e o estacionamento de veículos;
Art. 58. Os padrões de urbanização para o Sistema Viário obedecerão aos requisitos
estabelecidos pelo Poder Executivo Municipal quanto:
II - Ao tratamento paisagístico;
§1º As vias locais sem saída, com bolsão de retorno, apresentarão uma extensão máxima
de 200m (duzentos metros) medida da via de acesso mais próxima.
§2º A declividade máxima aceita será de 20% (vinte por cento) para as vias.
§3º Para a declividade acima de 15% (quinze por cento) deverá ser exigida a pavimentação
e o sistema de drenagem, exceto para as vias coletoras, cuja declividade máxima será de 15%
(quinze por cento).
§1º Todas as vias abertas à circulação de veículos e com o pavimento definitivo implantado
permanecerão com as dimensões existentes até a realização de obras de recuperação e/ou
ampliação, quando deverão se adequar às diretrizes de dimensionamento estabelecidas no ANEXO
VI desta lei.
§3º A revisão do perfil das vias pode ser realizada mediante aprovação do Conselho da
Cidade de Ferreira Gomes, em vista de projeto urbanístico específico, desde que respeite as funções
da via descritas nesta lei.
§4º O traçado, o perfil e o dimensionamento da via de lazer deverão ser definidos por
projeto urbanístico específico, incluindo a implantação de ciclovia.
Prefeito
(1) Parâmetros aplicados para terrenos ainda não parcelados para fim urbano;
278
(1) Os lotes com frentes para vias que se caracterizam por zonas diferentes, prevalecem os critérios da zona de maior restrições de uso e ocupação
do solo.
(5) Para edificações de um pavimento deverá ser obedecida a tabela acima; para construções acima de dois pavimentos o recuo mínimo será de 3
(três) metros.
(6) Parâmetros aplicados para terrenos ainda não parcelados para fim urbano.
Ver Anexo IV – Mapa de Sistema Viário
Ver Anexo V – Mapa do Sistema Cicloviário
Ver Anexo VI – Dimensões Mínimas e o Perfil das Vias
Anexo VII – Relação de Atividades e Classificação de Usos
a.1) Vicinal
Atividades de pequeno porte, até 100 m2, de utilização imediata e cotidiana, destinada a atender
determinado bairro ou zona, tais como:
- Mercearias, açougues, padarias, quitandas, farmácias, drogarias.
- Lanchonetes, bares, casas de chá, cantinas, cafeterias, sorveterias.
- Salões de beleza, institutos de beleza, boutiques, barbearias.
- Sapatarias, chaveiros, armarinhos, revistarias, papelarias, livrarias, floriculturas.
- Casas lotéricas, jogos eletrônicos, consultórios, escritório de comércio varejista.
- Endereços comerciais, referências fiscais.
- Atividades profissionais, não incômodas, exercidas na própria residência.
- Serviço de desenho, digitação, manicure, artesanatos.
- Postos de telefonia, de correios e telégrafos, de bancos, de vendas.
a.2) Geral
Atividades de porte médio, até 500m2, de utilização imediata intermitente, destinada a atender
determinado bairro ou zona, tais como:
- Escritórios de profissionais liberais, de prestação de serviços, escritórios administrativos.
- Academias de ginástica, lavanderias, comércio de material de construção, comércio de veículos
e acessórios.
- Boutiques.
- Ateliês, galerias de arte.
- Estacionamento comercial.
- Laboratórios de análises clínicas, radiológicos, fotográficos e similares.
- Agências bancárias, de jornal, de turismo.
- Oficinas de eletrodomésticos.
- Lojas de ferragens, materiais domésticos, calçados e roupas.
a.3) Setorial
Atividades comerciais e de prestação de serviços destinadas ao atendimento de maior abrangên-
cia, de porte acima de 500m2, tais como:
- Atividades classificadas como Comércio e Serviço Geral, mas que excedam 500m2.
- Instituições bancárias, entidades financeiras, sedes de empresa.
- Escritórios de comércio atacadista.
- Imobiliárias, clínicas.
- Centros comerciais, serviços públicos.
- Super e hipermercados.
- Clubes.
- Serviço de lavagem de veículos.
- Impressoras, editoras.
- Grandes oficinas, oficinas de lataria e pintura.
- Comércio atacadista, comércio varejista de grandes equipamentos.
- Armazéns gerais, depósitos.
- Entrepostos, cooperativas, silos.
- Cerâmica, marmorearias.
- Depósitos de inflamáveis.
- Agenciamento de cargas, transportadoras.
- Hospital veterinário, canil, hotel de animais.
- Cinemas.
- Teatros.
- Museus.
- Galerias de arte.
- Boates, danceterias e similares.
- Casas de diversão noturna.
- Boliches.
- Clubes sociais e esportivos.
- Casas de espetáculo.
- Centros de recreação.
- Salões de festas.
CAPÍTULO I
DO CONSELHO DA CIDADE DE FERREIRA GOMES
Art. 1º O Conselho da Cidade de Ferreira Gomes, previsto pelo art. 21, II, do Plano Diretor
de Ferreira Gomes, é criado e tem sua composição definida por esta lei.
Art. 1º O Conselho da Cidade de Ferreira Gomes é formado por 20 (vinte) integrantes, sen-
do 10 (dez) representantes do Poder Público Municipal e 10 (dez) representantes dos segmentos
da Sociedade Civil, assim designados:
a) 5 (cinco) membros titulares e 5 (cinco) suplentes indicados pelo Poder Executivo Muni-
cipal por meio de Portaria;
b) 5 (cinco) membros titulares e 5 (cinco) suplentes indicados pelo Poder Legislativo Mu-
nicipal, aprovados no plenário da Câmara e indicados por meio de ato da Mesa da Câmara.
II - Sociedade Civil:
§1º O mandato dos Conselheiros titulares e suplentes é de 2 (dois) anos contados da data
da posse.
§2º Os Conselheiros tomam posse na primeira reunião do Conselho realizada sob a nova
composição.
§4º Para cada membro titular deve ser designado 1 (um) membro suplente.
§5º Na ausência do titular, o suplente participará da reunião com plenos poderes de voz
e voto.
§6º Em qualquer situação os suplentes podem participar como observadores com direito
a voz.
Art. 3º A primeira reunião do Conselho da Cidade de Ferreira Gomes será convocada pelo
Prefeito Municipal ou por seu representante indicado, que assumirá a Presidência do Conselho da
Cidade de Ferreira Gomes.
CAPÍTULO II
DOS INSTRUMENTOS DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA
§1º O Conselho da Cidade de Ferreira Gomes, quando convocar a Conferência, o fará por
meio de ato próprio, definido em seu regimento interno, respeitando, no mínimo, o mesmo prazo
estabelecido no caput, e dando à convocação e ao regimento da Conferência a devida publicidade,
devendo ser assegurado o apoio do município para a divulgação.
§2º É livre a participação de todos os cidadãos, assegurado o direito a voz e voto, na Con-
ferência da Cidade de Ferreira Gomes, salvo se o regimento da Conferência previr a realização de
etapas prévias para a escolha de delegados, situação em que a participação será livre durante a
etapa preparatória para escolha de delegados, mas o direito ao voto na Conferência será assegura-
do exclusivamente aos delegados eleitos para este fim, ou seus suplentes, na forma do regimento.
Parágrafo único. Em qualquer caso, deve ser dada a devida publicidade para a audiência
pública, com a divulgação da pauta, data, horário e local em que será realizada, sempre com an-
tecedência mínima de 15 (quinze) dias da sua realização.
Prefeito
III - Empréstimos que venham a ser contraídos junto a entidades públicas ou privadas;
Prefeito
AMAPÁ. 1994. Assembleia Legislativa. Lei Estadual nº. 0005/1994 - Código de Proteção Ambiental ao
Meio Ambiente do Estado do Amapá. Macapá.
AMAPÁ. 2006. Assembleia Legislativa. Lei Estadual 1028/06 – Institui a Floresta Estadual do Amapá.
Macapá.
ANDRADE, Rosemary Ferreira de. 2005. Malária e migração no Amapá: projeção espacial num contexto
de crescimento populacional. Tese de Doutorado apresentada ao Núcleo de Altos Estudos Amazônicos,
UFPA, Belém – PA.
BRASIL. 2001. Câmara dos Deputados. Estatuto da cidade: Guia para implementação pelos municípios
e cidadãos. Brasília: Coordenação de Publicação, 273p.
CI. Conservation International do Brasil. 2007. Corredor de Biodiversidade do Amapá. Editora Ipsis, São
Paulo – SP.
EMBRAPA. 2006. Sistema brasileiro de classificação de solos. Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 2ª
Edição, Rio de Janeiro – RJ.
FERREIRA GOMES. 2009. Câmara dos Vereadores. Lei 010/2009 – Código Municipal do Meio
Ambiente.
FREY, K. 2000. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de
políticas públicas no Brasil. Planejamento e Políticas Públicas, n. 21, p.211-259, junho, 2000.
GUIMARÃES, Renato. 2000. Dois estudos para a mão esquerda: Cabanagem – guerrilha ou luta de
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