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Tubarão-branco

Por Joice Silva de Souza


Mestre em Ciências Biológicas (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)

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Considerado o predador mais feroz dos oceanos, o tubarão-branco desperta medo e
admiração há pelo menos 40 décadas, desde sua famosa retratação no cinema
hollywoodiano. No entanto, sua reputação de ‘man-eater’ (em inglês, predador de
humanos) está longe da realidade deste animal, que não apresenta preferência alimentar
por seres humanos.
Tubarão branco. Foto: Alexius Sutandio / Shutterstock.com

Anatomia
O tubarão-branco (Carcharodon carcharias) é uma das espécies mais famosas a habitar
os oceanos ao redor do globo, e povoa o imaginário popular devido à sua retratação em
várias obras cinematográficas, dentre as quais ‘Tubarão’, dirigida por Steven Spielberg,
é a mais célebre.
Este animal apresenta corpo em formato de torpedo, que facilita sua natação, e pode
atingir até 6,5 metros de comprimento, pesando cerca de 3,4 toneladas. Entre suas
características morfológicas está o focinho pontiagudo, grandes nadadeiras peitorais,
uma nadadeira dorsal triangular relativamente alta e nadadeira caudal homocerca. As
nadadeiras, inclusive, atuam como importantes propulsores destes animais, que podem
alcançar uma velocidade de até 24km/h.

O tubarão-branco possui várias fileiras de dentes serrilhados em sua boca (cuja abertura
pode alcançar até 1,2 m), o que inclusive motivou o nome de seu gênero: a
palavra carcharos vem do Grego e traduz-se como áspero/imperfeito,
enquanto odon significa dentes. Estes tubarões apresentam dorso acinzentado e ventre
esbranquiçado, e detectam compostos na água à milhares de quilômetros de distância
com o auxílio das ampolas de Lorenzini.
Dentes de tubarão branco. Foto: Alessandro De Maddalena / Shutterstock.com

Ecologia
O tubarão-branco habita regiões temperadas e tropicais, apresentando preferência por
águas com temperatura entre 12º e 24º Celsius. Estes animais são comumente avistados
nos oceanos Pacífico e Atlântico, entre a costa dos Estados Unidos e México, habitando
também o sul da África, o Mar Mediterrâneo, Japão e a Oceania. Em regiões costeiras e
de plataforma, os tubarões-branco permanecem em profundidades rasas de até 2 metros,
porém em mar aberto podem alcançar até 1.200 metros de profundidade. Estes peixes
realizam longas migrações oceânicas quando tornam-se adultos, migrando próximos à
costa enquanto juvenis. Geralmente solitários ou avistados em pares, o tubarão-branco
pode formar grupos de até 10 indivíduos, especialmente quando alimenta-se de
carcaças. Nos grupos, existe uma hierarquia social: em relação ao sexo, as fêmeas
sobrepõem os machos; considerando o tamanho, indivíduos maiores prevalecem sobre
os menores; e, por fim, em relação ao tempo de residência, tubarões mais velhos
prevalecem sobre os mais novos.

Alimentação
O tubarão-branco é um dos principais predadores de topo das cadeias tróficas marinhas.
Estes animais alimentam-se
de peixes, raias, tartarugas, polvos, crustáceos, golfinhos, leões marinhos e focas,
optando sempre por presas com alto teor de gordura. Seu olfato (i.e. ampolas de
Lorenzini) e audição aguçados são capazes de detectar presas doentes e feridas à longas
distâncias, auxiliando no controle da propagação de doenças no oceano.

O tubarão-branco possui diferentes estratégias de caça de acordo com o tamanho da


espécie-alvo, entre as quais a mais comum consiste em nadar abaixo da presa, subindo
em alta velocidade até se aproximar o suficiente para mordê-la. Após a mordida, o
tubarão observa o sangramento da vítima, alimentando-se desta após sua morte. Em
relação aos ataques aos humanos, estes provavelmente são causados por uma confusão
do tubarão em relação à presa; assim, estes peixes mordem os humanos como uma
forma de teste (em inglês, test bite ou sampling bite) e, após perceberem que não se trata
de seu alimento usual, geralmente interrompem o ataque.
Tubarão branco durante ataque. Foto: Sergey Uryadnikov / Shutterstock.com

Reprodução
De crescimento lento, baixa fecundidade e maturação relativamente tardia (machos aos
6 anos de idade; fêmea entre 14-16 anos), o tubarão-branco é uma espécie ovovivípara
(i.e. ovos fertilizados desenvolvem-se dentro do corpo materno), e apresenta baixo
número de filhotes (entre 2-10) por temporada reprodutiva. Estes animais
apresentam dimorfismo sexual, com as fêmeas sendo maiores até 2 metros de
comprimento em relação aos machos, e não há indício de cuidado parental. Durante a
cópula, o macho pode dar mordidas leves na fêmea, deixando marcas nos flancos, dorso
e nadadeiras peitorais. Os ovos são fertilizados dentro do corpo da fêmea, através da
liberação de esperma pelo clásper (órgão sexual masculino), e os recém-nascidos
alimentam-se de ovos não-fertilizados.

Ameaças
Com exceção das orcas e seres humanos, não existem predadores naturais para o
tubarão-branco. Entretanto, esta espécie encontra-se classificada como vulnerável pela
IUCN, devido à sobrepesca exploratória (visando a comercialização de suas nadadeiras,
carne e óleo) e o bycatch (i.e. pesca acidental). A mandíbula e dentes destes animais
também são valorizados pelo mercado, sendo vendidos por até $50.000 dólares. O
tubarão-branco também vem sendo alvo da pesca recreativa, devido ao seu porte e o
perigo que oferece, o que o tornou sinônimo de status para os competidores que visam
sua captura.

Embora alguns países como os Estados Unidos, África do Sul, Namíbia, Malta e
Austrália, tenham instaurado medidas para auxiliar na conservação desta espécie, sua
imagem perante à população humana dificulta a execução destas. Atualmente,
o ecoturismo e mergulho têm se destacado como ferramenta educacional e de lucro em
relação à esta espécie, porém suas populações ainda apresentam grande risco de entrar
em colapso.

Referências bibliográficas:

Arkive. http://www.arkive.org/great-white-shark/carcharodon-carcharias/

The IUCN Red List of Threatned Species: http://www.iucnredlist.org/details/3855/0

Sharks World. http://www.sharks-world.com/great_white_shark/

National Geographic. http://www.nationalgeographic.com/animals/fish/g/great-white-


shark/

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