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Capítulo 6

O radioreceptor é o dispositivo encarregado de sintonizar uma onda dentre as captadas pela


antena receptora e reproduzir, com fidelidade, as informações que ela contém.

Todo receptor necessita de antena. Em particular, na faixa de AM comercial, nem sempre a


antena se faz presente externamente ao receptor, mas internamente uma bobina de antena
com núcleo de ferrite se encarrega de fazer o mesmo papel.

A figura abaixo mostra o diagrama em blocos de um receptor de rádio típico, quase padrão, o
receptor super-heteródino. No passado, foram usados outros esquemas de receptores, mas o
consagrado super-heteródino é o modelo com melhor desempenho em sensibilidade e
seletividade.

Basicamente o receptor pode ser dividido em três estágios mostrado no diagrama em blocos:

Estágio de RF: composto do sintonizador de RF, oscilador local, misturador e amplificador de FI.

Estágio de AF: composto pelo demodulador e amplificador de áudio;

Fonte de alimentação

Observação: Nos receptores profissionais, de maior sensibilidade, o primeiro bloco é, na


verdade, um amplificador de RF, destinado a amplificar fortemente os sinais captados pela
antena. Nos receptores de lazer, mais usados nos centros urbanos, pressupõe-se que os sinais
captados pela antena são fortes, devido à proximidade das antenas transmissoras e não há,
portanto, necessidade de maior amplificação inicial.

Estágio de RF

Quando se sintoniza uma estação, um circuito ressonante de alto Q do receptor, formado pela
bobina de antena L ligada em paralelo com o capacitor variável C, seleciona o sinal da estação,
dentre todos os outros captados pela antena.

O circuito LC paralelo permite a variação da frequência de sintonia, quando se altera o valor de


C. O circuito ressonante atua como um filtro passa-faixa. A banda passante B depende do fator
de qualidade Q do circuito. Quanto maior for Q mais agudo é o filtro e mais estreita será a
banda passante.
O valor de Q é obtido da expressão:

Para aumentar a sensibilidade do receptor, poderíamos adicionar mais transistores no circuito,


amplificando mais o sinal sintonizado. Como o modelo em questão destina-se à recepção em
grandes centros urbanos, onde quase sempre os sinais das emissões são fortes, a presença
desse amplificador de RF torna-se desnecessária.

A onda gerada no circuito oscilador local é senoidal, na frequência de ressonância do circuito


LC. Onde o capacitor é variado mecanicamente.

Ao longo do tempo, os capacitores variáveis vêm sendo substituídos por diodos varactores. O
diodo varactor ou varicap é um tipo especial de diodo que tem a propriedade de variar a
capacitância da junção PN proporcionalmente à intensidade de corrente contínua que passa
por ele. Um diodo varactor opera em série com um resistor ajustável que controla o fluxo de
corrente e, em consequência, o valor da capacitância.

É importante ressaltar que os circuitos osciladores LC geram ondas com baixa estabilidade de
frequência. A estabilidade exigida nos equipamentos profissionais é obtida nos osciladores a
cristal.

O resultado da mistura dos dois sinais de frequências diferentes será a soma e a diferença
entre eles, porém numa operação de filtragem, só o sinal no valor diferença será aproveitado.
Essa frequência, mais baixa que outras, é chamada de FI (frequência intermediária). O valor da
FI é, costumeiramente, de 455 ou 456 KHz, nos receptores de AM e de 10,7 MHz nos
receptores de FM. Então, a função do circuito oscilador local é sempre gerar uma onda de
frequência de 455 KHz acima da frequência de sintonia do sinal ou matematicamente:

Conclui-se então, que o receptor super-heteródino mistura o sinal da estação sintonizada com
o sinal gerado no oscilador local. O sinal resultante da mistura é idêntico ao sintonizado, tem a
mesma envoltória, mas difere na frequência. Tecnicamente o nome tradicional da mistura é
heterodinagem, pouco usado, e o nome da operação eletrônica é conversão de frequência.

Após a conversão o sinal é submetido a amplificações e filtragens sucessivas, realizadas em


duas ou geralmente três etapas. Cada etapa possui um transistor amplificador e um pequeno
transformador de RF, denominado de transformador de FI (1º, 2º e 3º).

Para uma perfeita recepção, a curva de resposta de cada transformador de FI (Q do circuito)


deve conter exatamente as duas bandas laterais da transmissão AM/DSB, na largura B correta
da banda passante do sinal.

Recordando: pontos de 3dB são pontos de meia potência do sinal.

Os pontos de atenuação de 3dB equivalem, em tensão, à queda do sinal de 1 para 0,707 volt.

Em AM/DSB, a banda passante B=10 KHZ corresponde ao espaço ocupado pelas duas bandas
laterais. Atenção para não confundirmos banda passante (tamanho do canal) com largura de
banda. A largura de banda como o próprio nome já sugere é apenas a largura de “uma”
banda.

Uma bobina de FI com Q maior que o valor correto não contém totalmente a banda B (corta as
extremidades das bandas laterais) e o sinal, após a demodulação, conterá distorção. Ao
contrário, quando o Q for menor, permitirá a penetração de bandas das estações de canais
vizinhos ou adjacentes, o que será traduzido como perda de seletividade (mistura estações).

Devido às variações na intensidade dos sinais recebidos de diferentes emissoras, umas


próximas e outras distantes e com diferentes potências de emissão, o ganho de amplificação
dos estágios amplificadores de RF e FI é controlado eletronicamente. Um circuito denominado
controle automático de ganho (CAG) ou (AGC), com realimentação de uma tensão contínua
obtida do próprio sinal de áudio, após a demodulação, atua nas bases dos transistores
amplificadores de RF, de modo a diminuir o ganho de amplificação quando o sinal recebido é
forte e aumentar a amplificação quando o sinal recebido é fraco. Com isso, os níveis sonoros
reproduzidos pelos respectivos alto-falantes são aproximadamente os mesmos para as
diferentes estações sintonizadas.

Os receptores evoluíram para o modelo sintetizado e, em seguida, para o modelo


microprocessado, com memórias.
O receptor sintetizado dispõe do circuito sintetizador de frequências que gera, a partir de um
oscilador mestre, todas as ondas nas frequências necessárias aos estágios do receptor, em
substituição ao oscilador local, ao BFO (oscilador de baixa frequência), etc.

O microprocessador aplicado ao receptor facilita a operação de sintonia, ao comandar todas as


funções, como trocar de canais, fazer a busca automática das estações (scan), armazenar em
memórias as frequências dos canais, etc.

O circuito demodulador é encarregado de retirar as informações contidas na onda modulada. A


demodulação do sinal é feita por um diodo detector D2, de contato de ponta, de baixa
capacitância, à saída do terceiro transformador de FI, conforme circuito abaixo.

O diodo detecta em meia onda e não impede a passagem direta do ruído nela agregado e, em
consequência, o sinal demodulado continua fortemente contaminado pelo ruído.

Segue-se uma filtragem feita por um conjunto RC (R3 e C1) e o sinal obtido na saída, do centro
de R3, já é audiofrequência (AF), fraco em potência, mas depois de passar pelo amplificador de
áudio pode ser reproduzido pelo alto-falante.

Demodulador de produto no receptor de SSB

O nome demodulador de produto deve ser entendido como o estágio do qual se obtém o sinal
de áudio, resultante do batimento da onda gerada pelo oscilador local (interno ao receptor)
com a onda AM do estágio de FI, isso é obtido após a mistura e uma filtragem em baixas
frequências. O processo de demodulação do SSB ainda apresenta como vantagem um menor
nível de ruído no sinal demodulado, pois não existe diodo detector.

Observando o diagrama em blocos do receptor de SSB, notam-se algumas importantes


diferenças do modelo convencional de AM/DSB. O acréscimo de um segundo conversor, com o
oscilador na frequência fixa de 505 KHz, a introdução de um filtro passa-faixa (50-53 KHz), o
demodulador de produto e o oscilador BFO fazem a diferença.
Esse tipo de receptor é de dupla conversão. Observa-se que o segundo conversor, que recebe o
sinal gerado pelo oscilador de frequência fixa, converte a 1ª FI, de 455 KHz, em outro valor
menor, por exemplo, 50 KHz. Para isso a frequência do segundo oscilador deve ser de 505 KHz
e tem-se na saída do conversor (505-455) KHz = 50 KHz.

Na recepção em SSB tem-se a opção da seleção da banda, BLS ou BLI. Para tal, existem dois
filtros distintos, antes do demodulador de produto, um de 50 a 53 KHz e outro de 47 a 50 KHz.

O oscilador ajustável, o BFO, opera numa de duas frequências selecionadas, em combinação


com o filtro de banda, de 53 KHz ou de 47 KHz, para a extração da BLS e da BLI
respectivamente. A saída de áudio compreende sinais de 300 a 3400 Hz.

Propriedades do receptor super-heteródino

O receptor super-heteródino é o modelo de esquema mais utilizado por proporcionar duas


importantes qualidades de um bom receptor de áudio, sendo sensibilidade e seletividade.

Sensibilidade é a capacidade de que o receptor é dotado para receber e reproduzir bem os


sinais de fraca intensidade captados pela antena. Os estágios amplificadores de RF, ligados em
cascata, são os principais responsáveis pela sensibilidade do receptor.

A sensibilidade costuma ser especificada em dBm ou em microvolt de sinal na entrada do


receptor, no limiar de atuação do AGC do receptor. Receptores profissionais, em geral, são
encontrados com valores de sensibilidade entre 0,5 e 2 microvolt.

Seletividade é a capacidade que o receptor possui de selecionar apenas uma única estação de
rádio de cada vez, sem sofrer interferências das estações de frequências vizinhas ou canais
adjacentes (interferência cocanal). Em linguagem popular, um bom receptor não pode misturar
as estações.

A seletividade depende, primordialmente, dos circuitos sintonizados e dos filtros aplicados nas
etapas de RF do receptor.
Outro conceito importante é a reação ao desvanecimento ou fading, função do circuito de AGC
do receptor. Um receptor profissional disponibiliza as posições de CAG desligado ou ligado para
os tipos de desvanecimentos lento e rápido.

O receptor de FM

O receptor super-heteródino de FM é bastante semelhante ao receptor de AM, mas com as


importantes diferenças entre os dois:

1-Em FM, as frequências de operação são mais elevadas, em geral acima de 30 MHZ; os móveis
aeronáuticos, na faixa de 118 a 122 MHz, operam em AM/DSB.

2-O valor da FI/FM é da ordem de MHz.

3-Em virtude de operar em frequências mais altas, os indutores são menores e com menor
número de espiras.

4-O circuito demodulador FM é um discriminador de frequências ou um circuito com um CI


específico.

5-Alguns componentes ou partes do circuito de RF precisam ser blindados.

Para broadcasting as características básicas dos receptores de FM são as seguintes:

Faixa de sintonia FM: de 88 a 108 MHz;

O valor da FI/FM: 10,7 MHz;

A faixa de áudio: 15 KHz, podendo operar em estereofonia.

Receptores para sinais estéreos são dotados de circuito decodificador estéreo e dois
amplificadores de áudio para reprodução dos dois canais de áudio.

O estágio limitador é um amplificador de alto ganho que ceifa os topos da onda senoidal em
ambos os semiciclos com a finalidade de aproximar a onda senoidal do formato do pulso
bipolar. Para o demodulador FM basta a variação em frequência da onda.
O tradicional discriminador, demodulador FM, com transformador de RF, foi substituído por um
CI PLL (phase lock loop), composto internamente de um comparador de fase e um VCO
(voltage-controlled oscillator – oscilador senoidal) que, além de melhor desempenho, reduz o
espaço de montagem no circuito impresso.

Os estágios amplificadores de RF do receptor operam em cascata e o ganho final, especificado


em dB, resulta da soma dos ganhos em dB de cada estágio.

Após a demodulação, o sinal de áudio passa por um circuito de-ênfase, em operação oposta a
que foi feita no transmissor (pré-ênfase), visando minimizar a distorção. O circuito de-ênfase
geralmente é feito com componentes passivos, conforme figura abaixo.

Um receptor mais sofisticado, que efetua três conversões de frequência, além de excelente
seletividade, pode ter uma sensibilidade da ordem de 0,2 microvolt, valor bastante
significativo.

Os modernos receptores são dotados de filtros digitais, conversores A/D e D/A e DSP
(processador digital de sinal), cujos circuitos encontram-se inseridos entre o estágio de FI e o
demodulador. Têm forte atuação nas filtragens e reduzem significativamente o ruído e as
interferências dos canais adjacentes.
Quando o receptor super-heteródino é multibanda ou multifaixa, ou seja, opera em diversas
faixas de frequências e ainda demodula AM, FM e SSB, o circuito eletrônico costuma ser
esquematicamente bem mais sofisticado que os demais.

O receptor de televisão

O receptor convencional de televisão segue o modelo super-heteródino, conforme figura


abaixo, e nos modelos mais recentes também pode contar com estágios digitais já comentados,
como o DSP e outros.

O primeiro estágio, de RF, é a unidade seletronic, que está marcada com a letra S no diagrama
em blocos. Os estágios dessa unidade são amplificador de RF, oscilador local e misturador. A
entrada da unidade recebe o sinal da antena e a saída fornece o sinal de FI.

Como a banda ocupada pelo canal de TV é larga, 6 MHz, para obter do conjunto de FI em
banda passante compatível, o recurso encontrado foi a sintonia escalonada, com as FIs
centradas em frequências diferentes. A curva de resposta de saída da terceira FI está
apresentada na figura abaixo:
Sendo o sinal de vídeo uma onda AM/VSB, o detector de vídeo é um diodo. O som, em FM, é
demodulado num circuito discriminador de frequências ou equivalente.

Os modernos receptores de TV analógica produzidos no Brasil são do tipo trinorma e ajustam-


se automaticamente para a reprodução em NTSC-M, PAL-M ou PAL-N.

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