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A figura abaixo mostra o diagrama em blocos de um receptor de rádio típico, quase padrão, o
receptor super-heteródino. No passado, foram usados outros esquemas de receptores, mas o
consagrado super-heteródino é o modelo com melhor desempenho em sensibilidade e
seletividade.
Basicamente o receptor pode ser dividido em três estágios mostrado no diagrama em blocos:
Estágio de RF: composto do sintonizador de RF, oscilador local, misturador e amplificador de FI.
Fonte de alimentação
Estágio de RF
Quando se sintoniza uma estação, um circuito ressonante de alto Q do receptor, formado pela
bobina de antena L ligada em paralelo com o capacitor variável C, seleciona o sinal da estação,
dentre todos os outros captados pela antena.
Ao longo do tempo, os capacitores variáveis vêm sendo substituídos por diodos varactores. O
diodo varactor ou varicap é um tipo especial de diodo que tem a propriedade de variar a
capacitância da junção PN proporcionalmente à intensidade de corrente contínua que passa
por ele. Um diodo varactor opera em série com um resistor ajustável que controla o fluxo de
corrente e, em consequência, o valor da capacitância.
É importante ressaltar que os circuitos osciladores LC geram ondas com baixa estabilidade de
frequência. A estabilidade exigida nos equipamentos profissionais é obtida nos osciladores a
cristal.
O resultado da mistura dos dois sinais de frequências diferentes será a soma e a diferença
entre eles, porém numa operação de filtragem, só o sinal no valor diferença será aproveitado.
Essa frequência, mais baixa que outras, é chamada de FI (frequência intermediária). O valor da
FI é, costumeiramente, de 455 ou 456 KHz, nos receptores de AM e de 10,7 MHz nos
receptores de FM. Então, a função do circuito oscilador local é sempre gerar uma onda de
frequência de 455 KHz acima da frequência de sintonia do sinal ou matematicamente:
Conclui-se então, que o receptor super-heteródino mistura o sinal da estação sintonizada com
o sinal gerado no oscilador local. O sinal resultante da mistura é idêntico ao sintonizado, tem a
mesma envoltória, mas difere na frequência. Tecnicamente o nome tradicional da mistura é
heterodinagem, pouco usado, e o nome da operação eletrônica é conversão de frequência.
Os pontos de atenuação de 3dB equivalem, em tensão, à queda do sinal de 1 para 0,707 volt.
Em AM/DSB, a banda passante B=10 KHZ corresponde ao espaço ocupado pelas duas bandas
laterais. Atenção para não confundirmos banda passante (tamanho do canal) com largura de
banda. A largura de banda como o próprio nome já sugere é apenas a largura de “uma”
banda.
Uma bobina de FI com Q maior que o valor correto não contém totalmente a banda B (corta as
extremidades das bandas laterais) e o sinal, após a demodulação, conterá distorção. Ao
contrário, quando o Q for menor, permitirá a penetração de bandas das estações de canais
vizinhos ou adjacentes, o que será traduzido como perda de seletividade (mistura estações).
O diodo detecta em meia onda e não impede a passagem direta do ruído nela agregado e, em
consequência, o sinal demodulado continua fortemente contaminado pelo ruído.
Segue-se uma filtragem feita por um conjunto RC (R3 e C1) e o sinal obtido na saída, do centro
de R3, já é audiofrequência (AF), fraco em potência, mas depois de passar pelo amplificador de
áudio pode ser reproduzido pelo alto-falante.
O nome demodulador de produto deve ser entendido como o estágio do qual se obtém o sinal
de áudio, resultante do batimento da onda gerada pelo oscilador local (interno ao receptor)
com a onda AM do estágio de FI, isso é obtido após a mistura e uma filtragem em baixas
frequências. O processo de demodulação do SSB ainda apresenta como vantagem um menor
nível de ruído no sinal demodulado, pois não existe diodo detector.
Na recepção em SSB tem-se a opção da seleção da banda, BLS ou BLI. Para tal, existem dois
filtros distintos, antes do demodulador de produto, um de 50 a 53 KHz e outro de 47 a 50 KHz.
Seletividade é a capacidade que o receptor possui de selecionar apenas uma única estação de
rádio de cada vez, sem sofrer interferências das estações de frequências vizinhas ou canais
adjacentes (interferência cocanal). Em linguagem popular, um bom receptor não pode misturar
as estações.
A seletividade depende, primordialmente, dos circuitos sintonizados e dos filtros aplicados nas
etapas de RF do receptor.
Outro conceito importante é a reação ao desvanecimento ou fading, função do circuito de AGC
do receptor. Um receptor profissional disponibiliza as posições de CAG desligado ou ligado para
os tipos de desvanecimentos lento e rápido.
O receptor de FM
1-Em FM, as frequências de operação são mais elevadas, em geral acima de 30 MHZ; os móveis
aeronáuticos, na faixa de 118 a 122 MHz, operam em AM/DSB.
3-Em virtude de operar em frequências mais altas, os indutores são menores e com menor
número de espiras.
Receptores para sinais estéreos são dotados de circuito decodificador estéreo e dois
amplificadores de áudio para reprodução dos dois canais de áudio.
O estágio limitador é um amplificador de alto ganho que ceifa os topos da onda senoidal em
ambos os semiciclos com a finalidade de aproximar a onda senoidal do formato do pulso
bipolar. Para o demodulador FM basta a variação em frequência da onda.
O tradicional discriminador, demodulador FM, com transformador de RF, foi substituído por um
CI PLL (phase lock loop), composto internamente de um comparador de fase e um VCO
(voltage-controlled oscillator – oscilador senoidal) que, além de melhor desempenho, reduz o
espaço de montagem no circuito impresso.
Após a demodulação, o sinal de áudio passa por um circuito de-ênfase, em operação oposta a
que foi feita no transmissor (pré-ênfase), visando minimizar a distorção. O circuito de-ênfase
geralmente é feito com componentes passivos, conforme figura abaixo.
Um receptor mais sofisticado, que efetua três conversões de frequência, além de excelente
seletividade, pode ter uma sensibilidade da ordem de 0,2 microvolt, valor bastante
significativo.
Os modernos receptores são dotados de filtros digitais, conversores A/D e D/A e DSP
(processador digital de sinal), cujos circuitos encontram-se inseridos entre o estágio de FI e o
demodulador. Têm forte atuação nas filtragens e reduzem significativamente o ruído e as
interferências dos canais adjacentes.
Quando o receptor super-heteródino é multibanda ou multifaixa, ou seja, opera em diversas
faixas de frequências e ainda demodula AM, FM e SSB, o circuito eletrônico costuma ser
esquematicamente bem mais sofisticado que os demais.
O receptor de televisão
O primeiro estágio, de RF, é a unidade seletronic, que está marcada com a letra S no diagrama
em blocos. Os estágios dessa unidade são amplificador de RF, oscilador local e misturador. A
entrada da unidade recebe o sinal da antena e a saída fornece o sinal de FI.
Como a banda ocupada pelo canal de TV é larga, 6 MHz, para obter do conjunto de FI em
banda passante compatível, o recurso encontrado foi a sintonia escalonada, com as FIs
centradas em frequências diferentes. A curva de resposta de saída da terceira FI está
apresentada na figura abaixo:
Sendo o sinal de vídeo uma onda AM/VSB, o detector de vídeo é um diodo. O som, em FM, é
demodulado num circuito discriminador de frequências ou equivalente.