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INSTITUTO CECY LEITE COSTA


CURSO TÉCNICO EM ELETRÔNICA
DISCIPLINA DE ELETROTÉCNICA
PROF. ALEXSANDER FURTADO CARNEIRO
Eletrotécnica
Dedicatória

Dedico este trabalho a DEUS, pois sem ele nada nesta vida é possível.
3
À família ELOMED.

Aos meus alunos.

Aos professores do CECY.

Aos professores Cassiano Ricardo Groth e Mauro Fonseca, pela oportunidade de ministrar
esta matéria.

À minha mãe, à minha irmã e à minha sobrinha.

À minha ESPOSA, pois é nela que encontro carinho, compreensão e, principalmente, amor.

Ao meu FILHO, pois ele é o meu bem maior, minha inspiração para viver.

E dedico, principalmente, ao meu PAI (in memoriam), meu exemplo de vida e de homem, o

Prof. Alexsander Furtado Carneiro


meu maior incentivador para que eu me tornasse professor. Se não foi do jeito que ele ti-
nha planejado, o destino me levou a me formar engenheiro e, após, me tornar, finalmente,
professor.
Índice
Potência elétrica 6
1.1 Potência ativa ............................................................................................................................6
1.2 Potência reativa .........................................................................................................................6
1.3 Potência aparente......................................................................................................................6
1.4 Fator de potência.......................................................................................................................7
1.4.1 Correção do fator de potência...........................................................................................7

4 Componentes elétricos 10
2.5 Contato elétrico .......................................................................................................................10
2.6 Contatora..................................................................................................................................10
2.7 Relé térmico .............................................................................................................................13
2.8 Disjuntor ...................................................................................................................................14
2.9 Fusíveis ....................................................................................................................................15
2.9.2 Fusíveis de efeito rápido ..................................................................................................15
2.9.3 Fusíveis de efeito lento (retardado) .................................................................................15
2.9.4 Dimensionamento do Fusível...........................................................................................16
2.10 Botoeira ....................................................................................................................................16
2.11 Relé de tempo, ou relé temporizador ....................................................................................16

Projeto de instalações elétricas 19


3.1 Previsão de carga ....................................................................................................................19
Eletrotécnica

3.2 Levantamento de cargas da residência ................................................................................19


3.2.1 Iluminação........................................................................................................................20
3.2.2 Pontos de tomada de uso geral .......................................................................................20
3.2.3 Tomadas de uso específico ..............................................................................................21
3.3 Definição do tipo de entrada ..................................................................................................22
3.4 Divisão das instalações ..........................................................................................................23
3.5 Cálculo da corrente dos circuitos..........................................................................................24
3.6 Cálculo da corrente de distribuição ......................................................................................25
3.7 Dimensionamento da fiação da instalação .....................................................................26
3.8 Dimensionamento da fiação segundo o critério de queda de tensão ............................27
3.9 Dimensionamento da proteção .......................................................................................28
3.10 Dimensionamento do dispositivo DR ..............................................................................30
3.11 Dimensionamento da tubulação .....................................................................................31

Transformador 36
4.1 Partes do transformador..................................................................................................36
4.2 Princípio de funcionamento ............................................................................................36
4.3 Transformador ideal .........................................................................................................37
4.4 Transformador com perdas ..............................................................................................38
4.5 Teste de circuito aberto....................................................................................................38
4.6 Teste de curto-circuito......................................................................................................38
4.7 Rendimento do transformador ........................................................................................39
4.8 Tipos de transformadores ................................................................................................39
4.8.1 Transformador Trifásico ...................................................................................................39
4.8.2 Transformador de potencial.............................................................................................40
4.8.3 Transformador de corrente ..............................................................................................40
4.8.4 Autotransformador ..........................................................................................................40 5

Geradores 42
5.1 Princípio de funcionamento ............................................................................................42

Motores elétricos 44
6.2 Motor assíncrono trifásico ...............................................................................................44
6.2.1 Campo girante .................................................................................................................44
6.2.2 Escorregamento ...............................................................................................................49
6.2.3 Rendimento ......................................................................................................................50
6.2.4 Categoria de conjugado ..................................................................................................50
6.2.5 Classe de isolamento .......................................................................................................50

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6.2.6 Regime de serviço ............................................................................................................51
6.2.7 Fator de serviço (FS) .........................................................................................................51
6.2.8 Corrente de partida..........................................................................................................51
6.2.9 Sentido de rotação...........................................................................................................51
6.2.10 Grau de proteção dos motores (IP)..................................................................................52
6.2.11 Conexão dos enrolamentos .............................................................................................53
6.2.11.1 Ligação em estrela ...............................................................................................53
6.2.11.2 Ligação em triângulo ...........................................................................................54
6.3 Motores monofásicos ......................................................................................................54

Métodos de partida de motores 56


7.1 Partida direta ...................................................................................................................56
7.2 Partida com inversor de frequência ................................................................................57
7.3 Partida com soft-starter ...................................................................................................57
7.4 Partida estrela-triângulo ..................................................................................................57
Potência elétrica
Nas instalações industriais, temos presentes três formas de potência: a potência ativa, a
potência reativa e a potência aparente. Essas três potências, por suas características, formam
o triângulo de potências.

Figura 1 – Triângulo das potências.

1.1 Potência ativa


A potência ativa é expressa em Watts, que significa joule por segundo, ou seja, é a
energia gasta por um determinado tempo para gerar trabalho (aquecimento, giro de motor,
iluminação etc.). O cálculo da potência ativa monofásica é dado pela expressão abaixo:

Expressão 1 – Fórmula da potência ativa monofásica.


Já a potência ativa trifásica é dada pela expressão abaixo:

Expressão 2 – Fórmula da potência ativa trifásica.


Eletrotécnica

1.2 Potência reativa


A potência reativa é a energia gasta para gerar os campos elétricos e magnéticos das
cargas do circuito elétrico. Como exemplo, citam-se os motores que precisam de parte da
energia retirada da rede para gerar o campo magnético que irá fazer o motor se movimentar.
A potência reativa é expressa em VAr.
O cálculo da potência reativa monofásica é dado pela expressão abaixo:

Expressão 3 – Fórmula da potência reativa monofásica.


O cálculo da potência reativa trifásica é dado pela expressão abaixo:

Expressão 4 – Fórmula da potência reativa trifásica.

1.3 Potência aparente


A potência aparente é a soma vetorial entre a potência ativa e reativa. Essa potência é
a que a fonte de alimentação transfere para o circuito, ou seja, a potência ativa e a reativa
juntas. A potência aparente é expressa em VA.
O cálculo da potência aparente monofásica é dado pela expressão abaixo:

Expressão 5 – Fórmula da potência aparente monofásica.


Por sua vez, o cálculo da potência aparente trifásica é dado pela expressão abaixo:

Expressão 6 – Fórmula da potência aparente trifásica.


A potência aparente também pode ser calculada por meio do teorema de Pitágoras,
pois se colocarmos as potências alinhadas teremos o triângulo das potências, onde a po-
tência aparente será a hipotenusa; a potência reativa, o cateto oposto; e a potência ativa, o
cateto adjacente. 7

Expressão 7 – Teorema de Pitágoras para o triângulo das potências.

1.4 Fator de potência


O fator de potência (FP) é a relação entre a potência ativa e a potência aparente, ou
seja, representa a parte da potência entregue pelo gerador a ser utilizada pela carga.
Exemplo:
Se uma instalação elétrica está consumindo uma potência ativa (P) de 900 kW e uma
potência aparente (S) de 1000 kVA, qual o seu fator de potência?

Expressão 8 – Fator de potência.

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Agora, vamos comparar as expressões do cálculo da potência ativa e da potência apa-
rente:

Expressão 9 – Fator de potência.


Como podemos observar (para o sistema senoidal), o fator de potência é o cosseno do
ângulo formado entre a potência ativa e aparente.
Quando utilizamos uma carga puramente resistiva, temos a situação em que seu fator
de potência é igual a 1, ou seja, a potência aparente é igual à potência ativa. Nessa situação,
toda a potência absorvida pela rede será consumida pela carga.

1.4.1 Correção do fator de potência


A potência reativa é muito importante para as máquinas elétricas, porém, para a rede
elétrica, ela é considerada um desperdício.
Exemplo:
Um transformador é projetado para atender uma potência ativa de 500 kW. Conside-
rando dois FP (0,92 e 0,50), podemos calcular qual o transformador necessário para atender
à necessidade da carga.
FP1 – 0,92.

FP2 – 0,50.

A diferença entre a potência calculada do FP1 e FP2 é de 456,53 kVA. Para essa situa-
ção, significa que o transformador para o FP2 tem que ser 84% maior que o transformador
para o FP1.
8 No caso de um fator de potência baixo, toda a instalação deve ser dimensionada acima
da potência utilizada para a carga.
A resolução 456 da ANEEL define, no seu artigo 64, que “o fator de potência de refe-
rência ‘fr’, indutivo ou capacitivo, terá como limite mínimo permitido, para as instalações elé-
tricas das unidades consumidoras, o valor de fr = 0,92”. O fator de potência deve ser tarifado
a cada hora, ou seja, a média do fator de potência em uma hora deve ser superior a 0,92.
Das 06h30min às 00h30min, o fator de potência deve ser acima de 0,92 indutivos. Das
00h30min às 06h30min, o fator de potência deve ser acima de 0,92 capacitivos.
Existem diversas formas de se corrigir o fator de potência, sendo a principal delas a
instalação de capacitores para inserir na instalação uma potência reativa capacitiva.
Os capacitores utilizados para a correção do fator de potência possuem uma constru-
ção específica para esse fim e são vendidos pela sua potência em kVAr.
Para que se corrija o fator de potência de forma adequada, os capacitores devem ser
instalados diretamente com a carga (carga de grande potência), ou em um conjunto de car-
gas. Para que não ocorram problemas com a correção em grandes indústrias, é aconselhável
que seja instalado um controlador de fator de potência.
A expressão abaixo demonstra a fórmula para o cálculo da potência com vistas a corri-
gir o fator de potência.
Eletrotécnica

Expressão 10 – Potência do capacitor para correção.


Abaixo, seguem algumas vantagens de se fazer a correção do fator de potência.
Vantagens para a empresa:
• Redução do custo da energia elétrica;
• Melhoria na tensão;
• Aumento da vida útil das instalações e equipamentos;
• Redução do efeito joule;
• Redução da corrente reativa na rede elétrica.
Vantagens para a concessionária:
• Diminui os custos de geração;
• Diminui o efeito joule;
• Aumenta a capacidade de geração e transmissão.
Exercícios:
1) O que é fator de potência?

2) Uma empresa possui um motor de 500 kVA e está com uma potência ativa de 250
kW. Qual a potência reativa desse motor? Qual o seu fator de potência? E qual a potência
capacitiva necessária para elevar esse fator de potência para 0,92?

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Componentes elétricos
Nas instalações elétricas, existem componentes que são muito comuns, tais como as
contatoras, relés térmicos, relés de tempo, fusíveis, disjuntores e disjuntor diferencial residual.

2.5 Contato elétrico


O contato elétrico está presente em todos os componentes elétricos. Por isso, alguns
pontos devem ser abordados.
O contato elétrico possui dois terminais, que são fabricados de metal de baixa resis-
tência elétrica e alta resistência mecânica, de modo a permitir que o mesmo seja acionado
milhares de vezes.
10 A estrutura metálica tem área de seção transversal proporcional à corrente que coman-
dam: quanto maior a corrente, maiores os contatos. O valor da corrente também influencia
na pressão entre as partes móveis do contato: maiores correntes exigem maiores pressões de
contato.
Os contatos elétricos são caracterizados por dois estados possíveis:
• Repouso: sem ocorrência de um evento associado ao contato.
• Acionado: sob ocorrência de um evento que aciona o contato.

Os contatos são classificados pelo seu estado de repouso, ou seja, qual a situação em
que se encontram “normalmente” em repouso (sem acionamento).

• Normalmente aberto (NA): O contato está aberto na situação de repouso.


• Normalmente fechado (NF): O contato está fechado na situação de repouso.

Em alguns casos, podemos encontrar a denominação em inglês para os contatos, sen-


do a denominação NO para contato normalmente aberto e NC, para contato normalmente
fechado. Abaixo, segue a representação gráfica utilizada em diagramas de comando dos
Eletrotécnica

contatos elétricos.

2.6 Contatora
O contator é um dispositivo eletromecânico, ou seja, é um dispositivo que une parte
mecânica com elétrica.
2 1

6 5

8
V
˜
Figura 2 – Contatora.
11
A figura 2 é o desenho interno de um contator:
1) Contatos fixos;
2) Contatos móveis;
3) Parte de ferro móvel;
4) Mola;
5) Bobina;
6) Anel de sombra;
7) Parte de ferro fixa;
8) Alimentação da bobina.
Quando a bobina é acionada, a parte móvel dos contatos também o é. Nesse caso, os
contatos normalmente abertos são fechados e os normalmente fechados são abertos.
Os contatos do contator são divididos em dois grupos:
• Contatos principais: normalmente abertos e suportam maior corrente;

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• Contatos auxiliares: existem contatos normalmente aberto e normalmente fechado, e
são utilizados para controle e advertência.
As contatoras podem ser do tipo principal, que possuem os contatos principais, mas a
maioria possui, também, um contato auxiliar normalmente aberto, chamado popularmente
de “contato de retenção”. Já as do tipo auxiliar possuem somente contatos auxiliares.
Os contatos de carga são três e numerados na seguinte ordem: 1 e 2, 3 e 4 e 5 e 6. Os
números ímpares constituem a entrada e os números pares, as saídas. O contato de retenção
possui a numeração 13 para entrada e 14 para a saída.
A alimentação da bobina é feita pelos contatos A1 e A2. Existem várias faixas de ali-
mentação para as contatoras.
Nos esquemas elétricos, os contatos de carga são desenhados em separado da alimen-
tação da bobina.

A1 1 2 3 13

A2
4 5 6 14

Figura 3 – Representação gráfica da bobina do contator e dos seus contatos.


Na seleção do tipo de contatora a ser utilizada, o projetista deve levar em conta a cor-
rente necessária, o tipo de carga (indutiva, capacitiva ou resistiva), a tensão de alimentação
da bobina (24VCC, 24VAC, 110VAC, 220VAC, 380VAC), a compatibilidade com o relé de so-
brecarga e a tensão de isolação. A tabela a seguir indica o emprego dos contatores, conforme
a categoria.

Categoria de
Exemplos de uso
emprego
Cargas fracamente indutivas ou não indutivas.
AC1
Fornos de resistência.
AC2 Partida de motores de anel sem frenagem por contracorrente.
12 Partida de motores de indução do tipo gaiola.
AC3 Desligamento do motor em funcionamento normal.
Partida de motores de anel com frenagem por contracorrente.
Partida de motores de indução do tipo gaiola.
AC4
Manobras de ligação intermitente, frenagem por contracorrente e reversão.
Eletrotécnica
Aula prática
Ligação de uma lâmpada
utilizando um contator
Objetivo geral: Realizar a ligação de uma lâmpada comum com o auxílio de um con-
tator.
Objetivos específicos: Que o aluno aplique os conhecimentos adquiridos sobre o dis-
positivo contator.
Materiais necessários:
13
1 – Contator;
2 – Uma lâmpada do tipo incandescente.
3 – Fios de 1,5 mm e de 2,5 mm.
Descrição da atividade:
Observe o contator e indique qual a tensão de alimentação:______________V
Após, insira a tensão de alimentação nos contatos A1 e A2 e anote o resultado obtido:
__________________________________________________________________________________
Realize montagem do circuito abaixo de descreva os resultados obtidos: _____________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

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A1 1 2 3 13

A2
4 5 6 14

2.7 Relé térmico


O relé térmico é um dispositivo para a proteção de sobrecarga, geralmente instalado
após a contator. Sua função é evitar que o motor sofra danos com o aumento da corrente,
devido a uma sobrecarga, desligando-o, antes que ocorra um defeito grave.
O relé térmico é composto por pares bimetálicos (dois metais de coeficientes de dilata-
ção diferentes, geralmente ferro e níquel) e por um mecanismo de disparo. Quando a corren-
te do motor atinge valores pré-estabelecidos, os pares bimetálicos abrem e, nesse momento,
o circuito de disparo é acionado. Quando devidamente instalado, o relé térmico, através do
disparo, faz com que o contator corte a alimentação do motor.
Vale lembrar que o relé térmico é preparado para suportar a corrente de partida do mo-
tor durante um determinado tempo, sendo acionado somente se esse tempo se prolongar.
O relé térmico deve ser escolhido de tal forma que seja compatível com o contator e
com o tempo de partida do motor.
1 ˜ 220v - 50Hz Circuito de Potência
L1
L2
L3

1 3 5

DM1

2 4 6 Ao circuito
de comando
14
1 3 5
KM1

2 4 6
1 3 5
FR1

2 4 6

U1 V1 W1

N
N1

Figura 4 – Relé térmico e partida direta.

2.8 Disjuntor
Eletrotécnica

Monopolar Bipolar Tripolar

Figura 5 – Disjuntores.
Os disjuntores são dispositivos utilizados para proteção dos circuitos elétricos contra
sobrecarga e curto-circuito. Quando uma dessas situações ocorre, o disjuntor abre o circuito
elétrico.
O disjuntor possui três funções básicas:
• Proteção contra curto-circuito: Nessa função, o disjuntor abre o circuito na presença
de uma corrente de curto-circuito, ou seja, impede o aumento instantâneo da corrente
no circuito.
• Proteção contra sobrecarga: Nessa função, o disjuntor abre o circuito, quando, por um
determinado tempo, temos corrente elétrica acima da corrente nominal do disjuntor.
• Manobra: Devido ao fato de sua instalação ser no seu início, o disjuntor é utilizado para
abrir e fechar o circuito elétrico.
A proteção contra sobrecarga é feita por meio de pares bimetálicos, ao passo que a de
curto circuito ocorre através de dispositivo eletromagnético.
A seleção do disjuntor deve levar em conta o tipo de carga a ser protegida, pois existem
curvas de atuação do disjuntor que podem servir para uma determinada aplicação, mas não
para outra. Também deve ser considerada a corrente do circuito a ser protegido.

2.9 Fusíveis
Os fusíveis são dispositivos utilizados para a proteção contra as correntes de curto-
-circuito.
Os fusíveis podem ser de efeito rápido, de efeito normal e de efeito lento.

2.9.2 Fusíveis de efeito rápido


15
Os fusíveis de efeito rápido são utilizados para proteção de circuitos com semiconduto-
res (diodo, transistores e tiristores), onde a corrente de partida do circuito é muito parecida
com a corrente nominal do circuito. A principal característica desses fusíveis é a ação rápida
à ultrapassagem da corrente nominal.

2.9.3 Fusíveis de efeito lento (retardado)


Os fusíveis de efeito lento ou retardado devem ser utilizados para a proteção de circui-
tos onde a corrente de partida é muito maior que a corrente nominal e em dispositivos que
suportam uma sobrecarga de corrente por um pequeno período.
Um exemplo desse tipo de carga são os motores elétricos, cargas indutivas e cargas
capacitivas.
Eis principais representantes dessa categoria de fusíveis:
NH – Os fusíveis NH são utilizados em circuitos sujeitos a picos de corrente e onde

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existam cargas indutivas e capacitivas. Possuem duas partes: a base e o fusível propriamente
dito. Esses fusíveis são construídos para valores máximos de 1000A.

Figura 6 – Fusível NH

O fusível NH necessita de uma chave especial para ser retirado e instalado no suporte.
Diazed – Os fusíveis Diazed podem ser de ação rápida ou lenta. Os de ação rápida são
usados em circuitos resistivos, e os de ação lenta, em circuitos com motores, capacitores e
indutores. Esses fusíveis são construídos para valores máximos de 200A.
Esse tipo de fusível possui uma janela de observação que indica se ele está com o ele-
mento fusível aberto ou fechado, para facilitar a sua inspeção visual. É formado por uma
base, pelo fusível e pela parte de fixação.

16
Figura 7 – Fusível Diazed.

2.9.4 Dimensionamento do Fusível


Os fusíveis devem ser escolhidos conforme a corrente nominal do circuito que se pre-
tende proteger. A escolha do fusível deve se feita de modo que qualquer anomalia na rede
seja isolada na parte do circuito em que ela ocorreu.
Para dimensionar o fusível, é necessário levar em conta as seguintes características:
• Corrente nominal do circuito
• Corrente de curto-circuito
• Tensão nominal

2.10 Botoeira
A botoeira é um dispositivo de acionamento que somente permanece acionada devido
a uma força mecânica aplicada. Desse modo, uma vez cessada a força, o dispositivo retorna
à posição inicial. Geralmente, a botoeira vem com um contato NF e um contato NA.
A botoeira é muito utilizada em quadros de comando, sendo a cor dos botões padro-
Eletrotécnica

nizada (vermelho botão NF e verde NA).

Figura 8 – Representação gráfica dos contatos NA e do NF. Foto da botoeira.

2.11 Relé de tempo, ou relé temporizador


O relé de tempo, ou temporizador é um dispositivo eletrônico, e sua utilização está ba-
seada em aplicações onde é necessário um determinado tempo de retardo. O relé de tempo
possui, geralmente, um contato NA e um NF.
Há no seu corpo o desenho das funções que possui incorporada e a numeração do con-
tato NA, do contato NF e do contato comum. Os contatos de alimentação seguem o padrão
de A1 e A2.
Quando é aplicada, uma tensão de alimentação no relé de tempo é inserida nos ter-
minais A1 e A2. O mesmo irá permanecer sem nenhuma ação, até que seja transcorrido o
tempo pré-determinado, e, após, irá realizar a comutação do contato NF para o NA.

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Aula prática
Ligação de um contator com retenção própria
Objetivo geral: Realizar a ligação de uma lâmpada comum com o auxílio de um con-
tator e de uma botoeira.
Objetivos específicos: Que o aluno possa aplicar na prática os conhecimentos sobre
botoeira e contator.
Materiais necessários:
1 – Contator;
2 – Uma lâmpada do tipo incandescente;
18
3 – Fios de 1,5 mm e de 2,5 mm;
4 – Botoeira.
Descrição da atividade:
Realize montagem do circuito abaixo, acionando inicialmente o botão verde e, após, o
botão vermelho. Em seguida, descreva os resultados obtidos.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________

21 B1 22
13
13
B1

14
14
Eletrotécnica

A1 1 2 3

A2 4 5 6

N
Projeto de instalações elétricas
Todo projeto de uma instalação elétrica deve seguir algumas normas. No Brasil, a nor-
ma que rege as instalações elétricas é a NBR 5410 e, no Rio Grande do Sul, as instalações
elétricas são baseadas no Regulamento de Instalações Consumidoras de Baixa Tensão (RIC),
elaborado pelas concessionárias de energia do estado (RGE, CEEE e AES SUL).

3.1 Previsão de carga


Antes de qualquer cálculo do projeto elétrico, o seu responsável deve receber a planta
baixa do local onde o mesmo será executado.
Exemplo de planta (Essa planta será usada para os exemplos de cálculos)
19

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Outro aspecto importante, no momento de realizar o projeto, é saber que equipamen-


tos de grande consumo serão instalados nessa planta, pois tal informação auxilia no levanta-
mento de cargas da residência.

3.2 Levantamento de cargas da residência


O levantamento de cargas deve ser baseado na norma NBR 5410, que apresenta as
seguintes prescrições:
“NOTAS
• 1) Os equipamentos de utilização de uma instalação podem ser alimentados direta-
mente (caso de equipamentos fixos de uso industrial ou análogo), através de tomadas
de corrente de uso específico ou através de tomadas de corrente de uso não específico
(tomadas de uso geral).
• 2) As caixas de derivação utilizadas para a ligação de equipamentos de utilização são
consideradas, para os efeitos desta Norma, como tomadas de uso específico.
• 3) Os flats e as unidades de apart-hotéis e similares devem ser considerados como uni-
dades residenciais.”
A carga dos equipamentos deve ser calculada através da potência aparente = tensão
nominal x corrente nominal. Nos casos em que for dada a potência ativa, devem ser conside-
rados o rendimento e o fator de potência.

3.2.1 Iluminação
20 A norma NBR 5410 estabelece os seguintes pontos para as instalações residenciais:
“c) Em cada cômodo ou dependência de unidades residenciais e nas acomodações de
hotéis, motéis e similares deve ser previsto pelo menos um ponto de luz fixo no teto, com
potência mínima de 100 VA, comandado por interruptor de parede.
NOTA – Nas acomodações de hotéis, motéis e similares pode-se substituir o ponto de
luz fixo no teto por tomada de corrente, com potência mínima de 100 VA, comandada por
interruptor de parede.
d) em unidades residenciais, como alternativa, para a determinação das cargas de ilu-
minação, pode ser adotado o seguinte critério:
- em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6 m² deve ser prevista uma
carga mínima de 100 VA;
- em cômodo ou dependências com área superior a 6 m² deve ser prevista uma carga
mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60VA para cada aumento de 4 m²
inteiros.
NOTA – Os valores apurados correspondem à potência destinada à iluminação para
efeito de dimensionamento dos circuitos, e não necessariamente à potência nominal das
lâmpadas.”
Iniciando o projeto da planta exemplo, fazemos o levantamento de iluminação para
Eletrotécnica

cada dependência da residência.

Potência de ilumi-
Dependência Largura Comprimento Área
nação
Área de Serviço 3,40 1,75 5,95 100
Cozinha 3,05 3,75 11,44 160
Dormitório 2 3,40 3,15 10,71 160
Copa 3,05 3,10 9,46 100
Sala 3,05 3,25 9,91 100
Banheiro 2,30 1,80 4,14 100
Dormitório 1 3,40 3,25 11,05 160
Hall 1,80 1,00 1,80 100
Tabela 1
A tabela acima apresenta o resultado obtido para cada cômodo da residência.

3.2.2 Pontos de tomada de uso geral


Seguindo a NBR 5410, temos as seguintes recomendações:
“a) nas unidades residenciais e nas acomodações de hotéis, motéis e similares, o núme-
ro de pontos de tomadas e de uso geral deve ser fixado de acordo com o seguinte:
• em banheiros, pelo menos um ponto de tomada junto ao lavatório, desde que obser-
vadas as restrições de 9.1;
• em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, no
mínimo um ponto de tomada a cada 3,5 m, ou fração de perímetro, sendo que, acima
de cada bancada com largura igual ou superior a 0,30 m, deve ser previsto pelo menos
um ponto de tomada;
• em halls, corredores, subsolos, garagens, sótãos e varandas, pelo menos uma tomada;
NOTA – No caso de varandas, quando não for possível a instalação da tomada no pró-
prio local, esta deverá ser instalada próxima ao seu acesso;
• nos demais cômodos ou dependências, se a área for igual ou inferior a 6 m², pelo me-
nos um ponto de tomada; se a área for superior a 6 m², pelo menos uma tomada para
cada 5 m, ou fração de perímetro espaçados tão uniformemente quanto possível.” 21
Com relação à potência, a norma indica que:
“b) nas unidades residenciais e nas acomodações de hotéis, motéis e similares, às toma-
das de uso geral devem ser atribuídas as seguintes potências:
• em banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, área de serviço, lavanderias e locais
análogos, no mínimo 600 VA por tomada, até três tomadas, e 100 VA, por tomada,
para as excedentes, considerando cada um desses ambientes separadamente;
• nos demais cômodos ou dependências, no mínimo 100 VA por tomada;
c) em halls de escadaria, salas de manutenção e sala de localização de equipamentos,
tais como casas de máquinas, salas de bombas, barriletes e locais análogos, deverá ser pre-
visto no mínimo um ponto de tomada.
d) aos circuitos terminais que sirvam às tomadas de uso geral nos locais indicados na
alínea c) deve ser atribuída uma potência de no mínimo 1000 VA.”
Seguindo o projeto da planta exemplo, vamos determinar a quantidade de pontos de

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tomadas de uso geral em cada cômodo.

Nº de toma- Potência de
Potência de
Cômodo L C Área Perímetro das de uso tomadas de
iluminação
geral uso geral
Área de Serviço 3,40 1,75 5,95 10,30 100 2 1200
Cozinha 3,05 3,75 11,44 13,60 160 4 1900
Dormitório 2 3,40 3,15 10,71 13,10 160 4 400
Copa 3,05 3,10 9,46 12,30 100 4 1900
Sala 3,05 3,25 9,91 12,60 100 4 400
Banheiro 2,30 1,80 4,14 8,20 100 1 600
Dormitório 1 3,40 3,25 11,05 13,30 160 4 400
Hall 1,80 1,00 1,80 5,60 100 1 100
Tabela 2
A tabela acima apresenta o número de tomadas para cada cômodo, bem como a po-
tência que lhes é atribuída.
Observação: As células grifadas na tabela se referem à alínea b) da norma NBR 5410.

3.2.3 Tomadas de uso específico


Seguem abaixo as recomendações da norma para tomadas de uso específico:
“a) às tomadas de uso específico deve ser atribuída uma potência igual à potência
nominal do equipamento a ser alimentado;
a) quando não for conhecida a potência nominal do equipamento a ser alimentado,
deve-se atribuir à tomada de corrente uma potência igual à potência nominal do equipa-
mento mais potente com possibilidade de ser ligado, ou a potência determinada a partir da
corrente nominal da tomada e da tensão do respectivo circuito;
b) as tomadas de uso específico devem ser instaladas, no máximo, a 1,5 m do local
previsto para o equipamento a ser alimentado.”
Para a nossa planta de exemplo, iremos considerar as seguintes tomadas de uso espe-
cífico:
• Uma torneira elétrica na cozinha de 5000 W;
• Uma geladeira na cozinha de 500 W;
• Um chuveiro no banheiro de 5600 W;
22
• Uma máquina de lavar roupa na área de serviço de 1000 W.
Reunindo os dados de potência, temos a tabela abaixo:

Nº de Nº de to- Potência de
Potência Potência de
tomadas madas de tomadas de
Cômodo L C A P de ilumi- tomadas de
de uso uso especí- uso especí-
nação uso geral
geral fico fico
Área de
3,40 1,75 5,95 10,30 100 2 1200 1 1000
Serviço
Cozinha 3,05 3,75 11,44 13,60 160 4 1900 2 5500
Dormitório
3,40 3,15 10,71 13,10 160 4 400
2
Copa 3,05 3,10 9,46 12,30 100 4 1900
Sala 3,05 3,25 9,91 12,60 100 4 400
Banheiro 2,30 1,80 4,14 8,20 100 1 600 1 5600
Dormitório
3,40 3,25 11,05 13,30 160 4 400
1
Eletrotécnica

Hall 1,80 1,00 1,80 5,60 100 1 100


Tabela 3

3.3 Definição do tipo de entrada


Depois de realizado o levantamento de todas as potências da residência, observamos
que as potências de iluminação e de tomadas de uso geral estão apresentadas na sua po-
tência aparente, sendo necessária a sua transformação para potência ativa. Para isso, vamos
definir que o FP para iluminação é igual a 1 e para tomadas de uso geral, igual a 0,8.

Obtidos todos os valores de potência, definimos a carga total do projeto.

O Regulamento de Instalações Consumidoras (RIC) da RGE, concessionária de energia


de Passo Fundo, informa que serão atendidas em tensão secundária as instalações com carga
instalada de até 75 kW.
Para atendimento de prédios de múltiplas unidades consumidoras residenciais e/ou
mistos com demanda total superior a 115 kVA, deverá ser prevista uma área do condomínio
para o(s) posto(s) de transformação de uso exclusivo, conforme RIC de MT.
O RIC define três tipos de fornecimento, conforme o número de fases:
• Tipo A – monofásico – dois condutores (uma fase e o neutro).
• Tipo B – bifásico – três condutores (duas fases e o neutro).
• Tipo C – trifásico – quatro condutores (três fases e o neutro).
Conforme o RIC, em Passo Fundo, a tensão de alimentação trifásica é 380/220. Como a
potência calculada é de 18600 W, para essa instalação o tipo de entrada será B2 (carga insta-
lada abaixo de 25 kW). Dessa forma, o próprio RIC definiu o disjuntor de proteção da entrada
(disjuntor termomagnético de 50 A), o condutor de entrada (10mm²), eletroduto de entrada
(aço 20mm² e PVC 25mm²) e por final o limite de potência que pode ser ligada (motor de
máquina de solda de 3CV monofásico e 5CV bifásico). 23

3.4 Divisão das instalações


Agora que temos o tipo de entrada do nosso projeto de exemplo, devemos iniciar a
divisão da instalação. Para tanto, vamos seguir o que é indicado na norma NBR 5410.
“4.2.4.1 Qualquer instalação deve ser dividida, de acordo com as necessidades, em vá-
rios circuitos, devendo cada circuito ser concebido de forma a poder ser seccionado sem risco
de realimentação inadvertida, através de outro circuito.
4.2.4.2 Qualquer instalação deve ser dividida em tantos circuitos quantos forem neces-
sários, de forma a proporcionar facilidade de inspeção, ensaios e manutenção, bem como
evitar que, por ocasião de um defeito em um circuito, toda uma área fique desprovida de
alimentação (por exemplo, circuitos de iluminação).
4.2.4.3 Circuitos de distribuição distintos devem ser previstos para partes das instala-
ções que necessitem de controle específico, de tal forma que estes circuitos não sejam afe-
tados pelas falhas de outros (por exemplo: minuteiras, circuitos de supervisão predial, etc.).

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4.2.4.4 Em função da ocupação do local e da distribuição de circuitos efetuada, deve-se
prever a possibilidade de ampliações futuras, com a utilização de circuitos terminais futuros.
Tal necessidade, conforme mencionado em 4.2.1.1.2, deverá se refletir, ainda, na taxa de
ocupação dos condutos elétricos e quadros de distribuição.
4.2.4.5 Os circuitos terminais devem ser individualizados pela função dos equipamen-
tos de utilização que alimentam. Em particular, devem ser previstos circuitos terminais distin-
tos para iluminação e tomadas de corrente.
4.2.4.6 Em unidades residenciais e acomodações (quartos ou apartamentos) de hotéis,
motéis e similares, devem ser previstos circuitos independentes para cada equipamento com
corrente nominal superior a 10 A.
4.2.4.7 Nas instalações alimentadas com duas ou três fases, as cargas devem ser distri-
buídas entre as fases, de modo a obter-se o maior equilíbrio possível.
4.2.4.8 Quando houver alimentação a partir de vários sistemas (subestação, gerador,
etc.), o conjunto de circuitos alimentados por cada sistema constitui uma instalação. Cada
uma delas deve ser claramente diferenciada das outras, observando-se que:
a) um quadro de distribuição só deve possuir componentes pertencentes a uma única ins-
talação, com exceção de circuitos de sinalização e comando e de conjuntos de manobra
especialmente projetados para efetuar o intercâmbio das fontes de alimentação;
b) os condutos fechados só devem conter condutores de uma única instalação;
c) nos condutos abertos, bem como nas linhas constituídas por cabos fixados diretamente
em paredes ou tetos, podem ser instalados condutores de instalações diferentes, desde
que adequadamente identificados.”
Voltando a nossa planta de exemplo e seguindo as recomendações da norma, iremos
dividir a instalação em seis circuitos, assim distribuídos:
• Circuito 1 – Iluminação social
• Circuito 2 – Iluminação de serviço
• Circuito 3 – Pontos de tomadas de uso geral
• Circuito 4 – Pontos de tomadas de uso geral
• Circuito 5 – Torneira elétrica e geladeira
• Circuito 6 – Chuveiro elétrico
• Circuito 7 – Máquina de lavar

Nº de Potência Nº de Potência
Nº Potência Po- Fase
tomadas de toma- tomadas de toma-
24 do Descrição do circuito de ilumi- tência (S e
de uso das de de uso das de uso
CKT nação Total R)
geral uso geral específico específico

1 Iluminação social 520 - - - - 520 S


2 Iluminação de serviço 460 - - - - 460 R
3 Uso geral - direito - 18 3800 - - 3800 S
4 Uso geral - esquerdo - 6 3100 - - 3100 R
Torneira elétrica e
5 - - - 2 5500 5500 R
geladeira
6 Chuveiro - - - 1 5600 5600 S
7 Máquina de lavar 1 1000 1000 R
Tabela 4
Na planilha acima, temos a divisão dos circuitos, discriminadas as potências de cada
circuito e assinalada a fase em que o mesmo será atribuído. A soma de potências na Fase S é
de 9160 W e na Fase, de R 9440 W, sendo uma diferença de aproximadamente 3%. Portanto,
o projeto está bem equilibrado, haja vista que os circuitos estão divididos de igual forma,
pois ambos possuem um circuito de iluminação, tomadas de uso geral e tomadas de uso
específico.
Eletrotécnica

3.5 Cálculo da corrente dos circuitos


Já sabemos a potência de cada circuito. A partir de agora, iremos calcular a sua corren-
te, que será utilizada para o dimensionamento da fiação e das proteções contra sobrecarga
e corrente de curto-circuito.
Outra informação importante é que o dimensionamento da fiação deve ser realizado
com base na potência aparente.
A tabela abaixo apresenta as correntes para cada circuito.

Nº do CKT Descrição do circuito Potência total Fase (S e R) Corrente (A)

1 Iluminação social 520 S 2,36


2 Iluminação de serviço 460 R 2,09
3 Uso geral – direito 3800 S 17,27
4 Uso geral - esquerdo 3100 R 14,09
Torneira elétrica e ge-
5 5500 R 25,00
ladeira
6 Chuveiro 5600 S 25,45
7 Máquina de lavar 1000 R 4,55
Tabela 5
3.6 Cálculo da corrente de distribuição
Para o cálculo da corrente de entrada, deve ser utilizado o fator de demanda.
O RIC utilizado no estado do Rio Grande do Sul traz o anexo D para os diversos tipos de
demanda a ser considerada na hora do projeto do circuito.
Para fins de estudo, iremos utilizar o fator de demanda para iluminação e tomadas de
uso geral. Para tanto, a potência a ser considerada é de 6500 W.

25

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Figura 9 – Anexo D (RIC da RGE, CEEE e AES SUL).


Observando o RIC, podemos ver que o nosso projeto se enquadra na faixa de fator
demanda de 0,40.

3.7 Dimensionamento da fiação da instalação


Nessa fase do projeto, algumas informações devem ser definidas, antes que possamos
realizar o dimensionamento da fiação. Segue abaixo a relação de itens que devem ser defi-
nidos:
26
• O tipo de instalação (no nosso exemplo, o tipo de instalação elétrica será a A1 – Eletro-
duto embutido na parede);
• A localização do quadro de comando;
• Quantos circuitos irão passar por cada eletroduto.
Com essas definições, podemos realizar o dimensionamento da fiação do circuito.
A norma NBR 5410 traz, na tabela, 28 tipos padrão de instalações que podem ser rea-
lizadas.
O dimensionamento da fiação utiliza duas importantes informações: a primeira é a cor-
rente e a segunda, a distância da corrente até o quadro de comando para cálculo da queda
de tensão. A norma exige que tenhamos no máximo 7% para o ramal de alimentação e 5%
para os ramais internos.
Antes de tudo, iremos realizar o dimensionamento, seguindo o critério da corrente. No
nosso circuito, já temos os valores de corrente que estão presentes na tabela 5 e o tipo de
linha que iremos utilizar (A1).
Eletrotécnica
27

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Tabela - Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e
D – tabela 36 da NBR 5410
A NBR traz, também, fatores de correção, conforme o tipo de isolação do condutor,
lembrando que a norma estabelece o condutor mínimo para iluminação e de tomadas de uso
geral, sendo 1,5mm e 2,5mm, respectivamente.

Nº do CKT Descrição do circuito Potência Total Fase (S e R) Corrente (A) Fiação

1 Iluminação social 520 S 2,36 1.5


2 Iluminação de serviço 460 R 2,09 1,5
3 Uso geral - direito 3800 S 17,27 4
4 Uso geral - esquerdo 3100 R 14,09 2.5
Torneira elétrica e ge-
5 5500 R 25,00 6
ladeira
6 Chuveiro 5600 S 25,45 6
7 Máquina de lavar 1000 R 4,55 2,5

3.8 Dimensionamento da fiação segundo o critério de queda de tensão


A queda de tensão provocada pela passagem de corrente elétrica nos condutores dos
circuitos de uma instalação deve estar dentro de determinados limites máximos, a fim de não
prejudicar o funcionamento dos equipamentos de utilização ligados aos circuitos terminais.
Uma tensão inferior ao valor nominal é capaz de provocar redução de iluminância em
circuitos de iluminação, redução de torque ou impossibilidade de partida de motores, poden-
do, ainda, reduzir a vida útil dos equipamentos.
Existe um método simplificado feito para calcular a queda de tensão em circuitos com
pequenas cargas. Esse método pode ser aplicado a circuitos terminais de instalações de casas
e apartamentos, nos quais se tem diversas cargas (lâmpadas e tomadas) distribuídas.
O método tem por base o emprego das tabelas Watts metros referentes, respectiva-
mente, às tensões 110 V e 220 V. O valor Σ(P(Watts) l(metros)) representa:
P: Potência da carga, em watts;
l: Distância, em metros, da carga ao quadro que a alimenta.

Soma dos produtos potências (Watts) x distâncias (m) V = 110 Volts (V)
28 Circuito a dois condutores.

Soma dos produtos potências (Watts) x distâncias (m) V = 220 Volts (V)
Eletrotécnica

3.9 Dimensionamento da proteção


A seleção do disjuntor, termomagnético ou DR, para proteção contra sobrecarga, ocor-
re a partir da curva de característica de disparo do disjuntor.
Os disjuntores de curva B são apropriados para proteção de circuitos que alimentam
cargas com características predominantemente resistivas, como lâmpadas incandescentes,
chuveiros, torneiras e aquecedores elétricos, além dos circuitos de tomadas de uso geral.
Os disjuntores de curva C são apropriados para proteção de circuitos que alimentam,
especificamente, cargas de natureza indutiva que apresentam picos de corrente no momento
de ligação, como micro-ondas, geladeiras, máquinas de lavar, ar condicionado, motores para
bombas, além de tomadas das áreas de serviço.
Os disjuntores de curva D são apropriados para proteção de circuitos que alimentam
cargas altamente indutivas que apresentam elevados picos de corrente no momento de liga-
ção, como grandes motores, transformadores, além de circuitos com cargas de característi-
cas semelhantes a essas.
Características nominais do disjuntor termomagnético:
Número de polos; tensão nominal; frequência; capacidade de ruptura (kA); corrente
nominal (A); faixa de ajuste do disparador magnético (caso opcional); faixa de ajuste do dis-
parador térmico (caso opcional).

29

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Linha de disjuntores NEMA GE


Um dispositivo de proteção contra correntes de sobrecarga funciona corretamente se:
Sua corrente nominal, ou de ajuste for igual ou superior à corrente de projeto do circui-
to, porém inferior à capacidade de condução de corrente dos condutores do circuito.
OBS: Geralmente, a corrente de projeto utiliza 80% da capacidade da corrente nominal
do disjuntor.
Na tabela abaixo, a última coluna apresenta o disjuntor escolhido para cada circuito.

Corrente

Potência Fase (S Corrente máxima
do Descrição do circuito Fiação Disjuntor
Total e R) (A) dos condu-
CKT
tores

1 Iluminação social 520 S 2,36 1.5 14,5 10


2 Iluminação de serviço 460 R 2,09 1,5 14,5 10
3 Uso geral - direito 3800 S 17,27 4 19,5 20
4 Uso geral - esquerdo 3100 R 14,09 2.5 19,5 15
Torneira elétrica e
5 5500 R 25,00 6 34 30
geladeira
30 6 Chuveiro 5600 S 25,45 6 34 30
7 Máquina de lavar 1000 R 4,55 2,5 19,5 10

3.10 Dimensionamento do dispositivo DR


A utilização de proteção diferencial residual (disjuntor ou interruptor) de alta sensibili-
dade em circuitos terminais que sirvam a:
• Tomadas de corrente em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, gara-
gens e, no geral, a todo local interno molhado em uso normal ou sujeito a lavagens;
• Tomadas de corrente em áreas externas;
• Tomadas de corrente que, embora instaladas em áreas internas, possam alimentar equi-
pamentos de uso em áreas externas;
• Pontos situados em locais contendo banheira ou chuveiro.

NOTA: os circuitos não relacionados nas recomendações e exigências aci-


ma poderão ser protegidos apenas por disjuntores termomagnéticos (DTM).
Eletrotécnica

Dimensionar o dispositivo DR é determinar o valor da corrente nominal e da corrente


diferencial-residual nominal de atuação de tal forma que se garanta a proteção das pessoas
contra choques elétricos que possam colocar sua vida em risco.
Corrente Corrente
diferencial - residual nominal
nominal de atuação

A NBR 5410 estabelece De um modo geral, as


que o valor maximo para correntes nominais típicas
esta corrente é de 30mA disponiveis no mercado
(trinta mili ampères). seja para Disjuntores DR
ou Interruptores DR são:
25, 40, 63, 80 e 100A.

O dispositivo DR deve ser escolhido conforme o disjuntor de proteção do circuito.


Corrente nominal Corrente nominal
do disjuntor (A) mínima do IDR (A)
10, 15, 20, 25 25
30, 40 40
50, 60 63
70 80
90, 100 100

A tabela abaixo mostra qual DR vai ser utilizado na planta exemplo.

Nº Corrente má-
Potência Fase (S Corren-
do Descrição do circuito Fiação xima dos con- Disjuntor DR 31
Total e R) te (A)
CKT dutores

1 Iluminação social 520 S 2,36 1.5 14,5 10 25


2 Iluminação de serviço 460 R 2,09 1,5 14,5 10 25
3 Uso geral - direito 3800 S 17,27 4 19,5 20 25
4 Uso geral - esquerdo 3100 R 14,09 2.5 19,5 15 25
Torneira elétrica e ge-
5 5500 R 25,00 6 34 30 40
ladeira
6 Chuveiro 5600 S 25,45 6 34 30 40
7 Máquina de lavar 1000 R 4,55 2,5 19,5 10 25

3.11 Dimensionamento da tubulação


De acordo com o manual da PRYSMIAN, para instalações elétricas residenciais, é obri-
gatório que os condutores não ocupem mais que 40% da área útil dos eletrodutos. Para

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dimensionar os eletrodutos, basta saber o número de condutores no eletroduto e a maior
seção destes.

60%
Diâmetro
40% interno

Condutores
Esse procedimento descrito no manual da PRYSMIAN pode ser utilizado para instala-
ções simples, nas quais o comprimento do trecho de eletrodutos esteja dentro dos limites de
comprimento máximo.
Tabela para dimensionamento dos eletrodutos de PVC.

32

Exemplo: Em um trecho do eletroduto, estão inseridos seis condutores, sendo a maior


seção dos condutores de 4 mm2. De acordo com a tabela acima, o tamanho nominal do
eletroduto é de 20 mm2.
Sendo assim, é necessária a planta com a representação gráfica da fiação com as seções
dos condutores indicados.
De acordo com a NBR-5410, a taxa máxima de ocupação em relação à área de seção
transversal dos eletrodutos não deve ser superior a:
Eletrotécnica

a) 53% no caso de um condutor (fio ou cabo);


b) 31% no caso de dois condutores (fios ou cabos);
c) 40% no caso de três ou mais condutores (fios ou cabos).
Eletrodutos de PVC rígido roscável – classe A (NBR 6150).
33

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A figura acima mostra o projeto da planta exemplo pronto.


EXERCÍCIOS
1) Dimensionar os condutores para um circuito terminal (F-F) de um chuveiro elétrico,
dados: Pn =4500 W; V = 220 V; condutores de isolação PVC; eletroduto de PVC embutido
em alvenaria método B1; temperatura ambiente de 30 distância 20m. Dimensionar pelos três
métodos.

34

2) Considerando o circuito terminal do exercício anterior e supondo que ele esteja


instalado em um eletroduto, no qual, em certo trecho, também estejam mais três circuitos
monofásicos (F-N), determine a nova bitola do condutor do circuito que alimenta o chuveiro.
Eletrotécnica
3) Dimensionar o circuito terminal de um apartamento cujas cargas estão representa-
das na figura (instalação em eletroduto de PVC embutido em alvenaria; temperatura ambien-
te 30 oC; isolação PVC; tensão 127 V). Utilizar fator de potência 0.8.

35

4) Dimensionar os condutores de neutro e proteção dos exercícios 1, 2 e 3.

5) Dimensionar os eletrodutos dos exercícios 1, 2, e 3.

6) Dimensionar o dispositivo de proteção para o circuito abaixo, sabendo que ele é


constituído de condutores unipolares de cobre com isolação de PVC e está instalado em ele-

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troduto de PVC embutido em alvenaria.
Transformador
É um equipamento que transfere energia entre seus enrolamentos, provocando a va-
riação de valores de tensão e corrente, mas mantendo constantes os valores de potência e
de frequência.

4.1 Partes do transformador


O transformador é composto, basicamente, de três partes:
• Enrolamento primário (enrolamento que recebe a tensão);
• Enrolamento secundário (enrolamento que fornece a tensão);
• Núcleo (parte de ferromagnético em que o fluxo magnético percorre).
36
Enrolamento Enrolamento
Primário Secundário

Vp
a.c Np Ns

carga

4.2 Princípio de funcionamento


No transformador, vemos alguns conceitos importantes do eletromagnetismo, dentre
eles a experiência de Oersted, que foi realizada em uma audiência pública em 1820, duran-
Eletrotécnica

te a qual ele fez passar uma corrente elétrica por um fio. Próxima do condutor estava uma
bússola. Desde que não seja perturbada, qualquer bússola orienta-se para o Norte. Oerted
verificou que, quando a corrente elétrica atravessava o fio, a bússola desviava-se, passando a
orientar-se de uma forma perpendicular ao fio.
Outro conceito importante é a Lei de Faraday, na qual “todo condutor mergulhado em
um campo magnético variável terá em seus terminais uma fem (força eletromotriz) induzida”.
Portanto, se aplicarmos, no enrolamento primário do transformador, uma tensão al-
ternada, observaremos o aparecimento de uma corrente elétrica, denominada “corrente de
excitação”. Essa corrente se cria no enrolamento primário um fluxo (Đm), que circulará pelo
núcleo de ferro, passando pelo enrolamento secundário.
Se a corrente de excitação for alternada, o fluxo produzido também será alternado, o
que provocará o aparecimento de uma fem (força eletromotriz) induzida no enrolamento
secundário.
Nesse ponto, foi considerado o transformador ideal, isto é, sem perdas, e o secundário
está em aberto (sem carga).
4.3 Transformador ideal

37
O transformador ideal traz algumas relações que são úteis para o estudo de transfor-
madores. A principal delas é que a potência de entrada é igual à potência de saída.

Com isso, chegamos a uma outra relação:

Igualmente importante é a relação do número de voltas das bobinas do primário e do


secundário:

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Exercício:
Um transformador possui uma potência nominal de 1 kVA e tensão no primário de 220
V. No seu enrolamento primário, ele possui 500 espiras e no secundário, 250 espiras. Qual a
corrente no primário, no secundário e qual a tensão de saída?
4.4 Transformador com perdas
No transformador, quando consideramos as perdas, temos os seguintes parâmetros:
• G, que considera as perdas de potência no núcleo por histerese e correntes parasitas;
• B, que é uma suscetância indutiva que considera o armazenamento de energia;
• R, que é a resistência equivalente que considera as resistências de ambos os enrolamen-
tos, vista no secundário;
• X, que é a reatância equivalente que considera as perdas por dispersões magnéticas em
ambos os enrolamentos, vista no secundário.

i1 R X i2

iE
38
ic iM
V1 G i2
aV2
ai 2

Figura 10 – Modelo de transformador com perdas.


Os parâmetros acima relacionados são determinados por dois testes com o transfor-
mador.

4.5 Teste de circuito aberto


Nesse teste, deve-se deixar o secundário vazio, medir a tensão no secundário, tensão no
primário, corrente no primário e potência no primário.
Como nesse caso a potência nos enrolamentos é muito baixa, podemos desconsiderá-
-la, e a potência medida será somente as perdas no núcleo.
Eletrotécnica

4.6 Teste de curto-circuito


Nesse teste, deve-se colocar o secundário em curto-circuito, medir a corrente no secun-
dário, tensão no primário, corrente no primário e potência no primário.
O teste de curto-circuito consiste em alimentar o primário com uma fonte de tensão
variável e elevar a tensão até que o secundário atinja a corrente nominal.
Como a tensão no primário será muito baixa, a densidade de fluxo também será baixa.
Nesse caso, podemos desconsiderar as perdas no núcleo.
Exercício:
O primário de um transformador tem capacidade nominal de 10 A e 1000 V. Em circuito
aberto, os instrumentos conectados no primário indicaram 0,42 A e 100 W. Já o voltímetro
colocado no secundário indicou 500 V. Em curto circuito, obteve-se 400 W e 125 V no primá-
rio. Determine os parâmetros do transformador.

39

4.7 Rendimento do transformador


Considerando as perdas do transformador, podemos determinar o seu rendimento, ou
seja, quanto da potência de entrada realmente é entregue à carga.

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4.8 Tipos de transformadores

4.8.1 Transformador Trifásico


Os transformadores trifásicos são utilizados para a redução ou elevação da tensão do
sistema trifásico. Sua construção é semelhante à do transformador monofásico. Porém, em
vez de termos um único par de enrolamentos (enrolamento primário e enrolamento secun-
dário), no transformador trifásico temos três pares de enrolamentos.
A ligação do transformador trifásico pode ser de duas maneiras:
40
Na ligação em estrela, existe a possibilidade de utilização de um condutor neutro. Te-
mos a tensão de fase menor que a tensão de linha, e a corrente de linha é igual à corrente
de fase.

Na ligação em triângulo, a tensão de linha é igual à tensão de fase e a corrente de fase


é menor que a corrente de linha.

É possível a ligação de três transformadores monofásicos para fazer a transformação de


um sistema trifásico, porém os três transformadores devem ser iguais nas suas características.
Eletrotécnica

4.8.2 Transformador de potencial


É um transformador utilizado para a redução de tensão alta e média para valores de
baixa tensão.
Sua principal utilização é para a medição (concessionária de energia) e proteção.
Os transformadores de potencial são projetados para uma tensão secundária nominal
de 115 V, embora possam ser encontrados transformadores de potencial com outros valores
de saída.

4.8.3 Transformador de corrente


Quando o enrolamento primário do transformador de corrente é atravessado por uma
corrente, no primário irá aparecer uma corrente menor, porém com uma relação conhecida.
Esse tipo de transformador é utilizado em aparelhos de medida e de proteção.

4.8.4 Autotransformador
Possui apenas um enrolamento, considerando que o enrolamento secundário deriva do
enrolamento primário.
Exercício:
Um transformador monofásico, conectado a uma rede senoidal de 60 Hz, alimentando
uma carga com corrente de 5 A e fator de potência igual a 0,8 atrasado, apresenta as seguin-
tes características:
- Tensão no secundário a plena carga = 200 V
- Perdas no cobre = 30 W
- Perdas no ferro = 10 W
Nessas condições, qual o rendimento do transformador?

41

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Geradores
O gerador é um equipamento capaz de transformar energia mecânica, química, solar,
aeólica etc. em energia elétrica.
O foco principal de nosso estudo é o gerador que transforma energia mecânica em
elétrica.
Os geradores são divididos em três tipos:
• Gerador síncrono;
• Gerador de indução ou gerador assíncrono;
• Gerador de corrente contínua.
42
5.1 Princípio de funcionamento
O funcionamento do gerador é baseado na lei de indução eletromagnética de Faraday,
que diz que toda vez que um condutor atravessa um campo magnético é induzida uma ten-
são elétrica.
Tensão CC

Polo de Sapara
excitação polar

Armadura
(Rotor)

Saída de tensão CA

O gerador elétrico síncrono é divido em duas partes distintas:


Eletrotécnica

• O rotor, que é a parte móvel da máquina;


• O estator, que é a parte fixa da máquina.
O rotor possui conectado a si os anéis coletores, que irão transferir a energia gerada
para o meio externo, ou enviar tensão de corrente contínua para gerar o seu campo magné-
tico do rotor.
Ele é formado por um conjunto de bobinas. Aplicando-se a estas corrente contínua,
forma-se um campo magnético no espaço entre o rotor e o estator.

N Enrolamento da
Rotor armadura

Anéis

S Ucc
Tensão de
excitação
Em síntese, o rotor opera como um eletroímã (polos norte e sul), cuja intensidade de
campo magnético é controlada pela corrente injetada nas bobinas. Essa corrente é chamada
“corrente de excitação”.
O estator também é formado por bobinas que são instaladas na armadura. Ao girar o
rotor, o campo magnético atravessa as bobinas do estator com ângulo e incidência variáveis,
conforme a posição angular do rotor.
A intensidade da tensão gerada é proporcional à variação do fluxo magnético que atra-
vessa a bobina, à rotação da máquina primária e à corrente de excitação.
Com a frequência constante, a tensão dependerá apenas da corrente de excitação da
máquina. Para obter uma boa estabilidade de tensão, é utilizado um Regulador Automático
de Voltagem.

43
Onde:
e – tensão induzida;
B – campo magnético;
l – comprimento do condutor;
θ – ângulo formado entre B e v;
v – velocidade linear;
N – número de espiras.
A frequência depende do número de polos do gerador e da velocidade de rotação da
máquina primária.

Onde:

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f – frequência da fem;
p – número de polos;
n – velocidade de rotação da máquina primária.
Para que a frequência tenha a estabilidade adequada, é utilizado um Regulador de
Velocidade capaz de entregar à maquina primária o combustível necessário para manter a
rotação constante.

Exercício:
Considere os geradores de 2, 4, 16, 32 polos e calcule a rotação da máquina para uma
frequência de 60 Hz.
Motores elétricos
Os motores elétricos são máquinas que transformam energia elétrica em energia mecâ-
nica. Eles são divididos conforme a sua forma de alimentação elétrica:
Split phase
Capacitor
de partida
Gaiola de Capacitor
esquilo permanente
Pólos
sombreados
Assíncrono
Capacitor de
dois valores
44
Monofásico Rotor
bobinado Repulsão
Relutância
Motor CA Síncrono
Universal Histerese
de gaiola
Assíncrono
de anéis
Trifásico Ímã
permanente
Síncrono Pólos
salientes
Excitação Pólos lisos
série
Excitação
independente
Motor CC
Excitação
compound
Imã
permanente

O principal tipo é o motor assíncrono, tanto monofásico, como trifásico, sendo ele o
mais fabricado no mundo.
Eletrotécnica

6.2 Motor assíncrono trifásico


Esse talvez seja o principal tipo de motor existente na indústria, devido ao seu baixo
custo de fabricação e à sua grande gama de trabalho.
Esse motor é formado por duas partes principais:
Rotor – Parte da máquina responsável pela transferência da energia mecânica para o
meio externo, é composta por bobinas ou por placas ferromagnéticas. Conforme o tipo de
rotor, o motor é classificado em gaiola de esquilo ou rotor bobinado.
Estator – Parte fixa da máquina, é responsável por receber a tensão elétrica que irá ge-
rar o campo magnético. É no estator que estão dispostas as bobinas de campo. No sistema
trifásico, é um conjunto de três bobinas que estão separadas por um ângulo de 120º.

6.2.1 Campo girante


Como acontece o movimento? O movimento acontece em razão do campo girante.
O campo girante é gerado devido ao fato de as fases do sistema trifásico estarem defa-
sadas 120º entre si e as bobinas de campo do motor estarem instaladas com uma diferença
de 120º entre si.
VC VC

VA VA
3

S
45

VB VB

Na figura acima, vemos que cada dos enrolamentos são alimentados por uma das fases
do sistema trifásico.

b
120º
1,0

0,5

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0 a

-0,5

-1,5
90º 120º 270º 360º

Observando a figura que representa as três fases do sistema trifásico, vemos que, quan-
do uma das fases está no pico tanto positivo como negativo, as outras duas fases estão se
cruzando no sentido oposto, com um valor abaixo do pico. Nessa situação, temos o exemplo
da figura abaixo:
Neutro

I1
Fase 1
1
I2 N
Fase 2 S N
2
I3
Fase 3
46
No tempo t1, a Fase 2 está no pico negativo; a Fase 3, que estava no pico positivo, está
diminuindo a sua tensão e cruzando com a Fase 1, que está aumentando a sua tensão para
chegar ao pico positivo. Nessa situação, a Fase 2 está gerando um campo magnético Sul, e
as outras duas estão gerando um campo magnético Norte de intensidade menor que o Sul.
Ainda, o campo magnético induzido no rotor irá se alinhar com o enrolamento 2.
Neutro

I1
Fase 1
1
I2 N
Fase 2 S S

2
I3
Fase 3
Eletrotécnica

No tempo t2, a Fase 1 chega ao pico positivo, a Fase 3 está diminuindo a sua tensão
para chegar ao pico negativo e cruza com a Fase 2, que estava no pico negativo e está au-
mentando a sua tensão. Nessa situação, a Fase 1 está gerando um campo magnético Norte,
e as outras duas estão gerando um campo magnético Sul de intensidade menor que o Norte.
Ainda, o rotor que estava alinhado com o enrolamento 2 move-se no sentido anti-horário e
alinha-se com o enrolamento 1.

Neutro

I1
Fase 1
1
I2 N
Fase 2 N S

2
I3
Fase 3

No tempo t3, a Fase 3 chega ao pico negativo, a Fase 1, que estava no pico positivo
está diminuindo a sua tensão e cruza com a Fase 2, que está aumentando a sua tensão. Nessa
situação, a Fase 3 está gerando um campo magnético Sul, e as outras duas estão gerando um
campo magnético Norte de intensidade menor que o Sul. Ainda, o rotor que estava alinhado
com o enrolamento 1 move-se no sentido anti-horário e alinha-se com o enrolamento 3.

Neutro

I1
Fase 1
1
I2 S
Fase 2 N S
47
2
I3
Fase 3
No tempo t4, a Fase 2 chega ao pico positivo, a Fase 1 está diminuindo a sua tensão
para chegar ao pico negativo e cruza com a Fase 3, que estava no pico negativo e está au-
mentando a sua tensão. Nessa situação, a Fase 2 está gerando um campo magnético Norte,
e as outras duas estão gerando um campo magnético Sul de intensidade menor que o Norte.
Ainda, o rotor que estava alinhado com o enrolamento 3 move-se no sentido anti-horário e
alinha-se com o enrolamento 2.

Neutro

I1
Fase 1

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1
I2 S
Fase 2 N N

2
I3
Fase 3

No tempo t5, a Fase 1 chega ao pico negativo, a Fase 2, que estava no pico positivo
está diminuindo a sua tensão e cruza com a Fase 3, que está aumentando a sua tensão. Nessa
situação, a Fase 1 está gerando um campo magnético Sul, e as outras duas estão gerando um
campo magnético Norte de intensidade menor que o Sul. Ainda, o rotor que estava alinhado
com o enrolamento 2 move-se no sentido anti-horário e alinha-se com o enrolamento 1.
48 No tempo t6, a Fase 3 chega ao pico positivo, a Fase 2 está diminuindo a sua tensão
para chegar ao pico negativo e cruza com a Fase 1, que estava no pico negativo e está au-
mentando a sua tensão. Nessa situação, a Fase 3 está gerando um campo magnético Norte,
e as outras duas estão gerando um campo magnético Sul de intensidade menor que o Norte.
Ainda, o rotor que estava alinhado com o enrolamento 1 move-se no sentido anti-horário e
alinha-se com o enrolamento 3.

No tempo t7, a Fase 2 chega ao pico negativo, a Fase 3 que estava no pico positivo está
Eletrotécnica

diminuindo a sua tensão e cruza com a Fase 1, que está aumentando a sua tensão. Nessa
situação, a Fase 1 está gerando um campo magnético Sul, e as outras duas estão gerando um
campo magnético Norte de intensidade menor que o Sul. Ainda, o rotor que estava alinhado
com o enrolamento 3 move-se no sentido anti-horário e alinha-se com o enrolamento 2.
No tempo t7, já temos um giro completo do rotor com um ciclo completo da tensão
da Fase 2.
Portanto, notamos que o motor assíncrono realizou o movimento somente com o au-
xílio da rede elétrica trifásica. A velocidade do campo girante é chamada de “velocidade sín-
crona” e é dada pela fórmula abaixo:

Onde:

ns – velocidade síncrona;
f – frequência da rede
p – número de polos do motor.
Cada conjunto de enrolamentos do motor é chamado de polo, de modo que os moto-
res sempre terão número par de polos.
Exercício:
Calcule a velocidade síncrona de um motor com quatro polos ligado a uma rede elétrica
trifásica 220/380 V 60 Hz.

49

6.2.2 Escorregamento
O campo magnético do estator induz um campo magnético no rotor. Isso resulta em
um atraso do rotor ao acompanhar o movimento do campo girante. A esse atraso é dado o
nome de “escorregamento”.

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Onde:
S – escorregamento (rpm)
ns – velocidade do campo girante
nr – velocidade do rotor

Quando o motor está vazio (sem carga), o escorregamento é praticamente nulo. O es-
corregamento aumento conforme aumenta a carga.

Exercício:
Qual é o escorregamento de um motor em que a velocidade do rotor é de 1739 rpm e
o mesmo possui seis polos, estando ligado na rede 280/380 V 60 Hz?
6.2.3 Rendimento
O rendimento do motor é a relação entre a potência de entrada (elétrica) e a potência
mecânica fornecida à carga.

O rendimento aumenta quando a potência nominal também aumenta, e, quanto mais


próximo da carga nominal no eixo, maior o rendimento.
O rendimento é um dos parâmetros presentes na placa de identificação do motor.
Exercício:
Considere um motor de 5 CV de potência de saída e potência de entrada de 4 kW. Qual
50 o rendimento desse motor?
Eletrotécnica

6.2.4 Categoria de conjugado


A norma NBR 7094 classifica os motores de gaiola em cinco categorias, de acordo com
as características de conjugado em relação à velocidade e à corrente de partida:
• Categoria N: conjugado de partida normal, corrente de partida normal e baixo escorrega-
mento (maior número de motores se enquadram nessa categoria).
• Categoria NY: É igual à categoria N, porém permite a partida estrela-triângulo.
• Categoria H: Conjugado de partida alto, corrente de partida normal e baixo escorrega-
mento. Utilizado em transportadores carregados, moinhos etc.
• Categoria HY: Possui as mesmas características anteriores, porém permite partida es-
trela-triângulo.
• Categoria D: Conjugado de partida alto, corrente de partida normal e alto escorregamen-
to. Utilizado em prensas e máquinas semelhantes.

6.2.5 Classe de isolamento


É definida pela norma NBR 7034 e representa o limite máximo de temperatura que o
enrolamento do motor pode suportar, continuamente, sem que haja redução de sua vida útil.
• Classe A: 105ºC
• Classe E: 120ºC
• Classe B: 130ºC
• Classe F: 155ºC
• Classe H: 180ºC

6.2.6 Regime de serviço


A NBR 7094 padroniza dez tipos de regime de serviço:
S1 – Regime contínuo (carga constante atuando por tempo indefinido, igual à potência
nominal do motor)
S2 – Regime de tempo limitado
51
S3 – Regime intermitente periódico
S4 – Regime intermitente periódico com partida
S5 – Regime intermitente contínuo periódico com frenagem elétrica
S6 – Regime de funcionamento contínuo periódico com carga intermitente
S8 – Regime de funcionamento contínuo periódico com mudanças correspondentes de
carga e velocidade
S9 – Regime com variações não periódicas de carga e velocidade
S10 – Regime com cargas constantes e distintas

6.2.7 Fator de serviço (FS)


O fator de serviço é o fator aplicado à potência nominal e indica a quantidade de so-
brecarga que o motor pode suportar por um determinado tempo, em condições específicas,
sem que sofra qualquer defeito.

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O fator de serviço é um parâmetro especificado na placa de identificação do motor. É,
ainda, uma capacidade de sobrecarga contínua, isto é, uma reserva de potência que dá ao
motor condições de funcionamento em situações desfavoráveis.

6.2.8 Corrente de partida


No instante da partida, a corrente do motor costuma variar na faixa de seis a oito vezes
em relação à corrente nominal do motor. Na placa do motor, temos o fator Ip/In, que indica
quantas vezes a corrente de partida é maior que a corrente nominal.

Para a instalação dos motores, é importante que a fiação e os dispositivos de proteção


sejam preparados para suportar a corrente de partida.

6.2.9 Sentido de rotação


O sentido de rotação do motor de indução trifásico depende da sequência em que as
fases do sistema trifásico são ligadas. Porém a troca de posição entre duas fases, não importa
qual delas, altera o sentido de rotação do motor.
L1 L2 L3 L1 L2 L3

M M
52

˜ ˜
3 3

6.2.10 Grau de proteção dos motores (IP)


A carcaça faz o papel de proteção do motor. A exigência do grau de proteção intrínseca
depende diretamente do ambiente no qual o motor é instalado.
A NBR 6146 estabelece os graus de proteção, que em geral são expressos em dois dí-
gitos. O primeiro indica proteção contra corpos sólidos, o segundo indica proteção contra
água.
Tabela – Índice de proteção contra objetos sólidos
Dígito Indicação do primeiro dígito
0 Não é protegido
Eletrotécnica

1 Protegido contra objetos sólidos maiores que 50 mm


2 Protegido contra objetos sólidos maiores que 12 mm
3 Protegido contra objetos sólidos maiores que 2,5 mm
4 Protegido contra objetos sólidos maiores que 1,0 mm
5 Protegido contra poeira prejudicial ao motor
6 Totalmente protegido contra poeira
Tabela – Índice de proteção contra a água
Dígito Indicação do segundo dígito
0 Não protegido
1 Protegido contra quedas verticais de gotas de água
2 Protegido contra queda de gotas de água para uma inclinação máxima de 15º
3 Protegido contra água aspergida de um ângulo de 60º na vertical (chuva)
4 Protegido contra projeções de água de qualquer direção
5 Protegido contra jatos de água de qualquer direção
6 Protegido contra ondas do mar ou de água projetada em jatos potentes
7 Protegido contra imersão em água, sob condições definidas de tempo e pressão
Protegido contra submersão contínua em água, nas condições especificadas pelo fa-
8
bricante
Exercício:
Um motor com grau de proteção IP 54 é protegido contra o quê?

53

6.2.11 Conexão dos enrolamentos


O motor pode ser ligado de duas maneiras diferentes:
• Ligação estrela
• Ligação triângulo
No motor, os enrolamentos são numerados de formas diferentes, a principal delas é
numerar os enrolamentos de 1 a 6.

1 2 3

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4 5 6

6.2.11.1 Ligação em estrela


Na ligação em estrela, os enrolamentos são ligados de modo que pareçam com uma
estrela. Os pontos 4, 5 e 6 são ligados em curto-circuito, criando, assim, um ponto neutro,
em que a soma de todas as correntes que chegam neste ponto é zero.

Se medirmos a tensão entre os pontos 1 e 3, teremos a tensão de linha. Se medirmos a


tensão entre os pontos 1 e o curto 4,5 e 6, teremos a tensão de fase. A tensão de linha é
maior que a tensão de fase. A corrente de linha e a de fase são iguais.
6.2.11.2 Ligação em triângulo
Na ligação em triângulo, os enrolamentos são ligados da seguinte maneira: o final de
um conecta-se ao início do outro, de tal forma que, se alinhados, se pareçam com um triân-
gulo.

54

Nessa situação, a tensão de linha é igual à tensão de fase, haja vista que não temos o
ponto neutro.

6.3 Motores monofásicos


Os motores monofásicos, geralmente, são empregados em aparelhos de pequeno por-
te e de baixa potência.
Diferentemente de motor assíncrono trifásico, que, através do campo girante, conse-
gue iniciar o movimento, o motor monofásico depende de dispositivos auxiliares para come-
çar o giro.
Quando é alimentado pela rede elétrica, o enrolamento do motor monofásico cria um
campo magnético pulsante e induz ao rotor essa mesma característica. Porém, se não houver
algum mecanismo que inicie o movimento, este rotor ficará vibrando em vez de estar giran-
do.
A forma mais comum de dar esse estímulo ao motor monofásico é criando um campo
Eletrotécnica

magnético com uma defasagem do campo principal. Embora existam várias maneiras de
gerar essa defasagem para iniciar o movimento do motor monofásico, a que utiliza um capa-
citor permanente é a mais comum.

C
Enrolamento principal

Rotor

Enrolamento auxiliar
Nesse caso, como vemos na figura, é inserido no motor um enrolamento auxiliar em
série com um capacitor, e ambos estão em paralelo com o enrolamento principal. Dessa
forma, quando há alimentação no motor, o enrolamento auxiliar estará defasado 90º do en-
rolamento principal, devido ao capacitor. Sendo assim, quando iniciar a inversão no sentido
da fase no enrolamento principal, o enrolamento auxiliar estará chegando ao pico positivo e,
portanto, haverá um deslocamento do campo magnético, iniciando, então, o giro do motor
monofásico.

55

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Métodos de partida de motores
7.1 Partida direta
Sempre que for possível, é melhor para a carga e para o motor que haja a partida direta
deste. O diagrama abaixo utiliza os componentes necessários para uma partida direta, com
proteção de sobrecarga e de curto circuito.

L
L1 L2 L3
95
FTI
56
96
F1,2,3
S0

13
S1
K1
14 FTI

K1 H1
M
3
N ˜
Eletrotécnica

Observe que o diagrama é dividido em duas partes, sendo a da esquerda a parte de


comando e a parte da direita, a de força.
Na parte de comando, quando o botão S1 é pressionado, a contatora K1 é alimentada e
fecha seus contatos principais e auxiliares. Nesse momento, com contatos 13 e 14 fechados,
a contatora permanece ligada e a lâmpada H1, acesa. Com os contatos principais fechados,
o motor que está ligado na parte do diagrama de força é acionado.
Para que o motor se desligue, é necessário que seja cortada a alimentação da contato-
ra, o que somente ocorre de duas maneiras: a primeira é se o botão S0 for acionado, cortan-
do, assim, a alimentação da bobina da contatora; e a segunda, devido a uma sobrecarga no
motor que seja superior à programada no relé de sobrecarga, que irá abrir os seus contatos
normalmente fechados, cortando, assim, a alimentação da bobina da contatora.
Exercício:
Realizar a montagem de um sistema de partida de um motor assíncrono trifásico.
7.2 Partida com inversor de frequência
O inversor de frequência é um equipamento utilizado, principalmente, para o controle
de velocidade dos motores, por meio da variação da frequência da rede de alimentação.
Porém, com o auxílio de rampas de aceleração presentes nesses equipamentos, é possível re-
alizar uma partida do motor mais suave, evitando a elevação brusca da corrente no momen-
to da partida. O dimensionamento do inversor de frequência depende, exclusivamente, do
motor, cujas características é importante conhecer, para uma escolha correta. A sua utilização
somente para a partida do motor não é aconselhada, devido ao custo desse dispositivo.

7.3 Partida com soft-starter


A soft-starter, em sua tradução para o português, consiste num equipamento utilizado
para a partida suave dos motores. Ela emprega a redução de tensão na partida para realizar
uma partida mais suave do motor, mantendo, contudo, as características de torque do mo-
57
tor. Ela impede o aumento excessivo da corrente.
O princípio de funcionamento da soft-starter é simples, pois ela possui na entrada um
conversor CA para CC; após, faz uma conversão CC para CA, controlada através de um mi-
crocontrolador.

7.4 Partida estrela-triângulo


Na partida estrela-triângulo, são utilizados dois métodos de ligação do motor, de modo
a permitir uma partida mais suave, lembrando que a tensão de linha da ligação estrela é me-
nor que a tensão de linha da ligação triângulo.
Nesse caso, quando realizada a ligação de um motor inicialmente na configuração es-
trela, passando, depois, para triângulo, a tensão de alimentação do motor é aumentada num
fator de 1,73. Para que isso seja possível, o motor deve permitir os dois tipos de ligação e a
tensão de entrada deve ser inferior à maior tensão de ligação do motor.
Exemplo:

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Para um motor 220/380 só pode ser utilizada a partida estrela-triângulo se a tensão de
entrada for 127/220.
Para uma rede 220/380, o motor que permita a partida estrela-triângulo deve ter a
possibilidade de ligação 380/660.

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