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Notas de Aula de Fı́sica para Biologia

Profa. Dra. Dáfni Fernanda Zenedin Marchioro


Instituto Latino-Americano de Ciências da Vida e da Natureza (ILACVN)
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

Fevereiro de 2016
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Atenção: este material não está autorizado a ser distribuı́do ou


publicado, visto que o próprio não está finalizado e nem cita
propriamente as fontes de figuras e alguns extratos de texto.

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O que é Fı́sica?∗

Como todas as outras ciências, a fı́sica é baseada em observações experimentais e


medidas quantitativas. O principal objetivo da fı́sica é encontrar o número limitado de
leis fundamentais que governam os fenômenos naturais, e usá-las para desenvolver teorias
que podem prever os resultados de experimentos futuros. As leis fundamentais usadas
nas teorias desenvolvidas são expressas na linguagem da matemática, a ferramenta que
fornece a ponte entre teoria e experimento.

Quando uma discrepância entre teoria e experimento surge, novas teorias devem ser
formuladas para remover a discrepância. Muitas vezes uma teoria é satisfatória apenas
sob certas condições limitadas; uma teoria mais geral deve ser satisfatória sem tais li-
mitações. Por exemplo, as leis de movimento descobertas por Isaac Newton (1642 - 1727)
no século 17 descrevem acuradamente o movimento de corpos a velocidades normais, mas
não se aplicam a objetos se movendo a velocidades comparáveis com a velocidade da luz.
Em contraste, a teoria especial da relatividade desenvolvida por Albert Einstein (1879
- 1955) no inı́cio dos anos 1900 fornece os mesmos resultados que as leis de Newton a
baixas velocidades, mas também descreve corretamente movimento a velocidades que se
aproximam da velocidade da luz. Assim, a teoria de Einstein é uma teoria mais geral do
movimento.

Fı́sica Clássica, o que significa toda a fı́sica desenvolvida antes de 1900, inclui as teorias,
conceitos, leis e experimentos em mecânica clássica, termodinâmica e eletromagnetismo.

Contribuições importantes à fı́sica clássica foram fornecidas por Newton, que desen-
volveu a mecânica clássica como uma teoria sistemática e foi um dos pioneiros no uso
do cálculo como uma ferramenta matemática. Grandes desenvolvimentos em mecânica

tradução das primeiras páginas do livro Fundamentals of Physics, autor Halliday.

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continuaram no século 18, mas os campos da termodinâmica e eletricidade e magnetismo


não foram desenvolvidos até a parte final do século 19, principalmente porque antes deste
tempo, o aparato para experimentos controlados era ou muito cru ou indisponı́vel.
Uma nova era na fı́sica, geralmente chamada de fı́sica moderna, começou perto do
final do século 19. A fı́sica moderna se desenvolveu principalmente pela descoberta de
que muitos fenômenos fı́sicos não poderiam ser explicados pela fı́sica clássica. Os dois
mais importantes desenvolvimentos em fı́sica moderna são as teorias da relatividade e
da mecânica quântica. A teoria da relatividade de Einstein revolucionou os tradicio-
nais conceitos de espaço, tempo e energia; a mecânica quântica, que se aplica ao mundo
macroscópico e microscópico, foi originalmente formulada por um número de distintos
cientistas para fornecer descrições de fenômenos fı́sicos a nı́vel atômico.
Cientistas constantemente trabalham na melhora de nosso entendimento dos fenômenos
e leis fundamentais, e novas descobertas são feitas todos os dias. Em muitas áreas de pes-
quisa, uma grande quantidade de superposição existe entre fı́sica, quı́mica, geologia e
biologia, assim como com a engenharia. Alguns dos mais notáveis desenvolvimentos são
(1) várias missões espaciais e a aterrissagem de astronautas na Lua, (2) microcircuitos e
computadores de alta velocidade, e (3) técnicas sofisticadas de imagem usadas em pes-
quisa cientı́fica e medicina. O impacto que tais desenvolvimentos e descobertas tem tido
em nossa sociedade tem sido de fato grande, e é muito provável que descobertas e de-
senvolvimentos futuros serão também tão excitantes e desafiadores e de grande benefı́cio
para a humanidade.

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Passos para resolver problemas

Além do que você poderia esperar aprender sobre conceitos de fı́sica, uma habilidade
muito valiosa que você deve esperar adquirir no seu curso de fı́sica é a capacidade de
resolver problemas complicados. A forma como os fı́sicos abordam situações complexas e
as quebram em partes gerenciáveis é extremamente útil.

Reúna a informação

A primeira coisa a fazer ao abordar um problema é entender a situação. Leia cuida-


dosamente o enunciado do problema, procurando por frases-chave como “em repouso” ou
“cai livremente”. Que informação é dada? Qual é exatamente a questão pedida? Não
esqueça de juntar informação de suas próprias experiências e senso comum. Como uma
resposta razoável deveria se parecer? Você não esperaria calcular a velocidade de um
automóvel como sendo 5 × 106 m/s. Você sabe que unidades esperar? Há casos limites
que você pode considerar? O que acontece quando um ângulo se aproxima de 0o ou 90o
ou quando uma massa se torna grande ou tende a zero? Certifique-se também de estudar
cuidadosamente quaisquer desenhos que acompanham o problema.

Organize sua abordagem

Uma vez que você tenha realmente uma boa ideia do que se trata o problema, você pre-
cisa pensar no que fazer a seguir. Você já tinha visto este tipo de questão anteriormente?
Ser capaz de classificar um problema pode tornar muito mais fácil estabelecer um plano
para resolvê-lo. Quase sempre você deve fazer um desenho rápido da situação. Classifique

tradução da página 47 do livro Fundamentals of Physics, autor Halliday.

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eventos importantes com letras circuladas. Indique quaisquer valores conhecidos, talvez
numa tabela ou diretamente no esboço do desenho.

Analise o problema

Porque você já caracterizou o problema, não deveria ser muito difı́cil selecionar equações
relevantes que se aplicam a este tipo de situação. Use álgebra (e cálculo, se necessário)
para resolver para a variável desconhecida em termos do que é dado. Substitua os números
apropriados, calcule o resultado, e arredonde-o para o número apropriado de algarismos
significativos.

Aprenda a partir de seus esforços

Esta é a parte mais importante. Examine sua resposta numérica. Ela corresponde às
suas expectativas do primeiro passo? E quanto à forma algébrica do resultado - antes de
você substituir os valores numéricos? Faz sentido? (Tente olhar para as variáveis nela
para ver se a resposta mudaria de forma relevante fisicamente se elas fossem drasticamente
aumentadas ou diminuı́das ou ainda se tornassem zero). Pense em como este problema
se compara com outros que você tenha feito. Como foi similar? De que maneira crı́tica
eles diferem? Por que este problema foi proposto? Você deve ter aprendido alguma coisa
ao fazê-lo. Você consegue entender o quê?
Quando for resolver problemas complexos, você pode precisar identificar uma série
de sub-problemas e aplicar os passos acima a cada um. Para problemas muito simples,
provavelmente você não precisará dos passos acima. Mas quando você olhar para um
problema e não souber o que fazer a seguir, lembre-se dos passos acima e use-os como
guia.

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Conteúdo

1 Introdução 1
1.1 Biologia e Fı́sica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Escalas em Biologia e em Fı́sica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Padrões de comprimento, massa e tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.1 Prefixos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.2 Conversão de unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.3 Constantes Fı́sicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Composição da matéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2 Cinemática 12
2.1 Definição das variáveis básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Movimento em uma dimensão - o movimento com aceleração constante . . 14
2.2.1 Queda livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 Movimento em duas dimensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.1 Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.2 Movimento em duas dimensões com aceleração constante - movi-
mento parabólico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.3 Movimento circular uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3 Dinâmica 26
3.1 Força e as Três Leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

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ii Conteúdo

3.2 Forças especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29


3.2.1 A força da gravidade e o peso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.2 Força normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.3 Tração e tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2.4 Força de atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2.5 Tração e compressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.2.6 Centro de massa e centro de gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Torque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3.1 Aplicação do torque: condições de equilı́brio estático . . . . . . . . 44
3.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

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Capı́tulo 1

Introdução

Neste capı́tulo, veremos como a Fı́sica e a Biologia se relacionam, e as distâncias e tama-


nhos tı́picos de organismos vivos. Também veremos quais são os padrões de medida de
comprimento, massa e tempo, e questões relacionadas à análise dimensional e algarismos
significativos.

1.1 Biologia e Fı́sica

Podem os processos biológicos e organismos vivos serem descritos através de modelos e


leis fı́sicas? Até a metade do século 19, acreditava-se que não, principalmente porque
organismos vivos são muito complexos - são constituı́dos de muitos, MUITOS, átomos
que interagem entre si. Além disso, organismos vivos têm propriedades que objetos inani-
mados não possuem: eles nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. Por estes motivos,
acreditava-se que leis diferentes deveriam governar a estrutura e organização das moléculas
nos organismos vivos. Até mesmo a natureza fı́sica das moléculas orgânicas era questio-
nada, visto que estas são maiores e mais complexas que as moléculas de fontes inorgânicas.
Pensava-se que estas moléculas só poderiam ser produzidas por organismos vivos através
de uma “força vital” que não poderia ser explicada por leis fı́sicas.
No entanto, em 1828, Friedrich Wohler sintetizou em laboratório uma substância
orgânica, a uréia, a partir de quı́mica inorgânica. Logo depois, várias moléculas orgânicas

1
2 1.1. Biologia e FÍsica

foram sintetizadas sem a intervenção de um organismo vivo. Acredita-se hoje em dia


que não existe nenhuma “força vital” que reside nos organismos vivos, e que estes são
governados pelas leis da Fı́sica em todos os nı́veis.
A pesquisa em Biologia no último século foi basicamente direcionada a entender os
sistemas vivos em termos de leis fı́sicas básicas. Alguns dos avanços neste sentido são o
entendimento do funcionamento das células e muitas das interações entre si. No entanto,
ainda não é possı́vel prever a função de uma molécula conhecendo sua estrutura atômica,
por exemplo, mostrando que ainda há muita coisa a ser feita.

1.1.1 Escalas em Biologia e em Fı́sica

Veja nas figuras 1.1 e 1.2 as escalas usadas na Biologia e na Biologia Celular.
As figuras 1.3, 1.4 e 1.5 trazem comprimentos, massas e intervalos de tempo encon-
trados na Natureza.

2
1.1. Biologia e FÍsica 3

Figura 1.1: Escalas na Biologia.

3
4 1.2. Padrões de comprimento, massa e tempo

Figura 1.2: Escalas na Biologia Celular. Na primeira figura, os objetos têm tamanhos que
vão desde 1 mm até 1 micrômetro - a) paramécio; b) avéolo pulmonar; c) célula cardı́aca;
d) glóbulos vermelhos; e) bactéria Escherichia coli. Na segunda figura, os objetos têm
tamanhos que vão desde 1 micrômetro até 1 nanometro - a) vı́rus HIV; b) molécula de
hemoglobina; c) membrana celular; d) molécula de DNA; e) moléculas de glicose.

1.2 Padrões de comprimento, massa e tempo

As leis da fı́sica são expressas em termos de quantidades básicas que requerem uma de-
finição clara. Em mecânica, as três quantidades básicas são comprimento (L), massa (M)

4
1.2. Padrões de comprimento, massa e tempo 5

izenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou
or. Os violadores serão processados.

Figura 1.3: Comprimentos na natureza.

Figura 1.4: Massas na natureza.

e tempo (T). Todas as outras quantidades em mecânica são expressas em termos destas
três.
Para que um experimento possa ser reproduzido em qualquer lugar, é necessário que
tenhamos um padrão de medida, ou seja, saber exatamente a que nos referimos quando
dizemos, por exemplo, que um corpo tem massa de 75 kg. Em 1960, um comitê internaci-
onal estabeleceu um conjunto de padrões para comprimento, massa e outras quantidades.

5
6 1.2. Padrões de comprimento, massa e tempo

Figura 1.5: Intervalos de tempo na natureza.

O sistema estabelecido é chamado de sistema SI (sistema internacional). Neste sistema,


as unidades de comprimento, massa e tempo são, respectivamente, metro (m), quilograma
(kg) e segundo (s). Outros padrões SI estabelecidos pelo comitê são para temperatura (kel-
vin), corrente elétrica (ampere), intensidade luminosa (candela) e quantidade de matéria
(mol).

6
1.2. Padrões de comprimento, massa e tempo 7

Figura 1.6: O Sistema Internacional.

1.2.1 Prefixos

Além das unidades básicas do SI (metro, quilograma e segundo), podemos também usar
outras unidades, como milı́metros e nanossegundos, onde os prefixos mili- e nano- denotam
várias potências de dez. A figura 1.7 traz os prefixos mais comumente usados.

7
8 1.2. Padrões de comprimento, massa e tempo

Figura 1.7: Prefixos.

1.2.2 Conversão de unidades

Às vezes é necessário converter unidades de um sistema para outro. Alguns fatores de
conversão de unidades de comprimento:

1 mi = 1609 m = 1, 609 km; 1 ft = 0, 3048 m = 30, 48 cm

1 m = 39, 37 in = 3, 281 ft; 1 in = 0, 0254 m = 2, 54 cm (exatamente) (1.1)

sendo que mi = milhas, ft = pés, in = polegada.

As unidades podem ser tratadas como quantidades algébricas que podem se cancelar.
Por exemplo, suponha que queiramos converter 15,0 in para centı́metros. Da expressão
acima, temos

2, 54 cm
15, 0 in = 15, 0 in × 1 = 15, 0 in × = 38, 1 cm (1.2)
1 in
 
2, 54 cm
Veja que o número 1, que multiplica a expressão, foi substituı́do por , pois
1 in
1 in = 2, 54 cm.

8
1.2. Padrões de comprimento, massa e tempo 9

Figura 1.8: Fatores de conversão.

1.2.3 Constantes Fı́sicas

Na Natureza, existem certos números que representam constantes, ou seja, seu valor não
varia. Na Fı́sica, essas constantes representam mais que números, mas escalas e leis fı́sicas.
Veja na figura 1.9 algumas delas.

Figura 1.9: Algumas constantes fı́sicas.

9
10 1.3. Composição da matéria

1.3 Composição da matéria

Do que é feita a matéria - por exemplo, um anel de ouro ou nós mesmos? Se pegarmos
o anel de ouro e formos cortando-o em pedaços cada vez menores, chegaremos ao que
chamamos de átomo, que até o começo do século 20 acreditava-se ser a menor quantidade
de matéria possı́vel. No entanto, o próprio átomo é composto por duas partes - partı́culas
chamadas elétrons e o núcleo. Por sua vez, o próprio núcleo pode ser composto∗ por
outras duas partı́culas - prótons e nêutrons. Essas partı́culas, por sua vez, são compostas
por partı́culas menores chamadas quarks, que se apresentam em seis tipos: up, down,
charm, strange, bottom e top. O elétron, por exemplo, não seria composto por quarks,
mas seria ele mesmo a menor divisão possı́vel. Há outras partı́culas como o elétron (os
próprios quarks, neutrinos, etc.) e outras como o próton e o nêutron, que são constituı́das
de quarks.

Figura 1.10: As partı́culas elementares.


Nem todo núcleo contém nêutrons, mas todos contém prótons. Exemplo é o átomo de hidrogênio,
que contém um próton e nenhum nêutron.

10
1.3. Composição da matéria 11

No entanto, muitos cientistas acreditam que ainda não conhecemos o menor consti-
tuinte da matéria. Uma das teorias mais conhecidas, que justamente diz que a matéria tem
ainda mais divisões, é a teoria de cordas. No caso da teoria de cordas, todas as partı́culas
que citamos anteriormente seriam, na verdade, cordas muito pequenas que não poderiam
ser vistas pelos melhores microscópicos que possuı́mos hoje em dia (não conseguiriam ser
vistas pelo LHC, por exemplo!). Todas as cordas são iguais, mas dependendo da maneira
como elas vibram, elas representam uma partı́cula diferente - um elétron, ou um quark, ou
um fóton (partı́culas de luz), por exemplo. Esta teoria não foi provada e nem verificada
em laboratório ainda, visto que atualmente não possuı́mos meios tecnológicos para tal.

Figura 1.11: Teoria de cordas.

11
Capı́tulo 2

Cinemática

A parte da Fı́sica que estuda o movimento de corpos sem se preocupar com a causa
deste movimento é chamada de Cinemática. A cinemática é caracterizada pelo estudo
da variação em relação ao tempo das quantidades deslocamento, velocidade e aceleração.
Este estudo pode ser realizado para objetos que se movem em uma dimensão (uma linha
reta), em duas dimensões (um plano) e em três dimensões (o espaço).
Neste capı́tulo, estudaremos movimentos em uma e duas dimensões, em especial mo-
vimentos com aceleração constante.

2.1 Definição das variáveis básicas

Deslocamento é definido como a mudança da posição de um objeto. Mais


precisamente, se um objeto está na posição xi no tempo ti e encontra-se na posição xf no
tempo tf (posterior a ti ), então o deslocamento ∆x será

∆x = xf − xi (2.1)

Já a distância percorrida não é meramente a diferença entre a posição final e a inicial,
mas é a medida de quanto o objeto de fato percorreu. Por exemplo, numa maratona
o ponto de partida coincide com o ponto de chegada; portanto, o deslocamento de um
corredor numa maratona é zero. No entanto, a distância que ele percorreu não é zero -

12
2.1. Definição das variáveis básicas 13

corresponde ao trajeto percorrido, que no caso da São Silvestre, são 15 km. Veja também
a figura 2.1 para entender melhor a diferença entre distância percorrida e deslocamento.

Figura 2.1: O deslocamento entre os pontos A e B é 30 km; a distância percorrida, como


mostra a figura, é de 50 km.

Ambos deslocamento e distância percorrida são medidos em metros no Sistema Interna-


cional (SI).
Velocidade média é definida como a razão entre o deslocamento da partı́cula
e o intervalo de tempo em que ele ocorreu:

∆x xf − xi
vm = = (2.2)
∆t tf − ti
Para a velocidade média, não interessa detalhes do movimento, como por exemplo, se
o objeto parou em algum momento do trajeto ou se acelerou em outro. A quantidade
que permite estudarmos a razão deslocamento e tempo de forma mais detalhada é cha-
mada de velocidade instantânea. A velocidade instantânea é a medida da razão
deslocamento e tempo num instante de tempo especı́fico, e é definida como

∆x dx
v = lim = (2.3)
∆t→0 ∆t dt
Ambas velocidade média e instantânea tem unidade de metros por segundo (m/s) no SI.
Aceleração média é definida como a mudança na velocidade ∆v dividida
pelo intervalo de tempo ∆t durante o qual a mudança ocorreu. Suponha que

13
14 2.2. Movimento em uma dimensão - o movimento com aceleração constante

Figura 2.2: O velocı́metro marca a velocidade instantânea.

um corpo tenha velocidade vi no tempo ti , e tenha velocidade vf no tempo tf (posterior


a ti ); então

∆v vf − vi
am = = (2.4)
∆t tf − ti
E a aceleração instantânea é definida como

∆v dv
a = lim = (2.5)
∆t→0 ∆t dt
ou seja, a mudança da velocidade em relação ao tempo num instante de tempo. Ambas
as acelerações são medidas em metros por segundo ao quadrado (m/s2 ) no SI.

2.2 Movimento em uma dimensão - o movimento com


aceleração constante

Um exemplo de movimento acelerado comum e relativamente fácil de analisar é o movi-


mento com aceleração constante em uma dimensão. Neste caso, a aceleração instantânea

14
2.2. Movimento em uma dimensão - o movimento com aceleração constante 15

e a aceleração média são iguais independente do intervalo de tempo que estamos conside-
rando, visto que o valor da aceleração não varia com o tempo - é constante! As equações
básicas do movimento com aceleração constante são

at2
∆x = xf − xi = vi t + (2.6)
2
vf = vi + at (2.7)

vf2 = vi2 + 2a∆x (2.8)

Note que, para haver variação na velocidade, ou seja, os valores de vf e vi serem diferentes,
deve haver uma aceleração. Quando não há aceleração, temos

∆x = xf − xi = vi t (2.9)

vf = vi (2.10)

ou seja, um movimento com velocidade constante! Portanto, o movimento acelerado


implica numa velocidade que varia com o tempo, e o movimento com veloci-
dade constante implica num movimento com aceleração zero.

2.2.1 Queda livre

A queda livre é o movimento em uma dimensão com aceleração constante que experi-
mentamos e vemos todos os dias. A força gravitacional que a Terra exerce sobre todos
os corpos é responsável pela chamada aceleração da gravidade. A aceleração da gra-
vidade, perto da superfı́cie da Terra e numa região pequena dela, é aproximadamente
constante, permitindo que possamos usar as equações do movimento unidimensional com
aceleração constante. Assim,

15
16 2.3. Movimento em duas dimensões

gt2
∆y = yf − yi = vi t − (2.11)
2
vf = vi − gt (2.12)

vf2 = vi2 − 2g∆y (2.13)

onde g é a aceleração da gravidade, cujo valor é 9, 8 m/s2 . O sinal de menos denota


apenas que a aceleração é voltada para o centro da Terra, ou seja, “para baixo”.

Figura 2.3: Astronauta David Scott solta um martelo e uma pena simultaneamente, e
eles caem juntos na superfı́cie lunar.

2.3 Movimento em duas dimensões

O movimento em duas dimensões se caracteriza por ocorrer num plano. Como exemplos,
podemos pensar no movimento que o atleta de salto à distância faz (um exemplo de
movimento parabólico) e no movimento da roda gigante (exemplo de movimento circular
uniforme).
Como as quantidades deslocamento, velocidade e aceleração só são definidas quando
especificamos magnitude, direção e sentido, elas devem ser representadas pela quantidade

16
2.3. Movimento em duas dimensões 17

matemática chamada de vetor. Faremos uma breve explanação de como trabalhar com
vetores.

2.3.1 Vetores

Vetor é uma quantidade matemática que precisa ter especificadas a magnitude, a direção
e o sentido para determiná-lo completamente. Vetores são bastante comuns em Fı́sica,
e temos que as quantidades deslocamento, velocidade e aceleração são representadas por
vetores.

Figura 2.4: Representação de um vetor no plano xy.

Podemos representar um vetor no plano cartesiano, como na figura 2.4. Assim, as


coordenadas do “final do vetor” (a flecha) são as coordenadas do próprio vetor. Da figura
acima, temos, por exemplo

~a = (2, 4)

~ = (−1, −4)
w (2.14)

Também podemos denotá-lo em termos de suas componentes, ou seja, suas projeções nos
eixos coordenados. Desta forma, o vetor é denotado como

~v = (vx , vy ) (2.15)

17
18 2.3. Movimento em duas dimensões

Para os nossos exemplos,

ax = 2, ay = 4

wx = −1, wy = −4 (2.16)

Figura 2.5: Componentes de um vetor.

E ainda, se soubermos o módulo (tamanho, ou magnitude) do vetor e o ângulo que ele


faz com a parte positiva do eixo x, podemos determinar suas componentes como na figura
2.5.
As operações básicas de vetores são dadas nas equações abaixo:

• Adição

~v + ~u = (vx , vy ) + (ux , uy ) = (vx + ux , vy + uy ) (2.17)

18
2.3. Movimento em duas dimensões 19

• Subtração

~v − ~u = (vx , vy ) − (ux , uy ) = (vx − ux , vy − uy ) (2.18)

• Multiplicação de um vetor por um número k ∈ <

k~v = k(vx , vy ) = (kvx , kvy ) (2.19)

• Módulo de um vetor

q
|~v | = vx2 + vy2 (2.20)

2.3.2 Movimento em duas dimensões com aceleração constante


- movimento parabólico

Figura 2.6: O salto à distância, exemplo de movimento parabólico.

O movimento parabólico é um movimento em duas dimensões que se caracteriza por

1. aceleração constante na direção vertical (a aceleração da gravidade);

2. aceleração nula na direção horizontal.

19
20 2.3. Movimento em duas dimensões
zenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou
or. Os violadores serão processados.

Portanto, temos uma combinação de dois movimentos: queda livre (vertical) e movimento
uniforme (horizontal).

As equações para o movimento parabólico são, portanto, as da queda livre na direção


vertical e as do movimento uniforme na horizontal:

Na horizontal: x = x0 + v0x t = x0 + vx t (2.21)


2
gt
Na vertical: y = y0 + v0y t −
2
vy = v0y − gt

vy2 = v0y
2
− 2g(x − x0 ) (2.22)

sendo

~v0 = (v0x , v0y ) (2.23)

20
2.3. Movimento em duas dimensões 21

Figura 2.7: A velocidade inicial no movimento parabólico.

Outros exemplos de movimento parabólico: a trajetória de uma bala, a trajetória dos


fogos de artifı́cio.

2.3.3 Movimento circular uniforme

Figura 2.8: A roda gigante, um exemplo de movimento circular uniforme.

Movimento em duas dimensões que se caracteriza por

1. trajetória curva;

21
22 2.4. ExercÍcios

2. módulo da velocidade tangencial constante.

Figura 2.9: Vetor velocidade no movimento circular uniforme.

Como a trajetória é curva (na verdade, um cı́rculo!), o vetor velocidade muda de


direção, indicando que há uma aceleração, a aceleração centrı́peta, a qual calculamos
pela equação

v2
ac = (2.24)
R
sendo v o módulo da velocidade tangencial e R o raio da trajetória.
Outros exemplos de movimento circular uniforme são o movimento do ponteiro de
segundo do relógio, o movimento dos planetas ao redor do Sol (aproximadamente).

2.4 Exercı́cios

1. Durante um espirro, os olhos podem se fechar por até 0,50 s. Se você está dirigindo
um carro a 90 km/h e espirra, de quanto o carro pode se deslocar até você abrir
novamente os olhos?

22
2.4. ExercÍcios 23

2. Um tatu assustado pula verticalmente para cima, subindo 0,544 m nos primeiros
0,200 s. a) Qual é a velocidade do animal ao deixar o solo? b) Qual é a velocidade
na altura de 0,544 m? c) Qual é a altura do salto?

3. Uma pedra jogada do topo de um edifı́cio tem velocidade inicial de 20,0 m/s para
cima verticalmente. O prédio tem 50,0 m de altura, e a pedra passa pela borda
do telhado na sua queda para baixo, como na figura 2.10. Usando tA = 0 como
o instante de tempo em que a pedra deixa a mão do arremessador na posição A ,
determine a) o tempo que a pedra leva para atingir a altura máxima, b) a altura
máxima, c) o tempo que a pedra leva para retornar à altura em que foi lançada, d)
a velocidade da pedra naquele instante e e) a velocidade e posição da pedra em t =
5,00 s.

~ é -25,0 m e a componente y é +40,0 m. a) Qual é o


4. A componente x do vetor A
~ b) Qual é o ângulo entre a orientação de A
módulo de A? ~ e o semieixo x positivo?

5. Dois vetores são dados por

~a = (4, 0; −3, 0)
~b = (−1, 0; 1, 0) (2.25)

Determine: a) ~a + ~b; ~a − ~b; 2~a + 5~b.

6. No Campeonato Mundial de Atletismo de 1991, em Tóquio, Mike Powell saltou 8,95


m, batendo por 5 cm um recorde de 23 anos estabelecido por Bob Beamon para o
salto em distância. Suponha que Powell iniciou o salto com uma velocidade de 9,5
m/s (aproximadamente igual à de um velocista) e que g = 9, 80m/s2 em Tóquio.
Calcule a diferença entre o alcance de Powell e o máximo alcance possı́vel para uma
partı́cula lançada com a mesma velocidade. Dica: o máximo alcance se dá quando
o ângulo da velocidade inicial é de 450 .

23
24 2.4. ExercÍcios

Figura 2.10: Posição e velocidade versus tempo para uma pedra em queda livre jogada
inicialmente para cima com velocidade vi = 20, 0 m/s (exercı́cio 3).

24
2.4. ExercÍcios 25

7. Quando uma grande estrela se torna uma supernova, o núcleo da estrela pode ser
tão comprimido que ela se transforma em uma estrela de nêutrons, com um raio
de cerca de 20 km. Se uma estrela de nêutrons completa uma revolução a cada
segundo, a) qual é o módulo da velocidade de uma partı́cula situada no equador da
estrela e b) qual é o módulo da aceleração centrı́peta da partı́cula? c) Se a estrela de
nêutrons gira mais depressa, a resposta do item b) aumenta, diminui ou permanece
a mesma?

25
Capı́tulo 3

Dinâmica

Neste capı́tulo, iremos ver o conceito de força, centro de massa e torque, os quais são con-
ceitos da Dinâmica, parte da Fı́sica que estuda as causas e consequências do movimento.

3.1 Força e as Três Leis de Newton

De forma geral, força é o que faz com que um objeto mude a sua velocidade. Se o objeto
está parado, ele pode começar a se mover pela ação de uma força resultante. Se o objeto já
se move com velocidade constante, ele pode mudar o valor ou a direção de sua velocidade
pela ação de uma força resultante. Podemos dizer que, aos olhos da Mecânica Clássica,
força é o que faz um objeto acelerar.
Num corpo podem atuar diversas forças. Exemplo: quando estamos em pé parados,
há ao menos duas forças atuando sobre nós - o peso, que é a força gravitacional que
a Terra exerce sobre nós, e a força normal, que é a força que o chão aplica sobre nós,
sustentando-nos. Por este motivo, falaremos de força resultante, que é a soma de todas
as forças que atuam sobre um corpo. Esta força resultante pode ser zero - o exemplo
citado acima também é exemplo de um corpo com força resultante nula.
Na Mecânica Clássica, a força é explicada através das Três Leis de Newton, a saber:

1. Na ausência da atuação de uma força resultante, um corpo que se move com velo-
cidade constante permanecerá se movendo com velocidade constante.

26
3.1. Força e as Três Leis de Newton 27

Figura 3.1: Várias forças atuando num corpo.

2. A força resultante que atua num corpo é o produto da massa do corpo pela ace-
leração:

X
F~ext = m~a (3.1)

3. Quando dois corpos interagem, as forças que cada corpo exerce sobre o outro são
iguais em módulo e têm sentidos contrários.

Figura 3.2: Primeira Lei de Newton, segundo Garfield.

A Primeira Lei de Newton, também conhecida com a “Lei da Inércia”, diz o que
acontece quando a força resultante é nula: o movimento não se modifica, ou seja, a
velocidade não muda nem em módulo e nem em direção e sentido. Também fica claro

27
28 3.1. Força e as Três Leis de Newton

que, para um corpo sair do repouso, é necessária a existência de uma força resultante
diferente de zero aplicada sobre ele.
Já Segunda Lei de Newton diz o que acontece quando esta força não é nula: o corpo
adquire aceleração e, portanto, a sua velocidade pode mudar em módulo, direção e sen-
tido. Um corpo acelerado é um corpo que está sofrendo a ação de uma força resultante,
necessariamente.

Figura 3.3: Terceira Lei de Newton.

E a Terceira Lei de Newton (também conhecida como a “Lei da Ação e Reação”) diz
que toda vez que você aplica uma força sobre um corpo, o mesmo “responde”, aplicando
uma força de igual valor (módulo), direção mas sentido contrário. Veja a figura 3.3; nela
um livro está encostado numa caixa. O livro exerce uma força sobre a caixa, que está
denotada por F~CL , e a caixa então exerce uma força de reação no livro denotada por F~LC ,
que tem mesmo valor, mesma direção mas o sentido é contrário, tal que podemos escrever

F~LC = −F~CL (3.2)

O par de forças F~CL e F~LC é chamado de par ação-reação. Note que cada uma das forças
age sobre um corpo, ou seja, elas não se anulam pois estão agindo em corpos diferentes!
As três de Newton serão a base para resolução de problemas envolvendo força, em

28
3.2. Forças especiais 29

especial problemas de equilı́brio.

3.2 Forças especiais


3.2.1 A força da gravidade e o peso

É conhecido que a Terra nos atrai em direção a ela. Isso é porque ela exerce uma força
atrativa chamada de força da gravidade F~g . Esta força é direcionada para o centro da
Terra, e sua magnitude é o que chamamos de peso:

F~g = m~g (3.3)

sendo que o vetor ~g aponta para baixo. A magnitude de F~g , que é o peso do objeto, vem
a ser |F~g | = |m~g | = mg.

Figura 3.4: Balança de braços iguais, usada para medir o peso de um objeto.

3.2.2 Força normal

Quando um corpo exerce uma força sobre uma superfı́cie, a superfı́cie, ainda que apa-
~ , que é
rentemente rı́gida, se deforma e empurra o corpo com uma força normal N
perpendicular à superfı́cie. Este fato é mais fácil de ser visualizado quando estamos em
cima de um colchão: vemos que ele se deforma e nos sustenta; do contrário ele furaria e
nós cairı́amos no chão; a força que o colchão exerce sobre nós é a força normal.

29
30 3.2. Forças especiais

Figura 3.5: a) Um bloco que repousa sobre uma mesa experimenta uma força normal F~N
perpendicular à superfı́cie da mesa. b) Diagrama de corpo livre do bloco.

Na figura 3.5 temos um exemplo do cálculo da força normal: um bloco está sobre
uma mesa; neste bloco atuam a força gravitacional que a Terra exerce sobre ele (Fg ) e a
P~
força normal exercida pela mesa (FN ). Como o bloco não está acelerando, F = 0 e,
portanto,

X
F~ = 0 → F~N + F~g

FN − Fg = 0 → FN = Fg (3.4)

Na situação que acabamos de ver, a força normal tem a mesma magnitude que a força
gravitacional. Isso nem sempre é verdade, como podemos ver na figura 3.6: o livro é
pressionado para baixo com uma força F~ . Como o livro está em repouso e, portanto, não
acelerando,

X
F~res = 0 → F~ + F~g + ~n = 0 →

−F − Fg + n = 0 → n = F + Fg (3.5)

3.2.3 Tração e tensão

Força de tração é a força que uma corda esticada (ou fio ou objeto de mesmo tipo)

30
3.2. Forças especiais 31

Figura 3.6: Quando um objeto empurra para baixo outro objeto com força F~ , a força
normal ~n é maior que a força da gravidade: n = Fg + F .

aplica a um corpo que está preso a ela; esta força é orientada ao longo da corda. A
tensão da corda é a magnitude da tração.

Figura 3.7: a) A corda esticada está sob tensão. Se a massa da corda é desprezı́vel, a
corda puxa o corpo e a mão com uma força T~ , mesmo que passe por uma polia sem massa
e sem atrito, como em b) e c).

31
32 3.2. Forças especiais

3.2.4 Força de atrito

Um corpo em movimento, tanto sob uma superfı́cie ou “mergulhado” num meio viscoso
como o ar, experimenta uma resistência ao movimento pois os corpos interagem com seu
ambiente. Esta resistência nós chamamos de força de atrito. São as forças de atrito que
nos permitem andar, correr e usar veı́culos com rodas.
Vamos pensar na situação em que você tenta empurrar uma mesa bastante pesada
por uma superfı́cie áspera. Você a empurra, empurra, até que ela “cede” e fica mais fácil
mantê-la em movimento. É necessária uma força maior para colocá-la em movimento do
que mantê-la deslizando pela superfı́cie, certo?
Para entendermos esse fato, vamos olhar para a figura 3.8a, em que um livro está sob
uma mesa. Se aplicarmos uma força externa horizontal F~ no livro, atuando para a direita,
o livro permanece em repouso se F~ não for muito grande. A força que contrabalanceia F~ ,
mantendo o livro em repouso e atuando para a esquerda é a chamada força de atrito
f~. Enquanto o livro não se move, f = F . Como o livro está em repouso, chamamos esta
força de atrito de força de atrito estática f~s . Apesar dos detalhes do que é a força de
atrito serem bastante complexos, em última instância esta força envolve uma interação
elétrica entre átomos ou moléculas.
Agora, se aumentarmos a magnitude de F~ , como mostra a figura 3.8b, a magnitude
de f~s aumenta junto com ela, mantendo o livro no lugar. No entanto, a força f~s não pode
aumentar sua magnitude indefinidamente, e eventualmente as superfı́cies em contato não
conseguem fornecer força de atrito suficiente para contrabalancear F~ e o livro acelera.
Quando o livro está na iminência de se mover, fs é um máximo, como mostra a figura
3.8c. Quando F excede fs,max , o livro acelera para a direita e, uma vez em movimento, a
força de atrito se torna menor que fs,max . A este atrito quando o livro está em movimento
nós chamamos de força de atrito cinético f~k . Se F = fk , o livro se move para a direita
com velocidade constante. Se F > fk , então o livro acelera para a direita. Se a força F~
é removida, então a força de atrito f~k atua para a esquerda acelerando o livro na direção

32
3.2. Forças especiais 33

Figura 3.8: A direção da força de atrito f~ entre um livro e uma superfı́cie áspera é oposta
à direção da força aplicada F~ . Porque as duas superfı́cies são ambas ásperas, o contato é
feito apenas em alguns pontos, como mostrado na visão “aumentada”. a) A magnitude
da força de atrito estático é igual à magnitude da força aplicada. b) Quando a magnitude
da força aplicada excede a magnitude da força de atrito cinético, o livro acelera para a
direita. c) Um gráfico da força de atrito versus a força aplicada. Note que fs,max > fk .

negativa do eixo x e eventualmente o livro pára.

As seguintes regras resumem o que se observa experimentalmente sobre as forças de


atrito:

33
34 3.2. Forças especiais

• A direção da força de atrito estático entre duas superfı́cies quaisquer em contato é


oposta à direção do movimento relativo entre elas e pode ter valores

f s ≤ µs n (3.6)

onde µs é uma constante adimensional chamada de coeficiente de atrito estático,


e n é a magnitude da força normal. Quando o objeto está na iminência de se
mover então fs,max = µs n.

• A direção da força de atrito cinético atuando num objeto é na direção oposta ao


movimento de deslizar sobre à superfı́cie que aplica a força de atrito e é dada por

f k = µk n (3.7)

sendo µk o coeficiente de atrito cinético.

• Os valores de µs e µk dependem da natureza das superfı́cies, mas em geral µk é


menor que µs .

• Os coeficientes de atrito são quase independentes da área de contato entre as su-


perfı́cies.

Resistência do ar (arrasto)

Na abordagem do tema atrito acima, consideramos o atrito cinético que um objeto sofre
ao deslizar por uma superfı́cie, mas desconsideramos a interação entre o objeto e o meio
no qual ele se move, esse meio sendo mais comumente o ar. Vamos então considerar agora
o efeito que a chamada resistência do ar ou arrasto têm no movimento de corpos que
se movem através dele.
Seja o ar ou um lı́quido ou outro gás qualquer, esses meios exercem uma força resis-
~ no objeto que se move através deles. A magnitude de R
tiva R ~ depende da velocidade

34
3.2. Forças especiais 35

Figura 3.9: Alguns valores de coeficiente de atrito estático e cinético.

com que o objeto se move, entre outros fatores, e a sua direção é sempre oposta à direção
de movimento do objeto relativa ao meio. Também é válido afirmar que a magnitude de
~ quase sempre aumenta com o aumento da velocidade do objeto.
R
~ pode depender da velocidade de forma complexa, iremos
Como a magnitude de R
nos concentrar num caso especial, que é o tratamento da resistência do ar relativa ao
movimento de objetos grandes (como um esquiador). Neste caso, a resistência do ar é
proporcional à velocidade ao quadrado:

1
R = DρAv 2 (3.8)
2

sendo D uma quantidade adimensional chamada de coeficiente de arrasto, ρ a den-


sidade do ar, A a área da seção reta do objeto, medida num plano perpendicular ao
movimento do objeto, e v a velocidade do objeto.

Vamos agora analisar o movimento de um objeto com massa m em queda livre, levando-
se em conta a resistência do ar, como na figura 3.10. Temos que o objeto sofre a ação
da força gravitacional direcionada para baixo, e para cima, a força resistiva (oposta ao
movimento relativo do objeto em relação ao meio!). Assim, aplicando a segunda lei de

35
36 3.2. Forças especiais

Figura 3.10: Um objeto caindo através do ar experimenta uma força resistiva R ~ e uma
força gravitacional F~g = m~g . O objeto alcança a velocidade terminal (à direita) quando
~ = −F~g ou R = mg. Antes disso acontecer, a
a força resultante nele é zero, isto é R
aceleração varia com a velocidade de acordo com a equação (3.10).

Newton, temos

X
Fy = may = mgy + Ry

−ma = −mg + R
1
−ma = −mg + DρAv 2 (3.9)
2

Isolando a em (3.9), temos então

 
DρA
a=g− v2 (3.10)
2m

Esta é a aceleração que um corpo experimenta ao cair em queda livre levando-se em conta
a resistência do ar; note que ela é necessariamente menor que g.
O objeto aumenta a sua velocidade indefinidamente, ou seja, se ele estiver caindo uma
distância muito grande (digamos, da órbita ao redor da Terra até o chão), a velocidade
dele continuará a aumentar até se chocar no chão? Não. Isso porque num certo instante
a aceleração se torna zero, quando a magnitude da força de arrasto se iguala ao peso do

36
3.2. Forças especiais 37

objeto, e então o objeto cai com velocidade constante. Essa velocidade máxima que o
objeto atinge nós chamamos de velocidade terminal. Para calcular o valor da velocidade
terminal, fazemos a = 0 e v = vt em (3.10):

 
DρA
0=g− vt2
2m
 
DρA
vt2 = g
2m
 
2 2m
IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>.
vt = g A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser r
DρA
transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados.
r
2mg
vt = (3.11)
DρA

Figura 3.11: Alguns valores de velocidade terminal.

Graças à velocidade terminal, não morremos ao sermos atingidos por uma gota de chuva!
Isso porque a velocidade média que uma gota de chuva teria ao chegar à superfı́cie, se não
existisse a resistência do ar, é da ordem de grandeza da velocidade de uma bala disparada
por uma arma de grosso calibre!

3.2.5 Tração e compressão

Todos os corpos rı́gidos reais são ligeiramente elásticos, ou seja, podem mudar suas di-
mensões ao puxarmos, comprimirmos, empurrarmos ou torcermos o corpo em questão.

37
38 3.2. Forças especiais

Exemplo: imagine uma barra de aço vertical, presa ao teto de uma fábrica, com 1 m de
comprimento e 1 cm de diâmetro. Se pendurarmos um carro compacto em sua extremi-
dade inferior, ela esticará 0,05 mm, o que representa 0,05 % de seu comprimento. Quando
retirarmos o carro, ela volta ao seu comprimento original. No entanto, ao colocar dois
carros pendurados em sua extremidade, ela se deforma permanentemente: ao retirar os
carros ela não volta ao seu tamanho original. Ao colocar três carros, ela se rompe. Você
pode imaginar que num estudo sobre novos materiais para substituir ossos do corpo, a
elasticidade do material e o quanto o mesmo aguenta sem se romper sob a ação de forças
comprimindo-o ou esticando-o seja de extrema relevância.

Figura 3.12: As deformações que um sólido pode sofrer.

Na figura 3.12a, um cilindro sofre a ação de duas forças perpendiculares à base e ao


topo que puxam em sentidos contrários o cilindro, de forma a esticá-lo; este cilindro então
encontra-se sob a ação da tensão de tração. O cilindro como um todo, assim como um
trecho dele, experimentam a mesma tensão, desde que não se ultrapasse o limite elástico.
A deformação é representada por ∆L/L, sendo L o comprimento original e ∆L o aumento
em seu comprimento. Assim, temos

38
3.2. Forças especiais 39

F ∆L
tensão de tração = =Y (3.12)
A L
sendo A a área da base do cilindro e Y é chamado de módulo de Young, que tem
unidade de tensão (N/m2 ) e depende do material que está sob tração.

Figura 3.13: Diferença entre tração e compressão.

A compressão é análoga à tração, com a diferença que as forças que atuam na área da
seção reta são no sentido de comprimir o material, como mostra a figura 3.13. A equação
(3.12) também é válida para a compressão, desde que a tensão de compressão não seja
muito elevada. Para muitos materiais, o módulo de Young é quase igual para tração e
compressão, mas para outros são bem diferentes: no caso do concreto, sua resistência
à compressão é alta, mas este não é o caso para sua resistência à tração, fazendo com
que engenheiros tenham que adotar medidas extras de segurança para evitar rompimento
devido à tração.

Aplicação: ruptura de um osso humano

O gráfico da figura 3.15 mostra o comportamento de três ossos do corpo humano (rádio,
perônio e úmero) mediante a ação de uma tensão F/A. Podemos ver pelo gráfico que, no
caso do rádio, o osso deixa de ser elástico mais ou menos sob a tensão de 70 N/mm2 (ou
seja, a deformação que sofreu não “desaparece” quando a tensão deixa de agir sobre o
osso), e que ele se rompe mais ou menos sob a tensão de 160 N/mm2 . Este tipo de gráfico
é essencial para analisar, por exemplo, materiais que podem substituir um osso humano

39
40 3.2. Forças especiais

Figura 3.14: Alguns módulos de Young.

Figura 3.15: Comportamento de F/A em função da deformação ∆L/L0 para ossos com-
pactos de pessoas entre 20 e 39 anos. Na região em que o comportamento é linear, a
equação (3.12) é válida, e o material é considerado elástico. Com o aumento da força
aplicada, o material deixa de ser elástico (ou seja, a deformação é permanente) até atingir
o ponto de ruptura.

- é necessário que este material possa suportar, no mı́nimo, o mesmo tipo de tensão que
o osso suporta. Este gráfico também é útil na análise dos tipos de exercı́cios fı́sicos que
podem ser feitos pelo ser humano sem que haja prejuı́zo aos ossos, por exemplo.

40
3.2. Forças especiais 41

3.2.6 Centro de massa e centro de gravidade

Figura 3.16: O centro de massa de um corpo se comporta como se fosse uma partı́cula
pontual, com toda massa concentrada nele. Podemos ver que o centro de massa do cilindro
faz um movimento parabólico, movimento que uma partı́cula pontual faria em 2 dimensões
na presença da gravidade.

Quando estudamos corpos que não podem ser tratados como partı́culas pontuais, é
necessário trabalhar com o conceito de centro de massa. Em resumo, o centro de massa
de um corpo é o ponto que se comporta como se toda massa estivesse concentrada nele, e
como se todas as forças estivessem agindo sobre ele. Desta forma, todo o tratamento de
forças que fizemos até agora, que era válido para partı́culas pontuais, será válido também
para o centro de massa.

Cálculos de centro de massa dos corpos não serão feitos aqui, e quando necessário,
será fornecida a sua localização.

Já o centro de gravidade de um corpo é o ponto de aplicação da força gravitacional.


Para os propósitos desta disciplina, o centro de massa e o centro de gravidade coincidem,
ou seja, são o mesmo ponto.

41
42 3.3. Torque

Figura 3.17: O centro de gravidade de uma pessoa ereta.

3.3 Torque

O movimento rotacional produzido por uma força num corpo fixo a um eixo por um ponto
depende do ponto de aplicação da força, da intensidade desta força aplicada e da direção
da mesma. Para entendermos isso, vamos olhar para a figura 3.18.

Figura 3.18: Um corpo, preso ao ponto O, que pode rodar em relação ao eixo que passa
por O.

42
3.3. Torque 43

Se uma força F~1 for aplicada no ponto P1 , numa direção perpendicular à reta que passa
pelos pontos O e P1 , o corpo girará em torno do eixo que passa pelo ponto O no sentido
anti-horário. Por outro lado, se aplicarmos a mesma força no ponto P2 , que encontra-se
um pouco mais próximo a O, o corpo também girará no sentido anti-horário, mas com
o efeito da força muito menor. Como exemplo prático, pense numa porta; se aplicamos
uma força na fechadura, temos um certo efeito da força, mas se aplicarmos esta mesma
força no meio da porta, o efeito desta força é menor. Ou seja, o ponto de aplicação da
força influencia no movimento rotacional.

Se agora aplicamos uma força F~2 , de mesmo módulo que F~1 , no ponto P1 , mas na
direção ao longo da reta que passa pelos pontos O e P1 , o corpo não rodará. Agora, se
aplicamos uma força F~3 , de mesmo módulo que F~1 , no ponto P1 , mas numa direção que
faz um ângulo θ com a reta passa pelos pontos O e P1 , o corpo girará, com o efeito da
força menor que o da aplicação de F~1 . Ou seja, a ocorrência do movimento rotacional e
a aceleração angular dependem da direção de aplicação da força.

Por fim, suponha que uma força F~4 , de mesmo módulo e direção que F~1 mas sentido
contrário, for aplicada no ponto P1 , teremos que o corpo então girará no sentido horário,
com o mesmo efeito de força. Ou seja, o sentido do movimento rotacional depende do
sentido de aplicação da força.

A quantidade que está relacionada com a aceleração angular da mesma forma que a
aceleração linear está relacionada à força é chamada de torque. O torque é uma grandeza
vetorial, e seu módulo é dado por

|~τ | = |~r||F~ |sen θ (3.13)

sendo ~r o vetor que representa a distância entre o eixo e o ponto de aplicação da força, F~
a força aplicada e θ o ângulo entre ~r e F~ . A direção do torque é perpendicular ao plano
formado por ~r e F~ .

43
44 3.3. Torque

3.3.1 Aplicação do torque: condições de equilı́brio estático

Quando queremos saber se um corpo está em equilı́brio estático, ou seja, se o mesmo está
parado e não tem a tendência a rodar, precisamos verificar duas condições:

1. que a força resultante sobre o corpo seja nula, ou seja,

X X X X
F~ = 0 → Fx = 0; Fy = 0; Fz = 0 (3.14)

2. que o torque sobre o corpo, em relação a qualquer ponto, seja nulo:

X X X X
~τ = 0 → τx = 0; τy = 0; τz = 0 (3.15)

Estas condições são extremamente importantes para um projeto de engenharia civil,


por exemplo, onde o equilı́brio estático da obra e de partes dela é essencial. Na vida real,
aplicamos estas condições o tempo todo, como por exemplo no ônibus, onde adotamos
certas posturas de forma a nos equilibrar e não cair.

Figura 3.19: Uma pessoa compensando o peso adicionado a um dos lados do corpo.

44
3.4. ExercÍcios 45

3.4 Exercı́cios

1. Apenas duas forças atuam em um corpo de 3,0 kg que pode se mover num piso sem
atrito. Uma força é de 9,0 N e aponta para o leste; a outra é de 8,0 N e atua 620 ao
norte do oeste. Qual é o módulo da aceleração do corpo?
archioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou
rização do editor. Os violadores serão processados.

2. Duas forças agem sobre um bloco de madeira de 2,0 kg que pode deslizar sem
atrito em uma bancada de cozinha, situada num plano xy. Uma das forças é F~1 =
(3, 0; 4, 0). Determine o vetor aceleração se a outra força é a) F~2 = (−3, 0; −4, 0),
b) F~2 = (−3, 0; +4, 0) e c) F~2 = (3, 0; −4, 0). As forças são medidas em newtons.

3. Duas forças agem sobre a caixa de 2,00 kg vista de cima na figura 3.20, mas apenas
uma é mostrada. Para F1 = 20, 0 N, a = 12, 0 m/s2 e θ = 30, 00 , determine a
segunda força.

Figura 3.20: Exercı́cio 3.

4. Considere dois blocos de massas MA e MB tal que MA > MB , colocados um (A)


sobre o outro (B), e ambos sobre uma balança. a) Esquematize as forças que agem
sobre cada um dos blocos. b) Qual é a leitura da balança? c) Sabendo-se que a
massa da balança é MC , qual é a ação da Terra sobre o conjunto formado pelos
blocos e pela balança? d) Qual é a reação do conjunto sobre a Terra? e) Qual força
de contato será maior: aquela entre os blocos A e B ou aquela entre o bloco B e a
balança?

5. Um menino deseja deslocar uma tora de madeira sobre o chão puxando uma corda

45
46 3.4. ExercÍcios

amarrada a ela, como indica a figura 3.21. Sabendo-se que o coeficiente de atrito
estático entre a madeira e a terra vale 0,3 e que a massa da tora é de 30 kg, com
que força o menino deve puxar a corda para deslocar a tora se a direção da corda
forma, em relação à horizontal, um ângulo de 450 ?

Figura 3.21: Exercı́cio 5.

6. Considere um paciente submetido a um tratamento de tração como indica a figura


3.22. Qual a máxima massa a ser utilizada para produzir a força tênsil T~ SEM que
o paciente se desloque ao longo da cama? Sabe-se que a massa desse paciente é 60
kg, o coeficiente de atrito estático entre o mesmo e a cama é µe = 0, 20 e o ângulo
que a força tênsil forma com a horizontal é 230 .

7. Qual é o encurtamento da perna de uma pesso de 70 kg de massa quando ela


apoiar todo o seu peso sobre essa perna? Considere a perna rı́gida de 90 cm de
comprimento, a área da secção média do osso de 27 cm2 e o módulo de Young
médio igual a 179 × 102 N/mm2 .

8. Quais são os torques exercidos por uma esfera de 0,2 kg ao ser segura por uma
pessoa com o braço esticado na horizontal, em relação a um eixo que passa pelo a)

46
3.4. ExercÍcios 47

Figura 3.22: Exercı́cio 6.

pulso; b) cotovelo; c) ombro. Dados: distância cotovelo-ombro = 25 cm; distância


cotovelo-pulso = 22 cm; distância pulso-centro da palma da mão = 6 cm.

9. Considere a figura 3.23. Qual a força mı́nima F~a necessária para que o corpo tombe?
Considere o torque ao redor do ponto de apoio A.

Figura 3.23: Exercı́cio 9.

10. Considere agora a figura 3.24. Faça os mesmos cálculos do exercı́cio 9.

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48 3.4. ExercÍcios

Figura 3.24: Exercı́cio 10.

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