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Presidente da República Federativa do Brasil

Ernesto Geisel
Ministro da Educação e Cultura
Ney Braga
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

CADERNO TÉCNICO-DIDÁTICO
ATLETISMO

'

Departamento de Documentação e Divulgação


Brasília-DF -1977
Assessoramento técnico:
Prof. João de Oliveira
SUMÁRIO

Apresentação ................................................................................................. 5

Introdução .................................................................................................. 7
Organograma ...................................................................................... 8
Composição dos grupos ......................................................................... 9

Capítulo I
Treinamento desportivo de alto rendimento ....................................... 11

Capítulo II
Força ..................................................................................................... 25

Capítulo III
Velocidade ......................................................................................... 71

Capítulo IV

Resistência ......................................................................................... 101

Capítulo V

Generalidades .................................................................................... 127


Implementos ....................................................................................... 135
APRESENTAÇÃO

A marcante evolução dos resultados verificados feiçoamento de Professores-Técnicos e Treinamento


no atletismo brasileiro, na área estudantil, de Estudantes-Atletas, no exterior.
culminando com os significativos recordes anotados Os objetivos a serem alcançados através da
nos V JEBs, realizados em 1973, em Brasília, e execução desse projeto eram dirigidos prioritaria-
ainda a convincente atuação de uma equipe de jo- mente para a capacitação técnica de profissionais
vens estudantes (até 17 anos) no I Campeonato militantes nas modalidades de ginástica olímpica e
Mundial de Atletismo, realizado no mesmo ano em atletismo numa primeira etapa. A inclusão de estu-
Atenas (Grécia), vieram demonstrar, não mais no dantes-atletas no projeto tinha uma dupla finalidade:
terreno da especulação, mas através do contato di- a de dar-se início a um programa de treinamento a
reto em competições com países tradicionalmente longo prazo visando às olimpíadas de 1980
desenvolvidos no atletismo, as nossas possibilidades (selecionaram-se os atletas mais jovens) e a de
quanto a confrontos internacionais a nível juvenil. permitir aos nossos professores-técnicos estagiários
Posteriormente, isto seria enfatizado com os vários a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos. O
recordes mundiais batidos por nossos estudantes- destaque conquistado pelo Brasil no âmbito do
atletas nos campeonatos de Florença (1974), Poitiers atletismo mundial estudantil é o resultado do talento
(1975) e Orleães (1976) e pelas quarenta e uma de nossos jovens, orientados pela emergente equipe
medalhas conquistadas ao longo dessas competições. de técnicos de satisfatório padrão que começou a se
formar a partir do I Estágio Técnico de Atletismo
Assim, não mais restando dúvidas quanto ao realizado em 1974, na cidade de Mo-gúncia (Mainz,
nosso potencial atlético, cabe uma pergunta: por que Alemanha Ocidental).
nossos atletas ao atingirem a idade adulta inter-
rompem o caminho rumo ao podium olímpico? Às O presente trabalho é o resultado dos ensina-
inúmeras causas detetadas e já exaustivamente ana- mentos colhidos por nossos técnicos no decorrer dos
lisadas poderíamos acrescentar a dificuldade de 3 estágios de atletismo realizados no Instituto de
nossos técnicos se atualizarem, seja através da aqui- Esportes da cidade de Mogúncia nos anos de
sição de literatura especializada, seja através de 1974,1975 1976.
contatos com centros de treinamento de excelência O Departamento de Desportos e Educação
no exterior. Física, órgão do Ministério da Educação e Cultura,
responsável pela promoção desses estágios técnicos,
Da constatação deste fato e em consonância vem, através da publicação deste documento, ofere-
com as diretrizes que orientam a estratégia de ação cer aos técnicos, professores, atletas e desportistas
do DED na condução dos desportos na área estu- que militam no atletismo brasileiro subsídios que
dantil, nasceu, em 1973, o projeto Estágio de Aper- esperamos venham enriquecer o acervo de seus co-
nhecimentos.
INTRODUÇÃO

Na composição estrutural deste Caderno técnico trabalho aqui apresentado, o pensamento dos pro-
foi respeitada a versão original elaborada pelas fessores e técnicos do Instituto de Esportes da Uni-
equipes de trabalho distribuidas em suas áreas de a- versidade de Mogúncia (Mainz, Alemanha).
tuação, conforme o organograma estabelecido pela Os Capítulos II, IIIe IV se referem às qualidades
chefia da delegação. Entretanto, para efeito de me- físicas básicas e contêm as aulas teóricas, pesquisas
lhor compreensão do leitor,obedeceu-se uma seqüên- mais recentes, treinamento cumprido pelos atletas e
cia expositiva que permitiu um acompanhamento à resultado dos testes a que foram submetidos.
distância do que foram as sete semanas de trabalho Finalmente, o Capítulo V, além de reunir re-
árduo de professores-técnicos e estudantes-atletas sultados de pesquisas genéricas, apresenta um cro-
durante o III Estágio Técnico de Mogúncia. qui do recinto coberto onde se desenvolveu a maior
O Capítulo I — Treinamento desportivo de alto parte das atividades práticas, além de alguns
rendimento — condensa as aulas teóricas abor- implementos utilizados que poderiam servir de mo-
dando os múltiplos aspectos referentes à ciência do delos.
treinamento e representam, como de resto todo o
COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS

VELOCIDADE MÉDIA E LONGA DISTÂNCIA

Professores: José Ferreira da Silva, Antônio Carlos Professores: Waldemar Montezano, Atílio Dinardi
Feijão, Erica Lopes Rezende, Gipe Alves de Oliveira, Alegre, Eduardo Barbosa Vieira, Gaspar Theodoro
Jorge Okimoto, Carlos Souza Pimentel, Margot Ritter de Melo, Sebastião Alberto Corrêa de Carvalho.
da Costa, Raimundo Nonato e Roberto Yasuto Atletas: Agberto Conceição Guimarães, Aloísio de
Yoshige. Atletas: Antônio Euzébio Dias Ferreira, Araújo, Antônio Luiz Ranzani, José Arnaldo E. de
Antônio Carlos Nunes dos Santos, Elias Gonçalves Oliveira, Elói Rodrigues Schlader, Eva Batista Dias,
Pereira, Francisco de Assis Campos Neto, lonide Eva da Silva Góes, José Romão Andrade da Silva,
Souza Cruz, Homero Sérgio Gomes, Maria Tereza Júlio de Souza Oliveira, Leonardo Vidal de Oliveira,
Ferreira, Míriam Inácio da Silva, Pedro Ivo da Silveira Mara Fuhrmann, Marcos da Silva Frost, Paulo
e Tânia Regina da Silva Santos. Ricardo Ferrugem e Jesus Navarro Pérez.

SALTOS ARREMESSOS
Professores: Benedicta Souza Oliveira, Adilson Ra- Professores: José Carlos Jacques, Alberto Carlos
mires Tassara, Altevir Aluísio Berezowsky, Carlos Amadio, Aristides de Andrade Junqueira Neto, Ivo da
Francisco de José, Celby Rodrigues Vieira dos San- Silva, João Batista Freire da Silva, Jucílio Fernandes,
tos, Celso Teixeira, Fernando Melo Andrade, Luiz Mara da Costa Dutra. Atletas: Antônio Aparecido
Fernando Ribeiro de Moraes, Luiz Geraldo Pontes Cunha, Antônio Carlos Barbieri Soares, Denise Maria
Teixeira, Marcelo Machado Ramos, Sebastião Cunha Zen, Elida Eliane Mabeline, Fernando Sérgio
e Warlindo Carneiro Filho. Atletas: Ana Maria de Barwinski, Maria Angelina Boso, Maria Elizabeth
Oliveira, Bárbara Vieira do Nascimento, Beatriz Pedri, Maria Cristina Cavalheiro, Marly dos Santos,
Bonfim, Hussein Zaghloul, João Luiz Fonseca, Maria Manoel Leopoldo Pirovics Ferreira, Maurício Augusto
Luisa Domingos Betioli, Marília Seifert, Mar-lene Borges Aguiar, Moacyr A. D. Figueiredo, Odete
Gomes do Nascimento, Paulo Antônio Martins, Valentino Domingues, Roberto Nobuo Abe, Thea
Ricardo Seroa, Themis Zambryski e Ubiratan Maria Reinhart, Olga Maria Veríssimo e Celso
Sanchez Fernández. Joaquim de Moraes.
A ciência do treinamento busca tecnologias ter estes programas feitos através de computador.
práticas com o objetivo de conseguir o máximo A primeira tentativa realizada na Alemanha
rendimento, pelo caminho mais curto. sobre este trabalho foi aplicada em corrida sobre
barreiras e apresentada na revista Leichtatletic.
O rendimento é determinado por diversos fa-
Treinamento geral. A ciência do treinamento
tores. Isto significa que, dentro da ciência do trei-
geral visa à formação de regras básicas em relação
namento, deve haver uma relação entre diversas
ao treinamento. Temos como base a teoria de que
ciências. Outros estudos, como o do movimento e todos os movimentos no desporto são movimentos
da sociologia do desporto, não passam de subciên- segundo certas regras básicas.
cias da ciência do treinamento.
O objetivo da ciência do treinamento geral é
Durante muito tempo a ciência do treinamen-to foi conseguir determinantes do rendimento desportivo.
vista de maneira unilateral. Só nos últimos anos é Chegamos assim a 3 componentes: condição física,
que o treinamento autógeno foi empregado na condição técnica e condição tática. Entretanto, com
ciência do desporto. Outro exemplo parecido é o uma apresentação tão abstrata não se obtêm
estudo do treinamento mental. resultados concretos. Por causa disto, a ciência do
treinamento geral vai sempre em direção à ciência
Este treinamento é no fundo uma prática na qual do treinamento especial.
se aprendem seqüências do movimento sem praticá- — Regras básicas — São leis, e lei significa
las; isto significa assimilar o movimento sem realizá- ciência natural, lei natural.
lo, e sim imaginando-o. Na ciência do treinamento distinguimos 2 for-
Temos uma experiência recente, realizada em mas de leis:
Darmstadt, cidade perto de Mogúncia (Mainz, Ale- a) Leis determinísticas — São todas as leis naturais.
manha), em que, através do método mental combi- Por exemplo: a velocidade com que um salta-dor
nado com a prática, se conseguem resultados me- ornamental mergulha na água depende da altura de
lhores e se aprende a técnica do volibol mais rapi- que salta; quanto mais alto o ponto de salto, tento
damente. Não há dúvida de que, em relação à movi- maior a velocidade com que mergulha.
mentação no atletismo, pode-se concluir a mesma Em relação ao atletismo, quanto maior a velo-
coisa, qual seja, chegar a resultados satisfatórios. Isto cidade da saída da tábua, tanto maior é o compri-
exige da ciência do desporto um programa de mento do salto em extensão.
treinamento realizado em colaboração com a psico- As leis determinísticas têm sempre estas com-
logia do desporto. binações: "quanto mais ... tanto mais" ou "quantos
As perspectivas do futuro indicam que, dentro menos ... tanto menos".
de certo tempo, a ciência do treinamento poderá Dentro do desporto, normalmente não exis-
tem leis determinísticas, mas sim leis estatísticas. b) aumento de y - 1 na velocidade do salto tem un
Leis estatísticas — São leis que se estabelecem aumento de x = 1 no comprimento do salto.
resultantes mais propriamente de pesquisas estatís-
ticas realizadas. Mantêm a relação "quanto mais —
tanto mais", em certa porcentagem.
Numa lei estatística, aumentando a velocidade
da corrida, aumenta o comprimento do salto, mas
somente em alguns casos. A velocidade de corrida
não é idêntica à velocidade de saída da tábua, por-
que ela é diminuída através da própria tábua.
Exemplo: um saltador que tem nos últimos 6 metros
uma velocidade de 1 m/seg mais que outro saltador O presente gráfico será analisado segundo as leis
tem um resultado de 1,20m mais longo no salto; isto, estatísticas.
porém, não é válido para todos os casos. A O eixo de y representa a velocidade do saltador
velocidade de saída da tábua é significante em todos nos últimos 6m. Cada saltador perde velocidade na
os casos, o que não acontece com o comprimento do tábua; o objetivo dele será, portanto, perder o
salto. mínimo de velocidade.
Um velocista de 100m pode, nos últimos 6m, A velocidade de corrida de A diminui, muitas
ser mais rápido que um saltador; entretanto, isto nao vezes, menos que a velocidade de corrida de B.
quer dizer que ele salte mais longe, pois perde na Combinando a velocidade nos últimos 6m com
saída da tábua, detalhe que o saltador realiza com o comprimento do salto, vemos que os diferentes
maior habilidade. corredores perdem, de maneira diferente, a
Os resultados da ciência do treinamento se ba- velocidade na tábua. Observamos, então, uma varia-
seiam quase sempre em leis estatísticas. As leis esta- ção entre a combinação do comprimento do salto
tísticas não se aplicam apenas por um exemplo iso- com a velocidade dos últimos 6m.
lado; elas são significativas sempre para um conjun- Tomemos como exemplo os saltadores A e B;
to. os dois correm com a mesma velocidade, mas ape-
A seguir faremos uma representação gráfica de sar disto B salta mais que A.
um salto em extensão, como exemplo. Comparando os dois atletas, temos: a lei que
preconiza que "o saltador mais veloz salta mais lon-
ge" não é, aqui, válida; isto quer dizer que "nem
sempre o saltador mais veloz é o que tem o melhor
salto", o que leva a estabelecer uma lei estatística.
De maneira geral, apesar da variação dos pon-
tos um pouco afastados da linha reta, podemos es-
tabelecer, respeitando as exceções, uma regra geral:
"os que correm mais rápido saltam mais longe".
— Leis estatísticas: falta de prognose com res-
peito a cada atleta.
— Leis determinísticas: temos dados concre-
tos.
Supomos que um grupo de saltadores tem o Um saltador que corra 1 seg mais rápido nos
mesmo ângulo de saída e a mesma técnica de que- 100 m tem a probabilidade de saltar 1m ou 1,20m
da. Podemos concluir, através do gráfico, que cada mais longe. Não asseguramos, entretanto, que ele,
atleta que melhora sua velocidade de saída da tábua, melhorando 1 seg, salte exatamente 1,20m mais;
em certo nível, vai melhorar também o comprimento não podemos garantir em que proporção a melhoria
do seu salto em certo nível; quem tem o valor x =1 de velocidade irá ser transformada na tábua.
tem também y = 1. Em experiências realizadas pelo Dr. Letzelter
Se temos um ponto comum a todos os salta- com as melhores velocistas alemãs, os resultados
dores e se medimos a velocidade de saída da tábua mostraram que as corredoras que correm com maior
junto com o comprimento do salto, é evidente que freqüência obtêm melhor resultado nos 100m pelo
esta combinação nos dá a relação "quanto maior — número de passadas dadas e não por causa da
tanto maior". amplitude das passadas. Hoje, novas pesquisas
Quando temos uma lei determinística, não há vieram confirmar que "um corredor que au-
variações: os pontos não podem sair da linha. Um
menta a sua freqüência em x seg pode também mais unidades de treinamento; mas em relação à
aumentar a sua velocidade" e "um corredor que tem comparação intra-individual (com relação à expe-
sua amplitude aumentada terá também sua ve- riência) concluímos que o atleta que aumenta a
locidade melhorada", com probabilidade de erro em unidade de treinamento aumenta também a velo-
5% sobre estas conclusões. cidade de sua corrida por causa do aumento da
A diferença entre as pesquisas anteriores e unidade de treinamento.
posteriores é que: "podia-se falar de maneira geral Aqui temos a complicação destes métodos, e o
que o aumento da freqüência resultaria em correr outro problema é a validade dentro da represen-
mais rápido"; hoje, já se pode dizer que quem tem tabilidade. Leis determinísticas são válidas sempre
uma freqüência maior vai correr tantos centésimos para tudo, em todos os ângulos; não as podemos
por segundo mais rápido. transformar através de manipulações. As leis esta-
Limitações aos métodos — Os resultados es- tísticas permitem essa manipulação; por isso são
tatísticos se baseiam sempre na comparação de di- válidas para as partes específicas. Exemplo: num
ferentes atletas. Então, perguntaremos: em que se grupo de corredores de 100m com 10" e 10"5, os
distinguem os melhores atletas dos piores, em certos melhores podem ter mais unidades de treino. Mas,
elementos? se treinarem 20 a 25 vezes por semana, podem pio-
Os métodos estatísticos se baseiam sempre na rar o resultado, pelo excesso de treinamento; aí
comparação interindividual entre A e B, A e C, B e C, teremos o contrário da lei "quanto mais — tanto
e assim por diante. Através da comparação inter- mais". Se usarmos as leis estatísticas consciente-
individual, chegamos à comparação intra-individual, mente e com fundo de informações bem grande,
isto é, através da comparação de muitos, observa- muito se consegue, em relação ao treinamento, em-
mos uma mudança de um atleta do grupo. A com- bora nunca tão certo como 2 e 2 são 4; em tudo que
paração de um atleta consigo mesmo é intra-indi- elas dizem há sempre uma probabilidade de engano.
vidual. A comparação de um atleta dentro do grupo é
interindividual. REGRAS BÁSICAS PARA O TREINAMENTO
DESPORTIVO
— Exemplo de comparação interindividual A ciência do treinamento ainda é bastante jo-
Perguntamos se os melhores corredores de 100m vem. As leis básicas do ensino de treinamento surgi-
têm mais unidades de trabalho que os piores. ram por volta da década de 50. Antigamente, por
Tivemos como resultado que os melhores corredores treinamento entendia-se aquele dirigido ao atleta de
têm mais unidades de treinamento que os piores e alto nível. Então, simplesmente, foi feita uma
concluímos que eles correm mais rápido porque generalização do treinamento de atletas de alto nível;
têm mais unidades de treinamento por semana. - não eram, porém, resultados científicos, e sim,
Exemplo de comparação intra-individual Um atleta resultados de experiências subjetivas. Temos o
treina determinadas unidades por semana; medimos exemplo da imitação do treinamento de Zatopek, que
nada servia para generalização, pois era um
seu resultado. Em seguida, aumentamos as unidades
treinamento especial. A adequação científica do
de treinamento semanal; medimos seu resultado treinamento especial para o treinamento geral foi
novamente e melhorou. Concluímos que seu feita através de experiências subjetivas de muitos
rendimento melhorou porque aumentaram suas treinadores e atletas. Estas experiências foram ana-
unidades de treinamento. lisadas e generalizadas, e hoje o que é denominado
Variando a freqüência de unidades de treino, "ciência do treinamento" significa a transformação
observamos que, à medida que muda o resultado, das leis subjetivas em leis objetivas.
temos uma variável independente, que são as unida- Uma regra básica é o princípio do treinamento
des de treinamento, e outra dependente, que é o contínuo, isto é, continuidade e aumento do
resultado da corrida. rendimento, num treinamento sem interrupção;
Numa comparação interindividual não temos mesmo na manutenção do treinamento não deve
uma experiência, mesmo porque não variamos as haver interrupção. Por este princípio, a interrupção
unidades de treinamento, mas variamos os resulta- significa perda de rendimento.
dos da corrida, porque tomamos corredores com
resultados diferentes.
No fundo, comparamos atletas de diferentes
resultados com unidades de treinamento, mas não
podemos concluir com certeza absoluta que aqueles
que correm mais rápido o fazem porque têm
O treinamento desportivo é determinado por
uma relação ó t i m a entre treinamento e
recuperação. Esta relação entre sobrecarga e
recuperação é idêntica ao fenômeno da
supercompensação. O objetivo é ganhar mais
energia do que a que se gastou anteriormente, o que
se explica por processos bioquímicos. O segredo do
treinamento é que o gasto de energia redunda em
novo ganho energético; ou seja, o gasto de energia é
a razão para o ganho de mais energia em um nível
maior que o anterior (a curto, médio e longo prazo), o
que implica em cargas de curta, média e longa
intensidade. Está relacionado com o problema de
carga e recuperação, e diretamente ligado com a
periodização do treinamento.
Essa recuperação após a carga é importante,
porque o ganho de energia é conseguido na fase de
descanso. Atletas muito treinados têm uma recupe-
ração mais rápida, e daí a possibilidade de se au-
mentar o número de treinamentos para esses atletas.

Supertreinamento - Os intervalos são pequenos


demais, provocando uma queda no rendimento.

Supercompensação — Intervalos adequados.

Esta resposta retorna em forma de feedback, e


isto nos dá a informação da intensidade do estímulo.

Princípio ótimo do treinamento — Respostas


adequadas: quanto maior a adaptação, maior pode
ser o novo estímulo (em quantidade e intensidade). Interrupção do treinamento — Intervalos
grandes demais, ultrapassando-se o ponto ótimo de
Princípio de sobrecarga progressiva (PSP) — O novo estímulo, o que acarreta queda do rendimento.
princípio da sobrecarga progressiva baseia-se no
aumento das cargas à medida que ocorrem as
adaptações. A subida do potencial de rendimento
deve crescer paralelamente ao aumento da inten-
sidade de estímulos. Essa subida inicialmente
acontece em linha reta, e a partir de um certo nível
forma uma curva. Por isso, observamos uma melhora Quanto maior a carga, maior o tempo de re-
mais rápida em principiantes que em atletas cuperação, e vice-versa.
qualificados. Por exemplo, é mais rápida a melhora O treinamento do velocista, por exigir mobili-
em um velocista de 11 ".5 para 10".8 do que em um zação intensa do sistema nervoso, deve ser menos
de 10".3 para 10".1. Segundo o PSP, quando sobe o freqüente que o dos outros, porque implica também o
potencial de rendimento, sobe também a intensidade cansaço mental, que exige um maior tempo de Fe-
do estímulo, e isto até o limiar das possibilidades de cuperação. Fatores de cansaço emocional, senso-
rendimento. O treinador deve ter capacidade de saber rial, mental e físico exigem muito no treinamento
limitar as cargas, para conseguir uma relação ótima
entre carga e rendimento.
do velocista, o que explica menor freqüência de seu Relações contrárias: intensidade — freqüência;
treinamento. intensidade — duração; intensidade — volume.
Princípio da sobrecarga — Podemos considerar Se temos uma relação contrária entre intensi-
2 (dois) aspectos: dade e freqüência e entre intensidade e duração,
1) Intensidade — É dada em metros por se- temos também uma relação contrária entre volume e
gundo ou carga desenvolvida. Pode ser: objetiva, intensidade.
quando é medida diretamente em metros por se- O volume pode ser medido em quilômetros,
gundo, ou peso, por exemplo; e subjetiva, quando se quilogramas ou no tempo geral de uma unidade de
dá a porcentagem do máximo da carga do atleta. treinamento. Temos sempre que distinguir a duração
de unidade de um treinamento e a duração de um só
2) Duração do estímulo — É o tempo de du- exercício.
ração de uma sobrecarga. Exemplo para um velocis-
ta: 10 X 100m em 15" para cada 100m. Quanto VOLUME X INTENSIDADE
maior a duração do estímulo, menor a intensidade, e Em relação a cada atleta, torna-se necessário
vice-versa. saber em que ponto se deve dar prioridade, porque a
relação entre volume e a intensidade não é estável.
Nesta relação existe uma variação contínua. Isto é
importante para o planejamento a médio e longo
prazo.
De maneira geral, no princípio do processo de
treinamento existe uma acentuação do volume de
treinamento; um aumento de volume significa o
treinamento de base.
Aumentando-se o volume no início, podem-se
conseguir 2 objetivos principais:
a) a base geral, que é a fundamentação do treina-
mento, é melhorada;
b) com o aumento de volume em relação a princi-
piantes, consegue-se já um aumento de rendimento.
Em se tratando de atletas de alto nível, através
do volume só se consegue um aumento da base.
Nestes atletas, a melhoria do rendimento dentro de
determinadas provas só é conseguida através de in-
tensidade. Isto é importante dentro de um programa
de curto prazo. Exemplo: no treinamento de um ano.
Treinamento desportivo é qualificado como uma No treinamento de um ano, no início, aumenta-
relação ótima entre volume e intensidade. se a base através do volume; um pouco antes da
competição, aumenta-se a intensidade. Este é um
Duração e freqüência multiplicadas dão como problema de periodização.
resultado o volume. Em termos concretos, concluímos que pode-
mos distinguir duas formas de volume: o aumento do
De maneira geral pode-se quantificar a freqüência. volume em relação ao trabalho de base ótima; o
Exemplo: o número de repetições na corrida, o aumento do volume em relação ao trabalho de base
número de saltos ou de flexões de joelhos máxima.
(agachamento com halteres), dentro de uma unidade Uma base ótima existe quando ela é suficiente
de treinamento. Numa corrida, duração X freqüência, para permitir um treinamento específico em relação a
é igual ao volume. Exemplo: 10 X 100 m 1.000m. uma determinada prova. Uma base máxima é a que,
Entre freqüência e intensidade existe uma re- em relação à competição, é muito importante.
ação contrária: "quanto maior a velocidade, menor Exemplo: um velocista necessita somente de um
a duração". Assim como uma 'intensidade muito nível ótimo de resistência, e quando atinge este nível
grande só permite poucas repetições. não tem sentido continuar aumentando-o. O fundista
Temos a mesma regra em relação à intensida- necessita de uma resistência de base máxima.
de e duração. Ambas têm como resultado o volu- Segundo pesquisas científicas, o velocista só Precisa
me de nível ótimo de força; acima deste nível,
não há razão para aumentar força. é que aqui se pode falar em percentagem. Isto quer
No dina-press, fazendo trabalho de força, o dizer que "a percentagem do treinamento especial
velocista necessita de um índice de força de mais ou vai aumentando, em relação ao geral, apesar de
menos 1,25. Isto não significa que valores menores haver um aumento contínuo do treinamento geral".
não sirvam para o melhor rendimento, e sim que
Exemplo:
valores mais altos são ineficientes.
— Forma de achar este nível — Medir a força
de pressão da perna direita e da perna esquerda
num dinamômetro. Somar e dividir por 2.
Exemplo:
Valor médio entre as duas pernas ............ 96
Peso do corpo ............................................. 75

Um esquema de treinamento para um atleta vai


75 a aproximadamente 10 anos. Exemplo: começando
aos 10 anos, pode aos 20 estar com o rendimento
Podemos concluir que, atingindo-se um índice máximo. Isto, entretanto, não quer dizer que não
de força máxima superior ou igual a 1,25, não se existam atletas que não alcancem seu rendimento
necessita mais fazer trabalho de força máxima, e, máximo em menos tempo; trazem, porém, uma base
sim, de força submáxima, porque esses exercícios de outras atividades esportivas: João Carlos de
melhoram a força rápida. 0 treinamento especial só Oliveira, com 3 anos de treinamento, bateu o recorde
para melhorar a força máxima não teria sentido; o mundial do salto triplo; antes, todavia, jogava futebol.
importante é ver que o objetivo não é a força máxima, Assim, a transformação da base geral para uma
e sim a força ótima, É preciso analisarmos se base especial depende das práticas anteriores.
precisamos de uma base máxima ou ótima. Quanto Exemplo: um atleta de 17 anos; verificamos em que
mais se precisa de uma base, tanto mais se precisa nível está sua formação geral. Temos que avaliar se
de volume. Quanto menos precisamos de uma base, este nível é essencial para sua especialização ou se
tanto mais temos que treinar intensidade. temos que aumentar o nível geral para ter uma boa
Ainda com relação aos velocistas, é sabido que especialização. Seria muito mais fácil se, dentro da
o volume do coração maior que 850 a 950 cm3 já não ciência do treinamento, tivéssemos conhecimento
tem valor para o rendimento. O velocista precisa de que permitisse dizer que, para esta ou aquela prova,
resistência ótima para treinar com intensidade. seriam necessários tais valores para continuar o
— Base ótima — quanto mais, melhor, até certo trabalho.
ponto. Em relação a 3 características, já se consegue
— Base máxima — quanto mais, melhor, em dar valores aproximados. No salto em extensão uma
todos os casos. saltadora com resultado de 6m teria que correr os
Um aumento de rendimento em conseqüência 100m em 12" ou 12".2, conseguir no salto sêxtuplo
do aumento do volume é lento; um aumento devido à (canguru) 15,80m, ter um índice aproximado (IR) de
intensidade é rápido. 0,25 a 1,05, ter uma força de salto vertical de 56 a
Um certo nível de rendimento adquirido através 58cm e ter um nível geral para correr mais ou menos
do aumento do volume, sofrendo interrupção no 10km devagar, sem interrupção. Se não conseguir
treino, não baixa rapidamente; o rendimento estes resultados, deverá, então, aumentar certos
adquirido através da intensidade, depois de uma componentes do nível geral. Não se pode,
interrupção, cai rapidamente. entretanto, dizer que não pode saltar 6m sem um ou
O treinamento desportivo é caracterizado por dois destes componentes.
uma relação ótima entre o treinamento geral e o
treinamento especial. Treinamento geral é treina- Para usar este esquema, seria melhor que a
mento básico e abrange todos os aspectos gerais. ciência já fosse capaz de dar os valores para as dife-
Treinamento especial abrange aqueles exercícios rentes idades. Se a ciência conseguisse esses resulta-
que distinguem uma prova de outra. A relação entre dos para todos os diversos níveis de atletas, seria
ambos é instável e é qualificada como um processo muito mais fácil dirigir o processo de treinamento. Já
contínuo de especialização; isto significa que a existem pesquisas neste sentido.
percentagem de treinamento especial aumenta com O treinamento desportivo é caracterizado
o aumento do rendimento. O importante também por uma periodização. Temos 4 pontos
importantes em relação à periodização do treina- também o volume do treinamento.
mento: As características indiferentes são tomadas em
relação à seleção e quase sempre são limitações ne-
1) conseguir bases da forma desportiva; •2) conseguir gativas (apenas limitam-se as possibilidades).
de maneira imediata a forma desportiva; Classificamos as características, em relação ao
3) estabilização da condição desportiva; rendimento, em: distintas ou relevantes e indiferentes
4) destruição da condição desportiva. ou irrelevantes.
— Grupo das características relevantes: carac
terísticas relevantes absolutamente lógicas e ca
racterísticas relevantes empiricamente estatísticas.
Exemplo: a velocidade de reação de saída tem rele
vância lógica, ou seja, é relevante em relação ao
rendimento se melhorarmos 0,1 seg na saída; impli
ca numa melhora de 0,01 a 0,02 seg no resultado
1) Base — Certos elementos da forma geral são total. A relevância empírico-estatística apenas des
aumentados. taca o pior atleta do melhor. Todas as característi
2) Forma — Conseguir, de maneira imediata, a cas com relevância empírico-estatística têm uma re
forma do atleta. Os elementos mais importantes são levância lógica, mas o contrário não é verdade.
trabalhados. Com o treinamento é possível aumentar o nível
3) Manutenção — Estabilização da condição do em relação às duas características. O objetivo do
atleta. treinamento é procurar características com rele-
4) Destruição — Esta destruição da forma é cons- vâncias empírico-estatísticas.
ciente, e os elementos que estavam numa relação Os componentes do rendimento e as caracte-
ficam particularizados. Isto não significa que o nível rísticas indiferentes são as bases do rendimento es-
dos elementos é baixado, e sim que a sincronização portivo. Portanto, "rendimento é o resultado da
antes existente é dissolvida. Estes vários elementos capacidade de rendimento".
são interdependentes, têm uma influência uns sobre — Capacidade de rendimento (elementos): ca-
os outros. Se mudamos um elemento, o conjunto pacidade de rendimento — parte física; disposição
todo começa a ser destruído. Esta destruição é do rendimento - parte psíquica.
condição básica para se conseguir um novo aumento — Objetivos do rendimento:
dos diferentes elementos. Assim, temos todos os objetivos cognitivos: realização mental de de-
anos o mesmo ciclo, mas sempre em um nível cada terminados objetivos do treinamento (ex.: planeja-
vez mais alto. Se não tivéssemos esta destruição da mento);
condição, ela continuaria no mesmo nível. Todos os
objetivos psíquicos: determinam a força de
anos esta destruição é, portanto, condição para um
vontade (por disposição do rendimento entendemos
novo treinamento de base, pois o objetivo do
superação da força de vontade);
treinamento é aumentar cada vez mais. No período
de destruição da forma, usa-se dar ao atleta objetivos motores: qualidades motoras e téc-
atividades que não as de seu treinamento esportivo nicas motoras implicam condição física.
normal. Exemplo: volibol, natação. É com esta soma de habilidades e capacidades
técnicas que criamos bases técnicas para a experiên-
BASES DO RENDIMENTO ESPORTIVO cia do movimento analisador "kinestésico" —kinas-
thetik (avalia o movimento). Quer dizer, quanto mais
O rendimento esportivo é condicionado por são incorporadas novas experiências no movimento,
diferentes elementos: características intensivas do tanto mais fácil se torna a aprendizagem de novas
treinamento: aquelas que se podem melhorar pelo técnicas ou sua correção. Puni (Rússia) fez
treinamento (ex.: força máxima); características in- questionário com 100 das melhores atletas russas,
diferentes ao treinamento: as que não podem ser que, depois de filmadas, apresentavam certos erros,
melhoradas (ex.: altura do atleta). mas as atletas não viram os filmes; depois, em novo
Quanto às características intensivas definimos questionário, perguntou-se qual o erro de cada uma e
certos graus ou níveis de intensidade. Existem as 90 por cento acertaram. Com iniciantes isto não
que se podem melhorar mais, e outras menos; acontecia; faltava consciência do movimento. Em
exemplo: características de resistência são mais in- atletas de nível médio acharam-se 50 por cento de
tensivas que as de velocidade; estes graus definem acertos. Em crianças acharam-se apenas 20 por cen-
to.
— Condição física: soma das qualidades físicas especiais só são possíveis de aprender após certa
(motoras). idade. Denomina-se a isto "ontogênese motora"
Conceitos abstratos: capacidade de força; ca- Ontogênese motora é a aprendizagem motora que
pacidade de resistência; capacidade de velocidade; vai desde o nascimento até a morte. Divide-se em
capacidade de coordenação. ontogênese motora de capacidade e ontogênese
Temos ainda habilidade, mobilidade, capaci- motora de qualidade.
dade de movimentação. A capacidade em si não Em uma determinada idade, o aluno possui
existe; temos diferentes capacidades específicas (a condições de combinar determinados movimentos
força do velocista é diferente da força do arremes- (ex.: correr e transformar a velocidade horizontal em
sador). um impulso vertical). Para o atletismo, é possível
Dada a mistura das qualidades trabalhadas, te- aprender todas as capacidades motoras nas se-
mos: condição física geral — base de todos os ele- guintes idades: meninas: entre 8, 9 e 10 anos; rapa-
mentos da condição física; condição física especial zes: entre 9, 10 e 11 anos.
— trabalham-se as qualidades importantes para A essas crianças já se podem ensinar todas as
certas provas e que sejam importantes também no bases técnicas.
desenvolvimento do treinamento. A aprendizagem motora é mais fácil na pré-
Se destacamos características em níveis dife- puberdade que na puberdade. Mais exatamente,
rentes, temos o trabalho da condição física especial, segundo Meinel, dois anos antes da puberdade. Uma
quando são desenvolvidas no treinamento as boa base na infância permitirá mais facilmente uma
valências físicas mais relevantes, segundo o objetivo especialização. Partindo desta premissa, já é possível
da prova (mistura de elementos empírica e estatisti- descobrir crianças de talento entre 9, 10 e 11 anos,
camente relevantes). desenvolvendo-lhes um sentido de movimento
Na condição física geral, quanto mais as va- (analisador cinestésico).
lências físicas são desenvolvidas harmoniosamente, Podemos definir aprendizagem como um pro-
tanto mais facilmente se desenvolvem as qualidades cesso de input e output, isto é, o que entra são as
específicas. diretrizes do treinador e o que sai é o resultado do
Em pesquisa de Utecht (Leipzig — Alemanha atleta.
Oriental), formaram-se 3 grupos (10 a 11 anos): G1 Nunca podemos dar informações demais ao
— treinou condição física geral em 3 anos; G2 — aluno, porque o mesmo não poderá captar tudo.
treinou à base de velocidade (condição física Temos que selecionar essas informações. Não só as
especial); G3 — grupo de controle (desportos informações, mas também a maneira de dá-las é
escolares). Depois de um ano, G1 e G2 estavam no importante. Isso também depende da idade. A
mesmo nível. Dois anos mais tarde, o aumento de criança, por exemplo, sente necessidade de ver ima-
níveis foi proporcional a ambos (portanto, o gens para captar melhor as informações. Já com um
treinamento geral teve o mesmo efeito que o atleta de 19 anos, por exemplo, a informação é dada
treinamento especial). No terceiro ano, G1 também de tal maneira que o atleta, por sua própria cabeça,
fez treinamento especial e então teve o dobro do orienta os seus movimentos.
ganho em relação a G2. Tiveram os dois grupos, no 2 — As informações devem ser dadas durante um
início, o mesmo aumento, mas a partir de certo longo período — Por exemplo, no salto em altura não
momento G1 tinha um nível de potencial bem maior, se deve dar uma nova informação antes que se
dado o trabalho de condição física geral. tenha acertado a anterior.
3 — Para a qualidade da aprendizagem, são decisi-
APRENDIZAGEM MOTORA vas as condições interiores do aprendiz — A capa-
cidade de aprendizagem diminui com o cansaço.
Aprendizagem motora significa aprender ou Depende, além da concentração, da transformação
adquirir capacidades motoras em conjunto, gerais ou das informações pelo sistema nervoso central, e isso
especiais. não é possível quando se está cansado, ou melhor,
Ao professor de educação física cabe dar con- não se obtém o resultado desejado. Além do mais,
dições motoras gerais ao aluno, e ao técnico cabe para aprender ou melhorar determinados movimen-
dar uma capacidade motora parcial ou especial, isto tos, não se deve executá-los por um tempo exces-
é, fazer o aluno aprender um movimento novo ou sivo. Por outro lado, o treinador deve dar o trabalho
reaprender certos movimentos. técnico, de correção de movimentos, sempre no
início do treinamento, logo após o aquecimento.
Regras de comportamento 1 — Idade — 4 - A aprendizagem não se mede pelo resultado,
Certas capacidades motoras gerais e mas sim observando-se a razão ou motivo da falha
ou progresso - Um mau resultado provém, muitas de quantidade, pode-se dizer que muitos desses
vezes, de erros no treinamento; o treinador deve problemas são tratados, às vezes, de maneira bem
corrigir esses erros. Se um atleta aborda errada- superficial, não sendo levados devidamente a sério.
mente a tábua de saltos em extensão, não adianta Esse acompanhamento não é empregado apenas no
dizer-lhe para acertar a batida do pé, pois o erro atletismo, mas também em outros esportes, levando-
estará certamente nas últimas passadas da corrida. se em conta a diferença de cada um deles, ou seja,
esporte coletivo, esporte individual e a característica
5 — As informações devem ser claras. Não devem de cada atleta.
ter duplo sentido — É muito importante criar con- Com relação às dificuldades internas, estão
dições ótimas para a aprendizagem. Esta aprendiza- também relacionados os fatores externos que atuam
gem se processa através do sistema nervoso central. no atleta: problemas relacionados com a família,
Uma ótima técnica é proveniente da relação ótima profissão, escola, problemas íntimos, afetivos, etc.
entre as unidades motoras estimuladas e as que São bastante conhecidos e diferenciados os
opõem resistência a essas unidades. A partir disso, caminhos utilizados pelos treinadores nesse
podemos concluir que o movimento executado por acompanhamento. Todo treinador vai sempre deixar
um principiante é feito com grande gasto de energia, a sua marca, o seu carimbo, em todo trabalho de
pois estimula muitas unidades motoras, tanto ativas acompanhamento, ou seja, sua forma pessoal de
como oponentes, em excesso. fazer o acompanhamento. O professor Dr. Steinbach,
O objetivo final da aprendizagem é a automa- 4º colocado no salto em extensão em Roma, faz
tização: estereótipo dinâmico motor, forma de mo- referências e observações a vários tipos de
vimento completamente automatizada, podendo o característica, dentro desse trabalho.
executante, inconscientemente, executar o movi- Existe num grupo o chamado líder: é o que se
mento, favorecendo a concentração em outros pe- manifesta dentro de um grupo sempre através de
quenos detalhes. Sem essa automatização, não se suas idéias e opiniões. Todo aquele que tiver a capa-
conseguirá dar pequenos detalhes técnicos como in- cidade de liderança, num trabalho de acompanha-
formação, pois o atleta, ao se concentrar nessas mento em uma competição, provavelmente vai ser
minúcias, esqueceria o conjunto de movimentos, É melhor sucedido, desde que não perca o controle,
importante aos treinadores saber quais as melhores devido a pressões externas ou outros estados varia-
informações a dar e como dá-las. dos. Essa mesma característica o treinador poderia
utilizar em atletas de níveis altos, atletas inseguros; o
"O PROBLEMA DO ACOMPANHAMENTO EM treinador agiria motivando e encorajando o atleta,
COMPETIÇÃO E EM TREINAMENTO NO ATLE- para os seus resultados e possibilidades.
TISMO" (trabalho apresentado em 1975, em uma Atletas individualistas, tipos fechados, isolados,
conferência em Moscou, pelo Prof. Berno Wisch- mesmo possuindo autoconfiança, são freqüentes
mann) dentro do esporte. Há necessidade de acompa-
nhamento, principalmente quando o resultado lhe
0 trabalho de acompanhamento em treinamento sobe à cabeça, com influências negativas, por força
e em competição é de grande importância no de fatores externos que atuam no seu rendimento.
desporto. Em grupos de atletas que o Prof. Berno tem
Muitas vezes, uma regressão em termos técni- acompanhado, existem vários tipos: uns têm medo,
cos e de rendimento se deve a uma deficiência de outros se realizam com promoções em jornais, exis-
um trabalho de acompanhamento e de orientação. tindo ainda outras manifestações.
Existe um ditado alemão que diz: "Não se pode O atleta não complicado, livre de problemas,
pentear todos os indivíduos da mesma maneira". não é freqüente no esporte. Atleta inteligente, des-
Num trabalho de Schmolinsky e Van Aaken, o contraído, sem complicação, praticamente não
relacionamento entre técnicos e atletas ocupa uma apresenta problemas para o técnico; atletas sem es-
importância muito grande. 0 sueco Aleman analisou sas características de personalidade devem ser
algumas dessas relações entre atletas e treinadores e acompanhados em competições, tanto de nível na-
encontrou como fatores positivos de relacionamento: cional como internacional.
simpatia, companheirismo, amizade, fatores estes A distância do lar apresenta, como conseqüên-
que estão sempre relacionados com bons resultados cia, problemas de relacionamento e de acompanha-
atléticos. mento. O treinador que trabalha com um atleta por
Atletas mal sucedidos estão geralmente rela- mais tempo é o que vai ter melhor condição de
cionados com os fatores negativos, quais sejam: acompanhar esse atleta no setor esportivo, com
antipatia pelos treinadores, apatia, etc. Em termos maior precisão.
Não é correto treinadores nacionais acompa- mento de freqüência cardíaca. Diziam sentir defí
nharem atletas que durante todo o ano treinaram ciência de alimentação sangüínea no cérebro e pres
com seus treinadores locais, sem ter tido contato são nas têmporas. Foram realizados testes com
anterior algum com esses atletas. dinamômetro e em um caixão de 40cm de altura
O bom treinador faz observações e experiên- para a força de pressão das mãos e força de perna,
cias em vários sentidos, para colher elementos a fim antes e depois do uso do placebo, sendo constatado
de melhorar o rendimento esportivo. que cerca de 68% dos pesquisados apresentaram
Outro fator importante é a nutrição. Atletas grande progresso no rendimento. Este exemplo
comem durante todo o ano mel, leite, cevada, carnes prova que o uso do placebo, de nenhum efeito fisio
e verduras. Deve ser observado o efeito do café em lógico, pode trazer o aumento do rendimento através
relação a aumentar ou diminuir determinadas funções do efeito psicológico.
orgânicas. Alguns atletas às vezes tomam, 20 As influências de ordem psicológica são bas-
minutos antes de uma competição, café forte com tante grandes e podem-se usar vários meios. Interes-
pouco açúcar; deve ser observada a dosagem do sante notar que no trabalho de Procópio os resulta-
café antes de determinadas provas cuja duração é dos foram proporcionalmente maiores com as mu-
bastante grande (ex.: salto com vara): pode trazer lheres do que com os homens.
efeitos negativos no rendimento justamente na hora Dentro do período de treinamento, também o
mais difícil, pois seu efeito vai de 40 a 45 minutos. acompanhamento individual tem importância bas-
Horário de refeição é outro ponto importante: tante grande. Aproximadamente em 15 de outubro,
três a quatro horas antes da prova tomar refeição, quando tem início o período preparatório de inverno,
para que não se realize a digestão durante a compe- reúnem-se atletas e treinadores num local de
tição; também deve ser observado o cuidado com os recuperação, numa cidade de repouso, com o
intestinos, indo à toalete antes da competição. objetivo de se analisar o período competitivo pas-
Foram citados exemplos de atletas que conse- sado e planejar o novo período competitivo para o
guiram alto rendimento em competições, e com ou- qual se vai treinar. Esse trabalho conjunto de orga-
tros, deu-se o contrário. Há o exemplo de atleta que nização e acompanhamento deve ser realizado tanto
10 dias antes da competição não manteve relações no período de transição como no preparatório e no
sexuais, e outro que manteve intensas relações na de competição.
véspera da competição e bateu o recorde mundial. Para poder reconhecer os efeitos dessas medi-
Há também o exemplo do saltador de vara sueco das de treinamento, deve o treinador, de tempos em
que, na véspera da competição, ingeriu bastante tempos, realizar testes, com o objetivo de comprovar
bebida alcoólica e no dia seguinte bateu o recorde a progressão da condição do atleta. Dado o fato de
europeu da prova: o atleta estava bastante alegre, se realizarem muitos treinos em locais fechados, é
motivado, e isto pode ter sido de efeito marcante. necessária, principalmente no inverno, a utilização
Outro aspecto será o tipo de massagem indi- complementar de vitaminas e sais minerais que
cado para nosso atleta. Os massagistas americanos venham complementar o atleta, em termos de
empregam uma massagem passiva, para aquecer, a nutrição.
qual deve ser encerrada 20 minutos antes da com- Uma visão bastante ampla do treinador é de
petição; após a massagem, o atleta se movimenta dirigir o trabalho de seu atleta com vistas às condi-
levemente. ções que deverão ser encontradas posteriormente.
O Prof. Wischmann citou também o emprego do Assim, o atleta que vai aos Jogos Olímpicos e tem
placebo, com efeito psicológico. O técnico austríaco uma prova eliminatória às 9:00 horas já deve, com
Procópio, em 1957, usou o placebo em 65 atletas antecedência, em treinamento, se habituar a acordar,
masculinos e 35 femininos, com idade média de 28 pelo menos uma vez por semana, às 4:30 horas,
anos. Ingeriram pílulas feitas com mal-te, lactose, tomar o seu café e ter aquele espaço ideal entre
leite condensado, manteiga de cacau, supondo levantar, alimentar-se e competir. Como exemplo foi
tratar-se de veneno da planta americana caladium citado o caso do marteleiro Uwe Bayer, que, nos
purpureo, usado pelos índios para aumentar o Jogos Olímpicos do México, poderia ter sido medalha
rendimento em canoagem e em guerra, e cujo de prata ou bronze. Recomendado que se levantasse
emprego levou atletas russos e americanos a atingi- às 4:30 horas, pois teria prova às 9:00 horas, só o
rem vários recordes mundiais. fez às 6:00 horas, por achar suficiente. Na hora da
Após a ingestão, várias manifestações se suce- prova, o atleta ainda estava meio sono-lento e nem
deram: tontura, sensação de calor, transpiração, au- se classificou para a final.
As condições levantar cedo, passear, tomar a
primeira refeição, tomar massagem entre as compe-
tições, diferença entre as provas são fatores que de grandes competições, com adversários de nível
devem ser levados em grande consideração. melhor ou igual ao dele.
Todo atleta deve estar em condições, indepen-' Seu treinador tentou encontrar fórmulas dentro
dente de ajuda ou acompanhamento, para ser bem da competição e do treinamento, visando à su-
sucedido. Não tem sentido que, em grandes ou pe- peração dessa deficiência. Aplicou o seguinte méto-
quenas competições, o treinador sempre esteja perto do: pediu ao atleta que antes da competição corresse
do atleta. O treinador deve acostumar-se a se no sentido contrário ao seu desenvolvimento, o que
distanciar cada vez mais do atleta com o objetivo de dava ao atleta a sensação de estar correndo contra
deixá-lo confiante, firme de si, convencido de sua uma resistência, especialmente quando sentia o
capacidade. vento contrário. Na competição, tendo que correr no
O atleta deve encontrar as melhores sentido oposto ao anterior, sentia-se mais liberto,
condições para a prova. Deve conhecer, dentro do pois a oposição que sentira anteriormente dava-lhe
local da competição, qual o material que vai utilizar, agora a impressão de estar recebendo uma ajuda no
quer seja disco, peso ou dardo; deve escolher entre sentido de trás para a frente que o facilitava correr.
os materiais que estão à disposição aquele de O segundo exemplo é o de um saltador em
melhor qualidade. Ele cita o exemplo do atleta altura que somente iniciava a corrida de aproximação
Salomon, que, antes de uma grande competição, quando lhe restavam apenas 15 segundos para se
observava os vários tipos de dardo e a esgotar o tempo regulamentar de 2 minutos. Essa
empunhadura; ele via os atletas arremessarem e característica foi observada durante a prova nas
então podia ver qual o dardo melhor. Olimpíadas da cidade do México, e posteriormente,
O atleta, na competição, deve estar equipado também, por ocasião do Campeonato Europeu de
o suficiente para evitar pequenos problemas — Halle, em Viena, quando então se ratificou essa
óleo, cordões para sapato adicionais, pregos para característica do saltador. Perguntado sobre a causa
sapatilhas, etc. Deve ter sempre à disposição guar- dessa característica, o técnico respondeu: "Meu
da-chuvas, capas de nylon, mantas ou cobertores, atleta é bastante nervoso e geralmente sua corrida é
etc. Visando a uma boa preparação e obtenção de feita sem concentração, e nesses 15 segundos que
um bom rendimento, deve-se permitir que o atleta lhe restam seu nervosismo muda, pois lhe resta neste
treine em condições de tempo variáveis. Exemplo: curto espaço de tempo a alternativa única de
com chuva, contra vento, com vento a favor. Basi- executar o salto".
camente é falso que o atleta treine sempre em con- Algum tempo depois, esse mesmo procedi-
dições ideais de tempo. Todas essas medidas visam mento foi usado pelo Prof. Wischmann, com um de
dar segurança ao atleta. seus atletas, com bons resultados.
O atleta aplicado terá sempre, independente O terceiro exemplo é o de um triplista alemão,
do treinador, a motivação. Periodicamente devem atleta do Prof. Wischmann, que, em competições, só
ser avaliadas suas condições técnicas através de alcançava bons resultados se próximo à caixa de
videoteipes, seqüências fotográficas, etc. salto sentasse uma menina muito bonita que o
Dentro de um bom acompanhamento tem aplaudisse. Então o Prof. Wischmann solicitou o
principal importância o planejamento tático. O Prof. auxílio de uma menina bastante bonita, que, na
Berno Wischmann cita aqui a altura inicial do competição seguinte, sentou-se próximo à caixa e o
sarrafo em relação ao primeiro salto, o aspecto tá- aplaudiu, advindo daí um resultado muito bom.
tico no decatlo, as variações na meia e longa 0 objetivo do treinador é, do ponto de vista
distância, etc. Ele sempre recomenda que o atleta psicológico, contribuir para que tanto o atleta como
se aqueça de forma ideal para que na primeira ele próprio tirem vantagens dessa situação. O
tentativa, principalmente no arremesso, consiga o treinador deve situar-se na base de todo processo de
máximo, com o objetivo de chocar o adversário. relacionamento do atleta, com seu empregador, seus
professores, sua família, etc. Deve ser, antes de tudo,
P O S S I B I L I D A D E S NO RELACIONAMENTO um amigo do atleta: participar não apenas do
TÉCNICO COM O ATLETA treinamento, mas também de aspectos particulares,
jogando, brincando, etc.
Veremos a seguir o procedimento de 3 técni- Uma de suas principais funções é a motivação
cos para a resolução dos problemas dos seus do atleta, levando-o a melhorar seus resultados. To-
atletas. dos nós conhecemos métodos utilizados para incen-
O primeiro exemplo é o de um velocista ame- tivar, ou mesmo para destruir, nossos atletas antes,
ricano: quando corria com adversários mais fracos durante e depois da competição. Sabemos da influ-
conseguia atingir sempre resultados de bom nível,
e o mesmo não se verificava quando ele participava
ência de fatores que levam o atleta a uma auto-su- ropa atletas amadores, que talvez possam existir no
peração ou a um mal-estar que o impede de conse- Brasil ou no Japão. Mesmo os seus atletas são estu
guir bons resultados. dantes, militares ou empregados de firmas cuja jor
Temos aqui um exemplo ocorrido nas Olim- nada de trabalho prevê um período para treinamen
píadas de Melbourne, onde o técnico norte-ameri- to. A importância principal neste tipo de trabalho e a
cano, depois de muitas manobras, conseguiu mudar disponibilidade de tempo para treinamento inten sivo.
o local e o horário dos treinamentos, para que seus Relação entre escola e treinamento de alto nível,
arremessadores de martelo treinassem antes dos estudo e resultado, prestação de serviço militar e
russos. Ao final do treinamento, antes que os russos época de resultado, profissão e treinamento, todos
chegassem, fez com o martelo um grande número de esses aspectos devem ser encarados sob um único
marcas próximas ao recorde do mundo e esperou por ponto de vista, que nos leva ao seguinte caminho:
eles. Os russos, ao verem aquelas marcas, ficaram — massificação e desenvolvimento de trabalho a
nervosos, e no dia da competição perderam para os nível escolar e iniciação;
americanos. Esse exemplo serve para mostrar-nos — distinção de atletas talentosos através de um
como determinados "truques" podem ter resultados processo de seleção;
positivos ou negativos sob o ponto de vista — desenvolvimento de planos de perspectivas que
psicológico. levem os atletas a uma condição financeira que os
A condição básica para a execução ideal de um possibilite à obtenção de resultados de nivel, ou seja,
trabalho está na autoridade dentro de uma base criar condições semelhantes ao profissionalismo;
natural de conhecimento, ou seja, uma autoridade pois o fato de o atleta participar de esportes de alto
formada do treinador. Ele deve mostrar conheci- nível não pode trazer-lhe prejuízos, sejam em termos
mento, tranqüilidade, expressar segurança mesmo de estudo ou de outras atividades. Em síntese,
em situações difíceis na competição. devemos cuidar dos aspectos escolares, materiais e
Atualmente, na Europa, o Prof. Wischmann vê o profissionais que lhes são necessários, não existindo
problema da seguinte forma: a teoria tem muito valor. outro caminho senão esse para a obtenção de
O treinador que, em seu local de trabalho, se destaca resultados de alto nível.
através de elevado conhecimento, não é re- Cito como exemplo o grande progresso espor-
conhecido. Ele, que durante 32 anos foi técnico tivo dos Estados Unidos, no período entre as 2
nacional da Alemanha, deixou a tarefa, mas conti- guerras mundiais: esse progresso deve-se exclusiva-
nuaria caso não houvesse essa teorização dos pro- mente a um trabalho sistemático de atividades físicas
blemas do atletismo, pois não se chega a bons resul- básicas nas escolas elementares e high schools e às
tados através de palavras bonitas, e sim de um tra- facilidades de estudo nas universidades oferecidas
balho aplicado e consciente do treinador baseado em aos atletas de talento. Esse sistema norte-americano
suas experiências. de apoio ao esporte serviu de base para a
Em termos de vitória da equipe, o fator principal estruturação do programa esportivo da RDÁ para o
é a palavra do treinador, que irá motivar o atleta, período de pós-guerra.
criando nele a vontade de vencer; treinador que Em 7 de janeiro de 1955, foram criadas escolas
negligencia o cuidado com seus atletas perde o de esporte de nível infanto-juvenil, às quais eram
controle da situação; nunca pode cuidar primeira- encaminhados os atletas; elas tinham o objetivos de
mente dos seus interesses, alojar-se ou alimentar-se levá-los a uma especialização. Estabeleceram-se,
antes dos atletas, por exemplo. através de um órgão competente da RDA, as bases,
Diz ainda o Prof. Wischmann que todo aquele as formas e os objetivos desse trabalho, nessas
que vive essa problemática chega à conclusão de escolas.
que, dentro deste contexto, a obtenção de bons O ceticismo dos pais dos atletas quanto ao
resultados não é mais possível em termos amadoris- funcionamento dessas escolas foi logo substituído
tas. pela aceitação ao que era oferecido aos seus filhos,
O que deveremos fazer então com atletas que como, por exemplo: aulas de recuperação, após o
demonstrem qualidades para obter bons resultados? período letivo normal, a todo e qualquer aluno, nas
Deveríamos fazer uma análise das causas que levam matérias em que tivesse apresentado dificuldades.
esses atletas de alto nível a conseguirem bons A freqüência e a igualdade dessa formação, em
resultados. A base para o sucesso desportivo é um termos intelectuais e esportivos, levaram os pais a
trabalho sistemático desde idades tenras, começan- mandarem suas crianças a essas escolas esportivas.
do com a iniciação até se chegar aos mais altos Temos, como exemplo desse tipo de trabalho, o
níveis. caso da velocista recordista mundial Renate
Segundo Wischmann, não existem mais na Eu-
Stecher, que em idade escolar manifestou qualidades de A força só pode ser desenvolvida com descon-
sprint. Foi então desenvolvido com ela um plano de tração completa em todos os movimentos, onde se
perspectivas visando criar condições para o recomenda sapatear. Exercícios para desenvolver a
desenvolvimento de suas potencialidades esporti- força de salto têm como objetivo básico dar ao
vas em concordância com suas atividades escolares iniciante as qualidades de base para o atletismo.
profissionais, chegando mesmo a ter um Outro aspecto de máxima importância, que
professor à sua disposição para ajudá-la a sanar pode ser desenvolvido bastante cedo, é a coordena-
deficiências escolares. Temos aí um exemplo de ção de movimentos, através de tarefas acompanha-
trabalho planejado, objetivando resultados de nível das da pergunta: quem é capaz? Em pé, saltar e dar
olímpico. Do mesmo modo são planejadas as um giro de 360°, para a direita ou esquerda. Coor-
atividades profissionais de outros atletas, junto ao denar este giro na corrida. Correndo na ponta dos
exército, polícia, como professores de esporte, etc. pés, saltar e cair de pernas afastadas. Idem, saltar,
Toda a atividade profissional do atleta, com afastar as pernas e cair de pés unidos. Idem, baten-
relação ao treinamento, é ajustada. Segundo o Prof. do os pés duas vezes no ar, caindo também de pés
Wischmann, apenas países que fazem o mesmo que juntos, etc. O princípio dos movimentos é desen-
a RDA podem atingir resultados de alto nível, pois volver, dentro da corrida, exercícios de habilidades,
caso contrário os atletas irão se deparar com grandes onde o educando é sempre levado a cumprir uma
obstáculos, de diferentes ordens, que os tarefa nova.
impedirão de obter tais resultados. Em seguida, é importante desenvolver a coor-
denação motora com movimentos combinados com
ALGUNS PRINCÍPIOS DA INICIAÇÃO EM outros segmentos: salto com movimentos de cabeça,
ATLETISMO COM JOVENS O Prof. Berno de tronco, com trabalho de braços, etc. Estas formas
de trabalho visam formar, generalizando, futuros
Wischmman realizou pesquisa a respeito da
atletas, por estar sempre presente, em todos os
idade adequada para a iniciação em exercícios, o fator coordenação, habilidade, além do
atletismo, chegando à seguinte conclusão: deve co- fortalecimento geral. Todo exercício executado deve
trazer indicações de resultados. Isto nos dá uma
meçar, para meninas, aos 9 anos de idade, e para segura orientação da evolução e progresso de cada
meninos, aos 10 anos. um, individualmente. Podemos também incluir nesta
Apesar de alguns estudiosos no assunto acha- forma de trabalho exercícios de maior complexidade,
rem esta idade bastante prematura para trabalho com segundo níveis estabelecidos que nos mostrarão o
disco e martelo, o Prof. Wischmman vê a pos- nível de habilidade e coordenação adquiridos com o
sibilidade de iniciação também nessas provas, dada a trabalho já executado e as deficiências a serem
grande variedade de implementos disponíveis e vencidas. Sempre com os mesmos objetivos e
adequados para uma boa orientação em forma de princípios já definidos desenvol-ver-se-á um trabalho
pequenos jogos e atividades recreativas, com grande para angariar qualidades de base, um fortalecimento
motivação para o trabalho. Ainda ilustrou a possi- geral, ganho de novas habilidades através de
bilidade de orientação na iniciação das atividades, coordenação de movimentos, orientando futura
através de meios e formas práticas, levando o edu- especialização do jovem iniciante nas diferentes
cando ao prazer pelo exercício, bem como gradativa provas. O caminho escolhido para orientar a atividade
evolução de técnica para as diversas provas, sempre física não deve conter sobrecargas nos aspectos
de forma simples e agradável, aumentando aos orgânico e psicológico, seguindo a evolução e
poucos o grau de dificuldade dos exercícios, num formação da pessoa humana, no decorrer dos anos.
clima de trabalho bastante salutar e agradável. Segundo o Prof. Wischmman devemos tomar
Exemplos de formas de atividades práticas orientadas consciência de que esporte é vida, temperamento,
para o atletismo: correr na ponta dos pés, com ligeira vontade, prazer, força, gosto e necessidade para a
elevação dos joelhos, ombros descontraídos e formação geral do ser, em todos os seus aspectos.
completa soltura dos movimentos, favorece as Portanto, devemos estar sempre atentos para a
qualidades de sprint. simplicidade dos movimentos na iniciação técnica do
atletismo.
CAPITULO II

FORÇA

ELEMENTOS DA CONDIÇÃO FÍSICA com halteres. Quando os halteres são erguidos, as


forças internas são maiores do que as externas;
Sao elementos básicos da condição física: quando são mantidos acima sem movimento, as
FORÇA - RESISTÊNCIA - VELOCIDADE forças são iguais; quando descem, as forças exter-
nas são maiores que as internas.
Distinguem-se 3 capacidades de força: força
máxima, força rápida e resistência de força. - Força O movimento desportivo é caracterizado pelo
especial — É o resultado da interação das diferentes jogo de forças internas e externas. Por causa das
capacidades de força. possibilidades deste jogo de forças, classificamos:
:
1) — Força dinâmica positiva — quando num tra-
Em relação ao atletismo, a resistência de força
balho de superação, as forças internas são maiores
não tem importância direta na competição; entre-
que as externas.
tanto, é de relevância no treinamento, pois forma a
2) — Força estática — quando forças internas e
base para o desenvolvimento de força rápida e força
externas se equilibram. Embora no atletismo usemos
máxima.
mais a força dinâmica, esta forma também é
No atletismo, à medida que se trabalha com empregada.
cargas, distinguem-se: 3) - Força dinâmica negativa — quando as forças
"forças internas" e "forças externas". Forças externas são maiores do que as forças internas. Ex.:
internas — São aquelas que nós consegui-os fase de amortimento em todos os saltos.
através do trabalho da musculatura. Forças Podemos aumentar a força máxima, através de
externas — São aquelas que vêm de fora e que 2 caminhos; o melhor e que dá mais resultado é pelo
temos que movimentar através da nossa mus- aumento dos músculos (hipertrofia). O segundo é
culatura. Ex.: peso, halteres. Se as forças internas utilizado pelos atletas que realizam trabalhos de força
forem maiores que as externas, elas vencerão a rápida, É a melhoria da coordenação intra e
resistência das forças externas e haverá movimento. intermuscular.
Se as forças internas forem iguais às externas, não Um trabalho intramuscular é aquele em que se
haverá movimento. Se as forças externas forem trabalha ao mesmo tempo diversas fibras muscula-
maiores que as internas, teremos um movimento de res. A melhoria da coordenação intramuscular se faz
recuo. Ex.: ao saltarmos de cima de uma cadeira aumentando o número de fibras musculares que
para o chão, somos obrigados a flexionar as pernas, conseguem trabalhar ao mesmo tempo. Esse
para amortecer a queda, porque a atuação da força aumento do número de fibras atuantes ao mesmo
externa é maior que a da força interna. Outro tempo é limitado.
exemplo: trabalho de força Através do treinamento de força, o atleta con-
segue uma capacidade de contrair maior número de arremesso e força de lançamento. - A
fibras musculares ao mesmo tempo. O resultado força de salto subdivide-se em:
disto é o aumento da força máxima sem plena hi- — Força de salto vertical
pertrofia muscular. Estas conclusões foram conse- — Força de salto horizontal
guidas através da eletromiografia de Kusiserav. Por Entre estas duas forças não existe uma relação
meio deste método podemos ver quantas fibras determinística, mas, sim, uma relação empírico-es
musculares trabalham ao mesmo tempo e em que tatística, o que significa que o atleta que tem mais
quantidade são utilizadas no movimento. Isto é força de salto vertical terá também mais força de
importante porque se pode ver quais os músculos salto horizontal, ou vice-versa. Estas forças de salto
que trabalham em determinadas provas. podem ser treinadas juntas porque são parecidas
Este estudo encontra-se ainda em fase pouco uma com a outra, mas ao mesmo tempo é impor-
adiantada; para movimentos simples podemos ver os tante haver um trabalho especial para a melhoria de
músculos atuantes; porém, com relação a movi- cada uma delas.
mentos mais complexos, isto se torna impossível. Todas as forças têm elementos comuns que
Coordenação intermuscular — Devemos distinguir melhoram com o treinamento geral. 0 treinamento é
entre grupos agonistas e antagonistas. um processo contínuo de especialização; quanto
Os agonistas são os músculos que se contraem mais elevado for o nível do atleta, maior será o
durante o trabalho muscular; os antagonistas são treinamento específico de força rápida.
aqueles que se relaxam. Em crianças de 8 a 10 anos encontrou-se, en-
Quanto maior o relaxamento dos antagonistas, tre FSH e FSV,uma igualdade de 50 a 60 por cento,
menor é a exigência dos agonistas; portanto, a onde concluímos que no trabalho com iniciantes é
possibilidade do trabalho é bem maior. Isto é muito importante o trabalho geral de força rápida, mas, à
importante em relação à força rápida, porque nela medida que melhora o nível, entra o trabalho
temos uma contração muscular muito rápida; aqui os especial.
músculos antagonistas têm um lapso de tempo muito Em fase de especialização, há uma transfor-
pequeno para relaxarem. Por isto, quando não existe mação de força rápida geral em força rápida espe-
um equilíbrio entre o relaxamento e contração, cial, havendo uma perda nesta transformação, isto é,
podem ocorrer lesões. Estas lesões, principalmente certa quantidade de força rápida geral não é
do tipo ruptura, sucedem quando os músculos transformada em força rápida especial.
agonistas iniciam a contração e os músculos
DIFERENCIAÇÃO SISTEMÁTICA DO TREINA-
antagonistas ainda não se relaxaram, quebrando o
MENTO DE FORÇA
equilíbrio entre o trabalho de um e outro.
Podemos definir a força rápida como "a capa- Todo o treinador deve saber diferenciar o tipo
cidade de superar uma resistência de maneira ve- ou espécie de força que deve estar em primeiro
loz"; é a capacidade de aceleração. plano dentro de um treinamento.
Ao contrário da força máxima, o resultado da Existem 3 elementos ou formas de força:
força rápida é sempre dinâmico. No desporto quase Força máxima, força rápida, resistência de
nunca temos movimentos estáticos; temos sempre força.
movimentos de aceleração. A força rápida é uma São conhecidas três diferenciações sistemá-
habilidade de coordenação. ticas no treinamento de força.
1. Diferenciação didática — que é determinada se-
gundo o objetivo do treinamento, ou seja, pelos
Exemplo: De um lado temos a força máxima e elementos imediatamente importantes ou me-
de outro a velocidade, e entre elas a força rápida, diatamente importantes.
que, por isto, não é considerada absoluta, mas relati- 2. Diferenciação sistemática segundo o conteúdo do
va, pois pode pender mais para a força máxima ou treinamento que se divide em treinamento de força
mais para a velocidade. Quando um velocista tem geral e treinamento de força especial.
que superar um adversário, sua força rápida está São meios de treinamento em relação à força
mais próxima da velocidade. Para o arremessador de geral e à força específica:
peso, por encontrar também resistências externas, Exercícios desenvolvidos de maneira geral.
sua força rápida está muito mais próxima da força Exercícios específicos.
máxima. Exercícios de competição com sobrecarga.
No atletismo temos forças especiais, tais como Os exercícios desenvolvidos de maneira geral
força de salto, força de sprint, força de correspondem ao treinamento geral. Os exercícios
específicos e os de competição com sobrecarga
correspondem ao treinamento específico. c) método de trabalho de intervalo intensivo;
Os exercícios desenvolvidos de maneira geral d) método de trabalho de repetição.
nao correspondem, nem na dinâmica e nem na es- O somatório destes 4 métodos serve também
trutura, aos de competição. para melhorar a resistência de força.
0 conjunto de movimentos e a relação entre a) Método de duração - é importante para a
força e tempo nada têm a ver com competição. Os resistência geral de força. Exercício contínuo e sem
exercícios especiais correspondem em parte à dinâ- interrupção com carga pequena e velocidade mais
mica da competição e em parte à estrutura da com- lenta. Ex.: corrida de duração com colete lastrado.
petição. Os exercícios de competição correspondem (Esse método é pouco usado no atletismo.)
em relação a estrutura à competição, e em relação à b) Método de trabalho de intervalo extensivo — é um
dinâmica apenas assemelham-se à competição. método para treinamento da resistência de força,
importante para o trabalho básico.
Ex.: o arremessador de peso, ao se deslocar em bus-
ca do anteparo com um haltere às costas, faz um Normas de sobrecarga: carga entre 25 e 50%.
exercício que, quanto à estrutura, assemelha-se ao Volume: 300 a 500 repetições
movimento da competição, e, quanto à dinâmica, Repetições por série: 20 a 30
tentará atingir a velocidade de deslocamento em Intervalo: não superior a 90".
competição. Exemplo de método de trabalho extensivo para
Outro exemplo: para um velocista, a flexão dos saltadores, com objetivo de melhorar a resistência de
joelhos com halteres (semi-agachamento e aga- força de perna:
chamento) é um exercício geral, pois quanto à es- Intensidade: 40%
trutura não se parece com movimento de corrida e Volume: 400 repetições.
quanto à dinâmica será mais lento que o movimento Repetições por séries: 20.
de corrida. Intervalo: 90".
Portanto, é básico que o exercício especial te- Número de séries: 20.
nha uma estrutura parcial em relação à competição e Tipos de saltos a executar:
uma imitação à dinâmica de competição. — Saltitar com ambas as pernas, halteres nas costas
Exercício de competição (exemplo): o ar- (extensão total das pernas).
remessador de peso ao arremessar um peso maior — Saltitar com ambas as pernas, halteres nas
que o normal. O velocista ao subir correndo uma costas
rampa ou escada. Um saltador executando saltos da e com afastamento ântero-posterior das pernas.
prova ou educativos com colete lastrado. — Saltar sobre um banco sueco, elevando o corpo e
Os exercícios de competição em relação à es- pronunciando os joelhos num ângulo de 90°.
trutura imitam a competição e em relação à dinâmica — Saltos de trabalho de força dinâmica negativa e
não se assemelham completamente, pois a carga positiva.
não permite. O atleta deve buscar a dinâmica Podemos usar duas formas para realizar este
próxima da competição, isto é, a sobrecarga não trabalho:
deve ser grande. Ex.: um saltador em extensão com
1 — Formando um circuito:
colete de 30 kg não terá velocidade para o salto. O
1ª estação: exercício a) — 20 rep.
velocista não deve subir ou correr em planos muito
2ª estação: exercício b) — 20 rep.
inclinados.
3ª estação: exercício c) — 20 rep.
Em todo o planejamento deve haver uma rela-
4a estação: exercício d) — 20 rep.
ção ótima entre os três grupos de exercícios para se
Dar 5 voltas pelo circuito.
conseguir uma força ótima.
O treinamento é um processo contínuo de es- 2 — Repetir o circuito anterior com apenas 5 re
pecialização. Dentro de um ciclo anual de treina- petições em cada estação, devendo repetir 20 vezes
mento, os exercícios específicos e de competição o circuito.
com sobrecarga deverão ser dados mais no fim, e Cuidados a tomar:
nao no princípio do período de treinamento. 3. — Ter conhecimento das capacidades individuais
Sistematização segundo o método de treinamento em cada exercício.
Existem: — Conhecer a capacidade máxima do atleta para
a) método de duração; aplicar certo os 40%.
b) método de trabalho de intervalo extensivo; — O primeiro circuito só pode ser feito se houver no
máximo 4 atletas, com rendimento de força máxima
mais ou menos idêntica.
Podem-se alterar as normas de sobrecarga den-
tro de uma sessão de treinamento, assim: d) - Método de repetição - é um método típico para
melhorar a força máxima. É realizado com grande ou
— variando a percentagem das cargas nas esta- máxima intensidade.
ções. Ex.: 50% na 1º, 25% na 2º, 40% na 3º e 30% Normas da sobrecarga:
na 4a estação; — Intensidade: 75% a 100%.
— variando o número de repetições por estação; — Nº de repetições por série: 1 a 5.
— variando o tempo de intervalo entre as esta- — Nº de séries: 8 a 10.
ções; — Volume: 40 a 50 repetições.
— variando o trabalho de grupos musculares em
cada estação; — Intervalo: entre 3 e 4 minutos. A forma de
— aumentando o número de estações no circuito, trabalho mais usada é a pirâmide.
para fazer trabalhar mais a musculatura mais fraca
ou a mais exigida na prova de salto.
c) Método de trabalho de intervalo intensivo— é a
forma típica de trabalho para melhorar a força rápida;
é ideal para o treinamento da força especial.

Normas de trabalho:
1 - Intensidade: 40% a 70% FM-W- FR-40% Vel.
A força rápida está entre a força máxima e a
velocidade. Força rápida para força máxima — in-
tensidade de carga de 70%. Força rápida para velo- 75-5 rep. 95-2 rep.
cidade — intensidade de carga de 40%. 85-4rep. 100-1 rep.
2 — Repetições: 6 a 10, dependendo da intensidade. 90-3 rep.
Devem ser feitas tantas repetições quantas forem Baseado na sobrecarga progressiva (intensi-
possíveis, sem perda de velocidade do movimento. dade inversamente proporcional ao número de re-
Com velocidade maior, reduzir para 6 a 7 repetições; petições por série), com 2 possibilidades de variação:
a queda da velocidade deve limitar o n? de 1) — acentuando mais na base da pirâmide. Ex.:
repetições. repetir 75% e 80%, 2 vezes;
3 — Intervalo: O suficiente para que a série seguinte 2) — acentuando na ponta da pirâmide. Ex: inserir
seja feita na mesma velocidade que a anterior (2 a 4 entre 95% e 100%, uma série a 97,5%.
minutos). O sistema de pirâmide pode ser executado na
4 — Volume: É menor, porque a intensidade é maior forma ascendente e na forma ascendente-descen-
e os movimentos devem ser executados com dente. Werchosanski, estudioso sobre o trabalho de
explosão, fator de alta importância (100 a 200 re- força, diz que o treinamento de força independe de
petições). sexo.
Observações: Tendo pouco tempo disponível
Pergunta: Os treinamentos de força máxima, força
para treinar, recomenda-se ao atleta ir andando de
rápida e resistência de força poderão ser aplicados
uma estação para outra, principalmente quando se
em um só período ou em períodos diferentes? R. —
trabalham diferentes grupos musculares nas várias
Não se isola o treinamento destas forças. O trabalho
estações.
deverá ser misto, mesmo na 1a fase do período de
Exemplo de trabalho de intervalo intensivo para
preparação, para dar base aos períodos
velocistas de alto nível, feito na 1º fase de
subseqüentes.
treinamento, para melhorar a força rápida geral:
Exercícios: 1º) semi-agachamento seguido de salto TREINAMENTO DE FORÇA
vertical.
2º) o mesmo exercício com troca ântero-pos-terior Segundo os meios de trabalho - Já falamos sobre os
das pernas. conceitos de trabalho de superação, de recuo e
Repetições: 10 vezes para o 1º e 8 para o 2º manutenção. Quando de um treinamento especial, os
Volume: 120 repetições. 3 elementos devem se relacionar com a competição.
Face a achar-se o atleta ainda em início de Isto significa que um treinamento normal nao é
treinamento, deve executar 7 séries para o 1º e 6 suficiente para a competição, pois, por exemplo, sem
para o 2º, com intensidade de 60 a 70%, dentro de o trabalho de força dinâmica negativa, não é
intervalos de 3 minutos.


possível uma boa preparação para competição. Esse tante contra a barra fixa. Outra vantagem é que se
trabalho é chamado também de recuo. pode realizar um trabalho específico em certos gru-
pos musculares. Por outro lado, temos as desvanta-
gens. O trabalho estático não possibilita um trabalho
paralelo de coordenação muscular. Não há estímulos
para o sistema nervoso central. Outra desvantagem é
a execução'de movimentos não utilizados no
desporto.
Já no trabalho dinâmico positivo, o SNC é
estimulado para movimentos da competição. Por isso
é o mais usado. No trabalho dinâmico, procura-se
também melhorar a força rápida.
Através do trabalho de força dinâmica negativa,
Em que medida as diferentes capacidades de
consegue-se um melhor amortecimento, e isso pode
força influenciam umas às outras?
ser treinado conforme o quadro acima. 0 aumento da
Foram feitas pesquisas no Instituto de Esportes
FDN é obtido de duas maneiras:
em Mogúncia a esse respeito. Foram consideradas
— através de uma melhor coordenação; cinco características de força:
— através de um aumento da tensão muscular. 1 — Força de Sprint .........saída de blocos e corrida
É sabido que, para se conseguir uma hipertrofia por 15m, sem considerar o tempo de reação.
muscular, temos que ter: tensão muscular e tempo de 2 - Força de salto vertical (FSV).
tensão muscular. No salto em profundidade, há um 3 — Força de salto horizontal (FSH)....medida após
aumento da tensão muscular, razão para o aumento seis saltos alternados.
da força dinâmica negativa. Também sabemos que 4 — Força máxima estática...........medida em quilo-
pontos (kp)
para se obter um movimento explosivo é necessário,
antes do movimento, uma certa tensão muscular. 5 — Força máxima dinâmica .........medida em qui-
Quanto maior essa pré-tensão, mais explosivo será o logramas (kg)
movimento. Por exemplo, no movimento de supino Para falarmos das influências de umas nas ou-
com halteres, o levar a barra até o peito origina uma tras, temos que falar primeiro de dimensões motoras
e nao motoras.
pré-tensão, que fará com que o movimento de
extensão dos braços seja mais eficiente. Abalakow Se duas ou mais características não possuem
também realizou experiências nesse sentido, dependência entre si, ou seja, não têm influência
provando a importância dessa pré-tensão. Os uma na outra, dizemos que são dimensões motoras.
pesquisadores executaram saltos partindo de uma Ao contrário, se possuem uma interdependência, se
posição parada (semiflexão) e também de uma influenciam uma na outra, dizemos que são
semiflexão antecipada de movimento. As diferenças dimensões não motoras. Na prática do treinamento, é
foram a favor da segunda forma, na ordem de 3 a 7 importante essa conceituação, pois quando temos
centímetros. dimensões motoras, as características devem ser
Sabemos, por pesquisas, que a partir de um treinadas isoladamente. Quando temos dimensões
certo nível, estabelece-se uma barreira ao aumento não motoras, podemos determinar treinamentos
da força, ou seja, a reação aos estímulos de força complexos, conseguindo melhorar com o mesmo
torna-se mais e mais difícil. Isso acontece por não treinamento várias características.
haver mudanças na variante de estímulos. Quando Em relação às dimensões não motoras, preci-
isso acontece, uma possibilidade de vencer essa bar- samos saber em que medida existe relação entre as
reira é o trabalho de força dinâmica negativa, por ser várias características. Como regra básica, temos:
uma nova variante. quanto maior a interdependência entre as caracte-
Quando se torna difícil o resultado com o rísticas, tanto mais se pode melhorar as mesmas
trabalho positivo, utiliza-se o estático, por ser esse através do treinamento. O ideal seria uma interde-
trabalho uma outra variante, e por ser importante a pendência determinística, mas o que sempre acon-
utilização de muitas variantes. tece é uma interdependência estatística. Dessa for-
É importante sabermos em que medida é o ma, em relação a uma interdependência determinís-
trabalho estático importante para o atletismo. A tica, podemos dizer que, ao melhorarmos o nível de
principal vantagem é atingir-se uma rápida hipertrofia certa característica em 10%, também melhoraríamos
muscular. Isso é conseguido através de um maior o nível de outra na mesma porcentagem. Por outro
tempo de tensão. Por exemplo, pressão cons- lado, quando temos uma interdependência
estatística, melhorando uma certa característica
em 10%, conseguimos uma melhora de outra, mas semelhanças entre fatores de duas característica
não na mesma porcentagem. Isso é conseguido através da variante conjunta
Voltando agora àquelas 5 características de Quando temos uma variante conjunta de 50%, por
força, podemos dizer que: quanto melhor o nível de exemplo, dizemos que metade dos fatores é igual e
rendimento e quanto mais homogêneo seja o grupo, metade é diferente. Na estatística, esses 50%, não
tanto mais teremos uma dimensão motora entre as 3 semelhantes são chamados de variante de resto
forças rápidas citadas e as 2 forças máximas. Ao Portanto, quanto maior a variante conjunta, tanto
contrário, quanto mais heterogêneo e de menor maior a interdependência entre as características, \
rendimento seja o grupo, maior será a quanto maior a variante de resto, tanto menos essa
interdependência entre forças máximas e forças interdependência.
rápidas, encontrando-se, aqui, dimensões não mo- Voltando ao exemplo dado, entre as caracte-
toras entre elas. rísticas 1 e 2, 2 e 3, 1 e 3, existe uma variante
conjunta de mais ou menos 50%, ou seja, bastante
Podemos dizer, também, que quanto mais ho-
grande. Dessa forma, melhorando uma delas, haverá
mogêneo e de maior rendimento seja o grupo, tanto
um aproveitamento dessa melhora em outra ca-
menor a interdependência entre as várias forças
racterística, da ordem de 50%. Entre força máxima
rápidas, apesar de ela nunca deixar de existir.
estática e força máxima dinâmica, a variante
Essa afirmativa acima nos faz voltar ao concei- conjunta é de 85%.
to de que "o treinamento esportivo é um processo Entre força máxima e força rápida, temos uma
contínuo de especialização". Seu objetivo é diminuir variante conjunta r2 = 10%. Valores dessa ordem, ou
as semelhanças dos fatores nas diferentes ca- menos, denotam uma independência. Por isso, entre
racterísticas, pois se procura no treinamento, cada atletas de alto nível, não tem sentido trabalhar, em
vez mais, a especialização. um velocista que necessita de força rápida, a força
Através da estatística, podemos quantificar as máxima.

PESQUISA - LANÇAMENTO DO DARDO

ASPECTOS GERAIS QUANTO A TÉCNICA DO Na posição final para o lançamento observou-se


LANÇAMENTO DO DARDO uma semelhança de técnica: necessidade de flexão
da perna direita, que serve de base de sustentação
Aspectos considerados e analisados: do peso do corpo, quando o quadril deve abaixar-se.
1. movimentos técnicos com diferenças individuais; Nas cinco últimas passadas existe uma necessidade
quanto à aplicabilidade, devemos criar uma de se aumentar o caminho de aceleração do
homogeneidade técnica para o lançamento; aparelho; em conseqüência há uma inclinação do
2. trabalho com crianças e aplicação metodológica tronco para trás, em relação ao centro de gravidade
de pontos, segundo a técnica do lançamento; (CG). Quando, no final do lançamento, a perna
3. fator motivação; esquerda entra em contato com o solo, os movi-
4. treinamento do lançamento do dardo; mentos da perna direita e quadril são dirigidos para
5. preparação e comportamento em competição; uma composição, em forma de rotação, que propi-
6. traumatologia de treinamento. ciará um maior ganho de aceleração para o lança-
Fêz-se a análise técnica de filmes das Olim- mento. No final do lançamento, a perna e ombro
píadas de Munique (1972), sobre as provas de peso, esquerdos fixam os movimentos para orientação das
dardo, disco e martelo; o professor teceu comentá- forças a serem aplicadas contra o aparelho. Nos
rios, ressaltando correlações, dada a semelhança de últimos cinco movimentos, orientamos a primeira
movimentos para a composição de forças, desde a passada já procurando levar o dardo para trás, em
preparação até o lançamento propriamente dito e posição de lançamento. Na segunda passada, este
finalização. movimento se completa, dardo à altura da cabeça e
Ressaltaram-se, caracterizando as diferenças in- acima do ombro direito, o ombro esquerdo orientado
dividuais, as diversas fases de lançamento de vários na direção do movimento. A terceira e quarta
atletas, definindo-se algumas posições que implicam passadas constituem-se num preparo da frenagem,
maior rendimento para o lançamento. quando deve haver uma inclinação do tronco para
atras em relação ao CG. Na última passada, onde há — Uso de materiais e forma de aprendizagem.
amortecimento e frenagem para finalização do lan- — Devemos criar tipos de motivações em que até os
çamento, as posições se fixam para maior aprovei- menos dotados possam realizar o lançamento do
tamento e rendimento no lançamento. Em alguns dardo. Exemplo: com bolas, efetuar lançamentos
atletas, como Lusis, da URSS, a atingindo alvos preestabelecidos; os lançamentos
. posição dos pés é de tal forma que ficam voltados são feitos em forma de recreação ou de competição,
para o sentido do lançamento, objetivando levar o individual ou em grupos, de formas as mais variadas
tronco inclinado para trás, inclusive o quadril; a perna possíveis. O objetivo principal é, com diferentes
esquerda é estendida para a frente do tronco, e o braço, materiais, aprender a lançar com domínio do
estendido para trás, é mantido à altura da cabeça. movimento, iniciando à vontade, depois parado,
Segundo o Prof. Salomon, tal posição permite grande Prosseguindo com 2 ou 3 passadas. Como meio au-
velocidade, no caso particular de Lusis, dadas as suas xiliar para orientação, ritmo e definição das passa-
características individuais; mas, em regra geral, não das, utilizamos pontos de referência, com intervalos
pode ser aceita, pois biomecani-camente reduz a regulares e de fácil visualização. Essa movimentação
possibilidade de maior aceleração. Foram analisados pode ser aprendida com combinação de técnica,
mais alguns pontos importantes quanto à técnica de através de formas que testam o aprendizado.
lançamento, com base na observação feita nos filmes. — Segundo os finlandeses, dadas as características
Observações sobre o lançamento: aerodinâmicas do dardo especial, o objetivo é sem-
— Para iniciantes, a corrida deve ser desenvolvida pre lançá-lo quase paralelo ao solo, tarefa esta que
com o dardo próximo à cabeça e paralelo ao solo, não deve ser exigida dos iniciantes. Definem-se, se-
pois o movimento de levar o dardo atrás ocorre perto gundo as diferentes técnicas, as seguintes formas de
da cabeça, e o domínio deste movimento é feito com empunhadura: polegar e indicador, polegar e médio,
o olhar. No movimento com cinco passadas, a com o indicador estendido ao longo do dardo;
orientação é feita seguindo a linha da cabeça, para indicador e médio (esta forma é desaconselhável).
trás. — Resumidamente, podemos dizer que o objetivo
— Para não sobrecarregar o trabalho de alavanca de da metodologia da aprendizagem do lançamento é
braço, no cotovelo, determinamos as forças de lan- determinar conhecimento e domínio técnico do
çamento: com rotação anterior do eixo transversal da lançamento, com progressão da corrida, tendo co
linha dos ombros; lançamentos na posição alta, com mo objetivo maior atingir o ideal em termos de
braços estendidos; lançamentos atingindo alvos em ganho de velocidade horizontal, como resultado da
planos baixos ou em desnível de terrenos. O força imprimida ao dardo.
lançamento longe da cabeça determina grande pe- Motivação para crianças e jovens (trabalho re-
rigo de lesão no cotovelo, donde a necessidade de creativo com orientação técnica evolutiva dos mo-
se fazerem lançamentos altos em relação à posição vimentos)
do braço, atingindo alvos, denominados aparelhos. Através de formas recreativas, procura-se dar o
— No caso de Lusis, leva-se o dardo primeiro à domínio dos movimentos — consciência do movi-
frente e depois por baixo. Isto é possível com grande mento — de tal forma a se sentir que o dardo faz
mobilidade, mas possibilita modificar o posicio- parte do braço. E isto só se ganha através de volume
namento do dardo. de lançamento; mas nunca se deve lançar pre-
— Uso do dardo de treinamento para iniciantes. maturamente, em se pensando na distância do lan-
— Dada a distribuição da massa, a ponta do dardo é çamento.
rapidamente endereçada ao solo. Bons lançadores Depois de o iniciante trabalhar bem no lança-
conseguem, com esse dardo, rendimentos de 70 a mento parado, passamos a novas tarefas, como lan-
75m. Através de lançamentos com o dardo de trei- çar com 2 passadas, rotação do quadril (forma de
namento e com o dardo especial, pode-se verificar o movimento), perna direita flexionada, o braço de
nível técnico do arremessador. Com uma boa téc- lançamento na posição para o lançamento. Mas tudo
nica, a diferença deve estar entre 10 e 12 m, para isso é muito difícil como tarefa a ser vencida, e
mais, com o dardo especial. exige-se muito tempo dentro de um processo de
— Com dardos especiais, os lançamentos devem ser especialização e evolução do jovem iniciante.
feitos com ângulos menores, devido à resistência do Quanto à técnica de lançamento, inicialmente
ar, embora isso leve anos para a especialização, pois vêem-se diferenças nas formas de transporte em di-
o principal fator para o dardo especial é a velocidade ferentes atletas, mas todo o estudo foi orientado
de lançamento ou velocidade de vôo, dadas suas buscando uma homogeneidade técnica em relação a
características aerodinâmicas. todas as fases de lançamento.
As 3 últimas passadas devem ser bem defini-
das até o movimento de frenagem no solo (entrada Aspectos relativos ao treinamento da prova A
de calcanhar): perna esquerda estendida e braço de razão maior não se concentra sobre um braço forte,
lançamento atrasado em relação a todos os movi- como se pensou até há algum tempo, mas sim
mentos para a composição de forças no final do sobre um trabalho de força mais generalizado em
lançamento. O movimento de rotação do quadril relação aos grupos musculares que predominar no
implica num aumento do caminho de aceleração para lançamento do dardo. É tamanha a importância que
esta composição de forças. se tem dado ao trabalho de força de pernas que é
Quanto melhor o movimento de frena-gem, usual a expressão'"lançar com as pernas".
tanto mais se transfere o movimento horizontal em Existe a necessidade de um maior ganho de
velocidade do lançamento. velocidade, de resistência à velocidade e resistência
Dada a necessidade de melhoria dos pontos aeróbica.
fracos, quanto à técnica de lançamento nas diversas Para o lançador do dardo, temos uma relação
fases, afirma o Prof. Salomon que isto ocorre com ótima entre altura, peso e massa corporal, sendo
gasto de muito tempo, ressalvadas as diferenças in- esta relação diferente das do peso e disco, por
dividuais. exemplo.
O ângulo de lançamento do dardo deve ser Para rendimentos acima dos 80m, temos uma
reduzido para se vencer com maior facilidade a re- correlação com o resultado nos 100m para níveis de
sistência do ar. Isto é mais importante quando se 10".6 a 11 ".5. Wolferman, por exemplo, tem, nos
trata de dardos especiais aerodinâmicos. Devem-se 100m, 11".2, e Lusis, 10".7. No salto em distância
observar, porém, as individualidades, para se poder temos resultados entre 6,50 e 7,30m; salto em altura,
adaptar as características mais aproveitáveis. entre 1,80 e 2,00m.
O movimento de frenagem não representa tão- As corridas sobre barreiras para dardistas são
somente técnica de movimento, mas também uma importantes para um trabalho de flexibilidade e ritmo,
dependência de condição geral (força, velocidade, juntamente com trabalho de velocidade.
flexibilidade). Como meio de treinamento, devemos usar uma
Estabeleceu-se a diferença de rendimento do grande variedade de saltos (sobre barreiras,
lançamento parado, com relação ao lançamento com múltiplos, etc), de modo que ambas as pernas sejam
corrida completa, como indicador do nível de fortalecidas.
aproveitamento técnico: nos homens, 30m, e nas Trabalho de força com halteres — Para resul-
mulheres, até 25m. tados de nível de 80m, temos:
Os finlandeses, e mais alguns atletas, entre os Arranque .................................................. 80 a 115kg
quais as atletas da RDA, fazem um salto no início Agachamento total................................. 150 a 220kg
das 5 últimas passadas, com objetivo de consegui- Supino .....................................................100 a 180kg
rem um melhor ritmo e favorecer o transporte, ou Arremesso...............................................120 a 150kg
melhor, levar o dardo atrás. As 4 passadas finais
determinam um maior ganho de aceleração. Este Para o lançamento do dardo, o movimento do
salto implica em necessidade de força de amorteci- arremesso não deve ser muito executado, pois pode
mento (força dinâmica negativa a ser vencida), e não causar problemas traumatológicos na região lombar.
é muito recomendável, ou somente o é para atletas O quadril não deve ser excessivamente flexível, pois
de alto nível. tem-se que suportar sobre a coluna as cargas de
A corrida preparatória possibilita desenvolver treinamento. Existe um ponto ideal de flexibilidade
uma maior aceleração nas 5 ou últimas passadas. A dessa região. O movimento de arranque não deve
quantidade de aceleração da corrida deve ser em tal ser feito com flexão de joelhos. O agachamento não
medida que se possa transformar velocidade hori- deve ser realizado com freqüência, pois grandes
zontal em velocidade de lançamento, após o movi- sobrecargas podem causar lesões sobre as arti-
mento de frenagem e rotação de quadris. O movi- culações dos joelhos.
mento de rotação dos quadris implica em maior ca- Na Alemanha, o inverno corresponde à maior
minho de aceleração enquanto há uma espera no porcentagem do trabalho de força. No verão, esta
movimento do braço para o lançamento. porcentagem diminui. Para iniciantes, o ideal seria
Quanto à correlação entre ângulo de lança- um trabalho uma vez por semana, com pesos. Wol-
mento e velocidade de vôo, podemos dizer que, ferman trabalha com pesos 2 vezes por semana, e
quanto maior a velocidade de lançamento, menor Sitonen, 2 vezes.
será o ângulo de lançamento ou ângulo de vôo. No movimento do supino, alguns o usam, e
A distância da corrida preparatória varia de outros não. Com pesos leves deve ser empunhada a
atleta para atleta, em média de 20 a 25m. barra com empunhadura larga, e com pesos maio-

32
res com empunhadura fechada. Os finlandeses usam ção para competição: 60% de treinamento técnico e
também o pool over, e Kinnunen chegou até a 40% de condição física (desenvolvimento das
100kg. qualidades específicas). Esta porcentagem, segundo
O circuit training tem importância destacada no diferentes autores, pode variar de 70% e 30% a 55%
lançamento do dardo. Deve-se trabalhar aí com e 45%, mas o que importa é que haja predominância
exercícios generalizados. Jogos diversos devem ser dos lançamentos no período de competição. No mês
incluídos no treinamento, objetivando maior habi- de outubro, faz-se um trabalho de recuperação.
lidade, força de pernas, descontração, etc. Reco- Os finlandeses, no início do período de prepa-
menda-se a sauna, a massagem, a natação como for- ração, lançam pesos de 3kg, e antes do período de
mas ideais após o treinamento. competição estão lançando com 800g. Lusis, no
Concluindo, o dardista precisa ser um atleta de período de competição, lançou com pesos de 4kg
provas combinadas, como o são Lusis e Kurt Ben- (28m). Usou também dardos de 2,50kg, ao mesmo
dlin. tempo que dardos de 600g (95m).
Treinamento do iniciante — O iniciante deve Treinamento semanal para alto nível: novembro
treinar de 4 a 5 vezes por semana, cerca de 1:30 a março (período de preparação) — 7 X 4 horas = 28
hora por dia, ou seja, de 6 a 7 horas por semana. horas semanais.
Duas vezes deve treinar o lançamento (com bolas, Exemplo do treinamento de KlausWolferman
pelotas, argolas, etc), e 2 vezes por semana fazer para os Jogos Olímpicos de 1972: segunda-feira: tra-
um treino de condição geral. balho com pesos; terça: lançamentos — trabalho de
Exemplo de um treinamento semanal: segunda- condição: circuito; quarta: trabalho com pesos; quinta:
feira: condição (treinamento de circuito e pesos); lançamentos — trabalho de condição: circuito e
terça: jogos, ginástica e corridas; quarta: arremessos exercícios especiais; sexta: trabalho com pesos;
com o dardo; quinta: pausa; sexta: arremesso do sábado: lançamentos; domingo: nadar, jogar ou
dardo ou circuito e trabalho com saltos; sábado: correr no bosque (mas normalmente Wolferman
pausa; domingo: arremessos com dardo, bolas, usava este dia para trabalhar com pesos).
argolas, etc. Portanto, nada mais que uma combinação entre
Exemplo de treinamento anual para iniciantes: trabalho de força (específicos ao dardo) e lança-
novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março: mentos, além de sprints e saltos. Além disso, houve
predominância da condição física (3 vezes, treino de um excelente acompanhamento do treinamento,
condição, e 2 vezes, de lançamento). Devem ser objetivando a vitória olímpica como fruto de um
feitas pausas intermediárias para assimilação do planejamento.
treino. De abril a setembro: prepara-

PRÁTICA - LANÇAMENTO DO DARDO

As aulas práticas e os treinamentos de dardo 5 — Força de salto horizontal: ambas as pernas.


foram iniciados com a realização de 18 testes, con- Partindo com pés juntos, dar 5 saltos consecutivos,
forme discriminação abaixo. com esforço simultâneo de ambas as pernas.
1 — Velocidade: 50m. Partindo de pé, o cronômetro 6 — Arranco. Objetivo: força máxima geral.
foi acionado ao primeiro toque do pé no solo, após o 7 — Agachamento total. Objetivo: força máxima de
início da corrida. pernas.
2 — Força de salto: impulso vertical (sergeant Jump 8 — Supino. Objetivo: força máxima de peitorais,
test). Impulsionar com flexão das pernas, saltar e cair ombros e braços.
no mesmo lugar. Esforço simultâneo de ambas as 9 — De costas para o setor, peso nas duas mãos.
pernas. Flexão das pernas, seguida de extensão e arremesso
3 - Força de salto horizontal. Partir com a perna com as mãos, para trás, por cima da cabeça. Objeti-
direita, dar 3 saltos consecutivos: D—D—D—, queda vo: força de pernas e músculos posteriores do tronco.
final com ambos os pés. 10 — De frente para o setor, peso de 4 kg nas
4 — Força de salto horizontal. Partir com a perna mãos. Flexão das pernas, seguida de extensão e
esquerda, dar 3 saltos consecutivos: E—E—E—, arremesso com as mãos para a frente. Objetivo: for-
Queda final com ambos os pés.
ça de pernas e músculos posteriores do tronco. 15 - Lançamento de dardo com 3 passadas.
11 — De frente para o setor, peso de 4 kg nas 16 - Lançamento de dardo com 5 passadas.
mãos, pernas em afastamento lateral levemente fle- 17 — Lançamento de dardo com 7 passadas.
xionadas, movimento simultâneo das pernas e arre- 18 - Lançamento de dardo com 9 passadas.
messo com as duas mãos para a frente, sobre a Observação - Os testes nºs 13, 14, 15, 17 e
cabeça. 18 serviram para verificar a sincronização en-tre
12 — Lançamento do peso de 2,5 kg, semelhante ao técnica de corrida e de lançamento. Serviu tam
do dardo, sem deslocamento. Objetivo: força de bém para definir com quantos passos de corrida
lançamento de dardo. atleta está apto a realizar um bom lançamento.
13 — Lançamento de dardo sem deslocamento. Damos a seguir os testes realizados pelos at
14 — Lançamento de dardo com 2 passadas. tas estagiários, com seus melhores resultados.

NOME 1 2 3 4 5

Manuel 6,3 0,62 7,10 7,10 12,60

Roberto 6,0 0,62 7,35 7,70 12,90


Marli 7,3 0,44 6,30 6.35 9,40
Olga 7,0 0,41 6,35 6,40 10,30
Cristina 7,2 0,48 6,05 6,25 10,55
Elizabete 7,4 0,46 5,75 6,00 10,40

NOME 6 7 8 9 10 11 12

Manuel 60 110 85 15,10 14,80 12,20 22,30


Roberto 35 130 70 14,50 14,50 11,90 21,30
Marli 35 70 35 11,60 11,10 10,70 13,60
Olga 40 70 45 11,40 11,40 11,40 12.30
Cristina 40 90 45 10,90 12,00 11,40 14,60
Elizabete — — — 10,70 10,40 10,30 10,90

NOME 13 14 15 16 17 18

Manuel 37,50 39,50 46,50 51,00 55,50 56,00

Roberto 42,00 43,50 49,00 52,80 52,80 53,00


Marli 37,00 36,50 38,00 41,00 43,00 40,00
Olga 32,80 29,00 - - - -
Cristina 32,80 32,00 34,00 36,80 38,00 38,00
Elizabete 28.00 29,00 32,00 35,00 35,50 35,20

Observação — Excetuados os testes nºs 6, 7 e cine ball nas mãos: arremessar contra a parede, par-
8, cujos resultados foram registrados em kg, todos os tindo de trás com a mb por cima da cabeça. Objetivo:
demais o foram em metros. fortalecimento dos músculos da cintura escapu-lar.
Trabalhos realizados — Faremos a seguir a 2a estação — 2 atletas em decúbito ventral, frente a
descrição de três dos principais trabalhos realizados frente; entre ambos, um obstáculo com 40cm de
durante o estágio. altura: passar a mb ao companheiro, por elevação do
tronco, por cima do obstáculo. Objetivo: forta-
A — Treinamento em circuito lecimento da musculatura dorsal.
Foi adotado um circuito padrão, constando do 3a estação — De pé, ao lado de um plinto de 40cm
seguinte: 1a estação — De pé, de frente para a de altura, com um pé sobre o mesmo: saltar
parede, medi-
por sobre o plinto, lateralmente, invertendo a posição C — Trabalho com medicine ball
das pernas. Objetivo: desenvolvimento da força
rápida das pernas. 4a estação — Erguer do chão um De todos os trabalhos realizados, a este foi
objeto qualquer dada mais ênfase. Esta forma de treinamento possi-
de 10kg, com as mãos em movimento similar ao bilita, em um treino, o desenvolvimento de uma série
arremesso no halteres. Objetivo: exercitar força rá- de qualidades necessárias para atingir boas
pida geral. 5a estação — Correr entre dois pontos performances no lançamento do dardo. Tem como
distantes entre si 10m, tocando-os com uma das aspecto dominante a força de lançamento geral, e,
mãos. Obje- dependendo da forma de aplicação, desenvolve
tivo: resistência de velocidade. 6a estação — Apoio de também a força de lançamento específica. 1º
frente sobre o solo, com os pés apoiados em um exercício — Pernas flexionadas, segurando a mb
banco de 40cm: flexionar os com as mãos no chão: estender totalmente o tronco,
braços, apoiar o corpo no chão, levando os braços à lançando a mb para o alto, com braços estendidos.
frente; trazer os braços de volta junto ao corpo e Objetivo: desenvolvimento de força rápida dos
estendê-los. Objetivo: fortalecimento dos músculos músculos posteriores do tronco. 2o. exercício —
peitorais e braçais. Sentado de frente a uma parede, costas apoiadas em
7a estação — Canivete. Em decúbito dorsal, braços
outra mb, arremessar a mb com as mãos sobre a
estendidos para trás, elevar simultaneamente os
cabeça, aparando-a na volta, ainda sobre a cabeça,
braços e pernas, que se tocam no ar. Objetivo: for-
com o corpo inclinado para trás, sobre a mb que
talecimento dos músculos abdominais. Observações
— Foram realizadas duas séries, a serve de apoio. Objetivo: fortalecimento da
30" de esforço em cada estação, pausa de 1min entre musculatura que envolve a cintura esca-pular e
as estações, e de 5min de um circuito a outro, braços.
fazendo trote para soltar. A dosagem, tempo de 3º exercício — Repetir o exercício anterior, le-
trabalho, pausa, etc. devem ser regulados em função vantando o quadril do chão ao inclinar para trás,
do estado geral dos participantes. voltando ao solo durante o lançamento seguinte.
Objetivo: o mesmo do 2º exercício, com uma maior
B — Treinamento de força de salto amplitude do movimento. 4°. exercício — De frente à
Este trabalho tem como objetivo desenvolver a parede, joelho da perna direita no chão, perna
força rápida das pernas. O número de saltos exe- esquerda estendida, com o calcanhar apoiado no
cutados em cada unidade de treino depende da in- solo: lançamento com duas mãos sobre a cabeça.
tensidade das atividades desenvolvidas pelo grupo. Objetivo: trabalho da musculatura de lançamento do
Para o nosso grupo de Mogúncia, o número de saltos dardo localizada na parte posterior do tronco e
variou entre 80 e 120. cintura escapular. 5o exercício - De pé, de frente para
Saltos horizontais: a parede, afastamento lateral das pernas: arremesso
saltos com pernas alternadas: D—E— com as mãos sobre a cabeça.
D—E; saltos com a perna esquerda: E—E— 6o exercício — De pé, de frente para a parede, afas-
E—E; saltos com a perna direita: D—D— tamento ântero-posterior das pernas: arremessar a
D—D; saltos rã, ambas as pernas, mb por cima da cabeça, com as duas mãos. 7o
simultâneas; saltos alternando, dois em exercício — De pé, de frente para a parede, afas-
cada perna. Foram realizadas séries de 8 tamento ântero-posterior da perna esquerda, mb nas
saltos em cada série. mãos: fazer uma circundução pela direita com a mb e
Saltos verticais (sobre barreiras): impulsao com arremessar à parede por trás da cabeça.
ambas as pernas, simultaneamente; Os exercícios nºS 5, 6 e 7 visam ao fortaleci-
impulsao com a perna esquerda, com queda mento dos músculos da parte posterior do tronco e
sobre a mesma; cintura escapular.
impulsao com a perna direita, com queda sobre 8o exercício - De pé, de frente para a parede, mb nas
a mesma; mãos, afastamento ântero-posterior da perna es-
impulsao com a perna esquerda e queda sobre querda: deslocar com dois passos à frente e arre-
a direita; messar a mb com as duas mãos à parede, por cima
impulsao com a perna direita e queda sobre a da cabeça.
esquerda. 9º exercício — Repetir o exercício nº 8, com
Foram realizadas séries com 5 repetições em deslocamento de três passadas.
cada série. Objetivo dos dois últimos exercícios: desen-
volver a técnica do deslocamento.
10º exercício — Com a mb de 1 kg e deslocamento so, a perna esquerda é colocada antes do bastão. No
de 2 ou 3 passos, lança-la à parede com a mão de segundo passo, a perna direita transpõe o bastão e
lançamento. Objetivo: desenvolver a puxada do posteriormente a esquerda vai à frente, estendida
dardo. procurando postura correta. O aparelho é retarda
do de maneira gradativa, e o tronco, nos dois últi
Treinamento técnico mos passos, também é retardado.
d - Idêntico ao anterior, mas correndo, usando
0 treinamento técnico do lançamento de dardo um impulso mais vigoroso no momento da transpo
é composto de três fatores básicos: sição do bastão.
1 — técnica de corrida; e — Dois bastões colocados entre si a uma distan
2 — técnica de lançamento; cia de 3m.
3 — sincronização entre técnica de corrida e
técnica de lançamento.

1 — Técnica de corrida

A corrida deve ser de aceleração, procurando Com 5 passos de corrida, precedida de uma
fazer com que os movimentos preparatórios para o pequena corrida, procurando fixar bem os movi
lançamento não ocasionem a perda de velocidade. mentos do retardamento do aparelho nos três pri
Por isso, deve ser usada uma corrida controlável, meiros passos, retardamento do tronco nos dois ul-
ritmada e vigorosa, de maneira que não se perca timos, procurando neste final uma postura ideal do
nem o domínio do corpo, nem o domínio do aparelho. corpo.
Uma corrida excessivamente veloz irá fazer com que
o atleta sem a devida maturidade na prova e sem as 2 - Técnica de lançamento
condições necessárias de força não consiga uma
Para se atingir uma boa técnica de lançamen
postura ideal para um bom lançamento. — Descrição
to, primeiro temos que conseguir uma postura cor-
da seqüência pedagógica usada pelo Prof. Salomon
poral correta no final da corrida, que é a seguintes
para a aprendizagem da técnica da corrida
perna esquerda estendida à frente, com o pé volta;
Na primeira parte dessa aprendizagem, em vez
do para o setor de lançamento; peso do corpo so-
de dardo foram usadas bolas de borracha com pesos
bre a perna direita, semiflexionada atrás, com o pé
variados e o deslocamento foi realizado andando.
voltado lateralmente para o setor de lançamento
corpo posicionado lateralmente ao setor de lança-
Deslocamentos mento, com o olhar dirigido para o mesmo; braço de
lançamento estendido atrás, e braço livre semi
a — Com um passo à frente, levando a perna es- flexionado à frente, abaixo da linha do aparelho.
querda estendida, havendo um retardamento do Todos os movimentos específicos de lança
tronco em relação ao quadril e conseqüente fixação mento durante o treinamento foram realizados par
do peso corporal na perna direita, que se mantinha tindo da posição acima, que é considerada a postura
semiflexionada. ideal.
b — Com dois passos, procurando os mesmos ob-
jetivos que no exercício anterior, com o retardamento Movimentos técnicos específicos do lançamento
do tronco em relação ao quadril se processando de
maneira gradativa. Partindo da posição acima especificada, dá-se
Nos dois primeiros exercícios, já se parte com o a rotação e a projeção do quadril à frente, seguidas
braço de lançamento estendido para trás. de rotação do tronco para a frente de lançamento,
No terceiro exercício, que também foi realizado com extensão total da perna de trás, mantendo o
andando, foi usado um bastão colocado no solo. braço com aparelho ainda estendido atrás; o braço
livre desce rente ao corpo, para limitar sua rotação
Desta posição dá-se a finalização do lançamento,
com o adiantamento do tronco em relação ao quadril
e movimento final do braço à frente (Estes
movimentos foram particularmente objeto da maior
c — Posição inicial: pés paralelos. No primeiro pas- atenção e preocupação do Prof. Salomon, pela
importância que assumem para o bom desem penho
do lançamento.)
3 _ Sincronização entre a corrida e o lança- Ainda algumas considerações gerais
mento Foram realizados treinos, onde se aplicaram as
Esta sincronização nada mais é do que o apro- mais variadas formas de trabalho, com as seguintes
veitamento total da técnica do lançamento em fun-ção unidades de treinamento:
da técnica da corrida. Descrição das aulas Halteres............................................................ 6
técnicas Lançamento com mb ..................................... 11
Técnica .............................................................7
Nas primeiras aulas técnicas com o dardo, os
Lançamento de pelotas................................... 3
lançamentos foram realizados de um plano mais alto
Testes .............................................................. 6
que o ponto de queda. Esses lançamentos não
Força de salto.................................................10
tinham como objetivo a distância dos mesmos, e sim
Velocidade ...................................................... 9
o aprendizado e fixação dos movimentos corporais, o
Circuito ............................................................ 6
domínio do aparelho. Em se tratando de iniciantes, a
Resistência aeróbia ...................................... 2
distância do lançamento não se deve constituir em
Projeção de filmes........................................... 2
uma preocupação, pois ela é apenas uma
conseqüência de um perfeito casamento entre as
condições física e técnica. É opinião do Prof. Salomon que não se deve
Para frear o desejo de lançar mais longe, fo- ram deixar um atleta, principalmente o iniciante, lançar o
utilizados pelo Prof. Salomon pequenos alvos dardo sem o uso de botas apropriadas ou de um
colocados no chão, bastante próximos dos lançado- sapato com prego no calcanhar, principalmente no pé
res. Esses arremessos tinham um caráter recreativo, que é levado à frente na hora do lançamento.
competitivo. Embora se deva ter uma constante preocupa-
Depois de ter adquirido certa experiência, o ção com a técnica de lançamento, o atleta iniciante
atleta deve lançar com dardos de metal comum, de deve lançar o dardo somente duas vezes por sema-
madeira, aerodinâmicos, com dardos quebrados, na, com intervalos de 3 dias. O número de lança-
deve lançar contra o vento, a favor do vento, com . mentos não deve ser muito grande, para evitar certas
vento lateral, com frio, com chuva, etc. Isso trará lesões.
experiência e adaptação à variedade de condições , Apresentaremos, ao final, o resultado de uma
nos dias de competição. competição, que, além de testar a atual condição dos
O Prof. Salomon frisou que não poderia dar atletas, serviu para verificar a diferença entre o dardo
planos de treinamento para serem seguidos, pois comum de metal e o aerodinâmico.
isto seria padronizar o treinamento, e um dos fatores
mais importantes dentro do atletismo é a indi- Resultados:
vidualidade que deve ser respeitada.
Finalizou o Prof. Salomon dizendo que o Dardo comum Aerodinâmico Diferença
atletismo não possui muitos segredos:
Manuel 54,42 56,64 2,22
— encontrar o talento;
Roberto 51.94 66,54 14,60
— treinar; Marli 37,36 49,88 12,52
— dentro das formas de treinamento existentes, Olga 43,50 40,16 -3,34
encontrar a mistura que melhor se adapte à indivi- Cristina 38,16 37.86 -0,30
dualidade de cada um. Elizabete 36,90 36,52 -0,38

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARREMESSO DE PESO

Basicamente estão incluídos na preparação do ça máxima: a) agachamento completo; b) supino; c)


arremessador o treinamento de força máxima e de arranque; d) desenvolvimento (arremesso);
força rápida. força rápida: a) força de sprint — corrida de
30m; b) força de salto vertical —Jump test; c) força
Foram realizadas pesquisas para determinar de salto horizontal — 6 saltos; d) força de arremes-
em que proporção o treinamento de força máxima e so—c/ duas mãos de frente e de costas.
de força rápida influencia os resultados do ar- Os testes foram aplicados em 45 atletas (G),
remesso do peso. com resultados distintos, sendo formados dois sub-
Exercícios selecionados para as pesquisas: for- grupos, os 22 (G1) e os 23 (G2).
Nº de atletas Pior resultado Melhor resultado Média de namento em relação ao agachamento
todos os comple to(r=0,72).
r — O grupo G1 apresentou um melhor resultado
16,04 m e no desenvolvimento, cerca de 31,5% em rela
16,04m s ção ao G2.
12,43 m u Concluindo, podemos afirmar que os 4 exercí-
ltados cios têm ação direta no resultado do arremesso de
45-G 9,18 m 12,47 m 13,81 m 11,19 m peso, devendo os mesmos serem incluídos dentro
22-G1 12,48 m de um programa de treinamento, na proporção de
23-G2 9,18 m As pesquisas revelaram quanto 2/3 aproximadamente.
à força máxi- NOTA — Atualmente há uma tendência para a
ma: substituição dos exercícios baseados nos levanta-
a) Agachamento completo. De todos os exer mentos olímpicos pelos isocinéticos, com utiliza ção
cícios, os melhores resultados foram conseguidos de aparelhos que permitem o trabalho dos mús
no agachamento completo. culos que realmente intervêm no arremesso do
peso.
— Os resultados foram, em média, cerca de 30kg Aspectos da pesquisa relativos à força rápida:
a mais que no supino, e 56kg em relação ao a) Força de sprint.
arranque. — Foi verificado que entre os grupos pesquisa-
— O coeficiente de correlação entre o agacha dos não há diferença na força de sprint (4 seg
mento completo e o resultado do arremesso do para os 30m).
peso apresentou r = 0,72. — A aquisição de força máxima não leva neces-
— A uma melhora de 13kg no supino, 9kg no sariamente ao aumento da velocidade.
arranque e 11 kg no agachamento completo — A velocidade acíclica adquirida através do
corresponde um ganho de 1 m no arremesso. treinamento de força máxima não correspon-de
b) Supino. a uma velocidade cíclica.
— O resultado de 12,47m (grupo G) correspondeu — O treinamento de força de sprint tem como
a 102kg (média) o supino. Se o atleta tem objetivo apenas melhorar a força rápida.
resultado melhor no supino, isto significa que b) Força de salto vertical —Jump test.
sua técnica é imperfeita. — Foram encontradas diferenças significativas na
— O grupo dos melhores (G1) apresentou um força de salto vertical.
resultado médio de 117kg no supino, o que — A rapidez de contração de musculatura tem
corresponde a um arremesso de aproxima- importância acentuada no rendimento do ar-
damente 14m. remesso.
— Encontrou-se uma correlação de r=0,88, ou — Os melhores arremessadores têm melhor força
seja, sem dúvida nenhuma os melhores arre- de salto.
messadores apresentam melhores resultados — Encontrou-se um coeficiente de regressão igual
no supino. a 0,18m, o que significa que quem melhora a
— O treinamento do supino, entretanto, não deve força de salto em 0,01 m é capaz de arremessar
se constituir em fator único, e sim inserir-se num 0,18m mais longe.
complexo de treinamento. c) Força de salto horizontal — 6 saltos.
c) Arranque. — O coeficiente de correlação encontrado —
— Comparado com o supino, o resultado do ar- r=0,47 — mostrou que as variações da força de
ranque apresentou-se bastante inferior. Para salto horizontal estão abaixo dos níveis de força
um levantamento de 75kg no arranque, cor- máxima.
responde um de 125kg no supino. — A diferença encontrada entre G1 e G2 foi de
— A correlação r=0,88 indica que o arranque é um apenas 2,5%.
exercício bastante importante no arremesso do
— O arremessador necessita de mais força vertical
peso.
do que horizontal.
— De uma forma geral, quem melhora 10kg no d) Força de arremesso - com duas mãos de
arranque atinge 1,13m a mais no arremesso de frente e de costas.
peso. — Diferenças apreciáveis ocorrem na força de ar-
d) Desenvolvimento (arremesso). remesso.
— O desenvolvimento é um exercício complexo, — No arremesso de frente houve uma diferença
envolvendo avaliação da força da perna e do entre G1 e G2 de 19% aproximadamente, com
braço.
— O coeficiente de correlação r = 0,81 apresen-
tado lhe confere uma predominância no trei-
um coeficiente bastante significativo: r=0,86.
No arremesso de costas a diferença, para um
coeficiente de r=0,79, foi de aproximadamente
21%.
Há uma grande relação entre os resultados da força
de arremesso e o rendimento no arremesso do peso.
ANALISE DOS MOVIMENTOS NO ARREMESSO
DE PESO
Pesquisa realizada por A. Kuhlow nos Jogos
Olímpicos de Munique, através de filmagem com
câmara de alta freqüência (200 quadros por segun-
do).
Colocação das câmaras em relação ao círculo
de arremessos:

aparelho não está no mesmo plano em que o peso


saiu da mão do arremessador, e, portanto, podemos
dizer que a deve estar abaixo de 45°. 0 ângulo a é
tirado da tangente da parábola da trajetória.
Quanto às pesquisas biomecânicas, os fatores
importantes e influentes no arremesso do peso são:
Vo, a e ho; mas, pela prática, viu-se a influência de
outros fatores.
As pesquisas de Kuhlow referem-se a dados
relativos a tempo, ou seja, quanto dura o desloca-
mento para o arremesso; outras características de
tempo são a distância e a trajetória. Daí chegamos às
características de velocidade. Ainda temos outras
Objetivo da pesquisa: determinar em que pon-:o características, como energia, posição e técnica. A
se diferenciam os melhores dos piores arremes- pesquisa de Kuhlow abrangeu atletas com
sadores. rendimento (W) de 18,91 a 21,17. Foram conside-
Temos que considerar duas relações: a forma do radas 4 fases do arremesso: movimento inicial, des-
arremesso executado e a forma ideal do arremesso. locamento, arremesso propriamente dito e reversão.
Essas características normais não correspon-
Fatores físicos importantes: dem ás fases de ganho energético. Para o arremesso
do peso, os movimentos de aceleração foram ini-
Vo = velocidade de vôo; to - cialmente considerados em relação ao corpo, depois
ângulo de vôo; ho = altura em relação ao aparelho (só são possíveis acelerações
do vôo; em contato com o solo), dada a interação dos corpos.
g= força de gravitação (constante); Biomecanicamente temos 2 fases de arremes-
K= resistência do ar (constante).
so: fase com apoio e fase sem apoio. Portanto, temos
6 fases de arremeso.
Vo é o fator mais importante para o arremes so.
1) Apoio único — Há a possibilidade de ace-
Esta velocidade depende do caminho de aceleração
leração com impulsao na perna direita (atleta destro)
do aparelho, que depende da força que interfere
e movimento balanceado da esquerda. Esse apoio é
nesse caminho (força rápida). feito em uma só perna e vai até o início do
O ângulo ideal considerado no momento em deslocamento, quando a perna direita perde o con-
que o peso abandona a mão do arremessador (des- tato com o solo.
crevendo uma parábola) é de 45 .
Considere-se também que o local de queda do 2) Fase sem contato — Em termos ideais de-
finimos o quanto é deslocada a perna direita. Vai do
abandono do apoio inicial até a retomada do
apoio. 0 atleta está sem contato com o solo. A rotação, segundo esta cadeia de movimen-
3) 2º fase de contato com apoio único — Inicia- tos, do ponto mais baixo ao ponto mais alto, impli-
se quando termina o deslocamento e há o contato ca em um maior componente de impulso horizon-
com a perna direita, até antes do apoio da perna tal. E como último componente de impulso hori-
esquerda. Em termos ideais, o contato nesse zontal ainda temos a extensão dos braços (portan-
momento deveria ocorrer com ambas as pernas ao to, o trabalho de braços não deve ser para cima e
mesmo tempo. Dai' a recomendação de que essa sim para a frente, pois o arremesso para cima é
fase deve durar o mínimo possível. definido pelo trabalho de pernas—tronco).
4) Fase de 2 apoios — Dura enquanto houver Segundo a biomecânica, a parábola ideal do
o contato das duas pernas e termina quando a perna arremesso é dada pela elevação de tronco e pernas
direita perde o contato. É aqui que se ganha maior e o trabalho de braços é tão-somente para incre-
quantidade de energia e maior velocidade (a mentar mais a aceleração do aparelho quanto ao
aceleração se transfere do corpo ao aparelho). É a componente de impulso horizontal (é determinado
fase principal, pelas transformações que ocorrem. daí um ângulo de aproximadamente40° a 42º) A Sra.
5) 3º fase de contato único — Do momento em Kuhlow, da República Federal Alemã procurou
que a perna de trás perde o contato com o solo até o determinar dados referentes ao tempo estudando
momento em que ambas as pernas saem do solo. O qual seria a velocidade empregada pelos atletas nas
peso é pouco acelerado. diversas fases: fase sem contato; 2ª fase de apoio
6) 2ª fase sem contato (movimento de Perry único; fase de duplo apoio, rotação e apoio único até
0'Brien). Do momento em que as duas pernas saem o arremesso.
do solo. Primeiramente, o estudo do tempo da fase sem
Estas 6 fases podem ser resumidas ainda: fase contato:
de contato único — preparação; fase sem contato G1 116 milésimos de segundo;
com o solo — deslocamento; fase de apoio duplo, 3ª G2 139 mil. seg.
fase de apoio único e 2ª fase sem contato. Implica no
G2 é aproximadamente 18% menos veloz que
arremesso em si.
G1 nesta fase.
Componentes de força no arremesso do peso — Ho- Dado o maior tempo de G2, G1 consegue,
rizontal e vertical. nesta fase, uma maior aceleração do corpo e apare-
lho.
Para execução dos movimentos do arremesso
Estudo do tempo na 2º fase de apoio único:
do peso, necessitamos energia. Precisamos de
componentes de impulso horizontal e componente de G1 78 mil. seg. G2
impulso vertical. 91 mil. seg.
Energia para componente de impulso horizontal G1 é 13 mil seg. mais rápido que G2 (resultante
— É ganha com o balanceamento da perna esquerda da aceleração mais rápida anterior).
e impulsao da direita. O deslocamento do corpo se dá Estudo do tempo na fase de duplo apoio, ro-
no sentido horizontal, através da impulsao da perna tação e apoio único até o arremesso:
direita e movimento da esquerda. No sentido vertical, G1 268 mil. seg.
a maior importância se dá ao trabalho da perna G2 265 mil. seg.
direita; a perna esquerda pouco influi. O peso, até
As diferenças sao mínimas. Não se pode consi-
antes do arremesso propriamente dito, está numa
derá-las.
posição baixa. Quando este se eleva, altera-se o Dada a composição das fases, temos:
componente vertical, dada a extensão de ambas as
pernas em cadeia contínua de movimentos, que no G1 G2
final resulta em movimento vertical. Estes movimentos 116 139 Diferença para G2
se refletem na musculatura dorsal, que eleva o 78 91 de 34 mil. seg.
tronco. Portanto, o componente vertical é resultante 268 265
do trabalho de pernas e tronco. O componente 461 495
horizontal é aumentado pela rotação do tronco, e no Em dados percentuais, temos as seguintes re-
final é interrompido e nao deve ser prosseguido (daí a presentações para as- fases de aceleração do corpo e
necessidade de se rodar ao longo do eixo aparelho:
longitudinal). Portanto, é necessária e im- G1 G2
portantíssima a rotação do tronco, desde que não 25,2% 28,1%
exceda a 180°, pois além disso haverá prejuízos para 16,9% 18,4%
o arremesso. 58.1% 53,5%
. Tem-se, portanto, com isso, a relação dos caminhos
Portanto, G1 acelera o peso mais velozmente diferentes do peso, nas diferentes fases estudadas.
nas fases estudadas. Não está determinado, porém, Mediu-se a diferença do desvio do peso à direita. O
que acelera o peso — se é a força ou a técnica, com ideal seria uma aceleração em linha reta, porém esse
predominância de uma ou outra. desvio para a direita se dá, inclusive, segundo
Características de percurso do movimen- constituição anatomomorfológica do corpo humano,
to _ As características do caminho de aceleração como indica a figura.
estão em relação com as características de tempo.

Essa distância do desvio, fisicamente em


termos ideais, deve ser reduzida, e veremos que este
caminho será menor (o que acontece com os me-
lhores arremessadores), tendendo a um caminho de
aceleração linear, o que aumenta a possibilidade de
aceleração.

Estudo do caminho de aceleração nos 3 últimos


50 mil seg. (ou seja, um estudo dos últimos 150 mil.
seg.)
G10,31 G1
0.19 0,64 G2 0,62
1.78 0,30 0,28 1,35
Estudo da distância do caminho de 1.42 2,36 2,25
aceleração nas 3 fases onde se fez o estudo
G1, nos últimos 150 mil. seg., tem
do tempo:
G2
um maior caminho de aceleração.
0,33
Na variação do desvio para a direita temos:
do deslocamento até o apoio duplo; 2ª G1 0,25m
0,21
fase de apoio único; 3ª fase (fase mais G2 0,33m
1,72
importante para o caminho de Portanto, G1 acelera o peso mais linearmente
aceleração). que G2.
Em atletas com rendimento a nível de 14 me-
tros, o caminho de aceleração corresponde a apro-
ximadamente 1,30 a 1,40m. Em atletas de alto nível,
o peso é acelerado num caminho bem maior, como
vimos há pouco.
Da diferença total, temos apenas 2cm a mais
para G1, mas na 3ª fase, que é a mais importante, o
caminho de aceleração é 6cm maior para G1.
1.ª Fase de apoio único

1a Fase sem apoio

2a Fase de apoio único


Fase de duplo apoio

3. Fase de apoio único

2º Fase sem apoio


ALTURA DO VÔO DO PESO — os piores têm maior, isto é, já saem com o
peso de uma posição mais alta, como também o
a distância que vai do ponto central do peso da um pouco maior: os piores têm menor espaço
até o chão, no último instante em que abandona a de aceleração em relação aos melhores.
mão. Sabe-se que qualquer ganho em altura reflete- Conclui-se que os melhores criam espaços
se no resultado do arremesso. para aceleração, trazendo o peso mais de baixo, e
os piores, com menos espaço de aceleração,
levam o peso de uma posição mais alta. Nos
piores, a dife-rença entre d.^, e da é maior.
Pesquisando-se estudantes de educação
física com resultados entre 9,0 a 13m, encontrou-
se = 30% e da = 70%. Isto é, após o
desloca-mento já se encontram quase em pé,
diminuindo sensivelmente o espaço de aceleração.
ho = altura do vôo Relação entre altura de vôo (hO) e altura do
= ZW= fase de duplo apoio, onde se inicia o ar- atleta (hA) — Pesquisadores encontraram para os
remesso propriamente dito grupos os resultados conforme a tabela abaixo:
= variação da altura da fase de duplo apoio até
G1 G2
o final do arremesso YX = ho X = final do arremesso
1:13.4 = 13% 1:13.3 = 13%
IH = : índice de altura dado pela pesquisa- Isto significa que hO é 13% maior que hA. (Ex atleta
com hA = 2,00m, terá hO = 2,26m.) Foi encontrada
dora Kuhow ho - altura entre os finalistas de 1972, nas Olim piadas, uma
do vôo hA = altura do média de hA = 1,93m.
atleta
Uma pesquisa de Somotbwetow aponta, para um Nome hO hA índice
ângulo constante de 41° e velocidade de vôo
constante de 13m, os seguintes resultados: Woods 215 107 188 1,143

ho = 1,80m= 18,93m; = Woods 214 108 188 1,143


2,00m= 19,11m; = Briesenick 224 119 191 1,170
2,20m = 19,29m; = Gies 224 113 194 1,153
2,40m- 19,48m. Feuerbach 205 94 186 1,107
Briesenich 224 119 191 1,173
Portanto, entre atletas de semelhança técnica e for- Oldfield 219 107 196 1,117
ças iguais, os mais altos levam vantagem, pois o Woods 216 111 188 1,147
peso sai mais alto. Oldfield 210 102 196 1,073
A hO é decorrente da altura morfológica, do com- Feuerbach 209 95 186 1,127
primento dos braços, da técnica e da extensão final Komar 226 109 196 1,153
da perna posterior. Komar 226 113 1,153
196
Pesquisas mostram que, entre os melhores, a Briesenich 222 119 1,160
191
altura do vôo (hO) não influi no resultado. Oldfield 209 95 196 1,067
Aqui mostramos Feuerbach 202 92 186 1,090
que os melhores têm hO, em média, 3cm menos que Birlenbach 232 110 202 1,150
os piores. Mas, analisan-do-se veremos Oldfield 216 103 196 1,103
que: Birlenbach 233 113 202 1,157
— os melhores têm isto é, a altura em Varju 221 114 189 1,170
que se encontra o peso no início do arremesso pro- Varju 224 116 189 1,183
priamente dito é igual à altura que o peso vai per-
Brouzet 232 121 - -
correr até hO, partindo da posição de duplo apoio: Brabec 217 105 190 1,143
dividem hO em duas etapas de 50%; Brouzet 231 119 — —
Reichenbach 213 94 200 1,063
Simola 204 102 - -
Média 219 108 193 1,134
Encontram-se, às vezes, atletas acima de do vôo e a do atleta com a fase final do arremesso (3º
2,00m. coluna). Quando o resultado da 3a coluna não
Na altura do voo, como se ve na tabela acima, alcança a 50% da altura do vôo, presume-se que o
existem grandes variações, sendo a menor atleta está tecnicamente mal. Quando o resultado da
hO =2, 02, a maior = 2,32 e a m = 2,19m. Os nomes 3a coluna for maior que 50% em relação a hO, o
estão colocados em ordem descrescente nos atleta está aproveitando bem a técnica, aumentando
resultados dos arremessos. o espaço de aceleração.
Éx:Woods = 21,l7m - h0= 2,15; A última coluna nos dá o grau de aproveita-
Simola = 19,91m - h0 = 2,04. mento técnico. Quanto maior o índice, maior será o
aproveitamento de hO em relação a hA,e quanto
Nota-se que as maiores hO não correspondem aos me- menor for o índice menor será o aproveitamento de
lhores resultados. hO em relação a hA.
Ex.: Feuerbach - 21,01m h0= 2,05; Quando o índice for muito superior à média de
Briesemich - 20,91 m h0= 1,134, pode-se concluir que o atleta está arre-
2,24 A =
messando o peso muito para cima e não para a
0,19m.
frente, como deveria fazer.
Como Feuerbach perde na hO 19cm, necessita Conclusão — A média hA em nivel mundial é de
compensar isso através de outras qualidades. A per- 1,93. Em relação a hO, 50% correspondem a da , e
da na hO, nesse caso, é pelo indice de aproveita- 50% a Como para G1 e G2 o índice é de —13%,
mento, que em Feuerbach é de 1,107, e em Briesi- sob o ponto de vista empírico—estatístico é
nick é de 1,173. Pode-se concluir, nesse caso, que é indiferente.
possível modificar hO independente de hA. Todavia, hO é fator relevante no resultado.
Analisando-se a 3ª coluna, vemos que a altura Velocidade de deslocamento nas diversas fases do
que o peso percorre após o duplo apoio até sair da arremesso e velocidade de vôo 1a fase (1a coluna) -
mão é muito variável, sendo a maior altura a do fase do deslocamento. 2a fase (2a coluna) — espaço
atleta Brouzet, com 1,21, e a menor, a do atleta de tempo entre o pé anterior e o posterior, até tocar o
Feuerbach, com 0,92m. Isso ocorre porque Feuer- solo, após o deslocamento. 3a fase (3a coluna) —
bach, na fase final do arremesso, não faz a extensão arremesso propriamente dito.
total das pernas. Note-se a relação entre as alturas
VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO NAS DIVERSAS FASES DO ARREMESSO E VELOCIDADE DE VÔO

1 II III IV V VI VII
Nome (mil. seg.) (mil. seg.) (mil. seg.) (mil. seg.) (mil. seg.) (mil. seg.) (mil. seg.)
Woods 3,2 3,6 5.8 _ _ 5,7 13,9

Woods 3,3 2,5 6,4 12,5 9,8 6,3 13,7


Briesenick 2,4 2,2 7.1 12,5 9,6 6,1 14,0
Gíes 2.6 2.4 6.8 13,0 9.5 5,5 14,2
Feuerbach 2.6 3.2 6,3 12.5 9,3 5.5 13,5
Briesenick 2,5 2.1 7,3 12.8 9.6 6.0 13.3
Oldfield 2,8 —+ 6,2 12.9 9.5 6.2 13,7
Woods 3.0 2,3 6.8 12,3 9,7 6,1 13,6
Oldfield 2,8 -+ 6,2 12,8 9,1 5,8 13,5
Feuerbach 2,7 2.5 6.1 13,4 9.5 5.4 13,6
Komar 2.2 2.4 7.2 12,6 9,7 6,5 13,4
Komar 2,2 2,4 7.0 12.5 9,8 6,5 13.3
Briesenick 3.1 2,4 6.7 12,9 9,7 6.4 13.4
Oldfield 3.0 -+ 6,1 12,7 9,4 5,7 13,6
Komar 2,3 2,4 7,3 12,8 9,9 6,3 43,5
Biresenick 3.2 2,2 7,1 12,5 9,4 5.7 13.5
Oldfield 3,0 - 6,0 12,5 9.1 5.4 13.6
Feuerbach 2,6 2,9 6,2 12,2 8.5 5.4 13,6
Birlenbach 3,0 2.4 6,2 12.1 8.3 5.5 14,2
Oldfield 3,0 -+ 6.1 12,3 9.1 5,5 13,4
Birlenbach 2,2 2.3 6,6 12,1 8,5 5,6 13.8
Varju 2,6 1.9 6.1 12.0 9.5 6.1 13,3
Varju 2.5 2.1 6,6 12,5 9,9 6.1 13,5
Brouzet - 2.2 6,4 12,3 9,2 5,5 13.6
Brabec 2,3 2,4 7,2 12.5 9.4 5.5 13,5
Brouset 2.1 6,2 12,0 8,9 5.6 14,0
Reichenback - 2.4 6,0 12,5 9,1 4,9 13,7
Simola - 2,3 6,4 11.9 9.3 5.1 13,3
Média 2.7 2.4 6.8 12.5 9.3 5.8 13,6
Coluna n? 4 = últimos 50 milésimos de segundo (mil. semos a tabela abaixo, também de Schimolinski.
seg). hO
Coluna n? 5 = penúltimos 50 milésimos de segundo.
vo
(ms) (m)
Coluna n? 6 = antepenúltimos 50 milésimos de se- 10 2,20 - 39,4%
gundo. Coluna nº 7 = VO. 11 2,20 - 40,6%
Analisando-se a tabela, verificamos que a pri- 12 2,20 -41,2%
meira fase é feita um pouco mais rápido do que a 2a. 13 - -41,7%
A velocidade média da 3a fase é 1/2 da média da VO. 14 — -41,2%
Pelos últimos 3 X 50 milésimos de segundo, nota-se Segundo essa tabela, ao melhorarmos a veloci-
que a velocidade é progressiva, atingindo quase a dade de 11 para 13 ms aumentamos aproxima-
VO nos últimos 50 mil.seg. A velocidade máxima damente 8,0m no resultado. Mas para essa grande
atingida na 3a fase deve estar na proporção de 6:1,
variação no resultado quase não se verifica a varia-
em comparação com a velocidade das duas fases
ção no ângulo de vôo. Analisando-se os atleta
anteriores. As duas primeiras fases e a redução da
olímpicos, não se verificou nenhum caso em que o
velocidade na 2a fase devem ser executadas de tal
atleta tenha arremessado num ângulo superior
modo que não se prejudique a 3a, a mais importante.
a 40°
Estudo da variação da velocidade e suas influências Média do ângulo de vôo.
no resultado da prova (em mil. seg.): G = 37,1%;
G1 = 36,9%;
G1 G2 G1-G2
G2 =37,3%.
1a fase -2,7 - 2,6 - 0,1
2º fase
Mas aqui, na prática, com os atletas olímpicos
-2,5 - 2,3 - 0,2
a
3 fase
não se nota a variação do ângulo para maior veloci
-6,7 - 6,5 - 0,2
dade de vôo. Ao contrário, os melhores resultado
últimos 0,050 seg. -12,7 - 12,3 0,4 = 3%
estão com menor ângulo de vôo. Como a prática não
coincide com a teoria, devem-se respeitar os fatores
biomecânicos, e não os fatores mecânicos. Ao
arremessar mais baixo, conseguimos maior vôo.
Relação entre hO, vO e ângulo de vôo:
Essa diferença de 0,4ms nos últimos 0,050 seg,
que corresponde a 3%, num arremesso de 20m
corresponde a 0,60m. Nota-se ainda uma nítida di- hO G1 G2
ferença na velocidade entre os piores e os melhores. hO - 2.18m -2,21m +3 cm
VO - 13.6ms -13.6ms 0
Ângulo de vôo - 36,9° -37,3°

Segundo Schimolinski, o ângulo ideal é de 41° Analisando-se as velocidades parciais das fases, na
para arremessos de 19,00 a 22,00m, com a vO de 13 tabela anterior, conclui-se que não pode ser igual a
a 14 ms (milésimo de segundo). velocidade de vôo para G1 e G2, presumindo-se que
Para se entender melhor esta correlação, anali- haja algum erro de cálculo ou de medição.

PRÁTICA - ARREMESSO DE PESO - DISCO - MARTELO

PESO - ARREMESSOS - DISCO 1 — Arremesso do peso sem deslocamento. Obje-


tivo: comparar com o resultado do arremesso de
Com a presença de três professores e oito atle- peso com deslocamento.
tas, teve início no dia 10.3.76, sob a orientação do 2 _ Arremesso do peso com deslocamento. Obje-
professor alemão Herr Gerd Bode, o programa de tivo: verificar a diferença com a progressão.
treinamento, realizando-se inicialmente os seguintes 3 — Lançamento do disco sem deslocamento. Ob-
testes: jetivo: comparar com o lançamento do disco com
deslocamento força máxima de pernas.
Lançamento do disco com deslocamento. Ob- 7 - Encaixe. Objetivo: verificar a força máxima
jetivo: verificar a diferença com o deslocamento. geral.
5 Supino. Objetivo: verificar a força máxima Para os arremessos e lançamentos, o resultado é
dos peitorais, músculos do ombro e braço. registrado em metros, e para os testes 5, 6 e 7
6_ Agachamento completo. Objetivo: verificar a (halteres), o registro se faz em kg.
Melhores resultados obtidos pelo grupo
NOME 1 2 3 4 5 6 7

Thea 10,58 10,32 36,74 42,06 75 120 70


Odete 10,92 11,85 43.56 43,60 70 120 60
Boso 14,06 14,25 37,11 36,58 75 130 75
Antônio 10,35 11,20 34,78 37,54 95 130
Moacir 11,33 12,10 32,28 34,50 80 160 —
Maurício 11,10 12,81 32,66 35,76 95 130 ____
Denise 10,01 10,70 25.40 30.00 50 75 55
Elida 11,10 11,40 33,50 36,50 45 90 50

Parte técnica 5 — Não executar exageradamente a rotação do


ombro esquerdo para a esquerda: os ombros são
A — Arremesso do peso sem deslocamento colocados naturalmente.
6 — Não desequilibrar o quadril para trás, antes que
1 — Girar sobre o pé direito, acentuando a projeção a perna livre execute a sua extensão para trás.
do quadril para a frente, mantendo a palma da mão 7 — 0 peso deve ser encaixado mais para a parte
para fora. anterior do pescoço, mas não embaixo do queixo.
2 — Não exagerar no afastamento ântero-posterior 8 — Não demorar demasiadamente na posição de
das pernas. partida.
3 — Apoiar o pé esquerdo firmemente no solo. 9 — Ao finalizar o deslocamento, nuca, quadril e
4 — Não fazer reversão muito cedo, para não perder calcanhar do pé esquerdo formam uma linha (eine
o pé de apoio. Line) formam também uma linha o ombro esquerdo,
5 — Não inclinar o tronco demasiadamente para a joelho e pé direito.
frente. 10 — No ato final do arremesso, o corpo deve fazer
6 - Não elevar demasiadamente o cotovelo no um movimento ascendente.
momento do arremesso. 11 — Não deve haver pausa entre o deslocamento
7 — Manter-se olhando para a frente no ato do e o arremesso.
arremesso.
8 — Na posição de partida, manter nuca, quadril e C — Lançamento do disco sem giro
calcanhar da perna esquerda na mesma linha (eine
Line) 1 — Fixar o pé esquerdo no ato do balanceio para
trás.
B - Arremesso do peso com deslocamento 2 — A perna da frente fica ligeiramente flexionada
na posição de partida e o centro de gravidade (CG.)
1 — No momento do deslocamento, o pé direito fica sobre ela.
deslisa suavemente no solo. 3 — Acentuar a rotação do quadril com projeção
2 - O pé esquerdo não deverá ir cruzado atrás do para frente.
tornozelo direito, e, sim, paralelo a este. 4 — 0 quadril entra antes que o braço de lança-
3 — Ao flexionar a perna livre, o joelho não ultra- mento para que o mesmo fique atrasado. Acentuar o
passa a linha do joelho da perna da frente. movimento ascendente do corpo, projetando o
4 — 0 chute da perna esquerda para trás deve ser quadril para a frente.
numa linha paralela à linha de arremesso. 5 — Ao fazer a entrada do quadril, o corpo passa

47
para cima da perna esquerda, como se estivesse sen- 3 — Repetir o exercício anterior com o peso
do puxado para cima. ternando, isto é, uma vez sem arremessar e o
6 — Soltar o disco com braço estendido lateral- arremessando.
mente, evitando a rotação exagerada do ombro es- 4 — Posição: grupado sobre a perna direita;
querdo no final do arremesso. gredir para trás, sobre linha reta no solo até a p
7 — 0 disco deve ficar a uma altura entre a linha do ção de finalização. Retornará posição inicial, repe
ombro e a linha da cintura. tir e arremessar, sem reversão.

D — Lançamento do disco com giro G - Exercícios com peso — formas diferentes


arremesso
1 — Na finalização do movimento, é necessário o
giro sobre o pé direito, para que o disco não escape 1 — De pé, afastamento lateral das pernas, de
para a direita e possibilite uma boa entrada de qua- frente para o setor, peso nas duas mãos. Arremesso
dril. sar, com as duas mãos, flexionando bem e finali-
2 — Não exagerar no salto; fazê-lo rasante e veloz; zando com completa extensão de todo o corpo.
não flutuar a perna esquerda; a mesma deverá bus- 2 — De pé, de costas para o setor, peso nas duas
car o contato com o solo o mais rapidamente pos- mãos e em afastamento lateral. Flexionar as
sível. pernas arremessar o peso por cima da cabeça,
3 — Evitar iniciar a reversão antes da saída do dis- para trás com completa extensão do corpo.
co, para não perder o ponto de apoio. 3 — De pé, de frente, afastamento ântero-pos
4 — Pernas em semiflexão na posição de partida; o terior, peso empunhado normalmente, pé esquerdo
primeiro passo não deve ser muito longo. no círculo e direito fora. Dar 3 passos — E — D -E
5 — Evitar a rotação insuficiente dos quadris. — e arremessar, uma vez com cada um dos pesos, 4
6 — Durante o giro, olhar sobre o ombro esquerdo. 5, 6, 7, 10 e 15 kg, regredindo em forma de pirâmí
7-0 ritmo do arremesso deve ter velocidade de.
crescente. 4 — De pé, afastamento ântero-posterior das per
nas; peso nas duas mãos, atrás da cabeça; direito
E — Exercícios educativos para o arremesso do fora e esquerdo dentro do círculo; dar três passos
peso — E — D — E — e arremessar o peso para a frente.
1 — Posição de arremesso sem deslocamento: arre-
messar o peso sem se preocupar com a distância. H — Educativos para o lançamento do disco
2 — Posição de finalização do arremesso: executar a) Arremesso
0 arremesso sem reversão.
1 — Em pé, disco na (3ª falange) mão de lança-
3 — Posição de finalização do arremesso (após o
mento, afastamento ântero-posterior das pernas, es-
deslocamento): empunhando o peso um pouco
querda á frente, executar o movimento pendular
afastado do pescoço, efetuar o arremesso.
(balanceamento).
4 — Posição de finalização do arremesso, com o pé
2 — Na posição inicial de finalização, de costas
direito dentro do círculo e o esquerdo fora: efetuar o
para o setor, executar o pêndulo, combinar com
arremesso sem reversão.
extensão de pernas, giro de quadris e tronco, arre-
5 — De pé, perna esquerda à frente, peso empu-
messando o disco (apoiado nas 2ªs falanges) com
nhado corretamente, de frente para o setor: dar três
passos à frente — E—D— E— e arremessar, sem pouca força, sem reversão.
reversão. 3 — Repetir o exercício anterior, executando de a 3
balanceamentos antes de finalizar, sem rever são.
F - Educativos para o deslocamento no arremesso
do peso b) Giros

1 — De pé, afastamento lateral das pernas. Elevar a 1 — Na posição inicial de arremesso: saltar com
perna esquerda atrás, baixando o tronco à frente. impulsao nas duas pernas, girando o corpo (1 volta)
Manter-se nesta posição alguns-segundos e voltar à no ar e caindo no mesmo lugar.
posição inicial. 2 — Posição inicial de lançamento, disco empu-
2 — De costas para o setor, posição inicial de arre- nhado apoiado na 2ª falange: executar o giro de uma
messo. Executar o deslocamento completo, sem pe- volta sobre o pé esquerdo, voltando à posição inicial,
so. pernas semiflexíonadas.

48
2- Posição inicial de lançamento. Efetuar o giro tendidas apoiadas no companheiro, mb no solo: pegar
completo, caindo na posição de finalização. a mb com as mãos e arremessá-la, por elevação do
4 . De 'pé, de frente para o setor, pé direito tronco, à frente, o mais alto possível, a um
apoiado quase no centro do círculo: executar o companheiro postado à frente. 11 — Decúbito ventral,
giro em 3 tempos, com transferência da perna es- mb nas mãos, à frente da cabeça por elevação do
querda para trás (posição inicial de finalização). tronco, arremessá-la à parede.
5 — Executar a progressão completa do arremesso
do disco em 2 tempos, sem lançá-lo. b) Específicos para disco
, __ Executar giros completos do lançamento, so- 1 — Posição inicial de finalização do lançamento do
bre uma linha, parando na posição inicial definali- disco: lançar a mb à parede, com uma das mãos.
zação, de costas para o setor, e mantendo o braço 2 — Sentado, afastamento lateral das pernas: arre-
direito com o disco bem atrasado, sem arremessar. messar a mb à parede, como disco, com rotação do
7 _ Executar a progressão completa do lançamento tronco.
do disco até encontrar-se na posição de frente para 3 — Repetir o exercício acima, em dupla, sentados
o setor no momento de soltar o disco, sem, frente a frente.
entretanto, fazê-lo. 4 — Deitado em decúbito dorsal sobre um colchão,
8 _ Repetir o educativo anterior, uma vez sem lançar pés apoiados no solo, mb em uma das mãos na
e outra lançando o disco; ritmo inicial lento, posição de finalização: elevar-se à posição sentada e
aumentando a rapidez. arremessar a mb à parede. Repetir alternando a mão
9 - Executar progressões completas de lançamento de arremesso.
do disco, sobre uma linha, com halteres de 3, 4 e 5 5 — Desenvolvimento completo do lançamento do
kg, mantendo o braço direito atrasado, sem rever- disco usando mb com alça.
são. Executar o mesmo educativo com aros de ferro,
empunhando internamente pesos de 1, 2, 3 e 4 kg J — Exercícios gerais com medicine ball
ou ainda peso preso a uma manopla.
1 — Sentado, pernas afastadas, mb nas mãos:
Exercícios com medicine bali (mb) a) executar rotação para a esquerda e direita, formando
Específicos para peso um oito.
2 — Repetir o exercício acima, na posição de pé,
De frente para a parede, pernas semiflexiona- em afastamento lateral, e executar o movimento
das, mb na posição de finalização do peso: saltar e flexionando o tronco.
arremessar contra a parede. 3 — Repetir o exercício n? 1, andando.
2 - Na posição inicial de finalização do arremesso 4 — Andando, com a mb nas mãos, fazer circun-
do peso, arremessar a mb à parede. dução passando por cima da cabeça.
3 — Dois a dois: repetir o exercício acima, um 5 — De pé, afastamento lateral, mb nas mãos: cir-
arremessa e o outro recebe a mb. cundução dos braços, trazendo à frente a mb e
4 — Sentado, pequeno afastamento lateral das arremessando-a para cima, por extensão do tronco.
pernas, frente para a parede, mb e braços na posi- 6 - De pé, afastamento lateral, semiflexão das
ção de finalização do peso: efetuar rotação do tronco pernas, mb nas mãos. Arremessar verticalmente, por
e arremessar à parede. extensão total do tronco.
5 — Repetir o exercício acima entre dois compa- 7 - De pé, afastamento lateral das pernas, segu-
nheiros, sentados frente a frente. rando a mb com as mãos acima da cabeça: arremes-
6 - Deitado em decúbito dorsal, braços e mb na sá-lo à parede. O mesmo exercício pode ser exe-
posição de finalização: elevar o tronco para a posi- cutado com afastamento ântero-posterior das pernas.
ção sentado e arremessar a mb à parede. Os pés 8 — Repetir o exercício anterior, sentado de frente
ficam apoiados nas pernas de um companheiro. para a parede.
7 - De pé, frente para a parede, mb na posição de 9 — Em decúbito dorsal, executar o canivete, to-
finalização do peso: executar 3 passadas curtas — E cando os pés com a mb nas mãos.
— D — E — e arremessar à parede. 10 — Deitado em decúbito dorsal, pés apoiados na
8 - Posição inicial de finalização, de costas para a parede: levantar o tronco, passar a mb a um com-
parede: com a mb, executar 3 deslocamentos para panheiro às costas, torcendo uma vez para a direita e
trás, e, no terceiro, arremessar a mb à parede. outra para a esquerda.
9 - Mecanismo completo do arremesso do peso, 11 — Em dupla, a uns 3m um do outro: um, de
arremessando a mb à parede.
10 - Decúbito ventral sobre plinto, pernas es-
pé, lança a mb para o alto e senta; o outro, sentado, 2 — De pé, em afastamento lateral de lado p
levanta, apara a mb e lança-a novamente, e assim parede: flexionar lateralmente, tocando, cor duas
sucessivamente. mãos sobre a cabeça, a parede e levantando
12 - Executar "bandejas" do basquetebol com a mb. simultaneamente a perna de fora, na horizontal
13 — Executar passes de Jump do basquetebol a 3 — De pé, completamente encostado à parede
um companheiro. pernas unidas e braços estendidos acima da
cabeça: flexionar o tronco até tocar com as mãos
L - Exercícios com pesos (4 kg, fem., e 7,25, masc.) a ponta dos pés, sem desencostar, se possível.
4 - Em decúbito dorsal sobre uma prancha incli-
nada, mãos seguras na parte superior acima ca-
1 -Pernas em afastamento e flexionadas, um peso beca: flexionar as pernas, elevando-as até toca a
em cada mão entre as pernas: elevá-los até a altura prancha atrás da cabeça.
dos ombros, executando o "encaixe", e acima da 5 — Sentado no plinto lateralmente, pernas na
cabeça, através de um salto na vertical com extensão ho-rizontal, pés presos nas axilas de um
dos braços. companheiro de pé à frente: deitar o corpo e fazer
2 — Executar o exercício acima na posição antero-- rotações no ar para a esquerda e direita, tocando
posterior das pernas. o plinto com as duas mãos.
3 — De pé, em afastamento ântero-posterior das 6 — Em apoio de frente sobre uma das extremi-
pernas, braços flexionados na altura do peito, com dades do plinto, pernas apoiadas no ombro de um
os cotovelos para fora e com um peso em cada companheiro, atrás: executar flexão e extensão
mão: executar extensão vigorosa dos braços, arre dos braços, mãos voltadas para dentro.
messando os pesos à frente. 7 — Decúbito ventral, com as pernas e quadris so-
bre o plinto, pés seguros por companheiro, tronco
M - Saltos livre à frente: apanhar no solo a mb, elevar ao má
ximo o tronco e arremessá-la à frente, onde outro
1 — Executar o canguru. (Pode também ser o companheiro a devolve ao executante.
exercício acompanhado de sobrecarga.)
2 — Saltar para a frente sobre uma perna, mantendo 0 — Trabalho com halteres para peso e disco
a outra segura pela coxa, com as mãos. Durante
0 exercício, manter o corpo reto e olhar para a 1 — Exercícios básicos
frente.
1.1 — Supino. Objetivo: fortalecimento dos mús-
3 - Executar o salto rã. Executá-lo também com
culos posteriores dos braços, dos ombros e dos pei-
sobrecarga.
torais.
4 - Repetir o salto anterior, fazendo o impulso para
Decúbito dorsal em um banco: pés apoiados no
trás.
solo, mãos segurando a barra, afastadas entre si na
5 — Com um companheiro às costas, executar o
medida da largura dos ombros: flexionar e estender
salto rã.
os braços verticalmente (ou obliquamente, na pran-
6 — Em dupla, de frente, com uma perna elevada à
cha inclinada). O exercício executado na prancha
frente e segura pelo companheiro, outra no solo;
inclinada é específico para arremesso de peso.
ambos executam simultaneamente flexão e extensão
1.2 — Encaixe. Objetivo: fortalecimento dos mús
da perna no solo. Trocar de perna e repetir o
culos anteriores da coxa, dos braços e das costas.
exercício.
De cócoras, médio afastamento lateral das per-
7 — Em dupla, perna segura por companheiro, es- nas, costas retas, olhando para a frente, braços
tendida: com a perna livre, "saltar verticalmente num tendidos, segurando a barra com afastamento equi-
pé só". Trocar de perna e revezar o exercício com o valente à largura dos ombros: tracionar a barra à
companheiro. altura do peito, por extensão total das pernas e por
flexionamento dos braços e rotação dos punhos. A
N — Exercícios diversos barra deve ser puxada o mais próximo possível do
corpo, e no momento do encaixe deve haver uma
1 — De pé, em afastamento lateral, de costas para semiflexão das pernas, para que haja uma boa con-
a parede: tocar a parede, por extensão do corpo e dição de entrar com o peito sob a barra.
braços, com as mãos acima da cabeça; flexionar 1.3 — Agachamento. Objetivo: fortalecimento dos
para a frente e tocar novamente a parede com as músculos das pernas.
mãos por baixo das pernas. Em pé, barra apoiada sobre os ombros. As
mãos devem estar afastadas dos ombros 30cm, em
cada lado. Flexão e extensão das pernas, pausada- mentos devem ser distribuídos da seguinte forma: 2/3
mente. do tempo dedicados ao detalhe técnico, sem emprego
Exercícios específicos total da força; 1/3 do tempo dedicado a arremessos
para verificar a performance. O total de arremessos
2
diários deve ser superior a 80, inclusive os de
- Puxada do solo com pernas flexionadas. aquecimento. O arremesso completo com
Objetivo: fortalecimento dos músculos dos punhos, deslocamento ou com giro deve ser feito com fre-
das costas e das pernas. qüência, para que o atleta não esqueça a gesticula-
Em pé, tronco ligeiramente inclinado à frente, ção no seu todo.
costas retas, médio afastamento lateral das pernas Antes de uma competição, observar o seguinte pro-
flexionadas. Afastamento das mãos equivalente à grama:
largura dos ombros. Tracionar a barra por exten- três dias antes: treino técnico; dois
são do tronco e pernas, simultaneamente. dias antes: trabalho bem leve;
2 2 — Rotações e flexões do tronco com peso nos véspera: repouso absoluto.
ombros. 1° exercício — Objetivo: fortalecimento dos
músculos das pernas, músculos laterais e LANÇAMENTO DO MARTELO
posteriores do
tronco. Sob a orientação do Prof. Roland Klein, (vice-
Em pé, perna direita flexionada e com médio campeão alemão da categoria júnior, com 20 anos de
afastamento ântero-posterior. Tronco inclinado à idade), a equipe constituída do coordenador, Prof. Ivo
frente, mantendo-se em alinhamento com a nuca e da Silva, do Paraná, Prof. Pedro Américo de Souza
calcanhar do pé esquerdo. Barra sobre os ombros, Sobrinho, realizando curso de especialização em
segura por ambas as mãos a mais ou menos 20 cm Colônia, e dos atletas Celso Joaquim Moraes (RS),
das espáduas. Girar sobre o pé direito e fazer rota- Fernando Sérgio Barwinski (PR), Antônio Carlos
ção dos quadris e do tronco, simultaneamente, da Barbieri Soares (RS), iniciou os treinamentos no
direita para a esquerda. sportinstitut da Universidade de Mainz, sendo
2º exercício — Objetivo: fortalecimento dos mús realizados, em média, onze vezes por semana,
culos laterais e posteriores do tronco. divididos em três partes principais:
Em pé, médio afastamento das pernas lateral-
mente, barra sobre os ombros, segura por ambas as a) — condicionamento físico geral;
mãos a 20 cm das espáduas. Fazer rotações para a b) — treinamento de força;
esquerda e para a direita. Variação: na mesma posi- c) — treinamento técnico.
ção, fazer flexões laterais do tronco.
A — Condicionamento físico geral
P — Considerações gerais sobre o peso e o disco Realizado 2 vezes por semana e normalmente
composto dos seguintes trabalhos:
1 - Aquecimento 1. Lançamento de peso para trás por cima da ca-
beça com ambas as mãos.
Deve constar de trote de 10 minutos, exercícios de 2. Lançamento de peso para a frente com ambas as
flexibilidade gerais e específicos. mãos.
3. Lançamento de peso simulando a finalização do
2 - Final dos treinos (volta à calma) arremesso do martelo.
4. Saltos sobre barreiras.
Trote leve de 5 a 10 minutos. Basquetebol. Natação. 5. Lançamento vertical do medicine ball.
6. Saltos sobre plintos
3 - Velocidade 7. Saltos com lastro nas costas.
8. Exercícios para os músculos abdominais, das
Devem ser realizados após os trabalhos de força costas e laterais do tronco, com e sem medicine ball.
tiros de 30, 40, 50, 60m a 70%. Saídas de taco, com
30, 40 e 50m. B — Treinamento de Força 3

4 - Observações finais vezes por semana:

Os treinamentos técnicos de arremessos e lança- 2ªse 6ªs Feiras:


1. Arranco.............6 a 8 séries com 6 a 8 repetições
2. Agachamento... 8 a 10 séries com 6 a 10 repetições Molinete
3. Supino ................ 6 séries com 4 a 10 repetições
4. Flexão do tronco em decúbito ventral... 8 séries de A maioria dos lançadores de martelo no
10 repetições. mente fazem 2 molinetes, sendo que, no
momento da passagem desta fase para o giro, o
5ªs - feiras: aparelho não deve estar já com uma velocidade
1. Encaixe.................... 8 séries de 5 a 6 repetições alta, consideran-do-se a velocidade nos giros.
2. Agachamento .............. 8 séries de 10 repetições A posição básica inicial dos pés
3. Levantamento de terra ..............8 séries de 8 a 10 corresponder a mais ou menos a distância dos
repetições ombros e as pernas já deverão apresentar uma
leve flexão na qual os joelhos estarão (numa
C — Treinamento técnico linha vertical) mais ou me-nos acima das pontas
dos pés.
Foi realizado 6 vezes por semana através de 5 Iniciado o movimento do molinete, o lança-
sessões com lançamentos de martelos de 7,257 kg e dor deverá procurar nao deslocar-se do eixo que
8 kg e uma de educativos dentro do Halle (ginásio tem como base a coluna, ou seja, no momento
coberto) com sacos de areia pesando 10 kg, presos em que o martelo atinge seu ponto mais alto o
a uma corrente com manopla. arre-messador não deve ceder à força centrífuga.
As sessões de lançamentos eram compostas Para isto, além de procurar manter o eixo fi-xo,
dos seguintes trabalhos: ele deverá neste momento lançar o ombro dire to,
imediatamente para trás, procurando com isto obter
1. Execução de 1 molínete e 1 giro seguido de 1 um maior caminho de aceleração durante a fase de
molinete e 1 giro, e assim sucessivamente (total descida do martelo.
médio: 10 séries). Além disso deve-se evitar qualquer
2. Lançamentos com 3 giros procurando observar a movímento de tronco, procurando com isso
técnica (total médio diário: 30 lançamentos). possibilitar que o corpo fique bem fixo e em
As sessões técnicas no Halle compunham-se condições ideais para a entrada no giro.
dos seguintes educativos: Denomina-se de fase de transição à fase
1 molinete e 1 giro, e assim sucessivamente. 1 com-preendida entre molinete e giro, podendo-se
molinete e 1 giro, 1 molinete e 2 giros. dizer que esta é a mais importante e decisiva do
1 molinete e 1 giro, 1 molinete e 3 giros. lança-mento.
2 molinetes e 3 giros. 2 Durante esta fase é preciso que o arremessa-
moinetes e 4 giros. dor já se concentre na aceleração do giro, quando o
1, 2, 3 giros com um sarrafo de 3m colocado nos martelo ainda estiver no ponto mais alto do segundo
ombros. molinete.
Esta aceleração não deve ser feita através de
Testes trabalho de braços ou tronco, mas apenas através de
um abaixamento do centro de gravidade e trabalho
1. Lançamento de peso para trás com ambas as de quadril.
mãos (7,257 kg).
2. Finalização do lançamento do martelo com peso Giros
de 7,257 kg.
3. 5 saltos "rã" sem pausa. Tendo o martelo atingido o seu ponto mais
4. Arranco, encaixe, supino e agachamento. baixo, a perna direita precisa já ter iniciado a saída
Objetivos: 1 e 2, força de lançamento para o giro, quando estará semiflexionada, bem
3, força de salto próxima da esquerda e orientada pelo joelho, obje
4, força máxima. tivando uma rotação ideal do corpo.
Para uma entrada no giro mais fácil, seria
Considerações técnicas sobre o lançamento do mar- aconselhável que o martelo, na finalização do moli-
telo realizado pela esquerda. nete, estivesse descrevendo uma linha o mais para-
O lançamento do martelo compreende basicamente: lelo possível ao solo.
Molinete, giro e lançamento propriamente dito ou Perna de giro: Ainda com relação à entrada no
finalização. giro, a perna esquerda flexionada torna esta fase
mais fácil.
Perna direita: Tendo a perna direita iniciado a
movimentação para o giro, o atleta já deverá pensar


no contato com o solo e na impulsao que deverá para isto é preciso que o pé direito, logo no início da
ser feita por esta mesma perna sobre o solo; com fase, seja apoiado no chão o mais cedo possível, ou
isto procurar-se-á evitar um intervalo entre o con- seja, quando o martelo ainda está bem atrás.
tato impulsao. Estes dois movimentos, de apoio Imediatamente após o contato do pé direito com
e impulsão deverão se constituir num movimento o solo, citado acima, é necessário que se faça o mais
único. rápido possível o trabalho de perna e quadril.
O deslocamento (giro) dos pés neste momento
Finalização não será feito como nos giros normais, pois o giro da
perna esquerda será feito sobre a parte anterior do
A terceira e última fase é a do lançamento pé, ou se possível até mesmo sobre todo o pé.
propriamente dito ou finalização. O quadril estará com um giro de mais ou menos
Ela vai do momento em que o atleta toca o 90° considerando-se a direção do lançamento.
solo com o pé direito, no último giro, até a perda Tendo o martelo atingido o seu ponto mais
total de contato com o implemento. baixo nesta fase, inicia-se a extensão de pernas.
A trajetória percorrida pelo martelo nesta fase Nesta extensão de pernas, é preciso que o ar-
diferencia-se de atleta para atleta. remessador procure distribuir o peso do seu corpo
Os bons arremessadores conseguem com que igualmente nas duas pernas.
este caminho tenha um ótimo rendimento, mas

SALTO EM ALTURA - RELAÇÕES DE MOVI-


MENTO

PRINCÍPIOS BIOMECÂNICOS E METODOLO-


GIA DO TREINAMENTO
Esses fatores devem estar combinados.
Consideremos, para o salto em altura, as se- Devem objetivar um desenvolvimento da força ver-
guintes fases: corrida preparatória; impulsao; fase de tical. Existe, portanto, uma dependência entre eles.
vôo (transposição); aterrissagem. Saltadores menos qualificados correm mais ve-
Podemos também reduzir essas 4 fases a 2: lozmente que os mais qualificados, porém não con-
corrida preparatória, preparação para a impulsao e seguem transformar a velocidade horizontal em ver-
impulsao; transposição e aterrissagem. tical. Portanto, existe uma velocidade horizontal ideal,
que deve ser transformada em velocidade vertical,
Essas fases têm uma importância relevante, sendo que essa VH depende dos fatores já citados.
numa relação contrária ao salto em extensão. A No salto em altura, temos uma VH.quese transforma
corrida preparatória no salto em altura tem menor em Vov (velocidade de vôo vertical), e isso é que vai
relevância que no salto em extensão. A fase de vôo é permitir a ultrapassagem. Se VH for insuficiente, o
mais importante no salto em altura que no em saltador irá cair sobre o sarrafo. Daí, nada valer uma
extensão. A aterrissagem no salto em extensão im- grande força vertical sem uma VH ideal.
plica, ainda, ganho de rendimento, enquanto que no A corrida preparatória deve possibilitar um
em altura o objetivo é apenas evitar traumas. ponto ótimo de impulsao (portanto, a impulsao é
Corrida preparatória e preparação para a im- conseqüência de passadas determinantes para o
pulsao — Basicamente, a corrida preparatória tem bom ponto de impulsao), sendo que este ponto de
grande importância para o salto, porém menor no impulsao é individual.
salto em extensão, pois, enquanto neste se procura Independentemente do ponto de vista biome-
desenvolver uma velocidade máxima, no salto em cânico, com relação às parábolas de salto (trajetória
altura se objetiva uma velocidade ótima. do CG), podemos ter curvas mais fechadas e mais
A corrida preparatória do salto em altura de- abertas. Segundo a biomecânica, as curvas mais fe-
pende do nível técnico da preparação para a impul- chadas sao de maior rendimento. Porém, o que se
sao e da capacidade de amortecimento, o que de-
pende da força dinâmica negativa.
ganha em altura, perde-se em distância (do ponto de Portanto, na corrida preparatória, deve-se
impulso à queda). au-mentar a velocidade enquanto houvera
possibilida-de de aproveitá-la, em termos
técnicos e de trans-formação da VH em VV.
É determinado conforme o gráfico abaixo

A velocidade horizontal é brecada com o cal-


canhar e transformada em velocidade vertical, e é
essa a função do apoio do pé no solo. Temos aí o r = linha paralela ao sarrafo A
efeito de alavanca. e B = pontos de impulsao C e
Essa desaceleração não deve ser muito forte, D = início da corrida Y=
pois é necessário ganhar trajetória para cima e para ângulo da corrida
a frente. No volibol, por exemplo, é possível ganhar
trajetória somente para cima, pois a corrida é lenta e O ângulo de corrida no flop nos dá menos
o impulso é nas 2 pernas. informações que no stradle, pois no stradle
Quanto à corrida preparatória, temos que pode-se determiná-lo, e no f/op temos muitas
abordar os seguintes aspectos: distância, velocidade, variações de alfa.
ângulo e ritmo. A relação de impulsao e ângulo de impulsão
Distância — Nos Jogos Olímpicos em 1972, no não é determinada por ângulo de corrida. 0
f/op foram usadas de 7 a 13 passadas. No stradle, ângulo de corrida nada diz em relação à curva,
além de 2 passadas preparatórias, mais 5 a 11 daí as diferenças renciaçôes para diferentes
passadas de corrida. No f/op, mais de 80% dos saltadores. Existe, sim uma tendência dos
saltadores usaram 9 passadas, inclusive as mulheres. melhores.
Quanto maior a corrida, maior a velocidade final, e é Em Munique, constataram-se corridas, não
preciso saber até que velocidade é possível haver em curva, mas em forma de espiral. O ângulo de
um aproveitamento final. corri-da variou de 45º a 90°. Na grande maioria dos
Deve-se conseguir uma velocidade ótima nas 3 saltadores o ponto de impulso estava a 1,50m do
últimas passadas (preparação para a impulsao). Aqui sarrafo.
a velocidade não é aumentada. Com apenas 5 a 7 A última passada de R. Fosburg no flop era
passadas, sobram poucas para conseguir a aceleração paralela ao sarrafo, o que biomecanicamente não é
necessária, e aí o que acontece normalmente é que válido, pois determinava uma reta. No stradle, o an-
se acelera até o final. 9 passadas são uma boa corrida gulo de corrida vai de 25° a 40°. No flop, o ângulo
para o salto. No stradle, o ponto de impulsao é mais de corrida é maior que o ângulo de impulso. Quanto
perto do sarrafo e o impulso é dado mais na vertical. menor o ângulo de impulsao, maior o nú-mero de
Velocidade — Depende da distância da corrida grupos musculares utilizados, e só é pos-sível
preparatória. Não é válida a afirmativa de que a determinar exatamente o ângulo de impulsão por
velocidade no f/op é maior que no stradle. Djatkow, eletromiografia.
treinador de Valery Brummel, constatou, em seu salto
de 2,28, uma velocidade de 8m por segundo na
último passada; e até então nenhum saltador de f/op
chegara a velocidade superior a essa.
Saltadores de nível de 2 metros atingem velo-
cidades de 6,5 a 7,0 m/seg. Para iniciantes, até 5,8
m/seg. Essa é uma das características de diferença
entre atletas iniciantes e qualificados.


Segundo o Prof. Letzelter, por esta variabili- penúltima passada é maior. A vantagem disso é que,
dade de alfa e alfa linha não se pode determinar na última, o CG já estaria em fase de elevação;
homogeneidade em atletas de nível elevado. portanto, a força de impulsao encontraria a massa já
Ritmo - Temos dados semelhantes no flop e em aceleração.
no stradle, que determinam a velocidade da corrida. A determinação do ritmo das passadas não tem
'Diferenciamos 2 fases: variação de velocidade e pre- estudos concluídos. Todas as afirmativas são feitas
paração para o impulso. Tanto no f/op como no em termos individuais.
stradle, temos, de forma gradativa, a preparação A impulsao consta de: preparação para o salto e
ara a impulsao nas 3 últimas passadas. A variação transformação da aceleração horizontal em acele-
DO ritmo das últimas passadas é determinada por ração vertical; ganho de um maior espaço de ace-
oassadas mais largas, passadas sobre o calcanhar e leração, que se deve percorrer com a maior veloci-
pelo CG, que é abaixado. dade possível; rotação.
Estas 3 passadas preparatórias têm a função As rotações se sucedem sobre 3 eixos: longitu-
de programar a posição de impulsao; daí o fato de dinal, onde se faz o primeiro giro (encontramo-lo na
os saltadores de stradle correrem mais de calcanhar, ultrapassagem do sarrafo na técnica do rolo ven-tral e
retrocedendo o CG. No f/op ocorre algo semelhante no início do flop (impulsao); transversal (aparece
procurando-se, com a corrida sobre o calcanhar, sobre o sarrafo, no f/op); e ântero-posterior (surge
preparar a impulsao. durante a impulsao.)
Funções da Preparação para a impulsao — Na verdade, o que acontece é uma cadeia de
I — Posicionamento do CG baixo no momento do rotações que se sucedem, atuando sobre todos os
impulso: quanto mais baixo o CG, mais alta será a eixos. Toda rotação é dirigida quando ainda em
componente vertical. A velocidade vertical da im contato com o solo. Após a perda de contato com o
pulsao é dependente do tamanho do caminho de solo, a rotação só pode ser acelerada ou retardada
aceleração vertical e da intensidade dessa acelera através de determinados gestos.
ção. O tamanho do caminho de aceleração é depen É importante notar que todo potencial ener-
dente da técnica, e a intensidade depende da força. gético para a rotação é ganho no impulso, e parte do
A*. O caminho de aceleração, que iria somente de potencial energético para o impulso é gasta com o
B a A, é aumentado para baixo, devido ao A * movimento de rotação. Daí necessitarmos despender
atraso do CG (tronco e braços para trás) — B' a B —, o mínimo de energia para a rotação, só o sufi-cente
e também aumentado para cima, pelo trabalho da para sua utilização na ultrapassagem.
perna de balanço e braços para cima — A a A'. Fases da impulsao: apoio do pé no solo, amor-
* tecimento (dinâmica negativa) e desaceleração; ex-
tensão da perna impulsora e aceleração.
B*
Apoio do pé no solo — tanto no f/op como no
No stradle e f/op, algo semelhante ocorre para stradle, o contato é feito com o calcanhar. O grau de
aumentar esse caminho de aceleração: extensão da intensidade é diferente entre as duas técnicas, maior
perna de apoio, balanceamento da perna livre e tra- na segunda e mais veloz na primeira. Na prática,
balho de braços. Do balanceamento da perna livre e deve-se sempre objetivar esse apoio com o
trabalho de braços, resulta uma maior pressão adi- calcanhar.
cional da perna de impulsao (pressão reativa), ga-
Amortecimento e desaceleração — Há um
nhando-se força reativa. abaixamento do CG e pressão contra o solo, pressão
Encontraram-se valores de 117 kp como pres- que não leve a perna impulsora a ceder dema-
são reativa sobre a perna de impulsao, em movi-
siadamente. Esse amortecimento resulta da força
mento de balanceamento da perna livre estendida no dinâmica negativa, que diminui a velocidade hori-
stradle, enquanto no f/op, com perna flexionada, zontal.
aproximadamente 76 Kp.
A fase de amortecimento termina quando se
II — Condições ideais da perna de balanceamento
verifica o menor ângulo entre coxa e perna, inician-
e braços (mais importante para o stradle): deve-se
do-se aí a fase de aceleração, É ainda na fase de
ter uma posição em que se possa movimentar per
amortecimento que se cria uma grande tensão mus-
nas e braços rapidamente para cima. Deve-se obter
cular, que atuará na fase seguinte. Essa tensão pos-
uma maior força reativa na perna de impulsao.
sibilitará uma maior aceleração, com um movimento
O comprimento das 3 últimas passadas sofre
explosivo.
muitas variações, segundo vários autores. No f/op, a
Extensão da perna impulsora e aceleração — Após a
fase de amortecimento, inicia-se a de aceleração, com
uma extensão vigorosa da perna de
impulsao. Sucede-se um trabalho em cadeia das ar- logo após a impulsao ocorre uma rotação no e
ticulações, começando com o da musculatura da longitudinal, sendo que essa rotação seria
perna, continuando com o da coxa, glúteos e dorsais. prejudi-cada caso a perna estivesse estendida.
Desse trabalho de contrações em cadeia, resultam a
Fase de vôo
extensão e a aceleração.
Considerando-se a relevância da
Tihleh, pesquisador em Leipzig, difiniu em seu
preparação e impulsao para o salto, devemos
livro Anatomia Funcional os músculos que atuam em
saber que, na fase de vôo, o importante é o efeito de
cada prova. Com base nesse estudo, sabemos que
rotação e a colocação dos segmentos. Sabemos que,
para o salto em altura devem ser trabalhados os
após a im-pulsão, não mais pode ser alterada a
seguintes músculos: posteriores da perna: (sóleo e
trajetória do CG. 0 que se pode alterar é a
gastroecnêmio) agachamento seguido da extensão
distribuição da massa dos segmentos em relação ao
do pé; quadríceps femuraI: leg-press (sentado) e
CG. Quando se abaixa uma certa massa, eleva-se
agachamento; glúteos máximos e mínimos:
outra. Temos um exemplo plo na transposição do
agachamento com extensão total da coxa, perna e
sarrafo na técnica do flop Para se elevar o quadril,
pé.
abaixam-se tronco e cabeça com a posterior
Durante a impulsao, paralelamente à força de
elevação das pernas.
extensão da perna, atuam as forças de balancea-
mento dos braços e da perna livre. Esses balan-
ceamentos têm dupla função: criar uma força reativa Princípios básicos do salto em altura
e dar maior elevação ao CG.
a) A curva de vôo, após a impulsao, não poderá ser
Ficou provado por um pesquisador da DDR que
modificada.
é possível elevar cerca de 10cm o CG pelo auxílio
dos balanceamentos. b) Nenhum movimento no ar, após a impulsao,
modificará a trajetória do CG. O que poderá ser
modificado são os caminhos percorridos pelos seg-
mentos em relação ao CG.
c) Todos os movimentos no ar exigem movimentos
compensatórios. Se elevarmos a massa de um seg-
mento, deveremos abaixar a massa de outro, e vice-
versa.
d) Os movimentos rotacionais, necessários no salto
em altura, são criados na fase de impulsao, podendo
ser mais velozes ou mais lentos.

Técnica do flop

Corrida preparatória — É feita uma corrida em


Como se observa no gráfico, a curva de vôo curva, de modo mais ou menos pronunciada. Deve o
inicia-se 10cm acima, aumentando o caminho de saltador atingir uma velocidade de aproximadamente
aceleração e criando maior velocidade de vôo. O 6 metros por segundo.
caminho de aceleração pode ser aumentado com a Inicialmente, pensava-se que a vantagem da
melhora do nivel técnico e através da melhora da corrida em curva era o aproveitamento da força
força dinâmica negativa ou força de amortecimento. centrífuga, que projetaria o atleta em uma tangente a
E esse caminho deve ser percorrido o mais ve- essa curva, criando o componente horizontal ne-
lozmente possível. cessário à transposição do sarrafo. Assim sendo, a
A respeito da perna livre ou de balanceamento, energia poderá ser melhor aproveitada para a im-
Djatikow acha melhor, no rolo ventral ou stradle, pulsao vertical. O que contradiz essa afirmativa é o
lançar a perna de balanceamento estendida. fato de que só existe força centrífuga até o momento
Trabalhando-se essa perna flexionada, ela alcança em que existir a força centrípeta. E essa força
uma velocidade de 0,52 m/s a mais que se fosse centrípeta só existe quando o atleta corre em curva.
trabalhada estendida (estendida, a velocidade é igual No momento da impulsao, não mais existe a força
a 1,190 m/s). Porém, à força reativa criada com a centrípeta, ao mesmo tempo em que cessa a força
perna estendida é muito maior que com a perna centrífuga, devendo então o saltador criar uma
flexionada. pequena componente horizontal para ajudá-lo a
No flop, não se utiliza a perna estendida, pois transpor o sarrafo.
rá ser mais aberta (grande raio), o que possibilita
maior velocidade, mas obriga o atleta a ter maior
força de amortecimento. Por isso, quanto mais veloz
for a corrida, maior terá que ser a força dinâmica
negativa. A escolha da curva, portanto, será de
acordo com a condição do atleta.
Essa corrida deverá ser ritmada. As duas últi-
mas passadas não poderão ser paralelas ao sarrafo.
Na penúltima passada, o corpo já deverá estar reto-
Vantagens da corrida em curva —
mando a posição vertical.
Quando se corre em curva, inclina-se o corpo
Impulsao no flop: Está no meio termo entre a
para dentro da mesma aproximadamente 30°. Essa
impulsao no rolo ventral e o salto em distância.
inclinação resulta em um abaixamento do CG, au-
Podemos dizer que é uma impulsao mal feita no rolo
mentando desse modo o espaço de aceleração na
ventral. Essa impulsao é preparada nas três últimas
hora da impulsao.
passadas, tocando-se o solo primeiramente com o
calcanhar, e a inclinação do tronco e CG para trás é
menos pronunciada do que no rolo ventral. Em se
comparando as três últimas passadas do salto em
altura com a distância, vemos que os contatos das
três últimas passadas são mais pronunciados no
calcanhar, e por mais tempo que no salto em
distância.
Segundo pesquisas da Sra. Kuhlow, o tempo de
contato das três últimas passadas dá-se com dife-
renças nas técnicas: no f/op — 0,18 a 0,22 seg; no
XY = atleta na vertical ZY = atleta inclinado para stradle — 0,20 a 0,24 seg. A desaceleração no f/op é
dentro da curva altura do CG quando se corre em maior que no salto em extensão. Portanto, não se
linha reta b = idem quando se corre em curva c = deve comparar a impulsao no f/op com a impulsao no
salto em extensão.
ganho do caminho de aceleração do CG
Vantagens e desvantagens quanto às técnicas
— Não se pode precisar qual a melhor técnica.
2) Na última passada, há o endireitamento do corpo,
Sabemos que o aprendizado no f/op é muito mais
isto é, a passagem da posição inclinada para a
fácil. O f/op é uma técnica ideal para atletas mais
vertical, provocando desse modo uma aceleração ao
velozes, mas esta velocidade também não seria pre-
CG e à massa. No momento da impulsao, devido a
judicial na técnica do stradle. Os decatletas e pen-
esse endireitamento do corpo, já haverá uma acele-
tatletas utilizam geralmente a técnica do f/op pela
ração, proporcionando uma maior velocidade vertical
simplicidade da movimentação e por necessitar me-
de vôo.
nos tempo para treinamento. Tendências modernas
A corrida preparatória pode ser em uma curva
com relação à corrida do f/op e stradle mostram que
fechada (pequeno raio), que obriga o atleta a dar
estão se tornando iguais em curva, apesar de ainda
passos menores e a diminuir a velocidade. Ou pode-
não se terem determinado as melhorias do
experimento.

PESQUISA - SALTO EM EXTENSÃO Determinamos 4 fases no


salto em extensão: a) corrida
preparatória; b) fase de impulsao; c) fase de vôo; d)
Temos no salto em
aterrissagem ou queda.
extensão um maior volume de treinamento que nas
provas de sprint devido à maior importância da Segundo Schmolinsky, a corrida preparatória
técnica. No planejamento do treinamento, 3 fatores ocupa uma proporção de 3 para 1 em relação à fase
são considerados: condição geral, condição especial
e treinamento técnico.
de impulsao. As duas são, portanto, as fases mais diferença bem acentuada na velocidade. Portanto
importantes do salto. Tanto saltadores em extensão Rosendahl poderia ter feito melhor, sendo impedi-da
como de triplo precisam ter qualidades de por algum outro fator limitante, como força de
, sendo muito importante para eles o treinamento impulsao ou técnica. A brasileira Silvina, por exemplo
de velocidade. plo, que no teste de força de salto horizontal con-
Treinamento da condição física — Não acarreta seguiu 17,05; Micklan tem 16,30m (6,76m em ex-
maiores problemas, pois várias das características tensão). Silvina correu os 60m em 7".2, apenas 1
do salto em extensão sao dimensões não-moto-ras e décimo acima do recorde mundial. Vemos daí que
podem ser treinadas em conjunto — por exemplo, a seu resultado, no salto em extensão (6,50),, não
força de salto (vertical e horizontal) e força de sprint. condiz com sua condição, talvez por um problema de
No caso, a força de salto vertical é considerada técnica. Concluímos que seu treinamento deve ser
como uma condição geral, ao passo que a força de baseado em técnica de impulsao e aterrissagem
salto horizontal representa para o salto em extensão Um fator importante para o salto são as 3
uma condição especial. últimas passadas; um erro grave é o alongamento
Uma pesquisa realizada para se determinar a da última passada, que acarreta má tomada de
relação entre os 100m e o salto em extensão, com impulso e perda de velocidade pelo aumento da
atletas entre 7,50m e 8,16m, com velocidade entre amplitude, e conseqüente diminuição da
10 seg e 10,6 seg, mostrou r = 0,72. Esse resultado é freqüência.
bastante significativo, porém temos que considerar Uma velocidade diminuída em 0,10m/seg
que a corrida para o salto é de somente cerca de tem como conseqüência a perda de 0,12m no
35m, e não entram fatores como resistência de resul-tado do salto.
sprint. Daí ser difícil estabelecer uma correlação A preparação para a impulsao não deve levar
entre os 100m e o salto em extensão. a uma queda de velocidade. Isto, porém, não é
Para maior esclarecimento, citamos alguns possí-vel, e o que se deve fazer é evitar ao
exemplos: máximo essa queda, É preciso chegar à fase de
Rosendahl.................... 6,84m 11". 1 nos 100m; impulsao com a máxima velocidade possível.
Micklan ........................ 6,76m11".1 nos 100m; Componentes para o salto em extensão.
Viscopokelian .............. 6,82m 1 1".4 nos 100m;
Schmiller...................... 6,58m 11".6 nos lOOm.
Pode-se notar que bons resultódos no salto em
extensão dependem de bons resultados nos l00m,
porém a diferença nos 100m é maior que a diferença
no salto, É um bom indicador, mas não um fator
absoluto. Pequenos fatores, dentro de uma homo- Vo = velocidade de vôo
geneidade, assumem valores e papéis importantes, = ângulo de vôo VH =
que implicam na diferença dos resultados. velocidade horizontal Vv =
Segundo pesquisas de Gundlach (DDR), com velocidade vertical
saltadores acima de 7,20 e saltadoras acima de 5,80,
temos os seguintes coeficientes de regressão: para Na fase de impulsao, a velocidade horizontal é
homens: b = 1,24, o que significa que uma melhora diminuída, devido à transformação em velocidade
de 1 m/seg nos 6m finais da corrida para o salto vertical. A velocidade de vôo determina a distância de
acarreta uma melhora de 1,24m no salto. Para as vôo durante o salto, em relação ao CG. Quanto maior
mulheres, 1 m/seg a mais acarreta 1,18m no salto. a velocidade vertical, menor será Vh2; portanto, aqui
Esses valores só servem para exemplificar, pois em salta-se mais alto e com menor distân-1 cia. O ideal é
nível elevado é dificílima uma melhora tão grande. transformar ao máximo a velocidade horizontal VH1
Como lei básica do treinamento, dizemos que é em Vo. Nisso se resume toda a problemática do
possível melhorar o salto, desde que se melhore o saltador em extensão. Quanto melhor a relação
resultado na velocidade. Deve-se analisar até que VH1/Vo, melhor será a relação de impulsao. A força
ponto a velocidade do atleta é boa ou má em relação de gravidade influi no ângulo de vôo ideal.
ao resultado do salto, e qual a possibilidade de Ângulo de vôo é o ângulo formado pelo CG1 no
melhora dessa velocidade. Rosendahl, com 11". 1 momento de deixar o solo, o que depende da fase de
nos 100m, saltou 6,84m, enquanto que Alfayeva, com impulsao. Por isso, é importante esta componente
11 ".5, saltou 6,78, quase o mesmo, com uma vertical, que é também determinante na relação ao e
Vo.


um espaço de 30cm, situado a uma distância de
70cm do caixote. Esse teste mede a força dinâmica
negativa ou de amortecimento.

8) Força de salto horizontal. O procedimento é o


mesmo do teste anterior, porém deve-se cair em um
espaço de 0,40m, situado a 2,10m de distância do
caixote, quando então se toma novo impulso. Tam-
Quanto maior maior será ao.
bém mede a força dinâmica negativa.
Temos um ângulo pequeno quando o atleta
entra na fase de impulsao, com o corpo inclinado
para a frente. Em conseqüência, o ao também será
pequeno. Quando, na fase de impulsao, o CG está
atrasado, temos os ângulos grandes.
As duas formas constituem erros. Quanto maior 9) Força máxima de extensão de ambas as pernas,
maior será a força de impulsao vertical. testadas uma de cada vez, na máquina de força.
Em Munique, foi encontrado um ângulo de vôo Mede a força máxima estática.
de 18° a 20° no salto em distância, e de 60° a Pelas variações de ângulos, este é um teste im-
6°, no salto em altura. Deve o atleta saltar possível de ser comparado interindividualmente, a
mais alto no salto em extensão? Segundo o menos que sejam fixados os ângulos.
Prof. Letzelter, vemos graves erros cometidos O objetivo da pesquisa, portanto, seria deter-
nesse sentido. Basicamente, o aumento da minar quais as qualidades mais importantes para o
componente vertical resulta em diminuição da salto em distância:
componente horizontal do resultado, porém a maioria a) velocidade de corrida;
dos atletas ainda salta bastante alto. Como causa b) força de salto horizontal;
determinante disto, temos as variações das últimas c) força de salto vertical;
passadas, principalmente com iniciantes. d) força de amortecimento;
A variação da força vertical deve ser resultante e) força máxima.
de uma melhora da força de salto vertical, e não um Analisaremos as 4 qualidades básicas dos salta-
problema de técnica. dores: força de salto vertical; força de salto hori-
Condições dos saltadores em extensão (pes- zontal; força de amortecimento; velocidade de cor-
quisa realizada pela técnica Kuhlow e o aluno rida.
Peterson, através de testes). Os resultados dos atletas pesquisados corres-
1) Corrida de 20m, lançado. pondem a 35% menos que os resultados de compe-
2) Salto normal, medindo-se a velocidade nos últi- tição, pois foram obtidos em treinamento.
mos 6m. G - 6,31 a 7,43 X = 6,95 X- média
3) A partir de 3 passadas de corrida, 6 saltos com • Teste 1 - (T1) (20m, lançado) - 1,891s a
pernas alternadas. 2,177s X =2,029s
4) Salto parado, com impulsao em uma só perna, e 1,891s em 20m eqüivalem a 10,4s nos 100m
aterrissagem na perna contrária. O teste avalia força 2,177s em 20m eqüivalem a 11,8s ou 11,9s nos
de impulsao e economia de aterrissagem. 100m
5) Idem com impulsao em ambas as pernas. Mesmo 2,029s em 20m eqüivalem a 11,0s nos 100m e
objetivo anterior. 7m no salto em extensão.
6) Teste de força de salto vertical, com corrida Podemos verificar que existe uma grande va-
preparatória e impulsao em uma só perna ou em riação entre os melhores e os piores nos 20m.
ambas. • Teste 2 - (T2) (6 metros finais antes da tá
7)Força de salto vertical, saltando-se de sobre um bua)
caixote de 80cm e caindo-se ao nível do solo, em 0,597s a 0,686s X = 0,623s (em metros por
segundo)
Dividindo esse valor por 6, para acharmos a Quando há uma determinada variação (±) no
média, por metro e multiplicando por 20, teremos o desvio—padrão, teremos uma variação para mais
tempo nos 20m. ou para menos em uma outra performance.
Vejamos os resultados de uma pesquisa COM
1.000 alunos de curso primário no salto em
extensão
Subtraindo-se da média dos 20m lançados, te-
resultados de 4m a 5m w = 1m
remos = 0,047, que multiplicado por 5 nos dará a
w = amplitude de variação Verificou-se que a grande
diferença de tempo nos 100m: A 100=0,235s.
maioria fez resulta-dos perto da média = 4,50m.
Portanto, nos 6 metros finais, a velocidade é
um pouco maior que nos 20m lançado. A maioria ficou para mais ou para menos perto
• Teste 3 — (T3) (6 saltos com 3 passadas pre
paratórias) _
17,00m a 20,50m X = 18,41 -aproximadamente
7,0m no salto.
• Teste 4 - (T4) (um salto, ímpulsionando-se
com um pé e caindo-se no outro)
2,35m a 3,14m X = 2,77m, mais ou menos 7,0
no salto.
• (Teste 5 — (5) (um salto, com impulsao em 4m
uma perna, caindo com as duas de 4,50.x
2,56m a 3,27m X = 2,88 = 7,0m no salto Elimina-seTX e YR para o estudo do desvio
Subraindo-se T5 de T4 2,88 - padrão. S = Desvio-Padrão. Igual a M S = 68% dos
2,77 = 11cm. Esses 11cm nos dão o grau de apro- alunos pesquisados. Os outros 32%encaixam-se
veitamento na aterrissagem. entre os eliminados {vide gráfico).
• Teste 6 — (T6) (força de salto vertical com
impulsao em um só pé) AMPLITUDE DE VARIAÇÃO
63cm a 83cm X = 72cm = 7m no salto.
• Teste 7 - (T7) (salto vertical e força dinâmi Foi realizada uma pesquisa com 30 alunos no
ca negativa) _ salto em distância: 4m a 5m W = 1m
43cm a 66cm X = 58cm W = amplitude de variação.
Subraindo-se T6 de T7 = 14cm, temos o índice Quanto menor for W, maior a homogeneidade
de força dinâmica negativa, ou capacidade de do grupo, e vice-versa.
amortecimento. Após 6 semanas de treinamento, foram reali-
• Teste 8 - (T8) (salto horizontal com amorte zados testes:
cimento) _ 3,50m a 5,50m W - 2,00m
3,10m a 4,07m X = 3,53 = 7m no salto Este teste é Aqui o grupo tornou-se heterogêneo. Porém
um indicador bastante válido do resultado do salto em verificou-se que esse resultado não era real, pois o
extensão. pior aluno havia queimado 2 saltos, e no terceiro
• Teste 9 — (T9) (força de extensão de pernas, perdido espaço junto à tábua de impulsao. 0 pior
dinâmica máxima) resultado seguinte era de 4,50. Então o grupo ficou
Deve ser realizado sempre no mesmo aparelho com extremos de 4,50m a 5,50m, com W = 1,0m.
e sempre na mesma_posição. Vamos dar agora alguns exemplos do desvio-
2,86 a 4,50m X = 3,69 padrão, dentro da pesquisa de Frau Kuhlow:
Este resultado foi obtido somando-se os resul- T1 = S = 0,08, ou seja, uma variação para mais
tados de ambas as pernas e dividindo-se pelo peso ou menos 42cm no salto em extensão.
corporal. Por exemplo:. = 3,33 kp/kg. T3 — S = 0,70m, com uma variação de mais ou
menos 30cm no salto em extensão.
DESVIO-PADRÃO T6 — S = 7cm, com uma variação para mais ou
É um dado estatístico que nos pode dizer com menos 40cm na distância.
segurança se um grupo é homogêneo ou hetero- Por esses exemplos, podemos ter uma idéia de
gêneo. quanto é importante o estudo do desvio-padrão.
A seguir, estudaremos a pesquisa elaborada
pelos suíços Nigg, Neikann e Waser.
Para entendimento da pesquisa, é ne-cessario i2 = penúltima passada; i3 =
conhecermos os símbolos abaixo: Vo= velocidade antepenúltima passada; W =
de vôo, distância do salto;
Vox = velocidade horizontal de vôo; Voz ' X - distância real do salto, isto é, do ponto exato onde
velocidade vertical de vôo; ângulo de vôo; o atleta bateu o pé;
B= ângulo de impulsao; t123 = velocidade em m/s nas 3 últimas passadas;
tK= tempo de contato com a tábua; hSP = diferença no deslocamento do CG, desde o
VA= velocidade nos últimos 6m; 69= ponto de impulsao até o ponto mais alto no vôo.
última passada; Este dado nos dá a importância da altura do
vôo no resultado do salto em extensão.

Schwarz 28 7.98 7.98 9.5 10.7 10.2 9.7 3,3 1.0 18.5 66 72 47 -5.0 107.5 42 6.57 1.17 1.11 0.62
Schwarz 17 7.94 7.95 8.0 10.6 10.1 9.5 3.0 1.1 18.5 61 76 45 -2.0 110.0 43 6.20 1.25 1.13 0.68
Schwarz 34 7.88 9.4
Baumgartner 25 7.87 7.89 12.7 10.7 10.1 9.6 3.1 1.1 17.5 56 60 46 +2.0 109.5 64 6.84 0.93 1.06 0.63
Gloerfeld 3 7.86 7.92 11.2 10.2 9.5 9.9 3.2 1.2 19.5 60 61 44 -4.0 112.0 59 6.64 1.07 1.01 0.58
Baumgartner 7 7.84 7.84 12.3 10.5 9.9 9.5 3.1 1.0 18.0 61 66 41 -2.0 109.5 53 6.37 0.94 1.10 0.62
Baumgartner 36 7.81 12.2\
Schwarz 5 7.81 7.91 10.4 10.8 10.1 9.6 3.0 1.2 17.0 64 65 44 -5.5 112.0 51 6.42 1.18 1.11 0.61
Baumgartner 13 7.75 7.80 11.5 10.2 9.7 9.2 3.2 1.0 19.1 65 64 47 +3.5 108.5 51 6.70 0.99 1.12 0.67
Bernhard 35 7.57 13.2
Bernhard 29 7.56 12.7
Frutig 8 7.53 7.69 14.3 10.3 9.3 8.8 3.2 1.12 20.0 64 69 39 +10.0 114.5 47 7.37 0.97 1.11 0.69
Rebmann 27 7.53 13.1
Bernhard 6 7.49 7.56 11.4 9.9 9.2 8.6 3.4 1.3 21.5 72 74 42 + 1.0 111.0 34 7.52 1.38 1.37 0.78
Frutig 26 7.46 7.48 13.4 10.0 9.4 8.8 3.1 1.2 19.0 61 70 39 +6.0 110.5 49 7.10 1.04 1.06 0.60
Bernhard 12 7.39 7.60 11.5 9.8 9.0 8.4 3.5 1.4 22.5 61 70 45 +6.0 113.0 49 6.88 136 1.24 0.73
Gloerfeld 32 7.38 12.3
Frutig 31 7.34 13.0
Rebmanm 22 7.29 7.37 13.3 9.9 9.4 8.8 3.2 1.1 19.5 62 70 50 +8.0 108.0 48 7.50 1.27 1.05 0.63
Bernhard 18 7.24 7.34 12.3 9.7 9.1 8.7 3.0 1.0 19.5 62 72 50 +5.0 110.0 46 6.72 1.32 1.21 0.63
Frutig 20 7.18 7.42 13.5 10.2 9.4 8.9 3.1 1.3 19.5 60 69 40 +8.0 112.5 51 7.64 1.01 1.11 0.62

Média 7.80 7.70 12.0 10.3 9.6 9.1 3.2 1.2 19.3 63 68 44 +2.0 110.5 49 6.89 1.13 1.13 0.65

Tabela 3

Através de comparações, analisaremos em que nos dão uma idéia de que, quanto maior a velocidade
proporções cada um dos dados do gráfico influi no nos últimos 6m, melhor o salto.
resultado do salto. 1) Tempo de contato — TK. 3) Velocidade de vôo — Vo.
Tomando-se os resultados de Schwarz, com Pelos dados de Schwarz, com velocidade de
7,98 no salto e um tempo de contato de 9.5 centési- vôo de 10,2m/s, Frutig, 9,3 m/s, e Bernhard, 9,1m/s,
mos de segundo (0,095), Bernhard, com 7,56 e 12,7 concluímos que, geralmente, a velocidade de vôo
centésimos de segundo (0,127), e Frutig, com 7,18m diminui com o resultado do salto. É importante saber
e 13,5 centésimos (0,135), concluímos que o tempo que isto não ocorre de uma forma determinística,
de contato dos melhores saltadores são menores. mas sim estatística, pois poderá haver exceções.
Quanto menor TK, melhor o salto, e vice-versa. Isto 4) Diferença entre VA e Vo.
ocorre porque, quanto maior for o contato, maior Analisando-se Schwarz, temos a diferença de
será a desaceleração. 2) Velocidade de corrida — 0,5 m/s, e Bernhard, 0,6 m/s. Embora essa pequena
VA. diferença seja a mesma para ambos, não se pode
Schwarz com 7,98m e 10,7 m/s, Frutig, com dizer que o rendimento no salto seja proporcional a
7m53 e 10,3m/s, e Bernhard, com 7,24 e 9,7 m/s, esta diferença.
5) Relação entre Voz e Vox. res. Não se deve em caso algum alongar as
últimas 3 passadas, mas sim diminui-las.
Voz Vox 9) Relação entre a penúltima e a última p
Schwarz 3.3 9,7
Frutig 3,2 8,8
Bernhard 3,5 8,4 Pela tabela exposta, encontramos para
Schwarz 1,17, e para Frutig, 0,97. Isto significa que,
Entre Schwarz e Frutig, nota-se uma pequena para Schwarz, a penúltima passada é 17% maior
diferença em Voz e uma diferença bem maior em que a última, e, para Frutig, a penúltima passada é
Vox. Assim como também Bernhard, que, apesar de menor que a última. Sendo na tabela o resultado
um salto fraco, tem uma Voz maior, porém uma Vox maior que 1,0, a penúltima passada será maior, e
bem menor. Conclui-se que o mais importante é a sendo menor que 1,0, a penúltima passada será
velocidade horizontal de vôo. Logicamente, dentro de menor. Analisando-se a tabela, concluímos que,
uma ótima relação com a velocidade vertical de vôo. em média, a penúltima passada é 13% maior que a
6) Ângulo de vôo - última.
Varia de 17º a 22,5°, mas os melhores saltos 10) Relação entre a penúltima e a antepenúltima
têm os menores ângulos de vôo. Isto significa que os passada
melhores saltadores saltam mais baixo, com um
Pela tabela, todos executam a penúltima
ângulo menor. Os piores saltam com um ângulo
pas-sada maior que a antepenúltima, com uma
maior, e a relação entre os componentes vertical e
média de diferença de 13%.
horizontal não é ideal.
7) Ângulo de Impulsao— Exemplo: antepenúltima = 2,00m;
É praticamente igual para todos os saltadores. penúltima = 2,26m;
Portanto, o ângulo de impulsao não é tão importante. última = 2,00m.
Mais importante é a relação ótima Vox e Voz. 11) Ahsp
8) Somatória das 3 passadas finais
Notamos que sp quase não varia entre me-
Schwarz lhores e piores. Não é um fator indicador para o bom
Frutig
6,57 e 6,20
7,37 resultado do salto. Salto em extensão
Bernhard O Professor Letzelter comentou a pesquisa de-
6,88
senvolvida por Nigg, Neukomm e Waser (27a aula)
Os melhores saltadores têm a soma analisando a tabela abaixo, onde esses pesquisado-
das 3 últimas passadas menor que os piores. Como res, através da computação de dados, obtiveram o
os melhores saltadores são os mais velozes, isto é, coeficientes de correlação entre os diversos fatores
têm uma maior freqüência, logicamente os passos e o resultado no salto em extensão.
são meno-
X -64 83 .80 .79 -.08 -.23 -.49 -.06 -.36 -.03 -.78 -.73 -.33 -.29 -.15
Tk -.43 -.55 -.50 .02 .36 .18 -.21 -.28 -.32 .77 .72 -.40 -.16 -.11
VA .94 .93 -.38 -.24 -.78 -.17 -.32 -.13 -.63 -.54 -.48 -.43 -.33
v0 .99 -.43 -.53 -.83 -.17 -.25 .10 -.70 -.63 -.38 -.44 -.39
Vox -.48 -.57 -.87 -.19 -.30 .11 -.70 -.66 -.43 -.45 -.45
Voz .42 .79 .43 .14 -.02 .15 .34 .36 .48 .62
Vx .55 .12 10 -.60 .45 .55 .08 .25 .45
.37 .38 -.06 .49 .49 .52 .63 .70
.47 -.05 -.14 .20 .45 .66 .58
.02 .17 .16 .66 .56 .48
-.13 -.29 .45 .01 -.08
.75 -.05 .08 .26
123 .04 .19 .27
2:3 .67 .50
hSP .84

Tabela 4

Legenda X - distância efetiva do salto - medida do ponto de


contato, sem se considerar a tábua.
V0= velocidade de vôo — velocidade do centro de hsp - altura do salto - variação do centro de
gravidade no momento t". Vox = velocidade de vôo gravidade desde seu ponto mais baixo, no momento
horizontal. Voz - velocidade de vôo vertical. a = da impulsao, até o seu ponto mais alto na trajetória.
ângulo de vôo — ângulo formado pela tangente à
curva (trajetória) de vôo do centro de gravidade e a
horizontal (solo). Nota — Não devemos nos esquecer que, à
frente desses números, deve ser colocado 0 (zero),
t" = tempo de impulsao - momento de abandono do pois não existem coeficientes de correlação acima
solo. de 1 (um): já sendo igual a 1 (um), indica-se uma
= ângulo de impulsao - ângulo entre a perna de identidade entre os fatores; quando precedidos do
impulsao e a horizontal no momento t. Va = sinal menos =, obedecem à relação: "quanto mais
velocidade de corrida — velocidade de média de (maior) ............ tanto menos (menor)".
corrida tomada nas 3 últimas passadas. Tomemos como exemplo o coeficiente de cor-
= ângulo de impulsao — ângulo entre a perna de relação entre Tk - tempo de contato, e X = distância
impulsao e a horizontal (solo) no momento t". efetiva do salto. O coeficiente de correlação entre
= tempo de contato do pé da perna de impulsao esses dois fatores, como podemos observar na
no solo. tabela, é igual a R =-0,64, o que vale dizer: "quanto
= ângulo entre a coxa da perna de balanceamen- maior for o tempo de contato do pé da perna de
to e a horizontal em t". impulsao no solo, tanto menor será a distância efetiva
TK — tempo de contato — duração do contato do pé do salto".
da perna de impulsao no solo. Agora vejamos um exemplo de coeficiente de
— ângulo de aterrissagem — ângulo entre a perna correlação positiva que obedece à relação "quanto
e o plano horizontal no momento do primeiro contato mais... tanto mais". Pela tabela, podemos observar
com o solo, da aterrissagem. que o coeficiente de corrida (Va) e a distância efetiva
-comprimento da passada — amplitude das últi- do salto (X) é igual a R = 0,83. O que vale dizer:
mas passadas; — última; - penúltima. W - "quanto maior for a velocidade da corrida, tanto maior
distância de salto - medida oficial. será a distância efetiva do salto".

PRÁTICA - SALTOS

Os trabalhos de saltos tiveram inicio no dia


10.2.76. Após a apresentação de professores e atle- — Testes — Descrição
tas ao Prof. Dr. Manfred Letzelter, foram iniciados 1
— Velocidade: 60m. Partida de pé com cronô-
os testes de verificação da condição geral aos atle- metro acionado com o toque da primeira passada
tas. no solo.
2 - Impulsao horizontal: D-E-D-E-D-E (D = direito; E esquerda e direita.
^ esquerdo). Partindo da posição de pé e dando 6 5 — Impulsao vertical (seargeant Jump test).
saltos, cair ao final com os pés juntos. Objetivo: Fle-,
verificar a força de salto horizontal. xionar as pernas e saltar verticalmente caindo no
3 — Impulsao horizontal: DE — DE — DE. Partindo mesmo lugar.
da posição de pé, dar 6 saltos com impulso Objetivo: verificar a força de salto vertical.
simultâneo de ambas as pernas. 6 — Meio agachamento: na máquina de força. ,
Objetivo: verificar a força de salto horizontal. Objetivo: força máxima dinâmica de pernas.
4 — Sentado no dinapress, pernas em meia flexão. 7 — Sentado na máquina de força: pernas em
Empurrar fortemente com os pés. Registro em meia flexão. Registro em kg. Pressão por
kilopoints. extensão das pernas.
Objetivo: verificar a força máxima estática da perna Objetivo: força máxima dinâmica de pernas.
8 — Pesagem dos atletas.

MELHORES RESULTADOS OBTIDOS PELO GRUPO DE SALTOS


NOME 1 2 3 4 D- 5 6 7 8
E
Ana Maria 8"0 14,40 11,60 42-37 56 - - 55,580
Bárbara 7"2 15,00 13,80 42-42 57 185 200 50,400
Beatriz 7"8 14,70 14,15 67-63 52 275 260 60,000
Hussein 7"0 17,75 16,40 97-86 65 240 380 76,700
João Luís 7"2 18,25 17,55 83-87 73 340 61,500
Marília 8"3 13,55 13,20 53-53 46 380 56,700
Marlene 7"5 14,10 14,30 54-54 56 285 330 61,800
Paulo Antônio 6"9 16,80 16,20 80-85 60 200 310 74.200
Ricardo 7"4 16,45 16,35 72-72 65 200 360 72,200
Themis 7"6 15,60 15,30 78-75 50 210 210 68,900
Ubiratan 6"6 18,35 17,65 93-104 - 275 380
72,000
Descrição de exercícios utilizados nos trabalhos de 6 — Anfersen: corrida curta, quase tocando os glú-
saltos teos com o calcanhar, visando maior rapidez no
movimento de levar a perna à frente, na corrida.
1 — Dribling: corrida rápida, com passos curtos, 7 — Saltar de cima do plinto (3 peças), caindo na
pequena elevação do joelho; acentuar o movimento tábua de salto em distância com a perna de impul-
de coxas, manter o tronco ereto, adiantando os são, amortecendo e tornando a saltar para a frente.
quadris. 8 — Com um pé no solo e outro sobre o plinto
2 — Skipping: movimentos rápidos de corrida, sem (40cm), saltar verticalmente e voltar à posição ini
grande progressão, acentuando a elevação dos cial. (Pode ser feito com sobrecarga.)
joelhos. 9 - Repetir o exercício n?8, trocando de perna. É
3 — Hopserlauf: corrida, saltando alternadamente importante observar que se devem fazer mais séries
com as pernas, procurando bater firme no solo e com a perna de impulsao sobre o plinto.
impulsionando para cima (rápido), elevar o joelho, 10 — Com impulso de 2 passadas, saltar pisando
formando, entre perna e tronco, 90 gr. com a perna de impulsao sobre o plinto e elevando a
4 — Dribling com sprint: executar o dribling, mu- perna livre o mais alto possível; cair no solo com as
dando em dado momento para uma corrida em ace- pernas semiflexionadas. Usar sobrecarga.
leração. 11 - Saltar verticalmente, partindo da posição de
5 — Hopserlauf com sprint: execução do hopserlauf, meia flexão das pernas, usando sobrecarga.
mudando em dado momento para corrida em 12 — Saltar sobre barreiras com impulsao simultâ-
aceleração. nea das 2 pernas, usando sobrecarga.
plic-flac: o mesmo exercício da ginástica suas combinações; corridas intervaladas; trabalho de
olimpica- Educativo específico para salto em altura força na máquina a 60% (1 sessão).
(flop) Da posição parada, impulsionar com as 2 Força de salto, com hopser, exercícios com
pernas, executando um arco com o corpo para trás e sobrecarga de 10 kg com plinto e sem plinto; abdo-
terminando com apoio das mãos, para depois sair minais (1 sessão). 3a semana -23 a 29.2.76
Nesta 3a semana foi introduzida a utilização de
14 - Mola: educativo específico para flop. Partin- barreiras como obstáculos, na execução de alguns
do posição deitado em decúbito dorsal, apoiar saltos. A partir desta semana, os melhores atletas
as mãos atrás dos ombros; levar as pernas para trás passaram a treinar, em alguns dias, 2 vezes. A inten-
e em seguida lançá-las para a frente, projetando os sidade do treinamento foi aumentada.
quadris e procurando ficar de pé. 15 - Ponte: Técnica e força; educativos para aferição da
específico para flop; partindo da posição em decúbito marca de impulso e movimento de impulsao; reali-
dorsal, apoiar as mãos atrás dos ombros e pés juntos zação de 30 saltos com 3 e 5 passadas, em alturas
aos glúteos. Procurar levantar o corpo, formando um diversas, com correções técnicas; trabalho na má-
arco. _ Trabalhos realizados — A partir deste instante quina de força a 70% (3 sessões).
começa o trabalho separado dos subgrupos. Expo-] Força rápida de saltos. Exercícios de saltos
remos o que foi realizado com o subgrupo de salto hopser e rã sobre barreira. Circuito de 5 estações
em altura - flop. com ex. de prancha, canguru, hopser lanç. mb em
decúbito ventral e salto no plinto (1 sessão).
SALTO EM ALTURA-FLOP Trabalho de força de sprint e de saltos, cons-
tando de corridas de 60m a 90%, 95% e 100%;
Foi iniciado o treinamento, considerando es- trabalho de força de perna na máquina a 70%, fina-
tarem os atletas no início da 2a fase de preparação lizando com abdominais na prancha com 10 kg de
já que a 1a fase fora feita no Brasil. Entretanto, como sobrecarga e saltos s/b. (1 sessão).
alguns atletas não apresentaram a condição Técnica, força de sprint e de saltos (ultrapas-
necessária, foi a eles dado um trabalho especial. 1a sagem do sarrafo), constando de saltos com 3 pas-
semana- 11a 14.2.76 sadas, corridas de 60m e trabalho de força na má-
Trabalho de força rápida, coordenação e resis- quina a 60% (1 sessão).
tência de salto, onde foram utilizados: dribling, Trabalho de força de sprint e de saltos, no
skipings, saltos hopser e suas combinações com ace- bosque, constando de corridas sprint em rampa a
leração (1 sessão). 20% e 45%, de 15 a 40m. Corrida e salto de canguru
Teste para observação da condição técnica (1 em escada (1 sessão). 4a semana 19 a 7.3.76
sessão). Testes de 50 e 60m e salto em altura (1 sessão).
Trabalho de força máxima de pirâmide, na Força de sprint, de salto e resistência aeróbia;
máquina, constando de 1/2 agachamento a 50%, partidas de bloco, saltos canguru com 1 perna e
60%, 70% e 80% (1 sessão). interval training na distância de 100m (1 sessão).
Trabalho de resistência de força de salto e Coordenação e força de saltos; skipping,
aeróbia com corridas intervaladas (1 sessão). driblings, hopserlauf e suas combinações; saltos
2ªsemana- 16 a 22.2.76 Força de salto e canguru (1 sessão).
coordenação, usando os saltos de canguru, rã Técnica e força de saltos; 55 saltos em alturas
e numa só perna, corridas em curva e diversas, com 3, 5, 7 e 9 passadas; trabalho de força,
educativo de salto em extensão (1 sessão). Técnica 1/2 agachamento no leg-press (1 sessão).
de corrida e salto, usando, como exercícios de Força de sprint, resistência de força, no bosque;
flexibilidade, flic-flac, ponte e mola, e a realização de corridas em rampa, escadas, saltos canguru,
40 saltos em alturas diversas, com 3 passadas para driblings, skippings e hopserlauf (1 sessão). 5a
correções técnicas. Final: trabalho de força a 60% (1 semana - de 8 a 14.3.76
sessão). Testes de 50m e salto em altura (1 sessão).
Trabalho de resistência de força de saltos, Força de saltos e resistência de força de saltos;
constando de corrida ins and outs; subida no plinto saltos sobre barreiras com e sem sobrecarga,
com sobrecarga de 10 kg e saltos no plinto com hopserlauf, saltos no plinto com sobrecarga; 1/2
10 kg (2 sessões). agachamento (2 sessões).
Trabalho de coordenação, força rápida e resis- Coordenação: driblings, skippings e combina-
tência aeróbia usando dribling, skipping, hopser e ções (1 sessão).
Técnica: educativos; saltos com 3, 5, 7 e 9 2 — As últimas passadas na corrida para o
passadas, corrida do salto (1 sessão). sarrafo não devem ser mais curtas, porém
Velocidade e força de saltos; corrida de 50m, devem ser mais rápidas. A última passada
saídas de bloco, 1/2 agachamento a 80% (1 sessão). deve ser maior e mais rápida.
Força de sprint e resistência de força, no bos- 3 — Bater firme no chão, no momento da
que; corridas em rampa, escadas, driblings, impul-são, colocando primeiro o calcanhar e
skippings, hopserlauf saltos de canguru, corridas em formando entre o pé e o sarrafo um ângulo de
distâncias variadas 30-50-30-50m; corrida de 300m(1 40 a 45º.( A torção do pé é incorreta e pode
sessão). 6ª semana - 15 a 21.3.76 provocar lesões.)
Competição de salto em altura:f/op (1 sessão). 4 — 0 giro é feito não com a movimentação do
Coordenação e força de sprint no bosque; pé no chão, mas sim com a movimentação do
driblings, skippings, anfersen, corridas em rampa, joe-lho de elevação.
corridas intervaladas de 100m (para coordenação) (2 5 — Subir verticalmente, e no momento do giro
sessões). perna e coxa devem formar um ângulo menor de
Técnica e força de salto; 35 saltos com 3 e 5 90°, pois dará maior velocidade ao movimento.
passadas; trabalho de força com 1/2 agachamento 6 — Olhar para o lado contrário ao do pé de im-
em pirâmide pulsão durante a ultrapassagem. Projetar bem o
quadril, formando o arco.
60% 70% 80% 90% 95% 100% 10 8 6 7 — Aqui residem os pontos mais importantes do
4 2 1 (1 sessão). flop: a execução correta do arco, e, após a
ultrapas-sagem dos glúteos, a puxada das pernas,
Coordenação geral, inervação e força de saltos
projetando os ombros para baixo.
negativa e positiva; hopserlauf, saltos p/reflexo, saí-
— Considerações gerais sobre o salto em altu-
das de bloco, exercícios no plinto (1 sessão).
ra (flop)
Técnica: 20 saltos com 3,5 e 7 passadas; corri-
1 — Executar todos os exercícios do
das para aferição da marca (1 sessão). 7º semana -
treinamento com coordenação.
22 a 27.3.76
2 — Procurar executar os exercícios com
No dia 22 houve descanso geral para o grupo,
dinamis-mo.
em virtude de uma competição a se realizar no dia
3 — Não fazer velocidade depois de exercícios
23. No dia 23 foi realizada uma competição de saltos,
de força ou resistência.
em distância, altura e triplo, com todo o grupo, com a
4 — Quanto mais força se tem, mais é possível
participação de atletas alemães, onde se registraram
rebaixar o CG.
melhoras gerais nos resultados.
5 — Os atletas que não executam bem a projeção
Trabalho aeróbio e recreativo no bosque para
dos ombros para baixo, após a ultrapassagem
recuperação (1 sessão).
destes sobre o sarrafo, devem fazer o exercício em
Testes gerais de avaliação (1 sessão).
col-chões mais altos.
Trabalho de base geral; resistência aeróbia, re-
6 — Trabalho que deve ser feito periodicamente:
sistência de força de salto, resistência anaeróbia (1
sessão). a) concentração durante e antes da prova;
— Observações técnicas sobre o flop: detalhes b) coordenação dos movimentos de braços e
corrigidos durante o período de treinamento do salto per-nas.
em altura—flop.
1 — A corrida deve ser em linha reta e o ângulo de - Carga semanal nos vários períodos de trei-
curva, que é formado nas últimas passadas, varia de namento
atleta para atleta. São fatores dessa variação: veloci-
A seguir, apresentamos, para orientação d<
dade, peso, altura, altura do sarrafo.
professores e técnicos, uma carga semanal, para 3
períodos do ano, fornecida pelo Prof. Letzelter.
Período de preparação - Periodo de preparação - Período de competição
geral — especial -

Resistência aeróbia ... 2 Resistência aeróbia ... 1 Resistência aeróbia ... 1


Resistência anaeróbia . 2 Resistência anaeróbia . 2 Resistência anaeróbia . 1
Força saltos geral ...........2 Força salto especial ... 2 Força saltos geral ............... 1
Força salto especial ... 1 Força salto especial ... 2
SALTOS: EXTENSÃO - TRIPLO Coordenação e força de saltos; dribling,
skipping simples e com aceleração; hopserlauf. Tes-
Trabalhos realizados 1ª te: 6 canguru (1 sessão).
semana- 10 a 15.2.76 Técnica, força rápida; impulsão na tábua com 3,
Teste para avaliação das condições dos atletas 5, 7 e 9 passadas (33 vezes). Saltos com 3, 5, 7, 9 e
(2 sessões). 11 passadas. Trabalho de força na máquina a 70%
Técnica: corridas de 60m em velocidade pro- (1 sessão).
gressiva; saltos de observação, corridas de 60m ins Força de sprint, de salto, resistência; no bos-
and outs com passadas longas e passadas curtas e que: sprint de 15 a 40m em rampa; corrida e canguru
rápidas (1 sessão). em escada (1 sessão).
Coordenação e força: corridas de 70m a 75 e 5a semana — 8a 14.3.76
80% hopser/auf; trabalho de força em pirâmide a 50, Testes de 50 e 160m (1 sessão).
60, 70 e 80% (1 sessão). Força de salto horizontal e vertical; saltos sobre
Resistência de força de salto e resistência barreiras (1 sessão).
aeróbia: corridas intervaladas de 100m (1 sessão). 2ª Força dinâmica negativa; saltos em profundi-
semana - 16 a 21.2.76 dade (1 sessão).
Trabalho técnico com análise no videoteipe, Força de sprint; saídas de bloco; corridas de
constando de vários saltos (1 sessão). 60, 50 e 30m (2 sessões).
Técnica de corrida e salto; corridas curtas e Resistência de sprint: 100 e 150m; resistência
saltos. (1 sessão). •aeróbia: 15 X 100m (2 sessões).
Resistência e força de saltos, constando de Coordenação incluída em várias sessões:
corridas ins and outs; subida no plinto com sobre- dribling, skipping, hopserlauf. 6a semana- 15 a
carga de 10 kg e salto no plinto com sobrecarga de 21.3.76
10 kg (3 sessões). Testes: 60m velocidade; saltos completos (1
Coordenação e velocidade; corridas de 60m a 90 sessão).
e 95% (1 sessão). Trabalho de resistência de força no bosque;
3ª semana -23 a 29.2.76 dribling, skippings, anfersen, corridas na rampa,
Coordenação, velocidade, técnica; corridas de intervaladas, de 100m para coordenação (2 sessões)
60m a 95% e saltos com 5, 7, 9 e 12 passadas (1 Força de saltos horizontal e vertical e
sessão). resistência de velocidade; skipping, driblings,
Força de sprint, de salto e reação; corridas de hopserlauf, anfersen e ins and outs (1 sessão).
60 a 90 e 100%; saltos (150) entre hopser, Força de sprint; saída de bloco com 10, 20 e
cangu-ru rã; saídas variadas de bloco (1 30m (2 sessões)
sessão). Trabalho na máquina em forma de pirâmide; leg
Força rápida de saltos; saltos hopser e rã sobre press e 1/2 agachado
barreiras; circuito: prancha, canguru,hopser,mb em 60% 70% 80% 90% 95% 100% ( 2 sessões)
decúbito ventral e salto no plinto (1 sessão). 10 8 6 4 2 1
Força de sprint e saltos; 60m a 90 e 100%; força Coordenação; dribling, skippings, e combina-
de perna na máquina a 70%; abdominais na prancha ções (3 sessões). 7a semana -22 a 27.3.76
com 10 kg (1 sessão). Descanso, no dia 22, para competição no dia
Velocidade e força rápida de salto; 50m a 95 e seguinte.
100%; Competição com a participação de atletas de
Saltos com colete com 3 e 5 passadas: 150m a Mainz, com melhoras gerais nos resultados.
90% (1 sessão). Trabalho aeróbio e recreativo no bosque para
Força de sprint, de saltos, resistência; no bos- recuperação (1 sessão).
que: sprint 15 a 40m em rampa; corrida e canguru em Testes gerais de avaliação (1 sessão).
escada (1 sessão). Trabalho de base geral; resistência aeróbia,
Técnica, aferição de marca, força; corridas e resistência de força, resistência anaeróbia (1 ses
saltos; trabalho na máquina a 70% (1 sessão). são).
semana- 1º a 7.3.76 Testes: velocidade 50-60m. 5 Observações gerais sobre o salto em extensão e tri-
saltos. Velocidade 160m (1 sessão).
plo
Força de sprint, de salto, resistência aeróbia;
— Ao longo do treinamento, o Prof. Dr.
saídas de bloco, saltos canguru: 100 saltos e corrida
Letzelter foi observando detalhes técnicos e corre-
intercaladas: 100m (1 sessão).
ções a serem feitas. o grande problema dos atletas brasileiros
1 — Aproveitamento máximo da velocidade no é a corrida;
momento do salto. causaram admiração ao professor os bons
2 — Ponto importante do salto: explosão na tábua; o resul-tados apresentados, apesar da deficiência
pé de impulsao deve assentar-se todo; não deve técnica que revelam;
primeiro haver toque do calcanhar, para não frear a os atletas apresentaram, na 4º semana,
velocidade; a última passada deve ser mais curta. rendi-mento técnico de bom nível em relação
3 — É importante transformar a velocidade de sprint aos resulta-dos conseguidos nos testes
em impulsao. realizados.
4 — Nos educativos de impulsao deve-se procurar 8 — Na extensão do salto canguru, procurar
sempre uma elevação pronunciada do joelho da sem-pre aumentar a distância.
perna livre. 9 — Na saída de bloco, correr os 15m iniciais
5 — Com atletas novos, deve-se iniciar com treina- com bastante inclinação do tronco para a frente.
mento de força e depois com de velocidade.
10 — O exercício de força dinâmica negativa
6 — A resistência de força é base para o treina-
deve ser programado no período de preparação,
mento de saltos.
duas ve-zes por semana.
7 — Observações sobre os atletas brasileiros:
11 — Além do treinamento prático, é importante
que o atleta faça alguns minutos de treinamento
mental.
Modelo de ficha para acompanhamento do treinamento SALTOS: ALTURA - DISTANCIA ASPECTOS
DOMINANTES
Como conceito geral, dizemos que velocidade balho de pernas, musculatura dorsal e costas, o peso
em si não existe. Em relação à velocidade, temos sai da mão a 13 ou 14m/seg (nos melhores atletas).
diversas características: não existe treinamento de Os movimentos acíclicos, quanto à sua função,
velocidade em si; logo, as variantes de velocidade possibilitam passar por um certo espaço no tempo
devem ser trabalhadas em conjunto. Podemos for- mínimo. No arremesso de peso, o movimento
mular bases gerais. Variáveis de velocidade: veloci- acíclico é o movimento de aceleração. Quanto mais
dade de reação; velocidade em relação a movimen- curto for o tempo de aceleração, maior será a
tos acíclicos; velocidade em relação a movimentos velocidade do peso e maior o rendimento.
cíclicos. Possibilidade de melhorar o trabalho em movi-
Velocidade de reação — Capacidade de reagir mento acíclico na velocidade: aumentar o caminho
o mais rápido possível a um estímulo, que pode ser: em que se acelera; e/ou conseguir aceleração num
ótico, acústico e tátil. tempo mais curto.
Pode-se medir a velocidade de reação; ela é Segundo as resistências que possam existir, a
definida operacionalmente através do tempo de velocidade de movimentos acíclicos se transforma
reação, que é o tempo entre o tiro e o primeiro em força rápida acíclica (ex.: saltos e arremessos).
movimento. Velocidade cíclica — Podemos defini-la através
Na prática do treinamento, não existe relação de uma corrida de 100m, onde temos repetições
entre as 3 variantes da velocidade de reação. Exem- precisas do movimento.
plo: o atleta que reage a estímulos acústicos não Força de salto cíclica encontramos nos saltos
reage, ao mesmo nível, a estímulos óticos. Cada com mudança de perna, onde aparecem fase de
reação tem uma parte sensorial e uma parte motora. apoio e fase de suspensão, ou também designada
A velocidade de reação tem maior importância pela contínua alternância da perna de impulso.
na vida normal do que no atletismo; com o Velocidade cíclica é também definida através
treinamento, temos a possibilidade de conseguir a de mudança rítmica. Existem, no trabalho cíclico,
estabilização da velocidade de reação. mais ou menos fases de descanso; daí a possibilida-
Velocidade em movimentos acíclicos — Não de de se manter por mais tempo que a velocidade
temos repetições precisas do movimento. Nos arre- acíclica, que só pode ser realizada num curto espaço
messos, temos movimentos acíclicos. Nos saltos, de tempo.
temos uma combinação de movimentos acíclicos e
cíclicos. Bases importantes para o treinamento de velocidade
A velocidade acíclica é um contínuo movimento
de aceleração, nunca um movimento uniforme. No 1 — É importante trabalhar sempre com velocidade
arremesso, o peso consegue uma velocidade de máxima. No treinamento, temos que realizar
2m/seg. No deslocamento e no final, com o tra-
movimentos com intensidade máxima. ponto de apoio, até o momento em que, após
2 — A intensidade máxima do movimento é a impulsao, perder o contato com o solo.
principal base para se conseguir velocidade. Pode — Fase de balanceamento anterior —
mos ter: Começa quando a coxa da perna livre cruza com a
a) treinamento de velocidade mediata, quando se da perna de apoio e vai até o ponto mais à frente e
formam as bases; mais alto
b) treinamento de velocidade imediata, formando a — Fase de balanceamento posterior —
velocidade de maneira imediata. Começa após o pé da impulsao perder o contato
3 — Velocidade de contração da musculatura má- com o solo e vai até o momento em que a coxa da
perna de balanceamento estiver paralela à coxa
xima é a velocidade máxima do movimento.
da perna de apoio. Neste ponto teremos o
4 — 0 treinamento de velocidade imediata só é
momento vertical.
possível quando o atleta não está cansado (pois a
— Fase de suspensão — Começa quando o
contração e a intensidade do movimento são máxi-
joe-lho da perna de balanceamento anterior se
mas). Com o cansaço, ainda é possível intensidades encon-trar no ponto mais alto e o pé da fase de
de 90 a 95%. contato posterior concluir sua impulsao.
5 — Necessidades do aquecimento em função da As fases não são realizadas isoladamente
contração máxima da musculatura atuante em mo- Quando se faz a impulsao posterior, a perna de
vimentos de máxima velocidade. balanceamento deverá estar à frente, isto é, os mo-
6 — 0 aquecimento não é apenas um trabalho a vimentos se contrabalançam.
nível motor, mas também a nível do sistema nervoso
central (preparar-se mentalmente). Ciclo técnico da passada
7 — 0 treinamento de velocidade não pode durar
muito tempo; quando a velocidade do movimento Para estudo, devemos analisar o ciclo técnico
diminuir, passaremos a treinar resistência de veloci- que compreende duas passadas: direita-esquerda-di
dade. reita ou esquerda-direita-esquerda, compreendendo
8 — Os treinamentos de velocidade exigem inter- duas impulsões, dois apoios anteriores, duas sus-
valos de recuperação completa, para alcançarmos pensões e dois movimentos balanceados da perna
níveis altos de velocidade. livre.
9 — No treinamento de velocidade, a recuperação é Podemos dividir uma passada em seis partes:
em função completa do sistema nervoso central, pois 1. momento vertical; 2. apoio posterior; 3. balan-
temos impulsos muito fortes, que estimulam vários ceamento anterior; 4. suspensão; 5. balanceamento
centros nervosos ao mesmo tempo, já que o trabalho posterior; e 6. apoio anterior.
destes centros nervosos é realizado em conjunto.
Fase mais importante para a obtenção de resul
Técnica de corrida no sprinter tados

Para se tornar mais fácil, dividimos a corrida em A fase mais importante é a de apoio anterior
fases: I.Fase de contato: pois é a responsável pelo movimento de impulsão
— de apoio anterior; de corpo para a frente.
— de apoio posterior.
2. Fase de balanceamento:
— anterior;
— posterior.
3. Fase de suspensão (flutuação).
— Fase de apoio anterior — Começa após a
fase de suspensão, quando o pé da frente toma
contato com o solo e vai até o momento em que o
CG estiver na vertical da perna de apoio e quando a
coxa da perna de balanceamento posterior cruzar a
perna de apoio.
— Fase de apoio posterior — Começa quando
a perna de balanceamento cruzar a perna de apoio e
quando o CG passar para a frente da vertical do Z— é a resultante da força aplicada. PMz — é
a componente horizontal da força. PMy — é a
componente vertical da força. BO — é o
ângulo de impulsao.


APÓS a impulsao, a perna de balanceamento deve Economia de energia
procurar a posição ideal (junto às nádegas), para que
possa ir o mais rápido possível à frente. Isto é necessário Para se economizar energia é necessário não
porque as fases de apoio e balan-ceamento anteriores executar movimentos desnecessários, como também
estão em estreita relação com as fases de apoio e aplicar a força no sentido da corrida, eliminando as
balanceamento posteriores. Por-tanto quanto melhores oscilações desnecessárias (ex.; correr saltitan-do,
e mais rápidas forem as oscilando o CG, braços trabalhando obliqua-mente).
fases posteriores, melhores e mais rápidas serão as
fases anteriores. Posição do tronco
0 ângulo de impulsao varia entre 45 a 55°, e quanto
O ideal seria que acompanhasse a linha de força
menor for o ângulo maior será a força aplicada no sentido
criada no membro inferior que está em contato com o solo.
horizontal. Isto é válido dentro de certo limite, pois, após
Mas, se o tronco permanecer muito inclinado, prejudicará a
determinados ângulos, não mais aproveitaremos espaço
fase de balanceamento anterior, diminuindo a amplitude da
com a perna de balanceamento anterior.
passada. Portanto, preconiza-se menor inclinação, estando
mais perto da vertical.
Como melhorar a impulsao posterior

— Sob o ponto de vista físico, é necessário Trabalho dos braços


desenvolver mais força no atleta: força de salto
Atua coordenado com o trabalho das pernas,
(vertical e horizontal), força de sprint e força rápi
devendo-se sempre evitar descoordenação, pois isto
da.
prejudicaria as aplicações das forças.
- Sob o ponto de vista técnico e biomecâni- Os braços são também pêndulos e, como a perna de
co, seria necessário atuar nas fases, corrigindo-as e balanceamento, criam uma certa energia cinética,
tirando o máximo de proveito para cada movimento. transformada em potencial ao ser bloqueada na frente,
Considerando-se a perna de balanceamento como como também auxiliam na criação de mais força reativa na
um pêndulo, com o ponto fixo no quadril, teremos: perna impulsora. Por serem pêndulos, deve-se trabalhar
a) quanto maior o pêndulo (raio), mais lento será com um raio menor, e mais velozmente. Deve-se ainda
o movimento; observar a maior descontração possível no pescoço, no
b) quanto menor o pêndulo (raio), maior será a ombro e nos braços (qualquer contração superior reflete-se
velocidade. em uma contração inferior).
Pelas afirmativas a) ,e b), devemos encurtar o raio,
Descontração e coordenação no sprinter
flexionando-o na articulação do joelho, fazendo com que o
calcanhar quase toque as nádegas. Pesquisas já
É a efetividade entre os músculos e o sistema
demonstraram que a perna de balanceamento alcança o
nervoso. Os estímulos, para que haja descontração, terão
dobro da velocidade da corrida.
que agir em coordenação reflexa, isto é, quando se
contraem determinados músculos agôni-cos, os
Energias
antagônicos irão se descontrair. Isto é proveniente do
sistema nervoso, e essa boa coordenação do sistema
A perna de balanceamento posterior, quando vem à
nervoso dará uma boa coordenação e descontração ao
frente, no seu ponto máximo, vem dotada de uma energia
atleta. Para que haja essa coordenação ideal, é necessário
cinética. A energia cinética é transformada, nesse ponto,
que o corpo esteja aquecido, com o que a transmissão do
em energia potencial, que, somada à energia potencial da
estímulo se fará mais rapidamente.
impulsao, leva o corpo a se deslocar mais rapidamente.
Essa transformação ocorre pois a perna de
Erros mais comuns
balanceamento, dotada de energia cinética, é
bruscamente bloqueada no seu ponto mais alto, à frente.
1. Correr aplicando mais força que a necessária no
Além do mais, elevando-se o joelho da perna de
componente vertical.
balanceamento, criamos uma força reativa (potencial)
2. Correr aplicando força, não na linha da corrida, mas
maior na força de impulsao.
obliquamente a essa linha.
3. Executar movimentos de braços, não no sentido cular chamamos de reação, que é o tempo que
da corrida, mas obliquamente. vai desde o estímulo até a resposta motora.
4. Correr com flexão ou extensão da cabeça. Uma Aceleração negativa: entre os melhores,
ou outra ocasiona uma tensão, prejudicando a co- essa diferença é mínima, constituindo quase uma
ordenação, a descontração e o envio de estímulos. A ten-dência, isto é, os melhores corredores
flexão da cabeça prejudica o balanceamento anterior apresentam um maior grau de resistência de
e a extensão, o balanceamento e a impulsao sprint, conseguin-do manter a velocidade máxima
posteriores. por mais tempo.

Periodização do treinamento do sprinter Qualidades físicas que compõem as 4 fases

Consiste em uma divisão anual do treinamento. Reação — A velocidade de reação provém do


Não devemos confundir periodização com siste- sistema nervoso central e pode alterar pouca coisa
matização, pois esta engloba a elaboração do trei- Devido a este fator — de não se poder alterar a
namento em vários anos. velocidade de reação — é que se diz: o velocista
A sistematização divide-se em etapas: básica; nasce e não se faz.
preparatória; alto rendimento. A freqüência das passadas é dependente da
A periodização divide-se em fases (períodos): velocidade de reação, a qual depende do sistema
preparatória; competitiva; transitória. nervoso central.
Aceleração positiva é dada pela capacidade
de aceleração, que depende da força de aceleração
Período preparatório ou força de sprint, sendo a força de sprint uma deri-
vante da força rápida.
Pesquisas revelam que, atualmente, além da
periodização simples, com um pico, muitos atletas Qualidades motoras
utilizam a periodização dupla, com 2 picos (ex.:
Renate Stecher e Valery Borzow tiveram, no ano de a. Força máxima (ex.: levantamento de peso). (No
1972. 2 picos: o 1º, no campeonato europeu, e o 2º , atletismo os arremessos dependem da força máxi-
na Olimpíada, saindo vencedores de ambos os ma e da força rápida.)
campeonatos). b. Força rápida — as corridas e os saltos dependem
A periodização simples, basicamente, é idêntica da força rápida.
à periodização dupla. Caso os picos forem bem c. Resistência de força — No atletismo não se veri-
próximos na periodização dupla, bastará apenas fica nenhum caso de utilização de resistência de
realizar um trabalho de manutenção. Sendo os picos força. (Existem provas que necessitam de resistên
distantes, após um pico, reiniciaremos com trabalho cia de sprint, de velocidade, mas não de força.)
da fase preparatória, diminuindo a intensidade e Para o atletismo, dividimos essas qualidades
aumentando o volume. Entre os picos não se deve motoras em:
esperar bons resultados. força máxima: — de arremesso; de lançamento;
O período preparatório poderá ser dividido em força rápida: — força de sprint; força de salto.
período preparatório 1 (— 3 meses) e período Pesquisas demonstram que a força máxima
preparatório 2 (— 3 meses). O início do período quase nada atua sobre a força rápida, e, como os
preparatório é feito de acordo com o "pico objetivo" velocistas necessitam de força rápida, é lógico que
(ex.: se queremos o pico em julho, deve-se iniciar o se treine primeiro a força rápida, para depois treinar-
período preparatório 1 em novembro do ano anterior). se a força de sprint.
Devem-se definir, no início da periodização, A força rápida pode ser dividida, ainda, em:
quais as qualidades físicas a serem trabalhadas e geral (ex.: semi-agachamento explosivo com meia
desenvolvidas. Isto se faz com base na curva de carga) e especial (ex.: força de salto). Fase de
velocidade e nas características que a mesma com- velocidade máxima
põe. Divide-se em 4 fases: reação, aceleração positi- Esta fase depende da capacidade de coordena-
va, fase de velocidade máxima e fase de aceleração ção e de inervação, devendo estas qualidades esta-
negativa. rem incluídas dentro da condição básica motora:
Reação é a resposta a um estímulo, quase velocidade.
sempre auditivo, que é levado ao sistema nervoso
central, e deste, aos músculos. E à resposta mus- Aceleração negativa

É caracterizada pela resistência de sprint, que


é uma subdivisão da qualidade básica: resistência. treinar as qualidades físicas, é necessário enquadrá-
Conclui-se que, para os corredores de 100m, lo nos métodos de treinamento.
200m e 400m, a concepção, na periodização dos 1. Método contínuo (ex.: resistência aeróbia).
meios de trabalho, é a mesma, mas haverá uma 2. Método intervalado: — intensivo (ex.: força rá-
variação nas proporções das formas de trabalho. pida); — extensivo (ex.: resistência de força).
Na 3. Método de repetição (ex.: força máxima).
Periodização, devemos diferenciar a proporção em Devemos saber que existem sobrecargas exter-
que cada qualidade motora é trabalhada durante nas e internas. A interna é a sobrecarga que o orga-
Uma semana. nismo sofre ou aproveita internamente, para o seu
A técnica é trabalhada paralelamente, mas em desenvolvimento. A externa é aquela em que utili-
menor grau, pois, em determinadas provas, deve- zamos sobrecarga para treinamento (ex.: correr em
mos enfocar a técnica em maior grau (ex.: no salto terreno variado com um colete de 6 k).
Sobrecarga interna —
Sobrecarga externa — 20%. 80%
Número de sessões semanais para desenvolver cada qualidade motora
em altura, 3 vezes por semana, para a técnica; e 4
vezes de condicionamento das qualidades básicas).
Sabendo-se o número de sessões semanais para
Fases - Força de sprint - Velocidade - Resistência — Sprint — Resistência — Aeróbia
100/200 400 - 100/200 - 400

PP./1 - 2/3 - 1/2 - 1 - 2 - 1 - 2


PP./2 - 2/3 - 2/3 - 2 - 3/4 - 1 - 2
P.Comp. - 1/2 - 3/4 - 2/3 - 3 - - - 1

Observação — O quadro acima refere-se a dade (ex.: novembro — 9/10 vezes 200m a 29,0 seg;
atletas alemães com uma periodização simples. dezembro - 9/10 vezes 200m a 28,0 seg).
A resistência aeróbia deve ser dada aos velo- Ao se aproximar o período competitivo, diminui-
cistas para que possam suportar uma maior quanti- se o número de repetições e aumenta-se a inten-
dade de treinamento. Isto é, não se treina a resis- sidade (ex.: 4 vezes 200m a 23,5 seg).
tência aeróbia por ser necessária às provas, mas 2. Ins and outs ou in tervaII sprint (numa pista de
sim como um complemento, pois as provas exigem 400m, correr 50m, trotar 50, e assim sucessivamen-
pouca resistência aeróbia. te).
3. Utilizar repetições de corridas curtas em intensi-
Meios de treinamento para desenvolver a resistência dades elevadas, desde o período preparatório até o
aeróbia período competitivo (ex.: 10 vezes 60m a 95%
(corrida de tempo).
1. Método contínuo.
Período transitório
2. Método intervalado extensivo.
3. Intervall training. Vai do final do período competitivo até o início
do período preparatório 1. É importante para manter
Meios de treinamento para desenvolver a resistência a condição adquirida nos períodos anteriores, através
de sprint do princípio da sobrecarga.
(Não será abordado a fundo, por não conter
1- Repetições de várias corridas com fraca intensi- dados específicos para corredores de velocidade.)

PESQUISA - VELOCIDADE

COMPORTAMENTO DO SPRINT que analisar o conjunto das qualidades.


O objetivo básico é excluir as diferen-
Na análise das características que distinguem ças casuais e conseguir resultados sobre as dife-
os melhores dos piores atletas, quais as característi- renças importantes. Quando existem diferenças em
cas que possuem relevância empírico-estatfstica? 2 grupos, estas podem ser casuais ou significativas.
Para conseguirmos resultados fidedignos, temos Em termos estatísticos, só têm validade as significa-
tivas; as casuais são excluídas. O objetivo é conse- masculinas, e D, E e F são femininas. Na curva A,
guir resultados sem possibilidade de erro, ou, ao temos os melhores resultados masculinos (10".8 a
menos, com erros que se possam quantificar. 11".4), e na curva D os melhores femininos (12' .4
0 comportamento do corredor — de 100m 13".0). Como se nota, esta pesquisa não foi feita
rasos, é importante sob 3 aspectos: velocidade, am- com corredores de alto nível. Porém, para todos os
plitude da passada e freqüência da passada. grupos existem alguns resultados importantes. A
0 comportamento da velocidade é determinado partir dos 50m podemos falar em curvas mais ou
pela amplitude e pela freqüência da passada. menos paralelas para todos os grupos, o que
Já vimos que existem, de maneira geral, 5 pos- signifi-ca que as diferenças significativas se dão
sibilidades de aceleração e diminuição da velocidade, até os 50m. Isso se deve às diferentes capacidades
e neste conjunto também falamos da resistência de de ace-leração, ou diferentes forças de sprint.
freqüência de passada, como também da resistência Conclusões do gráfico: os grupos mais fortes
de amplitude de passada. Por isso, podemos concluir aceleram, não só mais rapidamente, como também
que no comportamento do sprint é importante: fazer durante mais tempo. A distância do caminho de
as passadas de uma maneira bem rápida e com aceleração é definida pela curva transversal. A
amplitude ótima, conseguir um bom nível de que-da de velocidade em relação a todos os
amplitude e manter a resistência de amplitude o grupos não é acentuada.
maior tempo possível, ou seja, evitar o mais possível Observação — Não se pode melhorar muito o
a diminuição da amplitude, sendo que o mesmo é rendimento do velocista melhorando sua resisten-
válido para a freqüência. cia, e, sim, aumentando a capacidade de acelerar
As características realmente necessárias no mais e por mais tempo.
comportamento do sprint são: força de freqüência da
passada, força de amplitude da passada, resistência
de freqüência da passada e resistência de amplitude
da passada.
Esses fatores, somados à velocidade de reação,
nos dão tudo que precisamos para a melhoria do
comportamento do sprint.
Empiricamente, o assunto é um pouco dife-
rente, porque temos entre freqüência e amplitude
uma relação contrária, ou seja, quando o atleta corre
com passadas maiores, diminui a freqüência. Para
conhecermos isso mais claramente, vejamos uma
pesquisa de Gundlach (DDR), quem primeiro estu-
dou esse fenômeno.

animo a

Vemos no gráfico 2: com relação à amplitude


de passadas, a partir da metade da corrida, não
existem muitas diferenças. As diferenças significati-
vas acontecem na primeira metade da prova. No
últimos 10m, todos os grupos fazem passadas maio-
res, onde são mais lentos. Esse aumento da ampli-
tude no final ocasiona uma perda de velocidade para
todos os grupos.
Temos 3 fases diferentes com relação à ampli-
tude: aumento da amplitude; passada normal ou
constante; novo aumento da amplitude no final,
GRAFICO 1 explicado psicologicamente pela motivação da che-
gada.
A resistência de amplitude não determina
grandes diferenças entre os grupos; só até o ponto
Neste gráfico, vemos 6 grupos de corredores
em que ainda é aumentada. Os melhores grupos
com rendimentos diferentes de velocidade na corrida
determinam um aumento da amplitude já nos pri-
dos 100m, sendo que as curvas A, B e C são
meiros metros, quase o mesmo que com relação à Em 1972, em Munique, o Prof. Letzelter realizou
velocidade. Os melhores sprinters aumentam a am- uma pesquisa com as 32 melhores atletas dos 100m,
litude por maior tempo que os piores. divididas em dois grupos G1 e G2. Antes, porém,
vamos definir amplitude e freqüência médias de
mu passada:

par A.P. média = n100 = número de passadas

F.P. média- t100 - tempo nos 100m


Os resultados variaram
entre 11,07seg e 12,13seg.

G - 11,07 a 12,13 G1 M = 11,57seg M


- 11.07 a 11.54 G2 - = 11,41seg M = M = X= Média
11.54 a 12,13 11.74seg

A diferença entre as médias de G1 e G2 é de


0,33seg. O objetivo da pesquisa é saber a
importância da amplitude e da freqüência nessa
diferença.
Com relação à amplitude:
M = 1,92cm
Vejamos agora o comportamento da freqüên-cia. G - 1,85 a 2.19 G1 - M = 1,94cm
Existe uma grande diferença entre homens e 1,85 a 2,19 G2 - M = 1,96cm
mulheres. 1,85 a 2,09
As curvas após os primeiros 20m são quase Independentemente da
paralelas. As diferenças significativas se mostram média, podemos dizer que são possíveis resultados
na primeira metade da prova, sendo que no final não de alto nível com amplitudes pequenas e grandes. A
temos diferenças. Realmente as maiores diferenças diferença é de somente 2cm na média, ou 1%.
se dão logo nos primeiros 10m. Obs. — Essas Portanto, a diferença de 0,33seg não é resultado da
observações são referentes ao grupo dos homens. amplitude, e só pode ser atribuída à freqüência.
Conclusões sobre o gráfico para as mulheres: Portanto, a possibilidade de melhora no resultado
após os 10m iniciais, as curvas são quase que para- está mais ligada ao aumento da freqüência.
lelas. Diferenças significativas são decorrentes da Com relação à freqüência:
força de freqüência de passada, e não da resistência G - 3,96 a 4,86 G1 -
de freqüência. 3,96 a 4,86 G2 - M = 4,44 passadas p/segundo M
Conclusões finais dos gráficos: o aumento da 4,06 a 4,63 = 4,53 M = 4,35
amplitude se dá por maior tempo que o aumento da Também,
freqüência. Todos os grupos apresentam freqüência independentemente da média, podemos dizer que
máxima por volta de 20m. Quase todos os grupos só resultados de alto nível sao possíveis com
conseguiram a amplitude máxima após os 50m, freqüências maiores e menores. Com uma melhora
sendo que o pior grupo a conseguiu após os 30m. da freqüência, consegue-se um resultado melhor.
Essa pesquisa só é valida em relação à metodo- Com a diferença média entre G1 e G2 de 0,18
logia, pois o coletivo dos atletas em que foi feita a passadas/seg, podemos afirmar que essa diferença
pesquisa não tem significação para a prática do é estatisticamente significativa, e as diferenças entre
atletismo, uma vez que os resultados são heterogê- as melhores e as piores corredoras são atribuídas à
neos e o nível dos atletas é baixo. Isto significa que maior ou menor freqüência.
os resultados não são válidos para grupos de alto
nível. Sabemos, por exemplo, que, em nível mais RELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS FÍSI-
elevado, não só a amplitude mas também a fre- CAS E O RENDIMENTO EM VELOCIDADE
qüência é bem maior nos melhores. Referimo-nos à
amplitude ótima, e não máxima. Porém a pesquisa Cientistas da URSS dão às características
de Gundlach tem grande valor para posteriores es- físicas grande importância e orientam os estudos
tudos.
com as seguintes perguntas: O pior grupo tem uma amplitude relativa de
- O rendimento do sprint depende da altura 3,5% pior em relação ao melhor grupo. Este resul-
do atleta? tado pode ser decorrente de 2 fatores: técnica de
- O rendimento do sprint depende da ampli corrida e força de impulsao.
tude da passada em relação à sua altura? A técnica de corrida consta de fase de apoio
Para definir esta relação, temos a fórmula: e fase de aceleração. Enquanto o centro de
gravidade (CG) não passa à perpendicular do
IR =
ponto de apoio temos a fase de freio; somente
IR =índice de amplitude relativa; AP = amplitude da depois desta fase é que temos a aceleração.
passada; h = altura do corpo. A fase de freio vai do primeiro ponto de apoio
- Existe uma influência da altura do atleta na até o menor ângulo de flexão do joelho. As atletas
amplitude da passada? com amplitude relativamente menor (melhor gru-po)
Abordaremos as perguntas acima separada- têm uma fase de freio mais curta, e daí pode rem
mente. acelerar mais.
O ângulo de impulsao é diferente, segundo a
Altura do atleta e o rendimento do sprint. técnica do movimento, considerando-se o ponto de
apoio. Tomando por base o ponto de apoio, o àn
Em pesquisas realizadas com grupo de 32 gulo de impulsao é diferente, segundo a técnica do
moças, semifinalistas em Munique, divididas em 2 movimento.
grupos: G1 = as 16 melhores corredoras e G2 = as
piores corredoras, foram constatadas as seguintes
alturas (em cm) (G -grupo geral):

G = 156 a 177 M = 165


G1 - 157 a 177 M1 = 166 M1 _ M2 = 2 cm.
G2 = 156 a 172 M2 - 164
As atletas de G1 são, em média, 2 cm mais
altas do que as de G2. Resta-nos saber se isto tem
alguma relevância estatística quanto à influência no Trajetória em curva do CG; quanto maior F1,
rendimento; sabe-se, entretanto, que esta diferença é mais acentuadas as curvas.
casual e insignificante, não tendo influência no F1 = força nova ao CG, fase de impulsao.
rendimento. F2 = aceleração do corpo.
Através do coeficiente de correlação (r), en- Na fase de impulso, o corpo está mais alto que
controu-se entre todos os grupos r 0,20, e isto na fase de apoio. As melhores corredoras correra
significa que todos os coeficientes de correlação mais em baixo (curvas mais baixas), enquanto as
eram insignificantes. Mesmo pelo coeficiente de piores têm uma pior economia: as curvas são mais
correlação, provou-se que a altura não tinha influ- altas.
ência decisiva no rendimento para atletas, em razão Não existe relação entre a altura do atleta e a
da altura entre 156 e 177 cm. amplitude da passada, quando comparado dentro de
um grupo; não é significante, e isto é estranho,
Influência da amplitude relativa no rendimento. apesar de comprovado cientificamente, afirma o
A amplitude é importante, pois pode depender Prof. Dr. Letzelter. Só em relação ao melhor grupo
do tamanho das pernas. A amplitude relativa está em conseguiu-se uma relação pequena entre amplitude
dependência da altura do corpo. "O IR aumenta na da passada e altura.
medida em que for maior a amplitude em relação à Em todos os grupos, a altura do corpo influi
altura". "O IR diminui quando for menor a amplitude muito pouco na amplitude da passada (pesquisa
em relação à altura". acima). Não se justifica, todavia, uma amplitude
Em relação ao grupo de 32 moças, foram en- grande pela altura baixa, como não se pode justifi-
contradas as seguintes variações da amplitude, con- car uma freqüência alta numa grande altura. A des
sideradas muito grandes: vantagem da amplitude é compensada por outros
fatores dentro da corrida.
G =1,09 a 1.31 M = 1,18
Citaremos aqui os dados relativos a duas com-
G1 =1.09 a 1,31 Ml = 1,16 M1 -M2 = -0,04 (3,5%)
G2 = 1.I0 a 1,31 M2= 1,20 ponentes do grupo:
1 — Renate Stecher — alemã — campeã olímpica
de 100 e 200m
h-1,71 — 6 cm mais alta do que a média. 1 _ 1,86 vel pela movimentação rápida da perna (imprimindo
— 9 cm menor do que a amplitude média. f- 4,86 freqüência);
passadas p/seg (maior freqüência de to- das as — habilidade do sistema nervoso central (capacida-
atletas do grupo). IR __ 1,09 — menor índice de de aumentar os impulsos nervosos);
encontrado. 2 — Rose — Jamaica — capacidade de procurar o solo conscientemente,
h 1,58 — 7 cm menor que a média. 1 _ sem voar;
1 95 - igual à média. IR - 1.25. — não exagerar no levantamento do joelho e da per-
Observamos, portanto, um comportamento na da frente, trajetória alta do CG, com curvas
totalmente diferente entre as duas atletas. acentuadas.
Comportamento da velocidade — Independente
do nível de rendimento, a velocidade aumenta COMPORTAMENTO DA VELOCIDADE NA
rapidamente, permanece num certo nível constante PROVA DE 200m
e depois cai vagarosamente. A diferença decisiva
entre G1 e G2 surge especialmente na fase de Muito se tem perguntado, se deve ou não haver
aceleração. um treinamento especial, diferenciado, para as
Comportamento da amplitude — Independente provas de 100m e 200m, ou seja, se o treinamento
do nível de rendimento, temos um aumento rápido, para 200m deve ser diferente do treinamento de
uma permanência num nível constante e depois velocidade de 100m.
uma queda vagarosa. Nos 5 a 10m finais, sobe O fisiologista russo Gorosharin, por exemplo, é
novamente a amplitude, mas isso não melhora o defensor do treinamento diferenciado entre 100m e
resultado. Depois de certo nível de amplitude e 200m rasos. Nos Estados Unidos também é comum;
rendimento, o aumento da amplitude já não tem todavia, na prática, vemos comumente os corredores
influência no rendimento da corrida. de 200m saindo-se bem em provas de 100m, e vice-
Comportamento da freqüência — Independente versa.
do nível de rendimento, observamos, na corrida, o Podemos citar dois ótimos exemplos de bons
seguinte comportamento da freqüência: aumento corredores para essas duas distâncias: Renate
lento, manutenção em nível máximo constante e Stecher, campeã olímpica em Munique nos 100 e
queda rápida. Esta queda rápida no final da corrida 200m; Valery Borzow, também vencedor em Muni-
é condicionada pelo aumento da amplitude. que nestas duas provas.
Os melhores corredores correm, geralmente, O treinamento do corredor de 200m deve ter o
com uma freqüência maior do que os piores; ao mesmo objetivo de desenvolver velocidade que o do
contrário da amplitude da passada, isto é válido para corredor de 100m. As bases do treinamento no que
todas as partes da corrida. se refere ao desenvolvimento de velocidade não se
Quanto melhor for o atleta, tanto mais tempo diferenciam. A diferenciação nos dois treinamentos,
pode acelerar, tanto mais pode aumentar a amplitu- a qual poderíamos considerar como uma espe-
de da passada por mais tempo. cialização nos 200m, deve-se ao maior volume de
O comportamento da relação entre amplitude e treinamento no caso dos 200m, decorrente de um
freqüência é muito diferente para atletas de alto maior treinamento de resistência de velocidade. Fa-
nível. ce a isto, é mais fácil encontrarmos corredores de
Em relação à altura, não existe diferença entre 200m fazendo bons tempos nos 100m, do que o
más e boas corredoras; isto significa que a altura contrário.
não serve para diagnosticar capacidade de rendi- Em pesquisas realizadas com os 40 melhores
mento. atletas participantes da Olimpíada de Munique, ob-
A amplitude relativa da passada não tem influ- teve-se o seguinte resultado
ência positiva no rendimento. O pior grupo tem (G = grupo geral; M = média):
amplitude relativa maior que o melhor grupo.
Depois de uma certa amplitude de passada re- G1 = as melhores participantes da semifinal e final;
lativa, não mais interessa aumentar a amplitude; G2 = participantes somente das preliminares.
portanto, a influência da altura do corpo em relação
à amplitude da passada é bastante relativa. G - 22,40 - 24,70 M - 23,64
Fatores e aspectos limitantes da freqüência dos G1 -22,40 - 23,86 Ml = 23,11 M2-M1 = 1.06
passos: — trabalho do "psoas—ilíaco", músculo G2 - 23,93 - 24,70 M2= 24,17
responsá- Considerando que nos primeiros 100m a atleta
sai de bloco, o que não acontece nos segundos
100m, teremos um tempo extra para os primeiros
100m, devido à perda pela aceleração inicial. Se- ParaG2-M em t1 = 12,11 M 1,10
gundo pesquisas realizadas em Mainz, com velocis- em t2 = 12,06 005
tas de capacidade média, essa perda é de 1 "17 a 0,05 1.05
1"70; porém, entre os melhores, a mesma não ul-
trapassa os 0,9". Porém, logo veremos que, levando- Dessa forma, G2 corre os primeiros 100
se em conta essa aceleração inicial, os primeiros 1"05 melhor que os segundos 100m.
100m são corridos mais velozmente que os segun- Resistência de sprint nos 200 metros - Po-
dos. demos determinar a resistência de sprint nos
Vamos considerar para nosso estudo a seguinte 200m achando a amplitude de variação (V) entre
diferença: a me-lhor e a pior atleta de cada grupo e do grupo
geral
= 1 "1.
Melhor Pior V
Tempos parciais para os primeiros 100m
G 0.63 -0,40 1.03
G - 11,30 a 12,36 M = 11.92 G1 - G1 0,63 -0,14 0,77
11,30 a 12,01 M = 11,73 G2 - 11,85 a M2- M1 = 0,38 G2 0.33 -0,40 0.73
12,36 M = 12,11
"V" é a vantagem que a melhor atleta em cada
Tempos parciais para os segundos 100m grupo leva sobre a pior, em virtude de correr com
melhor tempo os segundos 100m, ao passo que as
G - 10.97 a 12,35 G1 - M = 11,72 M piores de cada grupo correm pior os segun-dos
10,97 a 11,90 G2 - = 11,38 M = M2-M1 = 0,68 100m.
11,82 a 12,35 12,06 Considerando a média dos grupos, temos a
se-guinte resistência de sprint:
Temos agora: em t1, M2 - M1 = 0,38seg = 35,8% em G 11,92emt1 e 11,72emt2 G1 diferença = 0,20
t2, M2 - M1 = .0,68seg = 64,2% 11,73 em ti e 11.38 em t2 G2 seg =
12,11 em t1 e 12.06 em t2 0,35
em ,t200, M 2 - M 1 = 1,06seg = 100,0%

Portanto, na média, G1 (0,35) é melhor 0,., seg


Concluímos, portanto, que da diferença de 1,06 seg,
que G2 (0,05), tendo uma melhor resistência sprint.
entre melhores e piores (G2 — G1), 35,8% estão contidos
Como já foi visto, na realidade G1 é 0,75 mais
nos primeiros 100m, e 64,2%, nos segundos 100m.
veloz nos primeiros 100m que nos segundos,e G2
Lembramos agora: 1,05 mais nos primeiros 100m que nos segun-dos. Isto
em t1, a média de G = 11.92; é um indicador de que G2 tem uma me-nor resistência
em t2, a média de G = 11,72; de sprint.
diferença = 0,20. Essa conclusão nos dá um coeficiente de cor-
Voltando agora a relação (r) de 0,64, bastante significativo. Dá tam-bém
= 1,1 seg, temos que
considerar que, como essa é a desvantagem dos pri- uma variante conjunta de 40,4% e um coefici-ente de
meiros 100m pela saída de blocos, em relação aos regressão de 0,28. Isso significa que, de uma
segundos 100m, então a atleta deveria, para sertão vantagem de 1 segundo de um atleta sobre outro, na
veloz nos segundos 100m quanto nos primeiros, média, 0,28 segundo será determinado pela
correr, além dessa vantagem, mais 1"1 seg mais ve- resistência de sprint.
loz. Mas como: em t1, G =11,92, e em t2, G = 11,72, Estabelecendo-se o coeficiente de correlação
dando uma diferença de apenas 0,2 seg, então, na entre t2 e o tempo dos 200m, achou-se r = 0,97 e
realidade, se t = 1,1 — 0,2s = 0,9 seg, o grupo geral entre t1 e t200 r = 0,90.
(G) corre os primeiros 100m 0,9 seg mais rápido que Comparando-se os atletas e não os grupos, che-
os primeiros 100m. gou-se à conclusão de que os comportamentos são
Essa foi a conclusão para o grupo geral (G). semelhantes. Os coeficientes de regressão são os se-
Agora consideremos cada grupo (G1 e G2): guintes: b1 =0,36 (primeiros 100m); b2 =0,64 1
= 1,10 (segundos 100m).
Para G1 - M em t1 = 11,73 M em
t2= 11.38 0,35 Em pesquisa a respeito da relação entre t1 e t2,
0,35 0,75 determinou-se que as melhores nos primeiros 100m
também são as melhores nos segundos 100m, isto é,
Dessa forma, o G1 corre os primeiros 100m 0,75 seg
entram na reta já liderando a prova.
melhor que os segundos 100m.


COMPORTAMENTO DA PASSADA NA atletas de 200m corram com maior amplitude, porque
PROVA DE 200m correm a segunda metade da prova sem saída de
blocos, o que dá uma média de amplitude maior.
O comportamento da passada na corrida de 200m Pesquisa realizada por 2 investigadores de-
tem, segundo o Prof. Letzelter, uma impor-tancia monstrou que havia um ganho de até 10%-na am-
bastante grande dentro do ensino do treina-mento. plitude da passada nos segundos 100m, pelo fato de
Esse comportamento tinha, até pouco tem-po uma não saírem, os atletas, de blocos. (A amplitude média
má interpretação, dado o fato de não ha-ver é conseguida dividindo-se a distância percorrida pelo
nenhuma pesquisa científica a esse respeito. No livro número de passadas;
Der Sprint, Toni Nett cita uma pesquisa feita com L100m =
treinadores alemães, os quais foram partidários de 100
n. passadas
uma maior importância à amplitude da passada nos
200m. Segundo esses treinadores, atletas com maior Se o atleta der 50 passadas em 100m, teremos
amplitude de passada teriam grande vantagem em L100 = 2,00m.
relação a atletas de amplitude pequena e que atletas Como amplitude máxima consideramos o trecho
altos, por terem a possibilidade de fazerem essa onde o atleta corre com a maior amplitude, ou seja,
passada maior, também teriam vantagem sobre entre 60 e 70m.
atletas baixos. Então, para a ciência do treinamento
desportivo, surgiram duas hipóteses: os melhores Com base nisso, podemos dizer que, para não
corredores de 200m correm com maior amplitude; e haver uma redução na amplitude média na segunda
os melhores corredores de 200m são também os
mais altos.
Com base nessas duas hipóteses, o Prof.
Letzelter desenvolveu na Olimpíada em Munique
uma pesquisa envolvendo 32 participantes dos
200m. Os resultados mostraram serem falsas essas
duas hipóteses. Vejamos como se desenvolveu a
pesquisa.

N (número de atletas) = 32 metade da corrida, esta deveria ser, na média, 10%


G = grupo geral (32) maior que a amplitude média da primeira metade da
G1 = melhor grupo (16 primeiras) corrida. Esses 10% na segunda metade representam,
G2 = pior grupo (últimas 16) para a corrida toda, 5% da média da amplitude,
L = amplitude média da passada equivalentes a cerca de 10cm.
L 200 = amplitude média da passada nos 200m
Como em L200, G G1
G = 1,90 L200 2,24 M = 2,03 G2 = 2,03 menos 10cm = 1,93 =
2,03 menos 10cm = 1,93 =
G1 = 1,90 L200 2,24 M = 2,03 2,03 menos 10cm = 1,93
G2 = 1,90 L200 2,23 M = 2,03

Pelo exposto, podemos ver que tanto o melhor Nos 100m, G = 1,95; G1 =
grupo como o pior têm a mesma média de amplitude, 1,94 e G2 = 1,96.
o que mostra que as melhores atletas nao têm uma
maior amplitude. Dessa forma, aquela diferença de Portanto, a amplitude média nos 200m é melhor
tempo de 1,06 seg entre melhores e piores, citada ainda que nos 100m, principalmente em con-
anteriormente, só pode ser atribuída à freqüência de seqüência da corrida em curva. De modo geral, po-
passadas. demos dizer que o comportamento da passada nos
Vejamos agora as diferenças médias de ampli- 200m é igual ao da prova de 100m.
tude dos 3 grupos, nas provas de 100m e 200m. Para melhor esclarecimento, citemos exemplos
das 3 melhores nos 200m em Munique.
Amplitude média nos 200m:
100m G = 1,95m G1 1,94m G1 G2 = 1.96m
200m G = 2,03m = 2,03m G2 2,03m

Stecher — 1,91 1º lugar


Encontramos aqui uma maior amplitude de Boyle - 1,90 2º lugar
passadas nos 200m, porém isso não prova que os Schewinska — 2,24 3.° lugar
As medalhas foram ganhas por atletas com Na segunda metade, G1 tem valores mais altos que
amplitudes pequenas e grandes, porém Schewinska, G2. Na segunda metade da corrida, os atleta do
pouco após as Olimpíadas, correu 200m com uma melhor grupo correm com passadas maiores, acon-
amplitude menor e conseguiu um resultado melhor. tecendo o inverso na primeira metade, porém as
Boyle, que tem a menor média de amplitude, correu diferenças são pequenas e estatisticamente não tem
a segunda metade da prova com o melhor tempo significado.
(10,9 seg). Vejamos agora o valor da resistência de ampli-
Ao se estabelecer uma relação entre amplitude tude de passada, definida pela relação L1 ( media
de passadas nos 200m e resistência de sprint, por passada na primeira metade) — L2 (idem
obteve-se r = 0,18, que mostra uma independência segunda metade).
entre esses fatores. Esse conceito só é válido para Grupo L1 - L2 W
resultados inferiores a 25 segundos.
Vejamos agora uma comparação entre ampli- G 0,04-0,21 0,17 0,138
tude na primeira e na segunda metade dos 200m. G1 0,06-0,21 0,15 0,154
Sabemos que nenhuma corredora aumenta a ampli- G2 0,04-0,20 0,16 0,121
tude na segunda metade, mas que pelo menos 5
delas a mantêm, isto é, têm a amplitude na segunda Como podemos notar, os melhores atletas
metade 10% maior que na primeira. Podemos dizer ticamente mantêm até o fim a amplitude (perda
que essas corredoras têm uma resistência de ampli- somente 4cm). Os piores, inferiores em até 21
tude de passada máxima, e que a perda de velocida- perdem em relação aos melhores 17cm, que, multi-
de é causada pela perda de freqüência, já que a plicados pelas 50 passadas da corrida, dão um total
amplitude se mantém. de 8,50m, que é o que perdem para os melhores.
Comparação para todos os 200m, da menor à maior Na média, o grupo geral tem 0,138m maior por
amplitude: passada que na primeira metade. Comparando os
W = 0,34 M = 2,03 W valores médios de G1 e G2, verificamos que G2 tem
G - 1,90 a 2,24 G1 = 0,34 M = 2,03 W = um aumento menor na segunda metade que G1,
- 1.90 a 2,24 G2 0.31 M = 2.03 dando uma diferença de 33cm, o que em 50
- 1,92 a 2.23 passadas dá aproximadamente 2m, ou seja, mais ou
menos 2 segundos.
Comparação para os
primeiros 100m:

G - 1.81 a 2,17 G1 - W =0,36 M = 1,96


1,81 a 2,14 G2 - W =0.33 M = 1.95
1,86 a 2,17 W = 0,31 M = 1,97

Comparação para os segundos 100m:


G - 1,98 a 2.35 G1 W = 0.47 M = 2.10 W
- 1,98 a 2.35 G2 = 0.37 M =2.11 W =
- 1.92 a 2.23 0.31 M = 2.095
Podemos concluir que o melhor grupo nao faz
uma amplitude média de passada maior que G2 nos
primeiros 100m. Nos segundos 100m, o grupo G
apresenta valores mais altos que na primeira meta-
de. Temos também uma variação maior que na pri-
meira metade. A amplitude média de G na segunda
metade é 14cm maior que na primeira.
Anteriormente foi dito que a amplitude da
passada na segunda metade da corrida deveria ser Vemos, no gráfico, que a maior freqüência en-
maior em 10% que na primeira, o que eqüivaleria a contra-se em amplitude entre 1,95m e 2,00m. A
20cm. Na prática, entretanto, verificou-se que são maioria das amplitudes está entre 1,95m e 2,05m.
somente 14cm a diferença, o que prova que a am- Temos ainda 3 atletas com amplitudes menores que
plitude de passada na segunda metade diminui em 1,95m, 6 acima de 2,10, 2 entre 2,10 e 2,15m, 2
6cm. entre 2,15m e 2,20m.
Comparando os valores de ambos os grupos na Vejamos agora o gráfico da amplitude nos pri-
primeira metade, G2 tem valores maiores que G1. meiros e nos segundos 100m da corrida.


A média do 2º grupo é de 1,90, e no 1°, de
205m. Cabe esclarecer que os valores médios são
encontrados, usualmente, pela média aritmética,
porém o valor realizado pela maioria dos atletas,
representado pelo ápice da curva, é encontrado pela
média densa. Essa média densa não tem, obriga-
toriamente, que ser igual à média aritmética.
Distribuição da freqüência em relação à dife-
rença da amplitude de passada — Temos aqui valo-
res da direita entre 0,05 e 0,20. A média densa está
entre 0,10 e 0,15, no total de 14 atletas. Diferenças
na amplitude de passadas normais estão entre 10 e
15cm, e, quando se tem uma diferença maior, é
sinal de uma resistência de amplitude.de passadas
maior, ao passo que o contrário dá uma resistência
de amplitude menor.
Correlação entre, resistência de amplitude de
passada e tempo da corrida. — Já vimos que a re-
sistência de amplitude de passada tem uma relevân- Temos no eixo y a freqüência de passadas por
cia empírico-estatística muito grande para o rendi- segundo. No eixo x, o tempo total, subdividindo de
mento, pois o grupo com melhor resistência de am- 20 em 20m. Pela análise do gráfico, notamos que o
plitude de passada tem também os melhores resul- melhor grupo (G1) teve, durante todo o percurso,
tados, apresentando um coeficiente de correlação de uma melhor freqüência de passada que G2. Entre 20
r = 0,45. Temos um valor negativo, porque a valores e 40m, as diferenças de freqüência continuam as
altos de resistência de amplitude de passada mesmas, e após 80m, quando há uma queda na
correspondem valores baixos de tempo. Em relação freqüência, as diferenças ainda continuam as
a G2, temos um coeficiente de correlação de r =0,11, mesmas. A grande diferença se dá nos primeiros
o que mostra uma independência de valores, ou 20m, quando aumenta muito mais a freqüência em
seja, nesse grupo os melhores não têm uma melhor G1.
resistência de amplitude de passadas que os piores. Com relação à amplitude de passada, ela é a
Resistência da freqüência de passadas — Como mesma nos 2 grupos, e, com relação à freqüência,
já foi visto anteriormente, não existe, na média, G1 tem um resultado muito melhor que G2. Com
diferença de amplitude entre os melhores e os relação à resistência de amplitude de passada e
piores. Daí que a diferença de 1,06 seg no resultado resistência de freqüência de passada, temos um
final tem que ser conseqüência da freqüência. Em fenômeno contrário: na resistência de amplitude, G1
virtude disso, torna-se necessário falar da resistência tem melhor resultado, e na resistência de freqüência,
de freqüência de passada. Foi feita uma pesquisa ambos os grupos possuem o mesmo nível.
para verificar a queda da freqüência após os 80m. Ainda pelo gráfico, verificamos que em G2 a
freqüência cai bastante até o final da corrida (G1,
de 4,6 para 3,9 passadas por segundo, e G2, de 4,4 sprint tem variações em níveis muito maiores do que
para 3,56 por segundo): aproximadamente 15%. Fica se pensava antigamente.
claro, portanto, que a maior parte da perda de
velocidade é conseqüência da perda de freqüência Embora não se possa exigir de resultados
da passada. Em A10, temos uma queda de científicos uma formulação imediata de regras ara
freqüência mais acentuada, isto é, no final da corrida o treinamento, somente através desse quadro
o fenômeno é o mesmo que nos 100m. Uma maior geral pode-se pensar numa racionalização do
amplitude provocada pela "motivação final" leva à treinament-to, já que um bom treinamento só é
queda de freqüência. possivel quando o treinador possui uma boa dose
Pela análise do gráfico da freqüência, entre os de conhecimentos científicos. Ainda assim podem-
primeiros 80m e o final da corrida, ao se tomar a se tirar conclusões imediatas para a prática do
curva no seu ápice, vemos uma queda de 0,80 treinamento, como a de que a freqüência tem uma
passadas por segundo. importância maior que a da amplitude de
passadas
Como a queda após os 80m é igual nos 3 gru-
pos, mais ou menos 0,62 a 0,63 passadas por se-
gundo, temos um aumento no tempo final de mais ou
menos 14%. COMPORTAMENTO NA CORRIDA DE 400M
Por isso, concluímos que podemos, com o
treinamento, conseguir uma melhora no rendimento, Para se estudar o comportamento da corrida de
diminuindo essas quedas. 400m, foi dividido o percurso todo em 4 partes t1=
A resistência de freqüência de passada nao é tempo nos 100m, t2 = tempo nos 200m t3 = tempo
uma característica que tenha uma relevância nos 300m e t4 = tempo nos 400m
empírico-estatística para o rendimento, pois foi Como deve correr o atleta estas partes para
constatado entre ambos um coeficiente de correlação conseguir um melhor conjunto nos 400m? t1 - t100;
de r = 0,03, o que denota uma quase independência. t2 - t200 - t100; t3 = t300 - t200; t4-t400-t300.
Mais significativa é a relação entre resistência de Essa pesquisa foi realizada com 40 corredores
freqüência de passada e resistência de sprint. Temos
participantes das Olimpíadas de Munique. Os
aqui r =0,40, que, se não é muito grande, é tempos eram inferiores a 47".67.
estatisticamente significativo com r2 = 16%, ou seja,
16% da diferença na resistência de sprint são G1- t400< 46,55
produtos da resistência de freqüência de passada. G2- t400 > 46,55
Vale observar que é falsa a afirmativa segundo
a qual atletas que correm com maior freqüência nos G - 44,66 a 47,67 M -46,41
200m cansam mais, pois foi encontrado para esta G1 -44.66 a 46,55 M1 =45.76 - W = 1.89
relação r = 0,11, insignificante. G2 -46,63 a 47.67 M2 - 47.05 - W = 1,04
Já ficou provado que, na realidade, o atleta
M2 - M1 = 1.30 -* 2,7%
corre 0,9 seg mais lento nos primeiros 100m que na
segunda metade dos 200m. Até que ponto essa É importante notarmos aqui a diferença de
diferença é condicionada pela diferença entre 1".30ou2,7%.
freqüência de passada e amplitude cie passada? Vamos examinar agora t100. Um dos
corredores, por apresentar um resultado muito fraco
Foram encontrados os seguintes coeficientes de correlação: nos primeiros 100m, foi cortado do grupo, pois isso
foi atribuído a um comportamento tático errado.
Resistência de amplitude
G - 11,10 a 11.95 M= 11,53 W = 0,85 G1 - 11,10
Resistência de freqüência a 11,80 M= 11.40 W = 0.70 G2 - 11.35 a 11.95
M = 11.64 W = 0,60
Por exemplo: em corredores de G1, onde a
M2 - M1 = 0.24 * 2.0%
perda de velocidade é de 0,5 seg, 0,375 seg deve-se à
perda da freqüência, e 0,125, à perda de amplitude. Esses 0,24 seg representam, em relação à
diferença de 1,30 seg na diferença total, 18,5%.
Conclusões finais — 1) Em relação a diferentes Portanto, se os primeiros 100m representam 25% tia
pontos os treinadores estavam errados em suas corrida total, a diferença de tempo entre melhores e
opiniões; 2) o fenômeno do comportamento do piores em t1 representa menos que isso.

Daí que a diferença entre melhores e piores nos G - 22,95 a 25,00 M = 24,11 G1 -
primeiros 100m é menor que no final da corrida. 22,95 a 24,70 M = 23,83 G2 -
Ou os piores corredores correm rápido demais os 23,90 a 25.00 M = 24,54
primeiros I00m ou os melhores o correm muito Aqui existe uma variação bem maior nas
lentamente. Através de métodos estatísticos, diferenças que na primeira metade da corrida. Os
podemos verificar isso. coeficientes encontrados mostram que os melhores
M de t400 corredores nos 400m são também melhores na
M de t100 segunda parte da corrida. Temos r = 0,82 e r2 =
66,6%. Esses resultados parecem contraditórios,
G - 46,41 pois, se em t200, r - 60,4%, aqui não poderíamos
11,53 11.40
G1 - 45,76 11,64 11,31 encontrar 66,6%, porém não podemos fazer
G2 - 47,05 considerações isoladas, mas sim observar a influência
Finalistas - Entre t1 e t400 foi
45,14 dos primeiros 200m no total da corrida.
constatado um r = 0,62 e Em G2 encontramos r = 0,71. Isso quer dizer
r2 38%. Isso vai em contradição com os 18% que, no grupo dos piores, o resultado dos segundos
inicialmente encontrados, mas aqui foi levado em 200m é importante para o resultado final.
conta que os primeiros 100m têm uma influência em Resumindo, podemos dizer que os melhores
t2, t3 e t4. Portanto, na realidade, 38% do tempo nos corredores já são mais rápidos após 100m,
400m dependem de t1. Concluímos que os melhores aumentam essa vantagem após os 200m, e
corredores de 400m já são mais rápidos nos continuam mais rápidos nos segundos 200m. Já o
primeiros 100m. grupo dos piores (G2) não apresenta o mesmo
Se fizermos uma análise separada para G2, quadro. Não determinam sua vantagem nos
verificaremos um fenômeno. Encontraremos um primeiros 100m ou 200m, mas sim nos segundos
200m.
r = — 0,04, o que denota uma independência, ou
seja, os mais rápidos desse grupo em t1 não são os
mais rápidos em t400. COMPORTAMENTO DA VELOCIDADE NA PROVA
Vejamos agora os tempos nos primeiros 200m. DE 400m RASOS
Como regra básica, temos que os primeiros 200m
devem ser 2 seg mais rápidos que os segundos A primeira questão é saber se os atletas mais
200m. Nesta parte da pesquisa, só foram velozes na primeira metade da corrida também o são
conseguidos resultados de 28 atletas. na segunda metade.
Considerando-se o trabalho realizado com um
G - 21,20 a 23,00 M= 22,10 grupo, subdividido em G1 e G2, temos G1, que é
G1 - 21,10 a 23,00 M= 21,90 composto dos melhores atletas, mais rápido na
G2 - 21,95 a 22,80 M= 22,43 primeira metade e também nos segundos 200m.
Finalistas - 21,10 a 21,85 M= 21.60
Considerando-se o grupo de maneira geral, o
M2 - M1 = 0.52 - 2.3% comportamento é esse; porém, dentro de cada grupo,
encontramos:
Considerando-se somente os 28 atletas, a — em G1 temos um coeficiente de correlação — r -
diferença final seria de 1,21 segundos. Esses 0,52 — 0,20, bastante baixo, que sugere uma
seg representam 46% em relação à diferença final. independência entre os fatores, ou seja, dentro do
Portanto, ainda restam para os segundos 200m a grupo dos melhores, os melhores nos primeiros 200m
diferença de 0,69 seg ou 54%. nao têm necessariamente que ser também mais
Porém, ainda considerando-se a influência rápidos nos segundos 200m, podem, portanto, não
desses primeiros 200m no restante da prova, temos: aumentar a vantagem conseguida na primeira
r - 0,77 e r2 -60,4%. Portanto, na realidade, os metade;
primeiros 200m têm uma influência de 60,4% no total — em G2, temos um coeficiente de correlação r - —
da prova. 0,70, também negativo, porém bastante alto, o que
Já em relação a G2, os melhores do pior grupo significa que, dentro deste grupo, os que correm mais
nao conservam a vantagem. Têm um comportamen- rápido a primeira metade correm mais lento a
to tático errado, pois em G2 foi encontrado r -0,17. segunda metade. Encontramos aqui um coeficiente
Temos agora que estudar a segunda metade da de regressão b - — 1,2 segundo. Em decorrência
corrida e suas influências no tempo total. desse coeficiente, vemos que os
corredores que são 1 segundo mais rápidos na RV = t400 - 2xt200mt, mas ainda assim temos o
primeira metade, são 1,2 segundo mais lentos na problema de atletas que poucas vezes correm os
segunda parte; portanto, a desvantagem é acrescida 200m.
com valores mais altos. Desta forma, ficaremos com a primeira
Essa queda da velocidade nos segundos 200m definição, que, ao menos, não apresenta erros de
nem sempre é por uma questão de perda da medição:
velocidade devido à resistência, mas por uso de uma RV - t200 - t200/2 - RV é a diferença dos dois
tática errada. tempos parciais.
Diferença entre as duas metades da corrida Diferenças dos tempos parciais dos grupos (n -
Na prática, é válida a regra geral da diferença 27 atletas)
de dois segundos a mais na segunda parte. Os valores são as diferenças da primeira para
Exemplo: um atleta que corre 400m em 46" deveria a segunda parte da corrida.
correr os primeiros 200m em 22" e a segunda G = 1.10 a 2.90 W = 1,90 M = 2,04 - 1.8 G1 =
metade em 24". Lee Evans, campeão olímpico do 1,10 a 2,55 W = 1.45 M1 = 2.00-1.7 G2 = 1.10 a
México, correu a segunda metade com uma di- 2,90 W= 1.80 M2 = 2.10 - 1.9
ferença de 2"4.
Esta diferença é o índice da resistência de elétr. manual
velocidade (RV), além dos problemas táticos da Como podemos notar, a diferença entre os dois
corrida. Existem várias fórmulas que procuram definir tempos parciais (M1 e M2) é bem maior que a
a resistência de velocidade: diferença no resultado final dos grupos (1,30
1ª definição: RV = t200 - t200 (2º). Tanto maior segundo). Tomamos, como regra geral, a diferença
será esta diferença quanto menor for a resistência de de 2 seg entre o melhor e o pior. Admitindo-se um
velocidade, e vice-versa. Nesta operação temos a erro médio de mais ou menos 0,1 seg, temos os
considerar o "tempo de poupança", isto é, o tempo tempos de 1"9 e 2"1. Se essa diferença aumenta,
que o atleta deixa de fazer por poupar suas energias podemos considerar que os primeiros 200m foram
na primeira parte da corrida. Isso leva a erros na rápidos demais; se diminui, foram lentos demais.
equação, pois esse tempo de poupança não aparece Considerando as perdas dos primeiros para os
em RV = t200-t200(2º). Assim, "tanto maior o tempo segundos 200m, em cada grupo, vemos que M2 - M1
de poupança na primeira metade, quanto menor a = 0,10 seg, o que estatisticamente é insignificante e
diferença", e vice-versa. 2º definição: RV =t400 - pode ser atribuído a um comportamento tático errado
2xt200 (melhor tempo conseguido nos 200m). Ex.: de G2.
46" - 2x21" => RV -4". Para o grupo geral (G), temos r = 0,16, o que
Essa relação é problemática, pois nesses 200m denota uma independência, e isto quer dizer que o
já temos 1/3 de importância relativa à resistência de melhor grupo não tem uma diferença favorável entre
sprint. as duas metades da corrida, em relação ao pior
3a definição: RV = t400mt - 4xt100mt (mt = melhor grupo. Ou seja, o grupo melhor pode correr mais
veloz nas duas partes, mas não consegue, na média,
tempo). Ex.: RV = 46" - 4x10"5 = 4".
uma menor diferença entre as duas metades (ver
Essa relação também é discutível, pois: exemplo de Lee Evans).
a) corredores de 400m correm poucas vezes os Já em G2, temos r = 0,56. Portanto, neste
100m, daí ser difícil definir seu melhor resultado; grupo, os melhores corredores têm uma menor
b) erros de medição: é freqüente o erro de 0,1 Os na diferença em relação aos piores, ou seja, têm uma
cronometragem manual. Se considerarmos erros de melhor resistência de velocidade.
cronometragem em dois corredores A e B, sendo que A distância de 300 metros foi considerada a
os dois correm com a mesma velocidade e o ideal para testes com corredores de 400m. Os dados
cronômetro registrou para um 10"4 e para outro 10"6, a seguir provam isso.
Ainda na mesma pesquisa, estes são os dados
- RV = 46 - 4x10"6 - RV= 3"6, para t300 - n =40.
- RV = 46 - 4x10"4 - RV= 4"4.
Registrou-se um erro considerável, pois os 2/10 G = 32,10 a 34.70 M = 33,68
foram multiplicados por 4. Portanto, as menores G1 = 32.10 a 34.10 M1 - 33,28
possibilidades de erro encontramos em G2 = 32,65 a 34,70 M2 = 34.07

d =0.79 seg. = 2.3%


Grupos t400 t100 t200 t200m.t, t300 COMPORTAMENTO NA CORRIDA DE 400M
46,41 IMPLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA VELOCIDADE
11,53 22,10
45,76 11,40 21,90 21,06 33,68
47,05 11,64 22,93 20,86 33.28 Neste estudo, os 400m foram divididos em 4 partes:
45,14 11,31 21,60 21,40 34,07 t1, t2, t3 e t4. Foram pesquisados os 28 semifinalistas da
Olimpíada de Munique e elaborada a seguinte tabela:

G G1
G2
GF(finalistas)
Temos agora que:
Para o grupo geral (G)
r=. (t300 / t400) > r = (t100 / t400)
Tempo W M
r(t300/t400) - 0,91; variante conjunta = 82%
t1 11.10 a 11,90 0,80 11,502
Portanto, para o grupo geral, 82% da diferença estão t2 10,00 a 11,00 1,00 10,580
contidos nos primeiros 300 metros. já em G2, temos r - t3 10,85 a 11,80 0,95 11,429
0,43, com uma variante conjunta de 18%, ou seja, apenas t4 12,00 a 13,30 1,30 12,765
18% da corrida são decididos nos primeiros 300m; nos Para o grupo dos melhores (G1)
100 metros finais ainda é decidida a maior parte da prova. 11.415
t1 11,10 a 11,80 0.70
Entre os finalistas, com exceção de dois, todos t2 10,00 a 10,85 0,85 10,469
mantiveram as posições que conseguiram até os 300 t3 10,85 a 11,75 0,90 11,328
metros. t4 12,00 a 13,15 1,15 12,547
Damos a seguir, um quadro demonstrativo das
Para o grupo dos piores (G2)
posições dos atletas nos 300 metros e nos 400 metros,
onde verificamos que, à exceção dos 5º e 6º colocados, os 11,652
t1 t2 11,45 a 11,90 0,45
demais mantiveram suas colocações. 10,755
t3 10,50 a 11,00 0,50
11,564
t4 11,40 a 11,80 0,40
12,982
12,40 a 13,30 0.90
Analisando primeiramente G, temos. (t2 e t1) t2 tem
melhor tempo que ti. Essa diferença deve-se à saída de
blocos em t1, que faz com que o atleta perca bastante
tempo. Observa-se uma variação bastante grande entre o
melhor e o pior de t2 -1,0 seg. Um pouco menor em t1 -
0,80 seg.
(t1, t2 e t3) t3 é bem pior que t2, e, considerando-se a saída,
também pior que t1. Portanto, em t3 o atleta já está
perdendo velocidade. Temos em t3 uma grande variação -
W - 0,95.
(t1, t2 e t4) Em t4 é onde se constatam os piores tempos e a
maior variação entre o melhor e o pior corredor (1,30). Há
uma grande piora no tempo, devido à resistência de
velocidade.
Dessa primeira análise, concluímos que os melhores
são mais velozes desde t1 e t2, assim como também
possuem maior resistência de velocidade.
Comportamento relativo ideal para as parciais dos Comparando-se os tempos médios de G1 e G2,
400m temos:

Esta tabela demonstra o tempo ideal nos t100, t200 e


t300, dentro dos tempos aqui registrados para t400.
1400 44,50 45,00 45,50 46,00 46,50 47,00 47,50 t1 11,652 - 11,415 = 0,237 = 19,8%
t2 10,755 - 10,469 = 0,286 23 9%
t100 11.20 11,25 11,35 11,45 11.55 11,60 11,70 t3 11,564 - 11,328 = 0,236 19.8%
t200 21,40 21,60 21,80 22,00 22,25 22.45 22,65 t4 12,982 - 12.547 = 0.435 36.4%
t300. 32,00 32,60 33,10 33,50 33,85 34.05 34,20 1.194 100,00%
As maiores diferenças entre melhores e piores Analisemos agora as velocidades, em metros
corredores se dão em t2 e t4. por segundo, em S1, S2, S3 e S4. S1 eqüivale a t1
Conforme o gráfico abaixo, temos: etc.

S1 S2 S3 S4
G 8,69 G1 9,46 8,75 7,83
8,77 G2 8.58 9.57 8,83 7,98
9,30 8,65 7,70
Como vemos,
as velocidades em S1 e S3 são semelhantes. A maior
velocidade verifica-se em S2, e a menor, em S4.
Considerando o espaço S2 como o mais veloz J
relacionemos os demais com ele:

G 91,9% 100% 92,5% 82,8%


G1 91,6% 100% 92,3% 83,4%
G2 92,2% 100% 93,0% 82,8%

Podemos ver que, em S1, todos os grupo


rendem cerca de 8% a menos em relação a S2; em
S3, cerca de 7%, e em S4, cerca de 17%.
Considerando que em S1 perdeu-se velocidade pela
saída de blocos, concluímos que S3 é mais fraco
que S1; já aparece o fator cansaço.
para o grupo geral (G) - t2 varia de 10,0 a 11,0. Entre 25 dos participantes dos 400m em]
Temos 4 atletas com D 10", 11 com D 10".4, 11 com Munique, foram verificados seus melhores tempos
D 10".8 e 2 com D 11". t3 vai de 10,85 a 11,80. em 200m rasos e feita uma relação com a prova de
Temos um atleta com 10".85, e um com D 11", 9 com 400m.
D 11".3e14 com D 11".8. t1 vai de 11 ".1 a 11 ".9, Melhores 200m M W
tendo um atleta com D 11".1, 14 com D 11 ".3, 7 com
D 11 ".6 e 6 com D 11 ".9. t4 varia de 12"00 a 13".3, G 20.3 a 21,8 21,06 1,5
tendo 1 atleta com D 12", 6 com D 12".2, 7 com, G1 20,3 a 21,3 20,86 1,0
12".5, 6 com D 12".8, 6 com D 13".1 e 2 com D 13".4. G2 20,7 a 21,8 21.40 1,1
Note-se que t3 e t1 são semelhantes, e que a queda
da velocidade em t4 é considerável.
Há tempos bons que permitem uma participação
Pelo gráfico abaixo, vemos, a partir de 150m, nos 200m rasos das olimpíadas, e outros que não
uma queda na velocidade, até mais ou menos 250m, apresentam tais condições. Existem tempos maus,
e, a partir daí, uma queda mais violenta. que teoricamente não poderiam dar condições a
bons 400m. Mas na prática não é bem isso que
acontece, pois, enquanto alguns atletas apresentam
características de velocidade, outros apresentam
boas características de resistência de velocidade.
Podemos ver isso melhor na tabela abaixo, dos
melhores dos 400m.

Collet 20".3 45".0


Hanz 20".7 46".65
Mathews 20".7 44!'.66
Smith 20".7 45".05
Sang 21".0 45".20

Nota-se umacerta independência entre os


tempos dos 200m rasos e o resultado dos 400m.
heterogêneo isso acontece, pois, entre um atleta que
corre os 400m em 50" e um que o corre em 47", é
mais que claro que o segundo é mais veloz nos
200m.
Pelos dados que seguem, podemos determinar os
tempos ideais de passagem nos primeiros 200m, re-
lacionando-os com os tempos em 200m rasos (pes-
quisa com 22 atletas de Munique).
diferenças
p/200m W M
G 0,40 a 1,85 1,45 1,016 ou 1,02
Pelo gráfico acima, vê-se claramente como fo- G1 0.40 a 1.60 1,20 1,007 ou 1.01
ram alteradas as posições após a passagem nos G2 0.55 a 1,85 1,30 1,031 ou 1,03
200m iniciais. Na média, a diferença de tempos Como a variação (W) é grande,
dos 200m de para G1 é de 0,54seg, equivalente a percebe-se que, entre os melhores corredores de
2,5%, que significa uma relevância empírico- 400m, as táticas utilizadas são muitas. Também
estatfstica, com um coeficiente de correlação r= 0,58 deduzimos que a variação entre os melhores
e uma varian-te conjunta r2 =33,3%. Temos ainda corredores de 200m e a passagem de 200m é de 1",
um coeficiente considerada ideal.
de regreaaão de b= 1,1. Isto significa que, teorica- Analisando-se individualmente alguns corredores,
"mente, um atleta que melhorar 1 segundo nos 200m vemos que alguns dos melhores têm uma variação
melhorará 2 segundos nos 400m. de apenas 0,75 seg. Para os piores, essa variação nao
Esses dados nos dão a importância dos 200m deveria ultrapassar 1".
no tempo dos 400m. Mas isso não quer dizer, como Mas essa variação não pode ser muito pequena,
vimos, que os melhores corredores de 200m sejam pois irá prejudicar os segundos 200m. Ê O caso do
os melhores nos 400m. Para provarmos isso, temos vencedor de Munique, Vincent Mathews, que tem nos
r-0,17, que, para um grupo homogêneo de corre- 200m rasos 20".7. Teve uma variação na passagem
dores, não determina quais dos atletas de 400m são dos 200m iniciais de apenas 0,4 seg. Porém perdeu
os melhores corredores de 200m. Em um grupo muito no final, apresentando uma diferença-entre os
200m iniciais e os finais de 2,46 seg.
TABELA DE PASSAGENS IDEAIS PARA OS 400M

t400 - 44,5 45,0 45,5 46.0 46,5 47,0 47,5


t100 - 11,20 11.25 11,35 11.45 11,55 11.60 11.70
t200 - 21.40 21,60 21.80 22,00 22,25 22,45 22.65
t300 - 32,00 32,60 33.10 33,50 33.85 34.05 34.20

s = erro médio DO SPRINTER E


QUALIDADES
MENTO SEU TREINA- toras. Percebemos nitidamente que o fator domi-
nante é força e velocidade de sprint.
Quatro são os fatores Passando para um exemplo prático, se entre 2
responsáveis pelo resultado do sprinter: velocidade atletas existe uma diferença de 1 segundo no tempo
reação, força de sprint, velocidade de sprint e dos 100m, atribuímos os seguintes valores: 0,03 seg
resistência de sprint. da diferença devidos à velocidade de reação; 0,86
Precisamos saber em que proporções esses fa- seg, à força de sprint e velocidade de sprint; 0,10
tores estão correlacionados com o resultado no seg, à resistência de sprint.
sprint. Segundo pesquisa desenvolvida por Ball-reich, Portanto, força de sprint e velocidade de sprint
com um grupo heterogêneo com resultados entre devem ser os fatores de base no treinamento do
10".3 e 13".3, chegou-se aos seguintes resultados: velocista.
velocidade de reação ="3,3%; força de sprint e Velocidade de reação - Basicamente, podemos dizer
velocidade de sprint = 86,6%; resistência de sprint = que a velocidade de reação tem uma influência
10%. Força de sprint e velocidade de sprint estão bastante pequena no resultado do sprint. Em atletas
juntas, por existir entre ambas uma grande de alto nível, tem pouquíssima influência na
correlação, que as torna dimensões não-mo- diferença do resultado.
Foram encontrados os seguintes resultados em junta de r2 = 56,3%, o que significa que o tempo nos
pesquisa com atletas olímpicos, objetivando rela- 100m tem uma dependência de 56,3% em rela-ção
cionar a velocidade de reação e o tempo dos 100m: ao tempo nos 10 primeiros metros.

G1 - t100 < 10.75 seg


G2 - t100 > 10,75 seg.
A diferença média entre os 2 grupos, no que diz
respeito ao resultado, foi: diferença entre os 2
grupos: 0,272 seg perda por tempo de reação -
média de G2 =0,163 seg
idem média de G1 = 0,147 seg
Diferença entre as médias = 0,016 seg.
Esses 0,016 seg a favor dos melhores é um da-
do insignificante, igual a 5,8% do total da diferença. Pelo gráfico, podemos observar que a diferen-
Portanto, essa velocidade de reação não tem uma ça entre os dois atletas cresce muito até os 10m;
importância grande, e pode ser treinada junto a depois tendem as linhas a seguirem paralelas.
A mesma pesquisa, realizada com mulheres,
outras qualidades. Os mesmos valores foram encon-
apresentou um r = 0,83 e r2 = 68,9%, de onde se
trados para os 200 metros.
pode concluir que a capacidade de aceleração das
Força de sprint e velocidade de sprint - Força de mulheres é ainda maior que a dos homens nos 10
sprint é a capacidade de conseguir a maior acelera- primeiros metros. Essa experiência foi realizada com
ção possível no menor espaço de tempo possível. um grupo bastante heterongêno. Resta saber se com
um grupo de elite os valores são os mesmos.
Velocidade de sprint é a capacidade de se atingir a Pesquisados atletas com resultados — no masculino,
maior velocidade possível. inferiores a 10,6 seg, e no feminino, inferiores a 12
Como podemos observar, existe uma relação seg — , de maneira geral os resultados foram os
bastante íntima entre essas duas características. mesmos.
São tipicamente dimensões não-motoras.

Para se avaliar a força de sprint, existem formas


diversas, e uma delas seria tomar o tempo a espaços
regulares, como, por exemplo, de 5 em 5 metros, o
que na prática de treinamento é impossível, dadas as
dificuldades de cronometragem. Porém há a
necessidade de se definir operacionalmente a FS.
Para tanto, estabeleceu-se a correlação entre a força
de saída (10 primeiros metros) e a FS. Foi
encontrado r = 0,93, o que denota uma relação muito
íntima, tanta, que se pode determinar a FS através
da força de saída, em distâncias de até 30m, por
exemplo, desde que a mesma distância seja sempre
repetida nos testes. Distâncias muito pequenas
possibilitam um maior erro de cronometragem. As
distâncias não devem ultrapassar os 30m. A margem
de erro na cronometragem manual é de 0,1 seg em
100m. Testes realizados com 100 estudantes
mostraram a imprecisão da cronometragem manual, No eixo das abscissas temos o resultado da
dando diferenças bem nítidas ao serem comparados cronometragem eletrônica para os primeiros 10m, e
os resultados com os da cronometragem eletrônica. no eixo das ordenadas, o tempo para os 60m. Pelo
Importância da correlação entre FS e força de saída - gráfico observamos que existe uma relação bastante
t10/t100 íntima entre esses fatores dada a pequena variação
Através de pesquisas, chegou-se a um coefici- dos pontos com relação à reta traçada.
ente de regressão de r = 0,75 e a uma variante con- Pode-se concluir que a bons resultados nos 10
metros correspondem bons resultados nos 60m, e
vice-versa.

Concluímos que os primeiros metros em uma tência de velocidade é que, na primeira, o nível de
prova de sprint têm importância decisiva no resul- intensidade é máximo, e na segunda, é submáximo.
tado final. Mas uma questão que gera discussões é a Essa capacidade de resistir a esforços máximos
importância da força máxima para melhorar as ca- e submáximos é também denominada resistência
racterísticas do sprinter (força de saída e força de anaeróbia geral dinâmica.
sprint). As discussões sobre esse tema tornam-se, Dr. Hollman nos dá o seguinte quadro:
via de regra, infrutíferas, dada a interpretação errô-
nea de força máxima e força rápida. Para se
estabelecer uma relação entre essas ca-
racterísticas, foi feita uma análise documentária da
filosofia de treinamento dos mais bem sucedidos
técnicos de velocidade (Petrowsky, da Rússia, Bud
Winter, dos EUA, Piotrowsky, da Polônia, e outros).
Comprovou-se que nenhum desses técnicos
trabalha com força máxima.
Em outra pesquisa com 58 atletas, estabeleceu-
se a relação entre força máxima e resultado nos 50m.
Obteve-se um coeficiente de correlação de r = - 0,31,
o que demonstra que a força máxima não tem
influência significante no resultado final do sprint. Essa resistência de sprint máxima seria a capa-
cidade de manter a velocidade máxima até o fim.
Alguns técnicos e investigadores afirmam isso, po-
rém nenhuma afirmativa nesse sentido é precisa.
Podemos definir operacionalmente a resistência
de sprint por RS =t1-t2, nos 200m rasos. Definir a
resistência de sprint nos 100m é difícil, e a única
maneira de fazê-lo é através da curva de velocidade,
desde o ponto em que a velocidade começa a cair
até o final dos 100m.
Queda de velocidade, na corrida de Borzow (Munique)
0,02 seg

Pode-se ver no gráfico a difusão dos resultados


apresentados. Para exemplificar melhor, podemos
tomar apenas a faixa entre 6,5 e 7,0 segundos: vere- Il -I= 0,04 seg. Borzow ficou mais lento no final.
mos tanto valores altos como baixos, no que diz Ikai, do Japão, defende a teoria de que se pode
respeito ao nível de força máxima, variando de 130 a manter a velocidade máxima até o final. Bud Winter
230kg. Donde se pode concluir que bons resultados afirmou que Tommie Smith manteve sua velocidade
de sprint podem ser conseguidos tanto com altos máxima até o final dos 200m no México, mas nada
quanto com baixos níveis de FM. disso é provado com dados precisos.
Podemos concluir, finalmente, que o aspecto Segundo Balreich, a resistência de sprint nos
dominante no treinamento de velocistas é a força 1Q0m rasos compreende 10% da prova. Gundlach
rápida e não a força máxima, sendo isso válido para disse que é possível melhorar 0,06 seg quando se
todos os níveis técnicos e/ou etários. mantém a velocidade até o final.
Ainda segundo Gundlach, para um grupo mas-
RESISTÊNCIA DE SPRINT E SEU TREINAMENTO
culino, onde a diferença entre melhores e piores era
Resistência de sprint é a capacidade de se de 2,3 segundos, as proporções eram as seguintes:
manter a mais alta velocidade no maior tempo pos- resistência de sprint = 0,2seg = 8,7%. Os restantes
sível, ou diminuir ao máximo a queda de velocidade. 91,7% são atribuídos à força de sprint, velocidade de
A diferença entre resistência de sprint e resis- sprint e, em porcentagem muito pequena, ao tempo
de reação.
Para as mulheres, de uma diferença de 3,4 seg,
temos: resistência de sprint = 0,33 seg. =9,7%. Também são usados para se obter a resistêcia
Tanto Gundlach e Balreich acham que a RS tem de sprint testes utilizando-se circuitos; isso, porém é
cerca de 10% de importância nos 100m. Ozolin, muito subjetivo, pois irá testar, de maneira gene-
russo, acha muito significativa a RS e baseia-se nos ralizada, a resistência anaeróbica geral dinâmica, e
resultados de Hayes e Borzow. Deiss e Theiss (DDR) não a capacidade específica de RS.
pesquisaram os efeitos da RS e força de sprint em Treinamento da resistência de sprint — 1) Sob
juvenis. Para RS foi tomado o tempo em 150m (t150) o ponto de vista biomecânico — através das
e para força de sprint em 30m (t30). Obteve-se em qualidades de movimento, com a melhoria da resis-
t30/t 100, r =0,60, e em t150/t100, r - 0,81. Nessa tência de freqüência de passada e da resistência de
pesquisa, procuravam determinar o que era mais amplitude de passada. 2) Sob o ponto de vista ci-
entífico do treinamento: a — método direto -
importante para os 100m — a FS ou a RS. Pelos
treinamento de RS específico; b — método indire-to
dados acima, os investigadores concluíram que a RS
— treinamento das resistências aeróbia e anae-róbia,
era mais importante que a FS; essa conclusão,
esta através da resistência de velocidade to de RS).
porém, é falsa, pois não levaram em conta que, nos
Formas indiretas do treinamento de RS: mé-
150m, grande parte do resultado depende da força de todo contínuo; método intervalado intensivo
sprint. Com relação a isso, o Prof. Letzelter método intervalado extensivo.
estabeleceu uma correlação entre os 30m e os 150m Forma direta do treinamento de RS — méto-
e achou um coeficiente de correlação de 0,67, o que do de repetições.
nos dá idéia da dependência dos 150m com relação
aos 30m, provando a importância da força de sprint Princípios para o treinamento da RS
nos 150m.
I — Segundo Mateef (Bulgária), só é possível
Medida da resistência de sprint (comparação melhorar a RS através de variações de intensidade,
entre tempo nos 200m e tempo nos 100m) - Para Daí a melhora ao mesmo tempo da resistência de
determinarmos a RS de um atleta, tomamos seu sprint e da resistência de velocidade. Por exemplo o
melhor tempo sobre 100m e multiplicamos por dois. sistema de ins and outs, válido para RS e RV onde
Comparamos o resultado com o tempo sobre os se faz, por exemplo, em um trecho de 120m uma
200m e determinamos a diferença, como a sua RS. alternância de velocidade a cada 20m de 80% e
Exemplo: 100% dessa velocidade, ou seja, correm-se os pri
meiros 20m a 100%, os segundos a 80%, os seguin-
RS = t200-2t100 RS
tes a 100%, e assim por diante.
= 22"-2x10".5 RS =
1".0 Pode-se usar outro tipo de treinamento com
variações na intensidade: 100m a 95%; 80m a
Segundo Petrowsky, treinador do russo Borzow, 100%; 200m a 90%; 150 a 95%; e 100m a 98%.
os resultados de RS maiores que 0,4 seg são ruins, Ozolin pesquisou a validade desses treinamen-
enquanto que os menores são bons. tos. Dividiu um certo número de atletas em dois
Para juvenis e moças, estabeleceram-se resulta- grupos. G1 treinou em ins and outs, e G2, com o
dos entre 0,6 seg e 0,7 seg como bons, admitindo-se, método intervalado intensivo (o segundo exemplo).
para as moças, até 1,0 seg. Para atletas de alto nível, Após um ano, constataram-se as mesmas adapta-
quanto menor a diferença, tanto melhor a qualidade ções fisiológicas nos dois grupos, mas G1 melhorou
da RS. RS, RV e força de sprint, conseguindo, portanto, um
Na prática, é possível também, através de to- efeito complexo do treinamento. No total, G1
madas de tempos de 150m, verificar a resistência de conseguiu o dobro da melhora de G2.
sprint:
II — Treinamento de RS relacionado com a
competição — (através das corridas de tempo).
Por exemplo, para um atleta com t100 = 10".5 e
t200 = 21 ".3, um treinamento típico para compe
tição seria 3 x 200m entre 22".2 e 22".5, o que
acarreta um volume pequeno, interessante para o
período.

III — Zaciorskij, da Rússia, preconiza uma


diminuição na duração do esforço, com volume de
Essa tabela é válida somente para atletas espe-
cializados em 100 metros rasos.

RELAÇÕES DA VELOCIDADE NA CORRIDA DE
BARREIRAS

A curva de velocidade não somente nos serve


como fonte de informações, mas também como
prática de treinamento. Na prática de treinamento só
é utilizada como fonte de informações a relação
existente em diferentes curvas de velocidade e em
diferentes atletas.
Metodologia para a pesquisa da velocidade nos
110 s/B (Pesquisa realizada por Schmolinsky, to-
mando por base um tempo de 15"). — Tomam-se
como ponto de referência e medida os espaços entre
as barreiras, a saída e a chegada, considerando-se
um erro estandardizado de cerca de 0,02seg em
cada espaço.

A1 =da saída até 1,45m após H1, onde o


atleta toca o solo após a passagem.

A2....A10 = espaços entre as barreiras.


A11 = do toque após H10 até a linha de che-
gada.

Temos que dividir os 110 s/b em 4 etapas:


1) etapa de reação;
2) etapa de aceleração positiva — rápida até
H1 e mais lenta até entre H3 e H4; Portanto, os melhores ainda mantêm uma
3) etapa de aceleração negativa — entre H4 e aceleração maior que os piores até a 4a barreira
H10; Como após o espaço A4 temos ainda 10 segundos
4) aceleração positiva final. de corrida — 0,12 m/s x 10 seg = 1,2 m, aproxi-
Todos os grupos atingem a velocidade média madamente 0,15 seg. Mais os 0,65 seg até A1, tem
máxima entre a 3a e a 4a barreiras: G = 8,46 m/s; G1 se um total de 0,80 seg.
- 8,79 m/s; G2=8,23 m/s. Vemos que da diferença total de 0,99 seg de
Todos os grupos atingem a velocidade média vem-se ao espaço até a 4a barreira 80 seg, e desses
mínima em A10 (última barreira): G = 8,01 m/s; G1 - 0,80 seg são ganhos 0,65 seg até A1. Disso concluí.
8,35 m/s; G2 - 7,62 m/s. mos que a força de sprint é muito mais importantes
A diferença decisiva acontece no espaço Al, ou que a resistência de sprint.
seja, até a passagem da primeira barreira. Isto
significa que a diferença entre os melhores e os
piores resulta principalmente da força de velocidade
de barreiras, assim denominada porque engloba a Concluímos que 64% da prova são decididos
aceleração inicial, o impulso e a técnica de passa- até A1,e85%, até A4.
gem. Para maior esclarecimento, temos um exem-
Nota-se, pelo gráfico, que, após a diferença plo:
inicial, adquirida até a quarta passagem, a diferença TA21 TA22 TA23 T110
(último (tempo (toque (tempo
permanece quase constante até o final.
toque antes gasto na após a final)
Analisando G1 e G2 quanto às velocidades
da 1º barreira) passagem) passagem
máximas e mínimas, obtemos:
G1 = Milbourn 1,88 0,44 2,32 13,24
8,79 a 8,35
G2 = 8,23 a 7,61 W = 0.44 m/s W Davenport 1,90 0,44 2.34 13,50
= 0.61 m/s
Nadenicek 1,92 0.44 2.36 13,76
Concluímos que os piores têm uma Nelson 2.02 0,48 2,50 14,73
maior desaceleração, isto é, uma resistência de
sprint para barreiras pior. Aceleração negativa — Ocorre entre a 4a e a
RSB =0,61 - 0,44 =0,17 m/s a
10 barreiras. Dá-nos a resistência de sprint para
As curvas de velocidade para todos os grupos barreiras.
são semelhantes. Para definirmos operacionalmente a resistência
Todos os grupos aceleram por menos tempo e de sprint a para barreiras, temos a seguinte fórmula:
espaço que um corredor de 100m, e todos aceleram
até o mesmo ponto. Os melhores aceleram mais alto, RSB = (t5 + t6 + t7 + t8 + t9 + t10) - 6t4
mas não por mais tempo. ou
Relação da velocidade em A1 e o resultado RSB = (t5 - t4) + (t6 - t4) + ..............(t10 - t4)
final: Nos vários grupos, temos:
G1 2,32 a 2,40 M = 2,36 G =0,17 seg
G2 2,40 a 2,52 M = 2,46 RSB Gl - 0.17 seg G2 - G1 = 0.25 - 0,17 = 0,08 seg.
G2 = 0,25 seg
As médias de velocidade vão de 8,48 a 8,04,
com uma diferença de 0,44 m/s. Sabendo-se que o Supondo-se que G2 não tivesse essa aceleração
tempo médio para o grupo geral G é M = 14,08 seg, negativa após a 4a barreira, ganharia no tempo final
temos 0,44 x 14 = 6,16m % 0,65 seg. Se a partir de 0,25 seg e faria, ao invés de 14,57 seg, 14,32 seg;
H1 as curvas de velocidade se mantivessem mas mesmo assim perderia para G1. Como há uma
paralelas, teríamos no final esta diferença de 0,65 diferença de 0,08 seg no espaço H4 e H10, e a
seg. Sendo a diferença final entre G1 e G2 igual a diferença final é de 0,99 seg, conclui-se que a RSB
0,99 seg, esses 0,65 seg representam 2/3 da diferença influi em apenas 8% no resultado final.
total. Admitindo-se ainda uma variação de velocidade
Relação entre a velocidade no espaço A1 a A4 no espaço H4 a H10 de 0,02 seg temos RSB =0,08 +
e o resultado final: 0,02 =0,10 seg, igual a 10% da diferença total,
ficando os demais 90% a cargo de tempo de reação,
força de saída para barreiras e força de sprint para
barreiras.


100m SOBRE BARREIRAS- FEMININO

Foi realizada uma pesquisa com a metodolo-gia


utilizada na corrida sobre barreiras — masculino.
A1 = 13 + 1,10 - distância da saída ao 19
contato após a passagem da 1a barreira
A2 - A10 - 8,50 - distância entre as barreiras
Al 1 =10,4 - 1,1 - distância desde o 1º contato
após a última barreira até à chegada
Segundo pesquisas, a distância entre o último
contato antes da barreira e esta é de 1,80 a 1,90m,
e da barreira até o 1º contato com o solo, de 1,10m.
Na pesquisa referente a este assunto, foram-
selecionadas 20 atletas dos Jogos Olímpicos de Mu- Em todos os grupos existe um aumento da
nique. Os resultados acima de 14 segundos foram velocidade até a 5a ou 6a barreira, logo após uma
eliminados. ligeira queda, aumentando novamente a velocidade
após a última barreira, É importante observar que, ao
G 12,59 a 13,89 M = 13,30 (Mais heterogeno que atingir o ponto mais alto da velocidade, as linhas
os 100m rasos) correm paralelamente. As diferenças mais pronun-
G1 12,59 a 13,26 M1 = 13,02 ciadas são notadas entre a 1a e a 2a barreiras, É bas-
13,27 a 13,89 M2 = 13,59 tante comparável este comportamento feminino com
M1-M2 =-0,57 os barreiristas. A diferença mais aparente situa-se na
4,4% aceleração durante maior tempo pelas mulheres.
Elas aceleram até a 5a ou 6a barreira, e os homens,
até aproximadamente a 4a. Nas mulheres, a fase de
G1 é 4,4% mais veloz que G2. 0 gráfico aceleração positiva vai até a 6a barreira. Todos os
seguinte mostra uma tendência de grupos aceleram até a 6a barreira, mas, a partir da
comportamento semelhante à dos homens. 4a, a aceleração é diminuída.
Velocidade em metros por segundo nas dife-
rentes etapas:

G A2 A5
A1 • A3 A4 8,19 A6 A7 A8 A9 A10 A11
7,96
5,83 8,06 8,16 8,22 8,15 8.11 7,99 7,83 8,10
G1 5,88 8,10 8,22 8,35 8,40 8,43 8,35 8,29 8,21 8,06 8,41
G2 5,79 7,83 7,90 7,98 8,00 8.03 7,96 7,92 7,78 7,63 7,79
d 0 09 0 27 0 32 0 37 0 40 0 40 0 39 0,37 0 43 0 43 0 62

É grande a diferença em A2. Como ainda faltam De uma forma geral, pode-se dizer que a velo-
11 segundos de corrida, temos 0,27 X 11 - cidade é aumentada por 56m, cai por 34m e nova-
aproximadamente 3m de diferença, ou 0,35seg de mente sobe nos últimos 10m.
diferença, equivalente à metade, mais ou menos da Temos 4 etapas nos 100m sobre barreiras:
diferença total. (Observação — Os valores acima etapa de reação; etapa de aceleração positiva (até a
representam a velocidade em metros p/seg.) 6a barreira); etapa de aceleração negativa (6a até
Na 3a barreira a diferença é aumentada, não tão 10a); 2a etapa de aceleração positiva (10a à che-
acentuadamente como na 2a. Na 4a barreira, há gada).
ainda um aumento da diferença. Da 4a para a 5a Influências quanto ao resultado na barreira:
barreira, essa diferença já é bem menos pronun- força de saída, força de sprint e resistência de sprint.
ciada. Da 5a para a 6°, ela se mantém. Na 6a atinge-
A resistência de sprint para barreiras é definida
se a velocidade máxima. Entre a 8a e a 9a, a queda
da seguinte forma:
da velocidade é maior que entre a 7a e a 8a. Temos
RSB = t7 + t8 + t9 + t10 - 4t6.
na 9a barreira a maior perda de velocidade, que se
Vejamos os resultados de RSB entre os
mantém até a a 10a
melhores e os piores: Portanto, as melhores barreiristas têm um me
G 0,02 a 0,30 M = 0,15. lhor tempo de saída. Como ainda faltam 10 barrei-
ras, essa diferença multiplicada por 10 nos dá um
Atletas com perdas tão grandes como 0,30seg. tempo 0,4 seg. Isso nos dá um coeficiente de corre-
por exemplo, podem melhorar bastante quando lação bastante significativo — r =0,85 e r2
treinados em resistência de sprints. Na média, o = 73%. Portanto, aproximadamente 70% do re-
grupo poderia melhorar até0,15seg, ou seja, um sultado final dependem do tempo gasto até a 1ª
resultado de 13,30 pode ir para 13,15 seg. barreira. Temos também aqui um coeficiente de
regressão b = 7,4, ou seja, de uma diferença de 1
G1 0,04 a 0,30 M = 0,15 G2
segundo, 0,74 seg depende da saída. Para achar-
0,02 a 0,30 M = 0,15
mos esse tempo da saída à primeira barreira temos
Não existem portanto, diferenças na resistência
a equação: Y = 7,04x + 147 (o x é o resultado nas
de sprint entre os melhores e piores. Da diferença de
barreiras).
0,57 no tempo total das barreiras, nada é devido à
Entre o tempo até a 6a barreira e o resultado
resistência de sprint, com exceção-da 10ª barreira à
final, encontramos r = 0,98 e r = 96%; portanto 96%
chegada, onde temos de 5 a 6% da diferença total,
do tempo da corrida dependem do resultado até a
porcentagem menor que nos homens, provavelmente
6a barreira.
por ser menor a distância.
A correlação entre o tempo gasto até o último
Entre a resistência de sprint e o tempo final,
contato antes da 1a barreira e o resultado final nos
temos um r = 0,03, completamente independente, o
dá r - 0,52 e r = 27%, bastante significativo prova de
que significa que as melhores barreiristas não têm
que a força de saída tem uma grande in-fluência no
uma melhor resistência de sprint.
resultado final. Dados intermediários nos 100m
Mais de 90% do resultado devem-se à força de sobre barreiras:
sprint e força de saída.
Tempos de saída (até o 1º contato após a 1ª
barreira): 12.5 12,9 13,3 13.7
G1 - 2,34 a 2,44 M = 2.40 t1 2,55 2,60 2,65 2.70
G2 - 2,38 a 2,48 M = 2,44 t3 4,55 4,70 4,80 4,90
d = 0,04 - estatisticamente tb 6,55 6,75 6,90 7,05
significante. t8 9,50 9,75 9,95 10,25

PRÁTICA-VELOCIDADE

Com a presença de 10 professores e 10 atletas, com impulso simultâneo de ambas as pernas. Obje-
foram iniciados no dia 10.2.1976, sob a orientação do tivo: verificar a força de salto horizontal.
Professor alemão, Herr Augustin Dieter, os trabalhos 4 — Sentado no dina-press, perna em meia flexão.
de velocidade. Empurrar fortemente com o pé. Registro em
kilopoints. Objetivo: verificar a força máxima estática
— Testes da perna esquerda e da direita.
1 — Velocidade: 60m. Partida de pé com cronô 5 - Impulsao vertical: seargeant Jump test. Flexionar
metro acionado com o toque da primeira passada as pernas, partindo da posição de afastamento
no solo. lateral, e saltar verticalmente caindo no mesmo lugar.
Objetivo: verificar a força de salto vertical.
2 - Impulsao horizontal: D-E-D—E-D-E (D = direito;
E = esquerdo). Partindo da posição de pé, apoiado 6 - Para os rapazes: meio agachamento, na má-
sobre a perna de impulsao (perna de balanço atrás), quina de força. Objetivo: força máxima dinâmica de
pernas. Registro em kg.
dar 6 saltos e cair ao final com os pés juntos.
Objetivo: verificar a força de salto horizontal. 7 — Para as moças: leg press, na máquina de força.
3 - Impulsao horizontal: DE-DE-DE-DE— DE- Registro em kg. Objetivo: força máxima dinâmica de
DE. Partindo da posição de pé, dar 6 saltos, pernas.
8 - Pesagem dos atletas.
MELHORES RESULTADOS OBTIDOS PELO GRUPO
NOME 1 2 3 4 5 6 7

Míriam 7"2 14,90 14,60 60 — 330 51,900

Tânia 7"5 14,80 14,15 56 - 320 52,030

lonilde 7"9 13,00 13,45 47 — 260 53,000


Maria Teresa 7"9 13,75 11.65 45 - 220 51.500

Eusébio 6"8 16.85 15.55 61 270 — 55,900


Homero 6"8 16,80 16,10 72 255 - 61.000

Elias 7*'2 16,80 15.95 70 295 _ 59,500


Francisco 7"1 14,55 14.87 62 230 — 66,600

Nunes 6"6 18,50 17.50 79 300 — 72,300

Pedro Ivo 6"4 17,80 17,05 75 285 - 71,000

TRABALHOS REALIZADOS
Quadros percentuais das qualidades trabalhadas semanalmente.
a
1 semana -11a 14/2/76 (7 horas)
11/2 12/2 13/2 14/2
% % % % RESUMO SEMANAL
%
Coordenação e técnica .......... 70 50 40 -
Coordenação e técnica. . 40 0
Resistência e velocidade .... — — — 90
Resistência e velocidade. 22,5
Força de salto ........................ - 30 — -
Força de salto................ 7,5
Descontração......................... 30 20 35 10
Descontração................. 24,0
Força geral..............................— — 25
Força geral 6,0
Total 100 100 100 100
Total 100

2º semana -16 a 21/2/76 (12 horas)

16/2 17/2 18/2 19/2 20/2 21/2


% % % % % % RESUMO SEMANAL
. 15 38 12 10 5 %
Coordenação e técnica . . Coordenação e técnica. . . 16
17
Força de sprint................ . .25 — 10 - 10 53 Força de sprint................. 17
Resistência aeróbia . . . . . 85 - — 60 — Resistência aeróbia .... 24
Força de salto ................. . — 27 54 - 11 Força de salto.................. 20
Descontração .................. . - 25 34 20 31 Descontração................... 23
Total 100 100 100 100 100 10 Total 100
3º semana -23 a 28/2/76 (14 horas)

23/2 24/2 25/2 26/2 27/2 28/2


% % % % % % RESUMO SEMANAL
%
Coordenação e técnica . . .15 18 22 30
Coordenação e técnica.. . 14
Força de sprint .................. - - 40 — — Força de sprint ..................... 10
Velocidade de sprint • • 18 - - — — Velocidade de sprint..... 9
Resistência e velocidade - 70 — 20
Resistência e velocidade. . 15
Resistência aeróbia • • • 65 Resistência aeróbia .... 11
Força de salto ................ 31 — 22 20
Força de salto ....................... 12
Descontração.................... 31 10 20 13 15 Descontração........................ 16
Força geral ..................... 20 20 - - 15 Força geral............................ 13
Total 100 100 100 100 100
Total 100
4ª semana -3a 7/3/76 (12 horas)

i/3 4/3 5/3 6/3 7/3


% % % RESUMO SEMANAL
20 % %
_
Coordenação e técnica ............... Coordenação e técnica. . . 24
Força de sprint............................ - - 60
20 40
20 — Força de sprint........................ 8
Velocidade de sprint ................... 40 - — - - Velocidade de sprint ................8
Resistência e velocidade .... - 30 - - 80 Resistência e velocidade. . 22
Resistência aeróbia .................... 20 40 — - - Resistência aeróbia .... 12
Força de salto ............................. — - - 20 — Força de salto ..........................4
Descontração.............................. 20 10 20 10 20 Descontração........................ 16
Força geral.................................. - 20 - 10 - Força geral...............................6
Total 00 100 100 100 100
Total 100

1 :30 horas)
5ªsemana -9a 13/3/76 (11 9/3 10/3 11/3 12/3 13/3
% % % % % RESUMO SEMANAL

15 20 — 10 20 Coordenação e técnica... 15
25 30 - 10 - Força de sprint...................... 13
Coordenação e técnica................ — 30 - - - Velocidade de sprint ................ 6
Força de sprint ............................ — - 90 70 50 Resistência aeróbia .... 42
Velocidade de sprint.................... 30 - — - - Força de salto ......................... 6
Resistência aeróbica ................... 10 20 10 10 - Descontração ....................... 10
Força de salto ............................. 20 - - - 20 Força geral ........................... 8
Descontração ..............................
100 100 100 100 100 Total 100
Força geral ..................................
a
5:34 horas)
Total 6 semana - 15 a
15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3
21.3.76 (1 % % % % % % % RESUMO SEMANAL %,

30 20 20 40 15 20 20 Coordenação e técnica... 23
10 10 10 — - 20 20 Força de sprint.........................9
Coordenação e Técnica 10 20 20 - - 10 - Velocidade de sprint ................9
Força de sprint............................ 10 40 40 20 15 40 - Resistência de velocidade. 23
Velocidade de sprint ................. 10 - — - 60 - 50 Resistência aeróbia .... 17
Resistência de velocidade . . Força de salto..........................5
10 - - 20 - - -
Resistência aeróbia.................. Descontração ....................... 10
10 10 10 10 10 10 10
Força de salto........................... Força geral .............................. 4
10 - - 10 - - 10
Descontração ...........................
100 100 100 100 100 100 100 Total 100
Força geral ...............................

Total


Nota: Deixou de ser apresentado o quadro da 7.a semana, em virtude da interrupção do treinamento, para dar lugar varias competições, onde todos os
atletas foram empenhados, participando também atletas alemães da cidade de Mainz. Foram também realizados na 7ª semana os teste
finais para avaliação dos resultados com o
estágio.
Gráfico estatístico
A seguir, é apresentado um gráfico do percentual das qualidades físicas trabalhadas durante as 6 semanas.
— Volume de trabalho físico realizado A e com estímulos diferentes.
3. — Velocidade: pode ser desenvolvida de duas
- Por semana formas: direta e indireta.
0 trabalho de coordenação melhora a veloci-
dade de forma indireta. 0 treinamento de força de
Em fevereiro Em março sprint e método intervalado melhoram a velocidade de
forma direta.
9,585 km 16,305 km 4. - Resistência
337 un 87 un 4.1 — Resistência de velocidade: pode ser desen-
6.017 kg 60 kg volvida de duas formas: 1º tempolauf, que é uma
corrida de tempo em distância curta e com grande
B - Por mês intensidade e pausa curta; 2º tempo/auf, que é uma
corrida de tempo em distância mais longa (200 a
Em fevereiro Em março 500m), com grande intensidade e pausa longa.
Carga horária . 37:30 h 40:04 h Treinamento de resistência de velocidade.
Quilometragem 1a fase de preparação: os corredores de 400m fa-zem
28,755 km 49,915 km mais volume que os de 100 e 200m; 2a fase de
Saltos..............
1.012 un 262 un preparação: mais resistência de velocidade para os
Kg na máquina
18.052 kg 180 kg corredores de 400m, enquanto os de 100 e 200m
C - Total devem realizar mais trabalho de força.
4.2 - Resistência aeróbia: é a desenvolvida pelo
Carga horária . método de corrida de duração e pelo interval training
Quilometragem 77:34h de Freiburg.
Saltos............ 78,670 km 4.3 — Resistência de sprint: desenvolvida pelo
Kg na máquina 1.274 un treinamento de ins and outs. Ex.: dividida a pista em
18.232 kg 8 trechos iguais, correr 50m forte e 50m fraco. Outro
ex.: 8 a 10 X 60m ou 4 a 6 X 120 a 150m, com
— Dados técnicos para a realização do intensidade entre 95 e 100%.
treinamento de velocidade 4.4 — Resistência de força de sprint: trabalhos
1. - Força realizados com corridas em escadas e em aclives de
1.1 — Força geral: todos os trabalhos realizados na 50 a 80 ms.
máquina de força, na sala de força e circuit training 5 - Coordenação: o treinamento de coordenação é
foram especialmente preparados para esse fim. Meio feito usando-se os seguintes processos: corridas de
agachamento e leg press foram os trabalhos mais 50 a 60 ms, com intensidade de 50 e 60%;
usados. corridas em skipping, dribling, anfersen e hopserlauf,
1.2 — Força especial: é a força que se relaciona com todas as variações possíveis, inclusive in-
com os movimentos que se assemelham aos da cor- tercalando-as fazendo skipping (5 passos) e anfersen
rida. Ex.: corrida de tração, contra resistência, em- (5 passos), mudando depois para 4, 3 e 2 passos.
purrar um carro. Após o atleta atingir uma boa coordenação;
1.3 — Força rápida e de sprint: desenvolvida com hopserlauf com 5, 4, 3 e 2 passos de corrida; dribling
treinamento de saltos verticais e horizontais, sem e com aceleração, skipping com aceleração, etc.
com sobrecarga leve; saídas de bloco em 30 e.40m; Para evitar a fadiga de grupos musculares, in-
corrida em aclive suave: 30m em intensidade má- tercalar exercícios que não tenham incidência nos
xima. mesmos grupos musculares.
2. — Reação motora e reflexos: são desenvolvidos
com treinamentos de saídas em posições diferentes
CAPÍTULO IV

RESISTÊNCIA

PROBLEMÁTICA DA RESISTÊNCIA certa prova, como a mistura de uma certa quantidade


de resistência aeróbia e anaeróbia, que será
De maneira geral, podem-se usar certas regras diferente para as várias provas. Regras básicas da
da força para a resistência, como, por exemplo, a de resistência - "Quanto maior a duração da prova,
que resistência em si não existe, mas somente em maior a predominância de característica aeróbia". Ao
relação a certas provas. A resistência utilizada para contrário, quanto menor o tempo de duração do
determinada prova poderá nao servir para outra. A trabalho, mais predominará a característica
resistência especial para determinada prova é o anaeróbia. É importante saber em que medida essas
resultado da reunião de variantes diversas de re- características participam da prova. Assim, se a
sistência. energia em um trabalho for ganha aerobiamente,
Temos que considerar 3 funções da resistência: deve predominar o treinamento aeróbio. O contrário
capacita o atleta a fazer um certo volume de sucede com a energia ganha de forma anaeróbia.
treinamento durante um determinado tempo; capacita Resultados de pesquisas nos dão a participa-
o atleta a diminuir a perda de força; dá ao atleta ção das resistências aeróbia e anaeróbia em várias
condições para uma recuperação mais rápida. provas de corrida. Chamamos a atenção para o fato
As duas primeiras funções têm relevância para de que, na realização de pesquisas, deve-se cuidar
a competição, e a terceira para o treinamento. Quem para que não haja uma margem grande de erro. Ex.:
se recupera rapidamente pode treinar maior volume 2% de erro em uma relação já são muito significati-
com maior intensidade. vos.
Coincidentemente, três autores, entre eles o
Existe um grande número de variantes na lite- russo Suslov, chegaram à mesma conclusão a respei-
ratura com relação à resistência. Somente na alemã to do ganho de energia (essa energia provém do
encontramos 47, que no fundo são coincidentes. As consumo de oxigênio na parte aeróbia e do débito de
mais importantes são extraídas da medicina es- oxigênio, além de outros fenômenos químicos na
portiva: resistência aeróbia e resistência anaeróbia. parte anaeróbia) para várias distâncias, em dados
Resistência especial — Podemos defini-la, numa percentuais:

Prova 100 200 400 800 1000 1500 5000 10000 Maratona
Aeróbio 5 10 15/20 35 50 65 90 95 99
Anaeróbio 95 90 80/85 65 50 35 10 5 1
Deve-se atentar para o fato de que os valores caso. Diremos que a resistência especial é obtida
em si não têm tanta relevância para o treinamento, com a dosagem adequada de resistência aeróbia
mas as tendências, sim. Não podemos interpretar e anaeróbia.
que um corredor de 200m tenha 90% de treinamento Segundo Toni Nett, resistência especial é
voltados para a resistência anaeróbia, pois precisará aquela que está em primeiro lugar numa certa pro-
de mais de 10% de condição aeróbia como formação va; mas não pode ser verdade, porque às vezes te-
básica de treino. Resistência aeróbia - É a mos provas onde há equilíbrio de necessidades.
capacidade de se manter um trabalho de fraca a Na prova de 1.000m, por exemplo, temos um
média intensidade durante bastante tempo, com percen-tual de aproximadamente 50%, e não há
reduzido débito de oxigênio. predomí-nio de uma resistência; portanto, não
Quanto maior a forma física, maior será a pode ser es-pecial. Deveríamos, por isso, usar o
capacidade de trabalhar em estado de equilíbrio conceito da medicina esportiva: resistência
(steady state). aeróbia.
Vários fatores limitam o trabalho humano, mas, Importante para o treinamento é a diferencia
teoricamente, enquanto houver steady state, não se ção entre resistência de velocidade e resistência de
chega a esse limite e poder-se-á trabalhar sprint. Para isso temos explicações gerais. Resistên-
indefinidamente. cias de velocidade e de sprint são parecidas, mas
Resistência anaeróbia — Quando temos débito de não são idênticas. Existe uma dependência estatis-
oxigênio, característica da resistência anaeróbia, tica, mas não determinística. De uma maneira mais
temos certa quantidade de produtos ácidos na mus- simples: a característica decisiva na corrida de
culatura, que, após um certo tempo, paralisam o 200m é a resistência de sprint; a característica deci-
trabalho muscular. O trabalho anaeróbio aumenta o siva na corrida de 400m é a resistência de velocida-
tempo em que se pode trabalhar em débito de 0:. de.
Definimos a resistência anaeróbia como a capaci- Se a resistência de sprint e a de velocidade
dade de executar um trabalho de alta intensidade em fossem idênticas, o corredor de 200m deveria cor-rer
débito de oxigênio. Segundo Hill, um atleta poderia muito bem os 400m. Então, não são idênticas mas,
correr à máxima velocidade, em débito de 0 , durante sim, parecidas. Assim sendo, certos métodos de
43 segundos. treinamento podem ser idênticos, mas também
Para a resistência anaeróbia é válida a lei esta existem diferenças no treinamento das duas resis-
tística: "Quanto melhor a resistência anaeróbia, tências.
tanto maiores os potenciais energéticos e tanto me- Resistência de sprint e de velocidade são idên-
lhor se poderá aproveitá-los". ticas em certos fatores, mas diferentes em outros.
Todos temos uma reserva potencial, energia Em todo caso, temos que dizer que resistência de
que não chegamos a utilizar normalmente. Com o velocidade não é um termo absoluto. A resistência
treinamento, avançamos neste espaço, diminu-indo-o de velocidade de um corredor de 400m não é idên-
para somente 5%. Fatores além do treinamento, tica à de um corredor de 800m. Entre estas duas
como dopping e fatores emocionais, fazem com que resistências de velocidade, a de um corredor de
avancemos mais nesse espaço de reserva. Assim se 400m e a de um corredor de 800m, existe também
explica quando um atleta surpreende com um um conjunto de fatores idênticos, mas, ao mesmo
resultado além de suas forças, ou que exija tanto de tempo, temos um conjunto de fatores não idênticos.
si que caia completamente sem forças. A diferença entre resistências de velocidade e de
Conceituação de resistência — Vamos conhe- sprint é uma diferença básica, e a diferença de
cer três conceitos que não são explicados pela me- certas qualidades de velocidade é uma diferença
dicina esportiva, mas sim pela prática: 1. resistência gradual.
geral; 2. resistência de velocidade; 3. resistência de
sprint.
Na prática, resistência geral é o mesmo que Definições
resistência aeróbia, na medicina. Supõe-se, assim,
que o atleta precisa de um nível geral de resistência. Resistência de sprint tem importância quando
Esse conceito não é muito adequado, porque se trabalha.com uma intensidade máxima. In-
resistência geral devia ser o contrário de resistência tensidade máxima só existe num trabalho isolado.
especial. Resistência geral e resistência aeróbia se- Resistência de velocidade é a resistência usada
riam idênticas; então, resistência especial e resistên- numa intensidade submáxima. Em relação ao traba
cia anaeróbia também seriam idênticas, e não é o lho submáximo, temos um espaço muito grande, ha
vendo então possibilidade de se fazerem mais exer
cícios do que um só; falamos, por isso, em gradua

ÇÃO Submáximo refere-se a uma corrida de 400 ou seg, no seguinte, 0,82 seg e 0,84 e 0,88, podemos
800m, por exemplo. medir a resistência de sprint, exatamente.
Resistência de sprint é a capacidade de manter — Apurando a diferença do aumento do tempo em
a velocidade máxima, no maior tempo possível. O cada espaço de corrida, com 0,02 + 0,04 + 0,08,
ideal seria manter a velocidade máxima até o final temos uma média exata da força de sprint.
da corrida, mas isso não é possível na distância de — Quando um aluno apresenta uma resistência de
100m e muito menos na de 200m. Através de um sprint de 0,08, concluímos que tem uma resistência
bom treinamento da resistência de sprint, podemos de sprint melhor que os outros. A primeira função da
melhorar e manter a velocidade até aproximada- resistência de sprint, no exemplo anterior, seria de
mente 80m. O segundo objetivo é manter a queda que o aluno deveria correr todos os espaços em 0,80
da velocidade o menos possível. Isso é muito im- seg. Isso operacionalmente seria definido como
portante, principalmente para a corrida de 200m. resistência de sprint = O.
Não é possível manter a velocidade máxima até
o final da corrida; então entra a função da resistência
de sprint, que visa manter essa velocidade máxima
no maior espaço de tempo possível. (Obtêm-se
através de treinamento.)
Para medir a diferença da resistência de sprint,
existem aparelhos bastante complexos. Na prática,
há métodos mais simples.
A definição de resistência de sprint mais sim-
ples em relação a uma corrida de 200m é traduzida
através dos 2 tempos da corrida, isto é, os 100m
primeiros = t100, e os segundos 100m = t200m.
Em princípio, a velocidade aumenta de uma Podemos medir a resistência de velocidade numa
maneira bem rápida (aceleração positiva). corrida de 400m com os tempos parciais dos pri-
A primeira função da resistência de sprint é meiros 200m e o tempo dos segundos 200m.
manter a velocidade máxima até o final da corrida. A A diferença fundamental entre resistência de
segunda função da resistência de sprint é manter a sprint e resistência de velocidade consiste no se-
queda da velocidade o menos possível. guinte: na resistência de sprint, a velocidade é má-
À diferença da velocidade ideal e à queda da xima, e na resistência de velocidade é submáxima.
velocidade na corrida chamamos velocidade mínima. Em relação a uma corrida de 400m, temos o
Podemos definir: resistência de sprint = velo- seguinte esquema: a velocidade aumenta até os
cidade máxima menos velocidade mínima (esta seria 50/60m da corrida, e o atleta consegue mantê-la até
uma definição operacional): significa que podemos aproximadamente os 200m. O primeiro objetivo seria
definir certas qualidades de tal forma que podemos manter essa velocidade no maior espaço de tempo
medi-las. possível; porém, quando conseguimos uma
Resumindo: quanto menor a velocidade máxi- velocidade ótima, a partir de um determinado ponto,
ma, tanto maior a velocidade mínima e tanto mais essa mesma velocidade diminui. Em suma, a
fraca a resistência de sprint. Entretanto, esta defini- resistência de sprint e a de velocidade têm as mes-
ção operacional tem uma certa dose de erro em mas funções, e a diferença fundamental consiste na
relação à velocidade máxima e mínima desta corrida. velocidade máxima e submáxima.
A melhor operacionalização da resistência de sprint O importante na corrida de 400m é conseguir a
seria através da medição do espaço determinado. melhor aceleração e evitar a caída de velocidade
Ex.: pesquisa com alunos numa corrida de ótima. Quando se quer medir a resistência de velo-
40m. cidade de um corredor de 400m, temos que analisar
— Foi cronometrada a corrida a cada distância de o comportamento do atleta no início da corrida.
5m, sendo obtidos 8 resultados. Foi feita a relação
para cada espaço de 5m, equivalente a 8 espaços de Métodos de treinamento em função da resis-
corridas. tência
— Calculando-se que os alunos tenham uma veloci- Podemos usar os mesmos 4 métodos de treina-
dade máxima entre os 15 e 20 metros e supondo-se mento de força: método de duração; trabalho inter-
que eles precisam, para os 5m imediatos, de 0,80 valado intensivo; trabalho intervalado extensivo;
método de repetição.
Método de duração — corrida de 10km em 40 Sabemos, por meio de novas pesquisas, que
min — Volume bastante grande numa intensidade através de diferentes métodos de treinamentos são
baixa, com um tempo de 4 min para cada 1.000m, provocadas diferentes adaptações. O treinamento
que consideramos bastante adequado. intervalado, segundo a Escola de Freiburg, tem co-
Trabalho intervalado intensivo — Ex.: 6 vezes mo conseqüência uma melhoria do sistema circula-
300m, para 42/40 seg, com intervalo de 4 min. tório. As corridas de duração têm como objetivo a
Volume = 1,8 km; intensidade de 13,5 seg para melhoria do metabolismo. Portanto, para o treina-dor
cada 100m. é bastante importante saber qual o método que tem
predominância nos seus objetivos. Através do interval
Método intervalado extensivo — Em relação à training, segundo a Escola de Freiburg consegue-
resistência, esse método é idêntico ao interval se, de uma maneira mais rápida, adapta ções do
training da escola de Freiburg. Nesse trabalho, temos sistema cardiovascular.
uma intensidade bastante alta e volume menor. Definição da resistência aeróbia — A resis-
Ex.: 20 vezes 200 a 31/32 seg, com pausa de
tência aeróbia é definida da seguinte maneira: le-var
1,45 min.
mais 02 ao nível da musculatura solicitada. O Ó2 é
Volume =4 km, com média de 15/16 seg para
levado à musculatura através do sangue, e se o atleta
cada 100m.
necessita mais quantidade de 02, é necessária mais
Método de repetição — Ex.: 300m a 35,2 seg, quantidade de sangue.
com pausa de 10 min; 500m a 64,0 seg, pausa de 10 Mecanicamente, temos duas possibilidades o
min. coração deve levar, através de cada contração maior
Em relação ao treinamento de resistência, po- quantidade de sangue, ou conseguir um maior
demos dizer o seguinte: de método para método o número de contrações. Devemos frisar que o au-
volume aumenta; de método para método o volume mento da freqüência cardíaca tem um limite e não se
diminui; de método para método a intensidade podem aumentar os batimentos do coração, in-
aumenta; de método para método a pausa aumenta. definidamente. Ao mesmo tempo, devemos obser-var
Em relação às variantes de resistência, temos que, com o aumento da freqüência, o volume do
nos métodos: resistência aeróbia; trabalho aeróbio e sangue que sai do coração diminui, necessitando,
pouca percentagem deanaeróbio; predomínio do assim, aumentar o volume de cada batimento
trabalho anaeróbio e uma certa percentagem de tra- cardíaco. O volume de cada batimento compreende
balho aeróbio; trabalho exclusivamente de resistên- o sangue que é expulso do coração à cada
cia aeróbia. contração, e depende da hipertrofia cardíaca.
Concluímos que os 2 primeiros métodos são A adaptação principal num trabalho de duração
utilizados para treinar e melhorar a resistência aeró- é o desenvolvimento do volume do coração. Em cada
bica, e os dois segundos, para melhorar a resistência trabalho, necessita-se de O2; e subentende-se que o
desprint e resistência de velocidade. músculo precisa de sangue. Quanto maior a
O importante é o conhecimento básico dos intensidade do trabalho, maior quantidade de O2
diferentes métodos de treinamento. Esses diferentes exigida. O sangue com O2 não estaciona, está
métodos de treinamento têm suas identidades, mas o sempre em circulação. A partir de um determinado
principal objetivo é o aproveitamento ótimo dos momento, esse sangue deve voltar ao coração. Essa
mesmos. Por causa disso, é impossível ter-se uma volta do sangue ao coração dilata-o. Essa dila-tação,
regra geral de treinamento. conseguimo-la através do intervalo da corrida ou do
Nas provas de 100m e longas distâncias exis- trabalho. Então, podemos afirmar que os processos
tem predominâncias de aspectos e não surgem pro- decisivos de adaptações acontecem nos intervalos, e
blemas de treinamento, como nas provas de 400m e não no processo de sobrecarga. O objetivo do
de distâncias médias (800m a 3.000m). trabalho é atingir o maior número de intervalos,
Resistência aeróbia - (treinamento do método porém esse intervalo deve ser orientado sufi-
intervalado, segundo a Escola de Freiburg) cientemente, para que ao coração volte a quantidade
As resistências, dentro das provas, dependem, necessária, compatível com a sobrecarga do tra-
em primeiro lugar, de duas variáveis: a primeira é a balho.
do sistema circulatório; a segunda é definida através As sobrecargas não devem ser diminutas nem
do nível do sistema metabólico. de pequena duração. Podemos dizer que os tempos
Por isso, o treinamento depende de determi- ideais variam entre 13 a 15 segundos, e entre 30 a
nados mecanismos, em relação à resistência. 35, que correspondem às distâncias de 100 e 200m,
respectivamente.
Aspectos relativos à intensidade — A intensi
dade deve ser orientada de modo que permita vá- Pela simples análise da tabela dos percentuais
rias repetições e, como conseqüência, maior núme- aeróbios e anaeróbios, poderíamos concluir, embora
ro de intervalos. A intensidade deve ser controlada erradamente, que o treinamento visando à aquisição
pela pulsação do atleta, que deve variar entre 170 a da resistência aeróbia não tem grande importância
180, logo após o trabalho, e de 120 a 130, no final para o corredor de 400m. Não podemos esquecer,
do intervalo. Durante o treinamento, o técnico pode entretanto, que esta base aeróbia é indispensável, e,
observar se pode aumentar o número de sobre- quanto maior for, tanto maior será o volume de
cargas e diminuir os intervalos, ou vice-versa, a fim treinamento anaeróbio que o atleta poderá assimilar,
de conseguir as mais favoráveis adaptações. do mesmo modo que o corredor de 5.000 e 10.000
não poderá deixar de treinar a resistência anaeróbia,
Resistência aeróbia e anaeróbia
pois isso lhe vai permitir sair em ritmo mais forte,
suportar as quebras de ritmo e a velocidade de sprint
Dentre as qualidades motoras, a resistência no momento da chegada.
aeróbia tem um valor fundamental para os fundis-tas
e meio-fundistas (corredores de distâncias longas e
de distâncias médias). Dentro da prática esportiva
não existe uma definição de resistência. Ela se
manifesta de diversas formas. Mesmo dentro da
literatura especializada, encontramos diferentes ter-
mos para a designação de uma mesma qualidade;
por exemplo: metabolismo aeróbio: resistência ae-
róbia, resistência total, resistência de base, resistên-
cia básica, condição para corrida de duração e resis-
tência geral; metabolismo anaeróbio: resistência
anaeróbia, resistência muscular localizada, resistên-
cia em débito de oxigênio, resistência de velocidade,
resistência de sprint e resistência especial.
Essa terminologia tão grande é freqüentemente
causa de má interpretação de trabalhos apresen- A resistência anaeróbia geral é definida por
tados. Para evitarmos confusões, atemo-nos à divi- Toni Nett como sendo a capacidade de resistir a
são da resistência sob o ponto de vista fisiológico, esforços em débito de oxigênio.
que a classifica em aeróbia e anaeróbia. O treinamento da resistência anaeróbia pro-
Segundo Toni Nett, a resistência aeróbia é a move: aumento das cadeias energéticas; melhor
capacidade de resistir a esforços de grande duração, aproveitamento dessas cadeias energéticas; menor
sem que o organismo contraia débito de oxigênio, concentração de lactados a nível muscular e celular;
evitando o cansaço muscular pela manutenção do aumento da atividade das enzimas necessárias para
nível de oxigênio no organismo. a produção energética.
Essa divisão sob o ponto de vista fisiológico A resistência anaeróbia se divide em: — geral,
permite-nos uma subdivisão da resistência aeróbia em relação a todo o organismo; local, relativa aos
em: aeróbia geral, em relação a todo o organismo; grupos musculares solicitados na ação.
aeróbica local, em relação a determinados grupos Holmann admite ainda uma subdivisão da re-
musculares. sistência anaeróbia local em dinâmica e estática.
Em esforços com duração acima de um minuto, Apresentamos, a seguir, uma tabela dos per-
a resistência aeróbia tem uma importância bastante centuais aeróbio e anaeróbio, apresentada num
grande. Quanto mais longa a prova, tanto maior a congresso mundial de medicina esportiva, embora
necessidade e importância da resistência aeróbia. possa ser encontrada na literatura tabela com valo-
res diferentes.

Tabela de percentuais de resistência aeróbia e anaeróbia

Provas - 100 - 200 - 400 - 800 - 1000 - 1500 - 5000 - 10000

Anaeróbia - 95 - 90 - 75 - 55 - 50 - 35 - 10 - 05

Aeróbia - 05 - 10 - 25 - 45 - 50 65 - 90 - 95
Embora existam outras tabelas em que o per- Conceituação de interval training e treinamen-.
centual 50% está na prova de 1500m, na Alemanha to intervalado
a tabela acima é a mais aceita.
Segundo Steinmann, não existem métodos de Por interval training deve-se entender pura ej
treinamento que desenvolvam, em caráter absoluto, simplesmente a concepção de Freiburg. O método de
resistência aeróbia ou anaeróbio; o que os métodos treinamento foi desenvolvido no início dos anos 50,
de treinamento trazem consigo é um ganho por Reindel, Roskamm e Gerschler. Esses três
predominante, e não absoluta, de um tipo de resis- pesquisadores eram de opinião que se poderia de.
tência em relação ao outro. senvolver a resistência aeróbia através de um gran-
Para a avaliação da capacidade aeróbia deve- de número de repetições feitas sobre distâncias cur-
se considerar o peso corporal do atleta. Essa capaci- tas a uma velocidade relativamente intensa. Com
dade em atletas de elite gira em torno de 80ml/pe-so bases em pesquisas desenvolvidas visando à verifica-
corporal; para pessoas sem treinamento esse volume ção dessa opinião, os três pesquisadores chegaram a
é de somente 35/40 ml. uma surpreendente conclusão: que o desenvolvi-
A capacidade de consumo de O2 é dependente mento da resistência aeróbia, através de adapta-ções
da capacidade de rendimento cardíaco e do sistema fisiológicas, se dava durante os intervalos e não
circulatório. As pessoas treinadas em resistência durante o esforço, como se pensava anteriormente.
estão em condição de enviar um maior volume san- Para se trabalhar a uma velocidade relativa-
güíneo ao organismo. mente alta e em grande número de repetições, esses
O treinamento da resistência anaeróbia permite pesquisadores tiveram que estabelecer as distâncias
ao organismo suportar esforços em débito de O2 pela adequadas sobre as quais se desenvolveria esse tipo
superação da concentração de ácido lácti-co. de trabalho.
Todo atleta que deseja correr os 800m em Optaram inicialmente pelas distâncias de 100m
1:48.0 tem que estar preparado para suportar um e 200m. Posteriormente, introduzida a distância de
grande débito de O2. Esse resultado (1:48.0) exige 400m, estabeleceram a intensidade em que
um consumo de aproximadamente 27 I de O2, dos deveriam ser percorridas essas distâncias, elabo-
quais apenas 35% são absorvidos durante a prova; o rando a seguinte tabela (válida somente para atletas
restante (65%) é conseguido através do metabolismo de alto nível):
anaeróbio.
Foi desenvolvida, na Alemanha, uma pesquisa meio-fundista fundista
com os melhores meio-fundistas nacionais, para se
100m 14/16 seg 100m 14/16 seg
avaliar o nível de concentração de ácido láctico
200m 29/32 seg 200m 30/33 seg
frente a diferentes estímulos. Pôde-se concluir que 400m 66/72 seg 400m 68/74 seg
se podem conseguir os mesmos níveis de concentra-
ção usando, durante o treinamento, diferentes formas Quanto ao número de repetições, esses pesqui-
de estímulo, já que o mesmo nível foi encontrado em sadores não estabeleceram nada, visto que esse fa-
um treinamento de 6 X 200m, e em outro de 1 X tor é dependente da distância a ser corrida, da velo-
300m + 1 X 500m. cidade e da duração do intervalo.
Quando nos for possível avaliar o nivel de aci- Para Reindel, Roskamm e Gerschler, o atleta
dificação decorrente do treinamento, poderemos deveria fazer repetições até "se sentir cansado", e
então estruturá-lo mais conscientemente, de modo a por "se sentir cansado" entendiam os pesquisadores:
preparar o organismo para suportar as exigências da perda de coordenação e dos tempos exigidos para
prova. Segundo Steinmann, essa possibilidade está percorrer as distâncias, e não recuperação do atleta
restrita à coleta de sangue logo após o treinamento dentro do intervalo estabelecido; ou seja, já o nível
para análise, já que a freqüência cardíaca não de pulsação não cai tão rápido quanto no início do
assegura se durante o esforço está-se desenvolvendo treinamento.
o processo aeróbio ou anaeróbio, pois foram Conclui-se que o número de repetições depen-
constatados ritmos de 182/194 bat/min durante quase derá da prática de treinamento, chegando a estabe-
toda uma prova de 10.000m. lecer os seguintes números de repetições (válidos
Segundo Steinmann, a freqüência cardíaca somente para atletas de alto nível):
serve como parâmetro de solicitação do treinamento,
mas não diz nada sobre o tipo de metabolismo
(aeróbio ou anaeróbio) que se processa durante o 100 X 100m
mesmo. 50 X 200m
25/30 X 400m


Quanto à pausa, esses pesquisadores estabele- trabalho muscular agiria como uma bomba de re-
ceram valores entre 60 e 90 seg. Estabeleceram ain- torno venoso, das extremidades.
da que a freqüência cardíaca, ao final do esforço,
deveria estar entre 170 e 180 bat/min e que ao fi-nal MÉTODO INTERVALADO
da pausa deveria estar entre 120 e 130 bat/min.
Quanto à ação durante o intervalo, fo-ram feitas O método intervalado, distinto bastante do in-
pesquisas, chegando-se às seguintes conclusões: terval training, seria um trabalho periódico, de al-
ternância entre esforço e pausa.
Pulso final do esforço 180 bat/min O método intervalado é composto de quatro
ao fatores básicos: distância a ser percorrida; intensi-
Tempo Em trote Deitado
dade — tempo necessário para percorrer essa distân-
15 164 152 cia; intervalo entre os esforços; número de repetições
seg 152 116 dos esforços.
30 " 136 84 Quanto à distância a ser percorrida em deter-
45 " 124 72 minado tempo, pode ser: curta, média ou longa.
Quanto à intensidade, pode ser: muito alta, alta,
Embora possamos ver, pela análise do quadro média e baixa.
exposto, que o retorno da freqüência cardíaca se faz Quanto à pausa, pode ser: curta, média e lon-
mais rapidamente quando o atleta se deita, na
ga.
prática do treinamento, em observância aos princí-
pios do interval training, no que diz respeito à du-
ração do intervalo e freqüência cardíaca ao final do Ação durante o intervalo:
trotando;
mesmo devemos optar pelo trote. curto — deitado médio trotando:
Existem ainda dois fatores que comprovam a — andando longo —
maior eficiência da pausa trotada na prática do trei- andando.
namento: em dias frios, a pausa deitada seria bas-
tante desaconselhável; durante a pausa trotada, o Quanto ao número de repetições, pode ser:
freqüente, muito freqüente, média ou baixa.

Do ponto de vista teórico, existem 225 com- distâncias longas e médias: resistência aeróbia,
binações com estes fatores, mas na prática o número anaeróbia e velocidade.
se vê reduzido, pois não podemos, por exemplo, Quando trabalhamos em distâncias curtas, com
combinar distâncias longas com intensidades muito uma intensidade alta, com pausas longas e com um
altas, com um grande número de repetições. baixo número de repetições, estamos objetivando a
O método intervalado possibilita o desenvolvi- velocidade. Através de outras combinações destes
mento das 3 qualidades básicas aos corredores de fatores, podemos objetivar a resistência
aeróbica ou anaeróbica. A combinação dos fatores vem é igual, em recuperação, à do adulto - isso
pode coincidir com os princípios do interval training, logicamente, considerando-se a carga máxima rela-
segundo a concepção de Freiburg, e que nesse caso tiva; a melhor faixa etária para o desenvolvimento da
desenvolveria a resistência aeróbia. capacidade aeróbia, para as meninas, se situa-entre
A diferença fundamental entre o interval training 12 e 17 anos, e para os rapazes, entre 14 e 22/23
e o método intervalado é que, com o primeiro, anos. Segundo o Dr. Nocker, não existe con-tra
podemos desenvolver tão-somente a resistência indicação a um trabalho de resistência aeróbia com
aeróbica; com o segundo, podemos desenvolver jovens.
todas as qualidades básicas indispensáveis aos
Para Steinmann, o que está errado são as dis-
fundistas e meio-fundistas.
tâncias de competições, que, para se tornarem "me-
Treinamento de resistência para jovens nos exigentes" em termos de solicitação, foram re-
duzidas. Exemplo.: redução da prova de 400m para
Embora o assunto "treinamento de resistência 300; e da de 800m para 600.
para jovens" seja bastante controvertido, visto que
O que se dá é o fenômeno contrário, pois, ao
existem correntes contrárias, o Prof. Steinmamn ar-
se diminuir a distância, estamos possibilitando ao
gumenta que nao foram constatados prejuízos em
jovem correr uma intensidade maior, e com isso
jovens que trabalham visando ao desenvolvimento
contrair um grande débito de O2, o que é desacon-
da resistência. Cita o exemplo da natação, onde
selhável. O que se necessita é aumentar, e não dimi-
jovens de tenra idade já são recordistas mundiais em
nuir, as distâncias, para que as crianças possam cor-
provas longas; embora não exista grande sobrecarga
rer em steady state.
no aparelho locomotor, não devemos esquecer da
sobrecarga que é a competição em si. No campeonato alemão, foram introduzidas as
Steinmann é ainda de opinião de que um tra- provas de 2.000m para crianças de 11/12 anos, e de
balho visando ao desenvolvimento da resistência 3.000m para crianças de 13/14 anos, sendo essa
aeróbia deveria ser iniciado logo nos primeiros anos uma medida muito boa no sentido de apoiar o de-
escolares, e cita o exemplo do treinamento da senvolvimento da resistência aeróbia.
resistência em jovens, desenvolvido pela D.D.R.: Steinmann desenvolveu um trabalho junto a um
grupo de crianças, objetivando a resistência, visto
Relação idade-tempo que dentro desse grupo alguns seriam selecionados
Idade - Minutos para participar de um campeonato intercole-gial, na
prova de 1.000m. Como esse grupo anteriormente
07 — 07
não fora trabalhado em resistência, Steinmann usou
09 — 10 os seguintes métodos de condicionamento: corrida
11/13 — 15 lenta e contínua, corrida com pausas, nas quais se
15 — 17
fazia ginástica, fartlek e corridas de 30s, 45s, 60s,
17 — 20
75s, 60s, 45s e 30s, sendo fixo somente o tempo,
Isso apenas dentro do programa comum de ficando a distância e a intensidade a critério do aluno;
educação física, em que, segundo eles, durante as corridas com obstáculos, no halle, corridas em
aulas, o aspecto resistência havia sido deixado de triângulo, nos vértices do qual se colocavam crianças
lado. que deveriam correr os lados desse triângulo em
Segundo Steinmann, dentro da República Fe- velocidades diferentes, preestabelecidas pelo
deral da Alemanha, nessa faixa etária ainda não se professor, com o objetivo de educar o ritmo.
trabalha o suficiente em resistência aeróbica, es-
quecendo-se os benefícios trazidos ao sistema car-
diovascular por este tipo de trabalho, através de uma
melhora do transporte de O2 pelo sangue, melhora
da capilarização, fatores dos quais depende a saúde.
Na Alemanha, foi desenvolvida uma pesquisa
na faixa etária entre 10 e 19 anos, com o objetivo de
se avaliar a capacidade cardíaca. Da pesquisa, pode-
se concluir: apenas em valor absoluto o jovem de 19
anos supera o de 10 — em valores relativos eles têm Nesse programa de condicionamento,
a mesma capacidade; quando submetidos a carga de que se desenvolveu durante 4 meses, foi concluído
intensidade máxima, a freqüência do jo- mais um tipo de treinamento, para o qual foi neces
sário dividir o grupo em 2 - G1 e G2.
G1 Mês G2 ma rapidez com que se conseguiu uma boa forma
2x2 min 1º 2º 4 x 1,5 min 3x3 min 3x4 atlética, perde-se essa condição.
4x4 min 3º 4º min 1 x 12/15 min Steinmann diz que não foram constatadas
3x6 min 1 anomalias em jovens que seguiram um programa de
x 20 min Este trabalho deu treinamento intervalado. Segundo se sabe, na
muito bom resultado, como podemos ver no D.D.R., jovens atletas, concentrados em centros de
confronto dos dois testes — T1, realizado antes do treinamento, têm um volume de treinamento semanal
desenvolvimento do programa, e T2, após o entre 80 e 100 km. Os melhores meio-fundistas
programa. alemães têm um volume médio de 145 km por se-
mana e os nossos meio-fundistas estagiários tiveram
3-13.4 < T1 < 4:32.6 - M = 3:48.7 um volume médio de 13,65 km por dia.
2:54.3 < T2 < 3:59.2 - M = 3:24.4 Veremos agora uma tabela elaborada na
D.D.R., para atletas juvenis, com os percentuais
Embora esse programa não tenha tido nenhuma aeróbio e anaeróbio.
outra preocupação, senão o desenvolvimento
aeróbico, pode-se notar que também o fator veloci- Meses Km. R. aer. — Res. anaer. + vel
dade foi melhorado sensivelmente. Se fizermos uma Nov. 80 100% —
retrospectiva nos resultados das provas de Dez. 90 100% —
distâncias médias e compararmos as idades, vere- Jan. 100 100% —
mos que atualmente os corredores dessas distâncias Fev. 100 100% —
estabelecem resultados de alto nível em idades infe- Mar. 100 97% 3%
riores às de alguns anos atrás. Isso se deve evidente- Abr. 90 95% 5%
mente a uma iniciação, em treinamento de resistên- Maio 70 85% 15%
cia, já nas categorias infantis, o que antigamente se Jun. 60 90% 10%
considerava prejudicial, por falta de conhecimentos. Jul. 60 90% 10%
Segundo Steinmann, resultados de alto nível em Ag./set/out. 50/70 85/90% 10/15%
provas de distâncias médias somente serão possíveis
a atletas que possuam uma base bastante sólida de Para Paul Schmidt, treinador nacional alemão de
resistência aeróbia, base que deve ser iniciada, distâncias médias e longas, no período de competi-
preferencialmente, nas categorias infantis. Ele é de ção, o percentual de trabalho anaeróbio deve ser de
opinião que se deve trabalhar a longo e não a curto 15 a 20%. Outro problema abordado, ainda que su-
prazo, pois da condição aeróbia depende a perficialmente, foi o de padronização e o da neces-
proporção de trabalho anaeróbio que o organismo sidade, ao se elaborar o calendário, de se agruparem
poderá suportar futuramente. as competições em 2 ou 3 grupos, a fim de que se
Com o método intervalado, é possível chegar-se possam objetivar os picos possíveis dentro de uma
a uma condição boa em um tempo bastante curto de temporada, o que, ainda segundo Schmidt, não
treinamento, mas quando esse trabalho não é acontece no Brasil por ausência de um calendário
precedido de um treinamento aeróbio, com a mes- convenientemente elaborado, exigindo-se dos atletas
resultados durante todo o ano.

PESQUISA- RESISTÊNCIA

Fatores relevantes em distâncias médias do atletas com resultados de nível e atletas com
resultados mais fracos. Veremos inicialmente a pes-
Dentro desse tema, abordaremos o problema de quisa com corredores de 800m.
volume e intensidade de treinamento. Para tanto, o
1:44.9 = G = 1:55.0
trabalho desenvolvido nos mostra a problemática com 1:44.9 = G1 = 1:48.5
uma pesquisa realizada com os melhores corredores 1:49.5 = G2 = 1:55.0
de média distanciada República Federal Alemã. Com
o objetivo de ampliar os resultados dessa pesquisa, Observação — O fato de se ter 1:48.5 como
foram incluídos no grupo pesquisa- pior resultado em G1, e 1:49.5 como melhor resul-
tado em G2 é que entre ambos não existe nenhum vel estabelecer se uma relação entre esses fatores
corredor. como foi visto anteriormente.
A i n d a d e n t r o do grupo
1500m
a na lis ad os (3:36.3 = G = 3:52.1), observou-se o
3:36.3 G 3:52.1
seguinte:
3:36.3 = G1 = 3:44.3
3:44.4 = G2 = 3:52.1 treinamentos/semana - resultado nos 1500m
Como é sabido, a maioria dos treinadores pre- 10 3:36.3 seg
coniza 2 sessões de treinamento por dia, com o 10 338.5 "
objetivo de se alcançarem resultados de alto nivel. 11 3:38.8 "
Esse número de 14 sessões de treinamento se- 6 3:47.8 "
7 3:50.0 " 7
manal não é nenhum exagero entre os corredores
3:52.1 "
de média e longa distância, como é o caso de Bed
ford, que treina 20 sessões semanais. Nao devemos Donde se conclui que atletas, para correrem
esquecer que certos atletas treinam em regime pro- abaixo de 3:40.0, necessitam treinar de 10 a 11
fissional. vezes por semana, e atletas que desejam correr abai-
Para atletas adultos que já conseguiram resul- xo de 3:50.0, de 6 a 7 vezes por semana.
tados de nível, preconizam-se entre 10 e 11 sessões Da pesquisa, tirou-se mais um dado bastante
de treinamento por semana. (O Prof. Steinmann importante — o coeficiente da regressão -b =
diz que o caso dos atletas juvenis brasileiros esta- 1,746, o que vale dizer que, dentro do grupo
rem se submetendo a 10 ou 12 treinamentos sema- pesquisado, a uma sessão a mais de treinamento
nais justifica-se por estarem treinando em um regi- por semana eqüivale uma melhora de 1,765/4 seg
me de "profissionalismo", em virtude de terem vin- no tempo de 1500m. Isso, voltamos a insistir, só e
do para Mainz exclusivamente para treinarem.) válido para o grupo analisado.
Os treinadores alemães de média distância che Para a comprovação de uma afirmação do trei-
garam à conclusão de que 10 treinamentos sema- nador neozelandês, Lydiard, de que atletas com
nais é um volume bastante elevado, se formos levar mais anos competitivos devem treinar mais do que
em conta as outras atividades que têm os seus atle- atletas com menos anos competitivos, foi realizada
tas, e que esse volume coincide com o de 2 dos uma pesquisa com dois grupos, sendo que o primei-
melhores corredores de média distância da Alema- ro deles com atletas com 12 anos de competição, e
nha. o segundo, com atletas com apenas 5 anos de trei-
Trabalho desenvolvido procura estabelecer namento. A pesquisa veio demonstrar que a tese de
uma relação entre freqüência de treinamento e Lydiard é falsa, já que ela demonstrou que existe
tempo nos 800m. O coeficiente de correlação entre apenas a diferença de uma sessão de treinamento
estes dois fatores, sob o ponto de vista estatístico, por semana a favor do grupo mais antigo.
não é assegurado, pois não foi possível estabelecer
uma relação estreita entre a freqüência de treina- Análise sobre vo/ume de treinamento e resul-
mento e o resultado na prova de 800m, dentro da tado esportivo
pesquisa apresentada (1:44.9 — G — 155.0). Fora
do coletivo apresentado, não se tecem comentários, Quando comparamos o volume de treinamento
porque o objetivo não é estabelecer regras, e sim entre os corredores de média e longa distância,
mostrar tendências. Existe, no entanto, uma corre- procurando com isso estabelecer uma relação entre
lação entre maiores distâncias e maior freqüência, e volume de treinamento e resultado esportivo, depa-
surge, como exemplo, o fato do corredor de 800m, ramos com um problema muito grande, porque,
ao passar para a prova de 1500m, necessitar aumen- embora o volume de treinamento possa ser expres-
tar a freqüência de seus treinamentos para obter, so em quilômetros, ele não nos dá a carga real do
nos 1500m, um resultado equivalente ao dos 800m. treinamento, já que ela é resultante do volume e da
Isso também pode ser comprovado pelo coefi- intensidade. Daí não podermos afirmar que o atleta
ciente de correlação entre freqüência de treinamen- que possui maior quilometragem é o atleta com
to e resultado na prova de 1500m. 0 coeficiente maior treinamento.
aqui encontrado é igual a r *= 0,5983, com uma Na elaboração do plano de treinamento, inde-
variação conjunta de r2 = 35,8%, o que vem a de- pendentemente dos métodos utilizados e dos obje-
monstrar uma maior importância da freqüência de tivos, não se devem levar em consideração apenas
treinamento para o resultado na prova de 1500m os aspectos aeróbio e anaeróbio, mas tem-se que
que na de 800m, já que nessa prova não foi possí estabelecer a relação entre volume e intensidade de
treinamento.

Quanto à flexibilidade do volume de treina- para os corredores dos 1500m, torna-se ainda mais
mento, ainda não se chegou a uma conclusão defi- patente a inviabilidade de um treinamento comum
nitiva, uma vez terem sido aumentados, desde o para atletas de longa e de média distância, uma vez
início dos anos 60, com Herbert Elliot, tanto o que, para os 5.000m, essa percentagem está assim
volume como a intensidade do treinamento. dividida: 90% aeróbios e 10% anaeróbios; e para os
Com Lydiard e seu pupilo Peter Snell, acredi- 10.000m: 95% aeróbios e 5% anaeróbios.
tou-se que haviam chegado ao limite máximo — Observação — Os dados de percentagem
160km por semana —, que, quando comparado com aeróbios e anaeróbios foram apresentados pelo
a quilometragem dos melhores corredores de média russo Suslov, em um congresso mundial de medicina
distância atuais, vemos que basicamente são iguais. esportiva.
Observação - Para Lydiard, não havia distinção
entre corredores de média e de longa distância. Correlação entre intensidade e volume para
Os efeitos do volume são muito mais pronun- atletas de longa e de média distância
ciáveis em atletas de longa que nos de média distân-
cia. Dai', então, com respeito à problemática de Vimos, anteriormente, o volume de treinamento
volume de treinamento, separarem-se esses daque- semanal dos melhores corredores de média distância
les, o que não se dava com Lydiard. alemães, em relação à freqüência de treinamento.
Quando então se conhecem as cifras de 65% Iremos relacioná-lo também com a intensidade e
de trabalho aeróbio e 35% de trabalho anaeróbio constatar a grande variação expressa na tabela
abaixo:

Grupos — Tu/km -W - X - ±M -+s - --


G +V%
90/180 90 - 119,11 6,11 25,20
G1 -
90/180 90 - 114,44 9,41 28,22 - 21,2
G2 -
100/170 70 - 116,37 7,76 21,95 - 24,7
- 17,6

Tu/km = volume semanal com valores mínimos e


máximos
W amplitude de variação
X - dados médios
±M = erro médio ±— S = desvio-padrão ± \/% =
freqüência de variabilidade expressa em
porcentagem

Podemos ver na tabela que o grupo G2 tem um conclui que resultados bons em 800m independem
volume médio maior que o grupo G1, donde se do volume.

1500m
Grupos — Tu/km -W X ±M - +-s - +-V%
G 95/180 - 85 - 117,85 - 7,20 - 26,9 - 22,9
G1 - 95/180 - 85 - 119,16 - 13,00 - 31,8 - 26,7
G2 - 95/170 - 75 - 116,87 - 8,81 - 24,9 - 21,3
Já nessa tabela vemos que o volume médio do r = 0,80, o que demonstra que, para esse grupo (G2),
grupo G1 é maior que o do grupo G2 em +-2%. o volume de treinamento é um fator relevante para o
A análise dos coeficientes de correlação dos 3 resultado nos 800m, ou seja, nesse grupo os
grupos entre volume de treinamento e tempo nos melhores têm maior volume que os piores.
800m nos mostra um aspecto bastante curioso: para
o grupo total, o coeficiente de correlação entre esses Então, para os 800m, observa-se a seguinte
fatores é igual a r = 0,4125, o que demonstra não tendência: corredores com uma melhor velocidade de
haver relação entre volume de treinamento e tempo base trabalham com maior intensidade, porém com
nos 800m. Mas quando se analisa o grupo dos piores menor volume, já atletas com melhores condições
(G2), o coeficiente de correlação foi de aeróbias trabalham mais em volume; e, para
compensar essa tendência, cita o exemplo abaixo. praticamente se constate essa tendência, como po-.
demos ver pelo exemplo abaixo:
Courtney — 1:45.8 seg — 120 km/semana volume
Verr - 1:45.2 " - 150 km/semana anos competitivos —
Snell - 1:44.3 " - 600/650 km/mês
12 - 140 km
Steinmann diz que ainda hoje se conseguem 8 - 120 km
resultados de alto nível com volume de 120 km. Com 4 - 100km
relação a Courtney, devemos ainda considerar que Quanto à intensidade em que são percorrido*
possuía 10.6 seg para os 100m e 45.8 seg para os esses volumes, Steinamann não pôde dizer nada
400m. Daí, então, a dificuldade de se estabelecer citando apenas o exemplo seguinte referente aos
uma correlação entre volume de treinamento e melhores atletas alemães na atualidade.
t/800m. min/km
Há alguns anos tentou-se, na D. D. R., duplicar 15 km - 3:50
o volume de treinamento dos corredores de média 12 " - 3:30
distância, procurando aumentar a capacidade de 15 " - 3:30
rendimento. O que eles conseguiram com esse 10 " - 3:20/3:30
aumento de volume foi uma estagnação dos resulta- 15 " - 3:40
dos, tendo como causa fundamental o desleixo para 19 " - 3:45
15 " - 3:25
com o fator intensidade de treinamento.
12 " - 3:25
Segundo a pesquisa, Steinmann pôde concluir 10 " - 3:20
que o volume de treinamento tem muito pouca
correlação com o resultado nas provas de média dis- Steinmann estabelece o seguinte critério, quanto a
intensidade e volume:
tância, bastando, para tal, conseguir-se um volume min/km
suficientemente grande a ponto de não prejudicar o 20 Km - 4.00 - intensidade fraca
fator intensidade. Cita, como limite para corredores 15 " — 3.40 - média
de 800m/1500m, um volume semanal entre 150/160 10 " - 3.10 - " forte
km, mas salienta que esse volume é aconselhável
para atletas de bom nível técnico e que não tenham Gõrderub, da Suécia, atual recordista mundial
outra preocupação senão treinar. Em uma dos 3.000m steeple chease, quando inquirido sobre
retrospectiva, verificou que os melhores corredores o volume de treinamento semanal, quando corria os
de média distância da atualidade têm um volume 1.500m (Gõrderub tem 3'36"0), respondeu que seu
maior e uma maior freqüência de treinamento que os volume era em média 160 km/semana, e quanto à
de 3 a 4 anos atrás, e que a tendência atual é intensidade, variava de 3/4 min/km.
trabalhar mais em função da intensidade. Veremos agora os fatores relevantes no resul-
Para a verificação da afirmativa de que "quanto tado em provas de média distância.
maior a idade competitiva, maior o volume de Segundo Steinmann, somente atletas que pos-
treinamento", Steinmann desenvolveu uma pesquisa, suam uma boa velocidade de base podem chegar a
encontrando um coeficiente de correlação entre resultados de nível em provas de média distância.
ambos de r = 0,3133, o que significa que, estatisti- Para ratificar a afirmação acima, forneceu a seguinte
camente, essa correlação não é assegurada, embora tabela, com os dados de velocidade básica dos
melhores atletas alemães:

T100 -W - X - ±M _ +-S - V%
G - 10.7/12.4 seg - 1,7 -G1 - 11,47 - 0,11 - 0.48 - 4,2 0,10
11.0/11.9 " - 0,9 -G2 - 11,23 - - 0,30 - 2,6 0,18 -
10.7/12.4 " - 1,7 - 11,71 - 0,53 - 4,5

= tempo dos 100 m


= variação entre os extremos (máximo e mínimo)
= erro médio
= tempo médio nos grupos
= desvio-padrão
= variabilidade expressa em percentuais
Pela tabela, podemos ver que existe uma dife- apresentando uma variante conjunta de — r2 39,9%,
rença de 0,48 seg entre os tempos médios de 100m o que significa que 39,9% da diferença no resultado
entre o grupo dos melhores e dos piores (T100G2 = de 800m se devem à diferença de velocidade de
11,71 -T100G1 = 11,23 - d = 0,48), que, em termos base.
percentuais, representam 13,7%. Essa variação conjunta também nos possibilita
A diferença percentual do resultado de 800m estabelecer a seguinte relação: "a uma melhora de
entre os dois grupos é de 4,1%, o que demonstra 0,1 seg no tempo de 100m há uma melhora de 0,33
ser a velocidade de base um fator relevante para a seg no tempo de 800m".
prova de 800m. Segundo Steinmann, essa relação tão íntima
Foi encontrado, numa pesquisa desenvolvida entre velocidade de base e resultado nos 800m não
por Steinmann, um coeficiente de correlação entre se verifica com a prova de 1.500m, como podemos
velocidade de base e tempo nos 800m de r = 0,63, observar na tabela abaixo:

Grupos T100 W X ±M -+S V%


G 10,7/12,0 1,3 11,53 0,13 0,46 4,0
G1 11,1/11,8 0,7 11,57 0,15 0.41 3,6
G2 10.7/12,0 1,3 11.46 0.20 0,58 5.0

PRÁTICA- RESISTÊNCIA

GRUPO DE MÉDIA E LONGA DISTÂNCIA - Infelizmente, não houve condições para que os
CONTEÚDO DO TREINAMENTO atletas atendessem ao programa de treinamento, à
exceção de Romão e Elói, ainda assim com pe-
Durante todo o estágio, sob a orientação do quenas restrições; os demais se situaram em nível de
Prof. Werner Steinmann, o treinamento visou ao baixo rendimento, bastante prejudicados por lesões
aumento da capacidade aeróbia, aparecendo como articulares e outras alterações de saúde.
fator secundário o trabalho anaeróbio. O treinamento foi acompanhado e controlado
A inclusão de sessões de trabalho intervalado pelos professores técnicos do grupo, encontrando-se
se fez para melhoria da velocidade e ainda para que em anexo as fichas-resumo de controle semanal de
os atletas tivessem a experiência de como deveriam treinamento, através das quais será possível uma
correr na futura fase de preparação específica. visão global precisa da evolução do programa
Ainda com características anaeróbias, mas realizado.
permanecendo a predominância de trabalho anae- Ainda como ilustração, seguem em anexo fichas
róbio à base de volume, foram incluídas sessões de de controle diário de treinamento, onde se poderão
treinamento intervalado na colina com grande in- observar sessões-tipo e ainda encontrar elementos
tensidade, tendo como objetivo específico o aumento secundários de controle.
da força muscular localizada, trabalho esse diminuído Observações — No preenchimento da ficha
em relação ao planejamento do orientador alemão, semanal:
posteriormente interrompido em razão dos problemas 1) o volume médio da semana foi calculado
de saúde dos atletas. sobre os volumes cumpridos pelos atletas que exe-
A predominância do trabalho aeróbio se deveu cutaram na íntegra o programa de treinamento, in-
ao fato de os adultos serem corredores de provas clusive competições;
nitidamente aeróbias e de, para os demais, pre- 2) a intensidade média (min/km) inclui todos os
tender-se um ápice de resultado no 2º semestre atletas que treinaram, inclusive participações em
somente. competições;
Embora o período comportasse o treinamento 3) os claros encontrados nas fichas (—) refe-
anaeróbio para os menores, isso não se fez por se rem-se a dados não levantados ou aferidos, por difi-
tratar de atletas muito jovens, recém-iniciados no culdades diversas, a exemplo do peso corporal de-
atletismo, necessitando assim de maior volume de pois do esforço, que não chegou a ser controlado em
trabalho de base. razão de dificuldades materiais.
Obs: Tendo em vista o término dos trabalhos de controle, incluímos a previsão do
treinamento dos últimos dias.
CAPÍTULO V

GENERALIDADES

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O DECA- A respeito da diferença entre os caminhos di-


TLO reto e indireto, não existe uma comprovação cien-
tífica, dado o fato de ela ser dependente do sistema
Histórico — O decatlo tem suas origens nos social.
gregos, que já praticavam o pentatlo. Nas culturas da Podemos considerar 3 aspectos que são de
antigüidade - por exemplo, no Egito - , foram grande valia na orientação sobre a tendência atual
disputadas provas combinadas. A primeira tentativa do treinamento dos decatletas.
moderna para introdução do decatlo surgiu nos 1) Idade ideal para se conseguirem altos resulta
Estados Unidos, onde foram disputadas 10 provas dos — A relação entre a capacidade motora do
em um só dia. Em 1896, no campeonato americano, atleta e sua idade é um fator que a prática do es
foi realizada a primeira competição oficial de decatlo; porte deve considerar, dado o fato de os resultados
em 1912, foi introduzido nos Jogos Olímpicos de no esporte serem dependentes de um planejamento
Estocolmo. a longo prazo. Poucas são as exceções em que o
Trabalho de iniciação da prova — Se obser- planejamento a curto prazo levou a resultados de
varmos o trabalho dos plecatletas por um espaço de nível internacional. Não existe, para as várias pro
6 anos, verificamos que até atingir a idade adulta vas, nenhum ponto determinante para a idade óti
grande parte dos juvenis abandona a prova. Existem ma.
dois caminhos a seguir no trabalho de especialização De acordo com pesquisas feitas, a idade ótima
de atletas juvenis: caminho direto e caminho indireto. se situa entre 26 e 32 anos. Porém, a tendência
Caminho direto: significa que os de-catletas juvenis moderna mostra um desenvolvimento progressivo.
competem diretamente no decatlo. Caminho indireto: Isto significa que se pensa em termos de idade ideal
o juvenil seria levado a conseguir resultados ótimos para o decatleta em torno de 22 a 26 anos. Quando
em provas individuais e gradativamente iria se leva em consideração a análise feita em diversos
melhorando as provas do decatlo. níveis, podemos dizer que, em nível olímpico (24 a
O melhor caminho a seguir com atletas juvenis 26 anos), os mais jovens têm sido os vencedores do
será, portanto, o indireto. decatlo; em nível de recordistas mundiais, temos a
Atualmente são atingidos, em campeonatos de média de 26 anos; dentre os melhores do mundo
nivel internacional, resultados muito fortes em cada (média de 8000 pontos), a idade média é 25 anos.
uma das provas do decatlo. Os recordes mundiais de 2) Biotipologia — Existe uma tendência em se de
1948 a 1976 foram melhorados em 16 vezes. Na finir o atleta de acordo com alguns grupos de pro
idade juvenil, não devemos forçar os altos resultados, vas. O tipo ideal seria o do decatleta que conseguis
e sim acompanhar um princípio de formação se bons resultados nos 3 grupos de provas. Porém,
generalizada, que engloba a prática de várias provas com relação à evolução do decatleta, existem ou
e esportes. tras definições: atleta tipo A: aquele que, em rela-
ção aos seus resultados nas provas de decatlo, tem Os resultados das provas de saltos e corridas
uma diferença pequena em relação aos seus resulta- apresentam uma evolução progressiva; e os das pro-vas
dos individuais; atleta tipo E: aquele que, em pelo de arremessos, regressiva.
menos um grupo de provas, obtém bons resultados, Apresentamos, a seguir, os índices de correla-ção
ou seja, especializa-se em determinado grupo de entre as provas e os resultados do decatlo, mos trando a
provas; atleta tipo AE — combinação do tipo A com o influência de cada prova no resultado to-tal do decatlo nos
tipo E: é aquele que em todas as provas obtém bons vários anos (ou seja, um índice pequeno mostra que tal
resultados, mas que é especialmente bom em um prova não tem uma signifi-cação para o resultado total).
determinado grupo de provas. Isso quer dizer que em
nenhuma prova tem um ponto fraco. 1960 1964 1968 1972
Quanto à constituição morfológica, houve uma
modificação no tipo do atleta nos últimos 4 a 5 anos. 100m 0,50 0,66 0,46 0,52
Antigamente, tinha-se um decatleta como um tipo
alto, forte e pesado. Procuravam-se em média atletas Extensão 0,52 0,74 0,71 0.35
acima de 1,90m, e, segundo Gun-dlach, o peso ideal Peso 0,35 0,64 -0,01 0.04
seria o resultado da diminuição da altura corporal por Altura 0,19 0,64 0,63 0,17
100kg. Atualmente, procuram-se atletas abaixo 400m 0,60 0.77 0,58 0,66
desse índice. 3) Evolução dos resultados e 110b 0,59 0,29 0.02 0,63
tendências atuais — A tabela abaixo mostra a Disco 0,57 0,48 0,24 0,38
evolução dos resultados nas diversas provas do Vara 0,73 0,16 0,27 0,36
decatlo, de 1948 a 1972: Dardo 0,73 0,60 0,39 0.13
1.500m 0,03 0,14 0,35 0,40

1948 1952 1956 1960 1964 1968 1972


As provas que têm um resultado negativo significam
100m 11,44 11,32 11,21 11,21 11,01 10,87 10,96
que o atleta que procurar melhorar nelas terá uma piora
Distância 6,79 6,82 6,88 7,01 6,98 7,40 7,14 nos outros resultados.
Peso 12,68 12,87 13,33 13,65 14,12 14,46 13,95 Considerações finais — 0 caminho indireto é o meio
Altura 1,79 1,81 1,82 1,80 1,85 1,97 1,97 mais propício para o sucesso. No decatlo, são válidos os
400m 52,04 51,48 49,91 50,11 49,63 49,69 48,91 mesmos princípios biomecânicos das provas individuais. O
110b 15,89 16,61 15,34 15,47 15,21 14,97 15,14 tempo é um fator importante no treinamento do decatleta.
Disco 37,96 40,01 39,91 43,87 42.92 43,57 No treinamento, a força rápida é mais importante que a
Vara 3,39 3,64 3,49 3,94 4,10 4,40 4,52 força máxima. Bons resultados no sprint influenciam
Dardo 48,15 52,31 57,66 64,40 60,57 59,44 positivamente o resultado no decatlo.
1.500m 4,51.9 4,51 4,46.1 4,38.4 4,35.8 5,00.9 4,31.2
(em min. seg. e décimos)

PESQUISA - BUSCA DE TALENTOS - BIOTIPOLOGIA

Busca de talentos em função da formação biotipo-lógica foi de 40 atletas. Concluiu-se que os saltadores são, em
média, mais altos que as pessoas normais. Estudo, por
provas, das características at/éticas Para o estudo, vamos
Com um grupo de pessoas, realizaram-se pesquisas
necessitar das seguintes abreviaturas:
a fim de se verificar a dependência morfológica nos
resultados esportivos, comparando a média da estatura das ha = altura do atleta
pessoas normais com a de atletas de alto nível, para extrair h = altura
dados necessários e analisá-los. Além da estatura, P = peso
M = média
analisaram ainda determinadas características e suas
E = estudantes
influências nos resultados. Entre as saltadoras, analisaram
A = atletas
quais as características diferentes entre as piores e G = grupo geral
melhores. G1 = grupo 1
No salto em altura, o número de pesquisados G2 = grupo 2
PN = pessoas normais
prova — 100ms/barreiras
Quanto maior estiver o CG em relação à bar- dor aquele que passa 5cm, mais ou menos, acima
reira» menos a atleta subirá, embora os melhores de sua altura.
,resultados estejam com atletas de menor estatura. A Analisando-se a altura de atletas olímpicos, vemos:
presente pesquisa visa comparar a altura das bar-
reiristas com a das pessoas normais e se entre as G1 - 1,75m - 1,86 - M = 1,78m
melhores barreiristas a altura tem influência nos G2 - 1,69m - 1,86 - M = ;,77m
resultados.
M-h-E = 1,645m - 68% está entre 1,61/1.68m Comparando-se o resultado do salto com altura
95% " " 1.575/1.715m do atleta, verificamos diferenças de 0,0 a 16 cm,
concluindo-se poder o resultado do salto ser melho-
M-PN = 1,62m - 68% se situa entre 1,59/1,65 rado em relação à estatura.
(8.000 PN) 95%................. 1,56/1,68m A altura média das saltadoras é 13,5 cm maior
A = 23 atletas olímpicas de Munique, com o tempo de nas estudantes em G1 e 12,5 cm em G2, o que nos
12,4/13,8seg indica que ao selecionarmos atletas para o salto em
M = 13,3s altura devemos dar preferência a jovens com mais de
G - 1,57 -1,73-M=1,68 1,70, embora possa haver exceções.
G1 - 1,57-1,72-M=1,67 G1 - G das finalistas Entre as melhores, quando a diferença de saltos
G2 - 1,65 - 1,73-M = 1,68 G2 - G das concorrentes não ultrapassar de 7cm a altura do atleta, não
corresponde a um fator determinante. Entre as me-
a) Nota-se uma grande variação na altura das bar- lhores do grupo geral, o r = 0,07, o que demonstra
reiristas em nível mundial. que a altura do atleta não influirá no resultado do
b) Comparando-se a média de altura das estudantes, salto. Concluiu-se que as saltadoras devem ter, em
verifica-se que as atletas são 3,5cm maiores. média, mais ou menos 12 cm a mais que as pessoas
c) Analisando-se G1, verifica-se que a variação de normais, e 10 cm a mais que as barreiristas.
altura é grande e que a média é 1cm menor que em
G2 e 2,5cm que nas estudantes. Salto em extensão
d) Considerando a média de G2, verifica-se que são
maiores, com um r = +0,35, considerado insignifi- Pesquisa realizada com 19 atletas que partici-
cante, e mostra que a altura não é fator relevante param das Olimpíadas de Munique, com resultados
para ser boa barreirista. entre 6,22m a 6,78m, e média = 6,44m.
e) r = 0,35 significa que: o sinal positivo nos indica
uma maior altura e nos indica um pior resultado;
sendo negativo, temos uma altura menor e um Altura - G - 1.62m - 1.78m. com M = 1,69 G1 -
resultado mais positivo. 1.62m - 1,74m. com M = 1,69 G2 -
Concluiu-se que as barreiristas são, em média, 1.63m - 1.78m. com M = 1,69
um pouco maiores que as pessoas normais, mas,
entre si, as menores são melhores. 1. Analisando-se a média das atletas, verifica-se que
são 4,5 cm mais altas que as estudantes.
Salto em altura 2. Os grupos, em média, são iguais.
3. A menor de G1 é menor que a menor de G2, e a
Tanto os saltadores como as saltadoras são, em maior de G1 é menor que a maior de G2, havendo
média, mais altos que as pessoas normais, É entre os grupos, em relação à estatura, um coefici-
favorável porque o atleta já leva duas vantagens sob ente r = 0,07, donde se verifica que o fator altura não
o ponto de vista biomecânico: sendo mais alto, o CG é fator relevante no salto em extensão.
estará também num ponto mais elevado; terá uma
altura de vôo mais elevada. Exemplo.: atleta com Arremesso de peso
0,10m mais alto terá o CG mais ou menos 5cm mais
elevado. Já são do conhecimento de todos os fatores
Contudo, não se pode tomar como base a altura biomecânicos do arremesso de peso, mas lembrare-
de uma pessoa para determinar a altura do salto. A mos esses fatores: quanto maior o atleta, maior a
vantagem de uma maior altura reside em um maior altura do vôo — por isso, a altura do vôo depende da
espaço de aceleração, em o CG já estar colocado em altura do atleta e do comprimento dos membros
um ponto mais alto e, com isto, aumentar a altura do superiores; quanto maior o atleta, maior o espaço
vôo. para a aceleração do peso. Pesquisa realizada com
Em nível mundial, considera-se um bom salta- 14 atletas, com o resultado
Uma análise dos dados nos mostra:
entre 16.18 e 21,03 m. com media M =18.61. 1. Há uma grande heterogeneidade, pois há uma
Altura dos atletas diferença de 22cm entre a maior e a menor.
2. As menores arremessadoras quase não se
G - 1.65 - 1.86 - M = 1.745 m G1
- 1.72 - 1.86 - M = 1.75 G2 - 1.65 diferen-ciam das pessoas normais.
- 1.86 - M - 1.74 3. As arremessadoras de dardo são. em média. 1
cm menores que as arremessadoras de peso.
Analisando os resultados, vemos: 4. As arremessadoras de dardo são, em média,
1. As arremessadoras sao, em média, 2,5 cm meno- 9cm maiores que as estudantes.
res que as saltadores em altura. 5. Entre os dados médios de G1 e G2 há uma
2. Não há mais de 1 cm de diferença entre as altu- dife-rença de apenas 2cm, bastante ínfima, não
ras dos grupos. tendo valor estatístico.
3. No caso, chega-se a concluir que um atleta com 6. O coeficiente de correlação r = -0,04 nos diz
1,65m não poderá ser finalista, pois dificilmente que não há entre as melhores nenhuma relação
alcançará um resultado acima de 19,00m. entre a altura da atleta e o resultado da prova.
4. As arremessadoras sao, em média. 10cm maiores
que as estudantes. Pentatlo
5. Entre as arremessadoras, a altura é fator insigni-
ficante para o resultado, existindo um r = 0,08. No Pesquisa realizada com 14 atletas
caso coletivo, as maiores não são as melhores. olímpicas com resultados entre 4.279 e
4.801, com M = 4.493 pontos. Altura das
Arremesso de disco atletas

Pesquisa realizada com 12 atletas olímpicas.


com resultados entre 56.5m e 66.6m. com média
M =60,9m. Altura das atletas

G - 1.72 - 1.79 - M - 1.75 G1 - 1.72 - G - 1.6Sm - 1.81m. com M - 1.74 G1 -


1.77 - M - 1.75 G2 - 1.72 - 1.79 - 1.73m - 1.81m. com M = 1.76 G2 -
M - 1.75 1.65m - 1.78m. com M = 1.71

Analisando os dados, temos: Analisando os dados temos:


1. Existe uma grande homogeneidade entre as arre 1. As pentatletas são, em média, semelhantes
messadoras de disco, pois a diferença entre a maior arremessadoras de peso, disco e dardo.
e a menor é de apenas 7cm, o que não se verifica 2. Sao ainda, em média, menores que as saltador
nas outras provas. em altura e maiores que as saltadores em
2. As arremessadoras de disco são, em média, extensão e as barreiristas.
10.5cm maiores que as estudantes. 3. Bastante heterogêneas, dada a diferença.
3. As arremessadoras de disco são. em média, muito grande, de 16 cm, entre a maior e a menor.
iguais às de peso. mas os extremos das menores e 4. As pentatletas de Gl, depois das saltadores em
das maiores são bastante diferentes. altura, são as mais altas.
4. Existe um r- - 0,2, o que significa que as me 5. Há uma diferença de 5cm, na média, entre G1 e
lhores arremessadoras, dentro do grupo, não são G2, equivalente a 5%.
as maiores. 6. As pentatletas são, em média. 9.5cm maiores
que as pessoas normais (as atletas de Gl sao; em
Lançamento de dardo média. 11,5cm maiores que as estudantes).
7. Há um r = 0.42, que significa que, quanto maior
Pesquisa com 17 atletas, apresentando os re- for a altura da atleta, maior será a contagem de
sultados entre 50,70m e 63,90, com M = 56.3m. pontos (resultado). Isto ocorre segundo uma gran-
Altura das atletas: de relação estatisticamente assegurada. Concluiu-se
que as pentatletas são, em média, maiores que as
pessoas normais, e que dentro do próprio coletivo
G - 1.64m - 1.86m - M = 1.735m
as maiores são as melhores. Portanto, ao se pro-
G1 - 1.68m - 1.86m - M - 1.74m
G2 - 1.64m - 1.83m - M » 1.72m
curar pentatletas, deve-se levar em consideração a
altura do atleta.
Observação — As corridas de 100m e 200m
não serão citadas, visto que as pessoas normais se
destacam, e mesmo as maiores não levam vantagens
sobre as menores.
PESQUISA SOBRE DECATLO

Nessa pesquisa, procurou-se saber em que pro-vas O melhor grupo tem uma menor diferença, ou seja,
os melhores decatletas se diferenciam dos pio- um melhor aproveitamento quanto ao resultado pessoal.

A pesquisa abrangeu 38 decatletas com resul-tados


SALTO EM EXTENSÃO
entre 7.040 pontos e 8.319 pontos, com uma média de
7.590 pontos. Desse total, cerca de 8 decatletas tinham
G P - 6,86 a 7,76 M = 7,22 D -
acima de 8.000 pontos, e 5 ti-nham absoluto nível
6,30 a 7,60 M = 7.04
internacional. Foram dividi-dos os atletas em 2 grupos:
d = 18cm = 2,5%
G 7040 a 8319 M = 7590 M1P - M2P = 7,31 - 7,13 = 18cm = 2,5% M1D
G1 7543 a 8319 M = 7821 - M2D = 7,14-6,94 = 20cm = 2,8% 0,17 0.19
G2 7040 a 7543 M = 7359

M1 - M2 = 462 = 6,3% ARREMESSO DE PESO

Vamos relacionar agora os resultados pessoais com G P- 12,54 a 16.35 M = 14.04 D-


os resultados no decatlon. Inicialmente, vere-mos 100m. 11,53 a 15,32 M = 13,48
d=0,56m = 4,1%
P= resultado pessoal; D = resultado da prova, no
M1P - M2P = 14,56 - 13,52 = 1.04 = 7,7%
decatlon
10.4 a 11,3
M = 10,77 P M = SALTO EM ALTURA
10.5 a 11,4
10,93 D
G P-1,80 a 2,12 M-1,94 D-
Temos uma diferença de 0,16 entre 1,75a2.10 M = 1.91
o melhor resultado pessoal e o resultado dos 100m no d = 3cm = 1,5%
decatlon.
M1P-M2P= 1,95 - 1.93 = 2cm = 1% M1D-
Para o resultado médio de 7.590 pontos, o atleta
M2D = 1,92 - 1,88 = 4cm = 2%
deveria ter 10,8P e 10,9D.
0,03 0,05
Vejamos agora as diferenças entre os grupos G1
eG2:
400m RASOS
M1P (média de G1 — resultado pessoal) = 10,73
M2P (média de G2 - resultado pessoal) = 10,82 G P-47,5 a 51,9 M = 49,7 D- 47,6
a 52,2 M 50,2
d = 0,09 = 0,9%
d = 0,5s = 1%
Essa diferença é bem menor que a diferença de M2P-M1P= 49,97 - 49,36 = 0,61 s = 1,2%
6,3% na diferença total do grupo entre melhores e piores. M2D-M1D = 50,54 - 49,83 = 0,71 s = 1,4%
-0.57 -0,47
M1D (média de G1 - resultado do dec.) =10,86 M2D
(média de G2 - resultado do dec.) =10,99
110m SOBRE BARREIRAS
d = 0.13 = 1,2%
G P-14,00 a 16,00 M = 14,94 D-
Diferença menor que os 6,3%, porém maior que a 14,01 a 16.04 M = 15,14
diferença dos resultados individuais.
d = 0.21 = 1.4%

Em G1,a diferença entre M1Pe M1D = 0,13 Em M2P-M1P= 15,14 - 14,75 = 0.39s = 2.7%
G2, a diferença entre M2P e M2D = 0,17 M2D-M1D= 15,39 - 14,89 = 0,50s = 3,3%
-0,25 -0.14
ARREMESSO DE DISCO Conclusões — As menores diferenças entre os dois
grupos estão nas corridas e nos saltos. Diferen-ças bem
G P - 36,95 a 52.50 M = 43,65 acentuadas são observadas nos arremessos. As maiores
D-36,06 a 50,06 M =41,12 possibilidades de melhora no decatlon estão nos
d = 2,53 = 6,1% resultados dos arremessos.

M1 P - M2P = 45,30 - 42,00 = 3,30m = 7,9%


A seguinte tabela nos mostra os resultados ideais
M1D- M2D = 42,57 - 39,67 = 2,90m = 7.1%
para um decatlon de 7.600 pontos:
2,73 2,33
P D d
SALTO COM VARA 100m ...................10,8 10,9 1 a 2 décimos
Extensão .................7,20 7,05 20cm
G P - 3,80 a 4,80 M = 4,30 D- Peso.........................14,00 13,50 50cm
3,70 a 4,60 M=4,18 Altura ...................... 1,94 1,91 3cm
d =0.12 = 2,8% 400m ...................... 49.07 50,02 0,5s
110m.......................14,9 15,1 0,2s
M1P - M2P = 4,38 - 4,23 = 15cm = 3,5%
Disco ...................... 43,50 41,00 2,5m
M1D-M2D = 4i26_ - 4,11 = 15cm = 3,5%
Salto com vara • • • . 4,30 4,20 10cm
0,12 0,12
Dardo ..................... 60,50 57,00 3,50m
1500m.....................4,33 4,37 0,4s
LANÇAMENTO DE DARDO
Os dados da tabela são os dados médios de P e D,
P - 43,90 a 79,36 M = 60,26 da pesquisa apresentada.
D-42,68 a 74,85 M = 56,71 Vejamos agora as diferenças, em porcentagem,
entre os melhores e os piores decatletas, dentro do grupo
d - 3,55 = 6%
pesquisado, tomando-se por base o resultado médio de
M1P - M2P = 64,07 - 56,45 = 7,62m = 13% 7.590 pontos:
M1D- M2D = 60,58 - 52,84 = 7,74m = 13,5%
3,49 3,61 100m.......................................................................... 1,2%
Extensão ................................................................... 2,8%
Peso........................................................................... 7.7%
1500m RASOS
Altura ........................................................................ 2,0%
G P - 254 a 289 M = 273s D 400m rasos................................................................ 1,4%
110m......................................................................... 3,3%
255 a 289 M = 277s
Disco......................................................................... 7,1%
d = 4s = 1.4% Salto com vara .......................................................... 3,5%
M1P - M2P = 269 - 271 = -2s = 0,7% M1D- Dardo........................................................................ 13,5%
M2D = 271 - 276 = -5s = 1,8% 1500m rasos.............................................................. 1,8%
-2 -5
O primeiro dia de competição representa uma
d é igual à porcentagem a menos que o atleta faz no diferença de 3% no resultado, e o segundo dia, 6%. A
decatlon em relação a seu melhor resultado pessoal na diferença total entre melhores e piores, como já vimos, era
prova. de 6,3%. Portanto, a soma das duas partes do decatlon
As subtrações de resultados entre M1P e M1 D, e ultrapassaria essa porcentagem de diferença, porém vários
M2P e M2D nos dão o quanto cada grupo aproveita de seu outros fatores vão influenciar nessas porcentagens, não se
melhor resultado pessoal em relação ao decatlon. devendo tomar por base a soma das porcentagens do
As porcentagens que realmente nos mostram em primeiro e segundo dias.
que provas os melhores atletas se diferenciam dos piores Observação - Esses 3% do primeiro dia e 6% do
são as referentes à diferença entre M1 D e M2D. segundo dia são médias aritméticas das porcentagens de
todas as provas.
PESQUISAS - 100m S/B - ALTURA - EXTENSÃO -
PESO - DISCO - DARDO

ANALISE DA INFLUÊNCIA DO PESO CORPORAL índice G - 0,96 a 1,30 M = 1,155


E ÍNDICE (RELAÇÃO PESO E ALTURA) NOS G1 - 1,10a 1,26 M = 1,15
RESULTADOS DAS PROVAS G2 - 0,96 a 1.30 M = 1,10
100m sobre barreiras: 23 atletas olímpicas de Mu-
Podemos observar que as saltadoras em altura
nique.
são mais pesadas que as barreiristas, porém isso de-
Peso - kg vido à sua maior altura física. Existe uma grande
G - 52,0 a 64,0 G1 - M= 59,0 variação entre a saltadora mais leve e a mais pesada
52,0 a 64,0 G2 - M= 59.0 (22kg). As de G1 são mais pesadas que as de G2,
52,0 a 62,0 M= 59,0 pois são mais fortes, têm uma maior força de salto.
Atletas magras, mesmo altas, se não possuem força
índice
de salto, não serão boas saltadoras. O grupo melhor
G - 1.10 a 1,40 M=1,24
(G1) é mais homogêneo em relação ao índice. Com
G1 -1.17 a 1,40 M=1,26 G1-G2 = 0,05,
relação ao índice, temos r =0,10, que mostra uma
G2 - 1.10 a 1,30 M=1,21 aproximadamente 4%
independência entre a relação peso/altura e o resul-
Encontramos atletas mais e menos pesadas, com tado da prova.
uma grande variação. Porém a média das piores é Concluindo, vemos que, entre as atletas de eli-
igual à das melhores, existindo um coeficiente de r = te, não existem saltadoras de baixa estatura, e que
0,18, que significa que o peso não tem influência no as melhores são mais fortes que as piores, sem que
resultado da prova. isso, contudo, tenha uma significância muito grande,
Com relação aos índices, temos tipos físicos como mostra o índice. Por exemplo, temos aqui os
variados, inclusive algumas com índices semelhantes dados de algumas saltadoras:
a arremessadoras, e algumas, às saltadoras. G1 tem
um índice maior que G2, portanto as melhores A- 1,84m - 70kg índice = 1,12 - 1ª colocada
atletas são mais fortes. Temos aí um r = 0,46, que B- 1,75m - 65kg índice = 1,21 -3ª colocada
significa que as melhores atletas têm uma melhor C- 1,85m - 61 kg índice = 0,96 - 10ª colocada
relação peso/altura que as mais fracas. Temos al- D- 1,69m - 63kg índice = 1,30-15ª colocada
guns exemplos dessas atletas:
As melhores classificadas não possuem os
Erhardt (DDR) - 58kg - 1,66m - índice = 1,26 índices baixos ou altos demais, têm um peso relativo
Tiller..- 57,3kg - 1,73m - índice = 1.10 e uma estatura elevada.
......... - 61 kg - 1,63m -índice = 1,40
Salto em extensão
Temos, assim, exemplos, entre as finalistas, de
atletas altas e magras e outras baixas e fortes. Po- Kg G - 54,0 a 67,0 M = 60,3 G1 -
rém a predominância entre as melhores é a atleta 54,0 a 62,0 M = 60,0 G2 -
forte, com maior força, caindo por terra a concepção 56,0 a 67,0 M = 61,0
de atleta alta e magra para as barreiras. Entre as
corredoras das várias provas, as barreiristas são as índice G -1.09 a 1.42 M = 1,24 G1 -
que possuem o maior índice. Essa vantagem das 1,12 a 1,31 M = 1,23 G2 - G2-G1 =0,02
barreiristas mais fortes deve-se ao fato de que po- 1,09 a 1.43 M = 1,25
dem acelerar mais tempo.
A variação de peso é de somente 7kg, menor
Salto em altura que no salto em altura. São mais pesadas que as
barreiristas. São mais baixas e mais leves que as
Kg G 51,0 a 73,0 M = 64,0 saltadoras em altura. Têm uma constituição morfo-
G1 - 59,0 a 70,0 M =65,0 lógica semelhante às barreiristas. Encontramos
G2 - 51,0 a 73,0 M = 64.0 também no salto em extensão atletas altas e magras

133
e baixas e fortes, mas o melhor grupo é mais homo- o que significa que as melhores atletas são mais gêneo. O coeficiente
de r = 0,09 mostra que não há fortes; têm uma melhor relação peso/altura. Alguns dependência entre o peso corporal e o
resultado da exemplos:
prova. Com relação ao índice, temos r = 0,04, completamente
insignificante. Mas concluímos que sal-tadoras e barreiristas Melnick - 1,72m - 83kg índice - 1,63 - 1º lugar
são mais fortes que pessoas Westerman - 1,72m - 75kg índice = 1,47 - 5ºlugar
normais. Berindag - 1,74m - 105kg índice =1,99

Arremesso de peso
Lançamento de dardo
Kg G - 77,0 a 95,0 M = 86,0 GÍ - G2 =
G1 - 80,0 a 90,0 M = 87,5 3kg, aproxi- Kg G - 58 a 75 M = 67,5
G2 - 77,0 a 95,0 M = 84,5 madamente G1 - 58 a 75 M = 67,5
4% G2 - 64 a 74 M = 68,0
índice G - 1,30 a 2,00 M = 1,61 G1 -G2 = 0,01
índice G G1
G1 - 1,30 a 1.76 M = 1,61 - 1,07 a 1,56 M = 1,31
G2
G2 - 1,37 a 2,00 M = 1,62 G1 - G2 = 0,07,
- 1,13 a 1,42 M = 1,27
As arremessadoras de peso são 50% mais pesa- aproximada
das que pessoas normais. Para arremessos acima de - 1,07 a 1,56 M = 1,34 mente 5%
16m, devem pesar mais de 70kg. G1 é mais homo-
gêneo que G2, com uma menor variação. O peso As lançadoras de dardo são as mais leves entre os
corporal é importante biomecanicamente para dar lançamentos. Como temos uma grande variação de peso
maior aceleração ao aparelho, mas, se for excessivo, no grupo geral, vemos que lançadoras mais leves podem
trará dificuldades para a movimentação. As arre- ter resultados bons. Pela diferença entre G1 e G2, vemos
messadoras de peso são as atletas mais pesadas. que as melhores são mais leves e menos fortes que as
Em relação ao índice, temos uma grande hete- piores. Com relação ao peso corporal, temos r - 0,04, que
rogeneidade. As melhores arremessadoras não são mostra que nesse nível o peso não tem significado na
mais fortes ou mais pesadas que as piores. Temos diferença do resultado; com relação ao índice r = —0,26,
aqui r = 0,18, que mostra que, nesse nível, as me- que nos dá uma idéia semelhante. Exemplos:
lhores não são mais fortes que as piores. Alguns
exemplos: Fuchs - 1,69m - 65kg índice =1,34
Smith - 1,86m - 73,0 índice = 1,13
Chisowa - 1,75m 90kg índice = 1,73 - ...... 1º- lugar
1,68m - 74kg índice =1,56
........... - 1,85m 80kg índice = 1,30 - 5º lugar
........... - 1,77m 90kg índice = 1,62 - Pentatlo7º lugar
Iwanova — 1,68m 95kg índice = 2,00 - 9º lugar
Kg G - 53 a 73 M = 65,5 G1-G2 = 5kg,
Arremesso de disco G1 - 65 a 72 M = 68,0 aproximadamente
G2 - 56 a 73 M =63,0 .7,5%
Kg G - 73 a 105 M=83,0 M =
G1 - 73 a 105 83,0 M = 83,0 índice G - 1,09 a 1,53 M = 1,26 G1 -
G2 - 75 a 92
índice G 1,13 a 1,38 M = 1,25 G2 -
G1 -1,30 a 1,99 M = 1,56 G1-G2 1,09 a 1,53 M = 1,26
G2 = 0,05,
— 1,33 a 1,99 M = 1,58 Em relação ao peso, G e G2 são bastante hete-
aproximadamente, rogêneos, enquanto G1 é bem homogêneo. Aspen-tatletas
- 1,30 a 1,74 M = 1,53 3,2% são mais pesadas que as saltadoras em distância e altura.
Com relação ao peso, temos r = 0,50, que significa que o
As arremessadoras de disco são em média mais peso tem influência na diferença dos resultados. Com
leves que as de peso. G1 é bastante heterogêneo com relação ao índice, temos r a 0,19, que mostra a baixa
relação ao peso. Essas atletas são as mais pesadas depois influência na relação peso corporal/altura na diferença do
das de arremesso de peso. Entre peso corporal e resultado, ou melhor, essa influência é mínima.
resultado, temos r = 0,03, que significa que nesse grupo de A variação de peso entre as pentatletas é muito
elite o peso não tem influência. Com relação ao índice, grande. O grupo das melhores é mais forte que o
temos r = 0,40,
das piores. Alguns exemplos: são as arremessadoras de peso e disco. As mais leves,
com exceção de corredoras de 100m a 1 500m, são as
barreiristas. Ao considerarmos o índice, as mais leves são
peters - 1.73m 71,5kg índice = 1,38 as saltadoras em altura. Quase não há diferença
Rosendhal - 1.74m 66 kg índice = 1,25 biotipológica entre barreiristas e saltadoras em extensão.
....... - 1.79m 65kg índice = 1,13 As corridas de 100m a 1500m não foram citadas
- 1,68m 74 kg índice = 1,56 porque os fatores pesquisados não apresentam nenhuma
influência no resultado dessas provas.
Conclusões finais - As mais pesadas atletas

IMPLEMENTOS

CÍRCULOS Pl ARREMESSOS

Fabricados em madeira compensada de 15mm,


em 4 peças semicirculares coladas conforme o
esquema ao lado (diâmetros de junção ortogonais)
e pintados com tinta a óleo Anteparo em madeira
maciça pintado a óleo

SACO DE AREIA

Corpo em couro, com costuras internas, com


enchimento de areia
Peso variado, a partir de 5kg até 20kg
Alças em corda, revestidas em couro, com
costura externa, costuradas ao corpo
Dimensões: comprimento = 39cm diâmetro = 15cm
comprimento livre da alça = 28cm
MEDICINE-BALL C/ ALÇA

Corpo em couro com 6 gomos


costurados internamente, com
enchimento de areia
Pesos: 800g, 1.000g e 1.500g
Alça em couro, passando pela base e
emergindo no topo com fixação
circundante em couro, costurada
Dimensões: diâmetro =
20/25cm comprimento
livre da alça = 58cm

POSTES-SUPORTE

Base em ferro fundido


pintado com tinta a óleo
(0200mm) com três
setores de coroa circular
com pontos de apoio

PERSPECTIVA

Suporte superior
em plástico ou similar

Varão em madeira 24mm


Pino de sustentação em
ferro, preso à corrente
soldada ao poste

Poste em cano de ferro


galvanizado
pintado com tinta a óleo
Tampo em madeira acolchoada e
revestida de couro
PLINTO

Estrutura em madeira compensada de


1", envernizada

Encaixes em madeira maciça de 2" X


2", fixados na estrutura por
parafusos com porca: 2 frontais e 1
lateral

Reforço longitudinal
em madeira maciça de 2" XI"

Apoios da base em madeira


maciça de 65 X 30mm

Escala aproximada 1 /10 cotas em


milímetros

PERSPECTIVA
DED-MEC Estágio de
atletismo Mainz -
fev-mar/1976
Layout do halle do LEGENDA
sportinstitut da universidade 1
b) Pista c/ 6 raias—marcação—60m c
Johannes Gutenberg Mainz oncreto 2
Especificações genéricas Caixa de areia
c) c
— Piso-Rubkor 3
oncreto e cobogó de vidro Máquina p/ treinamento de força
(verde) — 4 Arquibancadas
— Fechamentos estrutura-ferro tampos-madeira Encaixe p/ salto com vara
a) vidro e cobogó de vidro - 5 Pé direito 8.00m
Depósito de material
- Tabelas das quadras, de 6
vidro, em estrutura metálica Entrada
móvel (motor) fixada no teto 7
— Cabine-audiovisual Escala aproximada — 1:400
8
Arquibancadas retrateis
BANCO
Revestimento em couro
Acolchoado
Tampo em madeira compensada — d= 20mm
Reforço longitudinal em madeira maciça — 2" X 1

Escala aproximada — 1/10


cotas em milímetros
Estrutura em madeira maciça de 1" envernizada
CORTE TRANSVERSAL
BANCO

Revestimento em material sintético

Tampo em madeira maciça (1") fixado


com parafuso e porca
Estrutura em cantoneira de
ferro L (2" X 2" X 3/8"), soldada,
pintada com tinta a óleo
Escala aproximada — 1/5
cotas em milímetros

PERSPECTIVA
ELEVAÇÃO LONGITUDINAL

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