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O Processo de
14 Execução III
A Insolvência
Noções Iniciais:
Se o devedor for insolvente, a execução será coletiva, envolvendo todos os credores, de modo
semelhante ao que ocorre na falência comercial. Esta modalidade chama-se de execução contra
devedor insolvente. A insolvência civil pode ser:
real: toda vez que as dívidas excederem à importância dos bens do devedor (CPC, art. 748);
presumida: na ausência de bens para a penhora (art. 750, I) e no arresto com base no art. 813,
I, II e III (art. 750,II).
Ato de insolvência, nos termos do art. 813 é, por exemplo: a impontualidade no pagamento,
ausentar-se furtivamente, alienar bens imóveis sem ficar com outros suficientes para cobrir as
dívidas, ou cometer fraudes para lesar credores.
A insolvência não será declarada se o devedor depositar a importância da dívida, para lhe
discutir a legitimidade ou o valor.
Efeitos da Declaração:
Conforme o art. 751 do Código de Processo Civil, a declaração de insolvência do devedor produz o
vencimento antecipado das suas dívidas; a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora,
quer os atuais, quer os adquiridos no curso do processo; e a execução por concurso universal dos seus
credores. Os créditos são classificados em ordem de preferência, de acordo com o que dispõe a lei
civil. Declarada a insolvência, o devedor perde ainda o direito de administrar os seus bens e de dispor
deles, até a liquidação total da massa (CPC, art. 752).
Se o devedor for casado e o outro cônjuge, assumindo a responsabilidade por dívidas, não
possuir bens próprios que bastem ao pagamento de todos os credores, poderá ser declarada,
nos autos do mesmo processo, a insolvência de ambos (CPC, art. 749).
Parágrafo único - No prazo, a que se refere este artigo, o devedor poderá impugnar quaisquer
créditos.
Art. 769 - Não havendo impugnações, o escrivão remeterá os autos ao contador, que organizará
o quadro geral dos credores, observando, quanto à classificação dos créditos e dos títulos legais
de preferência, o que dispõe a lei civil.
Art. 770 - Se, quando for organizado o quadro geral dos credores, os bens da massa já tiverem
sido alienados, o contador indicará a percentagem, que caberá a cada credor no rateio.
Art. 771 - Ouvidos todos os interessados, no prazo de 10 (dez) dias, sobre o quadro geral dos
credores, o juiz proferirá sentença.
Art. 772 - Havendo impugnação pelo credor ou pelo devedor, o juiz deferirá, quando necessário,
a produção de provas e em seguida proferirá sentença.
Art. 773 - Se os bens não foram alienados antes da organização do quadro geral, o juiz
determinará a alienação em praça ou em leilão, destinando-se o produto ao pagamento dos
credores.
O Saldo Devedor
Art. 774 - Liquidada a massa sem que tenha sido efetuado o pagamento integral a todos os
credores, o devedor insolvente continua obrigado pelo saldo.
Art. 775 - Pelo pagamento dos saldos respondem os bens penhoráveis que o devedor adquirir,
até que se lhe declare a extinção das obrigações.
Art. 776 - Os bens do devedor poderão ser arrecadados nos autos do mesmo processo, a
requerimento de qualquer credor incluído no quadro geral, a que se refere o art. 769,
procedendo-se à sua alienação e à distribuição do respectivo produto aos credores, na
proporção dos seus saldos.
Art. 779 - É lícito ao devedor requerer ao juízo da insolvência a extinção das obrigações; o juiz
mandará publicar edital, com o prazo de 30 (trinta) dias, no órgão oficial e em outro jornal de
grande circulação.
Art. 780 - No prazo estabelecido no artigo antecedente, qualquer credor poderá opor-se ao
pedido, alegando que:
I - não transcorreram 5 (cinco) anos da data do encerramento da insolvência;
II - o devedor adquiriu bens, sujeitos à arrecadação (art. 776).
Art. 781 - Ouvido o devedor no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá sentença; havendo provas
a produzir, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.
Art. 782 - A sentença, que declarar extintas as obrigações, será publicada por edital, ficando o
devedor habilitado a praticar todos os atos da vida civil.
A “Concordata Civil”
Noções Iniciais:
Após a aprovação do quadro geral de credores, elaborado dentro do processo de execução contra
devedor insolvente, poderá o devedor fazer uma proposta de pagamento aos credores. Ouvidos estes,
e se não houver oposição de nenhum deles, o juiz aprovará a proposta por sentença. A concordância
dos credores pode ser expressa ou tácita, mas ainda que um único dos credores rejeite a proposta,
ainda que não fundamentada sua atitude, estará ela repelida.
Art. 783 - O devedor insolvente poderá, depois da aprovação do quadro a que se refere o art.
769, acordar com os seus credores, propondo-lhes a forma de pagamento. Ouvidos os credores,
se não houver oposição, o juiz aprovará a proposta por sentença.
O remédio inominado do art. 783 costuma ser chamado de “concordata civil”, em analogia com a
concordata comercial, prevista na antiga Lei de Falências, porém nada tem a ver com esta
concordata, na verdade se assemelha a uma mera tentativa de conciliação. A concordata civil produz
a novação das obrigações, substituindo-as pela sentença. O descumprimento da concordata civil não
reabre a insolvência anterior, já extinta, mas obriga os credores a tentarem nova execução, desta vez
com base na sentença que homologou a proposta.
Noções Gerais
Noções Iniciais:
A execução contra a Fazenda Pública tem um regime especial. Não é possível a execução ordinária,
pois em regra, os bens públicos não podem ser alienados, e inexiste assim a responsabilidade
patrimonial da Fazenda Pública.
Fazenda Pública:
O termo Fazenda Pública abrange todas as pessoas jurídicas de direito público interno (União,
Estados e Municípios, Distrito Federal e Territórios) incluindo suas autarquias, cujo regime
financeiro, orçamentário e contábil é público.
Sociedades de economia mista, empresas públicas ou fundações não são consideradas como
Fazenda Pública.
Será oferecida, juntamente com os embargos, a exceção de incompetência do juízo, bem como
a de suspeição ou de impedimento do juiz (art. 742 do CPC).
Excesso de Execução:
Há excesso de execução:
quando o credor pleiteia quantia superior à do título;
quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
quando se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença;
quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da do
devedor;
se o credor não provar que a condição se realizou.
O Pagamento
Noções Iniciais:
Caso a Fazenda Pública não oponha embargos ou sejam estes julgados improcedentes, a requisição
do pagamento será feita efetuada por intermédio do presidente do tribunal competente, que irá
requerê-lo. O pagamento em via judicial dos débitos da Fazenda Pública está previsto no art. 100 da
Constituição Federal, onde está estipulado que só poderão ser efetuados na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios.
Não estão sujeitos ao regime dos precatórios os pagamentos de obrigações definidas em lei
como de pequeno valor, que a Fazenda Pública deva fazer em virtude de sentença judicial
transitada em julgado (art. 100, § 3º, Constituição Federal).
Art. 100 - À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda
CONSTITUIÇÃO Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
FEDERAL cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação
de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.
§ 3º - O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos
pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual,
Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)
§ 4º - São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como
fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento não se faça,
em parte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte, mediante expedição de precatório.
(Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
§ 5º - A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo, segundo as
diferentes capacidades das entidades de direito público. (Parágrafo renumerado pela Emenda
Constitucional nº 37, de 2002)
§ 6º - O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar
frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade. (Parágrafo
renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
Correção Monetária:
Apresentado o precatório antes de 1º de julho, nesta data são atualizados seus valores, com correção e
juros, mas o pagamento será feito no exercício seguinte, até o final do ano. Isto importa em afirmar
que o pagamento, normalmente será feito sem correção monetária e juros de 1º de julho até sua
efetivação, o que, no mínimo, acarreta prazo de seis meses. Neste caso, o credor sempre terá direito a
receber a diferença por meio de novos precatórios, o que vem a ser inconveniente de monta, já que
perpetua a execução.
Ordem de Pagamento:
Os pagamentos serão realizados na ordem de apresentação dos precatórios. Conforme o art. 731 do
Código de Processo Civil e o § 2º do art. 100 da Constituição Federal, se o credor for preterido no
seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o
chefe do Ministério Público, ordenar o sequestro da quantia necessária para satisfazer o débito.
Existe na doutrina uma discussão sobre contra quem caberia a ação de sequestro. De acordo
com uma corrente, como os bens públicos são impenhoráveis, também não podem ser
sequestrados. Assim, o sequestro, determinado pelo presidente do tribunal, deverá ser dirigido
contra o credor que recebeu o pagamento, sem atender a ordem de preferência. Outra corrente
entende que, de forma diversa, é cabível o sequestro das verbas da receita da Fazenda Pública
para o pagamento de suas obrigações. Por fim, de acordo com um terceiro entendimento, a
Fazenda Pública junto com o credor podem ser acionados.
Noções Gerais
Alimentos:
É possível a execução daquele que for condenado a pagar prestação alimentícia (definitiva ou provisória)
em razão de parentesco ou casamento. A execução de prestação alimentícia pode ocorrer de quatro modos
de acordo com o Código de Processo Civil e a Lei de Alimentos: desconto em folha de pagamento;
cobrança em aluguéis ou outros rendimentos do devedor; expropriação de bens do devedor; e coerção
(prisão civil).
A execução de prestação alimentícia está regulada tanto nos arts. 732 a 735 do CPC como nos
arts. 16 a 19 da Lei 5.478/68 (Lei de Alimentos), que se complementam.
Prisão Civil:
Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o
devedor para, em 3 dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de
efetuá-lo. Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 a 3
meses. O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e
vincendas. Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
04 - Nos embargos à execução contra a Fazenda Pública não é cabível a discussão de:
( ) a) excesso de execução;
( ) b) incompetência do juízo da execução;
( ) c) excesso de penhora;
( ) d) cumulação indevida de execuções;
( ) e) novação.
Bibliografia
Atualizada em 10.12.2011