Professional Documents
Culture Documents
PROTESTOS NA CHINA »
Arquivado em: Hong Kong Protestos sociais China Mal-estar social Ásia oriental Problemas sociais Ásia Sociedade
A figura mais impopular é a de Leung. “Leung Chun-Ying, renuncie já!”, é o grito mais entoado
na concentração, por milhares e milhares de vozes em uníssono. Uma máscara gigante do
chefe do Governo com dentes pontiagudos recebe as maiores vaias da noite. Alguém, com um
macabro senso de humor, criou diante de um ônibus transformado em posto de primeiros
socorros um altar que na cultura chinesa se reserva aos mortos, com velas, incenso e
oferendas de frutas e, no lugar de honra, um retrato do chefe do Executivo sob o lema
“Vergonha, Leung”.
“Nunca esperamos tanta participação. Não confiamos o suficiente nas pessoas”, declara o
professor universitário Chan Kin-Man, um dos cofundadores do movimento civil Occupy
Central with Peace and Love (Ocupar Central com Paz e Amor), que convocou a manifestação.
Segundo ele, a chave do êxito do movimento foi que os manifestantes não só não se retiraram,
como se multiplicaram depois da ação policial de domingo. Essa inesperada resposta da
população levou o chefe do Executivo local a mudar de estratégia. “Uma dureza ainda maior
teria significado declarar estado de exceção e, possivelmente, abrir o caminho para uma
intervenção das tropas do Exército Popular de Liberação [que conta com um quartel no
território]. Provavelmente consultou Pequim e lhe disseram que não”, considera Chan.
A origem dos protestos está na proposta de reforma eleitoral para a ex-colônia que Pequim
anunciou em 29 de agosto. Embora – tal como Pequim prometeu há anos – introduza o voto
universal, impõe uma série de condições que, segundo o movimento pró-democracia, visam a
garantir que os candidatos contem com a aprovação de Pequim. Em resposta, Occupy Central
proclamou “o começo de uma era de desobediência civil”. Há uma semana os movimentos
estudantis estão em greve. na sexta-feira, uma manifestação na sede do Governo autônomo
terminou com a retirada de 150 jovens. Ao todo 74 pessoas foram detidas em protestos que se
prolongaram por todo o fim de semana e que levaram o Occupy Central a adiantar o começo
de sua campanha para exigir mais democracia.