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REFLEXÕES SOBRE LINGUAGEM E CULTURA: UM OLHAR SOBRE

A 1ª FEIRA DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS DO COLÉGIO PEDRO II

Maria Cecília BEVILAQUA


cecilia.bevilaqua@gmail.com

RESUMO EXPANDIDO
O presente estudo reúne algumas considerações parciais acerca do projeto
sociocultural intitulado “1ª Feira de Línguas Estrangeiras - lenguas del mundo: unité y
diversity”, empreendimento que vem sendo desenvolvido ao longo do presente ano letivo no
Campus Duque de Caxias do Colégio Pedro II. Objetiva, desse modo, ampliar o debate acerca
da potencialidade da realização de projetos escolares para uma reflexão atualizada acerca das
relações entre linguagem e cultura na sociedade contemporânea.
A iniciativa do projeto situa-se no bojo de reflexões surgidas do contexto da realização
de práticas de ensino-aprendizagem de espanhol, inglês e francês no Colégio Pedro II. Reflete,
pois, o intuito da equipe de línguas estrangeiras do Campus Duque de Caxias de problematizar
relações entre língua, cultura e sociedade, tendo em vista o cenário global de intensas
transformações em que ora nos situamos. É nessa perspectiva que concebemos a proposta
que, com base no diálogo com o Estatuto do Colégio Pedro II - que, por sua vez, dialoga com
pressupostos da LDB 9394/96–, parte do entendimento da escola como espaço, por
excelência, do debate acerca da alteridade.
Destarte, sob uma ótica que privilegia relações entre produção de conhecimento
escolar e inclusão social, surge a iniciativa de realização da 1ª Feira de Línguas. O evento, que
tem como ponto de partida o destaque da relação homem/cultura no contexto atual, envolve
a construção coletiva de conhecimentos por parte de alunos e docentes com vistas à efetiva
integração entre membros da comunidade escolar. Compreende, assim, a realização de
atividades expressivas – cartazes, teatro, danças, vídeos, pratos típicos etc. – voltadas para a
temática da unidade e da diversidade cultural, a partir da apropriação das línguas espanhola,
francesa e inglesa.
Como fundamentação teórica para o desenvolvimento da proposta, destacamos:
considerações relativas ao conceito de Pluralidade Cultural (BRASIL/SEF, 1997) e reflexões
acerca da realização de projetos de trabalho na escola (BARBOSA, 2003). Nessa perspectiva,
situamos as atividades da “1ª Feira de Línguas Estrangeiras - lenguas del mundo: unité y
diversity” no bojo de uma chamada Pedagogia de Projetos, tendo em vista a articulação de
seus objetivos numa dupla dimensão, que envolve, por um lado, a inclusão de temas de
relevância social no ambiente escolar; e, por outro, a promoção de uma dinâmica inovadora
no processo de ensino-aprendizagem.

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Compreendemos, nesse sentido, que a realização de projetos socioculturais em
espaços escolares possa promover o desenvolvimento de atividades que levem os estudantes
a se constituírem como protagonistas de sua aprendizagem. Reconhecemos como elemento
fundamental nesse empreendimento a valorização das expressões culturais dos alunos, a fim
de corroborar, além de seu potencial criativo, sua capacidade de reflexão crítica acerca da
temática proposta.
Sob uma perspectiva que considera o ensino de línguas estrangeiras, sobretudo, como
um processo de criação de interculturalidade, a “1ª Feira de Línguas Estrangeiras - lenguas del
mundo: unité y diversity” tem como finalidade o desenvolvimento de atividades orientadas
pelos seguintes objetivos: a) ampliar o debate sobre a cidadania sob uma perspectiva que
valorize a pluralidade cultural; b) proporcionar a expressão escrita e oral em variados gêneros
discursivos, a partir da apropriação de diferentes linguagens; c) privilegiar o trabalho com
ferramentas e estratégias que permitam uma reflexão acerca da relação entre linguagem e
contexto de produção; d) Promover um espaço de diálogo entre escola e comunidade, por
meio da interface produção de conhecimento escolar/ demandas da sociedade.
O evento, que tem como meta explicitar a unidade e a diversidade das línguas a partir da
ênfase em aspectos de língua e cultura, foi idealizado pela equipe de línguas estrangeiras no
segundo semestre letivo de 2013. Definiu-se, assim, a proposta da realização de uma Feira de
Línguas que contemplasse a apresentação de atividades discentes sob variados formatos, a
partir de diferentes gêneros e linguagens, a ser apresentada à comunidade escolar em um dia
letivo do segundo semestre do ano de 2014.
Tendo em vista a necessidade de melhor organizar o projeto, que prevê a participação
de todas as turmas do Campus, foi definida, ainda no segundo semestre de 2013, uma
comissão de apoio composta por 10 alunos, de acordo com critérios de interesse e
disponibilidade de tempo. Buscamos, vale ressaltar, obter a maior representatividade de
turmas possível na equipe.
A partir de então, vêm sendo realizadas reuniões periódicas entre os docentes de
línguas estrangeiras e a comissão de apoio, com vistas a definir e orientar as atividades
propostas. Uma das deliberações referentes ao formato do evento foi a organização da Feira
de Línguas em dois blocos de natureza diversa: stands e musicais. Ofertou-se, ademais, uma
terceira modalidade de participação aos alunos: realizar a cobertura jornalística do evento.
Obtivemos, pois, a organização das turmas em diversas equipes de trabalho, tal como
explicitamos a seguir.
Preliminarmente, organizaram-se grupos que optaram por fazer apresentações
musicais que reunissem, a partir da temática do evento, canções nas línguas espanhola,
francesa e inglesa. Foram criadas, dessa forma, três equipes - dois musicais e um coral –
compostas por alunos de turmas diversificadas.
Em um segundo momento, definiram-se os grupos de trabalho para a exposição de
atividades em stands. Assim, coube a cada turma organizar-se em grupos a fim de pesquisar
aspectos referentes a um determinado país a serem apresentados à comunidade escolar, tais
como “gastronomia”, “política”, “literatura”, “artes”, “língua” e “economia”.
Por fim, foi organizada uma equipe responsável por realizar a cobertura jornalística do
evento. Os alunos participantes dessa modalidade de trabalho foram orientados a registrarem,
por meio de fotos e vídeos, as diversas etapas de desenvolvimento do projeto. Ademais, foram
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incumbidos de realizar a divulgação do evento a partir de diferentes suportes: cartazes,
panfletos, anúncios em redes sociais etc.
A partir de então, as diversas equipes vêm desenvolvendo as atividades propostas sob
a supervisão das professoras de línguas estrangeiras e dos alunos que compõem a comissão do
projeto. Cabe ressaltar que o trabalho realizado pelos alunos vem sendo avaliado pelos
professores de línguas estrangeiras e será pontuado de acordo com os critérios estabelecidos
pela instituição de ensino.
No que diz respeito à dinâmica de ensino-aprendizagem podemos destacar que a
realização do projeto vem promovendo um maior engajamento dos alunos no cumprimento
das tarefas intra e extraclasse. Portanto, cabe dizer que as atividades referentes à Feira de
Línguas vêm cumprindo o objetivo de despertar a atenção dos discentes para a temática
proposta através: de atividades realizadas em grupos, de modo a favorecer o diálogo e a
construção de conhecimento; do debate acerca da unidade e diversidade cultural; da
apropriação e reformulação de elementos de outras culturas a partir de variados gêneros e
linguagens.

PALAVRAS-CHAVE: Projeto sociocultural - Línguas estrangeiras - Ensino básico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barbosa, Maria Carmen s. Projetos escolares – um modo seguro de provocar a aprendizagem.
Rio de Janeiro: Futuro eventos, 2003.
Brasil, lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC, 1996.
Brasil. MEC – Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
pluralidade cultural. vol. 10, Brasília, df, 1997.
Estatuto do Colégio Pedro II. Portaria nº 1.316, de 5 de novembro de 2012, art. 1º.

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