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PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

SUMÁRIO

Apresentação.......................................................................................................... 4
1 Introdução........................................................................................................ 5
2 Análiseo dos Escoamentos livres .................................................................. 12
2.1 Variação de pressão numa seção do conduto, p..................................... 12
2.2 Distribuição de Velocidades .................................................................... 13
2.3 Indicadores Adimensionais...................................................................... 13
2.4 Energia ou Carga Específica ................................................................... 14
2.5 Regimes de Escoamento......................................................................... 14
2.6 Escoamento Crítico ................................................................................. 15
2.7 Escoamento Subcrítico ou Fluvial ........................................................... 16
2.8 Escoamento Supercrítico ou Torrencial................................................... 17
2.9 Resumo ................................................................................................... 17
3 Escoamento Permanente Uniforme ............................................................... 18
3.1 Perdas de Energia................................................................................... 18
3.2 Capacidade de transporte ....................................................................... 21
3.3 Seção Composta ..................................................................................... 24
3.4 Seção de máxima eficiência ou mínimo custo......................................... 24
3.5 Seções estáveis ...................................................................................... 25
3.5.1 Velocidades ..................................................................................... 26
3.5.2 Inclinação dos taludes ..................................................................... 27
3.5.3 Dinamicamente................................................................................ 27
3.5.4 Borda livre ....................................................................................... 28
3.6 Seções com rugosidades diferentes........................................................ 29
3.7 Seções de transição ou concordância..................................................... 29
3.8 Curvas horizontais................................................................................... 29
4 Escoamento Permanente gradualmente VAriado .......................................... 30
4.1 Formas da superfície livre ....................................................................... 30
4.1.1 Curvas tipo M – declividade fraca.................................................... 31
4.1.2 Curvas tipo S – declividade forte ..................................................... 31
4.1.3 Curvas tipo C – declividade crítica .................................................. 32
4.1.4 Curvas tipo H – declividade nula ..................................................... 32
4.1.5 Curvas tipo A – declividade adversa ............................................... 32
4.2 Determinação do perfil da linha superficial .............................................. 33
4.2.1 Cálculo da Linha d´água através da Equação da Energia............... 34
4.2.2 Cálculo da Linha d´água através da Equação da Quantidade de
Movimento.................................................................................................... 37
5 Escoamento Permanente bruscamente Variado ........................................... 40
5.1 Ressalto hidráulico .................................................................................. 40
5.1.1 Equações básicas ........................................................................... 41

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5.1.2 Ocorrência de ressaltos em condutos ............................................. 43


5.2 Perda de energia localizada .................................................................... 43
5.3 Dissipação de energia ............................................................................. 44
5.3.1 Blocos de Impacto ........................................................................... 45
5.3.2 Bacias de Dissipação ...................................................................... 46
5.3.3 Escada ou Canal em Degraus......................................................... 50
5.3.4 Macrorugosidade............................................................................. 51
6 Referências bibliográficas.............................................................................. 53

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APRESENTAÇÃO

Estas notas de aula foram organizadas para simples orientação de estudo


sendo destinada aos alunos o curso de Hidráulica Geral. Não tem portanto o
caráter nem a intenção de substituir as publicações especializadas nas quais
se baseia, relacionadas no capítulo sobre as Referências Bibliográficas. Em
sua preparação estão incluídos tópicos e itens preparados pelos professores
Paolo Alfredini, Podalyro Amaral de Souza, Carlos Lloret Ramos, José Rodolfo
Scarati Martins, Ricardo Daruiz Borsari, Sidney Lázaro Martins e Francisco
Martins Fadiga Jr.

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1 INTRODUÇÃO

O escoamento em canais é
caracterizado por apresentar uma
superfície livre na qual reina a pressão
atmosférica. Estes escoamentos tem
um grande número de aplicações
práticas na engenharia, estando
presente em áreas como o
saneamento, a drenagem urbana,
irrigação, hidro-eletricidade,
navegação e conservação do meio
ambiente.

Apresentam-se a seguir alguns exemplos clássicos e outros usuais do emprego


dos condutos livres.

Aqueduto Romano no Mediterrâneo, do


sec III d.c.

Canal de adução do sistema


produtor Alto Tietê – Sabesp – São
Paulo, 1999.

Canal de adução à casa de bombas do


sistema de irrigação do Baixo Nilo –
Egito, 1999.

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Calha do Córrego Pirajussara, São


Paulo.

Canalização assoreada do Córrego


Uberaba, sob a Avenida dos
Bandeirantes, São Paulo, 1996

Rio Tietê São Paulo, 1998

Curva no Córrego Pirajussara, Zona


Oeste São Paulo

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Ribeirão dos Meninos, São


Bernardo, São Paulo. Ocorrência
de ressalto hidráulico numa
canalização de drenagem urbana.

Canal Pereira Barreto, unindo os


reservatórios de Ilha Solteira e Três
Irmãos, no Complexo Urubupunga, São
Paulo, 1995

Rio Tamanduateí, São Paulo, 1997

Canalização regular do Córrego dos


Meninos, São Bernardo, São Paulo.

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Compreendem-se como condutos livres os recipientes, abertos ou fechados,


naturais ou artificiais, independentes da forma, sujeitos à pressão
atmosférica. Os rios são o melhor exemplo de condutos livres.

natural{cursos d' água



  pequeno → circular
 fechado
  grande → retângular, ferradura, ovóide
conduto  
 trapezoidal
artificial 
 aberto (escavado )semi − hexagonal
 
 re tan gular
 
 triangular
 

A designação de conduto ou canal tanto se pode aplicar a cursos d’água


natural como aos artificiais. Os escoamentos em condutos livres diferem dos
que ocorrem em condutos forçados ou sobpressão porque o gradiente de
pressão não é relevante. No escoamento em condutos livres a distribuição de
pressão pode ser considerada como hidrostática e o agente que proporciona o
escoamento é a gravidade. Apesar da hipotética semelhança nos escoamentos
livres e sobpressão, os livres são mais complexos e com resolução mais
sofisticada pois as variáveis são interdependentes com variação no tempo e
espaço.

a) conduto forçado ou sobpressão b) conduto livre

A compreensão, interpretação e o dimensionamento de condutos livres são


importantes nos aspectos econômico, ecológico e social em atividades do
desenvolvimento: drenagem, irrigação, contenção e previsão de cheias,
diagnósticos e estudos de impacto ambiental, modelagem, navegação,
transporte e tratamento de esgoto, proteções, entre outras.

O escoamento de fluidos em condutos livres pode ser classificado segundo o


seu comportamento:

 uniforme → EU
 
permanente  gradualmente → EVG
escoamento  var iadorapidamente → EVR
  
não permanente

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• No escoamento permanente não há mudança de algumas de suas


propriedades: principalmente vazão e massa específica: Q = cte .
• No escoamento permanente uniforme, além da vazão e a massa específica,
Q = cte
são necessários seção, profundidade e velocidade constantes: Vmédia = cte .
y = cte
• No escoamento permanente variado, além da vazão e massa específica
constantes, admite-se um gradiente de velocidades devido à aceleração ou
Q = cte
retardação, que altera as profundidades: A ≠ cte .
Vmédia ≠ cte
• No escoamento permanente variado gradualmente, além da vazão e massa
específica constantes, admite-se um moderado gradiente de velocidades
devido à aceleração ou retardação, que altera as profundidades.
• No escoamento permanente variado rapidamente, além da vazão e massa
específica constantes, admite-se um significativo gradiente de velocidades
devido à aceleração ou retardação, que altera sensivelmente as
profundidades.
• O escoamento não permanente ou transitório ocorre com mudanças nas
suas propriedades, ou seja, a profundidade numa dada posição varia ao
longo do tempo, constituindo-se, assim, a forma de representação próxima
da realidade. Apenas em alguns casos interpreta-se o escoamento como
um transitório devido a sua complexidade, como: enchimento e
esvaziamento de eclusas, golpe de aríete, ondas de maré, ondas de vento,
pororoca, etc.: Q ≠ cte

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Os escoamentos são fenômenos tridimensionais, transitórios e complexos mas


é normal utilizar hipóteses simplificadoras para analisar adequadamente o
problema sem sacrificar a precisão ou a validade dos resultados. Uma das
hipóteses possíveis é considerar o escoamento uni ou bidirecional.

Em muitos casos a análise tridimencional do escoamento é inevitável como nos


túneis de ar para verificar estabilidade, aderência, aerodinâmica em carros ou
aviões, esforços em embarcações. No caso de escoamento de rios pode-se
considerá-lo uni, bi ou tridimensional.

A maioria dos cursos d’água naturais são instáveis dinamicamente produzindo


curvas, meandrando, depositando, erodindo, assim a velocidade real do curso
é complexa e tridimensional, mas em muitos casos os estudos são conduzidos
como unidirecionais, isto é, com velocidades vetoriais médias.

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Os escoamentos serão tratados como bidimensionais com grandezas médias


que não devem minorar a validade dos resultados, geralmente em regime
permanente e fluido incompressível, exceto quando gasoso.

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2 ANÁLISE DOS ESCOAMENTOS LIVRES

Os parâmetros usualmente empregados na análise e tratamento dos


escoamentos livres são:

• y= profundidade do escoamento determinado pela distância entre o ponto


mais baixo da seção e a superfície livre (m);
• B= comprimento superficial ou boca é a distância horizontal da superfície
livre do conduto (m);
• b= comprimento da base do conduto (m);
• A= área molhada corresponde à área efetiva de escoamento (m);
• P= perímetro molhado é o comprimento da linha de contorno da área
molhada sem a superfície livre (m);
A
• Rh = = raio hidráulico é o quociente entre área e perímetro molhados (m);
P
A
• ym = = profundidade média é o quociente entre a área molhada e o
B
comprimento superficial (m);
• i= declividade do fundo (m/m);
• J= declividade da linha d’água (m/m);
• I= declividade da linha de energia (m/m);
• ∆e= perda de energia ou carga (m);
• L= comprimento do conduto (m);

• J= perda de energia ou carga linear = e (m/m)
L
• x= espaçamento horizontal do conduto (m);
• g= aceleração da gravidade local (9,81m/s2);
• γ= peso específico do fluido (γH2O≅1.000kg/m3);
• Q= vazão em volume (m3/s);
• q= vazão específica ou linear (m3/s*m);
• Talvegue ou linha de fundo de um conduto é o lugar geométrico dos pontos
mais baixos das seções transversais e a sua planificação constitui o perfil
longitudinal do leito;

2.1 Variação de pressão numa seção do conduto, p

Nos condutos livres as diferenças de pressão entre a superfície livre e o fundo


não podem ser desprezadas, sendo linear e hidrostática.

A pressão no fundo do conduto é: p = γ * y = γ * y * cos θ , onde θ é o gradiente da


declividade ou inclinação do fundo no conduto.

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2.2 Distribuição de Velocidades

A distribuição de velocidades no fluido em condutos livres é função,


principalmente da Resistência do fundo e das paredes; Resistência superficial
da atmosfera e ventos; Resistência interna da viscosidade do fluido e da
Aceleração da gravidade.

Na maior parte dos cálculos utiliza-se a velocidade média obtida pela equação
Q
da continuidade: V =
A

2.3 Indicadores Adimensionais

O escoamento em condutos livres pode, também, ser caracterizado pelo


V * 4 * Rh
Número de Reynolds: Re = , que traduz a ação de forças de
ν
V
viscosidade mas é melhor representado pelo Número de Froude: Fr = ,
A
g*
B
que incorpora a ação da gravidade.

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2.4 Energia ou Carga Específica

A energia total, H, é a soma das parcelas energéticas potencial (equação de


Bernoulli), interna ou de pressão e cinética:

p V2 V2
H = Ep + Ei + E c = z + + = z+y+ .
γ 2*g 2*g

A energia específica, E, é a quantidade de energia por unidade de peso do


V2 Q2
fluido: E = y + = y+ .
2*g 2 * g * A2

H1 = H 2 + ∆e
V12 V2
z1 + y1 + = z 2 + y 2 + 2 + ∆e
2*g 2*g

2.5 Regimes de Escoamento

Q2
Dado um escoamento permanente a energia específica é: E = y + mas
2 * g * A2
a área de escoamento é função da profundidade y, ou seja: A= f(y). Estudando
a variação de energia específica, E, em função da profundidade, resultará num
gráfico típico.

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Verifica-se que há um valor de energia mínimo que corresponde ao valor da


energia crítica, EC e outros tramos recíprocos referentes às profundidades yS e
yi, ou seja, há dois regimes de escoamento.

O escoamento com maior profundidade, ys, denomina-se fluvial ou subcrítico. O


escoamento com profundidade menor, yi, denomina-se torrencial ou subcrítico.
O escoamento que corresponde à profundidade única, yC, é denominado
crítico.

Alterando-se o valor da declividade de fundo do conduto livre, i, obtêm-se um


i = i C → regime crítico
dos regimes de escoamento: i < i C → regime subcrítico ou fluvial
i > i C → regime sup ercrítico ou torrencial

Observa-se, também, que a mudança de regime deve passar pelo crítico.


Num perfil longitudinal de escoamento num conduto livre é possível ocorrerem
um ou mais regimes de escoamento distintos

2.6 Escoamento Crítico

O escoamento crítico corresponde à energia específica mínima:


Q2
E=y+
2 * g * A2
∂E ∂  Q2 
= y + 
∂y ∂y  2 * g * A2 

Q 2 ∂A 
= 1 2
g * A ∂y
3
Q A3
 =
∂A  g B
=B
∂y 
Q = V * A
 V
A Fr = =1
ym =  g * ym
B 

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O escoamento no regime crítico não é estável.

Q 
q=  q2
Se o conduto é retangular têm-se: B y C = 3
. Para outras formas de
g
A = B * y C 

Q2 A3
conduto consultar a tabela ou utilizar a expressão geral: = .
g B

1grau= 0,01745rad; 1rad= 57,2957graus

2.7 Escoamento Subcrítico ou Fluvial

V
Analogamente: Fr = <1
g * ym

O escoamento subcrítico ou fluvial caracteriza-se pelas velocidades menores,


pouca turbulência, ausência de ondas superficiais, típico dos cursos d’água
naturais com baixa declividade em regime normal.

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Outra característica que pode ser observada é que as perturbações superficiais


podem deslocar-se corrente acima e as condições de jusante não alteram as
de montante.

2.8 Escoamento Supercrítico ou Torrencial

V
Analogamente: Fr = >1
g * ym

O escoamento supercrítico ou torrencial caracteriza-se pelas velocidades


significativas, turbulência, ondas superficiais, típico dos canais artificiais com
alta vazão ou declividade de fundo ou cursos d’água “encachoeirados” ou com
cascatas.
Outra característica que pode ser observada é que as perturbações superficiais
não podem deslocar-se corrente acima e as condições de jusante alteram as
de montante.

2.9 Resumo

Fr > 1 → Supercrítico ou Torrencial


Fr = 1 → crítico ou
Fr < 1 → Subcrítico ou Fluvial
Re < 500 → Subcrítico ou Fluvial
Re > 2000 → Supercrítico ou Torrencial

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3 ESCOAMENTO PERMANENTE UNIFORME

 uniforme → EU
 
permanente gradualmente → EVG
escoamento var iado rapidamente → EVR
  
não permanente

O escoamento permanente uniforme caracteriza-se:

• Profundidade, área molhada, velocidade média e vazão constantes;


• As linhas de energia, I, superfície, J e fundo, i, são paralelas.

Em condutos naturais raramente ocorre o escoamento uniforme mas se


costuma admiti-lo para cálculos práticos. Denomina-se profundidade normal,
yn, à profundidade do escoamento uniforme que para uma dada seção,
declividade e vazão, é única. Quando ocorre o escoamento permanente
uniforme a profundidade do fluido é a normal: y = y n

Os condutos são dimensionados supondo-se escoamento permanente


uniforme e verificados para outras circunstâncias e particularidades.

Na prática o planejamento, projeto e construção de um conduto, estão


condicionados por uma série de restrições de natureza variada. O projeto de
um conduto em um sistema de drenagem urbana, por exemplo, pode depender
de condições topográficas, geotécnicas, construtivas, de influência do sistema
viário, existência de obras de arte, faixa de domínio, legislação, questões
ambientais, etc. Todas estas condições de caráter não hidráulico/hidrológico,
limitam a liberdade do projetista no dimensionamento das seções. (Porto,
Rodrigo de Melo).

A seção do conduto deverá atender às vazões previstas, ser estável, baixo


custo, atender aos critérios de segurança e legais, com a mínima interferência
no ambiente. Faz-se necessário o conhecimento de alguns conceitos para o
dimensionamento de seções:

3.1 Perdas de Energia

A perda de energia entre suas seções, distando de um comprimento x entre si,


é:
∆e = H 2 − H1
 V2   V2 
∆e =  Z 2 + y 2 + 2  −  Z 1 + y 1 + 1 
 2 * g   2 * g 

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i // J // I 

Q1 = Q 2 
∆e = Z 1 − Z 2
y1 = y 2 = y n 
V1 = V2 

∆e Z 2 − Z 1
J= = = sinθ
x x

J= perda de energia ou carga linear

Partindo-se de uma equação científica, Fórmula Universal:

V2 
J=f  V2
2 * g * DH  J = f f= fator de atrito
8 * Rh * g
D H = 4 * Rh 

8*g
V= Rh * J
f
8*g
C=
f
∴ V = C * Rh * J

A expressão V = C * Rh * J ou Q = C * A * Rh * J é a equação de Chezy em que


C é o fator de atrito ou resistência válido para condutos circulares. O fator de
atrito ou resistência, C, é obtido experimentalmente em função do raio
hidráulico, Rh, e da natureza das paredes do conduto.

1 1
O cientista Manning propôs a fórmula: V = (Rh) J ou Q = A * (Rh)
2/3 2/3
J ,
n n
onde os valores do coeficiente de atrito, n, são tabelados em função da
natureza das paredes do conduto.

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Valores do Coeficiente de Manning (Lencastre e Chow).


1/3 1/3
Perímetro molhado n (s/m ) Perímetro molhado n (s/m )
A) Condutos naturais F) Condutos artificiais
Limpo e reto 0,030 Vidro 0,010
Escoamento vagarosos e com
0,040 Latão 0,011
poças
Rio típico 0,035 Aço liso 0,012
B) Planícies inundadas Aço pintado 0,014
Pasto 0,035 Aço rebitado 0,015
Cerrado leve 0,050 Ferro fundido 0,013
Cerrado pesado 0,075 Concreto com acabamento 0,012
Floresta 0,150 Concreto sem acabamento 0,014
C) Condutos escavados na terra Madeira aplainada 0,012
Limpo 0,022 Tijolo de barro 0,014
Cascalho 0,025 Alvenaria 0,015
Vegetação rasteira 0,030 Asfalto 0,016
Metal corrugado 0,022
D) Condutos em rocha
Alvenaria grosseira 0,025
Sarjeta de concreto, acabamento
Rocha lisa e uniforme 0,035-0,040 0,012-0,014
com colher
Sarjeta de concreto, acabamento
Rocha áspera e irregular 0,040-0,045 0,013-0,015
com asfalto
E) Gabião de pedra com tela de
0,035 Pedra lançada 0,024-0,035
arame

O coeficiente de Manning, quando aplicado em condutos livres, traduz as


perdas de energia distribuídas e localizadas (singularidades ou acidentais) de
um determinado intervalo, podendo-se majorá-los para representar as
características particulares locais.

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Observar como os escoamentos são distintos nos subcondutos 2, 1 e 3, da


figura acima.

3.2 Capacidade de transporte

Para a determinação seção com capacidade de transporte faz-se necessário o


cálculo da profundidade normal, yn, obtido através de processo iterativo nas
equações de Chezy ou Manning, ou seja, a profundidade normal corresponde
A * (Rh)
2/3
Q
ao valor de y que satisfaz a igualdade: = .
n J

No caso de um conduto com seção retangular, como exemplo:


2/3

(b * y ) *  b*y 

 * y +b
2 V * (b * y )
= , ou seja, conhecidos os valores de Q ou V, n e J,
n J
a igualdade possuí uma única solução cujo valor resposta é y=yn.

Outra solução menos elaborada é o processo gráfico, onde se adota valores


aleatórios para a profundidade y e se obtêm os da vazão, construindo, assim,
um gráfico com estes pares (y=f(Q)) e, conhecido o valor efetivo da vazão,
determina-se o correspondente y que será a própria profundidade normal, yn.
Analogamente pode-se utilizar a velocidade para a determinação da
profundidade normal.
3
y(m) Q(m /s)
y1 Q1
Y2 Q2
Μ Μ
Ym-1 Qm-1
Ym Qm

A curva apresentada no gráfico acima (y=f(Q)) é denominada curva de


capacidade de transporte ou curva chave.

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A determinação da curva chave é fundamental, principalmente em condutos


livres naturais, projetos e estudos, representando o retrato do comportamento
do rio.

Nos cursos d’água naturais à determinação da curva chave pode ser complexa
envolvendo valores observados numa cota numa régua graduada no leito do rio
e calculada a vazão correspondente em função da área molhada, análise de
consistência hidrológica e hidrodinâmica, extrapolações envolvendo riscos, ou
seja, como exemplo, quando se ouve nos meios de comunicação que
determinado rio atingiu “a maior cheia dos últimos 50 anos”, significa que
observando a cota do nível d’água na curva chave disponível do rio, a vazão
correspondente possui um período de retorno (risco) de 50 anos.

A escolha do local para registro de valores de cota e vazão naturais para


compor a curva chave, constituí-se numa preocupação do hidrólogo para
garantir representatividade dos valores observados e extrapolados.
Dentre os condutos livres artificiais fechados com moderada capacidade de
transporte, os circulares merecem destaque devido a sua ampla utilização com
uma vasta gama de materiais, tecnologias e aplicações.

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PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

Qmáxima=0,95*D
Vmáxima=0,81*D
Q y  = Q y 
  = 0,82   =1
D D 

Há tabelas para condutos circulares com as variáveis: declividade e diâmetro


que fornecem as vazões para as seções: 1/1, ¾, ½ e ¼.

D2
A= (θ − sen θ)
8
θ*D
P=
2
D  sen θ 
Rh = * 1 − 
4  θ 
D θ
y= 1 − cos  → θ = rad
2 2
 y
θ = 2 * arc cos1 − 2 
 D
θ
B = D * sen
2

Q=
1 D 8/3 
(θ − sen θ)5 / 3 
 
n 8( 4)2 / 3  θ2 / 3 
1grau = 0,01745rad , 1rad = 57,2957gra us

No dimensionamento de um conduto circular com escoamento permanente,


aceita-se como a máxima relação y/D o valor 0,80, ou seja não se deve
aproveitar o acréscimo da capacidade de transporte que se verifica para a
relação y/D até 0,94, pois o instabilidade da superfície pode afogar o
escoamento diminuindo a capacidade de transporte.

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PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

3.3 Seção Composta

As seções transversais compostas devem ser divididas em subcondutos para o


dimensionamento, visto que podem possuir resistências ao escoamento
diferentes o que resulta em escoamentos distintos.

Na seção ilustrada, tem-se três subcondutos, que produzem as vazões: Q1, Q2,
Q3, ou seja a capacidade de vazão da seção é: Q = Q1 + Q2 + Q3 .

Notar que os segmentos de reta a-b não se constituem em perímetros


molhados mas sim nos limites virtuais de escoamentos independentes de
cálculo e a área molhada do conduto principal é composta com um retângulo e
um trapézio.

É usual utilizar a seção composta para conduzir cheias no leito maior, como
ocorre naturalmente nos cursos d’água.
As rugosidades de Manning diferentes podem ser resolvidas com a rugosidade
equivalente.

3.4 Seção de máxima eficiência ou mínimo custo

Um conduto é de máxima eficiência ou mínimo custo quando é máxima a


vazão, para uma determinada área, coeficiente de atrito e declividade.
Dadas a declividade e rugosidade, a seção de máxima eficiência exige uma
área de escoamento mínima para uma dada vazão.

Q (Rh ) * i
2/3
=
A n
3/5
Q * n 
A =   P2/5
 i 

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Parâmetros de seções com máxima eficiência (Fox & McDonald)


Geometria 2
Seção Yn(m) A(m )
ótima
α = 60 o 3/8 3/4
Q * n  Q * n 
Trapezoidal 2 0,968 *   1,622 *  
b= yn  i   i 
3
3/8 3/4
Q * n  Q * n 
Retangular b = 2 * yn 0,917 *   1,682 *  
 i   i 
3/8 3/4
Q * n  Q * n 
Triangular α = 45 o
1,297 *   1,682 *  
 i   i 
3/8
Q 
 *n
Largo e plano 1,00 *  b 
 i 
 
 
3/8 3/4
Q * n  Q * n 
Circular D = 2 *y n 1,00 *   1,583 *  
 i   i 

3.5 Seções estáveis

No dimensionamento de condutos artificiais não revestidos é necessário


garantir a estabilidade face às forças hidrodinâmicas geradas pelo escoamento.
Como em condutos forçados, os cálculos baseiam-se nas equações de
resistência, equações que ligam a perda de energia em um trecho à velocidade
média ou vazão, atraves de parâmetros geométricos e a rugosidade do
perímetro molhado (Porto, R. M.).

Com o escoamento permanente e uniforme, a tensão de cisalhamento sobre o


perímetro molhado é: τ = γ * Rh * i . Notar que a tensão de cisalhamento, τ, não
é constante, variando com a profundidade ou comprimento do raio hidráulico.

25
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

Visando-se simplificar o processo prático de verificação de estabilidade, indica-


se valores de velocidade limite do fluxo, inclinação limite do talude e tensão de
cisalhamento.

3.5.1 Velocidades

A velocidade média de escoamento num conduto livre deve situar-se dentro de


certos limites. A velocidade máxima é estabelecida pela natureza do material
que constitui as paredes do conduto, assim definindo-a como aquela acima da
qual ocorre a erosão do material.

O controle da velocidade é obtido através do aumento ou diminuição da


declividade. Quando as condições topográficas são adversas, adotam-se
degraus, soleiras para reduzir a declividade.

Nos condutos para transporte de esgoto, velocidades baixas causam


deposição de sedimentos. Os grandes condutos, para pequenas vazões
durante a estiagem, causam velocidades reduzidas, podendo-se incorporar
canais pequenos no fundo concebidos para transportarem vazões médias com
período de retorno, por exemplo, de 2anos e o canal principal para cheias.

Há valores tabelados que apresentam os limites aconselháveis para a


velocidade média do escoamento nos condutos.

V(m/s)
Material das paredes
média máxima
Areia muito fina 0,25 0,30
Areia grossa 0,45 0,60
Terreno arenoso comum 0,60 0,75
Terreno argiloso 0,80 0,85
Seixos, pedras 1,50 1,80
Alvenaria 1,00 2,50
Velocidades mínimas para evitar depósitos (m/s)
Agua com suspensões finas 0,30
Águas de esgoto 0,60
Velocidades práticas (m/s)
Canais sem revestimento 0,50
Coletores de esgoto 1,00

26
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

3.5.2 Inclinação dos taludes

A inclinação dos taludes é também uma limitação que deve ser considerada
principalmente nos condutos trapezoidais, triangulares e ovais.

Inclinação estável de taludes


0
Natureza dos taludes m=tanα α( )
Terra sem revestimento 2,5-5 68,2-78,7
Seixos 1,75 60,2
Terra compactada 1,5 56,3
Rocha, alvenaria bruta 0,5 26,5
Rocha compacta, concreto 0-0,5 0-26,5
Rocha fissurada, alvenaria de pedra 0,5 26,5
Argila dura 0,75 36,8
Aluvião compacto 1,0 45,0
Cascalho grosso 1,50 56,3
Enrocamento, terra e areia grossa 2,0 63,4
Reaterro com solo 3,0 71,5

3.5.3 Dinamicamente

O equilíbrio dinâmico de um conduto livre é complexo pois depende de vários


fatores intervenientes da: hidrologia, sedimentalogia, geologia, ambiente,
finalidade, etc.

A distribuição de tensões ao longo do perímetro molhado é variável com a


forma do conduto. De maneira simplista, os valores máximos da tensão de
cisalhamento são:

B
• Fundo: τ máximo = γ * y * i → para y > 4

B
• Margem: τ máximo = 0,7 * γ * y * i → para y > 2

A condição crítica para inicio da erosão é dada pelo critério de “Shields” que
para um material grosseiro tem a expressão: τ crítico = 0,06 * (γ s − γ H2O )* d 50 , onde γs
é o peso específico do sedimento, γH2O é o peso específico do fluido e d50 é
diâmetro médio do sedimento.

Para não ocorrer a erosão é necessário: τ crítico > FS * τ máximo , onde FS é um fator
de segurança que depende do porte e risco admitido no dimensionamento.

27
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

Caso a proteção seja de um talude:


2
 tan α 
τ crítico = [0,06 * (γ s − γ H2O ) * d50 ] * cos φ * 1 −   , onde α é o ângulo do talude com
 tan ψ 
a horizontal e ψ é ângulo de atrito do material.

3.5.4 Borda livre

A borda livre (“free board”) corresponde a uma folga que deve ser deixada além
da cota do nível máximo operacional no conduto para evitar, dentro de certo
risco, extravasamentos devido à ação de ondas de vento ou de embarcações,
ressalto hidráulico, perdas localizadas e flutuações de vazões.
É usual, utilizar as expressões fornecidas pelo USBR para determinação da
borda livre. conforme gráfico abaixo:

28
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

3.6 Seções com rugosidades diferentes

Quando o perímetro molhado de uma seção é constituído com trechos com


diferentes rugosidades, admite-se uma rugosidade média ou equivalente:

P1 * n12 + P2 * n 22 + ... + Pm −1 * n m2 −1 + Pm * n m2
n eq =
P1 + P2 + ... + Pm +1 + Pm
(Forcheimer)
∑ (P * n )
N
2
i i
i =1
n eq =
P

3.7 Seções de transição ou concordância

As seções de concordância são necessárias sempre que um conduto muda de


forma devendo oferecer valores de perda de energia e turbulência mínimas,
para tanto se adota o critério:

• Transição da seção maior, S1, para a menor, S2, assim o rebaixamento do


V2 − V1 2 2
V2 − V1 2 2

nível d’água, será: h = 2 * g + 0,1 *  2 * g 
 
• Transição da seção menor, S1, para a maior, S2, assim o rebaixamento do
V2 − V1 2 2
V2 − V1  2 2

nível d’água, será: h = 2 * g + 0,2 *  2 * g 
 
• Para o comprimento da transição costuma-se adotar um valor que
corresponde a um angulo aproximado de 130 entre as arestas do fundo do
conduto.

3.8 Curvas horizontais

As curvas horizontais originam uma resistência adicional ao escoamento que


provoca uma sobre elevação, ∆h, na parte exterior da curva determinada pela
2,3 * V  B 
equação: ∆h = * log1 +  , onde R é o raio horizontal da curva.
g  R − 0,5 * B 

O conhecimento desta elevação nas curvas é importante no dimensionamento


de proteções e na fixação da borda livre da seção.

29
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

4 ESCOAMENTO PERMANENTE GRADUALMENTE VARIADO

 uniforme → EU
 
permanente  gradualmente → EVG
escoamento  var iadorapidamente → EVR
  
não permanente

O movimento é gradualmente variado quando as profundidades variam gradual


e lentamente ao longo do conduto, as grandezas referentes ao escoamento,
em cada seção, não se modificam com o tempo, as distribuições de pressões
são hidrostáticas, assim, as fórmulas do escoamento uniforme podem ser
aplicadas com aproximação satisfatória.

O movimento gradualmente variado pode ser acelerado nos trechos iniciais dos
condutos com seção constante e depois uniforme.

O movimento gradualmente variado pode ser retardado a montante de


obstáculos que se opõem ao escoamento.

No movimento gradualmente variado o gradiente hidráulico é variável


obrigando a sua determinação ao longo do escoamento:
Q1 = Q2 ; V1 ≠ V2 ; y 1 ≠ y 2 .

4.1 Formas da superfície livre

No jargão técnico dá-se no nome de remanso ao perfil da linha formada pela


superfície livre num canal. Em função da declividade e das condições do nível
d’água nas extremidades podemos ter 12 tipos de comportamento diferentes
para estas linhas d’água.

30
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

Comparando-se, em cada seção, a profundidade crítica com a normal, obtêm-


se a forma da superfície livre. As curvas da superfície do fluido podem ser com
os tipos:

Tipos de curva
Tipo Descrição i yn
M Declividadade fraca – “Mild Slope” < iC > yC
S Declividadade forte – “Steep Slope” > iC < yC
C Declividade Crítica = iC = yC
H Declividade nula - Horizontal =0 ∞
A Declividade negativa - Adversa <0 ≈ −1

4.1.1 Curvas tipo M – declividade fraca

4.1.2 Curvas tipo S – declividade forte

31
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

4.1.3 Curvas tipo C – declividade crítica

4.1.4 Curvas tipo H – declividade nula

4.1.5 Curvas tipo A – declividade adversa

32
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

4.2 Determinação do perfil da linha superficial

O cálculo da linha d’água num ∂  βQ 2  ∂y


canal pode ser feito através da   + gA + gA( S f − S 0 ) = 0
equação da energia ou da ∂x  A  ∂x
equação da quantidade de onde S0 é a declividade do fundo e Sf a

33
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

movimento para os escoamentos declividade da linha de energia


permanentes:
dy S 0 − S f Trabalhando-se algebricamente esta
=
dx 1 − Fr 2
relação obtém-se a expressão ao lado:
A última expressão permite a interpretação de todas as possibilidades de linhas
d’água num canal

4.2.1 Cálculo da Linha d´água através da Equação da Energia

O procedimento padrão para o cálculo do desenvolvimento da linha superficial,


também conhecido como estudo de remanso, pode ser:

• Dados: Q, i, n e y1 (profundidade inicial);


• Cálculo de yn;
• Cálculo de yC;
• Classificação do tipo de curva (ascendente, descendente ou horizontal);
• Cálculos das profundidades ao longo do conduto, usando um método de
remanso.

Planta do Rio São Francisco e Reservatório Sobradinho

Os estudos de linha d’água são fundamentais nos barramentos de rios para


quantificar a capacidade de geração de energia, impactos ambientais,
desapropriações e inundações, potencial de armazenamento, etc.

34
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

250
AHE Peixe
245
Cidade de Peixe AHE Ipueiras
240

235

230
cota (m)

225
Fundo

220 Linhas D'água


Natural
215 Reservatório 234m AHE Ipueiras Q=22.579m³/s
AHE Peixe Q=18.758m³/s
Reservatório 235m
210
Reservatório 236m

205
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
distância (km)

Estudo de linha d’água num Perfil longitudinal no Rio Tocantins entre os Aproveitamentos
Hidroelétricos Ipueiras e Peixe.
Cidade Peixe x Reservatório

241

240

239

238

237

236
cota(m)

235

234

233

232

231 res 234 res 235 res 236 na

230

229
0 5000 10000 15000 20000
vazão(m3/s)
Comparação entre as linhas d’água remansadas devido ao reservatório da AHE Ipueiras na
Cidade de Peixe no rio Tocantins.

Existem vários métodos para a determinação da linha superficial mas abordar-


se-á o método: “Direct Step Method – STP” ou das Diferenças Finitas.

O método STP é baseado no balanço de energia e na equação de Manning e,


que devido a sua simplicidade, é aplicado em linhas superficiais tendendo a
reta, em pequenas extensões e aos cálculos preliminares.

35
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

• Equação de Manning
1
* A * (Rh ) * i
2/3
Q=
n

(Rh )1/ 6 = 8 * g *  (Rh )


1  1/ 6  8*g
C= =
n 
 K  f

• Balanço de Energia

H1 = H 2 + ∆e
V12 V2
Z1 + y 1 + = Z 2 + y 2 + 2 + ∆e → [1]
2*g 2*g
Z 2 − Z1 = ∆x * i → [2]
∆e = ∆x * J → [3 ]

Substituindo [2] e [3] em [1]:

V12 V2
∆x * i + y 1 + = y 2 + 2 + ∆x * J
2*g 2*g
V12 
E1 = y 1 + 
2*g 
∆x * i + E1 = E 2 + ∆x * J
V22 
E2 = y 2 +
2 * g 
E − E1
∆x = 2
i −J

Para melhorar a precisão do método, adota-se o procedimento:

36
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

y1 + y 2 A + A2 P + P2 A
y = ;A = 1 ;P = 1 ;R h =
2 2 2 P
 
2
 Q*n
J1 =   
 A * (Rh )2 / 3  
 1 1   J + J2
2 
J = 1
 Q*n   2
J2 =   
 ( )
 A * Rh 2/ 3  
 
E − E1
∆x = 2
i −J

Conhecida a profundidade inicial, y1, adota-se a próxima profundidade y2


ligeiramente superior ou inferior à inicial, de acordo com o tipo de curva
préconhecida devido à comparação com o yn e yC, e o método calcula o
espaçamento, partindo de y1, da profundidade arbitratada y2 e assim
sucessivamente: y2 para y3 até a profundidade ou espaçamento desejado.

Tabela típica de cálculo da linha superficial


y A V E ∆E y A2 Rh J1 J2 J i −J ∆x Σ∆x
2
(m) (m ) (m/s) (m) (m) (m) (m ) (m) (m/m) (m/m) (m/m) (m/m) (m) (m)
y1 - - - 0 0
y2
y3
‫׃‬
Yx

É usual, dependendo do método de cálculo utilizado, “rodar” o remanso, ou


seja, calcular o desenvolvimento da linha superficial, com os sentidos:
montante para jusante quando o escoamento for supercrítico ou torrencial e
jusante para montante no subcrítico ou fluvial.

Tal dificuldade pode ser solucionada com o método apresentado no item


seguinte.

4.2.2 Cálculo da Linha d´água através da Equação da Quantidade de


Movimento

No caso particular dos escoamentos permanentes, a equações da quantidade


de movimento, na forma integral se resume a:

∂  βQ 2  ∂h
  + gA + gAS f = 0
∂x  A  ∂x

Desenvolvendo a equação anterior em todos os seus termos obtém-se:

37
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

Q 2 ∂β Q ∂Q Q2  ∂A ∂A  ∂h
+ 2β −β 2 ∂ + ∂  + gA ∂ + gAS f = 0
A ∂x A ∂x A  x x h=const  x

que pode ser simplificada para:

Q 2 ∂β Q ∂h Q 2 ∂A
+ 2β q + gA(1 − β Fr2 ) − β 2 + gAS f = 0
A ∂x A ∂x A ∂x h = const

Considerando o esquema da figura abaixo, a equação anterior pode ser


discretizada através de diferenças finitas, permitindo a obtenção de um sistema
de equações para cálculo da linha d'água:

∂β βi +1 − β i ∂h hi +1 − hi Ai +1 + Ai
= = Ai =
∂x ∆x ∂x ∆x 2

β +β Q B
2
Fr2 i +1 + Fr2 i
βi = i +1 i Fri = i 3i
2
Fri =2

2 gAi 2

O parâmetro Sf, pode ser obtido através da equação de Chèzy, considerando o


coeficiente de rugosidade análogo ao da Fórmula de Darcy:

S f i +1 + S f i  Q2 Q2 
Sf = = 12  i2+1 + i2 
2  K i +1 K i 

onde K = CAR h 2 e C = (8 g / f ) 2 .
1 1

Substituindo as diferenças na última equação, resulta:

gA Q Q 2  β i +1 − β i 
(1 − β Fr 2 )(hi +1 − hi ) = 2 β q −  +
∆x A A  ∆x 
Q 2  Ai +1 − Ai   1 1 
+β 2   − gA Q 2  2 + 2 
A  ∆x  h =const  K i +1 K i 

sendo que βi, Ai e yi representam os parâmetros no trecho compreendido entre


i e i+1. Esta equação aplicada entre diversas seções de um canal produz um
sistema de (n-1) equações a n incógnitas:

38
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

D1h2 + B1h1 = E1
D2 h3 + B2 h2 = E2
D3h4 + B3h3 = E3
⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅
Dn −1hn + Bn −1hn −1 = En −1
sendo:

gA
Di = − Bi = (1 − β Fr 2 )
∆x
Q Q 2  β i +1 − β i 
Ei = 2 β q −  +
A A  ∆x 
Q 2  Ai +1 − Ai   1 1 
+β 2   − gA Q 2  2 + 2 
A  ∆x  h =const  K i +1 K i 

O sistema pode ser solucionado pelo esquema de "dupla-varredura", adotando-


se valores "iniciais" para as profundidades e calculando-se para as seções os
valores de B, D e E. Com os coeficientes e uma condição de extremidade (nível
d'água a montante ou a jusante), calcula-se os hi pelas equações:

Ei − Bi hi
hi +1 =
Di

Ei − Di hi +1
hi =
Bi
(19)

Como inicialmente partiu-se de valores de yi incorretos, o cálculo deve ser


reiterado até que se obtenha para yi valores próximos entre uma iteração e
outra.

39
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

5 ESCOAMENTO PERMANENTE BRUSCAMENTE VARIADO

No escoamento permanente variado bruscamente ou rapidamente, a linha da


superfície do fluido apresenta acentuada curvatura e assim não é possível
admitir a distribuição de pressões hidrostática e, conseqüentemente, não pode
ser representada com os métodos tradicionais de cálculo de linhas superficiais,
exigindo interpretação particular.

São exemplos de escoamento variado bruscamente ou rapidamente: o ressalto


hidráulico, as perdas de energia localizada, dissipadores de energia, os
dispositivos para medição de vazão, entre outros.

5.1 Ressalto hidráulico

A transição do escoamento supercrítico ou torrencial para o subcrítico ou fluvial


ocorre bruscamente através de um ressalto hidráulico. A mudança repentina de
profundidade envolve uma perda significativa de energia através de agitação
pronunciada.

O ressalto hidráulico é utilizado para uma série de atividades:

• Dissipação de energia;
• Recuperação de cota do nível do fluido;
• Sobre carga estrutural;
• Reduzir pressões elevadas;
• Aumentar o coeficiente de vazão de comportas e orifícios mantendo-os
livre;
• Misturador de tintas, produtos químicos.

Caracteriza-se o ressalto pelo seu Número de Froude inicial, Fr1.

40
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

Para Números de Froude entre 4,5 e 9, o ressalto é bem caracterizado e


localizado, sendo preferido no dimensionamento, principalmente para
dissipação de energia.

Para Números de Froude superiores a 9, apesar de indicar um potencial de


dissipação maior, notam-se massas de fluido que rolam para baixo no início do
ressalto, provocando ondas significativas para jusante impróprias aos
dimensionamentos.

5.1.1 Equações básicas

• Equação da quantidade de movimento:

V12 y2 V2 y2
y1 + 1 = 2 y 2 + 2
g 2 g 2

• Equação das profundidades conjugadas:



re tan gular
y1 1 
=  − 1 + 1 + 8 * Fr22 
y2 2  
y2 1 
=  − 1 + 1 + 8 * Fr12 
y1 2  
V A
Fr = ;ym =
g * ym B

41
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

seção Fr1 y2/y1


2 2
Q *b  y2   y 
Retangular   = 1 + 2 * Fr12 * 1 − 1 
g * A3  y1   y2 
 y   
k + 2  2  
 y1  *  y 2 
 = 1 + 4 * 
k +2 
* 
k +1  * y1
 k +1  y  * Fr12  y
Q2 * B  2 * k + 2  y
Trapezoidal    1   k + 2  2
g * A3    y1 
b
k=
m* y

Q2 * B  y2 
2
 y 
2

Triangular   = 1 + 2 * Fr12 * 1 −  1  
g * A3  y1    y2  
 
y 2C
1,93 y2 = → Fr1 < 1,7
 yc  y1
Circular  
 y1  y 1C,8
y2 = → Fr1 > 1,7
y 10,73

• Perda de energia

∆e =
(V1 − V2 )2 − (y 2 − y 1 )2 =
(y 2 − y 1 )3
2* g 2* g 4 * y1 * y 2

• Potência dissipada
Pot = γ * ∆e * Q [W ]

• Eficiência
∆e
η= * 100 [%]
E1
V12
E1 = y 1 +
2*g

• Comprimento do ressalto
Silvester
L 1− 2
= 9,75 * (Fr1 − 1)
Γ

y1
re tan gular → Γ = 1,01
triangular → Γ = 0,695
trapezoidal → Γ = 0,83 − 0,90
Peterka (Fr < 10 )
L 1− 2 = −10,50 + 10,48 * Fr1 − 0,0966Fr12
USBR
L 1− 2 = 6,9 * y 1

42
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

5.1.2 Ocorrência de ressaltos em condutos

Tipo de curva
Declividade
montante jusante
Fraca - M M3 M2 ou M3
Forte - S S2 ou S3 S1
Crítica – C C3 C1
Horizontal – H H3 H2
Adversa - A A3 A2

5.2 Perda de energia localizada

A identificação da perda de energia localizada é fundamental nos


dimensionamentos em que envolvam o desenvolvimento da linha superficial,
que vão desde esforços em estruturas, passagem de embarcações, proteções,
altura de coroamento e passagem em pontes, confluências, mudanças de
declividade, ensecadeiras, desvios, bueiros, etc.

O escoamento comporta-se em situações distintas em relação a perda


localizada: perder aceleração implicando num aumento do nível do fluido ou
aumentar a aceleração, reduzindo o nível do fluido, podendo ocorrer o ressalto.

43
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

5.3 Dissipação de energia

Os escoamentos supercríticos podem conter energia excessiva sendo


necessário dispor meios para dissipá-la, evitando danos não previstos.

Escoamento de alta velocidade no pé de um vertedouro

Escoamento a jusante do vertedouro – AHE Lajeado, rio Tocantins

O fluido, acima de determinadas velocidades, provoca um desgaste rápido das


estruturas através da abrasão, erosão e impacto. Essas forças hidrodinâmicas
aparecem nos descarregadores de grandes estruturas como barragens,
adutoras, drenagem, etc.

44
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

Estrutura dissipadora de energia em escoamentos de alta velocidade.

Há várias estruturas que dissipam energia mas a escolha é função de uma


série de fatores de projeto, principalmente custo e eficiência, podendo-se
destacar:

• Desnível;
• Vazão específica;
• Características geológicas;
• Números de Froude;
• Relação entre a curva da altura conjugada do ressalto e a curva chave do
rio ou conduto.

Para dissipar a energia os tipos mais freqüentes de estruturas são: bacias de


dissipação devido ao ressalto hidráulico, bacias de dissipação devido ao
“roller”, bacias de dissipação devido ao impacto e macrorugosidades.

5.3.1 Blocos de Impacto

São utilizados no final de condutos, caixas de passagem e consistem em vigas


de concreto expostas frontalmente ao fluxo, fazendo com que o escoamento
choque com o bloco e amorteça reduzindo o potencial destrutivo da energia.
São usados nos descarregadores de barragens com médias e altas alturas, no
final de rápidos, consistindo, basicamente, num lançador de jato para locais em
que a energia possa ser dissipada sem comprometimento ou risco das
estruturas importantes.
Vmáx = 9m / s

45
PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

5.3.2 Bacias de Dissipação

Quando as vazões são altas e não existe boa fundação são adotadas bacias
para dissipar a energia. Essas bacias são utilizadas nos descarregadores de
barragens, reservatórios de contenção, drenagem.

A dissipação da energia apenas devido ao comprimento da bacia, via de regra,


necessita de grandes extensões aumento o custo e espaço nem sempre
disponíveis, assim costuma-se adotar elementos dissipadores que, atuando no
ressalto, diminuem o comprimento, velocidade e a cota da plataforma.

Os elementos dissipadores principais são: blocos de queda (“chute blocks”),


blocos amortecedores (“baffle piers”) e soleiras terminais (“end sill”). Os blocos
de queda são instalados no início da bacia com a finalidade de aumentar a
profundidade de entrada do escoamento, criar múltiplos jatos e reduzir a
velocidade e energia.

Os blocos amortecedores ou dissipadores estabilizam e fixam o ressalto,


aumentam a agitação melhorando as condições hidráulicas. Seu objetivo é
elevar a profundidade do leito criando uma corrente de retorno.

As soleiras terminais são degraus dentados ou contínuos com paramentos de


montante inclinados, permitindo a remoção de material sólido transportado. O
“U. S. Bureau of Reclamation - USBR” pesquisou bacias de dissipação
classificando-as em 4 tipos universais:

5.3.2.1 Bacia Tipo I

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PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

1,2 < Fr < 2,5 


 → L ≥ 4 * y2
q > 45m / s * m
3

Não há a necessidade de bacias especiais pois o ressalto é incipiente, sem a


presença de grandes oscilações, sem a necessidade de blocos, valendo-se,
apenas de uma plataforma horizontal com comprimento igual ou maior do que
4 vezes a profundidade de jusante com uma soleira terminal (“end sill”) para
fixar o ressalto.

5.3.2.2 Bacia Tipo II


Fr > 4,5
V > 18m / s
q < 45m 3 / s * m

São bacias que apresentam o menor desempenho hidráulico porque há a


formação de ondas em simultâneo com o ressalto mas se consegue reduzir em
até 70% o comprimento da bacia.

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PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

A letra C corresponde ao comprimento da bacia sem os blocos de impacto e a


soleira terminal.

5.3.2.3 Bacia Tipo III

Fr > 4,5
V1 ≤ 18m / s
q ≤ 18m3 / s * m

Nesta bacia predominam o ressalto verdadeiro onde se consegue reduzir o


comprimento da bacia em cerca de 45%.

A letra C corresponde ao comprimento da bacia sem os blocos de impacto e a


soleira terminal.

5.3.2.4 Bacia Tipo IV


2,5 < Fr < 4,5

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PHD 2301 – Hidráulica 1 Condutos Livres

A letra C corresponde ao comprimento da bacia sem os blocos de impacto e a


soleira terminal.

5.3.2.5 Bacia com “Roller Bucket”

É uma estrutura compacta e econômica, indicadas para média e baixa queda


quando com defletores e alta quando liso. Nessa bacia, dependendo da concha
e do nível de fluido à jusante, há a formação de uma massa fluida que “rola”
constantemente dissipando a energia do escoamento.

Faz-se necessário que o nível do fluido de jusante seja maior que y2 e superior
a 20% (bem afogada).

Nas grandes estruturas extravasoras de hidrelétricas, a massa fluida fixa pode


ser considerada como peso complementar para evitar ao sobpressão que gera
o esforço de levantamento da laje.

5.3.2.6 Bacia com Salto de Esqui

Trata-se de uma estrutura compacta e econômica, indicada quando a energia e


suficiente para garantir um bom lançamento. Para uma dissipação efetiva é
necessário, na zona de impacto do jato, uma lâmina d’água suficientemente
grande para amortecer o jato ou, não havendo este “colchão”, e o leito não for
resistente, é necessário prever uma pré escavação de uma fossa para
melhorar e orientar a erosão.

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5.3.3 Escada ou Canal em Degraus

As escadas são utilizadas, principalmente, em obras de drenagem, para vencer


desníveis em que a velocidade do jato não exceder 6m/s. Podem ser com
funcionamento afogado ou livre, dependendo da condição do nível de jusante,
que defini a submergência.

A vazão escoada pela escada é função da profundidade crítica. Quando a


submergência: S = y 0 / y 1 , situa-se no intervalo igual a 0,80 ≤ S ≤ 1,00 , há uma
perda de capacidade de dissipação de energia em função do degrau,
preferindo-se o escoamento livre. No escoamento livre, as características
hidráulicas podem ser determinadas considerando-se o Número de Queda, D,
pelo método RAND.

q
D=
∆Z 3 * g
y1
= 0,54 * D 0,425 → y 1
∆Z
y2
= 1,66 * D 0,27 → y 2
∆Z
yP
= 1,00 * D 0,22 → y P
∆Z
Ld
= 4,30 * D 0,27 → Ld
∆Z
L y y 
= 6* 2 − 1 →L
∆Z  ∆Z ∆Z

onde: Ld= comprimento de queda; yP= profundidade no pé do degrau; y1 e y2=


profundidades conjugadas do ressalto; ∆Z= altura do degrau.

É usual utilizar o valor da profundidade inicial do primeiro degrau, yC=0,8* yC.


Para que o ressalto fique contido no pé do degrau, pode utilizar as formulações

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1,275 0,009
y1 y  Ld y 
= 0,54 *  C  ; = 4,30 *  C 
∆Z  ∆Z  ∆Z  ∆Z 
0,275 0,81
y1 y  y2 y 
= 0,54 *  C  ; = 1,66 *  C 
yC  ∆Z  ∆Z  ∆Z 
L = 6,90 * (y 2 − y 1 )

5.3.4 Macrorugosidade

5.3.4.1 Rampa com blocos para impacto

q < 5,6m 3 / s * m
Va ≤ 3 g * q − 1,5
a ≥ 0,8 * y C

5.3.4.2 Vertedor em degraus

Utilizam-se os vertedores em degraus nas barragens onde o layout, a


disponibilidade de material e equipamentos permitem a utilização do Concreto
Compactado a Rolo – CCR, assim a altura vertical do degrau coincide com a
altura de compactação do concreto, dissipando a energia do escoamento com
as macrorugosidades formadas nos degraus.

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O escoamento comporta-se como um conduto com grandes rugosidades,


podendo utilizar a expressão de Tozzi para calcular o fator de atrito e a energia
dissipada.

1  1 k 
n

= −2 * log m −  
f  10 h  

Valor do parâmetro Energia


Declividade da calha Residual
n m
(%)
1V:0,75H 1,742 0,620 40
1V:2H 8,333 0,195 65
1V:6,69H 13,143 0,140 40-60

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Okuno, Caldas e Chow: “Física para Ciências Biológicas e Biomédicas”,


Editora Harbra Ltda, 1982;
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Editora Edgard Blücher Ltda, 1997.
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Ambiente Aquático”, Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e
Esporte, Laboratório de Biofísica, 2001;
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Estática”, Editora Universidade de São Paulo, 1970.
[5] Vieira, Rui Carlos de Camargo: “Atlas de Mecânica dos Fluidos,
Fluidodinâmica”, Editora Universidade de São Paulo, 1970.
[6] Vieira, Rui Carlos de Camargo: “Atlas de Mecânica dos Fluidos,
Cinemática”, Editora Universidade de São Paulo, 1970.
[7] Brunetti, Franco. “Curso de Mecânica dos Fluidos”, 1974.
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[9] Josie, Jacob: “Introduction to Hydraulics and Fluid Mechanics”, Harper &
Brothers Publishers, New York, EUA, 1952.
[10] Fox McDonald: “Introdução a Mecânica dos Fluidos”, 4ª Edição, LTC
Livros Técnicos e Científicos SA, 1997.
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McGraw-Hill Publishing Company Ltda, New Delhi, 1979.
[12] Bennett, C. O. e Myers, J. E.: “Fenômenos de Transporte, Quantidade
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[13] Giles, Ranald V.: “Mecânica dos Fluidos e Hidráulica”. Coleção Schaum,
Editora McGraw-Hill Ltda, 1978;
[14] Gomide, Reynaldo: “Fluidos na Indústria”. R. Gomide, 1993
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[18] Curso de Hidráulica. Escola Superior de Tecnologia. Universidade do
Algarve. Área Departamental de Engenharia Civil. Núcleo de Hidráulica e
Ambiente. Faro, Portugal, fevereiro, 2001;
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Gulbenkian, Lisboa, Portugal, 1981;
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