You are on page 1of 10

A Igreja concedeu ao seminarista Rolando Rivi - morto aos 14 anos pelos partiggiani, grupo

comunista italiano - a glória dos altares. A cerimônia de beatificação, celebrada dia 05 de


outubro, na cidade de Modena, Itália, foi presidida pelo Cardeal Angelo Amato, atual prefeito
da Congregação para causa dos santos.

Rolando Rivi teve de enfrentar o ódio da ideologia marxista logo após o término da II Guerra
Mundial. Devido à ocupação alemã do seminário em que estudava, em 1944, na Diocese de
Reggio Emilia, Rivi e os demais seminaristas foram obrigados a abandoná-lo. Em casa, não só
deu continuidade aos estudos, como também ao uso da batina, mesmo sendo recomendado
pelos pais a não usá-la, por causa da hostilidade à religião que pairava naquela época. "Estou
estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus", dizia o jovem.

A Itália enfrentava uma forte onda de terrorismo. O governo fascista amedrontava o país ao
mesmo tempo em que brigadas vermelhas tinham a intenção de substituir o autoritarismo de
Mussolini pelo totalitarismo de Stalin. No fogo cruzado, várias vidas foram ceifadas, dentre elas
a de Rolando Rivi e mais 130 padres e seminaristas.

O martírio do rapaz deu-se a 10 de abril de 1945. Trajando a veste talar, Rolando foi alvo fácil
da facção partiggiani. Acabou sequestrado assim que saiu da igreja, onde acabara de
assistir à Santa Missa. Permanecendo três dias sob o domínio dos torturadores, de cujas
mãos recebeu maus-tratos físicos e morais, Revi alcançou a coroa do martírio, de joelhos,
com dois tiros à queima roupa.

A propósito da beatificação, o bispo de San Marino e presidente da Comissão de Rolando Rivi,


órgão responsável pelos cuidados da canonização do seminarista, declarou que "nesta causa está
em jogo não só o reconhecimento da santidade de vida e do martírio de Rolando, mas muito do
destino da Igreja, não só na Itália". Para Dom Luigi Negri, o testemunho do mártir beato dá à
Igreja "novo sangue". "Se no corpo da Igreja circular também o sangue de Rolando Rivi, mártir
simples e puríssimo assassinado por ódio à Fé com apenas 14 anos pela violência da ideologia
marxista, se circular o sangue do seu testemunho de vida e do seu amor total a Jesus, nós
daremos à Igreja nova energia para voltar a ser uma Igreja fiel a Cristo e apaixonada pelo
homem".

A Santa Sé incluiu o Beato Rolando Rivi no Calendário Litúrgico Italiano no dia 29 de maio. A
partir de agora, o jovem beato pode ser venerado publicamente em toda a Itália, especialmente
na Arquidiocese de Modena, onde foi assassinado, e na Diocese de Reggio Emilia, na qual
estudou o seminário. Nos demais países, a não ser que haja autorização de Roma, os fiéis
podem venerá-lo somente em culto privado, enquanto ele não for declarado santo.

Nestes tempos de laicização do clero, em que tanto se prega a desobediência e a intolerância às


coisas santas, o martírio de Rolando Rivi lembra as belíssimas palavras de Dom Francisco de
Aquino Correa (Arcebispo de Cuiabá entre os anos de 1922 e 1956): "Oh! Como o bravo
envolto na bandeira, contigo hei de morrer, minha batina! Ó minha heróica e santa
companheira."
Rolando Rivi nasceu em 7 de janeiro de 1931 na casa chamada “del Poggiolo” em San Valetino, uma
pequena cidade vizinha a Castellarano, na província de Reggio Emilia, filho de Roberto Rivi e Albertina
Canovi. No dia seguinte ao nascimento os pais o batizaram com o nome de Rolando. Antes de sair da
igreja, levaram-no diante do altar de Nossa Senhora e deram-lhe também Seu nome, de modo que
o pequeno se chamou Rolando Maria Rivi.
A família do lado materno era conhecida na região pela honestidade, a laboriosidade e, sobretudo,
pela profunda fé católica, o que lhes valia o apelido de “os Pater”, em referência ao “Pater noster”,
que eles recitavam frequentemente, com o terço do rosário entre as mãos. O pai de Rolando,
Roberto, militante da então gloriosa Ação Católica, era também muito religioso, assíduo à Santa
Missa, que frequentava com devoção particular segundo o convite do Santo Pontífice Pio X.
Rolando era um menino sadio e exuberante. Essa própria vivacidade preocupava algumas vezes os
pais e a avó, a qual mais do que ninguém conhecia seu temperamento e costumava dizer: “Rolando
se tornará um bandido ou um santo! Não pode percorrer um caminho mediano...”.

Familia Rivi. Rolando é o primeiro à esquerda


Em janeiro de 1934, morre o pároco de San Valentino, Dom Iemmi, e em maio do mesmo ano assume
como novo pároco Dom Olinto Marzocchini, que tinha então 46 anos. Sacerdote zeloso no seu
ministério torna-se para o pequeno Rolando um ponto de referência fundamental. Quando assistia
à Missa, o menino não perdia um gesto do sacerdote e com isso muito pequeno começou a ajudar
como coroinha.
Dom Olinto era um verdadeiro padre: passava longas horas em oração diante do Santíssimo, cuidava
meticulosamente do catecismo das crianças, instruía os coroinhas para o serviço do altar e investia
bastante em um coro para dar solenidade à liturgia. Foi através dele que Rolando começou a amar a
Jesus e a descobrir que Ele habitava, Vivo, no Tabernáculo.
Em outubro de 1937, Rolando começou a escola elementar. Sua professora, Clotilde Selmi, mulher
também muito devota, falava muitas vezes de Jesus aos meninos e sempre os convidava à Adoração
Eucarística.
Na paróquia, a catequista de Rolando era Antonietta Maffei, delegada das crianças da Ação Católica,
que preparava com escrúpulo as “reuniões semanais”, como se chamavam então. Graças também a
ela, Rolando foi admitido a receber a Eucaristia logo em junho, porque estava entre as crianças mais
bem preparadas e mais ansiosas por comungar. Isso lhe proporcionou uma grande alegria e em 16
de junho de 1938, festa de Corpus Christi, recebeu a Jesus pela primeira vez.
As testemunhas concordam sobre o fato de que, após a Primeira Comunhão, Rolando mudou.
Embora permanecendo um garoto vivaz, os familiares notaram nele uma maturação profunda, que
se acentuou após ter recebido a Crisma, em 24 de junho de 1940.
Costumava se aproximar todas as semanas da Confissão e levantar-se muito cedo de manhã para
servir à Missa e receber a Comunhão, convidando também os companheiros a fazer o
mesmo: “Venham – dizia-lhes – Jesus nos espera. Jesus quer isso”.
Afirmava que o sacerdote sobre o altar, quando consagrava o pão e o vinho, lhe parecia tão grande
que tocava o céu. Foi assim que a chamada ao sacerdócio se fez cada vez mais intensa,
acompanhando-o por todo o ciclo da escola elementar, até quando, com 11 anos, disse aos
pais: “Quero ser padre, para salvar muitas pessoas. Depois, partirei como missionário para fazer
conhecido Jesus muito longe.”
Entrou no Seminário de Marola no outono de 1942 e, como se costumava naquele tempo, vestiu
logo a batina. Orgulhava-se dela e foi ainda esse amor que causou seu fim...
No período transcorrido no seminário, o rapaz se distingue pela diligência, mantendo sempre firme
decisão de tornar-se sacerdote. Quando voltava a sua casa, ajudava os pais nos trabalhos do campo
e na igreja tocava o harmônio, acompanhando o coro paroquial, no qual cantava também seu pai.
Entrementes, a guerra se fazia cada vez mais áspera, mesmo porque justamente naquela zona
montanhosa havia a presença de formações partigiane, criadas depois da queda do fascismo, que
tinha levado à ocupação da península pelos alemães. À parte grupos minoritários de católicos
democráticos, as fileiraspartigiane eram compostas de comunistas, socialistas, e outros, unidos por
uma forte ideologia anticatólica.
A ala mais extrema, a comunista, não se limitava a combater os alemães. Via no clero uma perigosa
barragem para o próprio projeto revolucionário. O anticlericalismo tornou-se violento e cada dia
mais ameaçador. Quando em 1944, os alemães ocupam o seminário de Marola, todos os jovens
tiveram que voltar para casa, levando consigo os livros para poder continuar a estudar. Rolando
continuou a considerar-se seminarista: além de estudar, frequentava quotidianamente a Missa e a
Comunhão, recitava o rosário, meditava, visitava o Santíssimo Sacramento.
Embora tivesse sido aconselhado a fazer de outro modo, não deixou de usar seu hábito religioso: os
pais, de fato, lhe diziam: “Tire a batina. Não a use por enquanto...” Mas Rolando respondia: “Mas
porque? Que mal faço em usa-la? Não tenho motivo para tira-la”. Fizeram-lhe notar que
provavelmente era melhor tira-la naquele momento tão inseguro. Replicou Rolando: “Eu estou
estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus”. Um ato de amor que ele pagará
com a vida.
Em San Valentino, primeiramente foi visado o pároco Padre Marzocchini. Uma manhã se veio a saber
que alguns partigiani , durante a noite precedente, tinham-no agredido e humilhado. Como outros
sacerdotes (Padre Luigi Donadelli, Pe.Luigi Ilariucci, Pe. Aldemiro Corsi e Pe.Luigi Manfredi) tinham
sido assassinados pelospartigiani comunistas, o Pe. Marzocchini foi colocado em um lugar mais
seguro e substituído na paróquia por um jovem Padre Alberto Camellini. Em 1º. de abril, todavia, o
Pe. Marzocchini quis retornar à paróquia em San Valentino, mas a seu lado permaneceu o jovem
sacerdote Padre Camellini, para com o qual Rolando tinha demonstrado logo grande simpatia. Em
10 de abril, quarta feira depois da Domenica in Albis, de manhã bem cedo, o rapaz já estava na igreja:
celebrava-se a Missa cantada em honra de São Vicente Ferrer e Rolando participou, tocando o órgão.
Terminada a cerimônia, antes de sair, combinou com os cantores para“cantar a Missa” também no
dia seguinte. Saindo da igreja, enquanto seus pais iam trabalhar no campo, Rolando, com os livros
embaixo do braço, dirigiu-se como de costume a estudar no bosque a poucos passos de sua casa.
Vestia, como sempre, sua veste talar negra. Ao meio dia, seus pais o esperaram em vão para o
almoço. Preocupados, puseram-se a procurar. Entre os livros, sobre a grama, encontraram um
bilhete: “Não o procurem. Veio um momento conosco. Ospartiggiani”. O pai e o Pe. Camellini,
extremamente aflitos, começaram então a andar nos arredores, à procura do rapaz. Entretanto,
Rolando, levado à força pelospartigiani a um esconderijo no bosque, iniciava sua via crucis. Foi
despojado de sua batina, que os irritava, insultado, golpeado com a cinta nas pernas e esbofeteado.
Permaneceu por três dias nas mãos de seus algozes, escutando blasfêmias contra Cristo, insultos
contra a Igreja e contra o sacerdócio. Segundo testemunhas, foi açoitado e sofreu outras indizíveis
violências.
Um dos sequestradores, aparentemente, se comoveu, propondo deixa-lo partir. Mas outros
recusaram, ameaçando de morte aquele que tinha proposto a soltura. Prevaleceu o ódio pela Igreja,
pelo sacerdote, pelo traje que o representa e que aquele rapazinho nunca tinha querido deixar de
usar. Decidiram mata-lo:“Amanhã teremos um padre a menos”. Levaram-no, sangrando, a um
bosque próximo a Piane di Monchio (na província de Modena), onde havia uma fossa já escavada.
Rolando entendeu que ia morrer, chorou, pedindo que sua vida fosse poupada. Com um pontapé o
jogaram no chão. Então pediu para rezar pela última vez. Ajoelhou-se e depois dois tiros de revolver
o fizeram rolar na vala. Foi coberto com poucas pás de terra e folhas secas. A batina do “padreco”
tornou-se uma bola para chutar, sendo depois pendurada, como um troféu de guerra, sob o telhado
de uma casa vizinha. Era sexta feira, 13 de abril de 1945, comemoração do martírio do jovem Santo
Ermenegildo (no ano de 585). Rolando tinha quatorze anos e três meses.
Por três dias, os pais e o Pe.Camellini o procuraram por toda a região, até que alguns partigiani os
enviaram a Piane di Monchio. Lá encontraram um chefepartigiano comunista, a quem
perguntaram: “Onde está o seminarista Rivi?” E ele respondeu: “Foi morto aqui, eu mesmo o matei,
mas estou perfeitamente tranquilo”.
E indicou o lugar onde o jovem havia sido sepultado na véspera.
Pe.Camellini perguntou ainda ao partigiano: “Ele sofreu muito?” Aquele, mostrando seu revolver,
replicou zombeteiro: “Com este não se sofre muito. Ele não se engana.”
Era o entardecer de sábado 14 de abril de 1945. Chegando ao local do homicídio, o sacerdote não
teve dificuldade em recuperar o cadáver do rapaz, que vestia apenas uma camiseta e uma calça
rasgada. Tinha duas feridas: uma na têmpora esquerda e outra no ombro sobre o coração.
O rosto, sujo de terra, estava coberto de contusões, assim como o corpo.
O pai se ajoelhou ao lado de seu filho e o abraçou, chorando copiosamente.
Dois camponeses do lugar fabricaram, como puderam, um caixão de madeira. Pe. Camellini lavou o
rosto de Rolando, o enxugou com seu lenço e arrumou o corpo no pobre ataúde.
Já era noite, de modo que só na manhã seguinte, no Segundo Domingo após a Páscoa, “Domingo do
Bom Pastor”, o corpo de Rolando foi levado à igreja, em Monchio, onde Pe. Camellini celebrou a
Missa pela alma de Rolando. Em pleno domingo, não se podia celebrar a Missa de Defuntos, mas
os aleluias do Tempo Pascal sugeriam os anjos a recebê-lo no céu. As leituras reforçavam a mesma
impressão: “Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os seus passos.
Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca (Is 53,9). Ele, ultrajado, não retribuía
com idêntico ultraje; ele, maltratado, não proferia ameaças, mas entregava-se Àquele que julga
com justiça” (1Pedro 2, 21-25)..

Na presença do pai Roberto e do Pe. Camellini, o pároco de Monchio escreveu em latim no registro
paroquial, com extrema lucidez e coragem, a ata da morte e sepultura de Rolando: “15 de abril de
1945. Rolando Rivi, filho de Roberto Rivi e Albertina Canovi, solteiro, de San Valentino (Reggio
Emilia) que, por mãos de homens iníquos, aos 14 anos de idade, no dia 13 do corrente abril, às 19
horas, em comunhão com a Santa Madre Igreja, entregou sua alma a Deus. Seu corpo, hoje, feitas
as sagradas exéquias e celebrada a Missa, foi sepultado no cemitério paroquial”. (Die decima
quinta mensis aprilis 1945. Rivi Rolandus, filius Ruperti et Canovi Albertinae, statu celebs, e S.
Valentino (Regii Lepidi) hic, aetate annorum 14, die 13 aprilis currentis, hora 19, per manus hominum
iniquorum, in Comunione Sanctae Matris Ecclesiae, animam Deo reddidit. Cadaver autem eius, hodie,
sacris persolutis exequiis, ac Missa celebrata, in coemeterio parochiali, sepultum est).
O pai de Rolando e o vigário de San Valentino voltaram pesarosamente a sua cidade, para dar a
terrível notícia à mãe, que esperava em vão.
O fato se difundiu rapidamente, deixando a todos consternados diante de tanta barbárie.
Terminada a guerra, uma grande multidão de paroquianos esperou em 29 de maio de 1945, o
traslado do corpo para San Valentino. A igreja acolheu em silêncio e comoção o pequeno mártir.

Assassinado por ódio à fé, a causa de sua canonização esperou 60 anos para começar, em 7 de
janeiro de 2006.
Concluída a etapa diocesana em Modena, em julho de 2010 a positio do Servo de Deus Rolando Rivi
pede o reconhecimento do martírio junto à Congregação para a Causa dos Santos, em Roma. Agora
o passo decisivo: em 18 de maio próximo, os teólogos censores serão chamados a pronunciar-se a
respeito da validade do martírio in odio fidei do jovem seminarista. Se o julgamento for positivo,
após a assinatura dos Cardeais e do Santo Padre Bento XVI, Rolando será o primeiro mártir
contemporâneo da Igreja italiana.

BEATA EMELDA

Terminou a Missa, passou -se longo tempo, mas a pequena religiosa


não fazia o menor movimento, e ninguém se atrevia a perturbar
aquela paz beatífica, aquele êxtase em que ela se encontrava,
convertida num tabernáculo vivo de Deus.

Em sua gloriosa trajetória, a Igreja, Esposa Mística de Cristo, tem suscitado


incontáveis falanges de santos, e assim continuará até a consumação dos
séculos.

Percorrendo o magnífico firmamento constituído pelos heróis e heroínas que


gravaram na História a indelével marca de sua santidade, nos encantamos ao
ver um São Tomás de Aquino, cujos ensinamentos iluminaram seu tempo e os
séculos posteriores; Santa Zita, humilde empregada doméstica durante quase
meio século; Santa Teresa de Ávila que, inflamada de amor, deu novo vigor à
vida monástica; já em nossos dias, São Pio de Pietrelcina, o grande apóstolo
do confessionário. E, maravilhados, nos perguntamos: será a santidade
privilégio de algumas grandes almas como essas?
Claro que não! Todos nós, sem exceção, a ela somos chamados. Os santos
canonizados nos servem de exemplo, como quem diz: “Se eu pude, com a
graça de Deus, alcançar a perfeição, por que não poderá também você?”

A tocante história da Beata Imelda nos mostra de modo especial como a


santidade é um dom gratuito de Deus, e este a ela nos chama em qualquer
idade.

Consagrada a Nossa Senhora no próprio dia do nascimento

Essa angelical menina nasceu no ano de 1322 em Bolonha (Itália). Seu pai,
Egano Lambertini, pertencia à alta nobreza e desempenhou cargos importantes
como o de governador de Bréscia e o de embaixador na República de Veneza.
A par de grande habilidade, prudência e valor militar, distinguiu-se também por
sua profunda fé e amor aos pobres. Sua mãe, Castora, da nobre família Galuzzi,
rogava com ardorosa fé a Nossa Senhora a graça de ter ao menos um filho. Após
rezar inúmeras vezes o Rosário nessa intenção, obteve por fim o favor pelo qual
tanto ansiava: o nascimento de uma bela menina!

Assim que os olhos de sua filha abriram-se para este mundo, Castora tomou-a
nos braços e ofereceu-a à Santíssima Virgem: “Ó Senhora, uma filha mais bela
Vós não podíeis terme dado! Eu Vo-la ofereço, tomai-a por inteiro”. A Virgem
Maria aceitou com agrado esse oferecimento. A pequena Imelda cresceu em
idade e virtude sob os cuidados de sua piedosa mãe que lhe dispensou uma
esmerada formação religiosa.

As recreações próprias à infância não a atraíam. Do que ela gostava mesmo


era conversar sobre Deus e as coisas sobrenaturais. Passava longas horas
ajoelhada diante de um pequeno altar que ela mesma adornava e floria.

A voz de Deus não tardou a inspirar- lhe no fundo da alma o desejo de


abandonar o mundo e consagrar-se totalmente ao seu serviço.

Monja exemplar, com apenas dez anos!

Naquela época era comum a admissão de crianças em conventos, seja por


vontade própria, seja por iniciativa da família. Assim, aos oito anos de idade,
Imelda Lambertini foi admitida como oblata no mosteiro dominicano de Santa
Maria Madalena di Val di Pietra, onde se preparava para ingressar no noviciado.

Dois anos depois, numa singela cerimônia íntima, teve a felicidade de receber
o hábito de São Domingos. Bem sabia a santa menina que esse inapreciável
dom lhe pedia, em contrapartida, um redobramento de fervor. Tomando aquele
ato com profunda seriedade, Imelda tornou-se modelo para todas as irmãs. Só
pelo fato de vê-la passar com alegria, modéstia e humildade, as religiosas
sentiam-se confirmadas em sua vocação.

O que ela mais amava era Jesus Sacramentado. Sua alma inocente exultava
de gozo ao considerar que no sacrário estava presente aquele mesmo Jesus
nascido da Virgem Maria, que em Belém fora colocado numa manjedoura, e
por amor a nós fora crucificado e morto, mas triunfante ressuscitara ao terceiro
dia!

A monja-menina passava horas junto ao sacrário. Apenas surgia uma


oportunidade, lá estava ela imóvel, com os olhos fixos no tabernáculo, a
fisionomia iluminada por uma in

tensa claridade. As religiosas se admiravam do fervor e piedade de sua infantil


companheira e, maravilhadas, concluíram que sobre aquela alma pairava um
especial desígnio da Providência.

E eu, quando poderei comungar?

Sempre que a comunidade reunia-se na capela para a Missa conventual, Imelda


contemplava, extasiada, todas aquelas que se aproximavam da mesa
eucarística para a Comunhão. Surgia-lhe interiormente esta interrogação: “Como
se pode continuar vivendo nesta terra após ter recebido o próprio Deus? Meu
Jesus, quando poderei também eu ter a alegria de Vos receber?”

Naquele tempo, não era permitido às crianças comungar, mas nem por isso era
menos ardoroso seu desejo de receber a Eucaristia. Encontrando- se com o
confessor ou com a Madre Superiora, repetia sempre a mesma pergunta:

– Quando poderei comungar?

Mostrava-se obediente e resignada ante a resposta invariável de que era


preciso “esperar ainda um ano”, mas suspirava cada vez mais pelo raiar do dia
que seria para ela, sem qualquer dúvida, o dia mais feliz de sua vida, o da
Primeira Comunhão.

Morreu de felicidade…

Na madrugada de 12 de maio de 1333, véspera da festa da Ascensão do


Senhor, os sinos tocaram alegremente, chamando as religiosas para o cântico
do Ofício Divino. Acabada a salmódia, o sacerdote iniciou a celebração da
Santa Missa. Na hora da Comunhão, de joelhos no fundo da igreja, Imelda
acompanhava com ardorosos desejos a movimentação das monjas que
recebiam a sagrada Hóstia e retornavam recolhidas a seus lugares.
De seu coração brotou a mais ardente súplica:

– Meu Jesus, dizem-me que, pelo fato de ser criança, não posso ainda
comungar… Mas Vós mesmo dissestes: “Deixai vir a Mim os pequeninos”. Eis
que Vos peço, Senhor: vinde a mim!

Jesus, em seu terno amor aos inocentes e humildes de coração, não resistiu a
esse apelo: uma Hóstia destacou- se do cibório, elevou-se no ar e, traçando
um rastro luminoso por onde passava, foi pousar sobre a cabeça de Imelda! O
ministro de Deus, vendo nesse prodigioso fato uma clara manifestação da
vontade divina, tomou a Hóstia e deu-lhe a Comunhão.
Ela fechou os olhos, inclinou suavemente a cabeça e permaneceu absorta num
profundo recolhimento. Terminou a Missa, passou-se longo tempo, mas a
pequena religiosa não fazia o menor movimento, e ninguém se atrevia a
perturbar aquela paz beatífica, aquele êxtase em que ela se encontrava,
convertida num tabernáculo vivo de Deus. Por fim, a Madre Superiora tomou a
decisão de chamá-la, e qual não foi a surpresa de todos ao verificar que a
menina não respondia… Imelda estava morta, seu coração não resistira a tanta
felicidade!

Em 1826 o Papa Leão XII confirmou e estendeu para toda a Igreja o culto que
havia séculos se prestava a ela em Bolonha. E São Pio X a proclamou, em
1908, padroeira das crianças que vão fazer a Primeira Comunhão. Seu corpo
virginal permanece incorrupto e pode ser venerado na capela de São
Sigismundo, em Bolonha. Sua memória litúrgica é celebrada no dia 12 de maio.

Beati mortui qui in Domino moriuntur (Bem-aventurados os que morrem no


Senhor). Ó Beata Imelda, morrestes no Senhor! Concedei a nós, peregrinos
nesta terra, que vosso luminoso exemplo de amor faça nascer em nossos
corações uma fome eucarística inextinguível e que, saciados com o Pão dos
Anjos, possamos um dia cantar eternamente convosco a glória de Jesus que
morreu por nós na Cruz e Se fez nosso alimento espiritual até a consumação
dos séculos .

Eu não sei por que as pessoas que recebem Nosso Senhor não morrem
de alegria".

Imelda Lambertini nasceu na cidade de Bolonha, Itália, no ano de


1322, num ambiente de muita fé e piedade. Desde tenra idade, assimilou com
especial afeição a primorosa educação recebida. Seu amor a Deus, sua conduta
incomum no dia a dia chamava muito a atenção dos pais. Era de fato, uma menina
muito especial. Os jogos infantis não lhe agradavam como a oração. Costumava
esconder-se nos locais mais ocultos da casa para aplicar-se a ela. Sua mãe,
sempre a encontrava ajoelhada e rezando, quando sentia falta da filha em casa.

Ao completar 9 anos de idade a menina pede insistentemente para


ingressar no Convento das Irmãs dominicanas, porém, a Madre superiora de
todas as formas tentou persuadi-la a esperar, pois que a idade ainda não permitia
que fosse admitida entre as irmãs do convento.

Como a insitência de Imelda tornou-se constante, a Madre, que conhecia


seus pais, indagou se não estava feliz por ter pais maravilhosos e boas condições
de vida em casa, tendo ela prontamente respondido que estava sim, muito feliz,
que amava sua família, mas que as irmãs tinham algo a mais que lhe atraía muito:
"Nosso Senhor". Era a devoção à Santíssima Eucaristia que verdadeiramente lhe
encantava e lhe enchia a alma de amor e devoção. Finalmente, a Madre chamou
seus pais e lhes pediu permissão para que Imelda fosse admitida, pelo menos à
título de experiência, já que o desejo ardente de ingressar no convento era já
notório também para seus pais. Apesar de entristecidos, percebiam que Deus
reservara algo de extraordinário para a pequena filha. Por isso, acabaram
aceitando a proposta da Reverenda e consagraram-na a Deus.

Consumado seu ingresso, tudo lhe era motivo de encanto, os momentos


de oração, o hábito das Irmãs, o silêncio. Era muito amada por elas que
tentavam privá-la dos serviços e da rigidez da regra, mas nada adiantava, pois
queria acompanhar as irmãs em tudo, participando plenamente e auxiliando nos
trabalhos monásticos no convento. A Madre pedia que não a acordassem
durante as orações noturnas, mas Imelda levantava-se no meio da noite e
percorria os grandes salões do convento, caminhando e rezando silenciosamente
as matinas.

A visita ao Tabernáculo fazia sua alma transbordar de alegria. Só a


pronúncia de qualquer assunto relacionado a Eucaristia, fazia com que seu rosto
se transfigurasse instantaneamente. Ela desejava ardentemente receber a Santa
Comunhão. Nessa época, as crianças não podiam receber a Primeira Comunhão
com idade inferior a 12 anos. Tal qual sua insistência para ingressar no
convento, Imelda pede a graça de receber Jesus, mesmo que não tivesse
completado a idade. Pedia isso com fervor tão intenso, que as irmãs comoviam-
se pelo desejo que a pequenina nutria em receber o Senhor na Eucaristia. Mas
isto ainda não lhe era possível, conforme as normas da Igreja.

Assim, aceitou com resignação os argumentos das Irmãs. Porém, à medida


que o tempo passava, crescia mais e mais nela o desejo de receber Jesus
Sacramentado. No ano de 1333, tinha ela completado 11 anos de idade quando,
depois da Santa Missa, a última freira que saiu da capela observou que a pequena
Imelda, como de costume, lá permaneceu sozinha rezando mais um pouco. Só
que desta vez, a freira percebeu algo extraordinário: uma Hóstia flutuava acima
dela e lhe projetava uma luz branca. Rapidamente esta irmã chamou as outras
monjas e todas prostraram-se diante deste milagre. A Madre, constatando que
tratava-se de manifestação real de Deus para que a menina recebesse a Primeira
Comunhão, chamou o pároco. Ao chegar com a patena de ouro nas mãos, o padre
admirado, dirigiu-se até à Hóstia. Assim que aproximou-se da menina ajoelhada,
a Hóstia pousou sobre a patena!. Assim foi-lhe administrada a Primeira
Comunhão. Em seguida, vagarosamente Imelda baixou a cabeça em oração.

Imelda permaneceu assim, diante das irmãs por um tempo


demasiadamente longo. Isto fez com que a Madre fosse até ela, que a nada
respondia. Tentando levantá-la cuidadosamente pelos ombros, a menina caiu
em seus braços, trazendo no rosto uma expressão delicada, de inexplicável
alegria. Havia partido para o Céu naquele sublime momento. A alegria de
receber Nosso Senhor foi demais para o pequeno coração que ardia pela presença
real de Cristo na Eucaristia. Certa vez, Imelda já havia dito às Irmãs: "Eu não sei
porque as pessoas que recebem Nosso Senhor não morrem de alegria".

A pequena Imelda Lambertini foi beatificada em 1826 pelo Papa Leão XII,
e foi proclamada Patrona das Primeiras Comunhões em 1910 pelo Papa São Pio
X. Foi neste ano que foi declarado que as crianças menores de 12 anos poderiam
receber a Primeira Comunhão.
Até hoje, seu pequeno corpo se encontra intacto, depois de mais de 670
anos, numa redoma de cristal, na Igreja de São Sigismondo, em Bolonha.

A meditação da história da pequena Imelda, traduz o pleno conhecimento,


o cristalino panorama que uma menina de apenas 11 anos tinha sobre
as verdades divinas. Visão tão clara que Imelda não entendia como as pessoas
não morriam ao receber Jesus na Eucaristia. São Tomás de Aquino, a respeito
desse amor eucarístico, certa vez declarou:
"O Martírio não é nada em comparação com a Santa Missa. Pelo
martírio, o homem oferece a Deus a sua vida; na Santa Missa, porém, Deus dá
o seu Corpo e o seu Sangue em sacrifício para os homens. Se o homem
reconhecesse devidamente esse mistério, morreria de amor".

Amolece, Senhor, o nosso coração petrificado. Aclara, Senhor, nossa


visão, obscurecida pelas ilusões mundanas. Abre nossa mente, Senhor, para que
possamos compreender a sublimidade da Eucaristia. Tende piedade de nós,
Senhor, pela nossa indiferença na fila da Comunhão. Aproxima-nos, Senhor, do
sacramento da Penitência, para que possamos Te receber com a casa limpa, livre
das imundícies que todos os dias deixamos agregar à alma. Não permitais,
jamais, Senhor, que Te recebamos indignamente. Piedade, Senhor, piedade de
nós e da humanidade inteira. Te adoramos na Eucaristia e imploramos, por
intercessão de Maria, que o Pão do Céu seja para nós SEMPRE: alimento
espiritual, remédio para a alma, força na luta contra o mal, consolo nas
tribulações e proteção constante na caminhada terrena. Amém!

You might also like