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Matheus Poletto1a*, Juliane Dettenborn1, Eduardo Dall’Agnol1, Mara Zeni1, Ademir J. Zattera1b
1
Universidade de Caxias do Sul – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia – Grupo de Polímeros - Caxias do Sul-RS
a*
mpolett1@ucs.br / b ajzatter@ucs.br
As propriedades mecânicas e térmicas de compósitos de poliestireno e fibras de sisal foram avaliadas através de ensaios
mecânicos e termogravimetria. Os compósitos foram desenvolvidos utilizando fibras longas e fibras curtas. Os
compósitos foram processados em extrusora mono rosca. A adição de fibras de sisal desloca o início da perda de massa
dos compósitos para temperaturas próximas a 200ºC. Os resultados obtidos demonstram que as propriedades mecânicas
estudadas aumentam com o teor e o comprimento das fibras de sisal. Os compósitos reforçados por fibras longas
apresentaram resistência a tração e resistência ao impacto superiores quando comparados aos compósitos desenvolvidos
com fibras curtas.
Palavras-chave: Compósitos; Poliestireno, Fibras de sisal, Propriedades mecânicas; Comprimento das fibras.
Influence of fiber length on mechanical and thermal properties of polystyrene sisal fiber composites
Mechanical and thermal properties of polystyrene sisal fibers composites were evaluated through mechanical tests and
thermogravimetry analysis. The composites were developed using long fibers and short fibers. Composites were
processed in single screw extruder. Addition of sisal fibers moves the initial mass loss of the composite to temperatures
near 200°C. The results show that the mechanical properties studied increase with the content and length of sisal fibers.
The composites reinforced by long fibers showed higher tensile strength and impact resistance when compared to the
developed composites with short fibers.
Introdução
Experimental
Materiais
As fibras de sisal (Agave sisalana) foram fornecidas por Sisalândia Fios Naturais
Ltda, Retirolândia, Bahia. O poliestireno cristal utilizado, grade N1921, proveniente da
empresa Innova S.A., possui índice de fluidez de 20g/10min (200ºC, 5 kg).
Ensaios mecânicos
Os ensaios de tração foram realizados conforme a norma ASTM D638 em
máquina universal de ensaio EMIC DL 3000, com o uso de extensômetro para baixa
deformação, de 50 mm, com velocidade de deslocamento igual a 1,5 mm/min e célula de
carga de 200 kgf. O ensaio de resistência ao impacto IZOD com entalhe foi realizado com
martelo de 1J em equipamento da CEAST modelo Resil 25, conforme ASTM D 256.
Resultados e Discussão
Granulometria
A Figura 1 apresenta a distribuição de tamanho das fibras de sisal. Para o sisal com
fibras longas (Figura 1-a) obteve-se um acúmulo de 40% de fibras retidas na peneira com
abertura de 19 mm. Já para as fibras curtas (Figura 1-b) houve um acúmulo maior de
partículas na peneira com abertura de 0,595 mm com aproximadamente 45% de material
retido. O desempenho de materiais compósitos reforçados com fibras depende, dentre
outros fatores, do comprimento das fibras. Se o comprimento da fibra utilizada como
reforço for inferior ao comprimento crítico a fibra será arrancada da matriz (pull-out) e o
compósito falhará a baixas tensões [8]. Entretanto, quando o comprimento das fibras é
maior que o comprimento crítico a transferência de esforços da matriz para as fibras torna-
se mais eficiente e haverá rompimento das fibras e assim os compósitos irão apresentar
elevada resistência mecânica [7].
Análise termogravimétrica
As curvas de TGA para o poliestireno (PS), para a fibra de sisal (FS) e seus
compósitos com fibra longa e fibra curta estão apresentados na Figura 2 (a) e (b),
respectivamente. No caso do sisal a primeira perda de massa, entre 50 e 100ºC, corresponde
à evaporação da água presente na fibra. A segunda perda de massa, que inicia em
aproximadamente 200ºC e estende-se até 370ºC, é referente à despolimerização da
hemicelulose e a quebra das ligações glicosídicas da celulose [8]. A terceira perda de massa
que inicia em 370ºC esta associada ao término da decomposição dos compostos formados
na segunda perda de massa [9] levando a formação de cinzas em temperaturas próximas a
800ºC e também término da decomposição da lignina presente nas fibras.
Para o poliestireno a degradação tem início em aproximadamente 260ºC e esta
completa a temperatura de 450ºC. Os compósitos exibem um comportamento intermediário
entre o poliestireno e a fibra de sisal. Observa-se tanto na Figura 2(a) quanto na Figura 2(b)
que conforme a adição de sisal os compósitos reduzem sua estabilidade térmica. A adição
de sisal nos compósitos acarreta no aumento da quantidade de celulose e hemicelulose
presente que iniciam a degradação em temperaturas próximas a 200ºC fazendo com que o
processo de degradação térmica dos compósitos inicie em temperaturas próximas a 220ºC
para aqueles com fibra longa e em 240ºC para os compósitos com fibra curta.
Massa (%)
70 PS 30 FS
60 60 PS 40 FS
40
Fibra Longa
20
0
100 200 300 400 500 600 700 800
(a)
Temperatura (ºC)
100
FS
PS
80 90 PS 10 FS
80 PS 20 FS
Massa (%)
70 PS 30 FS
60 60 PS 40 FS
40
Fibra Curta
20
0
100 200 300 400 500 600 700 800
(b)
Temperatura (ºC)
Figura 2: Curvas de perda de massa em função da temperatura para as fibras de sisal (FS), para o poliestireno (PS) e para os compósitos
com fibra longa (a) e fibra curta (b)
Propriedades mecânicas
Na Figura 3 (a) e (b) são mostradas as curvas de tensão em função da deformação
obtidas no ensaio de tração. A adição de fibras de sisal aumenta a inclinação das retas
obtidas e com isso o valor do módulo elástico aumenta tornando os compósitos mais
rígidos [11]. A adição de fibras de sisal também reduz a elongação na ruptura dos
compósitos quando comparados a matriz de poliestireno. Entretanto, os compósitos
desenvolvidos com 20% em massa de fibras apresentaram deformação na ruptura superior
ao poliestireno e aos demais compósitos tanto com fibra longa quanto com fibra curta. Este
comportamento pode estar associado com a maior transferência de esforços da matriz para
as fibras, proporcionando aumento da resistência à tração e da deformação na ruptura para
os compósitos produzidos com 20% em massa de fibras.
45
40 Fibra Longa
35
Tensão (MPa)
30
25
20 PS
90PS10FS
15 80PS20FS
70PS30FS
10 60PS40FS
5
0
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
30
Tensão (MPa)
25
20 PS
90PS10FS
15 80PS20FS
70PS30FS
10
60PS40FS
5
0
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25
(b) Deformação (%)
Figura 3: Curvas de tensão versus deformação para o poliestireno (PS) e os compósitos com fibra longa (a) e fibra curta (b)
50
Resistência a Tração na Ruptura (MPa)
Fibra Curta
45 Fibra Longa
40
35
30
25
0
0 10 20 30 40
Teor de Fibra de Sisal (%)
Módulo de elasticidade
O módulo elástico aumentou de forma praticamente linear com adição da fibra,
como pode-se verificar na Figura 5. Contudo, para elevados teores de fibra o módulo seguiu
a mesma tendência da resistência a tração. Os compósitos com 40% em massa de fibra de
sisal não apresentaram aumento significativo quando comparados aos compósitos com 30%
de reforço, permanecendo praticamente constante para os compósitos com fibra curta. O
melhor desempenho da fibra curta que a fibra longa provavelmente pode estar associado a
melhor molhabilidade das fibras curtas pela matriz, corroborando os resultados de HDT.
Para os compósitos com 30% em massa de fibra curta o módulo elástico é cerca de 90%
superior ao da matriz e para os compósitos com 30% em massa de fibras longas este
aumento chega a 80%.
5000
4500
4000
3500
3000
2500
0 10 20 30 40
Teor de Fibra de Sisal (%)
Figura 5: Módulo elástico dos compósitos com diferentes teores de fibra de sisal com poliestireno
Resistência ao impacto
Os resultados apresentados pela Figura 6 demonstram que a adição de fibras de
sisal aumenta a resistência ao impacto dos compósitos quando comparados ao poliestireno.
60 Fibra Curta
Fibra Longa
Resistência ao Impacto (J/m)
50
40
30
20
10
0 10 20 30 40
Teor de Fibra de Sisal (%)
Conclusões
Agradecimentos
Referências Bibliográficas