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INTRODUÇÃO:

Em 1896 Gaetano Mosca, jurista, cientista política e historiador italiano, publica


“​Elementi di Scienza Politica”​, junto com esta obra surge um novo e promissor programa de
pesquisa. Mosca determinou que o objeto de análise mais importante para os cientistas
políticos deveriam ser as "minorias politicamente ativas". Sendo assim, a Ciência Política,
levou a sério esta proposta, sendo "elites políticas" um dos assuntos mais estudados ao longo
do século XX.
Ao longo dos anos vários cientistas sociais dedicaram-se ao estudo das elites políticas
e contribuíram para um avanço significativo, cada um à sua maneira. Este trabalho busca
analisar os obras de dois grandes cientistas políticos, Charles Wright Mills e Pierre Félix
Bourdieu.

C. WRIGHT MILLS:

Nascido em 1916 no Texas, Estados Unidos, ​Charles Wright Mills foi um dos ​mais
importantes cientistas sociais norte-americanos do século XX. Em 1939 se formou na
Universidade do Texas, em Austin e em 1941 recebeu seu doutorado em Sociologia pela
Universidade de Wisconsin-Madison.
Em meados dos anos 50, Mills inicia suas viagens pela União Soviética, América
Latina e Europa. Nestas viagens, Mills supera o nacionalismo da cultura norte-americana a
que estava sujeito e com uma nova perspectiva em mente, e bastante influenciado por
intelectuais como, Karl Marx e Max Weber, Mills produziu alguns de seus livros mais
significativos, como As causas da proxima guerra mundial (1958), A imaginação sociológica
(1959), A elite do poder (1956). Sendo este último o texto em destaque neste trabalho.
Preocupado com a desigualdade e os problemas políticos, Mills acreditava ser
fundamental construir uma sociologia que colocasse a verdade a serviço da maioria
dominada. Através de suas obras C. Wright Mills buscava analisar a desigualdade social e a
relação entre os indivíduos e a sociedade, e criticava as principais correntes da sociologia
norte-americana. Em 1962, Charles Wright Mills faleceu em Nova York, nos Estados Unidos.
A ELITE NO PODER:

Em 1956, em plena Guerra Fria, C. Wright Mills publica “A elite do poder” obra esta
que analisa a troca de interesses econômicos, políticos e militares na sociedade
norte-americana. Estas teorias abordadas por Mills são de extrema importância não só para a
análise do poder nos Estados Unidos mas sim, como do mundo inteiro.
Mills analisa que na sociedade americana havia uma maioria desprovida de poder
controlada por uma minoria poderosa, mas esta situação não era concebida como lei
sociológica universal, e observa que a existência de uma elite no poder seriam elementos
historicamente mantidos. Isto é, a elite política norte-americana ocupavam postos de
comando na estrutura social, postos estes que concentravam as principais hierarquias e
organizações da sociedade moderna: o Estado, a organização militar e as grandes
companhias.
A elite do poder é composta de homens cuja posição lhes permite
transcender o ambiente comum dos homens comuns, e tomar decisões de
grandes consequências. Se tomam ou não tais decisões é menos importante
do que o fato de ocuparem postos tão fundamentais: se deixam de agir, de
decidir, isso em si constitui frequentemente um ato de maiores
consequências do que as decisões que tomam. (MILLS, 1956, pag 12).

Ou seja, a definição de “elite” segundo o autor é posicional e institucional. Posicional


pois os membros da elite seriam definidos de acordo com as posições ocupadas, e
institucional por pertencerem às instituições mais importantes da estrutura social do país.
Mills deduz que estas posições ocupadas por estes indivíduos sejam estratégicas. Em
seus estudos, Mills apontou um alto grau de inter relacionamento entre os indivíduos que
compõem as elites econômica , política e militar. E observou que estes indivíduos tinham
origem, estilo de vida e educação semelhantes, ou seja, a ação coordenada das classes
superiores seria resultado não apenas da integração entre as três ordens institucionais, mas
também do conjunto de relações interpessoais desenvolvidas como estratégia para
permanência das classes superiores no topo das instituições.
Com isto a centralização e aproximação das três instituições passaram a formar a elite
do poder norte-americano, um pequeno grupo capaz de tomar as principais decisões políticas
do país.
PIERRE FÉLIX BOURDIEU:

França, 1 de agosto de 1930, nascia Pierre Félix Bourdieu, considerado um importante


sociólogo e pensador. Autor responsável por uma série de obras que contribuíram para o
entendimento da Sociologia do século XX. Em 1954 concluiu sua graduação em filosofia na
Faculdade de Letras em Paris. Mais tarde prestou serviço militar na Argélia, onde durante
anos foi professor na Faculdade de Argel. De volta a França, em 1962 Bourdieu tornou-se
secretário geral do Centro Europeu de Sociologia.
Durante as décadas de 60 e 70, Bourdieu se dedicou às pesquisas como etnólogo,
pesquisas sobre a vida cultural, práticas de lazer e de consumo dos povos europeus,
principalmente dos franceses. A repercussão de seus trabalhos o levou a lecionar em
importantes universidades do mundo, como a universidade de Harvard e de Chicago e o
Instituto Max Planck de Berlim.
Bourdieu é considerado um dos mais importantes intelectuais de sua época. Tornou-se
referência na Antropologia e na Sociologia, publicando trabalhos sobre educação, cultura,
literatura, arte, mídia, linguística, comunicação e política. Faleceu em 2002, em Paris, França.

ESCRITOS DE EDUCAÇÃO:

Durante seus 40 anos de vida acadêmica, Bourdieu dedicou aos estudos no campo da
educação, tendo exercido influência em gerações de intelectuais de diversas áreas. A obra
“Escritos de educação” reúne importantes escritos de Bourdieu, onde ele faz uma análise
sobre as desigualdades escolares, desvendando o mito dos “dons” ou “talentos” naturais. O
objetivo do autor é analisar a constituição da sociedade estudantil e investigar o por que desta
preservação do sistema analisado.
“Escritos de Educação” é fundamental para entender o referencial teórico de
Bourdieu. Segundo o autor, o capital cultural, ou seja, ​o conjunto de recursos, como acesso a
literatura, teatros, arte, ​é o responsável pelo êxito escolar. Ou seja com capital cultural, alguns
indivíduos já teria uma certa “bagagem” e seriam favorecidos em sua aprendizagem. Já, os
indivíduos que não tiveram acesso a esses bens chegam à instituição de ensino em
desvantagem, sendo assim, o aprendizado para estes é mais difícil. Mas isso não quer dizer
que esses indivíduos não possuem cultura, apenas não possuem a cultura que a instituição de
ensino demanda. Segundo o autor isso seria a “cultura dominante” onde a classe dominante,
os possuidores de capital cultural, impõe a classe dominada a sua própria cultura.
Portanto, não são todas as classes capazes de ter acesso a esse capital cultural,
reforçando assim a desigualdade. Isso, para o autor, rompe com o mito do dom e das
habilidades naturais.

MILLS E BOURDIEU:

Ambos analisava e criticava instituições composta pela classe dominante e seus


princípios do “mérito individual”. Enquanto Mills analisava a sociedade estadunidense e seu
discurso “self made man”, no qual diz que o indivíduo se constrói sozinho, Bourdieu analisa
a instituição escolar e sua hierarquia gerada do “capital cultural”.

Enquanto Mills enfatizava a concentração de recursos e a tomada de decisões pela


elite do poder, Bourdieu toma como dada essa concentração de riqueza e de poder e enfatizou
as formas pelas quais a dominação é ocultada ou legitimada pelas categorias simbólicas dos
dominantes. Ambos analisaram que as práticas culturais e os estilos de vida da burguesia
estavam profundamente marcados pela trajetória social vivida por cada um deles, onde esta
classe dominante tinham origem e estilo de vida semelhantes.

Mills e Bourdieu foram grandes sociólogos que contribuíram, não apenas para a sociologia,
mas também para outras disciplinas. Ambos procuravam uma sociologia capaz de ultrapassar
as instituições acadêmicas e alcançar a classe dominada.

CONCLUSÃO​:

Neste trabalho foi apresentado as ideias de classe dominante de dois sociólogos e como essas
classes permanecem até nos dias atuais no poder. Biograficamente Mills e Bourdieu tiveram
origens diferentes, nasceram em continentes diferentes e frequentaram instituições diferentes.
Porém há uma similaridade. Ambos iniciaram a vida acadêmica como estudantes de filosofia,
e logo mais se distanciaram dessa linha de pensamento para se engajarem nas questões
sociais e criticar a sociedade no qual estavam inseridos. Os dois autores foram extremamente
influenciadas por Max Weber, com quem dividiram a preocupação constante com a
dominação, sua reprodução e suas repercussões.
Em suma, Charles Wright Mills e Pierre Félix Bourdieu foram grandes intelectuais que
influenciaram, e ainda influenciam, não somente a sociologia como também muitas outras
disciplinas voltadas para a análise social.

https://www.revistas.usp.br/reaa/article/viewFile/11501/13269

http://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/viewFile/49/46

http://burawoy.berkeley.edu/Bourdieu/8.Mills.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782008000100002

https://brainly.com.br/tarefa/7929094

http://revistas.ucpel.tche.br/index.php/rsd/article/viewFile/611/545

http://xatooo.blogspot.com/2008/01/wright-mills-elite-e-o-poder.html

http://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/viewFile/49/46

https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=Kqac1hkZCNUC&oi=fnd&pg=PA17&ot
s=ahCoLAnyDp&sig=YqO5n6NFpw2s2MaYX75bwzOs1hM#v=onepage&q&f=false

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