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IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL

CEL Martinho Lutero e CEL Cristo Redentor


Pastor Cezar Squiavo Schuquel
Curso de Doutrina
Deus existe? Onde ele está? Quem é ele? Como ele é? Estas
perguntas, com certeza, já nos ocorreram várias vezes. São
interrogações a respeito de Deus e de sua revelação a nós, seres
humanos.
Se pararmos um pouco e refletirmos com sinceridade, logo
concluiremos que deve existir um Ser Superior, criador da ordem
cósmica. Veja, por exemplo, o relógio. Um aparelho assim, que
funciona com tamanha exatidão não surgiu do acaso; alguém o inventou
e construiu. Tanto mais o Universo, em toda a sua grandeza, beleza e
perfeição, não pode ser fruto do acaso. Alguém o criou. Assim, o
próprio Universo e a Natureza revelam a existência de um ser
superior.
Deus ainda se revela a nós por meio de nossa própria
consciência. O ser humano parece possuir dentro de si o instinto
natural de que há um Ser Superior que é seu criador, guia,
mantenedor e que precisa ser adorado. Veja, por exemplo, os índios e
todos os demais povos que não são ainda civilizados; todos eles
adoram a um deus: o sol, a lua, um poste-ídolo, etc. Eles mostram,
pela sua maneira de agir, que têm a lei escrita no seu coração. A
própria consciência deles mostra que isso é verdade, e os seus
pensamentos, que, às vezes os acusam e às vezes os defendem, também
mostram isso. (Romanos 2.15)
Este conhecimento que temos de Deus, contudo, é muito restrito.
Sabemos, pela natureza e pela consciência, que há um Ser Superior
todo-poderoso, sábio, justo, santo, que ordena e recompensa o bem e
proíbe e pune o mal. Mas quem é este Ser Superior? Como ele age
entre nós? Como e quando ele está presente conosco? Como podemos nos
relacionar com ele?
Para responder estas perguntas e revelar-se mais profundamente
a nós, Deus usou homens com seus costumes, cultura, linguagem e
experiências. Estes homens escreveram o livro universalmente
conhecido como “Palavra de Deus”: A Bíblia.

A ORIGEM E INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA


A Bíblia é uma coleção de 66 livros. O Antigo Testamento possui
39 livros, escrito em Hebraico:
(Gn 1.1)( Urah taw Mymsh ta Myhla arb tysarb).
E o Novo Testamento possui 27 livros escrito em grego:
(DiÁti tÁsom c‚pgsem À HeÂr tÂm jÁslom, Ûste ™dyjetÂm
U³Âm aÈtoË tÂm lomocem¡, diƒ mƒ lü apokesh« p„r À pisteÉym
e²r aÇtÁm, akkƒ mƒ ™w¨ fyüm a²Ömiom.)(Jo 3.16).
Ela foi escrita por diversos escritores humanos, mas tem um só
autor: Deus. Foi Ele quem a inspirou e é Ele quem lhe confere
autoridade. Ela é o livro do próprio Deus. Ela não apenas contém a
palavra de Deus, mas ela é a palavra de Deus.
Vemos, portanto, que a Bíblia é a palavra de Deus e deve ser
aceita como tal. Nela se encerra toda a revelação de Deus ao mundo.
Nela Deus se coloca mais perto do homem e lhe oferece o perdão e a
salvação.
ATRIBUTOS DA BÍBLIA
A Bíblia, por ser a palavra Divina, possui alguns atributos que
lhe são próprios:
* Autoridade da Bíblia: a autoridade da Bíblia não está nos
homens que a escreveram ou naquele que a ensina, mas em Deus. Ele é
o autor e está por trás de cada declaração, doutrina, promessa ou
ordem Bíblica. Essa autoridade não pode ser substituída por qualquer
outra: “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino segundo a
piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e
contendas de palavras” (1 Tm 6.3-4). Mas todos devem se submeter à
sua autoridade e não rejeitá-la, pois “Quem me rejeita e não recebe
as minhas palavras tem quem o julgue” (Jo 12.48).(Mt 24.35; Lc 4.32-
36; Lc 24.44; Jo 10.35;1Co 1.18; 1Co 14.37; 1Ts 2.13; 2Tm 3.16; 2Pe
1.21)
* Inerrância e a verdade da Bíblia: escritores humanos cometem
erros, mas quando são movidos por Deus para escrever, qualquer
possibilidade de erro é eliminada. Quando Jesus falou sobre uma
única palavra da Bíblia (“deuses” – Sl 82.6) afirmou: “A Escritura
não pode falhar” (Jo 10.35). Assim, cada palavra e cada detalhe do
texto sagrado é verdadeiro. Nele não há mitos, fábulas, erros ou
idéias obsoletas que devam ser retiradas. O homem não tem
autoridade ou direito de decidir o que na Bíblia é verdadeiro e o
que não é. Os erros que acontecem são da parte daqueles que a
interpretam e usam de esperteza para distorcer o texto bíblico de
acordo com seus interesses ou mesmo por parte de cristãos fiéis que,
como pecadores, cometem erros. No entanto, a veracidade da Bíblia
não é afetada por isso.
* A eficácia da Bíblia: A palavra de Deus é eficaz. Tem o poder
de produzir efeito, impressionar o coração. Sua eficácia está no
poder do Espírito Santo que opera através dela: “As palavras que vos
tenho dito são espírito e são vida” (João 3.63). Assim, a palavra de
Deus não é letra morta, senão que é poderosa: “Porque a palavra de
Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e
medulas, é apta para discernir os pensamentos e propósitos do
coração” (Hebreus 4.12).(Dt 8.3; Is 55.10-11; Lm 2.17; Lc 8.11-15;
Jo 6.63; Rm 10.17; 1Co 1.21; 1Co 2.4-5; 2Co 4.6;1Ts 2.13; Tg 1.21;
1Pe 1.23; 1Pe 2.2; 1Jo 1-2)
* A suficiência da Bíblia: Visto que a Bíblia contém “todo o
conselho de Deus” (At 20.27), é suficiente a fim de “tornar-nos
sábios para a salvação” (2 Tm 3.15) e para educar-nos em justiça de
vida. Ela não precisa ser complementada. Tudo o que precisamos para
uma vida de fé, consolo e esperança está disponível para nós na
Bíblia. Nada nesse mundo e em nossa vida é necessário para nossa
salvação além da Lei e do Evangelho revelados na Palavra.(Dt 4.2; Js
1.7-8; Sl 19.7; Mt 5.17; Mc 16.20;; Jo 8.12-20; Jo 17.17; At 20.32;
Rm 1.16-17; Rm 10.17; 1Co 1.21; Ef 1.13; 1Tm 6.3-5; Ap 22.18-19)
* A clareza da Bíblia: Deus revelou a Escritura em palavras da
linguagem humana, por isso qualquer homem pode entender a sua
mensagem sem precisar de grandes esforços. Todas as doutrinas estão
expostas em uma linguagem simples, sem filosofias ou segredos
lingüísticos. Por isso a Bíblia é chamada de “luz” (Sl 119.105; 2 Pe
1.19) e até uma criança pode entender a Bíblia (2 Tm 3.15). (Sl
19.7-8; Mt 11.25; Jo 5.39; 2Co 1.19-20

PROPÓSITOS DA BÍBLIA
Deus deu sua palavra para o ser humano com propósitos bem
definidos:
* Salvar o ser humano através da fé em Cristo: O ser humano foi
criado para viver feliz, em comunhão com Deus. Mas, por causa do
pecado, o homem perdeu a comunhão com Deus e trouxe condenação sobre
sua vida. Por isso, em sua infinita compaixão, Deus nos enviou seu
Filho para nos salvar (Rm 5.8,9) e nos deu as Escrituras, que podem
nos tornar “sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm
3.15). Por isso dizem as Escrituras: “Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,
e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31).
* Ensinar e Treinar todos os crentes: Ela nos ensina a vontade
daquele que nos salvou para que vivamos em santidade e justiça
verdadeira. Foi para isso que Cristo orou a Deus (Jo 17.17) e Paulo
nos informa que “toda a Escritura é... útil para a educação na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17).
* Glorificar a Deus: Cristo nos deu a salvação e nos ensina a
vivermos em santidade para que, assim, o nome de Deus seja
glorificado. Isso nos é revelado nessas palavras: “Se alguém fala,
fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na
força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus
glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o
domínio pelos séculos dos séculos. Amém” (1 Pe 4.11).
A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
Nos dias de hoje há uma variedade de interpretações da Bíblia.
Cada denominação, cada estudioso e cada doutrina eclesiástica
apresenta a sua leitura como sendo correta. Como podemos ter a
certeza de que esta ou aquela interpretação está correta ou não?
Muitos afirmam que cada um pode interpretar a Bíblia de acordo
com o seu modo de ver e viver. No entanto, se a Bíblia não erra e se
ela é clara não pode haver doutrinas que se contradigam em um mesmo
texto.
Então, existe algum parâmetro pelo qual podemos avaliar ou
analisar uma interpretação Bíblica ou uma doutrina?
O apóstolo Paulo afirma:”Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo do
céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja
anátema”. (Gl 1.8) e “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda
com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino
segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por
questões e contendas de palavras” (1 Tm 6.3-4), (1Pe 1.16-21) e João
nos alerta: “Todo aquele que ultrapassa as doutrina de Cristo e nela
não permanece não tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz
esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas”
(2Jo 1.9-10). Por sua vez, Pedro afirma: “Nenhuma profecia da
Escritura provém de particular elucidação”. (1Co 2.4-5; 1Co 3.11; Cl
2.8;
Vemos aqui, portanto, que o parâmetro da interpretação da
Bíblia é Jesus Cristo, o Evangelho. A isso chamamos de analogia da
fé. Ou seja, qualquer interpretação, doutrina ou pregação é
questionada à luz da cruz de Cristo: A mensagem que recebo me leva a
Cristo ou não? Ela aponta para a salvação conquistada por Cristo na
cruz ou aponta para as boas obras? Isso me revela Jesus como meu
Único e Suficiente Salvador ou não?
Se uma interpretação, doutrina ou sermão deixar claro que a
salvação só é alcançada através de Cristo e sua obra redentora,
então está correta. Caso contrário, se, ao menos sugerir alguma
participação nossa, então está errada. “Nisto reconheceis o Espírito
de Deus: todo o Espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne
é de Deus” (1Jo 4.2), “Porque quantas são as promessas de Deus,
tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém” (2Co
1.20).
Jesus é o centro da Bíblia. Toda a Bíblia, de Gênesis a
Apocalipse, o tema é só um: Jesus Cristo. “Examinais as Escrituras,
porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que
testificam de mim” (Jo 5.39)(Gn 1.1-3, Gn 3.15; Sl 2.7; 2 Sm 7.14;
1Cr 17.13; Is 61.3; Is 53; Jo 1.1-5; Leia toda a Carta aos Hebreus).
LEI E EVANGELHO
Todo o conteúdo da Bíblia é dividido em dois pólos: a Lei e o
Evangelho.
Existem dois tipo lei, as Leis Morais (10 Mandamentos) e as
Leis Cerimoniais (Regras, cerimônias, dias de festas,etc).
A lei moral nos ensina a vontade de Deus para nossa vida:
“Portanto, sejam perfeitos em amor, assim como é perfeito o Pai de
vocês, que está no céu”(Mateus 5.48)(Ec 7.20, Tg 2.10).
Mas, ela também nos mostra que não podemos cumprir essa
vontade: “De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido
pecador desde o dia em que fui concebido” (Salmos 51.5). E,diante da
nossa incapacidade de cumpri-la, nos aponta para a condenação divina
e nos condena “Aquele que peca é que morre. O filho não sofrerá por
causa dos pecados do pai, nem o pai, por causa dos pecados do filho”
(Ez 18.20)(Rm 3.20).
Assim, a lei é usada por Deus para nos mostrar o que realmente
somos. Isso nos leva ao desespero e ao medo.
Em sua misericórdia, Deus revela a solução para a nossa vida: o
Evangelho. Ele nos ensina que, em Cristo, temos salvação. “Porque
Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo
aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.” (João
3.16); (1João 1.7; Gálatas 2.16).
Resumindo: A lei diz o que Deus quer que façamos e nos mostra
que somos incapazes e, por isso, somos condenados ao inferno.
O Evangelho nos mostra aquilo que Deus fez para nos salvar.

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