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Turma: 7º período
O curso de Direito Processual Civil abordará neste semestre o PROCESSO DE EXECUÇÃO (Livro II do
NCPC – arts. 771/995), e a fase de CUMPRIMENTO DAS DECISÕES JUDICIAIS (arts. 513/538 do NCPC =
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA), sempre sob o viés da efetividade, atributo que foi alçado a princípio
constitucional e direito individual e coletivo, a partir da Reforma do Poder Judiciário com a Emenda Constitucional
– EC 45, de 8/12/2004 que introduziu o inciso LXXVIII ao art. 5º da CF/88, já que a efetividade advém também
de um processo razoavelmente célere e que traga o resultado da tutela jurisdicional pleiteada, a fim de evitar o
“ganha mas não leva”, porque vale recordar o que disse o insigne Rui Barbosa: “Justiça tardia não é Justiça, é
injustiça manifesta”.
Entretanto, é certo que com o advento da Lei 11.232/2005, a dicotomia cognição-execução ficou
gravemente comprometida para dar lugar à realização de atos executivos num mesmo processo chamado
"SINCRÉTICO".
Essa lei buscou a celeridade processual e a eficácia das decisões judiciais, extinguindo
definitivamente o Processo de Execução autônomo de títulos judiciais dando lugar à fase subsequente chamada
"cumprimento de sentença".
Com muita propriedade, o Ministro Athos Gusmão Carneiro1 (STJ) assevera que:
Portanto, é unânime entre os diversos operadores do Direito, doutrina e jurisprudência, que os resultados
da atividade jurisdicional devem ser efetivos, concretos, palpáveis, sensíveis no plano exterior, isso é, fora do
processo. Cuida-se da eficiência em concreto do processo e da atividade jurisdicional. A “atividade jurisdicional
executiva” viabiliza, em última análise, a materialização da “tutela jurisdicional executiva”, como verdadeira
relação de causa e efeito.
1
CARNEIRO, Athos Gusmão. Do "cumprimento da sentença", conforme a Lei n. 11.232/2005. Parcial retorno ao
medievalismo? Por que não? In: BOTTINI, Pierpaolo; RENAULT, Sergio (coord.). A nova Execução de Títulos Judiciais –
Comentários à Lei 11.232/05. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 21
1
O professor Humberto Theodoro Júnior2 ainda explica que: “efetivo, portanto, é o processo justo,
ou seja, aquele que com a celeridade possível, mas com respeito à segurança jurídica (contraditório e ampla
defesa), proporciona às partes o resultado desejado pelo direito material.”
Nas ondas de modernização do Código de Processo Civil, a partir da Reforma do Poder Judiciário
com a Emenda Constitucional – EC 45, de 8/12/2004, leis ordinárias vieram e vêm trazendo inovações nos
procedimentos e nos ritos do CPC.
A Lei 11.232, de 22 de dezembro de 2005 (DOU 23/12/2005, ret. DOU 26/6/2006), alterou o CPC,
para estabelecer a FASE DE CUMPRIMENTO DAS SENTENÇAS no processo de conhecimento e revogar dispositivos
relativos à execução fundada em título judicial (por exemplo o artigo 584, do CPC/1973) dando outras
providências.
E a Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006 (DOU 7/12/2006, ret. DOU 10/1/2007) alterou diversos
dispositivos do CPC, relativos ao PROCESSO DE EXECUÇÃO e a outros assuntos.
Unificação das fases de conhecimento e execução, a exemplo dos Juizados Especiais Cíveis, nos casos
de sentença condenatória de obrigação de dar, fazer e não fazer (artigos 461 e 461-A, CPC/1973,
introduzidos pela Lei 11.382/2006, mantidos nos artigos 497 e 498 do NCPC): nestes casos específicos, a
execução deixou de ser um processo autônomo, passando a ser mais uma fase procedimental denominada
cumprimento de sentença. A inovação consiste no fato de que, além do requerimento do autor, a
execução também pode ser iniciada pelo próprio órgão jurisdicional ex officio, dispensando-se, em ambos
os casos, a nova citação do réu.
Autorização de alienação do bem por iniciativa particular (introduzido pela Lei 11.382/2006, artigos 647
e 685-C/CPC-1973, mantida nos artigos 825 e 879/880 do NCPC).
Inversão da seqüência dos atos expropriatórios (introduzido pela Lei 11.382/2006, artigo 647 CPC/1973 e
artigo 825 do NCPC): no arranjo anterior, o leilão ou praça eram a primeira opção do exequente, seguida da
adjudicação e, finalmente, do usufruto de imóvel ou empresa. Pela nova disposição, o exequente pode,
inicialmente, adjudicar o bem, e, caso não for de seu interesse, proceder à alienação particular, sendo
o leilão ou praça sua última opção.
Inversão na titularidade do DEPOSITÁRIO do bem penhorado (introduzido pela Lei 11.382/2006): até então,
o bem penhorado ficava em mãos do devedor/executado, mas, a partir do § 1º do art. 666 do CPC, mantido
de forma mais expressa ainda no § 1º do art. 840 do NCPC, estes ficam com o Exeqüente, exceto se
assim não o desejar ou se isto não for possível.
Imposição de multa de 10% (dez por cento) ao devedor que, condenado ao pagamento de quantia certa
ou fixada em sentença líquida, não efetuar o pagamento no prazo de 15 dias (artigo 475-J, CPC,
introduzido pela Lei 11.232/2005 e artigo 523 do NCPC, com a vantagem de ter incluído mais 10% de
honorários para esta fase).
2
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: Teoria geral do direito processual civil e processo de
conhecimento. 51 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. v. I. p. 20
2
Conforme veremos, se a execução de título extrajudicial está baseada no princípio da autonomia
das vontades; os títulos executivos judiciais (decisões) já têm suas eficácias.
A força executiva “retira valor que está no patrimônio do demandado, ou dos demandados, e põe-no no
patrimônio do demandante”.
• A ação que nasce com força executiva (eficácia imediata), a incursão na esfera jurídica do vencido mira algum
bem previamente identificado, que lá se encontra de maneira já reconhecida como ilegítima no
pronunciamento judicial, porque integra o patrimônio do vencedor, e, portanto, dispensará a instituição de
novo processo para reavê-lo.
Ex: depósito, reivindicatória, despejo, possessórias, imissão na posse, petição de herança, nunciação de obra
nova e outras.
• A ação que nasce com simples efeito diferido executivo (eficácia mediata), é quando a penetração executiva
precisará atingir algum bem integrante da esfera patrimonial e jurídica legítima do vencido, o que acarreta
a necessidade de controlar de maneira plena a atuação do meio executório, porque aos meios executórios caberá
respeitar o princípio da responsabilidade patrimonial (art. 591 do CPC e art. 391 do CC-02).
Ex: cobrança e execução por título.
A existência de um título executivo é condição sine qua non, posto que sem o título não há como
executar a obrigação – nulla executio sine titulo, a teor do artigo 8035 do NCPC.
O título executivo dá a certeza da existência da obrigação, para assim poder atingir o patrimônio do
devedor.
O título executivo deve ser certo (sabe-se o que se deve), líquido (sabe-se quanto se deve) e
exigível (obrigação vencida).
3. Espécies de Execução
3
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 13. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p.
81.
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Da Exceção de Contrato não Cumprido
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da
do outro.
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Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
independentemente de embargos à execução.
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Quanto à natureza da obrigação
Obrigação de dar Execução de entrega de coisa certa
coisa Execução de entrega de coisa incerta
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Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a
natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento
do exequente.
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Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da
mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja
sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e
liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
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3.1 Óbices à efetividade nas execuções
O executado, não raro, utiliza manobras para impedir ou adiar a satisfação do credor.
MARCO ANTONIO BOTTO MUSCARI enumera 4 óbices para a efetividade da execução, dispostos na
tabela abaixo.
LIMITES/ÓBICES DESCRIÇÃO
1. Limites naturais Grande parte da população brasileira enfrenta dificuldades financeiras, o que
dificulta o pagamento de suas dívidas.
2. Limites jurídicos A própria lei processual, em busca da “humanização da execução” impõe óbices
à sua efetividade, como a proibição da prisão civil por dívidas e a
impenhorabilidade de determinados bens.
3. Obstáculos culturais Falta base ética e moral aos devedores
4. Obstáculo O devedor – que, na maioria das vezes, já perdeu o processo de conhecimento–,
ainda resiste na fase executória, tentando postergar ao máximo o pagamento de
psicológico =
sua dívida.
estratégia do devedor
Mas, também para isto, a lei confere poderes especiais ao juiz, que poderá, a qualquer momento,
de ofício ou a requerimento da parte:
Advertir o devedor que o seu procedimento é ato atentatório à dignidade da justiça9, incidindo em multa de
até 20% do valor atualizado do débito, a favor do exequente = arts. 772, II e 774 e parágrafo único do
NCPC.
4. Conceito de execução
É o meio pelo qual alguém é levado como Executado em juízo para solver uma obrigação, quer tenha
sido imposta por lei, por decisão judicial ou por vontade própria.
De pronto é necessário esclarecer que a palavra “execução” é empregada tanto relativa à tutela
jurisdicional (proteção = direito aplicável) quanto à atividade jurisdicional (meios = aplicação do direito).
O processo de Execução tem início com uma petição inicial devidamente acompanhada do título
executivo, – nulla executio sine titulo .
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de
outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo
juiz e prestada nos próprios autos.
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Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento do processo:
I - ordenar o comparecimento das partes;
II - advertir o executado de que seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça;
III - determinar que sujeitos indicados pelo exequente forneçam informações em geral relacionadas ao objeto da execução, tais como
documentos e dados que tenham em seu poder, assinando-lhes prazo razoável.
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Fraudar a execução; opor-se maliciosamente à execução, utilizando-se, como diz a lei, de ardis e meios artificiosos; resistir
injustificadamente às ordens judiciais, como as ordens de penhora; não dizer, quando intimado para tanto, quais são os bens sujeitos à
penhora, seu valor o onde estão (art. 600, CPC).
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Do Título Executivo
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de
obrigação certa, líquida e exigível.
INADIMPLEMENTO do devedor
O título executivo constitui a prova pré-constituída da causa de pedir da ação executória. Esta
consiste na alegação, realizada pelo credor, na inicial, de que o devedor não cumpriu, espontaneamente, o direito
reconhecido na sentença ou obrigação.
Um outro elemento surge na aplicação do Direito Processual Civil, relativamente à execução, que é
a existência de patrimônio do devedor/executado, porque para efetivação do Processo de Execução é
necessário que o devedor possua bens penhoráveis que possam solver/tornar exeqüível a execução, sem o que
haverá a extinção do processo (vide § 4º10 do art. 53 da Lei n. 9.099/95).
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário, independentemente de consentimento do executado:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes
for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato
entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. (casos de sucessão e
substituição processual (vide art. 41 e segs, cpc)
10 Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao disposto no
Código de Processo Civil, com as modificações introduzidas por esta Lei. [...]
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-
se os documentos ao autor.
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Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos
diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o
mesmo juízo e idêntico o procedimento.
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE = a tutela jurisdicional executiva não é e não pode ser prestada de
ofício, seja porque prevalece a inércia da jurisdição seja porque o exequente pode pretender desistir de
sua prestação, total ou parcialmente, de acordo com o art. 56911.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA = há diversas modalidades
obrigacionais (obrigações de fazer, não fazer, entrega de coisa e “pagar”, e para cada obrigação há um
procedimento executivo próprio.
PRINCÍPIO DA TIPICIDADE DOS ATOS EXECUTIVOS = os atos executivos a serem praticados pelo
Estado-juiz são prévia e exaustivamente previstos pelo legislador, de maneira que o juiz não tem liberdade
para alterar o padrão de atos processuais/técnicas que lhe são reconhecidas e atribuídas pelo legislador,
até em virtude do princípio constitucional do due process of law – devido processo legal.
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Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios;
b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.
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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal (art. 751, III), realiza-se a execução no
interesse do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
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Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do
exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência.
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Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o
devedor.
15 Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para
o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos
onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.
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PRINCÍPIO DA LEALDADE = os atos considerados atentatórios à dignidade da Justiça 16, que busca a
solvabilidade da obrigação imposta (judicial) ou assumida (extrajudicial) pelo devedor, em face disto a
lei confere poderes especiais ao juiz, que poderá, a qualquer momento, de ofício ou a requerimento da
parte ordenando o comparecimento das partes, aplicando-lhe multa em proveito do próprio credor.
Aqui vale a pena ressaltar que o contraditório é aceito no Processo de Execução mesmo de forma
mitigada, porque ainda que de forma esporádica, o juiz abre possibilidade de manifestação das partes. A execução
parte de uma certeza de direito que o Processo de Conhecimento tem por fim produzir. Daí porque o contraditório
tem de ser adequado a tais circunstâncias.
O título executivo delimita, subjetivamente, a ação executória; determina o bem objeto das
aspirações do demandante (obrigação); e, às vezes, demarca os limites da responsabilidade patrimonial (p. ex:
fiador solidário ou não).
Identificação das partes = contém os figurantes da relação jurídica material, portanto, a execução é
movida somente a favor e contra as pessoas designadas no título;
Identificação do resultado = o título estabelece qual o bem atingível na execução, e tal bem SÓ PODE
SER COISA (certa ou determinada); uma soma em dinheiro ou quantidade de coisas em dinheiro passíveis
de conversão; e uma atividade ou abstenção do executado (fazer ou não fazer), portanto, define o resultado
prático do processo, se e quando houver o êxito completo da execução;
A priori, o título não institui os meios executórios, estes dependem do regime da execução que será
adotado. Por exemplo, na execução de alimentos, para coagir o devedor a pagá-los, o juiz pode determinar a
prisão do devedor, porque isto está previsto em lei.
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos
da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.
Na execução DEFINITIVA:
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Fraudar a execução; opor-se maliciosamente à execução, utilizando-se, como diz a lei, de ardis e meios artificiosos; resistir
injustificadamente às ordens judiciais, como as ordens de penhora; não dizer, quando intimado para tanto, quais são os bens sujeitos à
penhora, seu valor o onde estão (art. 600, CPC).
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§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em
cadastros de inadimplentes.
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for
garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente,
observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição
constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta
no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro
de qualquer deles, à escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que
ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial
de justiça os cumprirá.
§ 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas
comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana.
§ 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a
requisitará.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em
cadastros de inadimplentes. Aplica-se também à execução definitiva de título judicial.
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for
garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo. Aplica-se
também à execução definitiva de título judicial.
Exceção De Incompetência, nos títulos executivos extrajudiciais (917 NCPC, não mais como incidente e sim
no corpo dos Embargos, como PRELIMINAR DE MÉRITO).
1. Obrigação e responsabilidade
O débito (schuld) é o dever de prestar, de realizar uma atividade em benefício do credor. Uma vez
inadimplido, autoriza o credor a ativar a máquina judiciária para dar cumprimento à prestação (impor a sanção
executiva), respondendo os bens do devedor (e dos terceiros previstos em lei) pelo seu adimplemento. O schuld
é uma situação de desvantagem que gera a expectativa de que algum bem do devedor (ou outrem) venha
satisfazê-lo. No entanto, seria situação jurídica estática, pois não conferiria ao credor qualquer força ou
permissão para trazer ao seu patrimônio o que lhe é devido, não autorizaria movimentos em prol de sua
satisfação.
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E para aqueles que questionavam a teoria sob o argumento de que, cumprida espontaneamente a
prestação, não haveria responsabilidade (elemento autônomo), Betti retrucou, ensinando que a responsabilidade
é estado potencial que coage preventivamente, pressionando o devedor a adimplir a prestação, e garante
repressivamente o seu cumprimento, se inadimplida a prestação. Subsistiria, pois, mesmo sem
inadimplemento. Seria possível obrigar-se sem responsabilizar-se e vice-versa, dizem.
O Código Civil de 2002 inova ao tratar do tema, para dispor que “pelo inadimplemento das obrigações
respondem todos os bens do devedor” (art. 391, CCB).
Com isso, repetiria, sem necessidade, o disposto no art. 59117 do CPC/1973 e artigo 78918 do NCPC
–Lei 13.105, de 16/3/2015 – mas acabaria RATIFICANDO a distinção entre obrigação e responsabilidade –
assim como o faz no art. 38919 do CCB.
Inúmeros juristas, contudo, mantêm uma visão unitarista da obrigação, sem conseguir dela destacar
débito e responsabilidade. Seriam faces de um mesmo vínculo e vínculos distintos. O dever jurídico traz consigo
a coação. A dívida (débito) é o dever de prestar sob coação da ordem jurídica, que pode conduzir ao adimplemento
voluntário ou forçado. Assim, a responsabilidade é decorrência do vínculo obrigacional.
Por isto, a obrigação é fenômeno mais amplo que abrange a responsabilidade. A obrigação
é um processo dinâmico que se desenrola com o fim único: o adimplemento da prestação principal. Mas esse
processo caracteriza-se por contar com uma sucessão de situações jurídicas de direito/poder/dever/ônus/sujeição
etc. e, dentre elas, o dever jurídico e a responsabilidade.
As teorias unitarista e dualista são formas distintas de descrever um mesmo fenômeno. A concepção
dualista visualiza dever e responsabilidade como elementos distintos, sem perceber que integram um mesmo
processo obrigacional. A visão unitarista, que parte da percepção dinâmica da obrigação, acentua o vínculo entre
a responsabilidade e o dever: uma é sanção ao descumprimento de outro.
Parece indiscutível, qualquer que seja a teoria adotada, que há duas situações jurídicas muito
distintas: a dívida e a responsabilidade. Esse é o grande mérito da concepção dualista, que é a adotada pelo
nosso CPC. Cada uma dessas situações pode ser titularizada por um sujeito distinto, razão pela qual se
distinguem as figuras do devedor e do responsável. Ambos, porém, são sujeitos de uma situação jurídica material
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Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo
as restrições estabelecidas em lei.
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DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as
restrições estabelecidas em lei.
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Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
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passiva e fazem parte de um mesmo vínculo obrigacional, examinado sob uma perspectiva dinâmica, sendo
esse o grande mérito da visão unitarista.
A confusão parece concentrar-se no seguinte aspecto: é preciso distinguir as diversas funções que
as regras sobre responsabilidade patrimonial podem exercer.
Uma regra sobre responsabilidade patrimonial, ao determinar qual é o sujeito que deve responder
pelo cumprimento da obrigação, é uma regra de Direito material. Cuida de regular o processo obrigacional,
definindo as posições jurídicas que os sujeitos devem assumir em determinada relação jurídica. Serve ao órgão
jurisdicional como diretriz para a tomada de suas decisões. É o Direito material que determina quem é o
responsável pela obrigação. Uma norma de direito material é uma norma de decisão: serve para a solução
do problema jurídico posto à apreciação do órgão jurisdicional. E as regras sobre responsabilidade
patrimonial têm essa função.
Ao impedir a penhora sobre determinado bem, a regra jurídica funciona como regra de Direito
processual. Talvez seja essa a razão pela qual o CPC cuida da responsabilidade patrimonial e tantos
processualistas entendam que o vínculo jurídico da responsabilidade tem natureza processual.
2. Responsabilidade patrimonial
A responsabilidade patrimonial é aquela que recai sobre o patrimônio do devedor como forma de
sanção em uma ação de execução. O patrimônio é considerado a totalidade de bens economicamente mensurados
que se encontram sob o poder de alguém.
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento
de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Portanto, como a ação de execução visa a satisfação do direito subjetivo da parte, esta satisfação
sempre recai, salvo raras exceções, sobre o patrimônio/ bens do devedor. É o chamado PRINCÍPIO DA
RESPONSABILIDADE exclusivamente PATRIMONIAL.
E, conforme muito bem ensina Araken de Assis20, essa responsabilidade patrimonial se divide em
primária e secundária, principalmente diante da visão – dualista – do vínculo obrigacional, decomposto em dois
elementos: o débito (schuld) e a responsabilidade (haftung):
- Curialmente, o primeiro patrimônio exposto aos meios executórios é o do devedor, a um só tempo
obrigado e responsável. Esta situação se designa de responsabilidade primária.
- Mas, além do devedor, outras pessoas e outros patrimônios eventualmente sujeitam-se à demanda
executória. Explica-se essa circunstância através do corte entre responsabilidade e obrigação. Há pessoas
que respondem pela dívida, embora “não devam”.
20
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 13. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p.
227.
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VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Incisos III e V: são responsáveis primários, porque se trata de bens do próprio devedor que estão
em poder de terceiros por detenção e/ou por fraude.
2.1 Impenhorabilidade
Salienta-se, contudo, que a lei proíbe que a execução recaia sobre alguns bens patrimoniais por
motivos diversos, dando a eles a característica da impenhorabilidade (artigo 83321 do NCPC).
Neste rol encontram-se os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos
à execução; os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado (exceto os
de valor elevado ou que ultrapassem as necessidades comuns de um médio padrão de vida; os vestuários, objetos
de uso pessoal do executado (exceto os de elevado valor); o seguro de vida; etc..
Importar salientar que, existem casos em que não é sobre o bem/o patrimônio do executado que
recai a responsabilidade, mas sobre a pessoa deste.
No caso do DEVEDOR DE ALIMENTOS (artigos 528 e 911 do NCPC), a execução não recai sobre
os seus bens e sim sobre a pessoa do próprio devedor, por meio da PRISÃO CIVIL (caracterizada por uma medida
de coerção pessoal para que o devedor cumpra a obrigação). Ressalte-se que a prisão não exclui a dívida.
Mesmo cumprida a “pena”, a responsabilidade subsistirá, caso não a tenha quitado o débito. A medida é utilizada
apenas com o fim de pressionar o devedor a adimplir.
O patrimônio do devedor (presente e futuro) figura como uma forma de garantia para o(s) credor(es)
de cumprimento de obrigação.
Claro está que o devedor deve responder em uma execução de sua dívida com seu patrimônio.
21
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que
ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e
os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os
ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da
profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas
pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e
estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.
12
Contudo, a lei estendeu a responsabilidade patrimonial a pessoas que não são parte da execução. Ou seja, a
execução atinge bens de pessoas que não fazem parte do processo: são terceiros na relação. Assim, os sujeitos
dos incisos I, II, IV, VI e VII do art. 790 respondem com seu patrimônio sem figurarem no pólo passivo da
execução.
Liebman qualifica esta forma de responsabilidade processual de responsabilidade executória
secundária, tal como o Prof. Araken de Assis se reportou. Vejamos:
Os bens do sucessor a título singular (por negócio oneroso ou gratuito) são atingidos por execução
de título judicial ou extrajudicial fundada em direito real ou por obrigação reipersecutória.
A execução fundada em direito real é a interposta quando se lesiona algum direito real como por
exemplo, a propriedade, a hipoteca, o usufruto (art. 1.225 do CCB). Neste caso o credor pode exercer seu
DIREITO DE SEQUELA, buscando o bem onde quer que ele esteja.
Observações:
É sempre sobre o bem que recai a execução forçada e não sobre o sucessor;
o negócio jurídico ocorrido durante a execução é sempre ineficaz.
Existem casos em que o sócio responde pelas dívidas da sociedade (empresa) e, por isso seus bens
particulares são atingidos pela execução. Quem enumera estes casos é o direito material, civil e comercial e esta
responsabilidade pode ser solidária ou subsidiária.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído
do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
Pode o juiz também decretar a desconsideração da personalidade jurídica da empresa quando for
comprovada em juízo a utilização abusiva da sociedade. Isso ocorrendo, os bens particulares dos sócios também
respondem pela execução.
Importa dizer que não é necessária a propositura de ação autônoma para se aplicar a
desconsideração da personalidade jurídica, isso pode ser feito de FORMA INCIDENTAL nos próprios autos da
ação de execução.
→ O Benefício de ordem
CPC: Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão
nos casos previstos em lei.
13
§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de
exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.
§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da sociedade situados
na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo.
§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do incidente
previsto neste Código.
CC: Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,
excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
Das Relações com Terceiros
Art. 1024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade,
senão depois de executados os bens sociais.
Esta responsabilidade dos sócios é considerada secundária e excepcional posto que quando
ocorre, deve-se primeiramente cobrar a dívida diretamente da sociedade. Este é o chamado benefício de
ordem. Igual direito socorre ao fiador, nos termos do art. 794 e parágrafos, do NCPC.
Quando o sócio for alegar o benefício de ordem, deve nomear os bens da sociedade no prazo de 03
dias assinado no mandado executivo para pagamento, por aplicação analógica do art. 829 22 caput do NCPC. Se
não o fizer, perde este direito.
OBS: na sociedade de fato e na sociedade irregular o sócio não pode se valer do benefício de ordem por
questões óbvias.
A execução pode recair sobre os bens do devedor que estiverem em poder de terceiros, até porque,
se o bem é do próprio devedor, ainda que esteja em poder de terceiro (casos de detenção, comodato, locação),
obviamente a responsabilidade recairá sobre o mesmo.
O cônjuge também responde nos casos em que seus bens próprios, reservados ou de sua meação
respondem pela dívida.
A regra é a INCOMUNICABILIDADE das dívidas assumidas por um só dos cônjuges. Entretanto, o
cônjuge responde pelas dívidas contraídas pelo outro, se estas dívidas tiverem beneficiado o casal e/ou
família, independente do regime de bens. Trata-se de uma presunção relativa – juris tantum.
CC: Art. 1658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal,
na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.
Para se ver livre desta responsabilidade, excluindo sua meação da execução, deve o cônjuge opor
EMBARGOS DE TERCEIROS23 provando que não houve favorecimento.
Podem ser citados 2 casos que afastam esta presunção, fugindo da regra desta responsabilidade de
dívida:
- Débito decorrente de aval: No caso da dívida se fundar em aval, o cônjuge só responde se
tiver outorgado este;
- Débito decorrente de ato ilícito praticado pelo cônjuge: No caso de dívida originada de ato ilícito
praticado pelo seu cônjuge.
22
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.
§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo
verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz,
mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
23 Art. 1046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos
como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhe
sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.
§ 3º Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação.
14
V e VI: Responsabilidade patrimonial do adquirente
Recai também a execução sobre os bens alienados ou gravados em ônus real em fraude de execução.
Vejamos como o artigo 792 do NCPC considera a FRAUDE DE EXECUÇÃO:
A fraude de execução ocorre quando o devedor aliena ou onera bens ou direitos em prejuízo do(s)
credor(es), tanto a título ONEROSO (compra e venda, permuta), quando a título GRATUITO (doação).
Neste caso, é considerado fraude de execução pois se aliena ou onera bem sub judice e este negócio
jurídico é considerado ineficaz, recaindo sobre o credor o direito de seqüela – o valor remanescente da alienação
em hasta pública do bem penhorado.
CC: Art. 1419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia
fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
II- Alienação ou oneração de bens do devedor quando contra ele corre demanda capaz de
reduzi-lo à insolvência24
Os atos de venda, doação, hipoteca, alienação fiduciária, etc, que reduzirem o devedor à insolvência
ou a agravarem, consideram-se fraude de execução e por isso são considerados ineficazes perante o credor,
como se vê do seguinte julgado:
24
Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída,
onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219
depois que for validamente citado.
15
AGRAVO DE INSTRUMENTO - FRAUDE À EXECUÇÃO - REQUISITOS OBJETIVOS - ALIENAÇÃO DE
BEM NO CURSO DO PROCESSO - INEXISTÊNCIA DE OUTROS BENS PENHORÁVEIS - PRESUNÇÃO
DE INSOLVÊNCIA. - A simples alienação de bem penhorável, ao tempo em que havia demanda
de qualquer natureza (cognitiva, executiva ou cautelar) capaz de reduzir o devedor à insolvência,
caracteriza FRAUDE À EXECUÇÃO - Ao contrário da fraude contra credores, a FRAUDE À
EXECUÇÃO não exige qualquer requisito subjetivo (consilium fraudis) - seja no
tocante à intenção do terceiro-adquirente ou do devedor-alienante. - Presume-se a
insolvência quando o devedor não possui outros bens livres e desembaraçados para nomear à
penhora, cabendo a ele demonstrar o contrário. (AGRAVO N° 1.0024.95.075826-8/001 -
COMARCA DE BELO HORIZONTE, Relator: Dês. Fábio Maia Viani,18ª Câmara Cível, TJMG,
04/12/07).
Portanto, não basta a mera alienação, ainda que do único bem penhorável do devedor, quando ao
tempo da alienação ou oneração, corria contra ele demanda capaz de reduzi-lo à insolvência. OU deve ter havido
o registro da penhora OU a prova da má-fé do 3º adquirente.
Para o Código Tributário Nacional bastaria a alienação SEM que haja bem ou renda suficiente para
o pagamento da dívida:
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,
por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente
inscrito como dívida ativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo
devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.
• a penhora sobre crédito do art. 856 do NCPC (§ 3º Se o terceiro negar o débito em conluio com o executado,
a quitação que este lhe der caracterizará fraude à execução);
16
• a contratação ou a prorrogação de locação de IMÓVEL ALIENADO FIDUCIARIAMENTE por prazo superior a
um ano sem concordância por escrito do fiduciário = art. 37-B da Lei n. 9.514/9725;
• os negócios de disposição após a averbação prevista no art. 82826 do NCPC;
• os já citados atos de alienação após a inscrição da dívida ativa – art. 185 do CTN.
Típico caso de responsabilidade patrimonial. E, por isto, a lei garante ao fiador o benefício de
ordem, ou seja, no prazo de 3 (três) dias a partir da sua citação, o fiador pode nomear à penhora os bens livres
e desembaraçados do devedor. Contudo, se os bens do devedor não forem suficientes, o credor pode excutir os
bens particulares do fiador.
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os
bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os
pormenorizadamente à penhora.
§ 1º Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma comarca
que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
§ 2º O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.
§ 3º O disposto no caput não se aplica se o fiador houver renunciado ao benefício de ordem.
CPC: Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro
responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube.
CC: Art. 1997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha,
só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube.
§ 1º Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de dívidas constantes
de documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo prova bastante da obrigação, e
houver impugnação, que não se funde na alegação de pagamento, acompanhada de prova
valiosa, o juiz mandará reservar, em poder do inventariante, bens suficientes para solução do
débito, sobre os quais venha a recair oportunamente a execução.
§ 2º No caso previsto no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a iniciar a ação de
cobrança no prazo de trinta dias, sob pena de se tornar de nenhum efeito a providência indicada.
Fraude contra credores e fraude de execução (ou fraude à execução) constituem institutos jurídicos
diferentes apesar de possuírem como objeto a diminuição do patrimônio do devedor em detrimento do(s)
credor(es).
25
LEI Nº 9.514, DE 20 DE NOVEMBRO DE 1997 DOU 21/11/1997, ret. DOU 24/11/1997) Dispõe sobre o Sistema de Financiamento
Imobiliário, institui a alienação fiduciária de coisa imóvel e dá outras providências. [...]
Art. 37-B. Será considerada ineficaz, e sem qualquer efeito perante o fiduciário ou seus sucessores, a contratação ou a prorrogação de
locação de imóvel alienado fiduciariamente por prazo superior a um ano sem concordância por escrito do fiduciário.
26 Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da
causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o
cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.
§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2º indenizará a parte
contrária, processando-se o incidente em autos apartados.
27 Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra
17
→ A FRAUDE CONTRA CREDORES é um instituto de direito material regulado pelo Código Civil
como um defeito do negócio jurídico. São consideradas como formas de fraude contra credores:
Para desconstituir o negócio jurídico que frauda credor deve ser ajuizada a Ação Pauliana ou Ação
Revocatória, para coibir a conduta do devedor de praticar atos que afetem a medida da garantia patrimonial que
a lei assegura imediata tutela ao credor prejudicado, e, que se destina à restauração da garantia patrimonial
desfalcada por ato fraudulento do devedor.
O exercício vitorioso da pauliana restabelece, portanto, a responsabilidade dos bens alienados em
fraude contra credores. Dois são os requisitos para a Ação Pauliana:
o eventus damni consistente no prejuízo suportado pela garantia dos credores, diante da
insolvência do devedor, e
o consilium fraudis, que é o elemento subjetivo, que vem a ser o conhecimento, ou a consciência,
dos contraentes de que a alienação irá prejudicar os credores do transmitente, desfalcando o seu
patrimônio dos bens que serviriam de suporte para a eventual execução.
Assim, somente por meio de ação judicial que se logra a repressão à fraude cometida contra os
credores – Ação Pauliana ou Revocatória, para anular o negócio jurídico.
CC: Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de
ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo
o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Pode ser reconhecida nos próprios autos da ação em andamento, sendo desnecessária a Ação
Pauliana como no caso da fraude contra credores. Gera a nulidade do ato jurídico. Vejam a jurisprudência:
18
capaz de reduzi-lo à insolvência; c) nos demais casos expressos em Lei (art. 593, I a III. CPC).
Na fraude a execução, é presumido o concilium fraudis. Não se cogita da boa ou má- fé
do adquirente do bem do devedor, para figurar a fraude. Basta a certeza de que, ao
tempo da alienação, já corria demanda capaz de alterar-lhe o patrimônio, reduzindo-
o à insolvência. Proposta a execução, desnecessária a inscrição da penhora para a ineficácia
de venda posteriormente feita, sendo suficiente o desrespeito a ela, por parte do executado.
Pondere-se, ainda, que a fraude a execução pode ser declarada incidentalmente no processo
de execução, independentemente de ação específica. A segunda hipótese quando, ao tempo da
alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência é
aplicável no processo trabalhista. Essa situação envolve dois elementos simultâneos: a) à época
da alienação ou da oneração dos bens existir contra o devedor certa demanda judicial; b) que
dita ação seja capaz de torná-lo insolvente. O fato de existir uma demanda contra o devedor não
é motivo plausível para a concretização da fraude a execução. É necessário que a venda ou
qualquer ato de oneração implique em ficar o patrimônio do devedor afetado pelo ato,
a ponto de ficar impossibilitado para solver a obrigação. (...) Nessas situações, impõe- se
ao Judiciário Trabalhista o reconhecimento da fraude a execução, com a determinação da
ineficácia do negócio jurídico em relação ao credor, inclusive, com os atos de registro do
cancelamento da transcrição ou inscrição no Registro de Imóveis. 2. As duas compras e vendas
mencionadas na fundamentação da exordial dos embargos de terceiro, de forma objetiva,
ocorreram após a propositura da demanda, logo se tem o primeiro requisito da caracterização da
fraude à execução. Por outro lado, a compra e venda, diante da ausência de outros bens do
sócio, como devedor, implica na caracterização da sua insolvência, logo, tem-se a presença do
segundo requisito da caracterização da fraude à execução . Como a caracterização da fraude à
execução não necessita da análise da boa-fé ou da má-fé do comprador, consoante o teor do
tópico acima, a alegada boa-fé da embargante não desconfigura o teor da decisão lançada às fls.
149. Portanto, rejeito na íntegra o presente agravo de petição. (TRT 02ª R.; AP 01379; Ac.
20030608265; Quarta Turma; Rel. Juiz Francisco Ferreira Jorge Neto; Julg. 04/11/2003; DOESP
14/11/2003)
Em comum nas fraudes, têm-se a invalidade do negócio jurídico firmado, posto que é considerado
ineficaz perante o credor (NÃO É ANULADO).
O artigo 793 do NCPC preceitua que o credor que estiver na posse de bem pertencente ao devedor
por direito de retenção, deve promover primeiro a execução dos bens retidos e só depois, caso sobre saldo
remanescente excutir outros bens do devedor:
CPC: Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente
ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa
que se achar em seu poder.
CC: Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso
consentimento do locador.
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o
líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
Art. 708. Para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões
devidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude
da comissão.
Art. 1219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias
e úteis.
Art. 1423. O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não
for paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição.
O DIREITO DE RETENÇÃO é exercido quando o credor retém de forma legal os bens do devedor
para garantir o adimplemento da obrigação.
19
Se ocorrer de forma contrária ao dispositivo legal, deve o devedor opor Embargos à Execução no
caso de Execução Extrajudicial e Impugnação no caso de cumprimento de sentença.
Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua LIQUIDAÇÃO, que poderá
ser feita por CÁLCULO (contador), por ARBITRAMENTO ou POR ARTIGOS.
Não havendo fato novo a se provar, processa-se a liquidação de sentença por CÁLCULO DO
CONTADOR, prescindindo as partes de apresentarem os seus, pois sobre aqueles falarão na oportunidade
que lhes for concedida, aprovando-os ou impugnando-os.
Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria
pertinente à causa principal, nos termos do artigo 509 do NCPC.
6. ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO
Nem sempre um título executivo, seja extrajudicial seja judicial apresenta a liquidez exigida (artigo
783 do NCPC), ou seja, não é possível afirmar de pronto o quê, a espécie, qualidade, quantidade ou valor da
coisa do que se deve no título ou no objeto da condenação.
Para os títulos executivos EXTRAJUDICIAIS o artigo 798 do NCPC, prevê expressamente que o
credor deverá instruir a petição inicial com o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da
ação, quando se tratar de execução por quantia certa, indicando:
28
BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil : tutela jurisdicional executiva, 3. 3. ed.
rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 139
20
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
Já para os títulos executivos JUDICIAIS, segundo os artigos 509/512 de nosso NOVO CPC – Lei
13.105, de 16/3/2015 (DOU 17/3/2015):
DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua
liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou
exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover
simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá
promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados
programa de atualização financeira.
§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a
julgou.
Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de
pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano,
nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial.
Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido,
na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para,
querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que
couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.
Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em
autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das
peças processuais pertinentes.
Mas o importante é destacar que aqui, na fase de liquidação, NÃO SE INICIA NOVO PROCESSO,
tanto que o devedor é apenas intimado.
A liquidação por artigos será utilizada sempre que houver necessidade de se alegar ou provar
fato novo, considerado como todo evento que tenha ocorrido após a propositura da ação ou depois da realização
de determinado ato processual. Assim, em caso da necessidade de provar fato novo, lança-se mão da liquidação
por artigos, que seguirá o procedimento comum, o que na verdade sempre foi discussão, mas que se chegou a
conclusão, principalmente após a edição da Lei 8.898/94, que o procedimento a ser adotado seria o ordinário.
Para Araken de Assis: “liquida-se por artigos quando o credor houver de provar fato novo ou se as
outras modalidades se revelarem inadequadas e insuficientes.”
21
Essa modalidade de liquidação dá-se quando for determinado pela sentença ou convencionado
pelas partes, ou, ainda, o exigir a natureza do objeto da liquidação.
Tal modalidade serve a parte quando a apuração do quantum da condenação dependa da realização
de perícia por arbitramento. Trata-se de trabalho técnico, normalmente entregue aos cuidados de profissional
especializado em determinada área de conhecimento científico, pelo qual se vai determinar a extensão ou o valor
da obrigação constituída pela sentença ilíquida. Esta modalidade de liquidação se relaciona com as formas de
reparação do dano e os meios para avaliá-lo. Lança-se mão da liquidação por arbitramento quando se visa
alcançar através de perícia, determinado valor, independentemente de produção de novas provas, como, por
exemplo, no caso de um acidente de trânsito, onde não se possa mais retificar o veículo e na decisão da ação
ordinária o magistrado declara o direito e condena ao pagamento de um veículo de valor equivalente, poderá o
magistrado determinar que a liquidação seja feita por arbitramento.
Após o trânsito em julgado da ação ordinária, tocará ao credor liquidar por arbitramento, cabendo
ao juiz nomear perito que arbitrará o valor do veículo, através de uma perícia. Em suma, caberá ao devedor
efetuar o pagamento do equivalente pecuniário ao veículo, através do seguinte procedimento: requerida a
liquidação, o juiz nomeará perito e fixará prazo para a entrega do laudo e, após apresentado o laudo, as partes
manifestar-se-ão no prazo de 5 (dez) dias, e o juiz proferirá decisão ou designará audiência, se existir alguma
dúvida.
No rito da Lei 9.099/95 – JESP, não é possível a prolação de sentença ilíquida, nos termos do
parágrafo único do art. 38:
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos
relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o
pedido.
Também havia essa previsão no rito sumário do CPC, que foi revogado. Agora, seu Livro I (DO
PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA) adota um PROCEDIMENTO COMUM (Título
I): “Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou
de lei.”, continuando a prever casos onde o procedimento é especial (Título II, artigos 539/770).
Os casos do extinto procedimento comum sumário ficaram relegados ao rito dos Juizados Especiais
Cíveis (Lei 9.099/95) até a edição de lei específica vindoura (art. 1.06329, NCPC).
8. CONCLUSÕES
Assim, e apesar do processo de conhecimento ter reconhecido o direito e/ou do título executivo
extrajudicial estampar a obrigação de cada contratante, pode ser necessária a quantificação do direito
(título executivo judicial) ou da obrigação (título executivo extrajudicial), ocasião em que as partes lançarão
mão da chamada fase de “liquidação”.
há alguns casos onde a decisão judicial é ilíquida ante ao fato do pedido ser ilíquido (art. 286 30, CPC),
mormente nos seguintes casos: quando se tratar de ações universais, se não puder o autor individuar na petição
29
Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os juizados especiais cíveis previstos na Lei n o 9.099, de 26 de setembro de
1995, continuam competentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei n o 5.869,
de 11 de janeiro de 1973.
30
Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:
22
os bens demandados, quando não foi possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do
fato ilícito, ou, quando a determinação do valor da condenação de ato que deva ser praticado pelo réu;
Nesses casos é necessário LIQUIDAR a sentença, através da liquidação de sentença, que não é mais
processo autônomo, e sim um incidente preambular do processo executivo, eis que com o advento da Lei
11.232/05, não se fala mais em citação, mas tão-somente intimação, bem como não se fala mais em sentença,
mas de decisão, atacável por agravo.
tal incidente visa chegar a um quantum, que se pode dar de 3 formas: cálculos, artigos ou arbitramento.
9. Considerações gerais
Mas é certo que também a demanda executiva se orienta pelo PRINCÍPIO DA INÉRCIA - nemo judex
sine actore – de sorte o processo e a jurisdição só são movidos, quando provocados pela parte. Logo pelo também
denominado PRINCÍPIO DA NECESSIDADE DA DEMANDA, conforme deflui do idioma latim, dir-se-á: “ne procedat
iudex ex officio”.
Nemo iudex sine actore – não há Juízo sem autor (arts. 2º do NOVO CPC – Lei 13.105,
de 16/3/2015 – DOU 17/3/2015)
Já, pelo PRINCÍPIO DA IMPULSÃO DO PROCESSO dá-se quando o Juiz o movimenta, independente
do querer das partes. Denomina-se igualmente, tal princípio também de Princípio da oficialidade ou oficiosidade
ou IMPULSO OFICIAL, tal como previsto na parte final do art. 262 do CPC.
O Processo de Execução tem como partes: o credor e o devedor figurantes no título executivo, com
as extensões previstas em lei (arts. 778 e 779 do NCPC). Também poderá ajuizar o Ministério Público nos moldes
do permissivo legal.
A causa petendi versará a formação e caráter da obrigação inserta no título executivo extrajudicial,
além de apontar seu inadimplemento (art. 786, caput, NCPC).
Ao pedido incumbirá protesto pela providência jurisdicional (executiva) como meio de obtenção do
resultado prático correspondente ao cumprimento obrigacional.
O acúmulo ou cúmulo objetivo é permitido ainda que diversos os títulos, desde que competente o
mesmo juízo e idêntico o rito procedimental (art. 780, NCPC).
O valor da causa não suscita dúvidas na execução por quantia certa, ou seja, será o valor da quantia
que é devida pelo executado – quantum debeatur.
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
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d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe
assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão
mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro
de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros
utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a
penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre
bem gravado por usufruto, uso ou habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em
relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito
aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de
superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real
de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície,
enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície,
enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso,
quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de
sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de
constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
Mas, além daqueles requisitos da petição inicial previstos no artigo 319 do NCPC, a petição inicial do
Processo de Execução tem alguns requisitos específicos, que veremos mais adiante.
A Ação de execução está sujeita, tanto quanto a Ação de Conhecimento, ao crivo das condições e
pressupostos processuais para o exercício e a instauração do Processo de Execução.
obrigação de fazer, de não fazer, dar coisa certa, dar coisa incerta, obrigação de pagar quantia certa contra
devedor solvente, contra devedor insolvente (conforme determinado no art. 1.052 do Novo Código de
Processo Civil, até que seja editada lei específica, "as execuções contra devedor insolvente, em curso ou que
venham a ser propostas" permanecem reguladas pelo Título IV do Livro II deste Código de 1973).
24
O interesse processual – interesse de agir – deve encerrar a necessidade da prestação jurisdicional
à satisfação da obrigação. Assim, exige-se do credor/Exeqüente apresentação de título executivo extrajudicial,
com executividade preservada (não há interesse processual diante de um título prescrito), bem assim indicação
de renitência do devedor, ou seja, do não cumprimento daquela obrigação = INADIMPLEMENTO.
A LEGITIMIDADE ATIVA para a execução, via de regra, é outorgada ao credor a quem confere a lei
título executivo, nos termos do art. art. 778, caput, do NCPC.
Além daqueles requisitos da petição inicial previstos nos artigos 319/320 e seguintes do NCPC, a
petição inicial do Processo de Execução tem alguns requisitos específicos.
De início destacamos que a eventual deficiência da petição inicial da ação de execução poderá
ensejar a sua EMENDA, nos termos do art. 801 do NCPC, in verbis:
Art. 801. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos
documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a
corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento.
identificação de partes;
narrativa da causa de pedir; e
o pedido.
É DESNECESSÁRIO o protesto por produção de provas uma vez que o crédito emana de
reconhecimento em juízo (título judicial) ou presunção legal (título extrajudicial).
Além do título, se provará a verificação da condição ou ocorrência do termo com documentação que
acompanhará a inicial.
O requerimento de citação do executado é requisito formal que deverá integrar a peça, embora
a omissão despercebida pelo juiz que a defere sublime a irregularidade.
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Enfim, deverá se atribuir valor à execução, com norte no princípio de identidade com o benefício
econômico perseguido, observando o valor normalmente constante do título executivo extrajudicial, na exata
dicção dos arts. 29131 e 292 do NCPC, aplicados subsidiariamente.
Assim, além de preencher os requisitos gerais (arts. 319/320, NCPC), a petição inicial no processo
de execução deverá estar acompanhada do título executivo extrajudicial (art. 798, I, NCPC: nulla executio
sine titulo) bem assim com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação,
quando se tratar de execução por quantia certa (art. 798, I, “b”, NCPC).
Na EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA deverá o credor aparelhar sua petição inicial com memória de
cálculo atualizado da dívida. A operação aritmética poderá integrar a própria peça ou vir materializada em
documento apartado.
O demonstrativo deverá indicar o DÉBITO PRINCIPAL e seus ACESSÓRIOS, bem como índices
utilizados e critério empregado para evidenciar a evolução da dívida.
Por exemplo:
31 Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se
houver, até a data de propositura da ação;
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DEMONSTRATIVO ATUALIZADO DO DÉBITO:
Art. 1º. A correção monetária incide sobre qualquer débito resultante de decisão judicial,
inclusive sobre custas e honorários advocatícios.
§ 1º. Nas execuções de títulos de dívida líquida e certa, a correção será calculada a contar do
respectivo vencimento.
Além dos requisitos formais específicos da ação/processo de execução previstos no art. 798 do ncpc,
o art. 799 do ncpc traz exigências complementares que podem freqüentar a inicial da ação de execução diante
da peculiaridade do caso:
Sendo possível ao credor promover através de meios diversos, deverá indicar qual deles pretende
imprimir. Um exemplo disto se dá no caso da execução de alimentos que comporta duas vias (arts. 911/913
do NOVO CPC).
Quando desde já indicar bem à penhora para a hipótese de não nomeação do executado, incumbirá
ao Exequente requerer intimação de eventual credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou usufrutuário com
direito gravado sobre o bem, sob pena de NULIDADE da alienação de tal bem, nos termos do art. 804 caput do
NCPC:
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou anticrese será ineficaz em relação
ao credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não intimado.
§ 1º A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou de cessão registrada será
ineficaz em relação ao promitente comprador ou ao cessionário não intimado.
§ 2º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito de superfície, seja do solo, da
plantação ou da construção, será ineficaz em relação ao concedente ou ao concessionário não
intimado.
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§ 3º A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa de venda, de promessa de cessão
ou de alienação fiduciária será ineficaz em relação ao promitente vendedor, ao promitente cedente
ou ao proprietário fiduciário não intimado.
§ 4º A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfiteuse, concessão de uso especial
para fins de moradia ou concessão de direito real de uso será ineficaz em relação ao enfiteuta ou
ao concessionário não intimado.
§ 5º A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de direito real de uso ou do
concessionário de uso especial para fins de moradia será ineficaz em relação ao proprietário do
respectivo imóvel não intimado.
§ 6º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto, uso ou habitação será ineficaz
em relação ao titular desses direitos reais não intimado.
Com relação ao protesto por medidas acautelatórias (art. 799, NCPC), não se consubstancia
requisito da petição inicial, mas sim FACULDADE do exequente quando caracterizada situação que possa
redundar perecimento de seu direito.
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com
identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de
veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as
averbações efetivadas.
§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente
providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não
penhorados.
§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o
exequente não o faça no prazo.
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada
após a averbação.
§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as
averbações nos termos do § 2º indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em
autos apartados.
O objetivo dessa averbação é fazer presumir em fraude à execução, nas ações pessoais, já
que nas ações reais e nas reipersecutórias há um bem identificado no patrimônio do devedor sobre o qual se
volta a pretensão executiva (art. 792, i, ncpc), e, qualquer alienação de bens posterior a essa data, presume-se
fraude, dispensada a prova de insolvência.
E, pelo § 4º do art. 828 do NCPC, a alienação ou oneração de bens, após efetuada a respectiva
averbação, poderá ser considerada fraudulenta, nos moldes do artigo 79232 do NCPC.
32
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha
sido averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi
arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para
a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade
se pretende desconsiderar.
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro,
no prazo de 15 (quinze) dias.
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Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de
constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
OBS: A não comunicação da averbação pelo exequente ao juízo, por si só, não descaracteriza a fraude. Isso
porque os efeitos da averbação produzem-se fora do processo e perante terceiros, destinando-se a comunicação
ao juízo tão só a propiciar o oportuno cancelamento por ordem judicial.
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em
observância ao disposto no § 2 o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por
juízo incompetente.
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação.
E, a pretensão a executar prescreve no prazo da ação, nos termos da Súmula n. 150 do E. Supremo
Tribunal Federal – STF: Súmula nº 150. Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a
promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de
credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu,
ou do último ato do processo para a interromper.
Ocorre que é REGRA que nos processos de Execução a citação SOMENTE se dê por Oficial de Justiça,
nos termos do art. 830 do NCPC:
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da
citação.
§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem
cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de
tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados
pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será
menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens
quantos bastem para garantir a execução.
§ 1º Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado
2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora
certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2º Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com
hora certa.
§ 3º Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em
penhora, independentemente de termo.
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e
398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que
proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
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§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para
viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º.
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos
extintivos previstos em lei.
Portanto, e nos termos do citado art. 802 do NCPC, o despacho que ordena a citação interrompe a
prescrição, desde que a citação seja válida (§ 2o do art. 240, NCPC).
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á...
E o CPC prevê:
Art. 922. Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o prazo concedido pelo
exequente para que o executado cumpra voluntariamente a obrigação.
Art. 923. Suspensa a execução, não serão praticados atos processuais, podendo o juiz,
entretanto, salvo no caso de arguição de impedimento ou de suspeição, ordenar providências
urgentes.
33
Op. cit. p. 518-519
30
O fundamento da prescrição no curso do processo, isto é, da prescrição intercorrente,
localiza-se na necessidade social de não expor o executado, indefinidamente, aos
efeitos da litispendência.
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que
se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar
outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já
determinados.
Mas dissemos desde o início dos estudos que o Processo de Execução visa CONCRETIZAR o direito
do credor/exequente estampado no título executivo, seja judicial ou extrajudicial, até porque há outro princípio
envolvido, o PRINCÍPIO DO RESULTADO estampado no art. 797 do NCPC, in verbis:
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal,
realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de
preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente
conservará o seu título de preferência.
Porém, esta concretização ou essa realização deve observar os demais princípios infra e
constitucionais.
Trata-se de diretriz que, em última análise, deriva do princípio da ampla defesa, de estatura
constitucional.
O conflito resultante dos princípios apresentados anteriormente tem, em última análise,
fundamento constitucional bem claro, não obstante seu assento no modelo infraconstitucional do
processo civil nos arts. 612 e 620, respectivamente: trata-se do mesmo conflito que se pode
verificar entre o “princípio da efetividade da jurisdição” e o “princípio da ampla defesa”.
Se, de um lado, a tutela jurisdicional executiva caracteriza-se pela produção de resultados
materiais voltados à satisfação do exeqüente, a atuação do Estado-juiz não pode ser produzida
ao arrepio dos limites que também encontram assento expresso no “modelo constitucional do
processo civil”.
A “execução equilibrada” aqui examinada, destarte, não é, propriamente, um “princípio” da tutela
jurisdicional executiva mas, diferentemente, um verdadeiro resultado desejável da escorreita
aplicação, em cada caso concreto, dos princípios do “resultado” e da “menor gravosidade da
execução”.
Art. 867. O juiz pode ordenar a penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel
quando a considerar mais eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado.
34
Op. cit. p. 56-57
31
Nº 417. Mandado de segurança. Penhora em dinheiro.
I - Não fere direito líquido e certo do impetrante (devedor) o ato judicial que determina
penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir crédito exeqüendo,
uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC.
II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado
direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio
banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC.
III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a
determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o
executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos
termos do art. 620 do CPC.
Agora, na vigência do NOVO CPC, o art. 515 relaciona os TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos
previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem
sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória
pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da
sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar
sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.
[...] o claro objetivo do legislador foi colocar no mesmo plano os mecanismos disponíveis para o
cumprimento de todas as espécies de sentenças condenatórias, abandonando a idéia de que a
implementação de tais sentenças devesse passar pelo processo (formal) de execução, com nova
citação do devedor, que poderia embargar (ação de embargos do devedor) a execução com a
necessária conseqüência de suspender o fluxo normal das medidas de expropriação.
A idéia era perfeita: dar ao juiz os poderes necessários para fazer valer sua sentença
condenatória, independentemente de execução.
[...] o resultado deixou a desejar, pois o legislador acabou criando, em verdade, dois métodos
bem diferentes e apartados de fazer cumprir sentenças condenatórias: o primeiro, ligado às
sentenças condenatórias, objetivando obrigações de fazer, não fazer, entregar coisa
certa e incerta é ágil, poderoso, irresistível; o segundo, tendo por alvo as obrigações de pagar
quantia, continua lento, balofo e desajeitado.
35
Carlos Alberto Carmona. Quinze anos de reforma no Código de Processo Civil. in: Reflexões sobre a Reforma do
Código de Processo Civil – estudos em homenagem a Ada Pellegrini Grinover, Cândido R. Dinamarco e Kazuo Watanabe.
São Paulo: Atlas, 2007, p. 45.
32
15. Títulos executivos JUDICIAIS
A partir da vigência da Lei 11.232/2005, não mais se fez necessária a citação do Executado
(procedimento dispendioso e protelatório), apenas cumpre-se o que foi decidido no processo, tendo
referida lei alterado o CPC/1973 passando a prever que:
Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou,
tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos
deste Capítulo.
Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas
que regem o processo de execução de título extrajudicial.
Assim, a execução da sentença, que era realizada em processo apartado, passou a ser configurada
como uma “mera” fase do processo de conhecimento, denominada de CUMPRIMENTO DA SENTENÇA.
E, resolvida a denominada “crise de certeza” com a prolação de uma sentença de mérito, impõe-se
agora que tal sentença seja cumprida, ou seja, o Poder Judiciário, através do Estado-juiz, fará o devedor cumprir
coercitivamente aquilo que ficou decidido no processo, quer seja uma obrigação de fazer ou não fazer, dar
coisa ou obrigação de pagar.
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se,
no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste
Código.
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou
definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando
não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246, não tiver procurador constituído
nos autos;
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento.
§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor
houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no
parágrafo único do art. 274.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano do trânsito em
julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso
de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o disposto no
parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo.
§ 5º O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do
coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.
E, conforme determina o ncpc, o juiz ou concede a tutela específica (o pedido do autor) ou determina
providência na busca do resultado prático equivalente (algo próximo do pedido do autor):
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem
a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração
ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de
dano ou da existência de culpa ou dolo.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente
para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.
33
ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à
satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a
imposição de multa (astreintes), a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar
o auxílio de força policial. (Rol exemplificativo)
§ 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais
de justiça, observando-se o disposto no art. 846, § 1º a 4º, se houver necessidade de
arrombamento.
§ 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente
descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não
fazer, aplica-se o art. 525, no que couber.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que
reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que
seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa
vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para
o descumprimento.
§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.
§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada
em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte.
§ 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e
incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que
reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
Além da multa diária – astreinte – que podem ser impostas pelo Juiz ao Executado, nos termos do
§ 1º do art. 536 e 537, NCPC, o § 1º do art. 536 também traz um ROL EXEMPLIFICATIVO de medidas que o Juiz
poderá determinar, ex officio ou a requerimento, para fazer vergar a vontade do Executado.
Porém, para a cobrança da multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer,
aplica-se a Súmula n. 410 do STJ:
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que
julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da
declaração não emitida.
34
15.3 Cumprimento de sentença = OBRIGAÇÃO DE DAR/ENTREGAR COISA
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente
o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção
de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração
ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de
dano ou da existência de culpa ou dolo.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o
autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber
ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou
se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
35
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.
Por outro lado, existem obrigações de fazer que, objetivamente, só o obrigado consegue prestar,
em geral, mostram-se insub-rogáveis. Nessas hipóteses, antecipando as dificuldades ulteriores,
o credor já pede na ação condenatória o equivalente pecuniário, caso não almeje utilizar a coerção
patrimonial.
Vejam que o juiz também pode fixar prazo com astreintes, sempre na tentativa da entrega da
prestação jurisdicional específica, senão, se tal não for possível (o executado não detém mais a coisa), a
obrigação se converterá em perdas e danos, sem prejuízo da multa/astreintes.
36
16. Do título executivo judicial que determina a OBRIGAÇÃO DE PAGAR
O cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa é disciplinado pelos artigos 523/527
do ncpc, e, subsidiariamente, pelas normas do título extrajudicial (livro ii, do cpc):
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se,
no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste
Código.
LIVRO II
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas
disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos
atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos
de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.
Relativamente, então, à esta obrigação de pagar quantia certa, determinada num título judicial,
o ncpc prevê:
36
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da
sentença, processo cautelar e tutela de urgência. 45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. pp. 47-48.
37
afirma que “a execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor,
a fim de satisfazer o direito do credor”.
Se o credor dispõe de título executivo extrajudicial (art. 585), não necessita de utilizar
o processo de conhecimento. Ingressa em juízo, diante do inadimplemento,
diretamente no processo de execução, por meio do exercício da ação executiva
autônoma. À falta de tal título, terá de obter, em processo de conhecimento, a
sentença condenatória, para em seguida atingir o patrimônio do devedor. Não terá,
porém, de passar pelo ajuizamento de ação executiva separada para chegar aos atos
expropriatórios. Por força da própria sentença condenatória dar-se-á a expedição, após
o transcurso do prazo de pagamento voluntário, do mandado de penhora e avaliação
dos bens necessários á satisfação do direito do credor (art. 475-J).
O motivo da multa de 10% sobre o valor do débito é muito bem explicado por Araken de Assis:
Não tem cabimento a multa se o cumprimento da prestação se der dentro dos quinze dias
estipulados pela lei. Vê-se, destarte, que o pagamento não estará da dependência de
requerimento do credor. Para evitar a multa, tem o devedor que tomar a iniciativa de cumprir a
condenação no prazo legal, que flui a partir do momento em que a sentença se torna
exeqüível em caráter definitivo.
A multa em questão é própria da execução definitiva, pelo que pressupõe sentença
transitada em julgado. Durante o recurso sem efeito suspensivo, é possível a execução
provisória, como faculdade do credor, mas inexiste, ainda, a obrigação de cumprir
espontaneamente a condenação para o devedor. Por isso não se pode penalizá-lo com a multa
pelo atraso naquele cumprimento.
É princípio informativo de toda execução que esta corre às custas do executado. É isto o que prevê
o art. 831 do NCPC:
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do
principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
Portanto, além dos honorários advocatícios cabíveis por ocasião da sentença (de procedência ou
não), por força do disposto no art. 85 do NCPC (princípio da causalidade), na fase de cumprimento haverá
novo arbitramento de honorários, já que há um novo trabalho a ser desenvolvido pelo advogado, para forçar
o executado a pagar o seu débito.
Ocorre que para a execução dos títulos judiciais onde há condenação de obrigação de pagar, que
se dá numa fase processual denominada de “cumprimento da sentença”, o credor/exequente foi obrigado a atuar
no processo em busca da satisfação da dívida, razão pela qual, repita-se, o advogado continua atuando no feito,
havendo de ser remunerado por isso.
É certo que a fixação da verba honorária prevista na sentença, por óbvio, somente levou em
consideração o trabalho desenvolvido até aquela fase do processo, já que o Juiz não pode presumir que haverá
o pagamento espontâneo, o que é esperado, ou que será necessária sua atuação para compelir o
devedor/executado a tal.
38
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de
decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15
(quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de
multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos
no § 1º incidirão sobre o restante.
39
a função de conhecimento, o grau de estabilidade deste tipo de título diminui de modo dramático.
O principal sintoma da fragilidade se encontra no regime heterogêneo da oposição do executado,
que contra execução fundada em título extrajudicial, possui horizontes largos.
Extirpou o direito pátrio a cláusula executiva (pactum executivum; formula esecutiva;
Vollstreckungsklausel) do título.
Em síntese, a declaração das partes, seja para circunscrever determinado negócio documentado
à execução, seja para eliminá-lo da tutela executiva, é ineficaz perante o catálogo do art. 585 do
CPC. Tal vontade não institui e não exclui a ação porventura cabível. Previsto o documento
num dos tipos arrolados no art. 585, está autorizada a ação executória; escapando ele
ao catálogo legal, o documento se afigura imprestável para basear a demanda executória.
Identifica-se, portanto, o princípio da tipicidade do título executivo: a eficácia executiva
do negócio ou do ato jurídico dependerá, exclusivamente, da lei em sentido formal.
O título executivo judicial ou extrajudicial deve referir-se a obrigação com determinados atributos.
A obrigação nele retratada deve ser certa, exigível e líquida.
O título executivo não é (e nunca foi), ele mesmo certo, líquido e exigível. Bem diferentemente,
o título executivo é apenas o documento que representa uma obrigação, entendida amplamente
como sinônimo de relação jurídica, de dever e, mesmo, de “direito”, ela própria, a “obrigação”,
certa exigível e líquida.
O título executivo documenta uma dada obrigação e, desde que ela, a obrigação, seja certa,
exigível e líquida, é possível a execução, sempre entendida como a prática de atos jurisdicionais
tendentes à prestação concreta da tutela jurisdicional executiva, é dizer, da satisfação do
exeqüente, aquele que promove a execução.
De acordo com o princípio do título executivo, a tutela jurisdicional executiva depende sempre de
sua prévia definição em um “título executivo”, tenha ele origem judicial (art. 475-N) ou
extrajudicial (art. 585), consoante a distinção exposta pelo Capítulo 4. Sem título executivo,não
há execução: é o que atesta antigo aforismo latino: nulla executio sine titulo.
Também a partir da EC 45/2004 – Reforma do Poder Judiciário, a Lei nº 11.382 passou a fazer com
que o livro II do CPC tratasse exclusivamente da execução dos títulos extrajudiciais.
(...)
b) o Livro II passa a regrar somente as execuções por título extrajudicial, cujas normas, todavia,
aplicar-se-ão subsidiariamente ao procedimento de 'cumprimento' da sentença, conforme regra
constante do primeiro projeto já em tramitação na Câmara dos Deputados;
c) nas execuções por título extrajudicial teremos, após a citação para o pagamento
em três dias - e não sendo tal pagamento efetuado -, a realização (pelo oficial de
justiça) da penhora e da avaliação em uma mesma oportunidade, podendo o credor
indicar, na inicial da execução, os bens a serem preferencialmente penhorados.
d) nas execuções por título extrajudicial a defesa do executado - que não mais dependerá da
'segurança do juízo', far-se-á através de embargos, de regra sem efeito suspensivo (a serem
opostos nos quinze dias subseqüentes à citação), seguindo-se instrução probatória e
sentença; com tal sistema, desaparecerá qualquer motivo para a interposição da assim chamada
(mui impropriamente) 'exceção de pré-executividade'.
e) é prevista a possibilidade de o executado requerer, no prazo para embargos (com o
reconhecimento da dívida e a renúncia aos embargos), o pagamento em até seis
parcelas mensais, com o depósito inicial de trinta por cento do valor do débito;
f) quanto aos meios executórios, são sugeridas relevantíssimas mudanças. A alienação em hasta
pública, de todo era anacrônica e formalista, além de onerosa e demorada. Propõe-se, assim,
como meio expropriatório preferencial, a adjudicação pelo próprio credor, por preço não
inferior ao da avaliação;
40
g) não pretendendo adjudicar o bem penhorado, o credor poderá solicitar sua alienação por
iniciativa particular ou através agentes credenciados, sob a supervisão do juiz;
h) somente em último caso far-se-á a alienação em hasta pública, simplificados seus
trâmites (prevendo-se até o uso de meios eletrônicos) e permitido ao arrematante o pagamento
parcelado do preço do bem imóvel, mediante garantia hipotecária;
i) é abolido o instituto da 'remição'. Ao cônjuge e aos ascendentes e descendentes do
executado será lícito, isto sim, exercer a faculdade de adjudicação, em concorrência com o
exeqüente;
l) as regras relativas à penhorabilidade e impenhorabilidade de bens (atualmente eivadas de
anacronismo evidente) são atualizadas, máxime no relativo à penhora de dinheiro;
Nota-se, numa visão geral da nova execução, a abertura para oportunidades de atuação das
partes com maior autonomia e mais significativa influência sobre os atos executivos e a solução
final do processo. Com isso, reconhece o legislador, acompanhando o entendimento da melhor
doutrina, que as partes não são apenas figurantes passivos da relação processual, mas
agentes ativos com poderes e deveres para uma verdadeira e constante cooperação
na busca e definição do provimento que, afinal, pela voz do juiz, virá pôr fim ao
conflito jurídico. Aliás, ninguém mais do que as partes têm, na maioria das vezes, condições
de eleger, ou pelo menos tentar eleger, o melhor caminho para pacificar e harmonizar as posições
antagônicas geradoras do litígio, endereçando-as para medidas consentâneas com a efetividade
esperada da prestação jurisdicional.
Portanto, e a partir da citada Lei n. 11.382/2006, a Execução de Título Extrajudicial, regulada pelo
Livro II do CPC, sofreu alterações em busca de uma atividade jurisdicional mais efetiva visando a efetividade e a
celeridade processuais, mas assegurando as garantias constitucionais do devido processo legal e da ampla defesa.
O NOVO CPC – Lei 13.105, de 16/3/2015 (DOU 17/3/2015) o fez a partir do artigo 771 e seguintes.
Segundo o Código de Processo Civil – CPC, existem as seguintes espécies de execução de títulos
extrajudiciais:
37
Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da sentença, processo cautelar e tutela de urgência.
45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. p. 119
41
EXECUÇÃO Livro II, CPC/arts. 771 e
Títulos executivos extrajudiciais
segs., CPC
(art. 784, NCPC)
O CPC considera como títulos executivos extrajudiciais, ou seja, aqueles a quem a lei ou a vontade
das partes considera título executivo que não se originou de uma decisão judicial.
Estes títulos executivos são os que a Lei ou a convenção das partes reconhecida pela lei lhes atribui
a chamada “FORÇA EXECUTIVA”, diante da chamada “eficácia abstrata do título executivo”, a fim de fazer
com que as partes cumpram aquilo que livremente pactuaram.
A respeito dessa EFICÁCIA ABSTRATA do título executivo, Cássio Scarpinella Bueno38 destaca que:
Para pedir tutela jurisdicional ao Estado-juiz não há necessidade de aquele que formula o
pedido ser efetivamente credor, que ele tenha efetivamente um direito seu lesionado ou
ameaçado por alguém. É suficiente que a lesão ou a ameaça a algum direito seja
convincentemente afirmada perante o Estado-juiz, que, diante desta alegação suficiente,
38
Op. cit. p. 109
42
agirá em prol da prestação da tutela jurisdicional na medida em que o próprio Estado-juiz
reconheça que aquele que rompeu a inércia jurisdicional tenha direito seu a ser tutelado.
[...]
O título executivo, neste sentido, atesta, para todos os fins, que um direito existe e
que é carente de tutela jurisdicional (v. n. 3, supra). Sua tão só apresentação tem a
aptidão de desencadear suficientemente a atividade jurisdicional com vistas à realização concreta
do direito documentado no título sem que haja necessidade de uma declaração prévia (mesmo
que superficial do ponto de vista da cognição jurisdicional) do próprio Estado-juiz quanto à
existência do direito.
Segundos os incisos do citado art. 784 do CPC, as leis próprias/extravagantes e o Código Civil
Brasileiro estipulam as normas para que cada título possa ter essa “força executiva”:
I - a letra de câmbio e a nota promissória = regulados pelo Decreto nº 57.663, de 24/1/1966 (DOU
31/1/1966, ret. DOU 2/3/1966); a duplicata = regulada pela Lei n. 5.47, de 18/7/1968 (DOU 19/7/1968,
ret. DOU 25/7/1968); a debênture = regulada pelos artigos 52/74 da Lei n. 6.404, de 15/12/1976 (DOU
17/12/1976 - Edição Suplementar); e o cheque = regulado pela Lei n. 7.357, de 2/9/1985 (DOU 3/9/1985);
II - a escritura pública (art. 215 do CCB) ou outro documento público assinado pelo devedor; o
documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas (art. 22139, CCB); o instrumento
de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados
dos transatores;
III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese (arts. 1419/1510, CCB) e caução, bem
como os de seguro de vida (arts. 789 e segs, CCB);
IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio = arts. 678 e segs. e 2038, todos do CCB;
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios (Lei n. 6.830/80 – Lei de Execuções Fiscais, correspondente aos créditos inscritos
na forma da lei (art. 211 do ECA; art. 60 da Lei n. 8.884/94 – lei antitruste; art. 10 da lei n. 5.741, de
1/12/1971 – que dispõe sobre o Sistema Financeiro da Habitação – SFH);
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva = art. 24 da
Lei n. 8.906/94 – EOAB;
39
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e
administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da
cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.
43
Considerações gerais
Ainda objeto das alterações introduzidas no CPC/1973 (revogado), pela Lei n. 11.232, de 22/12/2005
(DOU 23/12/2005) que introduziu a disciplina do “CUMPRIMENTO DA SENTENÇA”, o “meio de
defesa” do executado (devedor da quantia certa), que é a IMPUGNAÇÃO.
Mas, LEMBRE-SE que para chegar até aqui, o Exequente se tornou credor, depois de todo um
processo de conhecimento, onde foi resolvida a denominada “crise de certeza” com a prolação de
uma sentença. Portanto, é óbvio que tal sentença seja CUMPRIDA, ou seja, que o Poder Judiciário
prestigie suas decisões, e que, através do Estado-juiz e a requerimento do credor, faça o devedor
cumprir COERCITIVAMENTE aquilo que ficou decidido no processo.
Porém, e como em todo Estado Democrático de Direito, não há processo sem defesa, então, vejamos
COMO esta defesa do executado pode se dar, inclusive as matérias que poderá alegar.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de
15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.
§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior
à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto,
apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.
§ 5o Na hipótese do § 4o, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a
impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou,
se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de
execução. (Rejeição liminar = não conhecimento pelo juízo)
§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com
penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem
relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado
grave dano de difícil ou incerta reparação.
§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6o não impedirá a efetivação dos atos de
substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens
§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da
execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não
suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser
respeito exclusivamente ao impugnante.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução
suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz.
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§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da
impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos
atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em
qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da comprovada
ciência do fato ou da intimação do ato.
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1 o deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou
do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal,
em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. (COISA JULGADA
INCONSTITUCIONAL!)
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser
modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica.
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao
trânsito em julgado da decisão exequenda.
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda,
caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal.
40 Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre
as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria
ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer
uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
45
supõe sentença nula, mas ao contrário, SENTENÇA VÁLIDA, que tenha produzido a coisa
julgada.
Dá-se então a nulidade ipso iure, “tal que impede à sentença, passar em
julgado”, trata-se assim de SENTENÇA INEXISTENTE, e, para o enfrentamento de inescrupulosa
sentença, têm doutrina e jurisprudência se esmerado para a defesa no tocante à subsistência da
chamada querela nullitatis e, relativamente à falta ou nulidade da citação, se o processo
correu à revelia, a relação processual (autor – juiz – réu) não se angularizou/aperfeiçoou,
e aí se trata especificamente da querela nullitatis insanabilis já que tal NULIDADE É INSANÁVEL.
Inciso IV - penhora incorreta ou avaliação errônea = e por penhora incorreta pode ser alega
a IMPENHORABILIDADE absoluta do art. 833 do NCPC, e, por avaliação errônea (ônus do
impugnante) pode ocorrer quando avaliado OUTRO bem ou com valor ínfimo/reduzido.
46
simples impugnação aos atos executórios, isto é, mediante uma atividade meramente
incidental, sem a instauração de nova relação jurídica processual.
2º) desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes e;;
5º) e ISSO NÃO IMPEDE a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da
penhora e de avaliação dos bens (§ 7o).
47
Dessa decisão sobre atribuição de efeito suspensivo à impugnação, sobre a
fixação do valor da caução e sua eventual alteração, autorizam a parte inconformada ao
emprego do AGRAVO DE INSTRUMENTO se desejar sua reforma.
De regra, por cuidar-se de incidente processual, da decisão que apreciar a ICS (seja
para IMPROVIMENTO ou para acolher alegação de excesso de execução, extinção da obrigação, etc.)
caberá AGRAVO DE INSTRUMENTO.
41
Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da sentença, processo cautelar e tutela de urgência.
45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. p. 60
48
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os
honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante.
É princípio informativo de toda execução que esta corre às custas do Executado. É isto o
que prevê o art. 831 do NCPC:
49
O título executivo extrajudicial é o documento representativo de dívida que pode ser objeto
de ação executiva. O NOVO CPC – Lei 13.105, de 16/3/2015 (DOU 17/3/2015), os enumera nos incisos
do art. 784.
Em respeito às garantias constitucionais do devido processo legal – due process of law – e
do contraditório e da ampla defesa (art. 5º42, LIV e LV, da Constituição da República Federativa do
Brasil – CF/88), o devedor/Executado tem a possibilidade de apresentar sua DEFESA,
impugnando a execução.
Mas, ainda foi objeto das alterações introduzidas pela Lei 11.382, de 6/12/2006
(DOU 7/12/2006) a disciplina dos EMBARGOS DO DEVEDOR ou EMBARGOS À EXECUÇÃO, que
são o meio próprio de defesa do Executado na Execução de título extrajudicial.
Portanto, a defesa do Executado com base em título extrajudicial se dá por meio dos
EMBARGOS À EXECUÇÃO.
sentença proferida em face da Fazenda Pública (artigo 534 do NCPC) = CABE IMPUGNAÇÃO À
EXECUÇÃO; e
o devedor-executado de alimentos (artigo 528 do NCPC) = cabe IMPUGNAÇÃO ao cumprimento
de sentença.
50
Modalidade de Defesa do
Natureza do título Regramento legal
execução executado
Cumprimento de
Título executivo
sentença lato Impugnação Artigo 525, NCPC
judicial
sensu
Embargos à
Título executivo Execução Execução ou
Artigo 914, NCPC
extrajudicial propriamente dita Embargos do
devedor
Fruto das reformas no CPC/1973, as alterações introduzidas pela Lei 11.382, de 6/12/2006
(DOU 7/12/2006) na disciplina dos EMBARGOS DO DEVEDOR ou EMBARGOS À EXECUÇÃO de título
EXTRAJUDICIAL, EXTIRPARAM a necessidade desta prévia segurança/garantia do juízo pela penhora
ou depósito.
51
plano processual, no título executivo (extrajudicial) que fundamenta a execução
do exequente, ou algum vício ou defeito localizado, no próprio “processo de
execução” amplamente considerado ou, de forma mais específica, em algum
ato deste proceso que tenha sido praticado fora dos ditames legais. Bem por
isto, complementa a doutrina tradicional que a ação de “embargos à execução”
dá ensejo á formação e ao desenvolvimento de um outro “processo”, um
processo autônomo e incidental em relação àquele em que se desenvolvem
os atos jurisdicionais executivos, a permitir o desenvolvimento amplo e
profundo da cognição jurisdicional – “cognição jurisdicional exauriente” (v. n.
9 do Capítulo I da Parte III do vol. 1) – acerca das questões levantadas pelo
executado.
Por ser uma espécie de AÇÃO DE CONHECIMENTO, o juiz pode JULGAR e REJEITAR
liminarmente, designar audiência de conciliação, instrução e julgamento, ou seja, praticar todos os atos
atinentes a este tipo de ação.
52
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias,
contado da citação.
§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a
avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não
pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do
executado.
§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros
forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de
que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao
exequente.
Assim, e nos termos do art. 915 caput do NCPC, JUNTADO aos autos o Mandado de
Citação do Executado, abre-se a contagem do prazo PRECLUSIVO e FATAL para o Executado
apresentar os seus embargos, sendo o JUÍZO COMPETENTE o que processa a Ação de Execução de
título executivo extrajudicial.
E, nos temos do § 1º do citado art. 915 do NCPC, havendo mais de 1 Executado, o prazo
para cada um embargar conta-se a partir da juntada do respectivo mandado citatório, REJEITA-SE a
ampliação do prazo, NÃO SE APLICANDO o disposto nos arts. 18043 e 22944 do NCPC, nos temos do §
1º do citado art. 915 do NCPC:
43
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua
intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1 o.
§ 1o Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará
andamento ao processo.
§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo pr óprio para o
Ministério Público.
44
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados
em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles.
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.
45
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 13. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. pp.
1293-1294.
53
A citação faz com que se iniciem dois prazos – da citação propriamente dita, o
prazo de 3 dias para pagamento e, da juntada do comprovante de citação nos
autos do processo – 15 dias para a oposição de embargos.
Tanto para o primeiro, quanto para o segundo prazo, não há a menor
necessidade da penhora ter sido realizada, portanto, totalmente desnecessária
que a citação ocorra por oficial de justiça.
Relevante também o fato de que se os embargos forem oferecidos sem garantia
do juízo, não há que se falar em efeito suspensivo (Art. 919, § 1º).
E, ainda, tendo sido oferecidos os embargos à execução haverá a constituição
de um patrono por parte do executado, ensejando a possibilidade de que a
intimação de eventual penhora a ser realizada posteriormente ao oferecimento
dos embargos, se faça na pessoa do advogado, pela imprensa oficial. Prazo.
O prazo será de 15 dias, contados em dias úteis, como determina o art. 219.
Repita-se, a EXCEÇÃO se dá nas Execuções de Título Extrajudicial no rito da Lei dos Juizados
Especiais Cíveis – JESP´s, onde permanece a exigência de PENHORA PRÉVIA, é o que determina
o § 1º do art. 53 da Lei 9.099/95:
46
Anotações ao artigo 918: Gilberto Gomes Bruschi. Novo código de processo civil anotado. Porto Alegre : OAB RS, 2015.
p. 683.
54
pelo executado, fixando-lhe, desde logo a multa prevista no art. 774, parágrafo
único, por tratar-se de ato atentatório à dignidade da justiça.
Entendemos, por outro lado, que tal regra também pode ser aplicada à
impugnação ao cumprimento da sentença, tanto na rejeição liminar como na
fixação da multa por intenção protelatória, em virtude da autorização expressa
no art. 771.
Outra questão interessante, é que os embargos à execução podem ser
considerados manifestamente protelatórios mesmo que não tenha sido
rejeitada a petição inicial, ensejando, da mesma forma a multa processual.
Diz o NCPC:
55
Intempestividade dos Embargos à Execução;
Segundo o art. 920 do NOVO CPC – Lei 13.105, de 16/3/2015 (DOU 17/3/2015):
Diz o NCPC:
TÍTULO III
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
[...]
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para
entrega de coisa certa;
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de
conhecimento.
§ 1o A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por simples
petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato.
§ 2o Há excesso de execução quando:
I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III - ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;
IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o
adimplemento da prestação do executado;
V - o exequente não prova que a condição se realizou.
§ 3o Quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia
superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que
entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu
cálculo.
§ 4o Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os
embargos à execução:
I - serão liminarmente rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de
execução for o seu único fundamento;
II - serão processados, se houver outro fundamento, mas o juiz não examinará
a alegação de excesso de execução.
§ 5o Nos embargos de retenção por benfeitorias, o exequente poderá requerer
a compensação de seu valor com o dos frutos ou dos danos considerados
56
devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos
valores, nomear perito, observando-se, então, o art. 464.
§ 6o O exequente poderá a qualquer tempo ser imitido na posse da coisa,
prestando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou
resultante da compensação.
§ 7o A arguição de impedimento e suspeição observará o disposto nos arts. 146
e 148.
48
Anotações ao artigo 918: Gilberto Gomes Bruschi. Novo código de processo civil anotado. Porto Alegre : OAB RS, 2015.
p. 683.
49
BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil : tutela jurisdicional executiva, 3. 3. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 601
57
executado em ampla consonância com o “princípio da menor gravosidade” do
art. 620 (v. n. 3.7 do Capítulo 1 da Parte I).
O NCPC prevê:
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título
extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos
procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no
procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou
fatos processuais a que a lei atribuir força executiva.
Parágrafo único. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições do
Livro I da Parte Especial.
Art. 903. Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz,
pelo arrematante e pelo leiloeiro, a arrematação será considerada
perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados
procedentes os embargos do executado ou a ação autônoma de que trata o §
4o deste artigo, assegurada a possibilidade de reparação pelos prejuízos
sofridos.
§ 1o Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a arrematação
poderá, no entanto, ser:
I - invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro vício;
II - considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804;
III - resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada a caução.
§ 2o O juiz decidirá acerca das situações referidas no § 1 o, se for provocado em
até 10 (dez) dias após o aperfeiçoamento da arrematação.
§ 3o Passado o prazo previsto no § 2o sem que tenha havido alegação de
qualquer das situações previstas no § 1o, será expedida a carta de arrematação
e, conforme o caso, a ordem de entrega ou mandado de imissão na posse.
§ 4o Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de
entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada por ação
autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como litisconsorte
necessário.
§ 5o O arrematante poderá desistir da arrematação, sendo-lhe imediatamente
devolvido o depósito que tiver feito:
I - se provar, nos 10 (dez) dias seguintes, a existência de ônus real ou gravame
não mencionado no edital;
II - se, antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega, o
executado alegar alguma das situações previstas no § 1 o;
III - uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata o § 4o deste
artigo, desde que apresente a desistência no prazo de que dispõe para
responder a essa ação.
§ 6o Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça a suscitação infundada
de vício com o objetivo de ensejar a desistência do arrematante, devendo o
suscitante ser condenado, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e
danos, ao pagamento de multa, a ser fixada pelo juiz e devida ao exequente,
em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do bem.
58
que fundados em nulidade da execução ou em causa extintiva da obrigação
quando “supervenientes à penhora”.
[...]
Importa destacar que os embargos do art. 746, não obstante o seu
nome, são o mecanismo pelo qual o executado se volta a questionar a
alilenação dos bens penhorados independentemente de se tratar de
execução fundada em título executivo juidicial ou de execução
fundada em título executivo extrajudicial. É de todo indiferente para este
fim que os “embargos à execução” não pressuponham mais a garantia do juízo
(art. 736; v. n. 1. do Capítulo 2), considerando que a hipótese de cabimento
dos embargos aqui examinados é dada pelo art. 746 e eles se voltam a
questionar eventuais vícios que ocorrem “após a penhora”, que é pressuposta
para a prática de quaisquer atos expropriatórios independentemente de quais
sejam eles.
Além disso, confere duas distintas situações para que tais arguições sejam
feitas: a primeira, no prazo de 10 (dez) dias subsequentes ao aperfeiçoamento
da arrematação; a segunda, por meio de ação autônoma, mesmo após a
expedição da carta de arrematação.
Há, ainda, a previsão de desistência, por parte do arrematante, o que se admite
nas hipóteses arroladas no § 5º.
Por fim, considera-se ato atentatório à dignidade da justiça a suscitação
infundada de vício com o propósito de fazer com que desista o arrematante, o
que poderá ser objeto de cumulação de multa de até 20% do valor atualizado
do bem e de indenização por perdas e danos.
Assim, tal vício deve relacionar-se a alguma matéria de ordem pública. E, pode ser
apresentada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição.
59
O próprio C. STJ já tem sumulado que:
Em uma petição “simples” podem ser suscitadas tais matérias de ordem pública e, ainda,
atos modificativos, como a novação; extintivos do direito do exeqüente, como o pagamento ou a
prescrição; impeditivo como a ausência de implementação de uma condição do título; ou a terminativo
do direito do autor.
Havendo mau uso deste meio de defesa, incidirá o executado nas penalidades e terá de
pagar multa, conforme dispõem o §2º, do artigo 847 e o inciso IV, do artigo 77, ambos do NCPC.
Porém, a doutrina e a jurisprudência ainda destacam que outras medidas existem, muito
embora atípicas, para que as partes e até terceiros questionem a execução ou a prática de algum ato
executivo.
51
Art. 489. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a
concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de
tutela.
61
ou extintiva da obrigação, ex VI do art. 52, ix da Lei nº 9.099/95, arredando-se
do âmbito do mandado de segurança, destarte, aquelas situações em que há
recurso ou procedimento previsto na lei. Aplicação, mutatis mutandis, do que
dispõe o art. 5., II da Lei nº 1.533/51, no sentido de que não se dará mandado
de segurança quando se tratar de despacho ou decisão judicial do qual haja
recurso previsto nas leis processuais. Com efeito, diante da possibilidade da
apresentação de embargos de devedor para a comprovação das situações
alegadas no mandado de segurança, com possibilidade de ampla dilação
probatória que é vedada nos limites estreitos do writ, imprópria se mostra a via
eleita para impugnar a decisão judicial, não se justificando a sua impetração.
No sentido do não cabimento do mandado de segurança quando houver
possibilidade de apresentação de embargos podem ser citados o rms 13.742 -
Rj, rel. Min. Nancy andrighi, rms 431 - Rj, rel. Min. Athos carneiro, rms 5.301 -
Sp, rel. Min. Garcia vieira e rms 10.096 - Ba, rel. Min. Carlos alberto m. Direito.
Para a proteção prevista no art. 1. da Lei nº 1.533/51 e art. 5.,LXIX da Carta
Política, impõe-se a existência de direito líquido e certo que irrefragavelmente
não é a impetrante possuidora. Ante o exposto, não havendo direito líquido e
certo a ser amparado através de mandado de segurança, voto por sua
denegação. Custas pela impetrante. (TJ-RJ; Rec. 2007.700.0071610; Capital;
Rel. Juiz Andre Luiz Cidra; Julg. 07/05/2007; DORJ 27/02/2008; Pág. 340)
62
63
Considerações iniciais
Conforme já estudamos em sala, na leitura dos dispositivos dos artigos 824 e 825 do NOVO
CPC – Lei 13.105, de 16/3/2015 (DOU 17/3/2015), prevêem que:
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens
do executado, ressalvadas as execuções especiais.
Art. 825. A expropriação consiste em:
I - adjudicação;
II - alienação;
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e
de outros bens.
Para relembrar o estudo desta ineficácia dos atos de disposição do patrimônio penhorado,
remetemos o estudo dos arts. 789/796 do NCPC, já analisados por nós.
52
Curso sistematizado de direito processual civil : tutela jurisdicional executiva, 3. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2010. pp. 260-261
53
Manual da execução. 13. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 695
64
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos
honorários advocatícios será reduzido pela metade.
§ 2o O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando
rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os
embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o
trabalho realizado pelo advogado do exequente.
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias,
contado da citação.
§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a
avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não
pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do
executado.
§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros
forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de
que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao
exequente.
54
Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da sentença, processo cautelar e tutela de urgência.
45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. p. 132.
65
execução, é a citação por intermédio do oficial de justiça (mandado, art. 222, d)
e, excepcionalmente, a citação por edital (art. 654).
Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses
previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio.
55
Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da sentença, processo cautelar e tutela de urgência.
45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. p. 267
66
física, direta ou indireta, de uma parte determinada e específica do patrimônio
do devedor.
Do Objeto da Penhora
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários
advocatícios.
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto
da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento
das custas da execução. (Penhora ÍNFIMA)
§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de
determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os
bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando
este for pessoa jurídica. (Descrição dos bens)
§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado
depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.
[...]
Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem
na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em
qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros
atos executivos.
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos
executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.
§ 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo
juiz também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem
na mesma região metropolitana.
§ 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força
policial, o juiz a requisitará.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes.
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento,
se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro
motivo.
§ 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título judicial.
Porque, a regra é que a penhora NÃO PODE SER EFETUADA por Oficial de Justiça
fora da comarca em que está lotado.
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto
da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento
das custas da execução.
56
Súmula nº 46. Na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem
unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens. (DJU 24.8.1992)
68
Bens IMÓVEIS: apresentada a Certidão da Matrícula imobiliária, por TERMO nos autos:
SÚMULA n. 486: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que Commented [V-1]:
esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida
para a subsistência ou a moradia da sua família. Rel. Min. Cesar Asfor Rocha,
em 28/6/2012.
57
Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/processo/pesquisa/?src=1.1.2&aplicacao=processos.ea&tipoPesquisa=tipoPesquisaGenerica&num_r
egistro=201100707186> . Acesso em: 14 ago. 2014.
69
Efeito processual da penhora é a conservação da coisa penhorada – res pignorata,
materializada no depósito (art. 79758 do NCPC), no que, mais uma vez a lição de Araken de Assis59
para quem:
Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá:
I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita;
II - os nomes do exequente e do executado;
III - a descrição dos bens penhorados, com as suas características;
IV - a nomeação do depositário dos bens.
Inovação da Lei 11.382/2006 ocorre no que concerne ao depósito. A preferência desde então
passou a ser do EXEQUENTE, a fim de evitar problema recorrente na prática, qual seja a deterioração
do bem penhorado pelo executado, quando este permanece na posse de tais bens, ainda que na condição
de depositário.
Tal não significa, contudo, que o executado não possa ser o depositário. Significa que, para
que o Executado seja depositário, será necessária a AUSÊNCIA DE DEPOSITÓRIO JUDICIAL e DE
VONTADE EXPRESSA DO EXEQUENTE, nos termos do que diz o art. 840, § 1º, do NCPC.
58
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no
interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência.
59
Manual da execução. 13. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 698
70
Conforme a antiga redação da Lei 11.382/2006, o nosso E. TJMG vinha decidindo que:
Assim, ainda que OUTRO CREDOR penhore a coisa posteriormente (parágrafo único do
art. 797 do NCPC), o credor adquire a vantajosa posição de satisfazer integralmente o seu crédito com
o produto da venda do bem.
o desapossamento;
a individualização do bem penhorado do conjunto patrimonial do executado;
a ineficácia perante o processo de atos de alienação do bem penhorado;
a limitação de alguns dos poderes de domínio sobre o bem penhorado;
e o estabelecimento de direitos de PREFERÊNCIA sobre o produto da venda do bem penhorado.
De acordo com os artigo. 832/834 do NOVO CPC – NÃO podem ser penhorados:
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera
impenhoráveis ou inalienáveis.
E, na Sessão Plenária de 3/12/2008 a prisão civil por dívida foi declarada ILEGAL
pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 92566 (DJe nº 104/2009), o Tribunal
72
Pleno revogou expressamente a Súmula 619. Nesse sentido, veja também os seguintes
acórdãos: RE 349703 (DJe nº 104/2009), RE 466343 (DJe nº 104/2009) e HC 87585 (DJe nº 118/2009),
todos do Plenário.
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de
novembro de 1969:
74
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja
criação tenha manifestado adesão.
A partir de tal decisão naquele HC, o STF editou a Súmula Vinculante n. 25 com o seguinte
teor:
Mas o NCPC acabou com tal ILEGALIDADE, sequer prevendo tal possibilidade, conforte
se extrai do art. 840 do NCPC.
75
Art. 848. As partes poderão requerer a SUBSTITUIÇÃO da penhora se:
I - ela não obedecer à ordem legal;
II - ela não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para
o pagamento;
III - havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados;
IV - havendo bens livres, ela tiver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de
gravame;
V - ela incidir sobre bens de baixa liquidez;
VI - fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou
VII - o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das
indicações previstas em lei.
Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por
seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da
inicial, acrescido de trinta por cento.
Art. 849. Sempre que ocorrer a substituição dos bens inicialmente penhorados,
será lavrado novo termo.
Art. 850. Será admitida a redução ou a ampliação da penhora, bem como sua
transferência para outros bens, se, no curso do processo, o valor de mercado dos
bens penhorados sofrer alteração significativa.
Tais dispositivos devem ser lidos em consonância com os artigos 851/853 do NCPC:
60
Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da sentença, processo cautelar e tutela de urgência.
45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. p. 311.
76
A substituição é uma faculdade que o código confere, ora ao devedor, ora ao
credor, de trocar o bem penhorado por dinheiro ou outros bens, liberando aqueles
originariamente constritos (arts. 656 e 668).
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da
citação.
§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem
cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de
tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados
pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será
menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
[...]
Da Avaliação
Art. 870. A avaliação será feita pelo oficial de justiça.
Parágrafo único. Se forem necessários conhecimentos especializados e o valor da execução o
comportar, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega
do laudo.
Cássio Scarpinella Bueno61, sobre o antigo CPC/1973 e o seu artigo 680, que é o atual art.
870 do NCPC, didaticamente ensina que:
O art. 680, ademais, evidencia que, embora seja do oficial de justiça o dever de
avaliar os bens penhorados (a não ser que a hipótese reclame “conhecimentos
especializados”), este ato pode e deve ser secundado pelo executado. A remissão
que o dispositivo faz ao inciso V do parágrafo único do art. 668 é insuficiente
porque aquele dispositivo, na redação que lhe dá a Lei n. 11.382/2006, ocupa-se
dos casos em que o executado pode requerer a substituição da penhora, o que
pressupõe, a toda evidência, a sua prévia realização. Também o inciso VII do
61
Curso sistematizado de direito processual civil : tutela jurisdicional executiva, 3. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2010. p. 303-304
77
art. 656 refere-se a este dever do executado quando se ocupa de disciplinar os
casos de substituição da penhora, e, pelas razões expostas pelo n. 9, supra, não
há como recusar que o executado, diante da penhora realizada pelo oficial de
justiça, tenha desde logo, entre outros deveres, o de municiar o meirinho com
elementos seguros para sua avaliação.
Assim, não obstante a remissão expressa feita pelo dispositivo em análise, deve
prevalecer o entendimento de que, desde a “primeira penhora” a ser feita pelo
oficial de justiça para os fins do § 1º do art. 475-J e do § 1º do art. 652, isto é,
independentemente de haver qualquer ânimo quanto à substituição do bem
penhorado pelo exeqüente ou pelo executado (arts. 656 e 668), é dever do
executado – dentre outros – indicar seus valores respectivos.
É o oficial de justiça quem deve receber treinamento próprio para que possa
avaliar. Isto, contudo, não significa dizer que as partes não devam secundar62 a
prática daquele ato com vistas à sua produção ótima e, consequentemente, à
tutela mais adequada de seus próprios direitos e interesses que são, por definição,
contrapostos. O executado tem o dever de agir neste sentido, sem prejuízo
daqueles outros decorrentes do § 1º do art. 656 (v. n. 9, supra). O exeqüente tem
a faculdade de fazê-lo.
Feita a avaliação, as partes são intimadas do auto de penhora e avaliação, sendo que o laudo de avaliação
deverá conter:
Art. 872. A avaliação realizada pelo oficial de justiça constará de vistoria e de laudo
anexados ao auto de penhora ou, em caso de perícia realizada por avaliador, de laudo
apresentado no prazo fixado pelo juiz, devendo-se, em qualquer hipótese, especificar:
I - os bens, com as suas características, e o estado em que se encontram;
II - o valor dos bens.
§ 1o Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, a avaliação, tendo em conta o crédito
reclamado, será realizada em partes, sugerindo-se, com a apresentação de memorial descritivo,
os possíveis desmembramentos para alienação.
§ 2o Realizada a avaliação e, sendo o caso, apresentada a proposta de desmembramento, as
partes serão ouvidas no prazo de 5 (cinco) dias.
O VALOR DOS BENS referido no inciso II do art. 872 do NCP quer dizer o VALOR DE
MERCADO, já que é por ele que o próprio credor ou um terceiro poderá adquirir o bem penhorado, não
se admitido EXCESSIVIDADE ou PREÇO VIL (art. 89163, NCPC).
não tendo sido fixado preço mínimo, o preço inferior a 50% do valor da avaliação.
62
SECUNDAR = v.t. Vir em seguida trazendo auxílio; coadjuvar, ajudar, auxiliar, colaborar: o conhecimento de línguas
deve secundar qualquer estudo científico.
63
Art. 899. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens for suficiente para o pagamento do credor
e para a satisfação das despesas da execução.
78
Segundo o estudo promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil, por sua Seccional do
Rio Grande do Sul64, e no tocante à DEFINIÇÃO DO QUE SEJA PREÇO VIL:
Este percentual DE 50% foi acolhido no novo diploma legal, porém de modo
subsidiário. Isso porque, a regra, é de que o magistrado define o valor
mínimo de venda, consoante acima já referido, quando anotado o art. 885
supra.
Art. 896. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em leilão pelo menos
oitenta por cento do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à
administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não
superior a 1 (um) ano.
§ 1º Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução
idônea, o preço da avaliação, o juiz ordenará a alienação em leilão.
§ 2º Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz impor-lhe-á multa de
vinte por cento sobre o valor da avaliação, em benefício do incapaz, valendo a
decisão como título executivo.
§ 3º Sem prejuízo do disposto nos § 1º e 2º, o juiz poderá autorizar a locação
do imóvel no prazo do adiamento.
§ 4º Findo o prazo do adiamento, o imóvel será submetido a novo leilão.
Tal aplicação se justifica porque, se o imóvel comporta desmembramento, seja ele urbano
(de acordo com o Plano Diretor do Município) seja ele rural (de acordo com o número de módulos
fiscais), não precisa que a totalidade sofra a penhora, apenas uma parte cujo valor de avaliação atenda
os requisitos do art. 83165 do NCPC.
Deverá o avaliador atentar às normas urbanísticas restritivas (p. Ex., o fracionamento não poderá
modificar o traçado viário, ex vi do art. 2º, § 2º, da Lei 6.766, de 19.12.1979). E a razão disso se mostra
singela: não poderá o Estado alienar, coativamente, frações de imóveis incompatíveis com o posterior
registro.
Os bens admitem, ainda, a avaliação em lotes, a fim de ensejar a arrematação em
globo (art. 69166).
66
Art. 691. Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um lançador, será preferido aquele que se propuser
a arrematá-los englobadamente, oferecendo para os que não tiverem licitante preço igual ao da avaliação e para os demais
o de maior lanço.
.
79
chegou a determinado valor. Na legislação revogada não havia tal
obrigatoriedade, enquanto que agora, também o oficial de justiça deverá
emitir laudo, expondo minuciosamente os critérios adotados para apurar o
valor do bem avaliado. Muito embora já houvesse, na legislação revogada, a
possibilidade de desmembramento, quando o imóvel possibilitasse cômoda
divisão, agora, além de tudo, o oficial de justiça deverá, ao sugerir o
desmembramento, apresentar o memorial descritivo, embora o dispositivo
não seja claro, imaginamos nós tratar-se do memorial descritivo da parte a
ser desmembrada, como forma de facilitar o registro da área desmembrada
na nova matrícula do imóvel.
PRINCÍPIO DO RESULTADO – a execução deve ser equilibrada, isto é, nos termos do art. 79768
do NCPC, a tutela jurisdicional executiva e os atos executivos devem ser prestados no interesse do
credor, já que a execução visa satisfazer o interesse do credor e não meio de punir o devedor, a
execução deve garantir o mesmo resultado, caso o devedor resolvesse quitar a obrigação
espontaneamente, porém de maneira útil ao credor/exeqüente, na satisfação coercitiva da obrigação
assumida pelo devedor/executado;
68
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no
interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência.
81
PRINCÍPIO DA MENOR GRAVOSIDADE/ONEROSIDADE DO EXECUTADO – pelo art.
80569 do NCPC, a execução tem que ser feita pelo meio menos gravoso ao devedor, caso existam
diversos meios de satisfazer a obrigação.
39.Considerações gerais
Conforme já estudamos, há OBRIGAÇÃO (schuld, ou débito) SEM
RESPONSABILIDADE, por exemplo, na obrigação natural (quando credor não pode coagir devedor),
na dívida de jogo, na dívida prescrita70 etc. Mas também há RESPONSABILIDADE (haftung) SEM
OBRIGAÇÃO, por exemplo, para o fiador, para aquele que dá hipoteca em garantia de débito alheio.
Trata-se de visão bem aceita, adotando-a, por exemplo, juristas como Serpa Lopes e Emilio Betti71.
O Código Civil Brasileiro de 2002 inova ao tratar do tema, para dispor que “pelo
inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor” (art. 391, CCB).
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para
o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
69
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos
gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes
e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.
82
E também já vimos que o PROCESSO DE EXECUÇÃO visa à satisfação do direito
subjetivo da parte credora, satisfação esta que sempre recai, salvo raras exceções, sobre o
patrimônio/bens do devedor. É o chamado PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE
EXCLUSIVAMENTE PATRIMONIAL.
Mas dissemos desde o início dos estudos que o Processo de Execução visa CONCRETIZAR
o direito do credor/exequente estampado no título executivo, seja judicial ou extrajudicial, até porque há
outro princípio envolvido, o PRINCÍPIO DO RESULTADO estampado no art. 612 do CPC.
Porém, igualmente vimos que esta concretização ou essa REALIZAÇÃO deve observar os
demais princípios infra e constitucionais, especialmente no tocante à impenhorabilidade73, e, em respeito
às garantias constitucionais do devido processo legal – due process of law – e do contraditório e da ampla
defesa (art. 5º74, LIV e LV, da CF/88), onde o devedor/Executado tem a possibilidade de apresentar sua
DEFESA, embargando toda a execução (falta dos requisitos do art. 586 do CPC) ou apenas parte dela,
p. ex: caso de excesso.
72
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
Disposições Gerais
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais.
73
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor
ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e
de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2 o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência
social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à
execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua
aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação
alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos
mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8 o, e no art. 529, § 3o.
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas
pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de
financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar,
trabalhista ou previdenciária.
83
40. Formas de pagamento ao credor
Pela Lei 11.382/2006, que alterou as disposições relativas à Execução por Título
Extrajudicial, o credor pode optar, antes de qualquer procedimento, por adjudicar o bem
penhorado.
Então, segundo o CPC/1973, com a reforma introduzida pela Lei 11.382/2006, o pagamento
do credor passou a se dar das seguintes formas:
Nova sistemática
Sistemática anterior
Adjudicação
Leilão ou praça ↓
↓ ↓ Alienação por iniciativa particular
Adjudicação ↓
↓ Leilão ou praça
Usufruto de imóvel ou empresa ↓
Usufruto de imóvel ou empresa
Inverteu-se, portanto, a lógica tradicional, na qual o exequente era mero expectador. Com a
atual disposição legislativa, o credor tem um papel ativo no tocante aos atos expropriatórios a serem
realizados, podendo, primeiramente, ficar com o bem para si ou, não sendo de seu interesse, proceder à
sua venda, desde que respeitadas as condições impostas pelo magistrado76.
Assim, e, segundo o NCPC, o pagamento do credor passou a se dar das seguintes formas:
Adjudicação
↓
Alienação por iniciativa particular ou por leilão judicial eletrônico
ou presencial
↓
Leilão ou praça
↓
Apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de 84
estabelecimentos e de outros bens (Usufruto judicial)
Art. 825. A expropriação consiste em:
I - adjudicação; (transferência do patrimônio do devedor para o credor)
II - alienação;
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e
de outros bens. (Usufruto judicial)
Da Expropriação de Bens
Da Adjudicação
Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação,
requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados.
Da Alienação
Art. 879. A alienação far-se-á:
I - por iniciativa particular;
II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.
Da Satisfação do Crédito
Art. 904. A satisfação do crédito exequendo far-se-á:
I - pela entrega do dinheiro;
II - pela adjudicação dos bens penhorados.
E, segundo o NCPC:
Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por sua própria
iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão
judiciário.
§ 1o O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço
mínimo, as condições de pagamento, as garantias e, se for o caso, a comissão de corretagem.
§ 2o A alienação será formalizada por termo nos autos, com a assinatura do juiz, do exequente,
do adquirente e, se estiver presente, do executado, expedindo-se:
I - a carta de alienação e o mandado de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel;
II - a ordem de entrega ao adquirente, quando se tratar de bem móvel.
§ 3o Os tribunais poderão editar disposições complementares sobre o procedimento da
alienação prevista neste artigo, admitindo, quando for o caso, o concurso de meios eletrônicos,
e dispor sobre o credenciamento dos corretores e leiloeiros públicos, os quais deverão estar em
exercício profissional por não menos que 3 (três) anos.
§ 4o Nas localidades em que não houver corretor ou leiloeiro público credenciado nos termos do
§ 3o, a indicação será de livre escolha do exequente.
Art. 881. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação
por iniciativa particular.
§ 1o O leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público.
§ 2o Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores, todos os
demais bens serão alienados em leilão público.
Art. 882. Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial.
Não havendo interessado por tais formas preferenciais de expropriação (art. 904, i e ii, ncpc),
passa-se à alienação em leilão judicial eletrônico ou presencial.
85
Didaticamente, Humberto Theodoro Júnior77 explicava essa última fase do Processo de
Execução:
A fase final da execução por quantia certa compreende o pagamento que o órgão judicial
efetuará ao credor através dos meios obtidos na expropriação dos bens penhorados ao
devedor.
Pela própria natureza da obrigação exeqüenda, a fase de instrução deveria encerrar-se,
em regra, com a arrematação e a fase de satisfação resumir-se-ia na entrega, ao credor,
da importância arrecadada na alienação judicial, até o suficiente para cobrir o principal
e seus acessórios, tal como ocorreria no cumprimento voluntário da obrigação pelo
devedor. Com esse pagamento forçado extinguir-se-ia a obrigação e, consequentemente,
a execução (art. 794, I, do CPC).
A entrega do dinheiro ao credor, porém, não é a única forma de pagamento prevista no
sistema da execução por quantia certa. Representa a realização da obrigação originária,
ou seja, o pagamento da quantia a que se obrigou o devedor, na mesma substância
prevista no título executivo. Mas o Código prevê outras formas que também se prestam
a satisfazer o direito do credor, mesmo sem lhe entregar a importância de dinheiro
inicialmente reclamada em juízo. Aliás, na sistemática inovadora instituída pela Lei nº
11.382, de 06.12.2006, a forma prioritária de satisfação da obrigação passou a ser
adjudicação dos próprios bens penhorados, se isto interessar ao exeqüente (art. 685-A).
Em consonância com o art. 904, o art. 825 do CPC dispõe a ORDEM DE PREFERÊNCIA
das figuras expropriatórias, conforme já vimos, previu que:
1º) não penhorou dinheiro do devedor, mas algum bem (móvel ou imóvel) - que o credor/exequente o
ADJUDIQUE (art. 825, I), porque é a forma mais rápida de satisfação do seu crédito. Obviamente, se
isto o interessar, tendo em vista o PRINCÍPIO DO RESULTADO esculpido no já transcrito art. 824 78
do NCPC;
2º) Não quer mesmo adjudicar, então, tente a alienação por iniciativa particular, que poderá ser mais
frutífera e produtiva que a alienação em leilão judicial (art. 825, II, c/c 881, NCPC);
3º) Se isto não der resultado, lhe sobraria apenas a apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou
de estabelecimentos e de outros bens, que se trata do usufruto judicial sobre tais coisas/bens (art. 825,
III).
Art. 905. O juiz autorizará que o exequente levante, até a satisfação integral de
seu crédito, o dinheiro depositado para segurar o juízo ou o produto dos bens
alienados, bem como do faturamento de empresa ou de outros frutos e
rendimentos de coisas ou empresas penhoradas, quando:
I - a execução for movida só a benefício do exequente singular, a quem, por
força da penhora, cabe o direito de preferência sobre os bens penhorados e
alienados;
77
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da sentença,
processo cautelar e tutela de urgência. 45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. p. 363.
78
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções
especiais.
86
II - não houver sobre os bens alienados outros privilégios ou preferências
instituídos anteriormente à penhora.
Parágrafo único. Durante o plantão judiciário, VEDA-SE a concessão de
pedidos de levantamento de importância em dinheiro ou valores ou de
liberação de bens apreendidos.
Art. 906. Ao receber o mandado de levantamento, o exequente dará ao
executado, por termo nos autos, quitação da quantia paga.
Parágrafo único. A expedição de mandado de levantamento poderá ser
substituída pela transferência eletrônica do valor depositado em conta
vinculada ao juízo para outra indicada pelo exequente.
Art. 907. Pago ao exequente o principal, os juros, as custas e os honorários, a
importância que sobrar será restituída ao executado.
Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será
distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências.79
§ 1o No caso de adjudicação ou alienação, os créditos que recaem sobre o bem,
inclusive os de natureza propter rem, sub-rogam-se sobre o respectivo preço,
observada a ordem de preferência.
§ 2o Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre
os concorrentes, observando-se a anterioridade de cada penhora.
Art. 909. Os exequentes formularão as suas pretensões, que versarão
unicamente sobre o direito de preferência e a anterioridade da penhora, e,
apresentadas as razões, o juiz decidirá.
Uma vez superas as reduções ou ampliações/transferências da penhora, o juiz dará início aos
atos de expropriação de bens (art. 825, NCPC).
79
O CPC/1973, no art. 711, utilizava a expressão prelação deriva do latim praelatione, que significa preferência. Direito
de prelação legal.
80
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil : processo de execução e cumprimento da sentença,
processo cautelar e tutela de urgência. 45 ed. Rio de Janeiro : Forense, 2010. 2 v. p. 364.
87
A adjudicação é uma figura assemelhada à dação em pagamento, uma forma
indireta de satisfação do crédito do exeqüente, que se realiza pela transferência
do próprio bem penhorado ao credor, para extinção de seu direito.
Em lugar da soma de dinheiro, que é objeto específico da execução por quantia
certa, na adjudicação o credor recebe bens outros do executado, numa operação,
porém, que nada tem de contratual, pois participa da mesma natureza da
arrematação, como ato executivo ou de transferência forçada de bens, sob a
forma de expropriação. Conceitua-se, portanto, a adjudicação como ato de
expropriação executiva em que o bem penhorado se transfere in natura para
o credor, fora da arrematação. Há situações especiais em que se admite a
terceiros, além do exeqüente, a faculdade de obter a adjudicação, também sem o
pressuposto da concorrência em hasta pública (art. 685-A, § 2º).
Da Expropriação de Bens
Da Alienação
Art. 879. A alienação far-se-á:
88
I - por iniciativa particular;
II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.
Não havendo interessado por tais formas preferenciais de expropriação, passa-se à alienação
em leilão judicial eletrônico ou presencial:
Art. 881. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação
por iniciativa particular.
§ 1o O leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público.
§ 2o Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores, todos os demais
bens serão alienados em leilão público.
Art. 882. Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial.
89
Inicialmente, Cássio Scarpinella Bueno81 esclarecia que tal instituto no CPC/1973
objetivava:
Não obstante o seu nome, o usufruto de que tratam os arts. 716 a 724 não guarda qualquer relação
com o instituto homônimo da lei civil (arts. 1.39082 a 1.411 do Código Civil). A doutrina, ao
descartar qualquer semelhança entre as duas figuras, tende à sua aproximação à figura da
anticrese (arts. 1.50683 a 1.509 do Código Civil), uma vez que esse instituto da lei civil é
especialmente destinado à percepção de frutos ou rendimentos de imóvel pelo devedor para a
compensação de determinada dívida. A semelhança do usufro de que tratam os arts. 716 a 724
com a anticrese, no entanto, esgota-se em sua finalidade.
O “usufruto” regulado pelos arts. 716 a 724 é instituto de direito processual civil, que não se
confunde com qualquer outra modalidade de pagamento constante da lei civil. Sua instituição
depende não só de decisão jujdicial, sendo insuficiente a concordância dos interessados,
mas também da ocorrência de determinados pressupostos, indispensáveis para as partes e
para o próprio magistrado, capazes de demonstrar ser esta modalidde expropriatória,
concretamente consdierada, preferível à alienação do bem penhorado, seja ele móvel ou
imóvel.
81
BUENO, Cássio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil : tutela jurisdicional executiva, 3. 3. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 378
90
II - executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do
exequente;
III - o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens ou
por estarem submetidos a constrição judicial. (Usufruto judicial)
85
Op. cit. p. 566.
91
§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados
improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a adoção de uma
das alternativas do parágrafo anterior.
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o processo
será imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao autor.
92