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DESEJO E PRAZERY Giles Dee Apresentagao por Francois Ewald © texto que s va ler no € apenas um inédito. Ele tem algo de imo, de secreto, de confidencial. Tratase de uma série de nota, clasficadas de Aa H, que Gills Deleuze me hava confiado para que eu as ‘ransmitase a Michel Foucault. Isto foi em 1977, Foucault acabava de publicar A sontade de slr, introducio a uma Hisiia da sacaldade qe ecolocava em xequeo jogo da categoria nas quate refletnm ae tas de liberacdo sexual. A recepro deste lito, mal compreencldo, deuse 20 ‘mesmo tempo em que Foucault atravessiva uma especie de ee, todo ‘mpenhado em sir de si mesmo e converterse Aquilo que consticuré a problemtca de O so das passe O euidado des Giles Deleuze, sensvel 80 que percebia ser um sofrimento do amigo, redige entio esse nots: ‘elas faz um balango de suas convergéncls e divergéncias com Foucault [Nose trata de uma critica, multo menos de uma polémica, mas de um ‘convte — interamente atravessdo pela sinceridade da amizade — para retomar um diloge interrompido Gilles Deleuze e Michel Foucault se conheceram em 1962 em Clermont-Ferrand, na casa de jules Vuillemin, Delewe acabava de publicar seu Nise filofiae Foucault entavaa nomeacio deste (contra Roger {DELEUAECie“Dsepas "Foca ajour ns Mage nS 1s Garaudy) na Universidade de Clermont-Ferrand, onde cle proprio ensinata Fo inicio de uma grande amizade. Deleuze ccnvida Foucault ao elbquio| ‘de Royaumont, dedicalo a Niewsche, de cya organiacio foraencarreyu, Em 1966 eles sasumem juntos aresponsabldade pela versio francens da nova edigio Coll:Montinari de Nieushe, na editora Gallimard. Quando Deleuze publica em 1969 Dijreya retire Ligica do enti, Fuca faz uma resenha no Nowe! Oburvaeure uth artigo a revista Ctgue one, segundo uma formula que se tornaré célebre, ele decara “Mas un dia, tales, oséculo seri delewriano” Delewe, por saver, faz uma resenha de A rquolgia da sab na revista Critique No pxmaio de 68, jntase a Foucault no Grupo Infmagio Pisies (GLP). Bles io vision juntos com Ireqiencia nas manifestagdes antijudiciériae do inieio dos anos 70. A ublicagio de O anti em 1972, “extraordinaia profusio de noges nora ede conceitos surpress’, fz de Deleuze um dos grandes pensadores do psmaio de 68. Em seyuida a ess puiblicagio, Ltr dedicathe um ‘nimnero, com uma importante conversa onde os dois fsotos se propaem dine conjuntamenteo novo extatsto do intelectual, ce sen traballse de sua rlagio com as tas. 0 anti, publica tr anos antes de Viger ‘unis, fo sem diva uma obra constrangedora para Foucault. que poco depois propae sua prépria versio do Edipo ("A verdade ¢ as formas _jiicas"), um texto um tema que serio retomados por ele diversas vee Em 1877, Foucault prefacia a edigao americana de O entildipe , nas ‘ategorias que serio as mesmas de teu sltimo trabalho, fr dele uma “Inrodugio a vida so fascist”. Deleuze resena Vigiar¢punir na revista Chtquen, 348, Depois 0 didlogo x intrrompe. Foucault ndo tornard a ‘encontrar Delewze. Um de seus ities deagjos, quanclo hoxptlizado em Junho de 1984, ser rexel Essas notas so portanto 0 iltimo texto da troca FoucaultDelewe, uum chamado que Gcou sem resposta. Para slém da amizade entre dois homens, nelas encontramos wm modelo 20 qual podriamos aspirar no idlogo entre dois ilbsofos. [Aseria biog doa de Delete (tambo) ero se ‘quoter tea minal aed bral. 0), 4 NOTAS DE DELEUZE a Uma das teses essenciais de Vigiar ¢ Punit® dizia respeito aos Lispostvos de poder Ela me pareciaestencial sob its aspects: 1) Em si mesma e em relagio a certo exquerdismo ("gauchisme"), note a profunds novidade politica desaconcepo do poder por oposicio ‘toda teora do Eatado, 2) relagio x Michel, ela era extends, pois permitadhe uluapassar a dualidade das formagdesdiscursivase das formagdes no discurivas, que subsist mA Angulo do Saber, eexpliear como os doistipos de formagbes, se distribuiam ou se artiulavam segmento por segmento (sem que um foe teduzido an outro, sem que fossem levadosse assemelharem ete) [io se trativa de suprimira dstingo, mas de encontrar uma razio de suas selagies. ‘5 Ela era também essencil gragas a uma conseqiéncia preci: ot lisposiivos de poder nso procediam por repreao e nem por Weologia. FHivia portanto ruptura com umaalternativa que era maisou menosacita por todo mundo. Em ver de repressio ou ideologia, VP formava um onceito de normalzacio ede dsciplinas 8 Pareciame que esa tese sobre os dxposivos de poder Unha duas alguma contradtérias, mas stints, De qualquer direges, de mane modo, estes dspostivoseram iredutiveisa um aparelho de Estado, Porm, deacordo com uma dite¢o, els consistiam numa muliplicidade dius, heterogénea, a dos microdispostvos. De acordo com outra diregio, cles emetam a um digrama, atm espécie de miquina abstrataimanente 3 todo o campo social (0 panoptismo, por exemplo, dfinido pela funcio eral de ver sem servisto,apicivel a uma mulplicidade qualquer). Eram cotongedeas nts (AS UP WS enti cei no il como duas diregies de microanalis, igualmente importantes, pois a ‘segunda mostrava que Michel no x contentava com 1 “diserinagio™ © Olivo A Vontade de Saber dé. um novo passo em relagioa SP. © ponto evista permaneceexatamenteete:nem repress, nem deoogi. Poem, «para dio em poucaspalavras, osdispositivos de poder ni se cntentam fem ser normalizantes, mas tendem a ser consituintes (da sexualidade les mio se contentam em formar sberes, meio constitutvos de verdade (erdae do poder). indo mais se veferem a “categorie apesar de tido sega (oar, deni come objet de confnanente), ma. ta categoria dita pot (ead). Et in ponte € confirma pels envi dae a La Quinine Li A ese resp, ota, Ero er havo er USum nov argo ta and. i peri e uc Michel retoras um andlogo de "woete contain © por que periment le a necenidade de rama a verdad, mesmo lend dla um nov conceit? Pnso que exasfalesqueatex, ini so minhas, sero levmtadenguanto Miche other expend mal D> Para mim, uma primeira questio era maturea da mlcroanslise que Michel estabelecia desde VP. Entre "micro" e “macro” a diferenga no era evidentemente de tmanho, no sentido em que microdispostivos seviam concermentes& pequenios grupos, pos a familia, por exemplo, io tem menos extensio que qualquer outra formagio, Tratese menos ainda de tum dualismo extsinseco, posh mnicrodiapositnos imanentes xo aparelho de Estado assim como hi segmentos de aparetho de Estado que penetram \ambém os microdisposiivos. No ha dualismo extrnseco, mas imanéncin completa das duas dimenSes, Seria entio precisa compreender que a dliferenca € de escala? Uma pigina de VS (182 no original) recusa explicitamente esa interpretacso, Mas essa signa parece remeter o macro 20 modelo estratégico 0 micro ao modelo tic Iso incomods, pois me parece que os microdispostvs, para Michel, tm toda uma dimensio estratégie, sobretudo x levse em conta ease dingrama do qual so cles 16 inseparivels. Uma outra direc seria das"relagdesde fore, vistascomo faguilo que determina o micro (ef, notadamente, a entrevista publicada fi La Quinsain). Mas Michel creo eu, no desenvolveu ainda esse ponte, tua concepeo original das relagdes de forea, © que ele denomina relagio fe forca, deve serum conceito to novo quanto todo 0 rest. "Em todo caso, hi dferenca de natorea, heterogeneidade entre mi cro € macro, 0 que de modo algum eelui a imanéncia dos dois. Mas, no limite, minha questo seria. a seguinte: est dferenga de natureza permite {que se fale anda em dispostios de poder? A nocio de Estado no €aplicvel ho nivel de uma microandlise, pois, como diz Michel, nio se trata de tminiaturizar 6 Fst, Mas seria maie aplicivel a nogio de poder? Nao & também cla a miniagurizacio de um conceito global? “Ghego, assim, a sinha primera dferenga com Michel, atualente Se, com Félix Guattariy flo em agenclamento de deseo, por nio estar euro de que os microdisposivos possam sr deseritosem termos de poder. Para mim, agenciamento de desejo marca que © desejo jamats & wma dleterminagao “natural”, nem “espontinea”. Por exemplo,feudalidade & lum agenciamento que pdcem jogo novasrelacbes com o animal (0 cavalo), coma terra, coma desterritorialiagio (a cortida do caalero, a Cruzads), ‘com as mulheres (oatnoreaalleresco)...ete Ageniciamentos totalmente Toxcos, mas sempre historieamente asinalvels. De minha parte dria que fo desejo cireula nese agenciamento de heterogéncos, nessa expécie de “simbione” desejo wne-se a um agenciamento determinado; hi um co fancionamento, Seguramente, um agenciamento de descjo comport ispostvos de poder (poderes feudai, por exemplo), mas sera preciso ‘Siulos entre osdiferentes componentes do agenciamento. Coaforme um primero cixo, pde-se descobrir nos genciamentos de desejo os estado ‘He coisas crunciagbes (o que estara em conformidade coma distingo {eita por Michel dos dois tipos de formagdes ou de multipicidades) Conforme um outro cixo, etiam distngvidas as trvtorialidades ow reterritoriaizagdes e 08 movimentos de desterritorializagao que ‘desencaciam um agenciamento (por exemplo, todos os movimentos de desteritorialzagio que arrebatam a Kgejs 9 cavalara, os camponeses). em que se operam re- (Os dsposiivos de poder surgiriam em toda par ‘eons, memo abuses Logo, os dpontios de poder seria tm componente dos agencimentor Maro aencamenon tary omporaram pons de destrtrauago, Ea mua soy Aispositor de poder que genta ou ue tea ena agencimentusdedessjo€ que deminniam formated poder sopunda tana desta cinensdes Ino me periia responder segunte queso, sees para mim, ma ao para Michel camo perp ‘tesa? Pott, a primeira een wei sa: para mim poder uaaferododexgo amano qu fama dejo uma reside natura’ Tao is € mts sposinao: hi reagSes mal compen, auc nio spon, ete ods movimento de deserting de ‘etrioriazalo, Mas € nee wide que © desgjo me prceri ser Primero, presets, sim, como cemented una meronne gE [Ni detxo de seguir Michel num ponto que me parece fundamental nnem ideologia, nem repressor por exemplo, os. nciados, ow sobretado ascunciages, nada tm a ver eom ideologi, Osagenciamentos de deseo rnada tem a ver com repressio, Mas, evid lemente, em relagio aos Alisposivos de poder, nao tenho a mesma firmeza de Michel; fico indecin, ‘isto o estatuto ambiguo que eles apresentatn para mim. Em VP, Michel diz ‘que eles normalizam e diseiplinam; eu divia que eles codificam € feterritorializam (e suponko que haja também ai algo mais que ums Aistingdo de palavras). Mas, visto que afirmo o primado do desejo sobre 0 poder, uo cariter seundrio que tomann para mim os dispositive po- der, as operaciesdestes guardam win efit represivo, pois esmagam ni «© desejo como dado natural, mas as pontas dos agenciamtentos de deseo, “Tomo uma das teses mais belas de YS: 0 disposi de sexualidade assent asexualidade sobre o sexo (sobre a diferengade sexos.. ele capsicanaie ‘st inteiramente & vontade na tentatva deste Febatmento) Veo ai um eleto de repressio, preciamente a fon ira do micro e do macro: a sexualidade ~ como agenciamento de desejo historicamente vaiivel € Aleterminavel, com suas pontas de destertRorslzagdo, de fluxo e de combinagies~ ser assentada tobre ma instncia molar, “0 sexo". Mesmo ‘que os procedimentos deste rchatimento no ssjam represivos, 0 feito (nsosdeoldgico) érepresiv, uma vez que osagenciamentos so rompidos no x5 em suas potencialidades, mas em sua microrrealdade, Desse modo, ‘os agenciamentos 3 podem exitir como fantasmas, que os mudam ou oS ‘desi completamente, ou como coisas veronhoss..tc.Eisum pequeno problema que muito me interest: por que certos “perturbados", a0 contrivio da cnurésico do anoréxico, por exemplo, so mals passives de ‘ergonha e até mesmo dependentes da vergonha? Teno, pos, necessidade dle certo conceito de repressio, no no sentido daincidéncia da repressio sobre uma espontaneidade, mas porque, tendo osagenciamentoscoetivos ‘muitasdimensies, os dispasiivos de poder seriam iosomente uma delas, F Eis outro ponto fundamental: creio que a tse “nem represso ~ hnem idcologia” tem um correlato,¢ talvez ela propria dependa desse ‘cottelato, Um campo social no se define por suas contadigbes. A nocio ile contradigio @ global, inadequada, e que jé implica uma forte ‘cumplicidade dos "contraditrios” nos dspositivos de poder (por exemplo, 1s das classes, a burguesae o proleaiado). Com efeito,parecesme que Tima grande rovdade da teoria do poder, em Michel, seriaainda aseguinte: oviedade nio se contra, ou se contradz muito pouco. Mas es sua resposa: ease estrategiz, ela etrategza. Acho isso muito bom; vejo bem simensadiferena (stratégia ~contradigao), en preciaria ler Clausewitz Sob ese aspecto, Mas nfo me sinto& vontade nessa ida ‘De tinha parte, dria o segulnte: uma sogiedae, um campo sociat no se contraz, as le fog, sto € primelto. Ele foge de antemio por torsos lids; aslntas de fga é queso primeira (mesmo que “primelto™ io sejacronoldgica), Longe de estar fora do campo socal ou dee sai 28 linhas de fa constituem sew rzoma ou cartografia. As Hinhas de fuga so {quase a mesma coisa que os movimentos de dsteritorializacio: ess nio ‘naturera; clas sio as pontas de implicam qualquer retorno : dlesteritoralizagio nos agenciamentos de deseo. O que € primeiro na Feudalidae soa inhas de faga que elasupde; 0 mesmo pode ser dito dos séculos XX, da formagio do capitalismo. As linhas de fuga nao sio 9 forgosamente “revolucionsrias", podenda acorrer 6 contri disso, mas so elas que os cispesitvos de poder vio colmatar, vio ata. Por exemplo ‘odasaslinhas de desteritrilizarao que se precpitam em torno do sécule XI: as itimasinvasdes, os handos de pithagem, a desterrtoriaizagae da Tarja, as emigracdes camponesas, a transformagio da cavalaria, a transformagio das cidades, que abandonaun cada ver mais os movdelos tervtorais, a transformagao da moeda, que se injta cm now cicutos mudanca da condigio feminin ‘com temas do amor cortés, que sdesteritorializim até mesmo o amor eavalheitsco.. ete. A esratgia 50 poder ser segunda em relcio is linhas de foga, is suas conjugurdes se sas orientagdes, suas convergéncias ox divergéncias, Eneont tame 1 oprimado do deseo, pois o deseo esti precisamente nas linhas de fg ‘a conjugaio e disociacio de fixo, O esto se confunde com elas Parece-me,entio, ue Michel encontra1um problema que nao tem © ‘mesmo estatuto para mim. Com efeito, se os disposivos de poder sso de alguma mancra constiuintes, pode haver conta cles fendmenos de “resiténcia’, ca questio inide sobre extatuto dessesfeniimenon Som AAGvida, eles serdo menos ainda ideotigicos © ami-repressivos, Dal a Importincia das duas piginas de VS, nas quai Michel afrma: que nao me facam dizer que ese fendmenos sefam um engodo. Mas qual estat va Thes dat ele? Hi vias diregdes aqui: 1) Aquela de VS (136127 no argh nal), na qual os fenémenos de resstncia seriam como uma imager invertida dos dispositvos teriam eles as mesinas caracteristcas,difusio, hheterogencidade... ete; ele estariamy“ente a frente” Mas esta die parece me bloquear as sada tanto quanto encontrar uma. 2) A divegio apontada na entrevista relaiva a fungie politica do intelectual: 4¢ 0s lispostvos de poder so consttutivos de verdad, se hi uma verdade do poder, deve haver af, como contsextraégia uina especie de poder da verdad contra os poderes, Donde, em Michel, © problema do papel da intelectual; donde sia maneira de teintrodisea categoria de verdade, © que me leva a perguntar o seguinte: renovando completamente essa ‘categoria, a0 fala depender do poser, ele encantraré nesa tenoragia ‘uma matériaretorndvel contra poder? Mas qui no vejo como, previso ‘xperar que Michel, no nvel de sua microanlise, ga essa nova coneepeao da verdad ) A tereeia diregio éa dos prazeres, do corpo e seus praeres, Também aqui, mesma expectatva para min como os prazeres animam, contrapoderes, e como ele concebe essa ogi de prazer? Certos problemas que se colocam para mim iio se colocam par Michel, porque eles sio de antemo resolvidos pels pesquisas que sia proprias dele. Inversamente, para encotsjarme, digome que outros problemas ndo se colocam para mim ese colocan paraele por necesidade ile suas teses © sentimentos. As linkas de figs, os movimentos de Mlesterritoralzagio, como determinagies coletias histGrcas, nao pparecem ter equivalente em Miche. Para mien, no ho problema de un estatuto dos fendmenos de resistencia: ja que a8 linhas de fuga io Mleterminagées primeias,jé que o deseo agencia © campo social, sio sobretudo os dsposiios de poder que se acham produzidos por esses agenciamentos, a0 mesmo tempo em ue os esmagatn ou os colmatam, CComparitho do horror de Michel por agucles que se dizem margins acho ead vez menos uportive o romantsmo da oucura, da delinganct, ‘ta perversio, ds droga, Mas, para mim, no si eiadas pelos marginais as linhas de fuga isto €, os agenciamentos de deseo. Ao contrato, eis so ‘nhasobjetisasqueatravessan uma sociedad, na qual osmarginaisnsalam- se aqui ow alt para fazer um crculo, tm circuit, uma recoliicago, Nao tenho, pois, necessidade de um estatuto dos fendmenios de ressténel, wna vex que o primeiro dado de uma sociedade € que nela tudo fog, udo se Aesteritoraliza Da porque oextatto doitelectual eo problema politico ‘no serem os mesmo para Michel para mim, Tentarei dizer sinda agora como veo esa diferenga, © nos vimos, Mic muita gentilera & no paso suportara patra Na dima ver em qu afegio, ds me mals ou menos 0 seg ‘eagjo; meamo que vocé a empregue de outro modo, no post imped me de pensar ou deviver que deseio= falta, o que desej se dz reprmido. Michel aerescentou: enti, para mim, o que chamo "prazet avez sea 0 que voce denomina "deseo"; de qualquer modo, tenho necesidade de ‘tra palavra que nio deseo. ridentemente, mais uma ver, tratase de outra coisa € no de uma questo de para, bora, deminha parte, suporte muito poucoa pales “prazer” Mas por qué? Para mim, deseo no comportaqualguer falta, Ele ‘fo é um dado natural, Esti constantemente unido a um agenciamento ‘que funciona, Em vez de ser estrutura on génese, ee 6 Proceso, Em verde sr sentimento ele, contrariamente, afecto. Em ves de ser subjtividade le &,conteariamente, "heceeidade” (wulvicuatidade dle uma jorada, de uma esagio, de uma vida). Em vex de ser coisa os pessoa cl é,contraiamente, acontecimento,O descjoimplica sobre, conaituicao de um campo de imanéncia ou de um “corpo sem Sion” |quese define somente porzonasdeintensidae,delimiares de gradientes, de Muxos. Esse compo € tanto biolgico quanto eoletivoe politien & sobre ele que os agenciamentos se fazem e se destemy & ele » portador das Ponta de desterritoraizaio dosagenciamentos ou linhas de fuga. O coepo ‘sem gos varia (od eudalidade io 60 mesmo que o do capitalism). Se ‘0 denomino corpo sem érgios, € porque ele we opae a todos os extratos de tanto aos da organizacio do organism quanto aos das ‘organizacbes de poder, Sio preciamente as organizages do corpo. etm seu conjunto, que quebrario o plano ou campo de imanéncia e imporio a0 {esejo um otto tipo de “plano estatfiandos cadaver o corpo sem dns Se digo tudo iso de manera a conte, ¢ porque varios problemas colocamse para mim em felicia a Mickel: 1) Nio posio dar ao prascr ‘qualquer valor positvo, porque eprazerparecemte interrompero proceso imanente do desejo; 0 prazer pareceme estar do lado dos estratos © a conganizacs otganizasio; € no mesmo movimento que o desejo é apresentado como submetido de dentro & lei e escandido de fora pelos prazeres; os dois ‘ass, hi negacio de um campo de imanéncia pripri do desejo, Digo a ‘mim mesmo que nio é por caso que Michel arbi cera importncia a Sade, € eu, a0 contri, a Masoch', Nio seria suiiente dizer que sou ‘masoqhuistae que Michel & sidico, Podera ser convenient diet iso, mas io verdadeiro. © que me interessa em Masoch no sio as dore, mas a idéia de que o prazer vem interromper a positvidade do desejo © a ‘onsimigo de seu campo de imanéncas assim também, mas de outro ‘modo, hi no amor corté a constiwiga de um plano de imanéneia ou de “um corpo sem dros, no qual a dese, que ee nada crece,reaguardase ‘tanto quanto possitl de prazeres que viriam interromper seu proceso, Parecesme que 0 prazer € 9 Gnico meio para wma peston ou sujeito 1m proceso que o transbords, Ema territorial, Do meu ponto de vista, é da mesma manera que o deve €relacionado a lei da lta €& norma do prazer 2) Em compensagio, & exen Aispositos de poder tém com o corpo uma rela imediata e diteta. Mas, ial idéia de Michel segundo aqua ox para mim, ela € estencil se se considera que esses disposes impsem una onyanizagio aos corpos.O corpo sem Gros et igado a agente de Aesteritorializagio(e, poral 20 plano de imanéncia do deseo), ao passo (que todas a8 organizagies, todo o sistema daguilo que Michel chama de “blopoder”, opera reterrtorializagSes do corpo. '5) Poderis eu pensar em equivaléncias do tipo: o que para mim & 0 dag” correspond 20 que, para Miche, € "copy — 0 "cmp ~ core, da qual flava Miche, crf sen degen sere"? Poss velaconar a dsting com a distincio “corpo sem Sngior~ organiona"? HA uma pagina muito ‘umporanteem VS (190 no orginal) sobrea viaapresentada como oque di um estauto passive as frcas de ressténcia. svi, para mi, aquela mesma de que fala Lawrence, de modo gum &4 Natrers; ela exatamente ‘© plano de imanéncia do desejo, plano varivel através de todos os agenciamenton deverminados. Relacono a concepeio do desejo em Lav rence com as line de fga posits. (Pequeno deualhe: a maneira pla ‘ql, no inal de VS, Michel se serve de Lawrence é oposta& maneira pela tral eu me sieve deste) 4 Seri que Michel wangos no problema que nos ocupava, qual sj, 0 de manter 0s direitos de wma microanslise (Aifuso, heterogeneidade cariter parcelat) ¢, todavia, encontrar ama expécie de principio de (0 que nio seja do tipo "Estado", “partido”, totalizacio, representagio? Primeiramente, do lad do proprio poder, ret dle VPs de um lado, carter difso e parcelae ds microdispositvos, mas, de tutto lado, também diagrama ou miquina abstrata cobrindo o conjunto flo campo social, Pareceme que a relagio entre essa duas instincias sanifie yo is das diregBes ‘microandlise permanecia como wm problema em VP. Creio que a questio ‘muda um pouco em VS': aqui, as duas diregdes da microandlise serio sobretudo at microdisciptinas, de um lado «, de outro, os processos biopoliicos (pp. 183.¢5.no original). Foto que en qucta dizer no item G destasnotas, Ora, 0 ponto de vita de VP nigeria que odiagramairedutivel 2 instincia global do Estado, operavatalvez uma iicronmiicagio dos Pequtenos dspositivos. Ser preciso compreender agora que ox pracesos biopoliticos & que terio ess fungao? Canfesso que a nogio de diagrams me parecia mito rica: sr que Michel areencontraranesse novo terteno? Masco lado das linhas de essténda, on daguilo que denon linhas de fuga, como conceber as relagdes ou ak conjugagbes, as conjungies, os processos de unifeacio? Eu dria que campo de imanénciacoletivo, onde fem dado momento se fazem on agenciamentos conde cle tagatn suas Tinhas de fuga, & também um verdadeiso diagrama. & preciso, entio, ‘encontrar 0 agenciamento complexo eapse de efetuar ese diagram, ‘operando a conjungio das inkas e das pontas de destrstoralizacio. F nesse sentido que eu flava de uma méguina de guerra totalmente diferente tanto do aparelho de Estado e das inttuiges militares como também dos Aispositios de poder: De wm lado, portanto, teriamos Estado-digrama do poder, sendo @ Estado 0 aparelho molar que efetia os microdados do ‘iagrama entendido como plano de organizacio, de outa parte, teviamos ‘mquina de guerradiagrama das inhas de fg, sendoamquina de guerra ‘agenciamento que efetua os microdados do diagrama entendido como plano de imanéncia. Paro neste ponto, porque iso colocaria em jogo dois tipos de planos muito diferentes, uma espécie de plano transcendental de organizario contra o plano imanente dos agenciamentos, © porque tomnatfamos a cair nos problemas precedentes. Eaqul j nfo sei como situarme em selacbo 3s peaquina atuais de Michel ‘igh: que me interessa nos dois ental opostos do plano ou do diageama € seu confeonto histbice sob formas muito diversas: num ea, temsc um plano de orgoniragio ede desenvolvimento que € oclto por ‘natureza, nas que da ver tudo o que € vse, no outro, tense umn plano de imanéneia, onde hi osomente velocidades ¢ lentidies, nao desenvolvimento, ¢ onde tudo € visto, ouvido... ete O primero plane nao se confuride com o Estado, mas et ligade a este; 0 segundo, ao contri, ‘stligado atuma maquina de guerra, a.m devancio de maquina de guerr, No nivel da natureza, por exemplo, Cuvier e também Goethe concebem 0 primeizo tipo de plano; Holderlin, em Hypérion, © mais ainda Kleist ‘concehem 0 segundo tipo. De pronto, dois tipos de intelectual e convem compararo que diz Michel a ease rexpeito com o que ele proprio di sbre 2 posicio do intelectual, Ou entio, em misica, onde se confiontam as ‘uae concepsdes do plano sonore. Pergunto s© 0 Kame podersaber, tal ‘como Michel o anais, poderia ser assim explicado: 0 poderes implicam ‘um plano-diagrama do primeiro tipo (por exemplo, a cidade grega € a _gcometriseucidiana); mas, inversamente do lado dos contrapoderese mais ‘ou menos em relagio com maquinas de guerra, ha 0 outro tipo de plano, ‘xpécies de saberes“menore" (a geometra arquimediana; om a geometsia das catedras, que seri contabatid peo Estado). Todo wm saber apropriado lias de resistencia e que no tem a mesma forma do outro saber?) Note 1. Deleuze comsagrou ui lio a SacherMasoch (1967: Apso de Sach Much 0 frine ser, Ro de Janet, Taras, 1985 Referdncia bibliogéficat FOUGAULET, Miche (1900), inch sao Ps, Galimard (A argue esate A9. (1975) Sevier punir= nine de ris. Pv, Galinard (Vgiar¢ ‘uni VP 1976). La stn de oi In: Hit dete seit Pasi, Cals Toad dean Hira da uaa: V9, dvd (09760). Lafnison pq de nelle. Patil, 2 de nove T de deuembno, CE Dis oi, 185, p18 (1977), Les apport le pouvoir assent & intreur des comps (entrevista om Lace Fins) Lr Oven iting 247 46, 1-15 dejan. CE Dts ery 17, p38,

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