RELATÓRIO: A arte como trabalho concreto, valor estético e
valor de troca. Joyce Santos Gomes Paulo César Antonini de Souza Estética e teoria da arte II
Para Marx a arte em essência é uma atividade criadora, consciente e de
caráter histórico social, permite que o artista exercite sua liberdade sensível de modo singular. A célula fundamental que compõe esta engrenagem chamada capitalismo é a mercadoria, é ela quem impulsiona o fetiche pelo querer instantâneo dos objetos, impulsionando o consumismo desenfreado. Ela nada mais é que o produto do trabalho que no contexto deste sistema está para suprir a oferta e demanda do capital, Isto é, a mercadoria trás a ilusão de satisfação,tornando- se objeto de adoração onde passamos a ignorar o caráter social das coisas ou melhor a necessidade concreta da vida. A alienação flui muito facilmente nestes processos, faz com que os objetos e as relações entre os indivíduos sejam “coisificadas’’ e a liberdade se torna mera utopia, pois a sociedade atual se baseia na pressão de uma produtividade que vai gerar o mais lucro, mas que escraviza o proletariado e o expõe a miséria obsoluta tanto espiritual quanto física”. Deste modo perde-se o verdadeiro valor de uso das obras e as limitam a mero produto de troca. Todas estas coisas refletem diretamente nas relações humanas, bem como os artistas vão lidar com o seu caráter artístico, tornando suas criações contradições deles mesmos quando se sujeitam a adentrar o mercado especulativo da arte é como se negassem a si e a sua criação, pois ao caráter estético é colocado em ultimo plano se distanciando da relação com a necessidade humana. A obra de arte como trabalho concreto exprime a subjetividade de seu criador, e carrega características individuais que não dá possibilidades para comparações qualitativas entre uma e outra obra, pois o que importa sempre será o resultado final. Portanto, quando a obra adentra a lógica capitalista o que vai prevalecer será o acumulo rápido de lucro. As obras não correm riscos de desvalorização e desta maneira quanto mais adentram ao mercado de arte, mais seu valor financeiro é crescente e menos suas qualidades estéticas são reconhecidas. Temos como exemplo a artista Beatriz Milhazes , que em 2008 sua valorização foi para 6,ooo%.
“ Quanto mais perde seu caráter artístico, tanto mais se
afasta o trabalho da arte, até converter-se numa atividade puramente formal e mecânica que se opõe radicalmente a ela. A arte aparece, então, como a esfera própria da riqueza espiritual perdida na esfera do trabalho” (VAZQUEZ. Adolfo,2011,193)
A Obra submetida ao mercado é tão somente uma atividade produtiva, fruto de
um trabalho alienado, pois esta característica não se limita tradicionalmente ao sistema de trabalho industrial, abrange tudo aquilo que passa a ser robótico e converte o real sentido do que é criação pois está para a construção de algo novo. Para que não sejamos ingênuos quanto a todas estás coisas é necessário o entendimento de quê dentro do sistema capitalista é importante que achemos caminhos para a sobrevivência, porém que encontremos caminhos que permitam a livre criação onde o automatismo não se faça presente, pois a arte está para nos nutrir quanto humanos.
Referencia:
VAZQUEZ. Adolfo S. A arte como trabalho concreto. Valor estético e valor de
troca. In: As ideias estéticas de Marx. Trad. Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Ed.Expressão popular,2011.p.177-194 VVAZQEE