PONTÍFIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS – Campus Poços de Caldas
Curso de Relações Internacionais – 7° Período
Disciplina: Estudos Regionais
Professor: Guilherme Ziebell Aluno: Paulo Henrique A. Barboza RESENHA (DOMINGUEZ et al. (2004) Imperio informal_ La política británica hacia América Latina en el siglo XIX) Mesmo cerca de dois séculos após o início das independências na América Latina, ainda foi possível, no século XX encontrar conflitos de caracteres territorial e fronteiriço originados de questões ainda mal resolvidas. O trabalho foca em identificar e entender as causas que tem perdurado as disputas mesmo após os anos de 1990, pois nesse período, desavenças, até então antigas, retornaram nos países latino-americanos. Contudo, deve-se ter em mente que apensar das desavenças, a única guerra propriamente dita deu-se entre Equador e Peru. Em um estudo de casos, o autor desconsidera a conjuntura extracontinental ao dizer que as questões que envolveram as disputas territoriais e fronteiriças na América Latina não relacionavam-se a aspectos não regionais, tais como: a Guerra Fria e a não observância norte- americana nas questões regionais; a subordinação dos países latino-americanos ao contexto internacional de uma tensão bipolar de caráter mais prioritário; ou o próprio conceito de paz internacional, oriundo de governos democráticos. Sendo assim, as disputas regionais pareciam ser de aspecto único e independente. Utilizando-se de exemplos como El Salvador versus Honduras (1969), Argentina versus Reino Unido (1982), Colômbia versus Venezuela (1987) e apresentando outros até chegar em Equador versus Peru (1995) o autor descreve que nas últimas três décadas houveram uma maior frequência nas discursões e disputas regionais relacionadas às fronteiras e territórios. Mas por que as disputas estão fluindo ao passo em que as guerras, caracterizadas pelo conflito físico e uso da força militar, se tonaram cada vez menos frequentes desde o século XIX? Dos argumentos utilizados, dentre eles o equilíbrio de poder desenvolvido na região ou mesmo a postura de solidariedade e isolacionismo do sistema internacional perpetuado durante a Doutrina Monroe, o mais enfatizado pelo autor foi a questão institucional. Nesse momento, agora no século XX os Estados regionais optam por uma abordagem mais diplomática de origem cultural, ideológica, mas principalmente de um institucionalismo como mecanismo de prevenção de conflitos militares. Eis que surge a expressão utilizada pelo autor, “Risco Moral” que põe em análise a postura ambígua dos Estados. Se por um lado, utilizava-se das instituições como meio de evitar o conflito, por outro lançavam mão da militarização como meio coercitivo, o que no primeiro momento, não fazia sentido. Como exemplo, tem-se a guerra entre Equador e Peru, o primeiro fraco militarmente em relação ao segundo. Era público que um dos problemas das instituições estava em sua duplicidade ao qual minimizava a ocorrência de conflito físico, mas não impedia que houvesse a militarização pelo Estado, característica essa, que foi utilizada pelo Equador. Outro problema identificado estava na falta de poder coercivo das instituições que não podiam ultrapassar a vontade do Estado, sendo ele, não obrigado a compactuar com suas causas. O que explicaria tal postura estatal seria as políticas domésticas, das quais muitas tinham não só apoio popular, mas também político. O problema central é que não havia mecanismos de solução permanente de conflitos, das quais evitassem tal postura dos Estados. Mas a relação do conflito e a falta de governo democráticos seria uma variável? A democracia garantiria a ausência dos conflitos? A resposta foi “não”. Muitas democracias entraram em conflito no último século (Venezuela e Colômbia; Nicarágua e Costa Rica; Honduras e El Salvador; e novamente, Equador e Peru). Segundo o autor, os conflitos ainda persistem pois há, além de uma questão ideológica, histórica e cultural, uma visão de soberania, ao qual impede os países de tomarem atitudes mais cooperativas. Um exemplo utilizado foi o Brasil, país com mais vizinhos na américa latina, mas que mantém conflitos fronteiriços apenas com o Uruguai. Sua forma de abordagem, extremamente pacífica, buscava atingir os objetivos nacionais, sem o emprego da força, diferente de muitos outros casos. Em suma, nas relações bilaterais os atores conseguiriam identificar, através da cooperação, interesses comuns, tais como o desenvolvimento econômico, visto isso a probabilidade de resolução de conflitos se dariam por outros meios, que não o argumento da soberania nacional. O argumento seria o seguinte, países com objetivos voltados ao desenvolvimento, agiriam pacificamente, enquanto aqueles que buscassem soberania de fronteiras e territórios tenderiam para um prolongamento do conflito. Porém tal desenvolvimento não seria suficiente sozinho, haveria a necessidade de promover mecanismos de resolução de conflitos a fim de melhorar as perspectivas de paz.