You are on page 1of 20

EXTENSÃO DO CONHECIMENTO PARA O SER HUMANO NO PENSAMENTO

DE JOHN LOCKE

Rodrigo Fernandes Frighetto1

John Locke nasceu em Wrington, na Inglaterra, em 1632. Considerado, por


muitos filósofos, o pai do Empirismo britânico, Locke teve uma diversidade de cargos
por toda a sua vida, como médico, filósofo e até mesmo um membro do parlamento.
Em 1683, Locke se muda para a Holanda e permanece lá por cinco anos, até que
Oliver Cromwell é deposto e substituído por Guilherme de Orange. Nesse caso, Locke
participou de um episódio importante da história inglesa, denominado Revolução
Gloriosa. Em 1689, ele escreve uma das suas obras mais importantes do Empirismo
chamada Dois Tratados sobre o Governo Civil, e em 1690, escreve Ensaio Acerca do
Entendimento Humano. O primeiro livro trata das questões políticas e de como o ser
humano age diante das leis políticas impostas pelo governo. O segundo livro tem
como função classificar os tipos de conhecimento que podem ser cognoscíveis ao
homem para poder libertar o ser humano do Ceticismo e do Inatismo, ambos
provenientes da construção do conhecimento humano. Em 1704, John Locke faleceu
em Harlow, na Inglaterra.

CRÍTICA DE LOCKE AS IDÉIAS INATAS DE DESCARTES

Por todos esses anos, em seus livros, nota-se que Locke sempre teve um ideal
em que o poder fosse entregue a burguesia. Para isso, ele não utilizou o princípio de
identidade lógica, em que é improvável que certa coisa seja diferente de si mesma, e
até mesmo negou o Argumento Ontológico que era válido para vários autores como
Descartes ou São Tomás de Aquino. De acordo com Locke:

“Analogamente, seria possível, segundo Locke, provar a existência de Deus


sem nenhuma fundamentação numa suposta idéia inata de Deus; ou seja o
chamado “argumento ontológico” não teria validade nem utilidade. ”
(LOCKE, 2012, p.10)

1
Graduado do Curso de Filosofia da PUCPR

1
Sendo assim, uma das alternativas para provar a existência de Deus está
presente na prova “por contingência do mundo”, que para Locke (2012):

“A existência do ser contingente, que é o homem (conhecimento adquirido


pela experiência), supõe a existência de um ser eterno, todo-poderoso e
inteligente. Além disso, a não universalidade da idéia de Deus ficaria
comprovada pelo fato de que há selvagens que seriam inteiramente destituídos
dessa idéia. ” (LOCKE, 2012, p.10)

É desse atributo que se gera a Crítica ao Inatismo, feita por Locke. Isso gerou
várias questões que Locke trabalha mais tarde no Empirismo, como a questão da
tabula rasa da mente em que a alma humana é “(...) no momento do nascimento,
como uma “tábula rasa”, uma espécie de papel em branco, no qual inicialmente nada
se encontra escrito” (LOCKE, 2012, p.10)

Diante desse panorama, a função de Locke é descrever os elementos


presentes no conhecimento, sua gênese e formação, e a ampliação da sua aplicação.
Se o homem não tem idéias inatas, como pode o homem constituir um conhecimento
certo e indubitável e em que casos isso é possível?

O nosso conhecimento consiste na percepção de concordância ou


discordância entre idéias. Ora, se esta se percebe imediatamente, em si mesma, sem
nenhuma intervenção ou auxílio, nosso conhecimento é evidente em si mesmo.

Sendo assim, nós só conhecemos se temos idéias, percepções de


concordância ou discordância entre idéias por intuição, razão e sensação.

As afirmações ou negações de nossas idéias restringem-se a quatro tipos:


Identidade, Coexistência, Relação e Existência Real.

IDENTIDADE

A Identidade é o nosso conhecimento intuitivo que vai tão longe quanto o


conhecimento de nossas idéias. Isso funda-se em idéias distintas que facultam à
mente tantas proposições evidentes em si mesmas, quantas forem elas.

2
Sendo assim, ela não é considerada como um conceito inato, porém devemos
levar em conta que embora ela não esteja presente em nós ao nascer, elas não são
motivos de uma grande especulação perante os homens, o que faz com que se
justifique a questão da identidade como uma idéia que não é inata.

Então, se conhecemos a Identidade do homem com o passar do tempo, ele


percebe que já possui a Identidade dentro de si. Como descreve Locke:

“E nisto consiste identidade: quando as idéias às quais é atribuída não variam


do que eram, no momento em que consideramos sua existência prévia, à qual
comparamos à presente. ” (LOCKE, 2012, p.343)

Levando em consideração essa última citação, nós entendemos que um certo


homem mantém intacta a sua identidade, não importa o seu corpo. Ele pode ser uma
pessoa diferente de si mesmo, mas quem ele é se torna um conceito inalterado. Isso,
para muitos indivíduos, é chamado de reencarnação, que Locke parece utilizar esse
conceito no livro dois. A citação a seguir reforça esse argumento:

“Se a união dessas idéias perfaz a idéia de homem, então o mesmo corpo
sucessivo que não muda de repente deve, juntamente com o espírito imaterial,
entrar na composição da idéia de um mesmo homem. ” (LOCKE, 2012, p.352)

Nem todos os pensadores concordavam com essa idéia. O bispo Stillingfleet,


de Worcester, por exemplo, parece discordar dessa questão. Como Locke descreve:

“A doutrina de Identidade e diversidade contida, nesse capítulo parece aos


olhos do Bispo de Worcester, inconsistente com a doutrina da fé cristã acerca
da Ressureição dos Mortos. Seu argumento é o seguinte: diz ele que a razão
para crer na ressureição de um mesmo corpo é, segundo o Sr. Locke, a idéia
de identidade. ” (LOCKE, 2012, p.369)

Enquanto para os cristãos, essa idéia é abismal, devemos entender que Locke
não faz parte desse círculo, e está atacando com a doutrina da reencarnação, o
cristianismo. Em resposta a isso, Locke atacou a questão da Bíblia dizendo que nunca

3
haveria três pessoas em uma só natureza2. Além disso, Locke discute como os
cristãos deveriam acreditar em Deus, conforme a seguir:

“Para Locke, o que era necessário para ser um cristão era, basicamente, crer
que o Cristo era o Messias. Acreditar nisso acarretava, é claro, a crença em
que ele se ergueria entre os mortos; a sua ressureição era uma prova de ser o
Messias. Essas crenças também envolviam a noção de que o Cristo devolveu
a vida a todos os homens, a vida que “receberam de novo na ressureição. ”
(YOLTON, 1996, p.247)

Então, diante desse cenário religioso, Stillingfleet fez uma interpretação


equívoca da doutrina de Identidade de Locke. De acordo com Yolton:

“Stillingfleet não entendeu inteiramente a distinção de Locke entre homem e


pessoa, com a localização da identidade da pessoa na inalterabilidade da
consciência e não, como no ponto de vista comum, numa substância imaterial.
Para Stillingfleet, essa noção da mesma pessoa tinha a consequência de que
não importa que corpo uma pessoa tenha em qualquer momento dado, esse
corpo não faz parte da condição essencial da pessoa de um homem. Locke
também tinha repartido as mudanças na consciência de cada um entre
diferentes substâncias, ou até mesmo uma PESSOA diurna e uma noturna na
mesma substância. Esses quebra-cabeças eram a sua maneira de mostrar a
irrelevância da substância para a identidade da pessoa. ” (YOLTON, 1996,
p.248)

2
Neste trecho, estamos nos referindo a religião de Locke: O Socianismo. Iniciado no início do século XVII, por
seu fundador Fausto Socino (1539-1604), que baseou sua teologia em seu tio: Lélio Socino (1525-1562). Embora
ela tenha crescido em grande parte da Europa Oriental (como a Transilvânia, Holanda e Polônia), de acordo com
Hugh T. Pope: “ A seita nunca teve uma grande voga na Inglaterra, era desagradável para os protestantes que,
menos lógico, talvez, mas mais conservador em suas opiniões, não estavam preparados para ir para os
comprimentos dos reformadores continentais. Em 1612, encontramos os nomes de Leggatt e Wightman
mencionados como condenados à morte por negar a divindade de Cristo. Sob a Commonwealth, John Biddle foi
destaque como um defensor dos princípios Socinian; Cromwell baniu para as Ilhas Scilly, mas ele retornou com
um ministro de habeas corpus e tornou-se de uma igreja independente, em Londres. Após a restauração, no
entanto, Biddle foi escalado novamente para a prisão, onde morreu em 1662.” (POPE, 2016) Ela é considerada
anti-trinitarista, em que as crenças, baseadas no Catecismo Racoviano, dizem que eles recusam os mistérios,
que a Bíblia deve ser interpretada pela razão, além de que a razão nos ajuda a entender Deus, no entanto se
exclui a sua imensidão e infinitude. Também se rejeita a doutrina do pecado original, no entanto, eles creem na
sua Unidade, sua eternidade, sua onipotência, sua justiça e sua sabedoria. Além disso, celebram o batismo e a
santa ceia, só que sem a graça divina de Deus.

4
Como entende-se aqui, essa questão abre o panorama para outro tipo de
identidade: a Identidade Pessoal. Ela seria a Identidade presente num homem
inteligente, racional que é igual a sua consciência de si mesmo, o que é uma
característica essencial para o homem. Sendo assim, ele não pode mudar quem ele
é, pois, a sua consciência, desde o nascimento, molda o eu mesmo presente no
indivíduo, e não pode ser alterado.

Diante de tudo isso, nota-se que a consciência possui um papel importante na


formação do indivíduo e se torna uma peça-chave para a criação da Identidade não
só de si mesmo, mas de seus outros parentescos da sua família. Então, substitui-se
a alma pela consciência, que logo se torna uma ferramenta para construção das suas
ações e a de seus parentes. De acordo com Locke:

“Ora, se o que perfaz o homem não é uma mesma substância imaterial ou


alma, onde quer que esteja, não importa em qual estado, é claro que deve ser
a consciência, que, na medida de sua extensão a épocas passadas, une numa
mesma pessoa as existências e ações distantes no tempo e aquelas que as
sucedem imediatamente. ” (LOCKE, 2012, p.359-360)

Daí que se deriva que a consciência preserva todas as ações de sua família.
Porém o fator que diferencia as ações de uma consciência da outra é o Eu.

O Eu seria um ser pensante e consciente que, possuindo todas as sensações


principais, como dor, amor e prazer, se preocupa com a sua própria consciência.
Curiosamente, essa questão da consciência é uma espécie de resposta a questão de
Descartes sobre a questão do “fantasma na máquina” que diz que:

“(...) O homem é um ser pensante em um corpo material. Não é uma mera


máquina. Todo homem sabe de forma indubitável que é um ente pensante pela
mera introspecção. E quanto aos outros? Sei que sou um ser pensante, pois
penso. O que garante, no entanto, que os outros homens não sejam realmente
homens, mas máquinas que se comportam exteriormente como homens? ”
(COSTA, 2013)

5
Então, se nota que, na sua época, Locke descreve que o homem é um ser
racional, capaz de pensar, mas que possui uma consciência que determina que essa
pessoa seja diferente do outro, fisiologicamente e analogicamente, indo contra o
homem racional de Descartes.

Isso, no entanto, teve um certo preço, pois sua questão da Identidade Pessoal
foi considerada nociva por sacudir os alicerces da religião. Conforme Yolton descreve:

“Sua análise da identidade pessoal como identidade de consciência também


incomodou seus leitores porque rejeitava a crença comum numa substância
anímica, imaterial, como constituinte da pessoa. Tanto no texto de
Racionalidade, quanto em suas respostas às acusações de Stillingfleet, Locke
jamais aceitou a doutrina da trindade. Suas evasivas sobre esse ponto levaram
Stillingfleet e outros a suspeitar de que ele era simpático aos antitrinitários (os
socinianos e unitaristas).” (YOLTON, 1996, p.239)

Como pode se ver, a questão da Identidade fez com que Locke fosse
considerado como um homem perigoso diante da religião, pelo fato das acusações,
citadas no trecho acima.

COEXISTÊNCIA

Na coexistência, o nosso conhecimento é muito limitado, apesar de ser a maior


e mais importante parte de nosso conhecimento de substâncias. A coexistência,
poucas vezes tem a mente, uma percepção imediata de concordância ou discordância
dessa natureza. É escasso, portanto, nosso conhecimento intuitivo desse tipo; poucas
são, aqui, as proposições evidentes em si mesmas.

Esse conceito, apesar de não conter muitas informações sobre o nosso


conhecimento, é mencionada em quase todo o Ensaio, nos livros dois, três e quatro.

No Livro dois, Locke utiliza essa restrição do conhecimento para a mente e


espíritos imateriais, além dos gêneros de substâncias físicas. Ao restringir o
conhecimento para o espírito imaterial, forma-se uma idéia “daquelas operações em
nossas próprias mentes, que processamos diariamente em nós mesmos, como
pensar, entender, querer, conhecer e o poder de iniciar movimento. ” (YOLTON, 1996,
p.52). Enquanto que, na questão das substâncias físicas, Locke faz menção a uma

6
força desconhecida que unifica as qualidades coexistentes. A única maneira de nós
entendermos é por uma hipótese presente na Teoria Corpuscular da Matéria. De
acordo com Luciana Zaterka:

“Neste sentido, a teoria corpuscular da matéria, que Locke aceitou como a


teoria mais provável, estendeu a solidez também aos corpúsculos. Locke ainda
acrescenta que recebemos essa idéia do tato ou de experiências de espremer
uma bola de futebol. É ainda uma idéia que é reforçada pela sensação de
estarmos sendo sustentados sempre que nos movemos ou descansamos. É, por
fim, uma propriedade que pode ser ilustrada pela resistência que um corpo
mostra ao manter outros corpos fora de seu espaço. ” (ZATERKA, 2006)

Com este exemplo, percebe-se que a sensação adquirida pelo tato é um dos
fatores essenciais para unificar as qualidades coexistentes, que no fundo, são tocar
e sentir as coisas presentes no mundo. Nota-se, então, que uma das funções da
coexistência seria nos ensinar as habilidades presentes no ser humano, como
caminhar, sentir e pensar.

No livro três, Locke aplica a questão da coexistência na essência das coisas.


Nesse caso, devemos levar em conta o significado da palavra “Essência”, que pode
ser denominada como “o ser mesmo de algo, como aquilo que faz de uma coisa o
que ela é.” (LOCKE, 2012, p.450). Sendo assim, outra denotação de essência seria
a sua verdadeira imagem interna de um objeto que nós podemos identificar,
dependendo de quais sentidos nós utilizaremos.

Como há muitos sentidos para a palavra “Essência”, há o risco de perder-se o


seu sentido para o vocabulário escolástico. Como consequência, ela perde esse
sentido e precisa ser alterada. O trecho a seguir, explica esse argumento:

“Se a denotação inicial da palavra essência se perdeu, é devido ao frequente


uso das palavras gênero e espécie nas disputas de eruditos escolásticos.
Essência quase não se aplica mais à constituição artificial de gêneros e
espécies. ” (LOCKE, 2012, p. 450)

Então, deve existir uma constituição real dependendo das idéias coexistentes.
Para isso, denominamos os objetos ao nosso redor como nomes. Mas daí

7
percebemos que a questão da coexistência, no Livro três, serve para criticar os
universais, graças ao nominalismo presente em Guilherme de Ockham. O trecho de
Maria do Livramento Rodrigues Soares Salgado confirma o nosso argumento:

“Nas discussões nominalistas, Guilherme de Ockham insistia em que tudo é


particular e que o discurso referente aos universais é metalinguístico. Não
diferente Locke concorda que palavras representam ideias particulares,
portanto o que é universal não possui a credibilidade de todos, apesar de voltar-
se para o todo, não demonstra em seus argumentos, palavras que não sejam
abstratas. Existirá sempre uma dúvida no que é abstrato, pois não é palpável,
sem possibilidade de ser tocado, não se pode analisá-lo, por isso que Locke e
os demais nominalistas não acreditam na teoria dos universais. Diante do que
foi citado acima podemos ver o quanto Locke teve influência do nominalismo,
pois ao tratar da essência origem e alcance do conhecimento humano é contra
aos universais que dizem em suas teorias que as ideias são inatas. ”
(SALGADO, 2013)

No fim de tudo, nota-se que a coexistência foi fundamental para a crítica dos
universais, além do seu vocabulário.

No livro quatro, a coexistência serve para juntar idéias que se interlaçam com
o conhecimento real. Locke dá um exemplo claro disso nesse trecho a seguir:

“As ideias de sacrilégio ou de perjúrio, por exemplo, são tão reais e


verdadeiras tanto antes quanto depois de realizadas; nossas ideias de
substâncias, porquanto sejam supostas cópias referidas a arquétipos fora de
nós, devem ser tomadas de algo existente, e não consistir de ideias postas
juntas a bel-prazer pelo pensamento sem nenhum parâmetro real, por mais que
a combinação não nos pareça inconsistente. ” (LOCKE, 2012, p. 623-624)

Conforme o trecho descrito, a maior contribuição da coexistência jaze na


definição de substância: nesse caso seriam as idéias complexas derivadas de idéias
simples que descobrem sua coexistência na natureza. Não importa se elas forem
cópias idênticas, eles ainda são parte de um conhecimento real.

8
No fim das contas, podemos definir que a coexistência segue um processo em
que certas idéias simples são descobertas na natureza pela coexistência, que logo se
tornam idéias complexas, que no fundo, nos ajudam a descrever a essência e o
formato de um objeto. Isso nos faz criar nomes para esse objeto e depois a mente
arquiteta sua essência interna, para que nós pensemos sobre o objeto no mundo.

RELAÇÃO

É considerado o campo mais vasto do conhecimento, difícil de determinar até


onde se estende. Por mais que esses axiomas sejam máximas, sua consideração
parece mostrar que são em si mesmas tão evidentes quanto outras proposições.

A relação tem como função considerar qualquer idéia que é comparada com
outra. Nesse caso, devemos entender que não há só ideias complexas e simples
originadas dessa fórmula, podem haver várias como o entendimento que “(...) pode
como que distender a ideia mesma, ou então, para ver além dela, se é conforme uma
a outra. (LOCKE, 2012, p.332)

Então, se qualquer idéia nos é comparada, então nós podemos dar certos
nomes a essas idéias que são parecidas uma com a outra. Isso é um erro, pois isso
torna-nos difícil compreender qual idéia estamos relacionando com a derivada.

Locke nos dá um claro exemplo de como a definição de uma palavra com a


idéia pode ser diferente de outra definição:

“O nome concubina é, sem dúvida, tão relacional quanto esposa; mas, em


línguas sem correlatos para essas e outras palavras, as pessoas não tem aptidão
a toma-las por relativas, pois falta a marca evidente da relação entre
correlativos que explicam um ao outro e só podem existir juntos. ” (LOCKE,
2012, p. 333)

Desse jeito, muitos nomes têm relação com as idéias, o que faz com que abra
uma categoria, chamada denominações externas. Nela, as palavras que damos a
certos objetos tem que estar presentes no nosso conhecimento real. Caso contrário,
ela se torna uma referência, em que a palavra provém da mente e que pode ser tanto
real como fictícia. O trecho a seguir comprova o meu argumento:

9
“Se a ideia está na coisa a qual aplica o seu nome, ela é positiva, é considerada
como unida à coisa denominada e como existindo nela; mas, se surge de uma
referência, que a mente encontra nela, a algo distinto dela, que entra em
consideração, então a ideia inclui uma relação. ” (LOCKE, 2012, p. 333-334)

Nota-se, então, que se pode dar nomes para várias coisas específicas, não
importa se forem geradas de idéias simples ou complexas, é possível dar nomes a
qualquer objeto presente à sua frente, mas caso não haja uma referência do nome a
um objeto, a relação e a denominação do objeto não acontece.

Para que haja a relação, deve-se apresentar duas idéias que sejam diferentes
uma da outra. Depois, considere os seguintes pontos:

1. “Não há ideia, substância, modo, relação e nome que não seja capaz de
uma consideração quase infinita por referência a outras coisas,
consideração que responde por uma parte nada desprezível dos
pensamentos e das palavras dos homens. ” (LOCKE, 2012, p. 335)
2. A relação, que pode não ser derivada da existência real das coisas,
ocorre do fato de que a representação das ideias pelas palavras ser bem
clara e distinta que daquela da coexistência.
3. Apesar de possuir infinitas considerações, grande parte das relações
jazem de idéias simples, que, por si só, são a grande fábrica de nosso
conhecimento.
4. Como a relação é “a consideração de uma coisa com outra extrínseca a
ela, é evidente que são relativas todas as palavras que impelem a mente
a qualquer ideia que não se supõe necessária para a existência da coisa
à qual se aplica a palavra. ” (LOCKE, 2012, p. 337)

Diante dessas premissas, percebe-se que Locke, neste tema, utiliza


novamente o nominalismo, presente em vários autores da filosofia, como Guilherme
de Ockham e Pedro Abelardo, mas para refutar a querela dos universais. Isso envolve
várias temáticas como as ideias e a essência, além de Locke utilizar a lógica
aristotélica, que foi fundamental para a formação do Empirismo, como ferramenta de
refutação. O trecho, de Maria Salgado exemplifica o meu argumento:

10
“A esta proposição ele remete como exemplo uma criança e um idiota para
mostrar que não são todas as pessoas que conhecem esta afirmação, dirá
aceitá-la. No exemplo demonstra que até estes indivíduos absorverem a
veracidade ou falsidade passarão por processos que pra se chegarem a eles
necessitam de algumas demonstrações, ou seja, precisam experimentar. ”
(SALGADO, 2013)

É claro que os Idealistas vão rebater esse argumento, dizendo que eles podem
processar na memória, mesmo tendo razão, mas Locke diria que é impossível que
isso aconteça.

Criticando o Idealismo nos leva a entender que Locke utilizou argumentos


escolásticos, que fazem parte de uma doutrina importante na Idade Média,
denominada Nominalismo. Assim, Locke percebe que os universais não passam de
meras idéias abstratas, e a nossa única ferramenta para percebermos o mundo é a
experiência. O trecho a seguir, robustece o meu argumento:

“Nas discussões nominalistas, Guilherme de Ockham insistia em que tudo é


particular e que o discurso referente aos universais é metalinguístico. Não
diferente Locke concorda que palavras representam ideias particulares,
portanto o que é universal não possui a credibilidade de todos, apesar de voltar-
se para o todo, não demonstra em seus argumentos, palavras que não sejam
abstratas. ” (SALGADO, 2013)

Como as palavras, para Locke, são abstratas, podemos dizer que o abstrato é
o intocável, que não pode ser analisado nem ser concreto.

Dito isso, é considerável dizer que Locke, na questão da relação, ao ir contra


os universais, está indo contra o Inatismo, ao tratar da origem da essência e o que o
ser humano pode conhecer.

EXISTÊNCIA REAL

11
Na existência real temos um conhecimento intuitivo de nossa própria
existência, um conhecimento demonstrativo da existência de um Deus e um
conhecimento sensível que não vai além dos objetos presentes aos nossos sentidos.
A Existência Real não tem conexão com nenhuma outra idéia além daquela de nós
mesmos e de um ser primordial. Da Existência Real de outros seres não temos nem
conhecimento demonstrativo nem evidente em si mesmo. Acerca desses seres não
há, portanto, nenhuma máxima.

Até esse ponto devemos considerar a essência das coisas, que está bem longe
de ter uma existência particular e que, consequentemente, não nos concede um
conhecimento de existência real. Neste caso, consiste a definição de abstração:
“considerar a ideia existindo apenas no entendimento. ” (LOCKE, 2012, p.679)

Outro exemplo de elemento que não concede existência são as proposições


universais. Sendo assim, percebe-se que Locke possui uma querela com os
universais. O trecho a seguir, evidencia a minha questão:

“O mesmo filósofo põe-se em posição contrária ao argumento do assentimento


universal, que diz haver princípios que gozam de aceitação geral entre os
homens. Mas, se isso for verdadeiro o argumento não se constitui numa prova
para atestar o inatismo. ” (BEZERRA, 2009)

Então, como o trecho descreve, a questão das proposições universais falhou


em combater o Inatismo que é um dos temas que Locke vai contra, em quase todo
o livro.

Agora, dividamos o assunto da existência real em três momentos citados no


início: a nossa própria existência, conhecida pela intuição, a existência de Deus,
conhecendo pela demonstração e a existência de outras coisas, conhecida pela
sensação.

Ao percebermos a nossa própria existência, não precisamos de nenhuma


prova, pois a nossa própria existência já justifica a nossa estadia no mundo.
Conforme Locke descreve:

“Eu penso, eu raciocino, eu experimento prazer e dor: haveria algo mais


evidente para mim que a minha própria existência. Eu duvido de tudo, e na

12
própria dúvida percebo a minha própria existência, da qual não duvido. ”
(LOCKE, 2012, p. 679)

Esse argumento nos leva a entender que o Empirismo de Locke possuía certas
raízes no racionalismo, embora ele tenha usado a questão da tabula rasa para
mascarar essa segunda doutrina. Embora muitos autores, como George Berkeley
e David Hume, tenham sido influenciados por Locke, alguns parecem ter criticado
parte de seu racionalismo. De acordo com José Maia Neto:

“Hume critica o racionalismo de Locke. Locke percebe que a crença em


conexões necessárias não é conhecimento por que somos incapazes de fazer a
inferência dedutiva que o fogo que acabou de me aquecer, aquecerá a mim e a
outros no futuro. Porém, ele insiste que a crença em tal coisa é racionalmente
embasada, como se a experiência bem atestada fosse uma base racional para a
crença, como se essa regularidade de experiência permitisse que o homem
racional lhe desse seu assentimento e afirmasse que o seu assentimento é
baseado em um argumento "a partir da natureza das próprias coisas." ” (NETO,
2011)

Mas, se Locke é tanto racionalista, como empirista, então a questão da


experiência seria anulada. Sendo assim: “A experiência não pode oferecer
nenhuma base racional para tal assentimento, dado que "todas as inferências
derivadas da experiência pressupõem que o futuro será semelhante ao passado
e que poderes semelhantes estarão ligados a qualidades sensíveis semelhantes."
“ (NETO, 2011)

Então, com esse trecho, percebe-se que o princípio empirista, de Locke, de


Relação, não leva a um contexto racional, similar ao de Empiristas Médicos, mas
ao do Empirismo Britânico, que mais tarde David Hume usará essa inspiração para
escrever seu livro Investigação sobre o Entendimento Humano (1748).

Quando a pessoa sente o seu próprio corpo, ela está ciente que está presente
no mundo, mas ainda duvida de tudo ao seu redor, daí que vem a questão da
tabula rasa de Locke, que diz que sua mente é como uma folha em branco. Esse

13
aspecto nos leva a entender que a experiência que a pessoa testemunhou por
toda a sua vida é o que forma o seu conhecimento do mundo.

Uma curiosidade é que essa experiência nos mostra o nosso conhecimento


intuitivo de nossa existência, o que nos responde pergunta clássica da filosofia
“quem nós somos? ”.

Locke escreve isso para combater outra corrente filosófica, o Ceticismo, que
possui nomes importantes como Pirro e Michel de Montaigne, e que apoia que a
verdade é inatingível, levando a um estado eterno de dúvida de si mesmo e do
mundo ao seu redor. Essa doutrina possui um teor inato, pois se tem dúvida que
abrange a metafísica, a religião e o real. O trecho a seguir robustece o meu
argumento:

“Se há céticos tão contumazes que negam sua própria existência (pois
duvidar realmente dela é manifestamente impossível), que eles desfrutem por
mim a felicidade de ser um nada até que a fome ou outro incômodo convença-
os do contrário. ” (LOCKE, 2012, p. 680-681)

No fenecimento, percebe-se que Locke escreve sobre a existência do homem


para combater o ceticismo, acabando com a dúvida eterna dos céticos.

Na questão da existência de Deus, entende-se que, o homem acredita,


intuitivamente, que o nada pode produzir um ser real. Como o ser é real, então é
óbvio que existe uma entidade presente nesse nada que gera o ser. De acordo
com Locke:

“Se, portanto, sabemos que existe um ser real, e que a não-entidade não
pode produzir nenhum ser real, isso demonstra com evidência que algo existe
eternamente, pois o que não é eterno tem um início, e o que tem início é
produzido por algo. ” (LOCKE, 2012, p.681)

Então, notamos que Deus é quem cria esses seres, que é o mais poderoso,
inteligente e sábio que já existiu eternamente. Como a religião sempre deu nomes
a Deus, como Jesus Cristo, Javé, Alá ou Yeshua, nós descobrimos que o Deus de

14
Locke, apesar de ser puritano, é o Deus criado pela razão, similar ao Deus de
Descartes. O extrato a seguir avigora o argumento:

“Portanto, a partir da consideração de nós mesmos e daquilo que


infalivelmente encontramos em nossa própria constituição, nossa razão leva-
nos ao conhecimento da verdade certa e evidente de que existe um ser eterno,
mais poderoso e mais sábio, não importa se o chamamos Deus. ” (LOCKE,
2012, p.682)

Sendo assim, nós definimos que Deus existe porque nossa razão a cria, não
importa qual a sua religião, ele sempre será alguém superior a nós.

Com esse argumento, dá para perceber que Locke foi criticado por muitos
grupos religiosos, como os ateus, aumentando a sua infâmia entre a religião. O
fragmento de Yolton fortifica o assunto a seguir:

“No capítulo do Ensaio sobre o nosso conhecimento da existência de Deus,


Locke expressa a opinião de que a questão de saber se a idéia de Deus prova
ou não prova a sua existência não é a melhor maneira de silenciar os ateus
(4.6.7). Num dos primeiros registros do seu diário, ele ofereceu uma sugestão
para silenciar ateus ou para convencê-los de que estão errados. Suponha-se,
escreveu ele em 1676, que a “probabilidade esteja no lado ateu”. Se eles
estivessem certos em dizer que não existe Deus, lhes restaria apenas
aniquilação ou insensibilidade eterna; isso é o melhor que eles podem esperar.
Os que acreditam que Deus existe têm a possibilidade de uma perpétua
felicidade. Se acontecesse de estarem errados a respeito da existência de Deus,
a aniquilação seria o pior que lhes poderia acontecer. Mas se o ateu estiver
errado, enfrentará com toda certeza o infinito sofrimento. Esse conjunto de
considerações poderia silenciar o ateu. ” (YOLTON, 1996, p.32)

O trecho acima mostra que a Existência de Deus exclui os ateus, vigorando a


Tolerância religiosa, em que certas religiões vivem em parcimônia, sem que haja
conflito ou guerra, por causa da religião do outro.

Com relação ao conhecimento da existência de todas as coisas, isso só é crível


através da sensação, e não precisa ter dependência entre as ideias presentes na
mente e no mundo real, porém devemos levar em conta que “Geral e Universal

15
não pertencem à existência real das coisas, mas são criaturas e invenções do
entendimento, formadas por ele para seu próprio uso e referindo-se apenas a
sinais, quer palavras, quer idéias. ” (YOLTON, 1996, p.125).

Diante disso, nota-se que somente faz parte da existência de todas as coisas,
as Idéias simples e abstratas. Enquanto que as idéias complexas tenham certos
arquétipos, que seria de onde a mente supõe que as idéias teriam sido extraídas, elas
são um reflexo de sua idéia real. Conforme Yolton descreve na sua definição:

“Idéias de substância são imperfeitas e inadequadas como cópias de seus


originais por causa do Ceticismo de Locke a respeito do nosso conhecimento
da essência real da substância (2.31.6; cf. 4.4.11). Idéias complexas de modos
e relações são, elas próprias, originais e arquétipos de ações e relações, um
uso desse termo que reflete, em parte, o conceito técnico de Locke de modos
mistos (2.31.14). De fato, todas as idéias complexas, excetuando as de
substâncias, são “arquétipos feitos pelas nossas mentes, não designadas para
serem cópias de algo, nem referidas à existência de qualquer coisa, como para
os seus originais” (4.4.5). ” (YOLTON, 1996, p.23)

Então, nota-se que Idéias complexas, embora sejam cópias de idéias simples
e abstratas, elas não fazem parte da existência real, o que as exclui da existência de
todas as coisas presente no mundo.

Diante de todas essas existências, percebemos que o propósito da Existência


Real é possibilitar com que o ser humano tenha conhecimento da natureza humana,
relacionada a qualquer tipo de existência citado acima, tanto de si mesmo, de Deus
e das coisas.

AUTOBIOGRAFIA

Após termos dissecado todas as quatro afirmações ou negações de nossas


idéias, é evidente que a extensão de nosso conhecimento é menor, não somente
que aquela da realidade das coisas, mas também aquela de nossas próprias
idéias.

Como podemos perceber, o Empirismo é uma linha filosófica que teve seus
primórdios na Grécia Antiga, com Aristóteles, e influenciou vários filósofos como
Guilherme de Ockham, Francis Bacon e Thomas Hobbes. Mas um dos autores

16
que vou destacar é considerado o pai do Empirismo que se chama John Locke.
Pudemos notar que o Empirismo de Locke, embora tenha tido sido criticado mais
tarde por seus contemporâneos que diziam que possuía certos conceitos do
Racionalismo, acoimou diversos campos da religião, como o Ateísmo, além de
admoestar o Inatismo, proveniente de Descartes, que também foi uma justificativa
de tentar fazer um debate aos universais, e exprobrou os céticos, que mais tarde
o Bispo Stillingfleet diria que sua filosofia levaria a um Ceticismo, assim como
Berkeley falou que o Ceticismo poderia voltar-se contra o Empirismo. Ainda diante
dessa chuva de críticas, percebemos que Locke é um filósofo importante que
merece ser estudado, pois de acordo com Edgard José Jorge Filho, em seu livro,
Moral e História em John Locke (1992):

[...] “No Ensaio sobre o Entendimento Humano, o propósito de Locke é


"...investigar a origem, certeza e extensão do conhecimento humano,
juntamente com as bases e graus da crença, opinião e assentimento. ” (FILHO,
1992, p.22)

Sendo assim, entende-se que o propósito do próprio Ensaio é classificar os


tipos de conhecimento que podem ser cognoscíveis ao homem para poder libertar o
ser humano do Ceticismo e do Inatismo, ambos provenientes da construção do
conhecimento humano. Graças a influência do nominalismo, Locke consegue
construir o que o ser humano deve necessariamente conhecer.

Nós tentamos aqui abordar brevemente a função das idéias no conhecimento


humano. A visão de Locke sobre o homem é que ele é racional, com uma consciência
diferente das outras pessoas. Sendo um homem racional, ele consegue criar idéias
simples, presentes na natureza, para descrever os objetos que estão a nossa volta,
o que nos possibilita criar nomes a tudo que existe. Sendo isso, ele pode pensar nas
idéias simples e complexas, mas ele não pode pensar em idéias abstratas, pois elas
são vazias e invisíveis ao ser humano. Ele defende que ao conhecer a si mesmo e os
objetos presentes ao nosso redor, o ser humano, no final, tem consciência de que um
Deus o criou, e tudo ao seu redor. Então, ao conhecer a si mesmo, o homem
conheceria o mundo todo, e com isso iniciaria uma defesa de um modelo de
autobiografia. O livro de Massaud Moisés reforça o meu argumento:

17
“Não obstante o anseio de autoconhecimento seja tão remoto quanto o lema
inscrito no templo de Delfos (“Conhece-te a ti mesmo”), a autobiografia
somente emerge no século XVIII, graças a Rousseau e às suas Confissões
(1782, 1789), precedidas pelas referências de John Locke, no seu Essay
Concerning Human Understanding (1690), ao “self” e à “identidade pessoal”
(Goodwin 1979:70). ” (MOISÉS, 1997, p.46)

Como pudemos entender, o Ensaio não serve só pra limitar e descrever partes
do conhecimento humano. Ele serve para posicionar um novo assunto, que vai ser
tratado por Rousseau no século XVIII: a autobiografia.

Embora a autobiografia seja derivada do autoconhecimento dos gregos, o


conceito só ganha esta designação na Idade Moderna, ainda que já encontremos
modelos de relatos biográficos, na Idade Média, de autores gregos que os medievais
se inspiravam por esses pensadores antigos para formar o seu modelo de
autobiografia. Conforme Maíra Bettio descreve sobre esse assunto:

“A autobiografia é um gênero literário que existe desde muito tempo e


continua bastante presente na atualidade. É um fenômeno atemporal e
mundial, que pode ser inteiramente literal ou possuir ingredientes ficcionais.
O precursor desse modelo de escrita é Santo Agostinho, durante a Idade
Média, com Confessiones (Confissões). (...). Nada mais é do que a vida de
uma pessoa relatada por ela própria e, em muitas vezes, transformada em livro
e/ou filme. ” (BETTIO,2005)

Esse novo modelo moderno foi utilizado por vários autores, depois do Locke,
como Goethe e Wordsworth. O trecho a seguir, descreve isso:

“Reconhece-se geralmente que as Confissões (1764-1770) de Jean-Jacques


Rousseau inauguram a forma moderna do gênero autobiográfico. Se a
relevância filosófica que Rousseau pretendia para a obra demorou a ser
reconhecida, sua influência literária foi imensa e imediata. Com sua peculiar
mistura de narrativa factual e elementos ficcionais e poéticos, ela criou o que
seria marca característica da autobiografia romântica, desenvolvida nas
produções de Goethe, Wordsworth, E.T.A. Hoffmann e muitos outros que se
seguiram. ” (MARQUES, 2004)

18
Então, como vimos, a extensão do conhecimento humano para Locke é
ilimitada. Seus limites éticos e religiosos são criticados por pensadores no século
XVII, mas o Iluminismo utilizou seus escritos e conhecimentos para construir a
autobiografia, que logo se tornou um modelo prático a ser utilizado por filósofos e
escritores do século XVIII. Daí pretendemos aprofundar a investigação da
autobiografia como ferramenta de construção do conhecimento humano segundo
Locke, um pensador reformado inglês diante de seu contexto.

REFERÊNCIAS

BEZERRA, Elano Sudário. Empirismo de John Locke, 2009. Disponível em:

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAW8YAI/empirismo-john-locke

BETTIO, Maíra Althoff De. Autobiografia, 2005. Disponível em:

http://www.infoescola.com/generos-literarios/autobiografia/

COSTA, Rogério da. Descartes, máquinas, animais e outras mentes, 2013.


Disponível em:

http://oleniski.blogspot.com.br/2013/01/descartes-maquinas-animais-e-outras.html

FILHO, Edgard José Jorge. Moral e História em John Locke, 1992. Ed


Loyola.

LOCKE, John. Ensaio Acerca do Entendimento Humano, 2012. Ed Nova


Cultural. Disponível em:

https://direitasja.files.wordpress.com/2012/04/ensaio_sobre_entendimento_hu
mano.pdf

__. Ensaio Acerca do Entendimento Humano, 2012. Ed Martins Fontes.

MARQUES, José Oscar de Almeida. Rousseau e a Forma Moderna da


Autobiografia, 2004. Disponível em:

19
http://www.unicamp.br/~jmarques/pesq/Forma_moderna_da_autobiografia.pdf

MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários, 1997. Ed Cultrix.


Disponível em:

https://books.google.com.br/books?id=0Pn4qAZ-
QyoC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false

NETO, José R. Maia. A influência de Locke no ceticismo religioso de Hume


em "Dos Milagres", 2011. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
512X2011000200015

POPE, Hugh T. A Enciclopédia Católica, Volume XIV, 2016. Disponível em:

http://mb-soft.com/believe/ttcm/socinian.htm

SALGADO, Maria do Livramento Rodrigues Soares. Influência do


Nominalismo em John Locke, 2013. Disponível em:

http://www.webartigos.com/artigos/influencia-do-nominalismo-em-john-
locke/111651/

YOLTON, John. Dicionário Locke, 1996. Ed. Jorge Zahar. Disponível em:

https://books.google.com.br/books?id=M3-
5zdXPkwEC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false

ZATERKA, Luciana. Robert Boyle e John Locke: Hipótese corpuscular e


filosofia experimental, 2006. Circumscribere, São Paulo, v. 1, p. 58-66. Disponível
em:

http://www.lucianazaterka.com.br/pdf/lzaterka-circumscribere.pdf

20

You might also like