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INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO
ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA - AFO

NO SETOR PÚBLICO
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO

SUMÁRIO

I – INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................4

II – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL................................................................................................................5


2.1) AUTARQUIAS.................................................................................................................................................................6
2.2) EMPRESAS PÚBLICAS....................................................................................................................................................6
2.3) SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA..............................................................................................................................7
2.4) FUNDAÇÕES PÚBLICAS.................................................................................................................................................7
2.5) SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS..................................................................................................................................8
2.6) FUNDOS ESPECIAIS.......................................................................................................................................................8
2.7) AGÊNCIAS AUTÔNOMAS – ATUAIS AGÊNCIAS EXECUTIVAS.........................................................................................9
2.8) ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (LEI 9.637, DE 15.5.98)........................................................................................................9
2.9) AGÊNCIAS REGULADORAS............................................................................................................................................9
III – ORÇAMENTO PÚBLICO........................................................................................................................................10
3.1) TIPOS DE ORÇAMENTO........................................................................................................................................11
3.2) PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS..........................................................................................................................11
IV – CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................................................12
4.1) UNIDADE ORÇAMENTÁRIA - UO.......................................................................................................................12
4.2) UNIDADE ADMINISTRATIVA - UA......................................................................................................................12
4.3) UNIDADE GESTORA - UG.....................................................................................................................................12
V – ESTRUTURA E COMPETÊNCIAS DO SISTEMA DE ORÇAMENTO FEDERAL..........................................13

VI – EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO BRASILEIRO..................................................................................................14


6.1) ORÇAMENTO CLÁSSICO OU TRADICIONAL...................................................................................................14
6.2) ORÇAMENTO DE DESEMPENHO........................................................................................................................14
6.3) ORÇAMENTO - PROGRAMA................................................................................................................................15
6.4) ORÇAMENTO TRADICIONAL X ORÇAMENTO-PROGRAMA........................................................................16
VII – ASPECTOS LEGAIS DO ORÇAMENTO.............................................................................................................18
7.1) CONTEMPLADOS PELA LEI N.º 4.320/64:...........................................................................................................18
7.2) CONTEMPLADOS PELO DECRETO-LEI Nº 200/67:...........................................................................................18
7.3) CONTEMPLADOS PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988:.........................................................................................19
7.4) CONTEMPLADOS PELA LEI COMPLEMENTAR N.º 101, DE 04/05/2000:.......................................................20
VIII – CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA RECEITA......................................................................................21
8.1) CLASSIFICAÇÃO POR CATEGORIA ECONÔMICA...........................................................................................21
8.2) CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR FONTES...................................................................................................21
8.3) CLASSIFICAÇÃO PELA ORIGEM DOS RECURSOS..........................................................................................23
8.4) CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A VINCULAÇÃO DA RECEITA.........................................................................23
8.5) QUADRO RESUMO DA CODIFICAÇÃO DA RECEITA......................................................................................24
8.6) ESTÁGIOS DA RECEITA........................................................................................................................................24
IX – CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA DESPESA.........................................................................................25

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9.1) CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL.....................................................................................................................25
9.2) CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL............................................................................................................................26
9.3) ESTRUTURA PROGRAMÁTICA...........................................................................................................................30
9.4) LOCALIZAÇÃO ESPACIAL - REGIONALIZAÇÃO.............................................................................................33
9.5) EXEMPLO DE APLICAÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS..........................................................................33
9.6) CLASSIFICAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA DESPESA................................................................................34
X – PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS DA UNIÃO..................................................................38
10.1) CICLO DA GESTÃO, SOB O PONTO DE VISTA DO ÓRGÃO/ ENTIDADE...................................................38
10.2) CICLO DA GESTÃO, SOB O PONTO DE VISTA DO ENTE DA FEDERAÇÃO.............................................40
10.3) PREMISSAS DO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO ATUAL.................................................................................41
10.4) ETAPAS BÁSICAS DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS.............................................41
10.5) ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA..........................................................................................42
XI – MECANISMOS RETIFICADORES DO ORÇAMENTO.....................................................................................47
11.1) ABERTURA DOS CRÉDITOS ADICIONAIS.......................................................................................................48
11.2) VIGÊNCIA DOS CRÉDITOS ADICIONAIS.........................................................................................................48
11.3) FONTES DE FINANCIAMENTO PARA OS CRÉDITOS ADICIONAIS............................................................49
XII – EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA.............................................................................................50
12.1) DESCENTRALIZAÇÃO DE CRÉDITO................................................................................................................50
12.2) EMPENHO..............................................................................................................................................................51
12.3) LIQUIDAÇÃO........................................................................................................................................................52
12.4) PAGAMENTO.........................................................................................................................................................52
XIII – EXERCÍCIO FINANCEIRO.................................................................................................................................53

XIV – CONTA ÚNICA........................................................................................................................................................53

XV – RESTOS A PAGAR...................................................................................................................................................54

XVI) BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................................55

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I – INTRODUÇÃO

Sob o ponto de vista conceitual, a denominação Administração Orçamentária e


Financeira - AOF, de modo tradicional em qualquer organização, seja ela pública ou privada, diz
respeito às operações voltadas para a obtenção, distribuição e utilização de recursos financeiros
indispensáveis à satisfação de objetivos específicos.
A diferença essencial entre esses objetivos nas Organizações Privadas e nas
Organizações Públicas é que, nas primeiras, busca-se, primordialmente, a obtenção de lucros -
excesso de receitas sobre as despesas – o que pressupostamente leva a um
crescimento/desenvolvimento econômico da instituição.
Nas Organizações Públicas esses objetivos devem satisfazer às necessidades públicas
que, segundo Aliomar Baleeiro1, são aquelas “de interesse geral, satisfeita pelo processo de serviço
público”, obtidas mediante a administração de arrecadação de receitas que poderão cobrir as despesas
(situação de equilíbrio) ou não (déficit). As Organizações Públicas visam atender satisfatoriamente
aos interesses coletivos.
A Administração Financeira e Orçamentária no Setor Público, enquanto instrumento
de implementação da atividade financeira do Estado, está contida tanto no objeto de estudo das
Ciências das Finanças como no do Direito Financeiro, todavia com enfoques distintos. Segundo
Celso Ribeiro Bastos2,
“Há, sem dúvida, uma diferença de enfoques entre a Ciência das Finanças e o
Direito Financeiro. O Direito Financeiro tem por objeto o estudo das normas que compõem a
organização e a estrutura financeira do Estado. É necessariamente referido a um país sobre cujo
ordenamento jurídico se erige. É sempre individualizado. A Ciência das Finanças tem por objeto os
fenômenos financeiros, e a sua metodologia é fundamentalmente descritiva e especulativa. Visa
também a formular leis, mas não ao modo das leis jurídicas”.
Quando estudada em caráter gerencial, tendo por objeto fenômenos financeiros
baseados em metodologia fundamentalmente descritiva e especulativa, pertence à Ciência das
Finanças, cabendo diferenciar Finanças Privadas de Finanças Públicas. Segundo Miranda Gomes3,
“Nas Finanças Privadas, o comando está sempre vinculado ao binômio receita-
despesa. Nas Finanças Públicas é o inverso, o comando é o da despesa, porque esta representa a
gama de dispêndios utilizados pelo Estado para o atendimento das necessidades públicas, ou seja,
para a realização de seus próprios fins. Por isso, a despesa é que determina a receita que será
necessária ao cumprimento de suas metas”.
Segundo o mesmo autor, os campos de atuação entre as Finanças Públicas e Privadas
são bastante distintos.
“Nas Finanças Privadas, preside os interesses de valorização, de especulação. Nas
Finanças Públicas, preside a racionalidade em direção ao bem estar .

1
BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças, 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987, p.2.
2
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário, 6ª ed. São Paulo: Saraiva, p17.
3
GOMES, Carlos R. de Miranda. Manual de Direito Financeiro e Finanças. 2ª ed. Brasília: Brasília Jurídica, 2000,p40.

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Quando especificamente estudada como ordenamento jurídico pertence ao Direito


Financeiro que, segundo Giuliani Fonrouge4,
“é o conjunto de normas jurídicas que regula a atividade financeira do Estado
em seus diferentes aspectos: Órgãos que a exercem, meios em que se exterioriza e conteúdo
das relações que originam”,
A Constituição Federal dedica um capítulo específico tanto às Finanças Públicas
(Título VI - Capítulo II), abrangendo as Normas Gerais e os Orçamentos, como evidencia no art. 24 a
competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar sobre Direito
Financeiro (Inciso I) e Orçamento (Inciso II). Ainda, nos artigos 70 a 74, constata-se uma relação
entre matérias orçamentárias e financeiras com os Sistemas de Controles Interno e o Controle
Externo da Administração Pública. Destaca-se, neste contexto, que essa relação não deixa de
considerar o embasamento teórico das funções clássicas da administração enunciadas por Fayol,
quais sejam: Planejar, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar.
A interação, na Administração Pública Federal, era evidente desde a Constituição de
1988. Segundo Giacomoni5 , “A constituição de 1988 reforçou a concepção que associa
planejamento e Orçamento como elos de um mesmo sistema, ao tornar obrigatória a elaboração de
planos plurianuais abrangendo as despesas de capital e demais programas de duração continuada.
Substituindo os Orçamentos plurianuais de investimentos previstos na legislação anterior, os Planos
Plurianuais orientarão a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária
Anual, bem como a apresentação de emendas por parte dos legisladores.”

II – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Segundo Hely Lopes (1997)6, a Administração Pública,

“Em sentido formal é o conjunto de Órgãos instituídos para consecução dos objetivos
do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral;
em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços públicos
próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a
Administração Pública é, pois, todo o aparelhamento do Estado pré-ordenado à realização de serviços,
visando à satisfação das necessidades coletivas. A administração não pratica atos de governo; pratica,
tão somente, atos de execução com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do
Órgão e de seus agentes”.

O Decreto-lei nº 200, de 25-2-67, dispõe sobre a reforma administrativa federal, o qual


com a redação dada pela Lei nº 7.596, de 10-4-87, determina que

“A administração federal compreende:

4
FONROUGE, Giuliani. Derecho Financiero, 2ª.ed. Buenos Aires: Depalma,1970, p.3-4
5
GIACOMONI, James. Orçamento Público.6ª. ed. São Paulo: Atlas, 1996.p.58.
6
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 22ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p.59

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I – a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios;
II – a administração indireta, que compreende as entidades dotadas de personalidade jurídica
própria, nas seguintes categorias:
a)autarquias;
b)empresas públicas;
c)sociedades de economia mista;
d)fundações públicas”

Já na administração direta, na esfera do Poder Executivo Federal, constitui-se dos


serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência e Vice-Presidência República , dos
Ministérios e seus respectivos Órgãos e entidades e ainda pelo Ministério Público Federal. Os Órgãos
que compõem a administração direta agem em nome da União (ente de Personalidade Jurídica de
Direito Público Interno), embora sejam caracterizados como entes despersonalizados.
As entidades compreendidas na administração indireta consideram-se vinculadas ao
Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade, possuindo
características específicas elencadas a seguir:

2.1) Autarquias

É a entidade, criada por lei, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio
e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

Características:

 personalidade jurídica de direito público;


 não sujeita à falência, nem pode ter seus bens penhorados;
 sujeita ao Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/90) e Lei das Licitações (Lei nº
8.666/93);
 recursos oriundos do Orçamento-Geral da União (fiscal e seguridade social);
 legislação contábil Lei nº 4.320/64; e
 busca do interesse público

2.2) Empresas Públicas

É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio


próprio e capital exclusivo da União, autorizada a sua instituição por lei específica (EC nº 19/98),
para a exploração de atividade econômica que o governo seja levado a exercer por força de
contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas
admitidas em direito.

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Características:

 pessoa jurídica de direito privado;


 não goza de privilégios tributários;
 regime trabalhista: CLT;
 sujeitam-se à Lei 8.666/93 (licitações e contratos);
 não pode ter sua falência requerida, mas pode ter seus bens penhorados;
 legislação contábil: Lei 6.404/76 e Lei 4.320/64 em caráter suplementar no tocante
ao registro contábil de recebimento de dotações do Orçamento Fiscal e da Seguridade;
 pode-se revestir em qualquer tipo de sociedade prevista em Lei;
 capital social formado somente por uma única esfera de Estado: União, DF,
Estados ou Municípios;
 recursos oriundos do Orçamento-Geral da União (fiscal, seguridade ou de
investimento das estatais) e parte de custeio de seus próprios Orçamentos (geração de
receitas próprias); e
 objetiva o lucro - interesses econômicos

2.3) Sociedades de Economia Mista

É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, cuja instituição


deverá ser autorizada por lei específica (EC nº 19/98), para a exploração de atividade econômica, sob
forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, à União ou à
entidade da administração indireta.

Características:
 pessoa jurídica de direito privado (administração indireta);
 não goza de privilégios tributários;
 regime trabalhista: CLT;
 sujeitam-se `a Lei 8.666/93 (licitações e contratos);
 não pode ter sua falência requerida, mas pode ter seus bens penhorados; e
 legislação contábil: Lei 6.404/76 (c/ alterações) e Lei 4.320/64 em caráter
suplementar no tocante ao registro contábil de recebimento de dotações do Orçamento
Fiscal e da Seguridade;

2.4) Fundações Públicas

É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito público ou privado, atribuída


por lei, sem fins lucrativos, cuja instituição depende de autorização por lei específica (EC nº 19/98),
com autonomia administrativa, patrimônio próprio geridos pelos respectivos Órgãos de direção e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

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Características:
 personalidade jurídica de direito público ou privado, atribuída por lei;
 não sujeita à falência, nem pode ter seus bens penhorados;
 a com personalidade jurídica de direito público sujeita-se integralmente ao RJU e
as de direito privado ao regime trabalhista CLT;
 sujeitam-se à Lei das Licitações (8.666/93);
 recursos oriundos dos Orçamentos geral da União (fiscal e seguridade social);
 legislação contábil Lei 4.320/64;
 Objetiva o interesse público; e
 Área de atuação definida por lei complementar (EC nº 19/98)

Além das categorias discriminadas no Decreto-lei n.º 200/67, existem outras entidades
de administração indireta, como os Serviços Sociais Autônomos, considerados como entidades
paraestatais de cooperação, os Fundos Especiais as recém categorias introduzidas (baseadas do
modelo norte-americano) pelo Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, elaborado pelo
extinto Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado e aprovado pelo Presidente da
República em Novembro/95, que veio introduzir novas formas de Administração Pública.. Têm-se
como exemplo dessas as Agências Autônomas ou Agências Executivas, Organizações Sociais e as
Agências Reguladoras, conforme detalhadas a seguir:

2.5) Serviços Sociais Autônomos

São os destinados às atividades de pesquisa, ensino, indústria, comércio ou agrícola,


com peculiaridades de organização e funcionamento, autonomia administrativa e financeira, em grau
conveniente. Segundo Hely Lopes Meirelles7, “é aquele instituído por lei, com personalidade de
direito privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos
profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou contribuições
parafiscais. São entes paraestatais8, de cooperação com o poder público, com administração e
patrimônio próprio, revestindo a forma de instituições particulares convencionais (fundações,
sociedades civis ou associações) ou peculiares ao desempenho de suas incumbências estatutárias.
São exemplos desses entes: os diversos serviços sociais da indústria e do comércio, tais como os dos
SENAI, SESC, SENAC, SESI, com estrutura e organização especial, genuinamente brasileiro”9.

2.6) Fundos Especiais

São constituídos por receitas específicas, vinculadas a determinados objetivos ou


serviços com normas peculiares de aplicação. Exemplos: FUNDAF, FNS, FUNTRED, etc.

7
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p.336
8
A etimologia da palavra paraestatal indica tratar-se de ente disposto paralelamente ao Estado para executar, em parceria
com este, atividades de interesse do Estado, mas não privativo deste.
9
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 22ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p.329.

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2.7) Agências Autônomas – atuais Agências Executivas

São entidades que visam a modernização de autarquias e fundações que contemplem


atividades exclusivas do Estado, como fiscalização, arrecadação, normatização, possibilitando a
responsabilização por resultados e a autonomia de gestão. Neste caso, as autarquias e fundações
celebram contrato de gestão (acordo operacional) com o Ministério supervisor, não deixando de
pertencer à categoria de entidade que já estavam.

2.8) Organizações Sociais (Lei 9.637, de 15.5.98)

São entidades privadas (pessoas jurídicas de direito privado), sem fins lucrativos,
destinadas ao exercício de atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Não fazem parte da
Administração Pública. O poder público e a comunidade deverão estar representados nessas
entidades, cujos membros serão de notória capacidade profissional e idoneidade moral. Suas
atividades são desenvolvidas de acordo com o contrato de gestão assinado com o ministério
supervisor e o Conselho de Administração da respectiva organização social – recebem dotações
orçamentárias públicas. Não estão sujeitas ao regime jurídico único dos servidores, nem à lei de
licitações, porém não devem se afastar dos princípios gerais dessas leis. São declaradas de interesse
social e de utilidade pública. Essas organizações estão passíveis do controle interno e do controle
externo pelo TCU. Em outras palavras, significa dizer que, deverão apresentar prestações de contas
aos respectivos Órgãos de controle.

2.9) Agências Reguladoras

São autarquias de natureza especial sustentadas pelo governo, quando o objeto da


concessão (permissão ou autorização) é um serviço público, como nas hipótese previstas na CF/88, e
quando o objeto da concessão é a exploração de atividade econômica monopolizada, porém com
autonomia administrativa e financeira. Estão alocadas na esfera descentralizada do governo federal,
ou seja, na administração indireta. Devem, contudo, obediência aos princípios constitucionais da
Administração Pública: licitação, moralidade, impessoalidade, legalidade, publicidade e eficiência.
Ex.: Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Agência Nacional do Petróleo – ANP, Agência
Nacional de Telecomunicações – ANATEL, Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANSS.

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III – Orçamento Público

Segundo Giacomoni (1996:59),

“o orçamento público é caracterizado por possuir uma multiplicidade de aspectos:


político, jurídico, contábil, econômico, financeiro, administrativo. Seu conceito tem sofrido
significativas mudanças ao longo do tempo, em decorrência da evolução de suas funções, hoje
marcadamente diversas daquelas que o distinguiam no passado.”

Ainda o mesmo autor, citando Allan D. Manvel:


“O orçamento é um plano que expressa em termos de dinheiro, para um período de
tempo definido, o programa de operações do governo e os meios de financiamentos desse programa.”

É interessante conceituar a definição de orçamento público, expressa no Glossário de


Termos Orçamentários e Afins da Edição Especial da Revista ABOP do 3ªquadrimestre de 1992.
“Orçamento Público: lei de iniciativa do Poder Executivo que estima a receita e fixa
despesa da administração pública. É elaborada em um exercício para depois de aprovada pelo Poder
Legislativo, vigorar no exercício seguinte”

Segundo Mota (2002:23), sob o aspecto econômico social, o orçamento público


“tem a intenção de revelar os gastos governamentais que contribuem para a geração
de bens de capital ou não, os quais resultam em produtos, rendas e serviços, bem como identificar as
áreas de atuação do setor público com vistas a atender as necessidades coletivas ”.

A Lei Orçamentária Anual - LOA, também chamada de “Lei de Meios”, é uma lei que
contém a discriminação da receita e despesa pública, de forma a evidenciar a política econômico -
financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios orçamentários expressos na
Constituição e na Lei nº 4.320/64. A LOA possibilita os meios necessários para o desempenho da
função pública.

O Decreto nº 2.829, de 29 de outubro de 1998, e as Portarias nº 51, de 16 de novembro


de 1998 e nº 42, de 14 de abril de 1999, ambas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
introduziram modificações substanciais no processo de Planejamento e Orçamento do Setor Público a
vigorar a partir do ano 2000. Segundo o Manual Técnico de Orçamento - MTO - 02 10, "Essas
modificações representam um importante passo no sentido da modernização dos processos de
planejamento e orçamento, com aplicabilidade à União, Estados e Municípios, tendo como escopo
principal a busca para o Setor Público de uma administração menos burocrática e mais gerencial ,
com efetiva orientação para resultados".

10
BRASIL. Ministério do Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento federal. Instruções para elaboração da
proposta orçamentária da União para 2000; Manual Técnico de Orçamento (MTO-02). Brasília, Impresa Nacional,
1999. P. 11.

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3.1) TIPOS DE ORÇAMENTO

O parágrafo 5º do art. 165 da Constituição Federal define que a lei orçamentária anual
compreenderá um conjunto formado por três orçamentos:

Orçamento Fiscal – referente aos Poderes da União, seus fundos, Órgãos e entidades
da Administração Direta e Indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

Orçamento de Investimento – referente às empresas em que a União, direta ou


indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; e

Orçamento da Seguridade Social – abrangendo todas as entidades e Órgãos a ela


vinculados, da administração direta e indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
mantidos pelo Poder Público.

3.2) PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Anualidade - De conformidade com o princípio da anualidade, também denominado


princípio da periodicidade, a previsão da receita e a fixação da despesa devem referir-se sempre a um
período limitado de tempo. Ao período de vigência do Orçamento denomina-se exercício financeiro.
No Brasil, de acordo com o Art. nº 34 da Lei nº 4.320/64, o exercício financeiro coincide com o ano
civil: 1º de janeiro a 31 de dezembro.

Exclusividade - Consoante o princípio da exclusividade, o orçamento deve conter


apenas matéria orçamentária e não cuidar de assuntos estranhos, o que, aliás, está previsto no Art.
165 da Constituição. O princípio da exclusividade foi introduzido no direito brasileiro pela reforma
constitucional de 1926. Sua adoção, como norma constitucional, pôs fim às distorções das famosas
“caudas orçamentárias”11. Exceção feita à autorização para abertura de Créditos Suplementares e
contratação de operações de créditos. “Esse princípio surgiu com o objetivo de impedir que a Lei de
Orçamento, em função da natural celeridade de tramitação no legislativo, fosse utilizada como meio
de aprovação de matérias outras que nada tivessem a ver com questões financeiras.”12

Especificação13 - De acordo com esse princípio, as receitas e as despesas devem


aparecer no orçamento de maneira discriminada, de tal forma que se possa saber,
pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua aplicação.

Unidade – Segundo esse princípio, o orçamento deve ser uno, isto é, deve existir
apenas um orçamento e não mais que um para cada exercício financeiro. Visa-se com esse princípio
eliminar a existência de orçamentos paralelos.

11
Inclusão de matéria não pertinente à matéria orçamentária.
12
GIACOMONI, James. Orçamento Público. 6ª. Ed. São Paulo: Atlas, 1996,p. 78.
13
Este princípio é também conhecido como da discriminação ou especialização.

11
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Publicidade - Define esse princípio que o conteúdo orçamentário deve ser divulgado
(publicado) por meio dos veículos oficiais de comunicação/divulgação para conhecimento público e
para a eficácia de sua validade, que é o princípio exigido para todos os atos oficiais do governo.

Universalidade - Por esse princípio o orçamento deve conter todas as receitas e todas
as despesas referentes aos Poderes da União, seus fundos, Órgãos e Entidades da Administração
Direta e Indireta. (Art. 165, § 5º - CF).

Equilíbrio - Pelo princípio do equilíbrio entende-se que, em cada exercício


financeiro, o montante da despesa não deve ultrapassar a receita prevista para o período. Uma razão
fundamental para defender esse princípio é a convicção de que ele constitui o único meio de limitar o
crescimento dos gastos governamentais..

IV – CONCEITOS BÁSICOS

4.1) UNIDADE ORÇAMENTÁRIA - UO

A Lei nº 4.320/64, no seu artigo 14, e seu parágrafo único, define Unidade
Orçamentária como

“o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo Órgão ou repartição a que serão


consignadas dotações próprias. Portanto, é o agrupamento de serviços sob a responsabilidade de
determinado Órgão contemplado na lei orçamentária.”

4.2) UNIDADE ADMINISTRATIVA - UA

A alínea “D”, item 103 da IN/SECIN/MF nº 004, de 30 de agosto de 1982, define


Unidade Administrativa como sendo:

“A repartição pública da administração direta não contemplada nominalmente no


Orçamento da União e que depende de destaques ou provisões para executar o seu programa de
trabalho. Em casos excepcionais serão consignadas dotações a unidades administrativas subordinadas
ao mesmo Órgão.”

É o exemplo da Coordenação-Geral de Planejamento e Orçamento/DGI – UG 170940


– da CGU/PR, não sendo consignada na LOA dotação orçamentária própria.

4.3) UNIDADE GESTORA - UG

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É a unidade que administra e/ou executa os créditos orçamentários de determinada


Unidade Orçamentária, realizando atos de gestão orçamentária, financeira ou patrimonial, cujo titular,
em conseqüência, está sujeito à tomada de contas anual, na conformidade dos artigos 81 e 82 do
Decreto-Lei 200 de 20.2.1967.

 Unidade Gestora Responsável – UGR - É a Unidade que responde pela


realização da parcela do programa de trabalho contida num crédito orçamentário do
Órgão.

 Unidade Gestora Executora – UGE - É a Unidade que realiza atos de gestão


orçamentária, financeira e/ou patrimonial, cujo titular, em conseqüência, está sujeito à
tomada ou prestação de contas anual. Possui Ordenador de Despesas e Gestor
Financeiro.

 Unidade Gestora “Off – line” - Quanto à forma de acesso, a UG “Off-line” é a


Unidade que não possui condições técnicas de acesso ao SIAFI. Para entrada de dados
e obtenção de informações, esta UG se utiliza de sua Unidade Polo de Digitação.

 Unidade Gestora “On – line” - Quanto à forma de acesso, a UG “On-line” é a


Unidade que tem acesso direto, por seus próprios operadores, às informações do
SIAFI, seja para consultas ou para entrada de dados.

V – ESTRUTURA E COMPETÊNCIAS DO SISTEMA DE ORÇAMENTO


FEDERAL

Órgão Central – Secretaria de Orçamento Federal no Ministério do Planejamento,


Orçamento e Gestão – MP.

Competências:
 formular as Diretrizes Orçamentárias e consolidar os orçamentos anuais;
 gerenciar o processo de orçamento federal;
 preparar o projeto de Lei de Diretrizes e os manuais técnicos orçamentários para
elaboração das propostas orçamentárias;
 orientar e coordenar as ações dos Órgãos Setoriais;
 analisar e consolidar as propostas orçamentárias dos Órgãos Setoriais, elaborando
a proposta da União;
 elaborar o programa de trabalho da União;
 acompanhar o cumprimento do programa de trabalho e realizar a avaliação físico-
financeira dos projetos e atividades; e
 disciplinar os critérios da execução orçamentária.

Órgãos Setoriais - Secretarias Executivas (SPOA/COF) dos Ministérios Civis e


Órgãos Equivalentes dos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores.

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Competências:
 preparar instruções para elaboração das propostas orçamentárias setoriais, como
unidade orçamentária do Órgão Superior;
 orientar e coordenar as ações dos Órgãos seccionais;
 analisar e consolidar as propostas orçamentárias dos Órgãos seccionais, elaborando
a proposta do Ministério;
 acompanhar o cumprimento do programa de trabalho e realizar a avaliação físico-
financeira dos projetos e atividades do Ministério;
 elaborar e controlar a programação de desembolso; e
 disciplinar os critérios da execução orçamentária, observadas as normas do Órgão
central.

Órgãos Seccionais - Unidades que, em cada entidade da Administração Federal


Indireta, centralizem funções de planejamento e Orçamento.

VI – EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO BRASILEIRO

6.1) ORÇAMENTO CLÁSSICO OU TRADICIONAL

O orçamento clássico foi utilizado no Brasil até o advento da Lei 4.320/64. Segundo
Giacomoni (1996):
"O Orçamento clássico adotava classificações suficientes apenas para instrumentalizar
o controle de despesas. Duas eram as classificações clássicas:
- por unidades administrativas (isto é, os Órgãos responsáveis pelos gastos); e
- por objeto ou item de despesa (pessoal, material etc.).
O Orçamento assim classificado é, antes de qualquer coisa, um inventário dos ‘meios’;
com os quais o Estado conta para levar a cabo suas tarefas . É, pois, bastante apropriado o rótulo de
‘Lei de Meios’ ao Orçamento tradicional." 14
O Orçamento tradicional mostrou-se ineficaz, principalmente, por não contemplar um
programa de trabalho e um conjunto de objetivos a atingir. A base para a orçamentação era de acordo
com o que gastavam no exercício anterior, e não, em função do que se pretendia realizar.

6.2) ORÇAMENTO DE DESEMPENHO

O Orçamento de desempenho evoluiu do Orçamento clássico, passando a ser visto não


mais como um mero documento de previsão de receita e autorização de despesas, pois já
contemplava os objetivos a atingir, mas as ações previstas ainda eram desvinculadas do
planejamento.
14
GIACOMONI, James. Orçamento Público, 6ª. Ed. São Paulo: Atlas, 1996. p.61

14
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O Orçamento desempenho ou de realizações buscava saber o que o governo fez e não


o que o governo comprou, ou seja, a ênfase passou a ser nos resultados e não apenas na execução
legal do Orçamento.

6.3) ORÇAMENTO - PROGRAMA

Orçamento-Programa pode ser definido como a combinação de atividades que


produzem resultados característicos com a disponibilidade orçamentária do Governo, ou seja, é um
Orçamento integrado ao planejamento.

“As atividades desenvolvidas pelo Setor Público da economia devem estar sujeitas a
algum teste de eficiência. Os recursos sacados da atividade privada não podem ser desperdiçados pela
duplicação de esforços e programas de ação desnecessários.
A maior parte dos Órgãos governamentais não opera sob leis de mercado. Os conceitos
de preço e lucro não se aplicam ao seu produto. O próprio conceito de produto é, muitas vezes,
abstrato: como definir o produto do Gabinete de uma Secretaria de um Ministério?
Algumas técnicas foram desenvolvidas com vistas a aumentar a eficiência do Setor
Público: Uma delas - a do Orçamento-Programa - foi desenvolvida para auxiliar os produtores estatais
na tarefa de planejar os gastos e avaliar o avanço do produto.”15

O Planejamento no Orçamento-Programa pode ser entendido, segundo Filelline:

"Esse sistema de planejamento, obrigatório para a União, Estados e Municípios


brasileiros, representa uma tentativa de introduzir um instrumental consistente de análise para todos os
níveis de dispêndios. A característica básica do Orçamento-Programa é seu enfoque no produto de uma
agência16. Para tanto, criou a figura do programa,17 que pode ser definido como a combinação de
atividades que produzem resultados característicos". 18

O planejamento no Orçamento-Programa é descrito em cinco passos:


a) estabelecimento das prioridades;
b) identificação das metas;
c) computação dos custos de programas alternativos, no tempo;
d) mensuração dos benefícios de programas alternativos, no tempo; e
e) escolha da melhor alternativa (que converte em um programa).

De forma a facilitar a implantação do planejamento no Orçamento-Programa,


atividades governamentais são reclassificadas, para refletirem os tipos de ações empreendidas pelo
Governo. Essa classificação é diferente da classificação tradicional por Ministério ou Secretaria de
Estado (do tipo Ministério da Saúde, Ministério do Exército etc.) e passa a contemplar determinada
atividade, como a do combate às endemias, sendo que as verbas alocadas poderão estar parcialmente
15
FILELLINE, Alfredo. Economia do Setor Público, p.163
16
Agência, entendida como uma Unidade Gestora.
17
Programa: Instrumento de organização da atuação Governamental visando a concretização dos objetivos pretendidos,
sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual (Portaria no 42, de 14 de abril de 1999).
18
FILELLINE, Alfredo. Economia do Setor Público, p. 164.

15
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nos Ministérios mencionados, que terão de aplicá-las em ações produtoras de reflexos sobre as
endemias nacionais.

O planejamento nas etapas descritas permite a revisão anual da totalidade das


solicitações de verbas. Com isso, evita-se a tendência existente no processo de revisão orçamentária
de enfocar apenas as variações de verbas propostas para itens orçamentários singulares, ao invés de
examinar o mérito da aplicação da totalidade dos recursos. O enfoque nos aumentos ou reduções -
que origina o chamado “Orçamento incremental”- contribui para a manutenção dos gastos existentes,
limitando a discussão aos percentuais de recursos que devem ser destinados a cada Órgão.

O planejamento, no Orçamento-Programa, avalia os resultados do desenvolvimento de


cada programa em seus reflexos sociais, a partir do que, é decidida a conveniência de sua
manutenção, supressão, ampliação ou redução.

A Reforma Orçamentária que começou a vigorar a partir do exercício de 2000,


conforme Decreto 2.829, de 29/10/98, representa um importante passo no sentido da modernização
dos processos de Planejamento e Orçamento, visando uma Administração Gerencial voltada para o
resultado. Nesse sentido, identifica-se no esforço de modernização a observância de dois
pressupostos:
a) Cobrança de Resultados deve ser entendida como uma avaliação junto à sociedade
das ações desenvolvidas pelos governos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), aferidas em
termos de benefícios efetivamente oferecidos ao cidadão.

b) Realidade Problematizada traduz o esforço de modernização do planejamento,


fazendo com que este passe a ser centrado em "problema".

6.4) ORÇAMENTO TRADICIONAL X ORÇAMENTO-PROGRAMA

ORÇAMENTO TRADICIONAL ORÇAMENTO-PROGRAMA


O processo orçamentário é dissociado dos processos de O Orçamento é o elo de ligação entre o
planejamento e programação. planejamento e as funções executivas da
A alocação de recursos visa à aquisição de meios. organização.
As decisões orçamentárias são tomadas tendo em vista A alocação de recursos visa à consecução de
as necessidades das unidades organizacionais. objetivos e metas.
Na elaboração do Orçamento são consideradas as As decisões orçamentárias são tomadas com base
necessidades financeiras das unidades organizacionais. em avaliações e análises técnicas das alternativas
A estrutura do Orçamento dá ênfase aos aspectos possíveis.
contábeis de gestão. Na elaboração do Orçamento são considerados
Principais critérios de classificação: unidades todos os custos dos programas.
administrativas e elementos de despesa. A estrutura do Orçamento está voltada para os
Inexistem sistemas de acompanhamento e medição do aspectos administrativos e de planejamento.
trabalho, assim como, dos resultados. Principal critério de classificação: funcional-
O controle visa avaliar a honestidade dos agentes programática.19
governamentais e a legalidade no cumprimento do Utilização sistemática de indicadores e padrões de
Orçamento. medição do trabalho e dos resultados.
19
A partir do Orçamento de 2000 foi substituída pela classificação Funcional.

16
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O controle visa avaliar a eficiência, a eficácia e a


efetividade das ações governamentais.
Fonte: GIACOMONI, James. Orçamento do Setor Público, p.149.

17
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VII – ASPECTOS LEGAIS DO ORÇAMENTO

7.1) CONTEMPLADOS PELA LEI N.º 4.320/64:

 discriminação da receita e despesa evidenciando a política financeira e o programa


de trabalho do governo;
 introdução da idéia de metas visadas, custos das obras a realizar e dos serviços a
prestar;
 obediência aos princípios da unidade, universalidade e anuidade;
 abrange todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei;
 não são consideradas como receitas as operações de crédito por antecipação de
receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias no ativo e
passivo financeiros;
 a lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos Órgãos do
governo e da administração centralizada;
 a lei de orçamento poderá conter autorização ao executivo para:
a) abrir Créditos Suplementares até determinada importância;
b) realizar em qualquer mês do exercício financeiro operações de crédito por
antecipação, ao da receita, para atender insuficiências de caixa.
 em casos de déficit a lei de Orçamento indicará as fontes de recursos que o Poder
Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.
 produto estimado de operações de crédito e de alienação de bens imóveis somente
se incluirão na receita quando forem especificamente autorizadas pelo Poder
Legislativo de forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las
no exercício.
 a autorização legislativa, a que se refere o parágrafo anterior, no tocante a
operações de credito, poderá constar da própria lei de orçamento.
 não serão admitidas emendas ao projeto de Lei do Orçamento que visem a:
a) alterar a dotação solicitada para a despesa de custeio, salvo quando
provada, nesse, a inexatidão da proposta;
b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja aprovado
pelos Órgãos competentes.
c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não
esteja anteriormente criado.
d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados em
resolução do Poder Legislativo para concessão de auxílios e subvenções.

7.2) CONTEMPLADOS PELO DECRETO-LEI Nº 200/67:

 obrigatoriedade de um orçamento-programa anual;


 atividade orçamentária organizada sob a forma sistêmica;

18
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 supervisão ministerial por meio da aprovação do orçamento-programa das


entidades da administração indireta;
 atualização das descentralizações normativas constantes da Lei nº 4.320/64.

7.3) CONTEMPLADOS PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988:

 ênfase na integração planejamento-orçamento;


 existência de três documentos de Planejamento/Orçamento:
a) plano plurianual
b) lei de diretrizes orçamentárias
c) lei orçamentária anual
 plano estabelecendo diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública federal
para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada;
 plano regionalizado;
 diretrizes orçamentárias compreendendo as metas e prioridades da Administração
Pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
subseqüente, orientando a elaboração da lei orçamentária anual, dispondo sobre as
alterações na legislação tributária e estabelecendo a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento;
 lei orçamentária, compreendendo:
a) Orçamento Fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, Órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público;
b) Orçamento de Investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; e
c) Orçamento da Seguridade Social, abrangendo todas as entidades e Órgãos a
ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
 lei complementar disporá sobre:
a) o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização
do plano plurianual, da lei orçamentária anual;
b) as normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e
indireta, bem como condições para instituição e funcionamento de fundos.
 emendas ao projeto de Lei do Orçamento somente poderão ser aprovadas caso:
a) sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias;
b) indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de
anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre dotações para pessoal

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e seus encargos, serviço da dívida e transferências tributárias


constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; e
c) ou sejam relacionadas com a correção de erros ou omissões ou com os
dispositivos do texto do projeto de lei.
 omissão quanto a procedimentos no caso da Proposta Orçamentária do Executivo
não ser devolvida para sanção antes do início do exercício;

7.4) CONTEMPLADOS PELA LEI COMPLEMENTAR N.º 101, DE 04/05/2000:

 A LDO disporá também sobre:


a) equilíbrio entre receitas e despesas;
b) critérios e forma de limitação de empenho;
c) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos
programas financiados com recursos dos orçamentos;
d) demais condições e exigências para transferências de recursos a
entidades públicas e privadas;
 Cria o Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em
valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e
primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para
os dois seguintes.
 Cria o Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e
outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a
serem tomadas, caso se concretizem.
 Dispõe que o projeto de lei orçamentária anual será elaborado de forma compatível
com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas
desta Lei Complementar.
 Determina que todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou
contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.
 Determina que o refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei
orçamentária e nas de crédito adicional.
 Determina que a atualização monetária do principal da dívida mobiliária
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de
diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.
 Veda a consignação na lei orçamentária de crédito com finalidade imprecisa ou
com dotação ilimitada.
 Veda a consignação de dotação para investimento com duração superior a um
exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que
autorize a sua inclusão, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição.

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VIII – Classificação Orçamentária da Receita

8.1) CLASSIFICAÇÃO POR CATEGORIA ECONÔMICA

A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e


Receitas de Capital20 Essas mesmas categorias são adotadas na classificação da despesa: Despesas
Correntes e Despesas de Capital. Com essa dualidade classificatória, fica possibilitada a organização
de um quadro-resumo, que destaca o Orçamento Corrente formado pelas Receitas e Despesas
Correntes e o Orçamento de Capital, constituído pelas Receitas e Despesas de Capital, de especial
utilidade nas análises macroeconômicas.
Quando da descrição do critério econômico de classificação da despesa, viu-se que as
contas: Despesas Correntes e Despesas de Capital correspondem, no âmbito do setor governamental,
às variáveis macroeconômicas consumo e investimento. Juntar Receitas e Despesas Correntes e
Receitas e Despesas de Capital possibilita mostrar de onde saem os recursos para financiar o
consumo e os investimentos públicos, inclusive os valores que, apurados como superávit do
Orçamento Corrente, irão engrossar a poupança governamental e viabilizar os investimentos.21
Para J. Teixeira Machado Jr (1993),
“receita é um conjunto de ingressos financeiros com fonte e fatos geradores próprios e
permanentes, oriundos da ação e de atributos inerentes à instituição e que, integrando o patrimônio na
qualidade de elemento novo, lhe produz acréscimos sem contudo gerar obrigações, reservas ou
reivindicações de terceiros”.
Considera-se, ainda, receita pública, todo recurso obtido pelo Estado para atender às
despesas públicas. Quanto à origem da receita, a mesma pode ser definida como derivada e
originária. Esta é decorrente da exploração do patrimônio próprio (exemplo: receitas provenientes de
aluguel de imóveis da entidade) e aquela é proveniente do poder de império, ou seja, a fonte principal
de arrecadação é o patrimônio do contribuinte (exemplo: receitas tributárias).

8.2) CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR FONTES

A Classificação da receita por fonte leva em consideração a classificação dos diversos


tributos arrecadados no país, enfocando, portanto, a ótica da arrecadação das receitas, a saber:

 Receita Tributária
 Receita de Contribuições
 Receita Patrimonial
 Receita Agropecuária
 Receita Industrial
20
Lei 4.320. Comentada por J. Teixeira Machado Jr. e Heraldo da Costa Reis.25ª.ed.ver.atual. Rio de Janeiro: IBAM,
1993.
21
GIACOMONI, James. Orçamento Público.6ª.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

21
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 Receita de Serviços
 Transferências Correntes
 Operações de Créditos
 Alienação de Bens
 Amortização de Empréstimos
 Transferência de Capital
 Outras Receitas de Capital

Receita Tributária – envolve apenas os tributos, considerada a conceituação da


legislação tributária: Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria. É por conseguinte, uma receita
privativa das entidades investidas com o poder de tributar: União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Receita de Contribuições – engloba as do tipo social (contribuições previdenciárias,


salário-educação), e do econômico (cotas de contribuições sobre exportação).

Receita Patrimonial – oriunda da exploração econômica do patrimônio das


instituições, especialmente juros, aluguéis e dividendos.

Receita Agropecuária – decorre da exploração econômica de atividades


agropecuárias, tais como: agricultura, pecuária, além do beneficiamento de produtos agropecuários
em níveis não considerados industriais.

Receita Industrial - derivada de atividades industriais: extrativa mineral, de


transformação.

Receita de Serviços - decorre de atividades como comércio, transporte,


comunicações.

Transferências Correntes – são os recursos financeiros recebidos de pessoas


jurídicas ou físicas e que serão aplicados no atendimento de Despesas Correntes. Como por exemplo,
a transferência de recursos de origem tributária (cota parte do ICMS) que um nível de governo
(município) recebe de outro (Estado).

Outras Receitas Correntes – envolvem diversas outras receitas não enquadradas nas
classificações anteriores (multas, indenizações)

Operações de Crédito – envolvem a captação de recursos para atender desequilíbrios


orçamentários ou ainda, financiar empreendimentos públicos. É por meio dessa conta de receita que
são cobertos os déficits orçamentários que ensejam a formação da Dívida Pública. Quanto à origem
dos recursos, as Operações de Crédito podem ser Internas e Externas.

Alienação de Bens – Envolve o resultado obtido com a alienação de bens


patrimoniais: ações, títulos, bens móveis, imóveis etc.

22
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Amortização de Empréstimos – Nos casos em que a entidade concede empréstimos,


o ingresso proveniente da amortização dos mesmos caracteriza receita de capital. O critério aqui
busca a coerência: se a obtenção de empréstimos é uma Receita de Capital e o pagamento, uma
Despesa de Capital, a receita oriunda da amortização do mesmo é, conseqüentemente, de capital.

Outras Receitas de Capital – Envolvem as Receitas de Capital não classificáveis nas


outras fontes, como por exemplo, a indenização que a Petrobrás paga aos Estados e Municípios pela
extração de petróleo, xisto e gás natural, e abrangem ainda o resultado do Banco Central, a
remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional e o saldo do superávit corrente.

8.3) CLASSIFICAÇÃO PELA ORIGEM DOS RECURSOS

Esta classificação é realizada sob a ótica da destinação dos recursos, ou seja, qualquer
despesa para que seja executada necessita indicar a fonte de seus recursos. Baseado neste aspecto
surgiu a classificação pela origem para demonstrar a origem dos recursos, que pode ser:

1 – Recursos do Tesouro – o Tesouro é a principal fonte de recursos para os gastos


públicos. Compreendem os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, os recursos de
operações de crédito, a receita de alienação patrimonial . Exemplo: fonte 1.1.3. – Contribuição do
Salário Educação

2 – Recursos de Outras Fontes - envolvem os vários tipos de receitas próprias dos


fundos e das entidades federais dotadas de autonomia financeira: autarquias, fundações, e empresas
públicas. Exemplo: fonte 2.1.3. – Receita Financeira

8.4) CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A VINCULAÇÃO DA RECEITA

Classificar a receita segundo a existência ou não de vinculação com a despesa decorre


da necessidade prática de se demonstrar as parcelas de recursos que já estão comprometidas com o
atendimento de determinadas finalidades e aquelas que podem ser livremente alocadas a cada
elaboração orçamentária.

Ao mesmo tempo que se busca limitar o máximo possível a vinculação de receita à


determinada despesa, a própria Constituição consagra alguns vínculos importantes: os Fundos de
Participação dos Estados – FPE e dos Municípios – FPM, e o Fundo de Financiamento do Setor
Produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

A União entregará 47% do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e


proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados (IPI), sendo: 21,5% ao Fundo de
Participação dos Estados e do Distrito Federal, 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios e 3%
para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e
Centro - Oeste, por meio de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos

23
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regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos


destinados à Região, na forma que a lei estabelecer.22

A União entregará 10% do produto da arrecadação sobre produtos industrializados aos


Estados e ao Distrito Federal, em valor proporcional às respectivas exportações de produtos
industrializados.

Outra vinculação estabelecida é a decorrente da obrigatoriedade da aplicação de 18%


pela União e 25% pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
(FUNDEF).

Independentemente das vinculações constitucionais, inúmeras outras disposições


legais estabelecem vínculos entre outros tipos de receitas, que não os impostos e despesas
determinadas. É o caso, principalmente, das contribuições, tais como, PIS/PASEP. As receitas de
Operações de Créditos, por sua própria natureza, precisam estar reservadas para determinadas
aplicações.

8.5) QUADRO RESUMO DA CODIFICAÇÃO DA RECEITA

CLASSIFICAÇÃO
NÍVEL DISCRIMINAÇÃO ESPECIFICAÇÃO
ORÇAMENTÁRIA

1º CATEGORIA ECONÔMICA 1.0.0.0.00.00 Receitas Correntes


2º FONTE 1.1.0.0.00.00 Receita Tributária
3º SUBFONTE 1.1.1.0.00.00 Impostos
4º RUBRICA 1.1.1.2.00.00 Impostos./Patrim..e a Renda
5º ALÍNEA 1.1.1.2.04.00 Impostos/Renda e Proventos
6º SUBALÍNEA 1.1.1.2.04.01 Pessoas Físicas

Fonte: Fortes, João. Contabilidade Pública, P.75.

8.6) ESTÁGIOS DA RECEITA

A receita orçamentária passa por quatro fases denominadas estágios, que são:

1 - Previsão – é a estimativa do que se espera arrecadar, durante o exercício.

2 - Lançamento – é a identificação do devedor ou da pessoa do contribuinte. A Lei


4.320/64 e o Código Tributário Nacional definem lançamento como sendo o ato de pessoa
competente que verifica a procedência do crédito fiscal, a pessoa que lhe é devedora e inscreve o
débito desta. A partir do lançamento surge o crédito tributário.

22
CONSTITUÍÇÃO FEDERAL, art.159

24
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3 - Arrecadação – A arrecadação da receita é o momento em que o contribuinte


recolhe ao agente financeiro (arrecadador), o débito devido à Fazenda Pública.

4 - Recolhimento – O recolhimento da receita é o momento em que o agente


financeiro (arrecadador) repassa o valor arrecadado ao Tesouro Nacional, Estadual, Distrital ou
Municipal.

IX – Classificação Orçamentária da Despesa

No modelo orçamentário brasileiro são observados cinco critérios de classificação da


23
despesa vigente a partir do exercício financeiro de 2000:

a) Classificação institucional;
b) Classificação funcional;
c) Classificação programática;
d) Classificação por regionalização; e
e) Classificação quanto à natureza da despesa

9.1) CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL

Sua finalidade principal é evidenciar as unidades administrativas responsáveis pela


execução da despesa, isto é, os Órgãos que gastam os recursos em conformidade com a programação
orçamentária. É um critério indispensável para a fixação de responsabilidades e os conseqüentes
controles de avaliações.

Em decorrência do modelo federativo brasileiro, as unidades de governo são


autônomas em cada nível, fazendo com que a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada
Município tenham o seu Orçamento próprio. Assim, no Orçamento da União, aparecem os Órgãos e
repartições federais, classificados inicialmente pelos três Poderes: Legislativo, Judiciário e
Executivo. O Poder Executivo, por exemplo, é primeiramente dividido em Órgãos, que por sua vez,
são subdivididos em unidades orçamentárias - UO (exemplo: o Ministério da Educação compreende
diversas unidades orçamentária: (UFRJ, UnB, etc.).

De acordo com os professores Teixeira Machado e Heraldo Reis a Unidade


Orçamentária se tornará o centro de:

 planejamento;
 elaboração orçamentária;
 execução orçamentária;
 controle interno; e
 custos.
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Manual Técnico de Orçamento – MTO-02 2000 p. 37-40.

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A classificação institucional compreende os Órgãos Setoriais e suas respectivas


Unidades Orçamentárias.

Um Órgão ou uma unidade orçamentária da classificação institucional do Orçamento


pode, eventualmente, não corresponder a uma estrutura administrativa como, por exemplo,
"Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios", "Encargos Financeiros da União",
“Operações Oficiais de Crédito”, “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e
"Reserva de Contingência".

O código da Classificação Institucional compõe-se de 5 (cinco) algarismos, sendo os


dois primeiros reservados à identificação do Órgão e os demais à Unidade Orçamentária.

Exemplo de Classificação Institucional:

9.2) CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL

A classificação funcional, composta de um rol de funções e subfunções pré fixadas,


servirá como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental, nas três esferas. Trata-se
de uma classificação independente dos programas.

Por ser de aplicação comum e obrigatória no âmbito dos Municípios, dos Estados e da
União, a classificação funcional permitirá a consolidação nacional dos gastos do Setor Público.

Esta é a mais moderna das classificações orçamentárias. Sua finalidade básica é


mostrar as realizações do governo, o resultado final de seu trabalho em prol da sociedade. Esse
critério surgiu visando permitir o cumprimento das novas funções do Orçamento, em especial a
representação do programa de trabalho. O programa de trabalho é composto por:

 Função
 Subfunção
 Programa
 Ações (Projeto, Atividade e Operação Especial)

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Estrutura do Programa de Trabalho

Exemplo de funcional - programática e/ou programa de trabalho:

Função - “A função representa o maior nível de agregação das diversas áreas de


despesa que competem ao Setor Público.

A função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação às quais não se possa


associar um bem ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas,
ressarcimentos, indenizações e outras afins, representando, portanto, uma agregação neutra.

No caso da função “Encargos Especiais” os programas corresponderão a um código


vazio, do tipo “0000”.

Subfunção - A subfunção representa uma partição da função, visando agregar


determinado subconjunto de despesas do Setor Público. Na nova classificação a subfunção identifica
a natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções.

A classificação funcional será efetuada por intermédio da relação da ação (projeto,


atividade ou operação especial) com a subfunção e a função. A partir da ação, classifica-se a despesa
de acordo com a especificidade de seu conteúdo e produto, em uma subfunção, independente de sua
relação institucional. Em seguida será feita a associação com a função, associação esta voltada à área
de atuação característica do Órgão/ unidade em que as despesas estão sendo efetuadas.

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Exemplo 1: uma atividade de pesquisa na FIOCRUZ do Ministério da Saúde deve ser


classificada – de acordo com sua característica – na subfunção n.° 571 “Desenvolvimento Científico”
e na função n.° 10 “Saúde”.

Exemplo 2: um projeto de treinamento de servidores no Ministério dos Transportes


será classificado na subfunção n.° 128 “Formação de Recursos Humanos” e na função n.° 26
“Transportes”.

Exemplo 3: uma operação especial de financiamento da produção que contribui para


um determinado programa proposto para o Ministério da Agricultura será classificada na subfunção
n.° 846 “Outros Encargos Especiais” e na função n.° 20 “Agricultura”24.

Tipos de funções e subfunções de governo


FUNÇÕES SUBFUNÇÕES

01 – Legislativa 031 – Ação Legislativa


032 – Controle Externo
02 – Judiciária 061 – Ação Judiciária
062 – Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário
03 – Essencial à Justiça 091 – Defesa da Ordem Jurídica
092 – Representação Judicial e Extrajudicial
04 – Administração 121 – Planejamento e Orçamento
122 – Administração Geral
123 – Administração Financeira
124 – Controle Interno
125 – Normatização e Fiscalização
126 – Tecnologia da Informação
127 – Ordenamento Territorial
128 – Formação de Recursos Humanos
129 – Administração de Receitas
130 – Administração de Concessões
131 – Comunicação Social

05 – Defesa Nacional 151 – Defesa Aérea


152 – Defesa Naval
153 – Defesa Terrestre
06 – Segurança Pública 181 – Policiamento
182 – Defesa Civil
183 – Informação e Inteligência
07 – Relações Exteriores 211 – Relações Diplomáticas
212 – Cooperação Internacional
08 – Assistência Social 241 – Assistência ao Idoso
242 – Assistência ao Portador de Deficiência
243 – Assistência à Criança e ao Adolescente
244 – Assistência Comunitária
09 – Previdência Social 271 – Previdência Básica
272 – Previdência de Regime Estatutário

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273 – Previdência Complementar
274 – Previdência Especial
10 – Saúde 301 – Atenção Básica
302 – Assistência Hospitalar e Ambulatorial
303 – Suporte Profilático e Terapêutico
304 – Vigilância Sanitária
305 – Vigilância Epidemiológica
306 – Alimentação e Nutrição
11 – Trabalho 331 – Proteção e Benefício ao Trabalhador
332 – Relações de Trabalho
333 – Empregabilidade
334 – Fomento ao Trabalho
12 – Educação 361 – Ensino Fundamental
362 – Ensino Médio
363 – Ensino Profissional
364 – Ensino Superior
365 – Educação Infantil
366 – Educação de Jovens e Adultos
367 – Educação Especial
13 – Cultura 391 – Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
392 – Difusão Cultural
14 – Direitos da Cidadania 421 – Custódia e Reintegração Social
422 – Direitos Individuais, Coletivos e Difusos
423 – Assistências aos Povos Indígenas
15 – Urbanismo 451 – Infra-Estrutura Urbana
452 – Serviços Urbanos
453 – Transportes Coletivos Urbanos
16 – Habitação 481 – Habitação Rural
482 – Habitação Urbana
17 – Saneamento 511 – Saneamento Básico Rural
512 – Saneamento Básico Urbano
18 – Gestão Ambiental 541 – Preservação e Conservação Ambiental
542 – Controle Ambiental
543 – Recuperação de Áreas Degradadas
544 – Recursos Hídricos
545 - Meteorologia
19 – Ciência e Tecnologia 571 – Desenvolvimento Científico
572 – Desenvolvimento Tecnológico
573 – Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico
20 – Agricultura 601 - Promoção da Produção Vegetal
602 – Promoção da Produção Animal
603 – Defesa Sanitária Vegetal
604 – Defesa Sanitária Animal
605 – Abastecimento
606 – Extensão Rural
607 - Irrigação
21 – Organização Agrária 631 – Reforma Agrária
632 - Colonização
22 – Indústria 661 – Promoção Industrial
662 – Produção Industrial
663 – Mineração
664 – Propriedade Industrial
665 – Normatização e Qualidade

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23 – Comércio e Serviços 691 – Promoção Comercial
692 – Comercialização
693 – Comércio Exterior
694 – Serviços Financeiros
695 - Turismo
24 – Comunicações 721 – Comunicações Postais
722 - Telecomunicações
25 – Energia 751 – Conservação de Energia
752 – Energia Elétrica
753 – Petróleo
754 - Álcool
26 – Transporte 781 – Transporte Aéreo
782 – Transporte Rodoviário
783 – Transporte Ferroviário
784 – Transporte Hidroviário
785 – Transportes Especiais
27 – Desporto e Lazer 811 – Desporto de Rendimento
812 – Desporto Comunitário
813 - Lazer
28 – Encargos Especiais 841 – Refinanciamento da Dívida Interna
842 – Refinanciamento da Dívida Externa
843 – Serviços da Dívida Interna
844 – Serviços da Dívida Externa
845 – Transferências
846 – Outros Encargos Especiais

9.3) ESTRUTURA PROGRAMÁTICA

Os programas deixaram de ter o caráter classificador e cada nível de governo passou a


ter a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas, e originada do processo de
planejamento desenvolvido durante a formulação do Plano Plurianual – PPA.

Há convergência entre as estruturas do plano plurianual e do Orçamento anual a partir


do programa, “módulo” comum integrador do PPA com o orçamento. Em termos de estruturação, o
plano termina no programa e o Orçamento começa no programa, o que confere a esses documentos
uma integração desde a origem, sem a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização
entre módulos diversificados. O programa, como único módulo integrador, e os projetos e as
atividades, como instrumento de realização dos programas.

Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador que quantifique a


situação que o programa tenha por fim modificar e os produtos (bens e serviços) necessários para
atingir o objetivo. Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades. A cada projeto
ou atividade só poderá estar associado um produto, que, quantificado por sua unidade de medida,
dará origem à meta.

Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma nova categoria de


programação denominada operações especiais. Essas últimas poderão fazer parte dos programas
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quando entendido que efetivamente contribuem para a consecução de seus objetivos. Quando não, as
operações especiais não se vincularão a programas.

9.3.1) PROGRAMAS

O programa é o instrumento de organização da atuação governamental. Articula um


conjunto de ações que concorrem para um objetivo comum preestabelecido, mensurado por
indicadores estabelecidos no plano plurianual, visando à solução de um problema ou o atendimento
de uma necessidade ou demanda da sociedade.

Toda a ação finalística do Governo Federal deverá ser estruturada em programas,


orientados para consecução dos objetivos estratégicos definidos, para o período, no PPA. A ação
finalística é a que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às demandas da sociedade.

Os programas de ações não finalísticas são programas constituídos


predominantemente de ações continuadas, devendo conter metas de qualidade e produtividade a
serem atingidas em prazo definido.

São quatro os tipos de programas previstos:

 Programas finalísticos;
 Programas de gestão das políticas públicas;
 Programas de serviços ao Estado;
 Programa de apoio administrativo.

Programas Finalísticos - São programas que resultam em bens e serviços ofertados


diretamente à sociedade. Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, público-alvo,
indicador(es), fórmulas de cálculo do índice, Órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável
pelo programa
O indicador quantifica a situação que o programa tenha por fim modificar, de modo a
explicitar o impacto das ações sobre o público alvo.

Programas de Gestão de Políticas Públicas - Os programas de gestão de políticas


públicas assumirão denominação específica de acordo com a missão institucional de cada Órgão.
Portanto, haverá apenas um programa dessa natureza por Órgão. Exemplo: “Gestão da Política de
Saúde”.
Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, Órgão(s), unidades orçamentárias e
unidade responsável pelo programa

Na Presidência da República e nos Ministérios que constituam Órgãos centrais de


sistemas (Orçamento e Gestão, Fazenda), poderá haver mais de um programa desse tipo.

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Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem as ações de gestão de


Governo e serão compostos de atividades de planejamento, Orçamento, controle interno, sistemas de
informação e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervisão, avaliação e divulgação
de políticas públicas. As atividades deverão assumir as peculiaridades de cada Órgão gestor setorial.

Programas de Serviços ao Estado - Programas de Serviços ao Estado são os que


resultam em bens e serviços ofertados diretamente ao Estado, por instituições criadas para esse fim
específico. Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, indicador(es), Órgão(s), unidades
orçamentárias e unidade responsável pelo programa.

Programas de Apoio Administrativo - Os programas de Apoio Administrativo


correspondem ao conjunto de despesas de natureza tipicamente administrativa e outras que, embora
colaborem para a consecução dos objetivos dos programas finalísticos e de gestão de políticas
públicas, não são passíveis de apropriação a esses programas. Seus objetivos são, portanto, os de
prover os Órgãos da União dos meios administrativos para a implementação e gestão de seus
programas finalísticos.

9.3.2) AÇÕES

Nas leis orçamentárias e nos balanços, as ações serão identificadas em termos de


funções, subfunções, programas, atividades, projetos e operações especiais.

São de três naturezas diferentes as ações de governo que podem ser classificadas como
categorias de programação orçamentária: atividade, projeto e operação especial.

Os projetos e atividades são os instrumentos orçamentários de viabilização dos


programas. Estão assim conceituados:

Atividade: é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um


programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente,
das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo.

Projeto: é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa,


envolvendo um conjunto de operações, que se realizam num período limitado de tempo, das quais
resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo.

Operação Especial: são ações que não contribuem para a manutenção das ações de
governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou
serviços. Representam, basicamente, o detalhamento da função “Encargos Especiais”.
São despesas passíveis de enquadramento nesta ação: amortizações e encargos,
aquisição de títulos, pagamento de sentenças judiciais, transferências a qualquer título (não confundir
com descentralização), fundos de participação, operações de financiamento (concessão de

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empréstimos), ressarcimentos de toda a ordem, indenizações, pagamento de inativos, participações


acionárias, contribuição a organismos nacionais e internacionais, compensações financeiras.

9.4) LOCALIZAÇÃO ESPACIAL - REGIONALIZAÇÃO

As atividades, projetos e operações especiais serão desdobradas em subtítulos


exclusivamente para especificar a localização geográfica integral ou parcial das respectivas
atividades, projetos e operações especiais, não podendo haver, por conseguinte, alteração da
finalidade e da denominação das metas estabelecidas.

A localização do gasto é o menor nível de detalhamento na lei, e na fase da elaboração,


é onde o Órgão setorial apropria a quantidade, na meta, e o valor financeiro da sua proposta
orçamentária, na classificação econômica do gasto. O produto, na localização espacial, é o mesmo do
da atividade ou projeto, permanecendo com a mesma descrição do título.

O somatório das quantidades das metas regionalizadas constituirá a meta consolidada


da atividade ou projeto, e o somatório dos seus valores será o valor consolidado da atividade ou
projeto, no programa de trabalho da Unidade Orçamentária na Lei Orçamentária Anual.

9.5) Exemplo de Aplicação das Classificações Orçamentárias

A classificação, que identifica o menor nível de programação, compõe-se de 30 (trinta)


algarismos, conforme exemplo a seguir:

Codificação:

EST ESF ORG UNI FU SUB PRO P/A/O LOC IDOC


01 10 22 101 20 604 xxxx 2154 0001 9999

Os dois primeiros campos propiciam, com seu conteúdo, a indicação de cada estado e
suas respectivas "esferas orçamentárias", ou seja, informam que os dados são da União (Estado 01) e
especificam o tipo de Orçamento: Fiscal (Esfera 10), Seguridade ou de Investimento.

Os quatro campos seguintes referem-se às classificações institucional (Órgão e


Unidade) e funcional (Função, Subfunção). Os códigos utilizados por essas classificações encontram-
se no Capítulo de Tabelas de Classificação Orçamentária e no subsistema Tabelas de Apoio do
SIDOR.
Os demais códigos referem-se às tabelas de Programas, Atividade, Projeto e Operação
Especial, Localização Espacial e ao IDENT.OC (identificador de operação de crédito). O IDENT.OC
corresponde à especificação quanto à aplicação, ao pagamento ou à contrapartida. É usado o código
9999 para os P/A que não se refiram a operações de crédito.

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As demais informações relativas a um P/A, necessárias à elaboração da proposta, são


também examinadas no Capítulo da Elaboração da Proposta Orçamentária Setorial - Despesa.

O registro dos códigos citados, a título de exemplo, corresponde ao seguinte:

ESTADO 01 União
ESFERA ORÇAMENTÁRIA 10 Orçamento Fiscal
ÓRGÃO 22 Ministério da Agricultura, do Abastecimento
UNIDADE 101 Produtos Bovinos
Ministério – Nacional
da Agricultura, do Abastecimento
FUNÇÃO 20 Produtos Bovinos
Agricultura – Nacional
SUBFUNÇÃO 604 Produção Animal
PROGRAMA xxxx Defesa Sanitária Animal
PROJETO/ATIVIDADE 2154 Classificação e Inspeção de Produtos de Origem
REGIONALIZAÇÃO 0001 Animal
Classificação de Produtos Bovinos – Nacional
IDENT OC. 9999 Outros Recursos

9.6) CLASSIFICAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA DESPESA

Para classificar uma despesa quanto à sua natureza deve-se considerar a categoria
econômica, o grupo a que pertence, a modalidade da aplicação e o elemento.
O código da classificação da natureza da despesa é constituído por seis algarismos,
onde:
 1º indica a categoria econômica da despesa;
 2º indica o grupo da despesa;
 3º/4º indicam a modalidade da aplicação;
 5º/6º indicam o elemento da despesa (objeto de gasto).

9.6.1) CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA

Para classificar uma despesa quanto à sua natureza, devem ser identificados: a
categoria econômica, o grupo de despesa a que pertence, a forma de realização ou a modalidade de
aplicação dos recursos a ela consignados, isto é, se a despesa vai ser realizada diretamente pela
unidade orçamentária de cuja programação faz parte, ou indiretamente, mediante transferência a
outro organismo ou entidade integrante ou não do Orçamento; e, finalmente o seu objeto de gasto ou
elemento de despesa.

A classificação econômica cumpre uma função distinta da funcional. O seu papel é dar
indicações sobre os efeitos que os gastos públicos têm sobre a economia como um todo. Pode, por

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exemplo, proporcionar informes acerca da contribuição do governo à renda nacional e se essa


contribuição está aumentando ou diminuindo.25

A Classificação da Despesa quanto a categoria econômica esta assim subdividida:


3 – Despesas Correntes
4 – Despesas de Capital

Despesas Correntes - destinam-se à manutenção e ao funcionamento dos serviços


legalmente criados. São essencialmente operacionais.

Despesas de Capital - têm por finalidade concorrer para a formação de um bem de


capital, como por exemplo: as obras de asfaltamento, as construções de rodovias, de escolas, de
hospitais e outras.

9.6.2) GRUPO DE DESPESAS

Agregador de elementos de despesa com as mesmas características quanto ao objeto


de gasto, definidos conforme a seguir:
1 – Pessoal e Encargos Sociais
2 – Juros e Encargos da Dívida
3 – Outras Despesas Correntes
4 – Investimentos
5 – Inversões Financeiras
6 – Amortização e Refinanciamento da Dívida

Investimentos – dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as


destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização dessas, bem como para os
programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e
constituição ou aumento de capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.
Nessa conta está representada a contribuição do governo na formação de capital fixo, isto é, aquele
montante de recursos que anualmente deve ser investido para que a Renda ou o Produto Nacional
cresça.

Inversões Financeiras – são dotações destinadas à:

I. aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização;


II. aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de
qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento de capital; e
III. constituição ou aumento de capital de entidades ou empresas que visem aos
objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.

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BURKHEAD, J. Citado por FILELLINE Alfredo em ,Economia do Setor Público.

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Em que consiste a diferença entre Investimento e Inversão Financeira? Do ponto de


vista do patrimônio do Órgão público, não há diferença, pois numa ou noutra conta classificam-se
transações que geram mudanças patrimoniais. Os gastos com a construção de uma escola, por
exemplo, sem nenhuma dúvida, devem ser classificados como Investimento, pois representam a
criação de riquezas e o aumento da renda do país ( PIB). Por outro lado, a compra de um prédio
pronto não tem efeito positivo na renda, já que a transação enseja apenas a transferência da
propriedade do bem; seria mero intercâmbio entre “setores” do sistema econômico: de família para
governo, por exemplo, caso o prédio fosse adquirido de uma pessoa física.

Essa mesma argumentação serve para outras situações classificáveis como Inversões
Financeiras: aquisição de bens de capital já em utilização e aquisição de títulos representativos do
capital e empresas já constituídas quando a operação não importa aumento de capital. No caso de
despesas de participação na constituição ou aumento de capital de empresas, haverá Inversão
Financeira quando a empresa for comercial ou financeira e investimento quando essa for industrial ou
agrícola. A razão para tal distinção é que os empreendimentos comerciais e financeiros são
basicamente de intermediação e não produtivos, como o são aqueles industriais e agrícolas.

9.6.3) - MODALIDADE DE APLICAÇÃO

A modalidade de aplicação destina-se a indicar se os recursos serão aplicados


diretamente pela unidade detentora do crédito orçamentário, ou transferidos, ainda que na forma de
descentralização, a outras esferas de governo.

Devem ser observadas, para tanto, duas situações especiais:


a) Dos investimentos em "regime de execução especial", cujo código será
"4.5.XX.99", onde o "XX" especificará a modalidade de aplicação. É importante ressaltar que esta
situação deverá estar em conformidade com o que dispõe a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
b) Reserva de Contingência que será identificada, nessa classificação, pelo código
9.0.00.00.

Os códigos e as respectivas descrições das Modalidades de Aplicações são os


seguintes:
20 – Transferências à União
30 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal
40 – Transferências a Municípios
50 – Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos
60 – Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos
70 – Transferências a Instituições Multigovernamentais Nacionais
80 – Transferências ao Exterior
90 – Aplicação Direta
99 – A definir

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9.6.4) – ELEMENTO DE DESPESA

Tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens
fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma,
subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e
outros de que a administração pública se serve para a consecução de seus fins.

TABELA DE ELEMENTOS DE DESPESA


01 – Aposentadoria e Reforma 37 – Locação de Mão-de-obra
03 – Pensões 38 – Arrendamento Mercantil
04 – Contratação por Tempo Determinado – Pessoal Civil 39 – Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica
05 – Outros Benefícios Previdenciários 41 – Contribuições
06 – Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso 42 – Auxílios
07 – Contribuições a Entidades Fechadas da Previdência 43 – Subvenções Sociais
08 – Outros Benefícios Assistenciais 44 – Subvenções Econômicas
09 – Salário-Família 45 – Equalização de Preços e Taxas
10 – Outros Benefícios e Natureza Social 46 – Auxílio Alimentação
11 – Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil 47 – Obrigações Tributárias e Contributivas
12 – Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar 48 – Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas
13 – Obrigações Patronais 49 – Auxílio Transporte
14 – Diárias - Civil 51 – Obras e Instalações
15 – Diárias - Militar 52 – Equipamento e Material Permanente
16 – Outras Despesas Variáveis - Pessoal Civil 61 – Aquisição de Imóveis
17 – Outras Despesas Variáveis - Pessoal Militar 62 – Aquisição de Bens para Revenda
18 – Auxílio Financeiro a Estudantes 63 – Aquisição de Títulos de Crédito
19 – Auxílio-Fardamento 64 – Aquisição de Títulos Representativos de Capital
20 – Auxílio Financeiro a Pesquisadores Integralizado
21 – Juros Sobres a Dívida por Contrato 65 – Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
22 – Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato 66 – Concessão de Empréstimos
23 – Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária 67 – Depósitos Compulsórios
24 – Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária 71 – Principal da Dívida por Contrato
25.– Encargos sobre Operações de Crédito por antecipação 72 – Principal da Dívida Mobiliária
da Receita 73 – Correção Monetária e Cambial da Dívida por Contrato
26 – Obrigações decorrentes de Política Monetária 74 – Correção Monetária e Cambial da Dívida Mobiliária
27 – Encargos pela Honra de Avais , Garantias , Seguros e 75– Correção Monetária de Operações de Crédito por
Similares Antecipação de Receita
28 – Remuneração de Contas de Fundos Autárquicos 76 – Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado
30 – Material de Consumo 77 – Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado
31 – Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, 81 – Distribuição de Receitas
Desportivas e Outras 91 – Sentenças Judiciais
32 – Material de Distribuição Gratuita 92 – Despesas de Exercícios Anteriores
33 – Despesas com Locomoção 93 – Indenizações e Restituições
34 – Outras Despesas de Pessoal Decorrentes de Contratos 94 – Indenizações Trabalhistas
de Terceirização 95 – Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo
35 – Serviços de Consultoria 96 – Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado
36 – Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 99 – A Classificar

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Exemplo da classificação quanto a Natureza da Despesa:

X – PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS DA UNIÃO

10.1) CICLO DA GESTÃO, SOB O PONTO DE VISTA DO ÓRGÃO/ ENTIDADE

O ciclo da Gestão Pública é caracterizado pela existência de seis etapas de


operacionalização: planejamento, programação, orçamentação, execução, controle e avaliação das
políticas públicas; devendo ser efetivadas pelos próprios gestores de recursos públicos em um nível
institucional mais restrito, ou seja, sob o ponto de vista do próprio órgão ou entidade. O
conhecimento detalhado dessas etapas faz-se necessário, uma vez que qualquer processo que vise à
consecução de políticas públicas, direta ou indiretamente, por uma entidade de personalidade jurídica
pública ou privada, tem que passar por essas etapas, para se caracterizar parte de uma gestão pública.

1) Etapa de Planejamento – É a etapa em que se consubstancia as estratégias para o


desenvolvimento nacional de uma política pública. Consiste em estabelecer onde e em que investir a
médio e longo prazos, evidenciando as ações a serem mantidas, neste período, oriundas dos
investimentos iniciais. Durante esse processo de planejamento são estabelecidos as Diretrizes (onde
investir), os Objetivos (Para quê e por quê investir) e as Metas (em que Investir) – DOM a serem
atingidos pela Administração Pública Federal – APF. O planejamento governamental, vigente na
esfera federal, está baseado na Lei Nr. 9.969, de 21 de julho de 2000, que dispõe sobre o Plano
Plurianual para o período de 2000/20003, denominado de Avança Brasil. De acordo com o art. 165 da
Constituição, é uma lei de iniciativa do Poder Executivo que estabelece as diretrizes, objetivos e
metas da Administração Pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem
como para as despesas relativas aos programas de duração continuada.

2) Etapa de Programação – É a etapa de organização operacional das ações de


governo, a definição das coordenadas de consecução de uma política pública. É a programação
orçamentária, na realidade, que vem transformar o processo orçamentário, conhecido como ciclo

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orçamentário, em um processo integrado entre planejamento e orçamento na gestão pública. A


programação, então, passa a representar um conjunto de ações que concorrem para um objetivo
preestabelecido. O Decreto Nr. 2.829, de 29 de outubro de 1998, veio associar planejamento e
orçamento como elos de um mesmo sistema ao tornar obrigatória a elaboração de planos plurianuais,
abrangendo as despesas de capital e demais programas de duração continuada, deixando clara a
definição de ação finalística. Ação essa que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às
demandas da sociedade, conforme estrutura de cada nível de governo, de maneira a contemplar a
solução de problemas identificados no planejamento.

3) Etapa de Orçamentação – É a etapa que expressamente contém as ações


governamentais, dispostas em metas físicas, a serem realizadas em determinado período, bem como
os meios, necessários à viabilização dessas ações. O instrumento normativo que expressa essa etapa
para o exercício financeiro de 2003, é a Lei Nr. 10.640, de 07 de janeiro de 2003, na qual estima a
receita e fixa a despesa da União.

4) Etapa de Execução – É a etapa em que os atos e os fatos são praticados na


administração pública para implementação da ação governamental e na qual ocorre o processo de
operacionalização objetiva e concreta de uma política pública. A execução deve obedecer a regras
gerais e específicas, quanto ao seu cumprimento, consistindo-se na etapa em que ocorre a
materialização das ações de governo. É o processo de operacionalização objetiva, ou seja, de
concretização de uma política pública. As regras gerais para a execução sofreram alterações
substanciais, nos últimos exercícios. A execução passou a atender, além das disposições da 4.320/64,
as da LRF. Anualmente, tanto a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, quanto a Lei Orçamentária
Anual - LOA, vêm estabelecer regras específicas para a execução orçamentária e financeira

5) Etapa de Controle – É a etapa de monitoramento (acompanhamento e supervisão)


visando ao efetivo desempenho de uma política pública. É a verificação da execução física e
financeira projetos, inicialmente planejados, visando preservar a probidade nos procedimentos
orçamentários e da proposição de ação corretiva do desempenho de uma política pública.

6) Etapa de Avaliação - É a etapa de diagnosticação e análise dos resultados e da


efetividade das ações de governo. Consiste na mensuração de indicadores relacionados com
eficiência, eficácia e efetividade das ações, conjuntamente, pelo Gestor, Ordenador de Despesa e
Gerente de Programa. Os fundamentos para um processo alocativo integrado em bases racionais são:
a) realidade problematizada
b) sistema de mensuração abrangente
c) produtos identificados
d) responsabilidades claramente definidas
e) resultados em termos de problemas resolvidos

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Ressalte-se que na execução de todas essas etapas deve existir o que se denomina
Controle Interno Administrativo do gestor que é, a princípio, de responsabilidade da própria
entidade, devendo obedecer, todavia, às orientações dos órgãos centrais dos macros sistemas,
principalmente, do órgão central do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo –
Controladoria-Geral da União - CGU/SFC.
O órgão ou entidade deve atuar, ainda, de acordo com as diretrizes traçadas pelos
órgãos centrais dos Macros Sistemas de Planejamento, de Orçamento Federal, de Administração
Financeira, de Contabilidade Federal e de Controle Interno.

10.2) CICLO DA GESTÃO, SOB O PONTO DE VISTA DO ENTE DA FEDERAÇÃO

Esse ciclo, também denominado de Ciclo da Gestão Governamental é caracterizado


pela existência de macros sistemas de Planejamento, de Orçamento Federal, de Administração
Financeira e Contabilidade (Execução) e de Controle Interno (Auditoria) que centralizam as decisões
nos seus respectivos órgãos centrais. Esse Ciclo foi ratificado na Lei 10.180, de 26 de fevereiro de
2001, que
“Organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de
Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder
Executivo Federal, e dá outras providências.”

Os órgãos centrais normatizam, orientam, e supervisionam os atos e fatos dos gestores


públicos de cada órgão/unidade gestora na realização das políticas públicas, no que diz respeito aos
seus campos de atuação. Sobre esses órgãos centrais e sistemas, os Decretos 3.589, 3.590 e 3.591,
todos de 06 de setembro de 2000, dispõem, respectivamente, e mais detalhadamente, sobre os
Sistemas de Contabilidade Federal, de Administração Financeira e de Controle Interno, cujos órgãos
centrais são Secretarias vinculadas hierarquicamente à estrutura administrativa do Ministério da
Fazenda (Secretaria do Tesouro Nacional – STN ) e à estrutura administrativa da Presidência da
República (Controladoria-Geral da União/ Secretaria Federal de Controle Interno).

Quanto ao Sistema de Planejamento e Orçamento Federal, os órgãos centrais são duas


Secretarias do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão – MP, a Secretaria de Planejamento e
Investimento – SPI e a Secretaria de Orçamento Federal – SOF, sendo que o decreto que regulamenta
as atribuições dessas Secretarias é o Decreto 3.750, de 14 de fevereiro de 2001.

Cada órgão central tem precedência técnica sobre os todos órgãos e unidades gestoras
da União, na atividade específica sob a sua gerência, inclusive em relação aos outros órgãos centrais,
ou seja, os órgãos, em geral, ficam sujeitos à orientação normativa e à supervisão técnica do órgão
central do Sistema, sem prejuízo da subordinação ao órgão em cuja estrutura administrativa estiverem
integrados.

Também denominado Ciclo das Políticas Públicas, o Ciclo da Gestão Governamental


consolida-se do conjunto de procedimentos administrativos, realizados no ambiente institucional
mais restrito, ou seja, dos órgãos/entidades com outros procedimentos de maior magnitude. Estes

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procedimentos são efetivados pelos órgãos superiores (Ministérios) em sintonia com as diretrizes,
objetivos e metas traçadas pelos órgãos centrais de cada Macro Sistema.

10.3) PREMISSAS DO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO ATUAL

 Orçamento visto como instrumento de viabilização do Plano de Governo


 Análise do Orçamento pela finalidade do gasto da Administração:

a) transforma o Orçamento em instrumento efetivo de programação;


b) possibilita a implantação da avaliação das ações de governo;
c) permite redirecionar despesas para áreas prioritárias de governo;

 Gerenciamento do processo por meio de cronograma gerencial e operacional com:

a) etapas claramente especificadas;


b) produtos definidos e configurados;
c) participação organizada e responsável dos agentes envolvidos; e
d) circulação de informações, garantindo o crescimento da confiança e da
credibilidade nos diversos níveis da Administração.
 Ciclo orçamentário desenvolvido como processo contínuo de análise e decisão ao
longo de todo exercício;
 Integração da execução orçamentária com a elaboração conferindo racionalidade e
vitalidade ao processo:

a) ao padronizar e agilizar a produção de informações gerenciais que subsidiem,


simultaneamente, as decisões que ocorrem no desencadeamento dos dois
processos;
b) ao incorporar as repercussões de decisões geradas em uma das instâncias, que
afetam o desenvolvimento da outra; e
c) ao criar instrumentos de decisão da execução (Créditos Adicionais) e de
elaboração futura.

10.4) ETAPAS BÁSICAS DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS ORÇAMENTOS

 Definição de procedimentos uniformes de análise:

 Padronização de atividades comuns aos Órgãos da Administração Pública federal.

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 Elaboração de um “dossiê” de cada Órgão da administração, contendo:


a) caracterização e identificação do Órgão: atribuições, organização
administrativa serviços prestados, clientela atendida, rede física, recursos
humanos e programas e ações prioritárias; e
b) avaliação geral do Órgão: diagnóstico de desempenho do setor e da inserção do
Órgão.

 Definição de limites para manutenção das atividades:


recursos necessários para assegurar a continuidade das ações existentes nos níveis
atuais de atendimento.

 Definição dos limites para despesas obrigatórias de pessoal, dívida e sentenças


judiciais.

 Definição da expansão de atividades.

 Dispêndios para ampliação dos atuais níveis de atendimento ou serviços.

 Análise e definição de projetos. Compreende, lato senso, os investimentos. Deve


contemplar as prioridades de governo.

10.5) ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA

Planejamento Governamental

O Planejamento Governamental é construído respeitando algumas etapas. São elas:

1- Estabelecimentos de objetivos - determinação dos problemas sociais básicos que


devem ser resolvidos;
2- Fixação de metas (objetivos quantificados) - adequação dos recursos disponíveis às
metas para resolução desses problemas;
3- Formulação da estratégia para alcançar as metas - eleição de projetos e políticas
que contribuam para a resolução dos problemas ;
4- Seleção de políticas e projetos - formulação de estratégia para resolução dos
problemas;
5- Conciliação dos recursos com as necessidades - fixação de metas e prazos;

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6- Seleção de problemas sociais básicos - seleção de objetivos gerais, conforme os


problemas sociais que devam ser solucionados.

O Decreto-Lei 200, de 25/2/67, ato que definiu a organização da Administração


Pública Federal, considera o planejamento como um princípio fundamental a ser obedecido na
consecução de todas as atividades.

A ação governamental obedecerá ao planejamento que visa à promoção do


desenvolvimento econômico-social do País e à segurança nacional, norteando-se segundo planos e
programas elaborados, na forma do Título III do Decreto-Lei 200/67, e compreenderá a elaboração
dos seguintes instrumentos básicos:
 plano geral de governo;
 programas gerais, setoriais e regionais de duração plurianual;
 Orçamento-Programa anual; e
 programação financeira de desembolso.

No título III, artigo 15, do citado Decreto, lê-se:


“A ação administrativa do Poder Executivo obedecerá a programas gerais,
setoriais e regionais de duração plurianual, elaborados através dos Órgãos de planejamento,
sob orientação e coordenação superiores do Presidente da República.

§ 1º Cabe a cada Ministro de Estado orientar e dirigir a elaboração do


programa setorial e regional correspondente ao seu Ministério, e ao Ministro do Planejamento
e Coordenação Geral auxiliar diretamente o Presidente da República na coordenação, revisão
e consolidação dos programas setoriais e regionais e na elaboração da programação geral do
governo.”

Plano Plurianual de Investimentos – PPA

O PPA define as diretrizes, os objetivos e as metas que orientarão as ações do


Governo Federal nos quatro anos subseqüentes.

A Constituição Federal de 1988 consagrou esse modelo, estabelecendo a


obrigatoriedade da elaboração de planos plurianuais que fixarão, "...de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública federal para as despesas de capital e outras
dela decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada". (art.165, I e §1º).

A Lei Complementar - a mesma que tratará dos Orçamentos - deverá dispor sobre a
organização e duração dos planos plurianuais (art.165 § 9º,I). O projeto plurianual, que deverá ser
encaminhado ao Congresso Nacional até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício
financeiro presidencial, abrigará o período que vai até o final do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial subseqüente.

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O Decreto nº 2.829, de 29 de outubro de 1998, definiu em seu artigo 1º

"que para elaboração e execução do Plano Plurianual 2000-2003, toda ação finalística
do Governo Federal deverá ser estruturada em Programas orientados para a consecução dos objetivos
estratégicos definidos para o período do Plano.
parágrafo único: entende-se como ação finalística aquela que oferta bem ou serviço
para atendimento direto a demandas da sociedade.26

O Manual de elaboração do PPA2000/2003 trouxe vários aperfeiçoamentos visando:

 “organizar em programas – segundo o melhor equilíbrio entre custo, qualidade e


prazo - todas as ações do Governo Federal que resultem em bens ou serviços
para atendimento de demandas da sociedade;

 assegurar que os programas estejam alinhados com a Orientação Estratégica do


Governo e compatíveis com a previsão de disponibilidade de recursos;

 proporcionar a alocação de recursos nos Orçamentos anuais de modo compatível


com os objetivos e diretrizes estabelecidos no Plano e com o desempenho obtido
na execução dos programas;

 melhorar o desempenho gerencial da Administração Pública, tendo como


elemento básico a definição de responsabilidade por custos e resultados;

 estimular as parcerias internas ao Governo Federal e externas – Estados,


Municípios e iniciativa privada – para diversificar as fontes de recursos
necessários aos programas, bem como para ampliar seus resultados;

 permitir a avaliação, pelos gerentes, do desempenho dos programas em relação


aos objetivos e metas especificados no Plano;

 criar as condições para a melhoria contínua e mensurável da qualidade e


produtividade dos bens e serviços públicos;

 oferecer elementos para que as ações de controle interno e externo possam


relacionar a execução física e financeira dos programas e resultados da atuação
do Governo;

 explicitar a distribuição regional das metas e gastos do Governo Federal; e

 dar maior transparência à aplicação de recursos públicos e aos resultados


obtidos."27

26
Decreto 2829, de 29 de outubro de 1998.
27
Manual de Elaboração e Gestão (PPA 2000)

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Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO

A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da


Administração Pública Federal, incluindo as despesas de capital para o exercício subseqüente,
orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual, disporá sobre as alterações na Legislação
Tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

“Art.35 (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias/CF)

§ 2º - até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II,
serão obedecidas as seguintes normas:

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e


meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do
primeiro período da sessão legislativa”.

CICLO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA FEDERAL

Aprova instruções para a elaboração da proposta


SECRETARIA DE
ORÇAMENTO
da lei orçamentária anual a serem observadas
FEDERAL pelos órgãos e unidades orçamentárias dos três
poderes.

SECRETARIA Orienta e coordena a elaboração das propostas das


EXECUTIVA DO unidades orçamentarias do Ministério/Órgão. Fixa
ÓRGÃO prazo para entrega das propostas.

UNIDADE
ORÇAMENTÁRIA
Elabora a proposta orçamentária e encaminha à
(*) Secretaria Executiva do Órgão/Ministério.

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SECRETARIA
EXECUTIVA DO
Analisa preliminarmente, faz correções, revisa e
ÓRGÃO consolida as propostas parciais das unidades.
Encaminha à Secretaria de Orçamento Federal até
29 de julho.

Faz análise, cortes, correções, revisa e consolida


SECRETARIA DE as propostas parciais recebidas dos Órgãos. Junta-
ORÇAMENTO
as às estimativas do Orçamento da Receita e
FEDERAL
forma a proposta orçamentária geral a qual é
encaminhada ao Presidente da República.

Encaminha a proposta orçamentária ao Congresso


PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA
Nacional até o dia 31 de agosto.

(*) No sentido de Unidade Interna do Órgão responsável pela elaboração da proposta orçamentária.

Fonte: GIACOMONI, James. Orçamento Público, pag.195

A continuação do ciclo da proposta orçamentária federal, no Congresso Nacional, é a


seguinte:

CONGRESSO Recebe o projeto da LOA, encaminhada pelo


NACIONAL Presidente da República.

COMISSÃO MISTA Recebe as emendas, analisa e dá parecer. Vota os


pareceres setoriais.

Sessão conjunta – votação do projeto pelos


PLENÁRIO parlamentares (Senado e Câmara dos Deputados).

PRESIDENTE DA Até 15 de dezembro o Congresso Nacional devolve


REPÚBLICA o projeto da LOA devidamente aprovado ao
46 Presidente da República para sanção.
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A segunda etapa do processo orçamentário trata da tramitação do projeto de Lei do


Orçamento no âmbito do Poder Legislativo e da sua aprovação.

No Congresso Nacional, o projeto da Lei do Orçamento Anual é recebido pela


Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. A comissão analisa e emite parecer
sobre o Projeto de Lei, assim como, recebe e pronuncia-se sobre as emendas apresentadas.

O Presidente da República poderá encaminhar mensagem retificadora para propor


modificações do Projeto. Isso, no entanto, só será possível enquanto não iniciada a votação, na
Comissão Mista, da parte cuja alteração é proposta.

Lei Orçamentária Anual - LOA

A Lei Orçamentária Anual estima a receita e fixa a despesa para cada exercício
financeiro.

A Lei n.º 4.320/64 dispõe que:

“A lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a


evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os
princípios de unidade, universalidade e anualidade.28

XI – MECANISMOS RETIFICADORES DO ORÇAMENTO

O Orçamento anual é produto de um processo de planejamento, que incorpora as


intenções e prioridades da sociedade. Durante a execução da Lei Orçamentária Anual, podem ocorrer
situações ou problemas não previstos na fase de sua elaboração. Portanto, há que se criar
instrumentos que possibilitem retificar o Orçamento durante a sua execução. Esses mecanismos
retificadores são conhecidos como Créditos Adicionais e são previstos na Lei n.º 4.320/64.

28
Contudo devem ser observados não apenas esses princípios, mas outros decorrentes de outros atos normativos.

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Os Créditos Adicionais classificam-se em:

Suplementares - São os créditos insuficientemente dotados na Lei do Orçamento,


destinando-se, portanto, ao reforço de dotações já existentes.

Especiais - São os créditos não computados na Lei do Orçamento, ou seja, aqueles


destinados a despesas para as quais não haja dotação específica.

Extraordinários - São os créditos destinados a despesas imprevisíveis e urgentes, tais


como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública. Estes créditos não precisam
de autorização legislativa para serem abertos. No entanto, após sua abertura, deverá o Poder
Executivo dar ciência desse procedimento ao Poder Legislativo.

11.1) ABERTURA DOS CRÉDITOS ADICIONAIS

Os Créditos Suplementares e Especiais são autorizados por Lei e abertos por


Decreto do Poder Executivo29.

Os Créditos Extraordinários são abertos por Decreto do Poder Executivo que deles
dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo30.

O artigo 7º da Lei 4.320/64 e o art. 167 da Constituição Federal autorizam a inclusão


no Orçamento de dispositivo que permite ao Executivo abrir Créditos Suplementares até determinado
limite que normalmente varia de 20 a 25% do total da despesa fixada no Orçamento. 31Tal medida visa
a agilizar e desburocratizar os procedimentos administrativos. Já a autorização para a abertura de
Crédito Especial poderá ser concedida por meio de lei própria . No caso do Crédito Extraordinário, a
dispensa de manifestação legislativa prévia justifica-se, plenamente, pois o Executivo é obrigado a se
desempenhar com a urgência necessária. A necessidade de informar o Legislativo imediatamente
após a abertura do Crédito Extraordinário impede que o Executivo possa cometer qualquer abuso
nessa área, possibilitando os ajustes necessários.

11.2) VIGÊNCIA DOS CRÉDITOS ADICIONAIS

Suplementares – por serem destinados a atender insuficiência do Orçamento anual,


com este confunde-se, acompanhando a sua vigência, ou seja, extinguindo-se no final do exercício
financeiro.
29
Lei 4.320/64 . Comentada por J. Teixeira Machado Jr. e Heraldo da Costa Reis.25ª.ed.ver.atual Rio de Janeiro: IBAM,
1993.
30
Idem
31
GIACOMONI, James. Orçamento Público.6ª.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

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Especiais e Extraordinários – poderão ter vigência até o final do exercício


subseqüente, quando o ato da autorização for promulgado nos últimos quatro meses do exercício.
Estes créditos serão reabertos, por meio de novo Decreto, nos limites de seus saldos, no exercício
subseqüente.

O procedimento para reabertura dos Créditos Especiais e extraordinários tem uma


explicação lógica, em razão de que os Créditos abertos após 31/08 não constam do Orçamento para o
exercício seguinte, uma vez que este já foi elaborado e encaminhado ao Congresso Nacional para
apreciação, devendo o programa de trabalho dar continuidade no próximo exercício.

Com a reabertura desses créditos, deve a autoridade providenciar, de imediato,


recursos suficientes para cobrir as referidas despesas, podendo ser utilizado na seqüência, o superávit
financeiro, o excesso de arrecadação ou anulação total ou parcial de dotações.

11.3) FONTES DE FINANCIAMENTO PARA OS CRÉDITOS ADICIONAIS

Para abertura de Créditos Suplementares e Especiais, torna-se necessária a existência


de fontes de recursos para financiá-los. No caso dos Créditos Extraordinários, não há necessidade de
fonte específica. As fontes de recursos legítimas para abertura de Créditos Suplementares e especiais
são:

Superávit Financeiro - é a diferença positiva entre o Ativo Financeiro e o Passivo


Financeiro, apurado em Balanço Patrimonial, conjugando-se, ainda, os saldos dos Créditos
Adicionais transferidos e as operações de créditos a eles vinculadas.

Excesso de arrecadação - é o saldo positivo das diferenças, acumuladas mês a mês,


entre a arrecadação prevista e a realizada.

Anulação parcial ou total de dotação - é o cancelamento total ou parcial de dotações


consideradas excedentes com o objetivo de adicioná-las àquelas consideradas insuficientes.

Operações de créditos - são empréstimos obtidos pelo Estado, podendo ser internas
ou externas. Será interna quando contraída dentro do próprio País; e externa quando contratada fora
deste.

Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei


orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso,
mediante Créditos Especiais ou Suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.

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XII – EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

A execução ocorre quando a Unidade Gestora Executora (UGE), detentora dos


Créditos Orçamentários (UO), os descentraliza a outra UGE ou quando uma UGE efetua a emissão
de empenho. A execução da despesa obedece a três estágios, quer sejam, empenho, liquidação e
pagamento.

12.1) DESCENTRALIZAÇÃO DE CRÉDITO

Consiste na transferência do poder de utilizar créditos orçamentários que estejam sob


sua supervisão ou lhe tenham sido dotados ou transferidos, de uma unidade gestora para outra.

As dotações descentralizadas serão utilizadas integralmente na consecução do objeto


previsto pelo programa pertinente, respeitada fielmente a classificação funcional. A descentralização
pode ser Externa ou Interna.

Descentralização Externa de Créditos

Esta descentralização é também conhecida como Destaque. É a operação


descentralizadora de crédito orçamentário em que um Ministério ou Órgão transfere para outro
Ministério ou Órgão, o poder de utilização dos créditos que lhes foram dotados.

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Descentralização Interna de Créditos

Esta descentralização é também conhecida como Provisão. A descentralização interna


consiste na movimentação de créditos orçamentários entre Unidades Gestoras Executoras dentro do
próprio Ministério ou Órgão.

Tanto a descentralização ou transferência externa como a interna podem ser anuladas,


total ou parcialmente. A anulação só poderá ocorrer se a unidade beneficiada não tiver utilizado o
crédito , ou seja, se a mesma ainda não empenhou ou descentralizou. Caso o crédito tenho sido
utilizado, a unidade deverá adotar os procedimentos necessários para viabilizar a devolução do
mesmo, quando do recebimento indevido.

12.2) EMPENHO

É o primeiro estágio da despesa. É o ato emanado da autoridade competente que cria


para o Estado a obrigação de pagamento, pendente ou não, de implemento de condição. 32

O empenho da despesa é ato de autoridade, legalmente autorizada para tal fim. Não se
deve confundir, empenho da despesa com nota de empenho; este, é a materialização daquele.

O empenho é prévio, ou seja, precede à realização da despesa e está restrito ao limite


do crédito orçamentário, conforme determina a Lei 4.320/64, em seu artigo 60.

Modalidades de Empenho

Ordinário – Modalidade para atender a despesa, com montante previamente


conhecido e cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez. Exemplo: compra de material de consumo
ou permanente.

Estimativo – Será emitido empenho por estimativa, quando não se puder determinar o
montante da despesa. Exemplo: água, luz, telefone.

Global – É o empenho emitido para atender as despesas contratuais, cujo montante é


conhecido, todavia a sua liquidação e pagamento está sujeita a parcelamento. Exemplo: contratos de
prestação de serviços e aluguel, pagamento de pessoal, convênios, etc.

32
Lei 4.320. Comentada por J. Teixeira Machado Jr. e Heraldo da Costa Reis.25ª.ed.ver.atual. Rio de Janeiro: IBAM,
1993.p. 58.

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Através do Decreto nº 2.439, de 23/12/97, foi instituído o Empenho com Garantia de


Pagamento Contra Entrega, que é o tipo de empenho utilizado pela Administração Pública, tendo
por finalidade a realização de despesas com prestação de serviços ou compras, cujo valor limite
obedecerá ao teto fixado para dispensa de licitação. Esta sistemática deverá ser adotada pelas UGE
que utilizam o sistema SIAFI na modalidade total, em relação aos fornecedores de pequenas compras
e serviços, inscritos no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores - SICAF. Compete à
STN viabilizar o pagamento mediante a emissão de ordem bancária, pelas respectivas UGE "on-line",
dispensando a transferência de recursos da Conta Única do Tesouro Nacional por intermédio dos
Órgãos setoriais de programação financeira.

12.3) LIQUIDAÇÃO

A liquidação é o segundo estágio da despesa e consiste na verificação do direito


adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito,
ou seja, é a comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do empenho.

A liquidação tem por finalidade reconhecer ou apurar a origem e o objeto do que se


deve pagar, a importância exata e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação.

O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os atos de verificação e


conferência, desde a entrega do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento da despesa.
Ao fazer a entrega do material ou a prestação do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal,
fatura ou recibo correspondente, acompanhada da primeira via da nota de empenho, devendo o
funcionário competente atestar o recebimento do material ou a prestação do serviço, no verso da nota
fiscal, fatura ou recibo.

Somente após a apuração do direito adquirido pelo credor a UGE providenciará o


pagamento da despesa. Evidentemente, nenhuma despesa poderá ser paga sem estar devidamente
liquidada.

12.4) PAGAMENTO

Constitui o terceiro e último estágio da despesa e consiste na entrega do numerário ao


credor do Estado, extinguindo-se o débito ou obrigação.

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XIII – EXERCÍCIO FINANCEIRO

“O exercício financeiro coincidirá com o ano civil”33 No Brasil, é o espaço de tempo


compreendido entre primeiro de janeiro e trinta e um de dezembro de cada ano, no qual a
administração promove a execução orçamentária, financeira e patrimonial e demais fatos
relacionados com as variações qualitativas e quantitativas que tocam os elementos patrimoniais da
entidade ou Órgão público.

“Pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas e as despesas nele


legalmente empenhadas”34.

Segundo dispositivo da Lei 4.320/64, o Brasil adota o regime misto, ou seja:

a) regime de caixa para a Receita: : As receitas são registradas e classificadas


quando do seu recebimento. As receitas lançadas e não recebidas pertencerão ao exercício em que
forem efetivamente arrecadadas.

b) regime de competência para a Despesa: São todas as despesas legalmente


liquidadas no exercício, independentemente de seu pagamento. São os empenhos emitidos no
exercício. Os não liquidados até 31 de dezembro do exercício serão inscritos em restos a pagar,
consequentemente, à conta de despesa do exercício de sua inscrição.

XIV – CONTA ÚNICA

A Conta Única, implantada em setembro de 1988, representou uma mudança radical


no controle de caixa do tesouro nacional, em virtude da racionalização na movimentação dos recursos
financeiros no âmbito do governo Federal.
A Conta Única Do Tesouro Nacional, é utilizada para registrar a movimentação dos
recursos financeiros oriundos do orçamento fiscal e da seguridade social, mantidas em depósito no
BACEN, tendo por agente financeiro o BB.

A unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, com a implantação da conta


única, não significa perda da individualidade destas disponibilidades, uma vez que cada Unidade
Gestora trabalha com limites financeiros previamente definidos, somente movimentados pelos
respectivos ordenadores de despesa.

33
Lei 4.320. Comentada por J. Teixeira Machado Jr. e Heraldo da Costa ReisE.25ª.ed.ver.atual. Rio de Janeiro: IBAM,
1993.p.34
34
Lei 4.320. Comentada por J. Teixeira Machado Jr. e Heraldo da Costa ReisE.25ª.ed.ver.atual. Rio de Janeiro: IBAM,
1993.p.77 e 78

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A operacionalização da conta única será efetuada por intermédio do Banco do Brasil


ou, excepcionalmente, por outros agentes financeiros autorizados pelo Ministério da Fazenda, através
da Secretaria do Tesouro Nacional. Esta operacionalização é efetuada por meio de documentos
registrados no SIAFI. Os principais documentos utilizados pela conta única são os seguintes:

 Ordem Bancária –OB;


 Documento de arrecadação de Receitas Federais – DARF;
 Guia de recolhimento da previdência social- GPS.
 Nota de Programação Financeira - PF

Movimentação da Conta Única

A STN a partir das disponibilidades constituídas pelos ingressos no BACEN que


também são registrados no SIAFI, libera recursos para os órgãos setoriais de programação financeira
da administração direta federal. Estes, por sua vez, repassam os recursos para suas Ugs da
administração direta e para as unidades setoriais financeiras da administração indireta a eles
vinculados.

Os pagamentos entre unidades gestoras também conhecidos como intra-siafi, ocorrem


através de transferências de saque que é disponibilidade financeira da UG on line existente na conta
única.

O tesouro nacional autoriza o Banco Central - Bacen a efetuar o saque nas reservas
bancárias disponibilizando os recursos junto ao Banco do Brasil para que este efetue os pagamentos
aos credores externos ao SIAFI.

A Conta Única, no plano global, constitui-se de três processos fundamentais e


equivalentes em importância: ingresso de recursos, movimentação de recursos, e dispêndio de
recursos.

XV – RESTOS A PAGAR

Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até 31 de


dezembro do ano a que pertençam, podendo ocorrer da seguinte forma:

a) Restos a Pagar Não Processados - referem-se aos empenhos não liquidados até 31
de dezembro.

b) Restos a Pagar Processados - referem-se aos empenhos liquidados e não pagos até
31 de dezembro.

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O Decreto nº 93.872, de 23.12.96, em seu art. 35 determina que o empenho da despesa


não liquidada será considerado anulado em 31 de dezembro, para todos os fins, salvo quando:

a) ainda vigente o prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor;


b) quando for de interesse da Administração exigir o cumprimento da obrigação
assumida pelo credor;
c) se destinar a atender transferências a instituições públicas ou privadas; e
d) compromisso assumido no exterior.

Os empenhos não anulados, bem como os referentes a despesas já liquidadas e não


pagas, são automaticamente inscritos em Restos a Pagar no encerramento do exercício pelo SIAFI.

A inscrição de valores em Restos a Pagar terá validade até 31 de dezembro do ano


subseqüente ao da emissão do empenho. Após esta data, os saldos remanescentes serão
automaticamente cancelados pelo SIAFI, permanecendo em vigor, no entanto, o direito do credor por
até 5 (cinco) anos, a partir de sua inscrição.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101 de 04/05/2000), em seu


artigo 42, exigiu novo requisito para inscrição em restos a pagar, conforme a seguir descrito:

“É vedado ao titular de Poder ou Órgão referido no art. 20, nos últimos dois
quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida
integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que
haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão
considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.”

XVII) BIBLIOGRAFIA

BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças,14ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
1987.

BRASIL. Constituição Federal de 1988.

BRASIL. Decreto 2829, de 29 de outubro de 1998.

BRASIL. Ministério do Orçamento e Gestão. Manual de Elaboração e Gestão (PPA 2000)

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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO

BRASIL. Ministério do Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento federal. Instruções para


elaboração da proposta orçamentária da União para 2000; Manual Técnico de Orçamento (MTO-
02). Brasília, Impresa Nacional, 1999.

FILELLINE, Alfredo. Economia do Setor Público.

FORTES, João. Contabilidade Pública.

FONROUGE, Giuliani. Derecho Financiero, 2ª.ed. Buenos Aires: Depalma,1970.

GIACOMONI, James. Orçamento Público.6ª. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

MACHADO Jr., J. Teixeira. e REIS, Heraldo da Costa . Lei 4.320/64 Comentada. .25ª.ed.ver.atual
Rio de Janeiro: IBAM, 1993.

MEIRELLES, Hely. Direito Administrativo Brasileiro, 22ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997.

MOTA, Francisco G.L. 2002. Contabilidade Aplicada Á Administração Pública. 6ª ed, 2ª tiragem.
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RAMOS, Naimar Medanha. Aperfeiçoamento das técnicas de avaliação de desempenho na


administração pública: uma contribuição. Revista ABOP 4(1):44, jan/abr 1978.

TUTORIAL SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal

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