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O Testemunho do Bem-aventurado Leão Saisho Shichiemon1

Transcrição moderna e livre da Relação de martírio2


por Luís Augusto Rodrigues Domingues

Santíssimo Padre3,

além de ter como obrigação comum dos Bispos, aos quais, por mercê de Deus e da Santa Sé
Apostólica, o Espírito Santo pôs em diversas partes do mundo "como pastores da Igreja de Deus que
ele adquiriu com o seu sangue" (At 20,28) "para o aperfeiçoamento dos santos (=cristãos), para o
desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo" (Ef 4,12), o oferecerem, a seu tempo,
ao Romano Pontífice, como ao Pai comum de toda a Igreja Católica e pastor Universal do Rebanho
de Cristo, o fruto das almas que em suas igrejas particulares se recolhe, o Bispo do Japão tem-na
como [obrigação] muito particular, pela particular providência que de muitos anos os Sumos
Pontífices tiveram por esta nova vinha do Senhor, ajudando sempre com paternal amor e pontifical
liberalidade na sustentação dos obreiros que em sua cultivação e propagação se ocupam; tal
obrigação tanto agora é maior quanto com maior amor e liberalidade V. Santidade, nesta parte, se
tem avantajado a seus predecessores, e noutras mercês e favores que faz a esta Cristandade do Japão4.
(...)

1
N.T Escritos mais antigos trazem Shichiuemon, mas a transcrição moderna usa apenas Shichiemon. Seu nome de
nascimento pode ter sido Saisho Atsutomo. Em textos japoneses é referido como レオ税所七右衛門敦朝 / Reo (= Leo,
Leão em latim) Saisho Shichiemon Atsutomo (lê-se: Saixo Xitiemon Atsutomô). Ele é chamado de 薩摩の殉教者
(Satsuma no Junkyōsha = o mártir de Satsuma). O nome escrito como Leão e posto em último lugar é a forma como
está no original da Relação. Recordo ainda que Shichiemon é o nome próprio, enquanto Saisho é o sobrenome, segunda
a ordem japonesa.
2
N.T. "Relação da morte que seis jappões padeçerão em jappão pola fee de christo; escrita E enviada a Nosso
Santissimo Padre o Papa Paulo V; por dom Luis Çerqueira Bispo de jappão em 5. de março de 1609", disponível em
http://cham.fcsh.unl.pt/ext/jesuitasnooriente/files/16090305_rel.pdf
3
N.T. A Relação foi escrita por D. Luís Cerqueira, jesuíta português (+1614), então Bispo de Funai, no Japão, e dirige-se
ao Papa Paulo V.
4
N.T. A primeira evangelização no Japão, até onde se tem notícia e se pode comprovar, deu-se com São Francisco
Xavier, grande missionário espanhol da Companhia de Jesus, da qual é um dos co-fundadores. Pôs os pés em terras
japonesas no dia da Assunção de Nossa Senhora, a 15 de agosto de 1549, vinte anos antes do nascimento de nosso
mártir, e aí ficou até 1551.
Ofereço agora a V. Santidade o fruto de outro Martírio, de outros (...)
mártires japoneses que esta nova vinha de Cristo nos deu estes meses
passados, do qual tem resultado nesta cristandade muita glória de Deus,
grande crédito de nossa santa fé e pública edificação não somente dos
cristãos, mas ainda dos gentios, vendo a devoção, alegria e fortaleza
cristã com que estes bem-aventurados deram a vida pela confissão da fé.
Brazão da família Saisho Um deles, por nome Saisho Shichiemon Leão, acabou a espada
cortando-lhe a cabeça no Domínio de Satsuma5, na região de Hirasa6,
por mandado de Hongō Kaga-no-kami7, gentio, senhor8 do dito lugar, em 17 de novembro do
ano passado de 1608. (...)
Era Saisho Shichiemon Leão um guerreiro honrado, nascido de pais nobres no Feudo de
Satsuma, em um povoado chamado Jonai9, com trinta e nove anos de idade10, ainda sendo
gentio. Vivia conforme a razão e, depois de tornar-se cristão 11 , aplicou-se logo muito de
propósito nas coisas da salvação eterna, e assim dizia ele, algumas vezes, a um cristão amigo
seu, com que de ordinário se acompanhava: "Não sei o que é isto, Paulo, que não consigo
deixar de rezar e tratar das coisas da salvação"12. E dizendo-lhe
outras vezes, o amigo, que tocassem e cantassem um pouco para se
entreterem, respondia: "Deixa essas coisas que são vãs e sem
proveito e tratemos de alguma história da outra vida". E este era
todo seu cuidado, de modo que a mulher, que era gentia, vendo o
muito tempo que gastava em oração, pelejava com ele. O nome completo
Era homem manso e de aprazível condição, muito calado e do beato mártir
composto em suas ações. Se via alguma coisa má repreendia com
suavidade e amor.
Enxergava-se nele muita devoção e afeição às coisas de Deus, que logo
parecia homem a quem sua Divina Bondade tinha tocado o coração e o
Beato Jacinto Orfanell
queria chamar depressa para si, como chamou pelo caminho do martírio,
não havendo ainda quatro meses que se tinha batizado13: "tendo chegado
rapidamente ao termo, percorreu uma longa carreira" (Sb 4,13).

5
N.T. O feudo ou domínio de Satsuma hoje é parte da chamada prefeitura de Kagoshima.
6
N.T. Shichiemon mudou-se para Hirasa em 1596, para ser 家臣 (kashin, vassalo) do senhor do lugar, tornando-se
depois jūshin (重臣, vassalo chefe).
7
N.T. Hongō Mitsuhisa, do clã Hongō, proveniente do clã Shimazu, histórico clã governante do feudo de Satsuma. O
nome formal parece ter sido Hongō Kaga-no-kami Mitsuhisa. Kaga-no-kami seria um nome/título de corte. Era o
terceiro filho de Hongō Tokihisa.
8
N.T. Hirasa Ryoshu, Senhor de Hirasa.
9
N.T. Cidade de Miyakonojō, prefeitura de Miyazaki, antiga província de Hyūga.
10
N.T. Nasceu em 1569.
11
N.T. Recebeu os rudimentos da fé através de Kichiemon Paulo.
12
N.T. O decreto de reconhecimento do martírio do Pe. Pedro Kibe Kasui e de 187 companheiros mártires, de vários
anos entre 1603 e 1639, cita Shichiemon como terciário da Ordem dos Frades Pregadores (Dominicanos) e outros sites
e documentos apontam-no como membro da Confraria do Rosário, o que faz crer que nosso mártir era devoto desta
forma de oração, tendo a recitação semanal do rosário como obrigação de amor, segundo os deveres da Confraria.
13
N.T. Shichiemon foi batizado em 22/07/1608, na não mais existente Igreja de Kyōdomari, pelo frade dominicano
espanhol Beato Jacinto Orfanell (missionário e mártir, queimado vivo no Grande Martírio de Nagasaki, em 10/09/1622)
e tomou o nome de Leão, provavelmente por causa de Leão XI, papa falecido em 1605, ou por causa de Leão X (+1521),
o papa da Bula Exsurge Domine (15/06/1521), contra os erros luteranos.
O martírio sucedeu desta maneira.
Leão servia em assuntos militares, recebendo por isto
[a devida] renda do tono 14 ou senhor de Hirasa,
Hongō Kaga-no-kami (e por outro nome Hongawa
Sakuzaemon ou Hongō Mitsuhisa) 15 , gentio e
contrário à nossa santa fé, o qual sabendo que Leão se
tinha batizado e vivia como cristão, mandou-lhe que o
deixasse de ser e voltasse ao antigo culto dos Kami16
e de Hotoke 17 a que aquele Domínio de Satsuma,
particularmente, está muito entregue, encomendando
esta tarefa a dois de seus oficiais, pessoas de
autoridade, para que com efeito o fizessem voltar
atrás. Monumento no lugar do castelo de Hirasa

Os oficiais chamaram Leão e lhe notificaram o mandato de Hongō Kaga-no-kami, ao que o samurai
de Cristo respondeu animosamente que, no que tocava ao serviço de seu senhor, estava muito
prestes para, todas as vezes que se oferecesse ocasião, dar os bens e a vida, todavia como o ser
cristão ou deixar de o ser era negócio pertencente à salvação eterna, por nenhuma forma
poderia abandonar a fé de Cristo, que uma vez tinha recebido, ainda que por isso o houvessem
de exilar e tirar a renda ou a vida, pois pronto estava para morrer
antes do que deixar de ser cristão.
Sabendo Hongō da resposta tão resoluta, sentenciou-o à morte, dizendo
que, uma vez que Saisho Shichiemon era samurai e vassalo seu há tanto
tempo, e de seu Domínio, já que se fizera cristão sem sua permissão, se
não renegasse [a fé], que o matassem. Mas o santo mártir perseverou
sempre na mesma resposta, por mais que os oficiais procurassem rendê-
lo ao que Hongō pretendia.
O mesmo procuraram alguns parentes seus e outros nobres samurais
gentios, amigos e companheiros seus de muitos anos no serviço de
Hongō, os quais, pelo desejo que tinham de lhe salvar a vida, travaram
uma dura batalha, por espaço de três dias entre a sentença de Hongō e a
morte do mártir, para que obedecesse ou pelo menos de alguma boa
maneira condescendesse ao que seu senhor lhe mandava.
Imagem de Nossa Senhora do Diziam-lhe que, já que estava tão determinado em morrer antes que
Rosário, que ficava na Igreja de abandonar a fé que tinha recebido, deixando de ser cristão, algum bom
Kyōdomari, no tempo de nosso
mártir. Ela ainda existe e está em
modo se acharia de permanecer cristão e com a fé, como ele pretendia,
Manila, Filipinas. juntamente com a vida salva, como eles muito desejavam, eles diriam a
Hongō que ele estava pronto para lhe obedecer e que, como não era ele
na realidade que o dizia, mas eles de si mesmos, desta maneira permaneceria cristão como antes e
com a vida, e que, com o passar do tempo, tudo ficaria bem; ou também que fugindo, ausentando-se
da região, salvaria a vida e a fé, para o que eles o ajudariam e fariam de modo que isto tivesse efeito.
A isto Leão respondeu sorrindo e não fazendo caso do que diziam: "Senhores, vossa amizade não é
mais que desta vida e eu trato da outra. Eu hei de subir sobre dez céus e vós outros haveis de baixar
ao inferno, donde nunca mais me podereis ver. Sinto tanta honra em morrer por ser cristão que

14
N.T. Tono (殿), senhor feudal.
15
N.T. Consta que pode ter sido chamado também de Tsurumaru e Sōjirō.
16
N.T. Kami (神) são as múltiplas entidades/forças/fenômenos/elementos cultuados no xintoísmo (Shintō: caminho dos
deuses), a religião mitológica tradicional do Japão.
17
N.T. Hotoke (仏) é o termo japonês para Buda (do sânscrito "iluminado", "desperto"), adjetivo dado ao príncipe
Siddhartha Gautama, da antiga república Shakya, na região do atual Nepal, sobre cujos ensinamentos fundou-se o
budismo.
se agora sucedesse não me matarem por esta causa, mas
somente me exilarem, muito me pesaria e ficaria com
uma grande mágoa no coração. Quanto ao modo de eu
poder permanecer cristão e juntamente com a vida, guardai-
vos de fazer tal coisa, porque eu não consinto nisto. E se tal
fizerdes eu mesmo em pessoa hei de ir diante do tono
com o rosário ao pescoço e lhe hei de dizer que sou
cristão, que jamais hei de deixar de o ser e que se alguém
outra coisa lhe tinha dito não lhe falara a verdade. Isto,
senhores, não fica bem para vós, porque sereis tidos por
mentirosos, nem também para mim consentir neste modo de
me salvardes a vida, porque a lei de Cristo que professo
não consente semelhantes dissimulações e fingimentos,
pois fugir eu em tal situação e perder a coroa do
martírio não é honra minha nem proveito, pelo que estou Samurais de Satsuma no séc. XIX
muito resoluto em morrer antes que voltar atrás".
Após isto e visto que não havia remédio para Leão se render, mandou Hongō à sua casa oito
samurais para que nela, conforme o costume que no Japão se tem com semelhantes pessoas, o
matassem.
Foram eles muito de madrugada, uma hora antes do amanhecer. E entrando um deles para ver o que
lá se passava, ficando os demais de fora para o que sucedesse, pois pensavam pudesse estar Leão,
como samurai que era, preparado para se defender e viesse a suceder alguma desgraça de mortes, por
não entenderem, como gentios que eram, o modo com que os cristãos
recebem a morte por Cristo, mas somente o seu gentílico, que tem em se
defender o melhor que podem.
Achou, o samurai que entrou, tudo tão pacífico e quieto e o santo tão
alegre, que lhe disse claramente como o vinham a matar. Dado que já
sabia que estava sentenciado à morte, não sabendo quando havia de ser,
mandou, o mártir de Cristo, chamar os demais. Recebeu-os, e saudou-os
com o rosto alegre, dizendo-lhes que ficassem sossegados e se
aquietassem, que não havia o que temer. E reconhecendo a mercê que
Deus lhe queria fazer, deu-lhe muitas graças com tais palavras que os
matadores ficaram maravilhados, sem entender a causa de coisa tão nova.
Tentaram persuadir-lhe para que cortasse a barriga e se suicidasse18, o que
os japoneses gentios têm por grande valentia e honra, ao que respondeu
Leão: "Samurai eu sou, não me falta brio e esforço para o fazer, mas
por ser cristão, e a lei dos cristãos o proibir, não o farei".
Os samurais disseram à mulher que preparasse algum alimento para a
despedida, ao que o mártir disse: "A vontade de Deus é que eu não coma
mais nesta vida. A ceia de ontem à noite serviu-me de despedida e não
preciso de mais nada".
Chegando-se já a manhã, perguntaram-lhe onde queria que o
O beato mártir com o Terço do decapitassem. Respondeu que em um jūmonji, que é o mesmo que
Rosário ao pescoço encruzilhada, a qual estava ao sair da porta de sua casa, tendo nisto duas

18
N.T. O seppuku (切腹) ou harakiri (腹切り), que consistia num suicídio ritual pela abertura do abdômen, através de
um corte horizontal do punhal chamado tanto ou da espada curta, para manter a honra.
considerações: tanto o querer morrer em lugar público,
dando público testemunho de nossa santa fé, como a
santa Cruz, porque o jūmonji ou encruzilhada, além de
ter alguma semelhança com a cruz, escreve-se em seus
caracteres com uma figura de Cruz19. E neste lugar foi
martirizado.
Antes de sair de casa, tendo já feito à noite, com suas
próprias mãos, o caixão onde queria que o enterrassem,
banhado o corpo em sinal de festa, e feito sua oração

diante de uma imagem da Paixão, da descida da Cruz, Martírio do Beato Adão Arakawa (+1614), cuja
que ele tinha dito ser muito a propósito para a hora da ilustração recorda o martírio de Shichiemon aqui
20 relatado
morte, vestido de branco e
cingido com as duas espadas, que são a longa e a curta21, mais por ornato
e costume de samurai que para outro fim, tomando sua mulher ainda
gentia por uma mão e a um filhinho seu de sete anos, já cristão, pela outra,
despediu-se de ambos e de seu outro filho, o mais velho, dizendo à mulher
que, já que ele morria cristão pela fé de Cristo, fora da qual não havia
salvação, se lhe tinha amor e desejava fazer-lhe companhia na outra vida
no paraíso, se fizesse logo cristã. E ao filhinho, [disse] que perseverasse
como cristão e, sendo necessário morrer
por isso, assim o fizesse, como via que ele
agora o fazia. E ao mais velho, que é gentio,
de idade de dezessete anos, disse: "Já tens
entendimento. Se queres ir aonde eu vou, está
Samurai do séc. XIX, com o em tua vontade".
traje formal e as duas espadas Mandou logo um recado a seu amigo Paulo,
de que se falou acima: "Eu vou adiante ao céu. Lá te esperarei e serei
teu intercessor. Em todo caso, vem".
E despedindo-se de todos da família, e dos circunstantes, saiu ao lugar
do martírio largando primeiro as armas de samurai - a espada longa e a Tsuba (guarda) de espada de
samurai cristão do séc. XVI
curta -, e tomando em seu lugar as de cristão, a saber, o rosário que
levava nas mãos e a imagem da Paixão guardada no peito, com um livrinho de orações.
Chegando, pôs-se de joelhos sentado sobre seus pés, que é o modo que os japoneses têm de estar
com reverência diante de pessoas honradas, e pedindo licença aos matadores, para que lhe deixassem
primeiro fazer um pouco de oração, por ser costume dos cristãos não morrerem sem se preparar,
rezou cerca de meia hora, pelo rosário. E desembainhando um dos matadores a espada, para lhe
cortar a cabeça, o santo mártir, acenando com a mão, disse-lhe que ainda não era tempo, que ficasse
sossegado e lhe deixasse rezar mais. E prosseguiu sua oração por cerca de outra meia hora. Tirou a
imagem da Paixão do peito e, depois de a venerar, tornou-a a guardar, enrolou o rosário na mão
direita e rezou pelo livro algumas orações, as quais acabadas, deu sinal que tinha concluído sua
oração. Levantou as mãos a Deus e, inclinando a cabeça e estendendo o pescoço, oferecendo-o ao
golpe da katana, foi decapitado. Era 17 de novembro de 1608, um pouco depois de nascer o sol
material, foi ele gozar da luz inacessível da Divina Bondade.

19
N.T. Jūmonji (十文字).
20
N.T. Creio ser o traje solene com que o samurai praticava o seppuku, ou seja, um traje de morte.
21
N.T. Katana (刀) e wakizashi (脇差).
Procurou-se possuir seu santo corpo e foi
enterrado com honra em lugar sagrado 22 , em
segredo, por se temer alvoroço se se fizesse
publicamente. Ao seu filho mais novo, chamado
Miguel, que não havia mais que três semanas
que se tinha batizado, Hongō também mandou
matar, mas depois, a rogos de alguns, perdoou-
lhe a vida. Todavia mais ditoso fora se
juntamente com o pai a perdera pela eterna.
Os gentios ficaram espantados de tão santo
gênero de morte, dizendo que morrer pelas
coisas que se vêem pelos olhos como em guerra
e, noutras ocasiões, para alcançar honra e
Monumento ao Beato mártir de Satsuma, em igreja de Sendai, riquezas não era coisa nova em Satsuma, mas
Diocese de Kagoshima morrer somente pela salvação que não se vê, com
tanta segurança e alegria como fez Shichiemon Leão, era coisa nunca vista naquele reino.
Este, Padre Beatíssimo, é o que sucedeu a estes dois
martírios de Yatsushiro e Satsuma, este é o fruto que,
este ano, mediante a divina graça, tem dado esta nova
Vinha do Senhor, de várias formas [também] de V.
Santidade. Resta pedir humildemente a V. Santidade
que lhe lance sua santa e apostólica bênção, e aos
operários que nela trabalham, para que, regada esta
igreja com o sangue destes mártires, e abençoada por V.
Santidade, que em lugar de Cristo está na terra, “Deus,
que faz crescer” (1Cor 3,7) a acrescente e multiplique Local da Igreja de Kyōdomari
em número, fé e graça, para maior glória da Divina
Bondade a quem se deve toda a honra e louvor.

Nagasaki, 5 de março de 1609.


O Bispo do Japão.
Apêndice

Leão Saisho Shichiemon Atsutomo, nobre samurai a serviço do clã Hongō, no Castelo de Hirasa, no feudo de
Satsuma, no Japão, teve o martírio reconhecido pela Igreja Católica e foi beatificado, no dia 24 de novembro
de 2008, com outros 187 cristãos japoneses, dos quais 183 são leigos, todos martirizados na primeira metade
do século XVII.
A Missa de Beatificação contou a presença de cerca de 30 mil pessoas, num estádio de Nagasaki, no Japão. O
nome que encabeça este grande grupo é o do Pe. Pedro Kibe Kasui, jesuíta, assassinado pela santa fé católica
no dia 04 de julho de 1639.

Pela Liturgia reverente em ambas as Formas do Rito Romano


Teresina – Piauí – Brasil
ars-the.blogspot.com
ars.the@gmail.com

22
N.T. Seu corpo foi enterrado na Igreja de Kyōdomari, onde foi batizado. Dado o posterior decreto de expulsão dos
missionários, a igreja foi como que desmontada e reconstruída em Nagasaki. Para aí levaram seus restos mortais e, em
seguida, para Manila, nas Filipinas. Todavia, foram perdidos após um terremoto em 1649.

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