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1- O CONHECIMENTO DE DEUS
É fato que Deus não pode ser plenamente conhecido por ninguém (Sl. 139: 6; 145: 3;
Rm. 11:33), tudo que podemos conhecer de Deus é porque Ele quis nos manifestar (Mt. 11:
27; Rm. 1:19). Não é a sabedoria humana que faz Deus conhecido, mas a revelação (1 Co.
1:21; 2: 14; 2 Co. 4: 3-4). Isto porque o finito não pode compreender o infinito. Para
alcançar o conhecimento de Deus dependemos das Escrituras Sagradas. O reformador João
Calvino considerava que para o homem é impossível investigar as profundezas do Ser de
Deus. “Sua essência,” diz ele, “é incompreensível de tal maneira que sua divindade escapa
completamente aos sentidos humanos”. Não é que os Reformadores Protestantes negassem
que o homem pode saber algo da natureza de Deus por meio da criação, mas afirmavam que
o homem só pode adquirir verdadeiro conhecimento de Deus pela Revelação Especial, sob a
iluminadora influência do Espírito Santo. Sem a revelação o ser humano jamais seria capaz
de adquirir qualquer conhecimento de Deus, pois só o Espírito Santo pode dar esse
conhecimento (1 Co. 2:11). Assim, só com a Bíblia podemos conhecer coisas verdadeiras
acerca de Deus, e essa é a glória do ser humano (Jr. 9: 23-24). Portanto, é, sobretudo pelas
Escrituras, que nos guiaremos neste estudo.
Mas, por que conhecer Deus? O conhecimento de Deus se faz necessário, porque é só
conhecendo o objeto da nossa adoração, que saberemos como nos relacionar corretamente
com Ele, como obedecê-lo e adora-lo (Vd. Jo. 4: 19-24).
Se Deus não é conhecido, não pode ser obedecido; porque a obediência é sempre
baseada sobre o conhecimento. Quando a alma é abençoada com o conhecimento de Deus,
descobre que este conhecimento é vida (João 17:3), e vida é poder; e quando se tem pode-se
agir.
Uma primeira coisa a ser notada é que a Bíblia não se preocupa em tentar provar que
Deus existe. A Bíblia já pressupõe que uma pessoa de sã consciência, não negará a
existência do Ser criador, e que a criação é um testemunho incontestável dEle (Gn. 1:1; Sl.
19: 1-2; 14:1; Rm. 1: 18-20).
E. Argumento Histórico. Este argumento diz que em todas as tribos e povos do mundo
se encontra um sentimento do divino, uma forma de culto, e isto deve pertencer a natureza
própria do homem. E se a natureza humana tem essa inclinação para a adoração religiosa,
isto só se explica com a existência de um ser superior que deu ao ser humano uma natureza
religiosa.
Perfeição (Dt. 32: 4; Mt. 5: 48). Deus é perfeito em grau infinito, mas os seus servos
também são exortados a buscarem a perfeição nEle(2Co. 13:11).
3- OS NOMES DE DEUS
Nós conhecemos Deus por “Deus”, mas será que é assim que Ele é chamado na
Bíblia? O nome de Deus é Jeová como dizem os “Testemunhas de Jeová”? Nesta seção nós
teremos a oportunidade de ver que o Senhor nosso Deus é muito grande para ser contido
em um só nome. As Escrituras do Antigo Testamento nos apresenta vários nomes pelos
quais o Senhor é chamado. E estes nomes sendo conhecidos nos fazem compreender mais
acerca do agir de Deus.
Dividiremos esta seção em: nomes Genéricos e nomes Específicos de Deus.
A. Os Nomes Genéricos. El, El Elyom, Elohim. Estes nomes são chamados genéricos
porque são também aplicados a divindades falsas no A.T. Isto acontece por causa da língua;
povos de uma mesma língua chamam seus deuses pelos mesmos nomes.
El (Gn. 33:20). O Geseniu’s Hebrew and Chaldee Lexicon nos dá para esta palavra a
significação de: forte, poderoso, poder, força (Gn. 31: 29; Is. 9:5; Ez. 31: 11). E diz
que a palavra é usada em geral para nome do Deus do céu, mas pode ser também
aplicada a ídolos (p.ex. Sl. 81:10; Dn. 11: 36).
Elohim (Gn. 1:1). Esta palavra pode ser o plural do nome divino El, que
provavelmente deriva da raiz ‘wl, com o significado de preeminência. Alguns autores
dizem que esta palavra é o plural de Eloah. É usado também para designar uma
divindade, uma aparição divina (1Sm. 28:13), ou homens com autoridade (Êx. 21:
6; Sl. 8:5; 82: 6). Com o artigo definido significa o Deus único e verdadeiro (1Rs. 18:
21, 37).
El Elyom (Gn. 14: 19-20, Nm. 24:6; Is. 14:14) Significa aquele que é sublime,
exaltado.
B. Os Nomes Específicos. Adonay, El-Shaday, Iahweh. Estes são nomes que nas
Escrituras aparecem aplicados somente ao Deus verdadeiro.
Adonay (Gn. 18: 3; Is. 3: 18; 6:1). Significa o Senhor; o Soberano, a quem tudo está
sujeito, e com quem o ser humano se relaciona como servo.
El-Shaday (Gn 17:1; Ex. 6:3). Descreve Deus como o possuidor de todo poder na
terra e no céu. A natureza, a criação, tudo está sob seu controle.
IHWH (( )יהוהEx. 6:3). Este é o nome que mais vezes aparece na Bíblia aplicado a
Deus (6.828 vezes na Bíblia Hebraica de Kittel e na Bíblia Hebraica Stuttgartensia).
O hebraico bíblico do A.T. é composto apenas de consoantes não tendo vogais, e
YHWH são as letras hebraicas que compõem o nome pessoal de Deus no A.T.
Temendo descumprir o terceiro mandamento: “Não tomarás o nome do Senhor
(YHWH), teu Deus em vão” (Ex. 20:7), os leitores antigos da Bíblia evitavam
pronunciá-lo, substituindo o mesmo na leitura pala palavra Adonay (Senhor). Os
sinais vocálicos da palavra Adonai eram colocados entre as consoantes que
representavam o nome divino: YHWH. Com esta prática a pronúncia do nome de
Deus se perdeu. Os eruditos bíblicos hoje, em sua maioria, usam a palavra Iahweh
(Javé), e dando a razão histórica para isso diz a Comissão de Tradução, Revisão e
Consulta da Sociedade Bíblica do Brasil:
o Teodoreto, pai da igreja, da escola de Antioquia, falecido em 457 d. C. afirma
que os samaritanos, que tinham o Pentateuco em comum com os judeus
como Escrituras Sagradas, pronunciavam o nome o nome de Deus assim:
Iabé (trocando o V pelo B). Clemente, da escola de Alexandria, falecido antes
O N.T. tem alguns equivalentes gregos (a língua do N.T.), para os nomes de Deus que
aparecem em hebraico no A.T.
Para El, Elohim e Elyom o N.T. usa a palavra Deus, que é também uma palavra
genérica. O equivalente de Elyom (Deus altíssimo) encontra-se na expressão Theou
tou Hupsistou (Mc. 5:7; At. 16:7; Hb.7:1). Shadday e El-Shadday (Todo-Poderoso,
Onipotente) é traduzido no N.T. por Pantokrator; Theos-Pantokrator (2Co. 6:18; Ap.
1:8; 4:8: 11:17; 15:3; 16:7.14);
Quanto ao nome Yahweh o N.T. segue a Septuaginta (O A.T. em grego) que traduz
esta expressão por Kyrios (Senhor), que deriva de força, poder. Este nome não tem
exatamente a mesma conotação de Yahweh; mas designa Deus como o Poderoso, o
Senhor, o Possuidor, o Regente que tem autoridade e poder legal (Hb. 1:10; 8: 8-
11), Cristo também recebe este nome (Jo. 20:28; 1Co. 8:6; Ap. 17:14).
Também encontramos Deus sendo chamado de Pather (Pai) no N.T. O A.T. já
chamava Deus assim para designar a relação de Deus com Israel (Dt. 32:6; Sl. 103:
13), e o N.T. usa a expressão para demonstrar Deus como o Originador ou Criador
de tudo (1Co. 8:6; Ef. 3:14-15; Tg. 1: 17).
Bem, pelo que acabamos de estudar podemos ver que Deus é identificado por vários
nomes nas Escrituras, e cada nome de Deus nos mostra uma das características do Senhor.
Reflita nessas características, pois elas vão nos revelando quem Deus é e o seu caráter.
Is. 9:6. A profecia chama Cristo de Pai da eternidade e Deus forte. Sabe-se que
eternidade só tem quem não tem começo nem fim, portanto Cristo sendo o Pai
eterno, não poderia ter tido começo. Ele é também declarado como Deus. Sabendo-
se que o próprio Deus afirma sua singularidade (Is. 43: 10-13), Cristo tem que ser
um com Ele, senão Ele seria outro deus.
Is. 40:3. É anunciado na profecia que um homem viria para preparar o caminho do
SENHOR (YHWH). Quando João Batista começou seu ministério anunciando o
Messias (Jesus), disse que essa profecia se cumpriu em sí próprio. João diz que era
ele a “voz que clama no deserto”, e que o SENHOR (YHWH) profetizado era Cristo
(Jo. 1:19-27). Uma declaração mais clara da unidade de Deus e Cristo impossível.
Sl. 102:25. Esse versículo é retomado em Hb.1:10, onde é claramente aplicado a
Jesus Cristo, ou seja, o Deus referido no Sl.102:25 era Cristo.
Zc 12:10. Esta passagem é mais uma prova do A.T. de que Cristo e Deus Pai são
inexplicavelmente o mesmo Deus. Observe. O SENHOR (YHWH) (veja o versículo 7),
diz pela boca do profeta que em um tempo futuro, pessoas iam olhar pra Ele se
lamentando,até aqueles que o transpassaram. Isso segundo a própria Bíblia se
cumpriu na crucificação de Jesus. João, ao relatar a cena da crucificação, diz que
esta profecia se cumpre ali, onde um soldado perfura o lado de Jesus com uma
lança e as pessoas olham Jesus transpassado (Jo.19: 34-37). Ali estava o próprio
Deus sendo transpassado em Jesus Cristo (Vd.At.20:28).
É no N.T. que esta doutrina é revelada mais claramente. Nós temos o Pai, o Filho e o
Espírito Santo apresentados lado-a-lado, como co-iguais (Mt. 28:19, note que Jesus
relaciona os três com apenas um nome: em nome. Vd.: 2Co.13:13; Jd.20-21). Esta unidade
é bem expressa também no seguinte fato: em Jo. 14: 15-23 Jesus diz que na conversão Ele
e o Pai farão morada no crente, e Paulo nos diz que quem faz morada no salvo é o Espírito
Santo, e que nós somos templo de um, e não de três (1Co. 6:18-19; Ef. 1:13-14), então
Deus, Jesus e o Espírito Santo são um.
A. Textos-prova Importantes do Novo Testamento.
Jo. 1:1. Temos neste texto Cristo (o verbo) claramente declarado como igual a Deus.
As “Testemunhas de Jeová”, que não aceitam a divindade de Jesus, dizem que o
texto deveria ser traduzido: “a palavra (verbo) era [um] deus”, com um artigo
indefinido (um). Isto porque no grego (a língua do N.T.) não existe o artigo definido
antes da palavra Deus (predicativo do sujeito) e assim, segundo a gramática grega,
o substantivo Deus ficaria indefinido (um deus). Será que estão certos? Não.
Realmente isto é uma regra da gramática grega, mas não em todos os lugares. Pois
no mesmo capitulo 1 deste evangelho de João, tem frases que não tem o artigo
definido antes do predicativo do sujeito e mesmo assim o artigo indefinido não é
exigido, pois não caberia ali. Observe:
o Jo. 1:6,o artigo indefinido não aparece antes da palavra Deus, mas a frase
não é: “houve um homem enviado por UM Deus”, mas “ por Deus”.
o Jo.1:14, não existe o artigo indefinido antes da palavra carne, mas a frase
não é: “a palavra se fez UMA carne, mas “ se fez carne”.
o Jo.1:18, não existe artigo indefinido antes da palavra Deus, mas a frase não
é: “UM Deus nunca foi visto por ninguém”, mas “ Deus nunca foi visto por
ninguém”.
o O Dr. D. A. Carson observa “que o interprete deve ser cuidadoso com respeito
às conclusões tiradas a partir da mera presença ou ausência de um artigo”.
Assim, está correto traduzir “e o verbo era Deus”, mesmo sendo esta frase
anartra (sem a presença do artigo definido). Esta é mais uma prova da
unidade na divindade.
Em Jo. 14:26 é o Pai quem envia o Espírito Santo, ao passo que em Jo. 16:7 quem
envia é o Filho. Por isso as Escrituras dizem que o Espírito Santo é o Espírito de
Deus e igualmente o Espírito de Cristo (R. 8:9; 1Pd.1:11).
Hb. 10: 15 faz uma citação de Jr.31: 31-33. No texto de Jeremias diz que quem está
falando é o SENHOR (YHWH), mas o autor de Hebreus diz que quem está falando é
o Espírito Santo.
Em Is. 6:1-3, 9-19, Isaias diz que viu e ouviu o SENHOR (YHWH), dos Exércitos.
Mas como poderemos conciliar isso com Jo. 1:18; 1Tm. 6:16, que afirmam que
Deus jamais foi visto por alguém? A Bíblia responde e nos mostra que este é um
dos maiores exemplos da unidade composta de Deus. A resposta está em At. 28:25-
27, onde Paulo diz que quem falou com Isaias foi o Espírito Santo, e em Jo. 12: 37-
41, onde o autor bíblico diz que Aquele SENHOR (YHWH) que Isaias viu era na
verdade Jesus Cristo em sua glória. Esta é uma das maiores provas da Triunidade
na Bíblia.
Em Mt. 1:18-21 é anunciado que o Espírito Santo desceria sobre Maria para
engravidá-la, mas em Lc. 1:35, está escrito que o Filho de Maria é o Filho de Deus.
Só há uma explicação: Deus e o Espírito Santo são o mesmo Deus.
Em Hb. 7: 25 temos a informação de que a obra intercessória pertence a Jesus
Cristo (Vd. tb.: Jo.15: 16b; 16:23), mas em Rm. 8: 26-27, é dito que é o Espírito
Santo quem intercede pelos cristãos. Mais uma vez unidade entre Jesus e o
Espírito.
At. 20: 28. Este é um texto desconcertante, pois diz que quem pagou o resgate,
derramou o sangue na cruz pela Igreja, foi o próprio Deus (YHWH). Esta afirmação
só pode indicar que Cristo e Deus são o mesmo.
Mt.21: 15-16. Temos aqui Jesus fazendo uma citação do Sl. 8: 2, onde no hebraico
o sujeito das declarações é o SENHOR (YHWH), e Jesus aplica as declarações deste
salmo a Si próprio, como se ele, Cristo, que naquele momento recebe o louvor das
crianças, fosse o YHWH do salmo citado.
Fp. 2: 6. Nesta passagem o apóstolo Paulo diz que Jesus antes de vir ao mundo
tinha a forma (gr. Morphê) de Deus. Esta palavra (morphê) que Paulo usa aqui é
muito sugestiva, pois significa: “a natureza essencial e inalterável do ego”, então,
Paulo está afirmando aqui que Cristo antes de vir a este mundo era essencialmente
Deus.
Em Hb. 1:3 está escrito que Jesus é a “expressão exata da essência” de Deus. A
palavra traduzida por “expressão exata” é charakter (que significa: imagem,
representação), e a palavra traduzida por “essência” é hypostasis (significa:
essência, substância). Sobre isso observa Wayne Gruden: “Significando que Deus
Filho reproduziu o Ser ou a natureza de Deus Pai em todos os aspectos: todos os
atributos ou poderes que Deus Pai tem, Deus Filho também os têm”.
1Pd. 2:8- Pedro cita Is. 8: 14 onde se diz que O SENHOR (YHWH) seria uma pedra
de tropeço para os que não cressem nEle, e diz que esta pedra era Jesus. Pedro
afirma que isto se cumpriu em Cristo.
Enfim, se poderiam multiplicar aqui textos mostrando a identificação de Deus Pai,
Filho e Espírito Santo, uma unidade composta, misteriosamente revelada. Observe mais
uma vez esta identificação nos seguintes exemplos:
Na Bíblia o Pai, o Filho e o Espírito Santo são revelados como DEUS. O Pai (At. 17:
24); O Filho (Mc. 2:5-7; Jo. 1:1-3,18; 20: 28); O Espírito Santo (Mc. 3: 29; At. 5: 3-
4; 28: 25-27 comparado com Is. 6: 9-10).
Se não aceitarmos a Triunidade divina, como explicar textos como Dt. 4: 35, 39; Is.
44: 6, 8; 45: 5, 21; 46: 9? Os textos mostram que só existe UM Deus.
Na Bíblia também encontramos o Pai, o Filho e o Espírito Santo revelados como
SENHOR. O Pai (Mt. 22:37); o Filho (At. 10: 36; Fp. 2:11); o Espírito (2Co. 3: 16-17).
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TEOLOGIA PRÓPRIA - 10
6- O ESPIRITO SANTO
Em toda discussão sobre Deus não se pode deixar de fora o tema do Espírito Santo.
Espírito é a tradução da palavra hebraica ruach e da palavra grega pneuma. Estes termos
derivam de raízes cujo significado é respirar. Por isso as palavras também podem ser
traduzidas por vento (Ez. 37: 5-6; Jo.3: 8). Vamos então procurar nas Escrituras a revelação
sobre o Espírito do Senhor, isto para desfazer alguns enganos de grupos tais como:
Testemunhas de Jeová, Judeus Messiânicos, e grande parte dos Adventistas do Sétimo Dia,
que se apresentam contra a personalidade do Espirito Santo e contra a Triunidade divina.
Sobre quem é o Espírito Santo, R. C. Sproul escreve:
“A Bíblia revela o Espírito Santo não como uma força abstrata, um poder ou
uma coisa, mas como “ele”. O Espírito Santo é uma pessoa. Uma
personalidade inclui inteligência, vontade e individualidade. Uma pessoa age
por intenção. Nenhuma força abstrata pode tencionar fazer qualquer coisa.
Boas ou más intenções são limitadas aos poderes dos seres pessoais.
As Escrituras apóiam esta declaração do Espírito Santo como uma pessoa divina.
Em Jo. 14:26;15:26; 16:13-14, o Espírito Santo é tratado pelo pronome pessoal
masculino “aquele” (ekeinos), isto não seria de se esperar pois a palavra espírito em
grego (pneuma) é uma palavra neutra, e exigiria um pronome neutro (ekeino) para
combinar.
Em At. 15:28, o Espírito Santo é colocado lada a lado com os apóstolos; em Jo.
16:14 com Jesus Cristo; e em Mt. 28: 19; 2Co. 13:13; 1Pd. 1:1-2; Jd. 20,21, com o
Pai e com o Filho. Isto requer a plena personalidade do Espírito Santo senão Ele
não poderia ser tratado como uma pessoa.
Nas Escrituras encontramos várias características de uma pessoa aplicadas ao
Espírito Santo. Observe:
Consolo (Jo. 14: 26;15:26;16:7);
Intercessão (Rm. 8: 26-27);
Pode-se mentir a Ele (At. 5:3-4);
Tristeza (Is. 63:10; Ef. 4:30);
Poder (Rm.15:13; Lc.4:14, em grego dúnamis que significa força, poder), salienta-se
aqui que o Espírito Santo tem poder, não é um poder;
Amor (Rm.15:30);
Ofende-se (Hb. 10:29);
Decide (At. 15:28);
Escolhe (At. 13:2);
Conhece (1Co. 2:10, inteligência);
Envia (Is. 48:16; At. 10:19-20);
Conduz as pessoas à glorificação de Cristo (Jo. 16:14);
Concede os dons a quem quer (vontade própria, individualidade) (1Co. 12:1-11).
Aqui temos no Espírito Santo todas as características essenciais de uma
personalidade; vontade própria, inteligência e individualidade, assim não se têm base
escriturística nenhuma para despersonalizá-Lo.
Além disso, o Espírito Santo é apresentado em uma unidade intrínseca com o Pai e o
Filho em toda a Bíblia. Veja estes exemplos:
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TEOLOGIA PRÓPRIA - 12
Vemos, pois, que quando a Igreja cristã confessa sua fé em um Deus triúno,
ela tenciona transmitir a idéia de que existe uma só essência ou ser e não três;
mas que existem três personalidades subsistentes distintas na deidade. Os
nomes Pai, Filho e Espírito Santo indicam distinções pessoais na deidade, mas
não divisões essenciais em Deus.
A controvérsia com Ário estava baseada em duas palavras que terminaram ficando
famosas na História da Teologia: homoousios (da mesma natureza) e homoiousios (de
natureza semelhante, mas não a mesma). Ário aceitava Cristo como apenas semelhante ao
Pai, mas não de mesma natureza. Os concílios de Nicéia (325) e Constantinopla (381)
confessaram que Cristo não apenas semelhante, mas igual ao Pai, da mesma natureza. 1
Isto porque a Bíblia confirma a eternidade de Jesus e do Espírito Santo, logo sendo eternos,
são iguais (Is. 9:6; Jo. 1:1-3; Hb.9:14).
C. Adocianismo. Este ensino concebia Jesus como um homem até seu batismo depois
disso Deus o teria adotado como Filho, e lhe concedido poderes sobrenaturais. Jesus não
era eterno, mas apenas um homem sublime. Foi condenado no Concílio de Constantinopla
(381 d.C).
D. Subordinacionismo. Orígenes (c.185-254 d.C.), um escritor do começo do
cristianismo, advogava que o Filho era de alguma forma inferior ao Pai. Ele dizia que o lado
físico de Cristo foi progressivamente absorvido pelo divino, de modo que ele deixou de ser
homem. Seu método não foi muito consistentemente explicado e terminou desembocando no
Arianismo. 2
E. A controvérsia em torno da palavra FILIOQUE. Esta controvérsia se deu em 1054
d.C, sobre a colocação da expressão “filioque” no Credo de Nicéia, isso acabou gerando uma
divisão entre o cristianismo Ocidental (Católico Romano) e o cristianismo Oriental (Hoje em
várias ramificações como Igreja Ortodoxa Grega, Igreja Ortodoxa Russa). “Filioque” é uma
expressão latina que significa “e do Filho”. Até então o Credo de Nicéia da primeira versão
(325) e da segunda (381), diziam apenas que o Espírito Santo procedia do Pai. Mas, em um
Concílio regional, na cidade de Toledo, Espanha, acrescentou-se a frase: “e do Filho”
(filioque) baseada em Jo.15:26 e 16:7. Muitas lutas políticas dentro da Igreja complicaram a
disputa entre os que aceitavam e os que não esta expressão. Chegou-se assim a divisão
ocorrida entre a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental, em 1054 d.C.
Sobre o tema a posição correta parece ser a dos que aceitavam a expressão “filioque”,
pois os textos citados mostram que o Espírito Santo tanto procede do Pai como do Filho.
1
Ibid, pp. 179-180.
2
Para uma discussão detalhada sobre a doutrina da Trindade e sua história, vd. BRAATEN, Carl E. e JENSON,
Robert W. (eds) Dogmática Cristã, v.1. (São Leopoldo: Sinodal, 1999), pp. 103-174. HÄGLUND, Beng. pp. 57-
88. BERKHOF, L. Teologia Sistematica 3ª ed. (Grand Rapids: T.E.E.L., 1976), pp. 96-98.
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TEOLOGIA PRÓPRIA - 14
B. Mt. 3:11; At. 2:14; Tt. 3:5-6. Às vezes estes textos são citados para tentar
despersonalizar o Espírito Santo. Mas, o que temos aqui é um a linguagem figurada
aplicada a pessoa do Espírito. Veja os exemplos:
Lc. 22:3 - Satanás é uma pessoa espiritual, mas entrou em Judas e encheu o
coração de Ananias (At. 5:3). Cristo é uma pessoa, mas é dito que Ele enche o
universo (Ef. 1:20-23).
Mt. 3:11 - O Espírito é uma pessoa e os crentes podem ser batizados nele não
existe problema com isso, pois Moisés era uma pessoa e Paulo diz que os judeus no
deserto foram batizados nele (1Co. 10:2). Como também a Bíblia fala que os salvos
foram batizados em Cristo (Rm. 6:3; Gl. 3:27). Mais uma vez o que se usa aqui é
linguagem figurada.
Tt. 3: 5-6- O fato de o Espírito ser derramado não tira sua personalidade, pois
Paulo era uma pessoa e diz que “estava sendo derramado” (Fp. 2:17; 2Tm. 4:6).
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática de Strong. São Paulo: HAGNOS,
2003.