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Conselho Federal de Administração

200009
9 771517
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO-AGOSTO 2018

OLHANDO PARA
O FUTURO
CFA reúne os maiores nomes do país – e do mundo – para discutir
gestão e coloca o cidadão no centro do debate sobre o futuro do Brasil
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

editorial 4

O PODER PRECISA
CONTROLAR O
PODER
Gilles Lipovetsky, cientista social francês, considerado um dos pensadores mais
originais da atualidade, veio ao Brasil para participar do Fórum CFA de Gestão Pública
Adm. Wagner Siqueira
Presidente do Conselho Federal de Administração (CFA)
CRA-RJ nº 01-02903-7

(Fogesp), promovido pelo Conselho Federal de Administração (CFA).


Lipovetsky abriu o evento, que aconteceu de 6 a 8 de junho, em Brasília,
com a aula magna “Novos papéis nas relações da Sociedade com o Estado

A análise clara e precisa de Gilles Lipovetsky descortina uma sociedade


pós-moderna, palco da Segunda Revolução do Individualismo, que institui o
individualismo hipermoderno, responsável pela transformação da nossa relação
com a moral e a ética. Nesse contexto, um dos pontos cruciais da administração
pública brasileira ganha relevo no cenário da democracia nacional: a relação
entre deveres coletivos e interesses pessoais.
O resgate do essencial papel do Estado, enquanto garantidor dos direitos
fundamentais ao indivíduo, incita pelo óbvio o que nunca deveria ter se per-
dido por aqui. Lipovetsky é categórico quando diz que o Estado tem que estar
à escuta da sociedade civil, mas tem que ser eficaz. Não pode simplesmente
ser uma câmera de registro do conjunto da sociedade civil, deve representar o
interesse geral e com autonomia.
Em verdade, no Brasil, o pressuposto democrático foi absorvido pela ganância
hiperindividualista do homem público. Ao contrário de prover a sociedade em
suas necessidades pétreas, o Estado passou a retirar, reiteradamente, os únicos
meios à viabilização de uma administração pública eficiente, com foco, gestão
e resultados. A esse fato, Lipovetsky sacramenta que o Estado deve superar os
interesses de categorias isoladas para preparar o futuro, que os cuidados das
urgências atuais precisam estar alinhados com as metas de longo prazo. A ação
pública se honra com o trabalho presente em prol do futuro. “É um jogo entre a
autonomia do Estado e o respeito para com a sociedade civil”.
Nessa transformação, o investimento enfático na educação de base e na
formação de professores e diretores ganha protagonismo. É o alicerce para a
garantia de gerações críticas, aptas ao enfrentamento dos desafios futuros no
que tange a competição econômica mundial, as ameaças ao meio ambiente,
a relação emprego versus desigualdades e os novos tempos da sociedade do
conhecimento e inovação.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

O caminho?
A indagação nos leva à reflexão sobre
a simbiose entre as contínuas práticas
de corrupção e as gestões sem proje-
tos políticos de médio e longo prazo,
comprometidos, efetivamente, com a
transformação. Nesse sentido, as re-
centes operações da Polícia e da Jus-
tiça Federal Brasileira, que marcaram
o início do saneamento dessa espúria
relação, inauguram um tempo primor-
dial, segundo ratificou Lipovetsky. Ele
nos leva à Teoria de Montesquieu pa-
ra reforçar que não devemos esperar
a diminuição da corrupção, mas o for-
talecimento das instituições:
“O poder precisa controlar o poder,
ou seja, precisamos de instituições
sólidas, capazes de frear as tendências
que dizem respeito ao mandamento
ético. No Brasil, os hábitos de corrup-
ção se continuavam porque o Estado
não fazia o seu trabalho e as leis não
eram cumpridas. Agora, o país está na
direção certa.”
Revisitar Montesquieu, sem dúvi-
da, avigora a nossa vaga ideia de um
Estado autônomo, no qual se reconhe-
çam os três poderes atuando de forma
independente e relacionada, ao mes-
mo tempo. O diagnóstico é preciso: a
interferência de interesses alheios à
responsabilidade pública para com
a sociedade distorce o caráter demo-
crático, provoca a ineficácia e cria um
Estado travado em si mesmo.
Voltar os olhos ao imprescindível
fortalecimento institucional, sem ne-
gar que a corrupção não deixará de
existir, ainda que tenha a sua endemia
controlada, também nos presenteia
com a reflexão sobre a observância
das leis, da moralidade e da ética.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

editorial 6

E qual seria
a relação da
ções, iniciativas do Estado. No Brasil, “Não estamos ao nível zero dos
o equilíbrio entre instituições e cos- valores. O sentido de indignação

corrupção com a
tumes, primordial à plena construção moral não está, de maneira nenhu-
democrática, se perde nas duas pontas. ma, morto. O sentido do bem e do

moral e a ética na
Vivemos a sinergia da incompetência. mal não desapareceu”, destaca o
Nesse fluxo, como em um encadea- francês. Em síntese, o hiperindi-

sociedade atual?
mento lógico de ação e reação, a des- vidualismo abre, sim, caminho ao
confiança generalizada se reflete na aumento da prática da corrupção,
diminuição do engajamento eleitoral. um fenômeno muito antigo, mas não
De acordo com a teoria de Lipovetsky, Mais do que isso, surge o abstencio- nos condena a ver a prática se desen-
o que mudou mais profundamente nismo de protesto. A relação entre o volver sistematicamente.
neste domínio é que o hiperindividu- aumento dos votos de rejeição em de- Nesse contexto, ganham relevo as
alismo coincide com a desutopização trimento dos votos de adesão é direta: novas formas de participação, do cida-
da modernidade, a evaporação das re- um número crescente de cidadãos, dão que não segue a via eleitoral clás-
ligiões seculares e das grandes utopias agora, vota mais “contra” do que “por” sica, as mobilizações e as atividades
coletivas. Todos os grandes sistemas um candidato e um programa. políticas que se desenvolvem fora dos
ideológicos que marcaram estrutural- Tal realidade, que permeia muitos partidos. Vê-se progredir novas formas
mente a modernidade política triun- países, não exclusivamente o Brasil, de solidariedade coletiva, de questio-
fante, depois do século XVIII, perde- evoca que a maioria dos cidadãos na namento e de denúncia do poder.
ram o essencial de sua credibilidade. Espanha, por exemplo, declara não Lipovetsky reflete, ainda, que o que
É essa revolução que permeia toda a mais confiar nos partidos. A descon- se pronuncia é uma democracia em
sociedade e se manifesta na relação fiança nos homens políticos, ressalva que os cidadãos possam intervir di-
com a família, com a religião, no consu- Lipovetsky, progride em quase todos retamente, de supervisão dos poderes
mo, na moda, no lazer, na alimentação os partidos populistas e votos de pela sociedade civil e não mais mono-
e, obviamente, com a política. protesto, antissistema, antielite: “Na polizada pelos partidos. A regressão
Se o hiperindividualismo promove Europa, como nos Estados Unidos, a do espírito público, nesse sentido,
a laicização da moral e esta, por sua rejeição às elites políticas e o sucesso é vista com otimismo pelo teórico.
vez, enfraquece o sentido moral das dos discursos demagógicos populis- Apesar de ser uma questão bastante
ações, perdem-se também o desinte- tas só aumentam”. preocupante, ela dá lugar aos efeitos
resse e a universalidade, as duas pe- Outro fenômeno que explica esta positivos da revolução individualista,
dras angulares da moral para Kant. ampla corrente de desconfiança em no que diz respeito à consolidação e
Isto posto, a consciência humana pas- relação à política é a corrupção. Uma à paz democrática. A equação é sim-
sa a funcionar como fator determinan- grande parcela de cidadãos julga que ples: quanto menor a capacidade do
te na construção do mundo, a partir seus representantes políticos são exercício de sua soberania, maiores
de valores distintos e particulares e corruptos e que só pensam nos seus pacificidade e estabilidade terão as
a vontade moral passa a ter muitos próprios interesses. O ponto alto da democracias da hipermodernidade.
fins, em detrimento do cumprimento teoria de Lipovetsky é a analogia di- Ao contrário de muitos observado-
do dever propriamente dito. reta da cultura individualista com a res pessimistas, que temem a queda
A perda de confiança no Estado, a dissolução da força de obrigação dos da democracia com a atual crise que
erosão da confiança dos cidadãos nos mandamentos morais, em benefício vivemos, Lipovetsky assegura que,
líderes políticos, partidos e nas ins- primeiramente “do cada um por si, do apesar de todas as críticas, do descré-
tituições democráticas concebem o ganho individual em primeiro lugar”. dito ao sistema político brasileiro e da
que o cientista social francês chama Mas, ele vai além: se por um lado, crise de participação eleitoral, ainda
de “crise da desconfiança nas demo- se institui um individualismo irres- há uma grande adesão aos valores de-
cracias”. Um entrave grave, já que a ponsável, favorável à corrupção, por mocráticos. “A democracia não está
democracia pressupõe a adesão dos outro, surge também um individualis- ameaçada. As próprias críticas deno-
cidadãos para com as instituições, elei- mo responsável. tam a vitalidade da vida democrática”.
2018

GESTÃO DA SAÚDE
setor público e privado

60 mil reais em prêmios


Estudante e profissional de Administração, seu artigo de autoria individual
ou coletiva abordando o tema Gestão da Saúde pode ajudar na sua carreira!

MODALIDADES:
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
Dissertações de mestrado e teses de doutorado, as quais
deverão abordar temas próprios da ciência da Administração

ARTIGO ACADÊMICO ARTIGO TÉCNICO ARTIGO PROFISSIONAL


Estudantes de bacharelado em Estudantes de cursos de nível Voltado para registrados no CRA
Administração e cursos conexos médio conexos à Administração Egressos de cursos de Bacharelado em Administração
ou em Cursos Superiores conexos à Administração.

TEMA DOS ARTIGOS:


“Desafios para o profissional de Administração na Gestão
da Saúde no segmento público ou no segmento privado".

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Prazo: 31 de Agosto de 2018

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ou pelos telefones: (61) 3218-1819 / 3218-1809
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

sumário 8

13
31
Quando as
Fogesp, em ferramentas
Brasília, colocou o tecnológicas se
cidadão no centro transformam em
do debate sobre poderosas armas
gestão pública no combate à
corrupção

36
Entrevista Gestão pública
exclusiva sem participação
com Gilles popular favorece
Lipovetsky, um atraso nas decisões
dos maiores da sociedade,
pensadores da apontam
atualidade especialistas

18
46
Apontada como
quarta revolução
industrial,
economia do
compartilhamento é
realidade mundial

50 55 60
Gestão Desconhecimento
em gestão é CFA disponibiliza
colaborativa, ações curso online em
conjuntas e o apontado por Sebrae
como inimigo do perícia judicial
administrador são para profissionais
ingredientes para o empreendedorismo
no Brasil de Adm
avanço do Brasil
expediente
EDITOR
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

comentários
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018 Conselho Federal de Administração

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CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2017/2018
do fogesp Adm. Marcos Clay Lucio da Silva - AC • Adm. Carolina
Ferreira Simon Maia - AL • Adm. José Celeste Pinheiro
- AP • Adm. José Carlos de Sá Colares - AM • Adm.
Tânia Maria da Cunha Dias - BA • Adm. José Demon-
tieux Cruz - CE • Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior -
DF • Adm. Marly de Lurdes Uliana - ES • Adm. Samuel
Albernaz - GO • Adm. Aline Mendonça da Silva - MA
• Adm. Norma Sueli Costa de Andrade - MT • Adm.
Gracita Hortência dos Santos Barbosa - MS • Adm.
Sônia Ferreira Ferraz - MG • Adm. Aldemira Assis
Drago - PA • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva Maia
Costa - PB • Adm. Sergio Pereira Lobo - PR • Adm.
Joel Cavalcanti Costa - PE • Adm. Carlos Henrique
Mendes da Rocha - PI • Adm. Wagner Siqueira - RJ •
Adm. Ione Macêdo de Medeiros Salem - RN • Adm.
Ruy Pedro Baratz Ribeiro - RS • Adm. André Luís Sa-
Parabéns CFA, pelo Fórum CFA de Gestão Pública, oncela da Costa - RO • Adm. Antonio José Leite de Al-
consegui assistir ao vivo no YouTube pela TV, buquerque - RR • Adm. Ildemar Cassias Pereira - SC •
Adm. Mauro Kreuz - SP • Adm. Diego Cabral Ferreira
muito bom. Parabéns pela iniciativa !!! da Costa - SE • Adm. Rogério Ramos de Souza - TO
@wallace.nicacio DIRETORIA EXECUTIVA DO CFA 2017/2018
Presidente: Adm. Wagner Siqueira • Vice-Presidente:
Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha • Diretor
O CFA deu um show com este Fórum CFA de Gestão Pública. Administrativo e Financeiro: Adm. Ruy Pedro Baratz
Ribeiro • Diretor de Fiscalização e Registro: Adm.
Muito moderno com o advento do aplicativo e palestrantes Marcos Kalebbe Saraiva Maia Costa • Diretor de
de altíssimo nível. Deu orgulho de ser administradora, Formação Profissional: Adm. Mauro Kreuz • Diretor de
Desenvolvimento Institucional: Adm. Rogério Ramos
realmente um privilégio esses dias de imersão num de Souza • Diretor de Relações Internacionais e Even-
tos: Adm. André Luís Saoncela da Costa • Diretor de
conhecimento velho de um admirável mundo novo. Gestão Pública: Adm. Antonio José Leite de
@adm.elisrocha Albuquerque • Diretora de Estudos e Projetos
Estratégicos: Adm. Sônia Ferreira Ferraz

CONSELHO EDITORIAL
Último dia do #Fogesp2018 Só tenho a Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar
agradecer por tal experiência! Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho

@bertoldo_allan CONSELHO DE PUBLICAÇÕES


Adm. Mauro Kreuz • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva
Maia Costa • Adm. André Luis Saoncela da Costa •
Foram 3 dias de imersão total em inúmeras palestras Adm. Sônia Ferreira Ferraz • Adm. Diego Cabral
Ferreira da Costa • Adm. Antonio José Leite
com o objetivo único de repensar a gestão pública no de Albuquerque
Brasil, o momento é de crise, mas é na crise que somos COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS
fortalecidos e empoderados para um novo tempo. Adm. Rogério Ramos de Souza

@micristini PRODUÇÃO
Coordenação Geral: Renata Costa
Editor-chefe: Wellington Penalva
Estou extremamente grata por ter tido a oportunidade Projeto gráfico: Renata Maneschy
Diagramação: André Eduardo e Herson Freitas
de participar do Fórum CFA de Gestão Pública através Redação: Elisa Ventura, Lilian Saldanha, Pâmella
Cardoso, Gabrielle Andrade, Giovanna Carvalho e
do @cfaadm. A organização do evento foi perfeita, as Carolina Menkes
palestras em francês, inglês e espanhol foram muito Revisão: Valéria Lima
Tiragem: 2 mil exemplares
bem transmitidas e de altíssimo grau educacional,
A RBA é uma publicação bimestral do Conselho
assim como as outras. Ansiosa pelo próximo! Federal de Administração sob a responsabilidade
@pribmaia da Câmara de Desenvolvimento Institucional.

As matérias não refletem necessariamente a


opinião do CFA.

OUVIDORIA DO CFA
ouvidoria.cfa.org.br
Telefone: 0800-647-4769
entrevista 12
O VALOR DA
EDUCAÇÃO
13

O filósofo francês Gilles


Lipovetsky conversou com a
RBA sobre o futuro do Brasil e
afirmou que a perda de confiança
na política cria vazio que é
preenchido pelo consumismo
POR ELISA VENTURA

C onsiderado um dos pensadores


mais originais da atualidade e autor de
best-sellers como Era do Vazio e O Impé-
rio do Efêmero, Gilles Lipovetsky faz uma
reflexão sobre a estrutura da sociedade em
que vivemos. Professor da Universidade de
Grenoble e teórico da hipermodernidade, o
cientista social francês veio ao Brasil para
participar do Fórum CFA de Gestão Pública,
promovido pelo Conselho Federal de Ad-
ministração, realizado de 6 a 8 de junho em
Brasília. Lipovetsky abriu o evento com a
palestra magna “Novos papéis nas relações
da Sociedade com o Estado” e afirmou que é
preciso formar pessoas que pensem.
entrevista 14

RBA: O senhor afirma que a política


seduz cada vez menos. Sendo assim,
como fazer para equacionar essa crise
que estamos vivendo no Brasil?
Gilles Lipovetsky: Eu diria que o es-
sencial hoje é trazer de volta a cre-
dibilidade. Então, eu penso que ini-
cialmente os políticos e os partidos
políticos devem cumprir sua palavra.
Quando temos ou vemos líderes que
têm um discurso que, na prática, é fei-
to o contrário, forçosamente a rejei-
ção vai se instalar. Acredito também
que, em longo prazo, os cidadãos vão
apoiar os políticos que tenham um
discurso verdadeiro.
Talvez eu acrescentasse um compro-
metimento mais determinado por
parte dos governantes na questão
escolar, pois a escola está ligada ao
presente com as crianças, mas tam-
bém ao futuro da sociedade. Então,
acredito que se os cidadãos compre-
enderem que a escola é necessária pa-
ra que exista mobilidade social e que,
por conseguinte, trarão empregos
mais ricos, eles poderão se reconciliar
com a sociedade.

Mas como é possível alcançar isso?


Hoje nós temos políticos que não es-
tão preocupados com a sociedade. O
fato de as pessoas estarem mais ativas
na internet atualmente ajuda na bus-
ca dessa mudança de cultura?
Eu acredito mais numa democracia, que parecem com o que eles pensam. das desse meio virtual, acredito nas
eu diria, de controle, de vigilância, Se você é da extrema direita, você só soluções mais a fundo e isso passa
pois, graças à internet, agora as pes- vai acessar os sites da extrema direita, forçosamente pela formação dos ci-
soas podem se expressar. Antes, mui- o que é muito ruim, porque em vez de dadãos. Essa formação é escolar, um
tas pessoas eram analfabetas e hoje te fazer refletir, só reforça as convic- investimento massivo, importante na
possuem mais capacidade de reflexão. ções preexistentes. Quando você lê formação dos homens para que eles
Assim sendo, acho que nós não deve- um jornal, é diferente. Às vezes, não le- tenham a capacidade de julgar.
mos nos ater ao culto à internet. Ela mos todos eles, mas eles trazem uma Em longo prazo, não existe mistério;
é boa, mas eu não acredito que seja abertura porque não se fala somente precisamos de cidadãos inteligentes
a solução para todos os problemas. do que te interessa. que saibam refletir. Estou de acordo
Longe disso. Há várias análises que Esse é o risco da internet, principal- que isso não vai trazer a solução ime-
mostram que na internet as pessoas mente no caso dos jovens. Então, diata para o problema, mas acredito
só visitam os sites que já conhecem, antes de ter fé nas propostas oriun- mais no investimento feito no saber
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Em longo prazo,
não existe mistério;
precisamos de
cidadãos inteligentes
que saibam refletir.
Acredito mais no
investimento feito no
saber e nas escolas do
que nessa crença com
relação à internet
Gilles Lipovetsky

e nas escolas do que nessa crença resolvidos obrigatoriamente pelo vo-


com relação à internet, que é uma to, como equacionar essa questão? Há
ferramenta e, sendo uma ferramenta, luz no fim do túnel?
pode ser usada de formas muito di- Acredito que não existe solução de
ferenciadas. A internet é magnífica, curto prazo com relação a isso. Uma
mas você pode ver, ela ajudou a eleger vez mais, eles [os políticos] precisam
Donald Trump [presidente dos EUA], trazer de volta a credibilidade. Isso
que governa através do Twitter. Então, não quer dizer que quando as pessoas
francamente, não é o ideal. confiam, elas vão votar o tempo intei-
ro, mas é diferente. As pessoas hoje
Falemos sobre o alto índice de abs- em dia estão desgostosas, enojadas.
tencionismo no Brasil. Como, em uma A época do individualismo é isso; não
democracia, os rumos do Estado serão é somente o consumismo, onde você
entrevista 16

O mercado não
está aí para
respeitar as
pessoas, ele está
instalado para criar
riqueza.
Gilles Lipovetsky

acredita que as pessoas vão fazer o deve ser desenvolvido e, em segundo partidos inscritos no TSE assinaram o
que vocês querem. Não, as pessoas lugar, leis severas, instituições que documento, sendo que os dois maio-
têm suas próprias opiniões, bem ou sejam severas e isso tem funcionado res partidos do país – PT e MDB – não
mal fundadas, mas elas têm. no Brasil, pelo menos de certa forma. assinaram. Qual a sua opinião sobre a
Apesar de tudo que acontece hoje, vejo Então, o Estado deve exercer seu pa- iniciativa do ministro e a postura dos
como algo positivo, porque a coisa veio pel e se as pessoas souberem que a partidos que não assinaram?
à tona. Isso não vai resolver o problema, situação está difícil, mas que elas não O combate às fakenews é algo muito
mas se as coisas não tivessem vindo à estão abandonadas, isso vai dar a elas bom, mas isso vai ser muito difícil. É
tona, não teria como provocar uma mu- uma força muito grande. Se acharem claro, é necessário regular, necessário
dança. Apesar de tudo isso, a corrupção que estão entregues à própria sorte, tentar fazê-lo. Acho que as redes so-
não vai parar, mas, de certa forma, eles vai ser muito perigoso para o futuro. ciais devem ser melhor controladas.
vão ter que tomar mais cuidado. En- O Facebook percebeu isso depois dos
tão, podemos esperar que uma nova Recentemente, o presidente do Tri- escândalos que aconteceram. É mui-
geração de líderes políticos chegue ao bunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz to bom que no Brasil haja tentativas
poder em alguns anos. Isso mostra um Fux, fez um acordo com os partidos de mobilizar os dispositivos públicos
país onde os cidadãos estão reagindo. políticos para combater as fakenews para combater isso, mas uma vez mais
Acredito que é nesse sentido que tudo (notícias falsas). Apenas 10 dos 35 eu acredito que, em longo prazo, nós
Gilles Lipovetsky e o diretor de Gestão Pública do CFA, Tom Zé
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perspectivas. Então, é necessário par-


tidos políticos compostos por elites
que compreendam que o futuro passa
pela formação.
Existirão sempre as desigualdades. Is-
so não é ruim, mas desde que todas as
pessoas tenham como avançar e que
não sejam deixadas de lado e é isso
que eu temo nos sistemas que se ba-
seiam nesse modelo anglo-saxônico,
pois a democracia, ou seja, o capitalis-
mo, ele não é o mesmo.
Eu não sou socialista, de jeito ne-
nhum. Eu sou em prol do liberalismo,
mas o liberalismo não é essa coisa de
deixar, menosprezar as pessoas que
trabalham. Os trabalhadores têm sua
dignidade, eles devem poder viver
do seu trabalho corretamente, serem
respeitados como ser, mas o mercado
não faz isso, não é função dele, não po-
demos acusar o mercado. O mercado
não está aí para respeitar as pessoas,
ele está instalado para criar riqueza.
E ele faz isso muito bem. Por isso pre-
cisamos de um contrapeso. Não para
sufocar o mercado, não, ele precisa ser
liberalizado, mas precisamos armar os
cidadãos com armas como a proteção
precisamos de cidadãos esclarecidos tina, onde os professores são pagos e a formação. São essas duas coisas
e isto não é mecânico. como miseráveis. Isso não é algo sério. que vão poder dar às pessoas a possi-
Não teremos como eliminar as fake- Como você quer formar uma boa elite, bilidade de enfrentar o futuro.
news, nunca. É impossível. Você po- pessoas formadas com um corpo do-
de querer controlar a internet, assim, cente considerado como secundário,
acho que é uma solução que pode sendo que são eles que preparam o Confira a palestra de
até assegurar as pessoas, ou seja, dar futuro? É um escândalo. abertura do Fogesp
consciência de "Ah, estamos fazendo acessando: cfaplay.org.br
algo", mas não vai ser suficiente, isso Uma democracia de representação
é muito complicado. efetiva do povo e com transparência é
Observe em todos os lugares, os pa- um futuro distante?
íses que se desenvolvem, que têm O problema da nossa democracia é o
resultados escolares importantes: governo que toma decisões. O Poder
Singapura, Finlândia, pequenos paí- Legislativo está presente para pro-
ses que esmagam todo mundo. Eles por leis, mas, como vocês sabem, ele
têm professores bem formados, bons está ligado aos partidos políticos que
salários, não é como na América La- têm, por sua vez, seus interesses, suas
capa 18

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capa 20

Equipe de trabalho no Fogesp

E m uma sociedade democráti-


ca, as decisões que tangem o setor pú-
blico são tomadas, num primeiro mo-
quece a moral e promove uma “crise
da desconfiança nas democracias”,
suprida muitas vezes pelo consumo.
que o desinteresse na política não é
absoluto, mas que a forma de expres-
são usada pelo ser humano mudou.
mento, a partir do voto dos cidadãos. Segundo Lipovetsky, os cidadãos “Vemos desenvolverem-se modelos
No entanto, especialistas alertam que não se reconhecem mais naqueles inéditos de envolvimento do cidadão
o futuro não é definido somente nas que os representam, o que os leva a que não seguem a via eleitoral clás-
urnas. Por isso, em ano eleitoral, faz-se desconfiar também da Justiça, das sica. As formas de mobilização e as
necessária uma pausa prévia para se instituições e até da mídia. Tal com- atividades políticas estão se desen-
pensar – e repensar – o atual modelo portamento é evidenciado pelo forte rolando fora dos partidos. Estão pro-
de gestão. Foi esse o objetivo maior crescimento do abstencionismo de gredindo modelos de solidariedade
do Fórum CFA de Gestão Pública, protesto – aumento do número de coletiva, novas formas de questiona-
promovido pelo Conselho Federal de eleitores que não exercem, delibera- mento e de denúncia do poder. O que
Administração (CFA), no começo de damente, o seu direito de votar – e pela se articula é uma democracia da ex-
junho, em Brasília. quantidade elevada de votos bran- pressão na qual os cidadãos possam
O cientista social francês Gilles Li- cos e nulos. Esta é uma realidade não intervir diretamente; uma democracia
povetsky abriu o evento com a pales- exclusiva do Brasil. "Na Espanha, a de supervisão dos poderes pela socie-
tra magna “Novos papéis nas relações maioria dos cidadãos declara não con- dade civil e não mais monopolizada
da sociedade com o Estado”. Conside- fiar nos partidos. Na Europa, nem na pelos partidos", afirmou.
rado como um dos pensadores mais União Europeia eles acreditam mais", Para exemplificar, o cientista social
expressivos do mundo em atividade, alerta o pensador. citou a eleição polêmica de Donald
ele explicou que o hiperindividualis- Apesar do quadro generalizado Trump à Casa Branca em 2016. Segun-
mo vivido pela sociedade atual enfra- de desconfiança, Lipovetsky acredita do ele, isso reflete a descrença da popu-
21

lação que vota contra um candidato e,


por este motivo, elege pessoas impro- Estamos falando de
váveis. Por aqui, isso pode ser compa-
rado com a ascensão de Jair Bolsonaro, conceitos que precisam
pré-candidato presidencial e líder nas ser repensados para que
pesquisas para o pleito deste ano.
Como saída, o filósofo aponta o in- tenhamos uma gestão
vestimento massivo na educação. “Em voltada para o cidadão,
longo prazo, não existe mistério; pre-
cisamos de cidadãos inteligentes que que precisa ter mais voz
saibam refletir. Essa formação é escolar, e mais vez no Estado
importante para que as pessoas tenham
a capacidade de julgar”, defende. brasileiro.
O presidente do CFA, Wagner Si-
queira, concorda que é preciso gerar Wagner Siqueira, presidente do CFA
uma sociedade que garanta estabili-
dade ao processo de desenvolvimento
do país. "Temos que olhar para frente
e não para o retrovisor do passado.
Creio que vamos conseguir, mas in-
felizmente ainda não será nessas elei-
ções", ponderou.
capa 22

Na opinião dele, democracia e ges-


tão pública têm que perpassar por to-
das as discussões. “Estamos falando
de conceitos que precisam ser repen-
sados para que tenhamos uma gestão
voltada efetivamente para o cidadão,
que precisa ter mais voz e mais vez
no Estado brasileiro", disse Siqueira.
Com o tema “Estratégias transfor-
madoras nas relações entre sociedade
e o Estado”, o fórum reuniu 21 especia-
listas. A corrupção, considerada o mal
do século e um dos maiores empeci-
lhos para o crescimento do país, não fi-
cou de fora das discussões. O cientista
político e historiador Jorge Caldeira
falou sobre o assunto e seguiu a mes-
ma linha de Lipovetsky e do consultor
organizacional, Marco Tulio Zanini,
que afirmou que é preciso criar um
ambiente público confiável a partir da
maior participação do cidadão.
Transparência no processo deci-
sório, aprimoramento contínuo de
normas e regras, alocação de pessoas
por competências e punição ao erro
desonesto são alguns dos critérios
apontados por Zanini para a constru-
ção da confiança.
Com uma visão internacional de
gestão pública, Geert Bouckaert, cien-
tista político belga, explicou que uma
das causas para o alarmante cresci-
mento da corrupção em todo o mundo
é justamente a impunidade. “É impor-
tante contar com mecanismos demo-
cráticos e de governança eficazes no
combate à essa prática e fazer isso de
modo sustentável”, enfatizou.
Ao destacar os princípios de go-
vernança do Comitê de Especialistas
em Administração Pública das Na-
ções Unidas (CEPA) – governança
efetiva, governança responsável e
governança inclusiva –, Bouckaert
lembrou que “não basta ter princípios
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

23

se não os transformamos em ações.


A boa governança também se refere
a boas práticas".
Mais de mil pessoas, entre profis-
sionais e estudantes de Administra-
ção, gestores públicos e privados de
todo o país, participaram do evento.
Um dos seus momentos altos tratou
da desburocratização e dos novos mo-
delos de negócio, como a economia
colaborativa, além da inserção do se-
tor público na esfera digital.
O presidente do Movimento Brasil
Competitivo (MBC), Claudio Gastal,
disse que a nova forma de comunica-
ção e de questionamentos que temos
hoje tem colocado o mundo em efer-
vescência. Por isso, é preciso repensar
o estilo de democracia praticada hoje.
"Quando a gente começa a olhar da-
dos estatísticos, é alarmante o número
de pessoas que não acreditam no pro-
cesso democrático", alertou.
A saída, segundo Gastal, está na po-
lítica. De acordo com ele, é preciso en-
frentar o problema, implantando mo-
delos de gestão e governança eficazes.
Além disso, é obrigatório compreender
que o mundo está cada vez mais conec-
tado. Para acompanhar as mudanças,
o setor público precisa se adaptar e in-
vestir em tecnologia, primando pela
desburocratização dos processos.
A prefeita de Pelotas, no Rio
Grande do Sul, Paula Mascarenhas,
listou as dificuldades que o excesso
de trâmites burocráticos causa aos
municípios brasileiros. Ela enfatizou
a importância de repensar o atual for-
mato do Pacto Federativo (conjunto
de dispositivos constitucionais que
configura as obrigações financeiras,
a arrecadação de recurso e os campos
de atuação dos entes federados).
Segundo a prefeita, é preciso pen-
sar localmente a partir da realidade
capa 24

Não tem a ver


somente com gestão,
mas sobretudo
com a cidadania, já
que permite que a
população conheça
de que maneira
os recursos são
utilizados.
Giovanna Victer,
secretária de Planejamento, Modernização
da Gestão e Controle da Prefeitura de Niterói

do cidadão e de suas comunidades. longo prazo. "Se continuarmos assim,


Daí então, dialogar com os entes su- somente daqui a 100 anos o Brasil po-
periores da federação para articular derá ter chances de viver uma econo-
horizontalmente a resolução dos mia semelhante à que Portugal vive
problemas apresentados. "A gente hoje", afirmou.
profissionaliza a gestão, mas falta o Segundo Porto, para mudar esse
principal: a autonomia dos municí- cenário, é preciso adotar uma agenda
pios para gerir os recursos", expõe. de retomada do crescimento e inves-
Diante de tudo isso, o que esperar tir em reformas como a da Previdên-
do futuro? O economista Claudio Por- cia que, senão voltar a ser discutida,
to fez um levantamento histórico do pode render ao Brasil uma situação
avanço econômico do país para falar semelhante à da Grécia. "A gente pre-
de crescimento em perspectiva de cisa focar nisso, o país precisa avan-
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

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Niterói é destaque no IGM/CFA


Case de sucesso
Qual é o segredo de uma gestão
que dá certo? Onde estão as boas
práticas? Foi exatamente sobre
isso que a secretária de Plane-
jamento, Modernização da Ges-
tão e Controle da Prefeitura de
Niterói, Giovanna Victer, falou
no Fogesp.
A cidade ficou em 1º lugar no
ranking estadual do Índice CFA
de Governança Municipal (IGM-
-CFA) e em 22º no nacional. O
IGM-CFA mede a qualidade da
gestão pública dos municípios de
todo o país levando em conta três
dimensões: Gastos e Finanças
Públicas; Qualidade da Gestão;
e Desempenho.
Uma das principais estraté-
gias apresentadas por Giovana
para melhorar a gestão local foi
a construção participativa de
um planejamento, no qual foram
ouvidas mais de 5 mil pessoas. A
parceria com o Colab.RE, aplica-
tivo desenvolvido para aprimorar
o relacionamento entre os cida-
dãos e a gestão pública, também
foi fundamental.
Como gestão e tecnologia an-
dam juntas, o município também
modernizou o parque tecnoló-
çar. Se não, vai entrar em colapso e va- Tom Zé de Albuquerque. gico e implantou o sistema e-
mos viver, diariamente, várias greves Na cerimônia de encerramento, -Cidade, software que centraliza
semelhantes à dos caminhoneiros", Albuquerque afirmou que o Fogesp informações sobre os processos
concluiu. não termina com o evento, mas ain- municipais, garantindo a segu-
Durante o Fogesp, houve, ainda, a da vai gerar resultados formais e rança dos dados e a transparên-
solenidade de entrega dos prêmios projetos. Um deles é a “Carta de Bra- cia na gestão fiscal.
Belmiro Siqueira de Administração e sília”. O documento será produzido Para a gestora, os bons resulta-
Guerreiro Ramos de Gestão Pública. a fim de perpetuar os conhecimen- dos são frutos de muito trabalho.
Os vencedores foram recebidos pelo tos que foram gerados no fórum. "Não tem a ver somente com ges-
presidente do CFA, Wagner Siquei- “Não podemos deixar essas ideias tão, mas sobretudo com a cidada-
ra, pelo diretor de Formação Profis- morrerem, temos que fecundar a nia, já que permite que a popula-
sional do CFA, Mauro Kreuz, e pelo mente de outras pessoas”, explica ção conheça de que maneira os
diretor de Gestão Pública do CFA, Wagner Siqueira. recursos são utilizados”, explicou.
capa 26

O Fogesp não termina


com o evento, mas
ainda vai gerar
resultados formais e
projetos. Um deles é a
“Carta de Brasília”.
Tom Zé de Albuquerque,
diretor de Gestão Pública do CFA
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

27

Núcleos temáticos
Para contemplar toda a gama de assun-
tos que envolvem a gestão pública, além
das palestras realizadas no salão princi-
pal, o Fogesp trouxe também dois nú-
cleos temáticos. O primeiro discutiu os
Fundamentos de Compliance: Programa
de Integridade para autarquias Especiais
(a partir do Decreto nº 9.203/2017) e Es-
tratégias para os Conselhos Profissio-
nais. O segundo abordou a força do novo
pensamento aplicado à gestão pública.
Entre as atividades paralelas do Fórum,
os participantes também tiveram a opor-
tunidade de visitar vários stands: do CFA,
no qual foram apresentados produtos de-
senvolvidos pela autarquia como o Siste-
ma CFA de Governança, Planejamento
e Gestão Estratégica de Serviços Muni-
cipais de Água e Esgotos (CFA-Gesae)
e o Índice CFA de Governança Munici-
pal (IGM/CFA); do Instituto Publix; do
Conselho Regional de Administração do
Distrito Federal (CRA-DF), para conhe-
cer melhor o trabalho do Regional; e do
CRA do Rio de Janeiro (CRA-RJ), onde
tiveram acesso a todas as informações
do Encontro Brasileiro de Administração
(Enbra) que será realizado nos dias 6, 7 e 8
de agosto, no Rio de Janeiro.

O Fórum CFA de Gestão Pública foi


transmitido, ao vivo, pelo CFAPlay,
alcançando quase 90 mil acessos.
Se você perdeu algum detalhe do evento,
acesse cfaplay.org.br e confira todo o
conteúdo, na íntegra.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

galeria 28
29
cidadania 30
31

A participação popular na gestão pública é preponderante


para o desenvolvimento social e a efetividade do exercício
do poder. Sua ausência, no entanto, favorece o atraso
POR LILIAN SALDANHA

O PAPEL DO
CIDADÃO
cidadania 32

Como explicou o filósofo francês Gil-


les Lipovetsky durante a palestra “No-
vos papéis nas relações da sociedade
com o Estado”, ministrada por ele
durante o Fogesp 2018, a população
mudou, alcançando um novo patamar
de individualismo. Para ele, a primeira
revolução individualista – ocorrida
entre os anos de 1700 e 1900 – cedeu
lugar a uma segunda revolução – ini-
ciada após 1960, com a construção do
individualismo hipermoderno.
“Existe um desejo de expressão, de
escuta e de reconhecimento pessoal
que se tornou fundamental. Todas as
organizações e instituições buscam
traduzir isso. Portanto, é preciso ‘es-
cutar’ esse fenômeno que trouxe mu-
danças. As pessoas não querem mais
apenas conquistar direitos políticos,
direitos de igualdade. Elas agora exi-
gem o direito de serem escutadas, de
serem reconhecidas; ou seja, é uma
mudança profunda nas culturas con-
temporâneas”, aponta Lipovetsky.
De acordo com o filósofo, a mudan-
ça da sociedade foi motivada pela sua
descrença nos grandes sistemas ideo-
lógicos que marcaram estruturalmen-
te a modernidade política após o sécu-
lo VIII, tais como: revolução, repúbli-
ca, comunismo, socialismo, fascismo,
entre outros. “Não acreditamos mais
nesses grandes sistemas e tampouco
em nenhum grande ideal político que
não consegue mais nos fazer sonhar, trole Externo do Tribunal de Contas da do consumo, a conscientização acerca
nos trazer esperança com relação a União (TCU), Luiz Gustavo Gomes An- da necessidade de contrapartida do im-
um futuro melhor”, pondera. drioli, o individualismo também acarre- posto pago, tudo isso vem mudando
Aliado a isso, a sociedade deixou ta um perfil mais passivo e acomodado esse contexto”, destaca.
de pensar no futuro e voltou seu olhar da população brasileira. “A histórica É exatamente o individualismo
para o presente, como um reflexo do falta de transparência da gestão públi- que provoca rupturas concretas na
capitalismo. Esse individualismo da ca, a estrutura política patrimonialista sociedade. Por exemplo, se antes o
sociedade favorece o desinteresse da e pouco oxigenada, o modelo ultrapas- cidadão possuía uma identificação
população pela política, pelos gover- sado de educação, a existência de uma com determinado partido político e
nantes e pelo processo eleitoral como legislação autoritária e a falta de foco conhecia a fundo suas bases ideoló-
um todo. Com isso, as pessoas passam no cliente principal são alguns dos mo- gicas, agora ele está mais interessado
a votar apenas quando lhes convém. tivos. Por outro lado, a revolução trazida em concordar ou não com cada ponto
Para o coordenador geral de Con- pela internet, a necessidade individual elencado pelo partido.
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ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

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A revolução trazida
pela internet,
a necessidade
individual do
consumo, a
conscientização
acerca da necessidade
de contrapartida do
imposto pago, tudo
isso vem mudando
esse contexto.
Luiz Gustavo Gomes Andrioli,
coordenador geral de Controle Externo
do Tribunal de Contas da União

Além disso, a falta de confiança nos fazer com que o seu candidato ganhe”,
partidos políticos e nos sistemas ide- ressalta.
ológicos de uma forma geral faz com Essa falta de interesse do cidadão
que exista um número significativo de no processo político e na esfera públi-
pessoas que não votam ou que votam ca é também apontada por Andrioli.
em branco. “Essa também é uma ma- “Observa-se que, ainda hoje, votamos
neira de mostrar a sua desconfiança em determinado político e meses de-
com relação à política. Outro fenôme- pois sequer nos recordamos de quem
no interessante é que muitos cidadãos elegemos; esse fato por si só é uma
agora votam contra e não mais a favor. demonstração da pouca relevância
Ou seja, como não são atraídos por que atribuímos a esse processo. Isso
nenhum partido, eles vão votar para reflete na construção de políticas pú-
fazer com que o outro caia e não para blicas desconectadas da necessidade
cidadania 34

do cidadão, da falta de contrapartida


dos impostos que pagamos e da pres-
tação de serviços públicos de questio-
nável qualidade”, explica.
Como consequências dessa aco-
modação e omissão da sociedade
frente à gestão pública, o servidor do
TCU cita: “acabamos recebendo ser-
viços de má qualidade, decisões de
gestores desconectadas da real neces-
sidade popular, distanciamento entre
gestão pública e população, falta de
clareza e sinergia entre políticas pú-
blicas, entre outras”.

Participação
popular
Mesmo com todo o clima de descon-
fiança e insegurança, foi possível ob-
servar certo crescimento da partici-
pação popular no Brasil nos últimos
anos. Isso porque, desde a publicação
da Lei da Transparência (Lei Comple-
mentar nº 131/09) e, posteriormente,
da Lei de Acesso à Informação (Lei nº
12.527/11), percebeu-se um estreita-
mento da relação entre a sociedade e
seus representantes. “Hoje, gestores,
órgãos de controle e classe política
estão se dando conta da insatisfação
do cidadão em relação aos serviços
públicos oferecidos pelo Estado”,
pondera Andrioli.
Em algumas cidades brasileiras, temáticas e debates sobre criação Essa percepção de mudança de
é possível verificar a participação de políticas públicas, acompanhar comportamento da sociedade é obser-
dos cidadãos no processo de elabo- o plano diretor municipal, além de vada por Andrioli. “Tenho percebido
ração, gestão e avaliação das polí- obter informações importantes so- uma mudança em relação à partici-
ticas públicas. No Maranhão, por bre a administração da região. Em pação. O cidadão está se organizando
exemplo, o governo implementou termos mundiais, Chile e Coréia do e isso vem ‘pressionando’ gestores
a Plataforma Digital de Participa- Sul se destacam como exemplos de da esfera pública, inclusive dos ór-
ção Popular (participa.ma.gov.br). países nos quais a participação po- gãos de controle. No final de 2017, o
Pelo ambiente virtual, a sociedade pular vem crescendo bastante em presidente do Observatório Social
pode participar de conferências relação à gestão pública. do Brasil relatou para os ministros e
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melhor gestão pública. “Com o objeti-


vo de contribuir para a construção de
um novo perfil de cidadão brasileiro
que seja mais participativo frente à es-
fera pública, o TCU vem aumentando
o número de parcerias com organiza-
ções não governamentais, com o obje-
tivo de capacitar essas entidades para
que seus integrantes sejam o próprio
‘auditor-cidadão’”, explica.
Além dos mecanismos formais
previstos na legislação, como as
ouvidorias, o cidadão atualmente
conta com novas ferramentas para
o exercício do controle social, desen-
volvidas com o auxílio da tecnologia
da informação e disseminadas pela
internet. “Merece destaque a ‘Opera-
ção Serenata de Amor’, que passou a
publicar nas mídias sociais indícios
de irregularidade no uso da quota
parlamentar. Outro bom exemplo é
o aplicativo ‘Detector de Corrupção’,
que, por meio de imagens do parla-
mentar, exibe seus processos judiciais
e suas condenações. Essas iniciativas
devem revolucionar a forma como
faremos política e gestão pública”,
destaca o agente do TCU.
“Como efeito dessa participação,
posso citar o aumento da transparên-
cia, a revisão dos processos de tra-
balho da gestão pública, colocando
o cidadão como cliente principal, a
melhoria da cultura de que o gestor
deve prestar contas de suas decisões,
servidores do tribunal as ações que para 20, 25 empresas participantes. Is- bem como de realizar escolhas efi-
sua entidade vinha executando e uma so representa um avanço enorme em cientes, entre outros”, elenca Andreo-
delas me chamou a atenção: a entida- termos de resultado da participação li. No entanto, para ele, a participação
de vem trabalhando para aumentar a popular”, destaca. popular mais relevante ainda é por
competitividade nas licitações públi- Segundo Andrioli, ainda que o meio do voto, durante a escolha dos
cas municipais. Citou casos em que cidadão brasileiro possua um perfil representantes dos Poderes Legisla-
havia um possível cartel e, após a ação pouco interessado e excessivamente tivo e Executivo. “Quando não somos
da entidade, as licitações de alguns individualista, existem diversos casos bem-sucedidos nessa escolha, todas
setores que há anos apresentavam de contribuintes que se organizam as demais formas de participação fi-
apenas 2 ou 3 interessados, passaram para criticar, colaborar e exigir uma cam prejudicadas”, finaliza.
nerd 36

Aplicativos de acompanhamento ganham espaço e


podem aumentar a participação popular na gestão pública
POR PÂMELLA CARDOSO

TECNOLOGIA
CONTRA A
CORRUPÇÃO
37

C om a tecnologia avançando e mudando a vida


dos brasileiros diariamente, é fácil se perguntar: será
que o surgimento de ferramentas que tem o propósito
de fiscalizar e acompanhar a atuação de gestores e en-
tidades públicas está aumentando, de alguma forma, a
participação popular na administração do Estado?
A Lei nº 12.527 de 2011, conhecida como lei da transpa-
rência, foi criada justamente para estimular a sociedade
a participar mais da vida do político e investigar suas
ações. A medida também favorece a formação de opinião
relativa aos agentes públicos, na medida em que é pos-
sível averiguar se estão cumprindo com seus deveres.
Por meio da norma, a qual diz que qualquer cidadão
pode solicitar documentos ou informações públicas aos
órgãos do governo, a tecnologia entrou em ação.
A lei da transparência motivou programadores a tira-
rem do papel projetos que ajudam a monitorar e fiscalizar
governantes e candidatos. Foram criadas, então, diversas
ferramentas, aplicativos e programas com o intuito de
investigar os políticos brasileiros. Confira alguns dos
softwares desenvolvidos exclusivamente para facilitar
a participação do cidadão na gestão pública.
nerd 38

Contas Abertas Operação Serenata de Amor


É uma plataforma digital, desenvol- Usar robôs na luta contra a corrup- políticos que podem estar come-
vida pela ONG Contas Abertas, que ção pode parecer surreal, mas já tendo irregularidades.
investiga gastos do governo. Desde é realidade. A operação Serenata O foco do Jarbas está em orga-
2005, quando foi criada, tem como de Amor criou um software capaz nizar e facilitar a busca pelas in-
objetivo fomentar a transparência de examinar e investigar os gastos formações compiladas. Já Rosie,
e o acesso à informação para que dos deputados com o dinheiro da além das análises, publica dados
a população tenha maior controle cota parlamentar. “A nossa ideia suspeitos no Twitter e marca os po-
social dos gastos públicos, incen- sempre foi usar a ciência de dados líticos envolvidos, dando abertura
tivando a participação popular na para melhorar o controle social dos para explicações.
gestão estatal. cidadãos sobre a forma como o go- A Operação Serenata de Amor
“Somos pioneiros nesse trabalho verno utiliza os recursos”, explica desenvolve ainda dois novos
de acompanhamento dos orçamen- Eduardo Cuducos, um dos ideali- projetos. Um deles pretende me-
tos ligados à União – poderes Execu- zadores do projeto. lhorar o controle social sobre a
tivo, Legislativo e Judiciário. Tudo Em 2009 foi aprovado o Ato da forma como o governo utiliza os
é feito por meio de informações do Mesa n°43, chamado de Cota para recursos. “Vamos focar nas contas
Governo, ligadas ao Sistema Inte- o Exercício da Atividade Parlamen- municipais e nos dados que são
grado de Administração Financeira tar (Ceap), no qual deputados po- divulgados pelos Diários Oficiais.
(Siafi)”, afirma Gil Castello Branco, dem pedir reembolso para custear A ideia é otimizar esse processo
fundador da ONG. gastos em exercício da atividade para os 100 municípios mais popu-
A associação tem uma agência de parlamentar. Em outras palavras, é losos do Brasil, impactando 40% da
notícias, pela qual produz conteúdos uma verba usada em despesas com população”,explica Felipe Cabral,
ligados ao orçamento, ao combate à telefonia, passagens aéreas, hospe- voluntário da iniciativa.
corrupção e ao controle social. Ba- dagem, manutenção de escritórios, O outro projeto tem
sicamente, o trabalho da ONG é ex- entre outras atividades da função. foco nas eleições.
trair informações que interessem a Pensando nisso, a Operação “Consiste em de-
segmentos sociais e a imprensa. “São criou Rosie e Jarbas, softwares que finir o perfil dos
pessoas que nos contratam para que conseguem identificar, por meio candidatos pela
nos aprofundemos no orçamento e de algoritmos, atitudes suspeitas vida pública de-
possamos dali extrair algo que seja dos parlamentares. Os programas les e não pelos
interessante para o que a pessoa de- automatizam e analisam todas as planos de gover-
seja”, diz Gil. notas fiscais entregues pelos de- no que apresen-
Com muitos desafios pela frente, a putados. Assim, se tornou possível tarão a partir de
Contas Abertas ainda alimenta uma criar um banco de dados e gerar agosto”, comple-
página no Facebook, com um públi- hipóteses e relatórios, apontando menta Cabral.
co de mais de 95 mil usuários, e uma
conta no Twitter com quase 40 mil
seguidores. “Esse é o nosso diferen-
cial. Nenhuma outra plataforma faz o
trabalho de monitorar a verba indeni-
zatória do parlamentar. Inclusive, em
parcerias com a imprensa recebemos
em média de cinco a sete consultas Eduardo Cuducos, um dos
diárias, para contribuir com reporta- idealizadores da Operação
gens”, explica o fundador da ONG. Serenata de Amor
Vigie aqui
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É basicamente um plug-in instalável


no navegador Google Chrome. Esse
39
módulo de extensão tem o potencial
de mostrar políticos com a ficha suja,
sendo investigados, citados ou conde-
nados. Além disso, o Vigie Aqui tam-
bém tem um aplicativo com a mesma
funcionalidade, o Detector de Ficha
de Político, que detecta pendências na
justiça a partir da foto desses agentes.
Criado em 2016, a plataforma foi
desenvolvida por meio de uma parce-
ria entre o Instituto Reclame Aqui e a
O principal objetivo
Agência Grey. Depois de instalado, ao do projeto é facilitar
acessar uma página na web, o usuário
verá os nomes de políticos com pen-
o acesso a dados
dência judicial grifados na cor roxa. públicos, já que os
Para complementar, seu histórico é
apresentado ao posicionar o cursor
tribunais dificultam
do mouse sobre o nome. “O principal a transparência.
objetivo do projeto é facilitar o acesso
a dados públicos, já que os tribunais Felipe Paniago, diretor de
dificultam a transparência”, ressalta Operações do Instituto Reclame Aqui
Felipe Paniago, diretor de Operações
do Instituto Reclame Aqui.
O programa também possui um
banco de dados, com informações ofi-
ciais obtidas nos tribunais regionais e
federais, atualizado diariamente por
uma equipe composta por jornalis-
tas e advogados. O aplicativo conta
também com informações oferecidas
por cidadãos e assessores políticos.
Até o momento, 21 mil pessoas estão
usando o plug-in e o aplicativo já re-
gistra 1milhão de downloads. “Hoje, a
resposta do plug-in e do aplicativo é
muito positiva, ganhamos prêmios no
Festival Internacional de Criatividade
de Cannes e recebemos diariamen-
te diversas mensagens e sugestões”,
afirma Paniago.
Dentre tantas utilidades, a tecnolo-
gia também é aplicada para aumentar
o controle e a participação popular na
gestão do Estado. No entanto, instru-
mentos tecnológicos, por si só, não
são capazes de cobrar atuação ade-
quada dos políticos. Ou seja, ainda
que os recursos sejam muitos, é im-
perativa a iniciativa cidadã na hora de
fiscalizar os agentes públicos.
governança 40

O mal é antigo e está enraizado na cultura brasileira. Investimentos na


educação e implementação de mecanismos de controle podem ser a
melhor saída
POR LILIAN SALDANHA

CORRUPÇ
O QUE FAZER?
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41

P roveniente do latim corrup-


tione, a palavra corrupção significa
“ação ou efeito de corromper; ação
ou resultado de subornar (dar dinhei-
ro) a uma ou várias pessoas em be-
nefício próprio ou em nome de outra
pessoa” de acordo com o Dicionário
Aurélio. Isso quer dizer que os atos de
corrupção não estão restritos à esfera
política; estão em qualquer atividade
pública ou privada que fira as normas
e legislações vigentes.
No entanto, a sucessão de eventos,
investigações e supostos agentes
públicos envolvidos em escânda-
los de corrupção no Brasil, desde a
época da redemocratização do país,
contribuem para dificultar o acom-
panhamento do desenrolar desses
acontecimentos pela sociedade e,
consequentemente, favorecem o seu
esquecimento pela população.
A corrupção, entretanto, antecede
a democracia. De acordo com o pro-

PÇÃO:
fessor da Universidade Católica de
Brasília, Luís Otávio Teles Assump-
ção, essa não é uma questão recente e
vem desde a época da colonização do
país, quando da distribuição das capi-
tanias hereditárias. “Essa é uma ques-
tão histórica e cultural no Brasil. Por
isso, é um problema profundamente
enraizado em nossa sociedade e mais
difícil de ser combatido”, destaca.
Segundo Assumpção, a corrup-
ção – desde as menos graves, como
pedir um favor a um amigo que está
ocupando um cargo público – está
tão entranhada na sociedade que as
pessoas acabam praticando sem per-
ceber. “Nós escutamos muito sobre ‘o
jeitinho’. O jeitinho brasileiro é a ex-
governança 42

Nós escutamos muito


sobre ‘o jeitinho’. O
jeitinho brasileiro
é a expressão da
corrupção. É você não
estar seguindo uma
norma formal.
Luís Otávio Teles Assumpção,
professor da Universidade Católica de Brasília

pressão da corrupção. É você não estar presente nesse modelo”, ressalta As-
seguindo uma norma formal”, pontua. sumpção.
O professor defende, ainda, que Diante do problema secular, a edu-
essas ações ilícitas são favorecidas cação é apontada como via de solução
pela herança rural, escravocrata e pa- por muitos especialistas, principal-
ternalista, muito forte no país. “Quem mente por dotar o cidadão de pensa-
dominou a sociedade brasileira por mento crítico. “Os investimentos em
mais de quatro séculos foi a figura do educação, ciência e tecnologia em paí-
coronel. Se observarmos o século XX, ses europeus são muito superiores aos
pode-se ver o quanto a República in- realizados no Brasil. São dados que
corporou essas tradições paternalis- demonstram que o desenvolvimento
tas”, pondera. de uma nação está associado também
“O jogo paternalista virou moeda à educação”, finaliza Luís Assumpção.
de troca. Por exemplo, eu faço uma

Governança
política social para determina-
do grupo e, em troca, eu que-

pública
ro voto. Essa troca de favores
está mais modernizada, mas
demonstra que aquele velho
voto de cabresto ainda se faz Em sua palestra “Governança Estra-
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

43

e resoluções utilizadas por outros paí-


ses. Como pontua Bouckaert, é funda-
mental entender que cada região pos-
sui suas particularidades, que devem
ser respeitadas para que a governança
seja realizada de forma eficaz.
Em se tratando especificamente
do Brasil, o cientista político observa
que há individualismo, o que signi-
fica que os grupos são mais fortes e
coesos. No entanto, o país também
possui questões de gênero considerá-
veis, que geram conflitos em termos
de governança. Além disso, a socie-
dade brasileira necessita de regras;
essa necessidade de burocracia deve
ser respeitada como característica do
sistema brasileiro.
O palestrante apresentou uma sé-
rie de recomendações feitas pela Or-
ganização para a Cooperação e De-
senvolvimento Econômico (OCDE),
durante o Fogesp. Entre elas, podemos
destacar: olhar para as políticas, mas
também para as avaliações de risco em
tégica do Estado e Gestão Pública”, de parceiros, ONGs, setor privado e termos de governança; integrar equi-
ministrada durante o Fórum CFA de cidadãos, na implantação da trans- pes e capacitá-las para detectar riscos
Gestão Pública, o cientista político parência e na responsabilização dos de forma explícita; avaliar as técnicas
belga e presidente do Instituto Inter- agentes públicos sobre os serviços empregadas para a governança.
nacional de Ciências Administrativas, prestados ao cidadão. “A minha sugestão é investir nas
Geert Bouckaert, destacou ser fun- No entanto, o cientista belga cidades. Desenvolver cidades fortes,
damental zelar pela boa governança. acredita que os famosos rankings de tanto as grandes quanto as peque-
Para ele, a prática precisa ser efetiva confiança e transparência não dizem nas. Quando você precisa restabe-
(olhar os recursos humanos de forma muito. Isso porque o que se aplica a lecer a confiança, esse movimento
eficiente, formando redes), responsá- determinado país pode não estar ade- vem de comunidades locais. Esse é
vel (o governo precisa ser transparen- quado a outro, impossibilitando uma um elemento muito importante. O
te e responsabilizado por suas ações) comparação efetiva. Certo mesmo é segundo elemento seria ter certeza
e inclusiva (não deixar nenhum cida- que as democracias apresentam como de que os cidadãos ainda tenham
dão para trás). característica um grau de confiança pequenas porções de confiança no
Segundo Bouckaert, a chave para maior nos governos locais e não nos setor público. Garantir que exista
uma governança pública mais efeti- governos centrais. É esse ponto que uma independência, que exista uma
va está na aplicação de técnicas do deve ser respeitado. autoridade estatística superior que
mercado privado no setor público, Em termos de estruturação de pro- dê os dados corretos, e escritórios
na formação de parcerias entre todos gramas de governança, entretanto, não de auditoria que sejam visivelmente
os órgãos públicos, na capacitação basta apenas se apropriar de técnicas independentes”, destaca Bouckaert.
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ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

governança 44

Informe-se
dos de leniência – aqueles firmados um link para o registro de denúncias,
com pessoas físicas ou jurídicas que que direciona a pessoa para a Sala de
cometeram ato ilícito contra a admi- Atendimento ao Cidadão do MPF.
A Controladoria-Geral da União nistração pública e que concordaram Informações sobre corrupção
(CGU) e o Ministério da Transparên- em contribuir para as investigações, também podem ser encontradas no
cia, também entendendo ser a clareza trazendo fatos importantes para a site do Tribunal de Contas da União
de dados um dos agentes de combate captura de outros envolvidos. (TCU) – portal.tcu.gov.br/combate-
à corrupção no país, lançaram em ju- O Ministério Público Federal -a-corrupcao. O órgão tem o objetivo
nho deste ano o novo Portal da Trans- (MPF) também é outro órgão com de aprimorar a gestão pública. Por
parência – www.portaltransparencia. um portal dedicado a combater a cor- isso, reforçou a sua participação na
gov.br. O ambiente reúne informa- rupção – combateacorrupcao.mpf. detecção de fraudes. No site, é possí-
ções sobre gastos, receitas, servido- mp.br. No ambiente digital, é possí- vel acompanhar notícias sobre o as-
res e contratos do Governo Federal, vel encontrar informações sobre os sunto, assistir vídeos elucidativos e
além de expor dados detalhados sobre tipos de corrupção, as medidas para verificar qual a contribuição do órgão
emendas parlamentares aprovadas combater tal ilícito, além de notícias em casos de conhecimento nacional e
pelo Congresso Nacional e os acor- sobre o assunto. O site também possui internacional.
desigual-
dade 46

SAÍDA PARA CRISE


PODE ESTAR NA GESTÃO
COLABORATIVA
Especialistas apontam ações conjuntas e trabalho do
Administrador como fundamentais para o avanço do país
POR CAROLINA MENKES
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ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

47

A crise econômica que atinge


o Brasil há alguns anos tem contribu-
ído para o aumento da desigualdade
Estratégias
A visão sistêmica da realidade é uma
das estratégias apresentadas por En-
gel para lidar com a desigualdade
Não deixar nenhum
cidadão para trás, a
social, inclusive entre as diferentes social, considerando sempre a mul-
regiões do país. O Índice Firjan de tidimensionalidade das questões.
não discriminação,
Desenvolvimento Municipal (IFDM) “Por exemplo, no caso de um jovem a participação,
mostrou que a crise atrasou o desen- em situação de desigualdade, temos
volvimento do Brasil em três anos. que pensar nas poucas oportunidades
a equidade
O país também atingiu números re- que ele teve, professores com má-for- intergeracional e a
cordes de desemprego em 2017, que mação, pais com baixa escolaridade,
chegaram a 12,7%, segundo Pesquisa além dos fatores subjacentes a esse
subsidiariedade.
Nacional de Amostra por Domicílio problema”, explica a ex-ministra.
Mensal (Pnad) do IBGE. Os fatores subjacentes devem ser, Geert Bouckaert, professor de
Com isso, a desigualdade também por sua vez, analisados de forma his- gestão pública no KU Leuven Public
cresceu consideravelmente. Desde tórica. “Quais estruturas e modelos Governance Institute, na Bélgica
2015, a pobreza aumentou em 19% e mentais sustentam esse contexto e
a renda dos 5% mais pobres caiu em definem essa tendência de reprodu-
14%. O quadro não é bom, mas há di- ção da desigualdade e da pobreza?”,
versas possibilidades que, segundo questiona.
especialistas, podem ajudar a reverter Para Engel, o modelo mental de ba-
essa realidade, dentre elas o trabalho se está na educação. O presidente do
dos administradores. CFA, Wagner Siqueira, também cita
“O Brasil figura entre as dez maio- a influência da educação informal na
res economias mundiais, mas tam- vida do cidadão. “Quando se fala em
bém entre os dez países que mais têm educação devemos lembrar que tanto
diferenças sociais”, destaca o conse- as instituições, com sua educação for-
lheiro do Conselho Federal de Ad- mal, quanto os costumes, com hábitos
ministração (CFA), Ildemar Cassias e regras informais, educam, desedu-
Ferreira, que mediou palestra sobre cam e pervertem”, afirma Siqueira.
desigualdade social durante o Fórum Outro ponto estratégico para com-
CFA de Gestão Pública, realizado de bater a desigualdade, segundo Wanda
6 a 8 de junho, em Brasília, Distrito Engel, é o foco. “Temos que saber o
Federal. que vamos fazer e onde queremos
A urgência da gestão da desigual- chegar”. Um bom norteador, se-
dade no país foi tema da palestra mi- gundo ela, são os Objetivos de De-
nistrada por Wanda Engel, ex-minis- senvolvimento Sustentável (ODS)
tra de Estado de Assistência Social, propostos pela Organização das
durante o Fórum CFA. “Os problemas Nações Unidas, que permitem a
que envolvem a desigualdade não comparação do Brasil com ou-
são simples e ultrapassam barreiras tros países.
das cidades. Por isso, não podem ser Geert Bouckaert, profes-
enfrentados por apenas um setor da sor de gestão pública no KU
sociedade”, defende. Leuven Public Governance
desigual-
dade 48

Institute, na Bélgica, e presidente do


Instituto Internacional de Ciências
Administrativas, lembra que as re-
voluções tecnológicas, econômicas,
culturais e sociais afetam a gestão
pública. “A globalização é seu retrato
mais expressivo, já que representa o
produto da simultaneidade de tantas
transformações. Mas como enfrentar
a desigualdade, produto inglório da
globalização?”
Para Bouckaert, deve ser reconhe-
cida a necessidade de avanços na go-
vernança global, assim como transfor-
mações que cada estado deve promo-
ver em seus modelos internos. Entre
os princípios da boa governança, o
professor cita a governança inclusiva,
que visa “não deixar nenhum cidadão
para trás, a não discriminação, a parti- prioridade aos mais afetados. Tratar os Em sua visão, a contribuição dos
cipação, a equidade intergeracional e desiguais de forma desigual”, propõe. profissionais de Administração é
a subsidiariedade”. A elaboração de programas com imprescindível nesse processo. “Es-
base no núcleo familiar, assim como a tamos falando da área de trabalho

Faxina progra-
atenção aos ciclos de vida de um gru- que os administradores dominam, a
po, também são defendidas pela ex- gestão. O grande desafio é como vão

mática
-ministra. “Essas pessoas fazem parte contribuir para uma gestão multise-
de famílias que perderam a capaci- torial e para os Objetivos de Desen-
dade de sonhar, planejar, construir o volvimento Sustentável”.
Nos últimos anos, houve aumento próprio futuro”, diz. A ex-ministra acredita que a pola-
substancial no número de iniciativas O grande avanço nesses progra- rização social que o Brasil vive atual-
na área social, além da maior consciên- mas, segundo Engel, “depende de mente é uma das causas para essa difi-
cia de sua importância pela população. ações integradas nos territórios, em culdade. Ou seja, a falta de capacidade
Por outro lado, a pulverização das seus diversos aspectos, adaptados de grupos sociais interagirem com
iniciativas faz com que, muitas vezes, para a primeira infância, crianças, maior aceitação entre si, promoven-
não sejam alcançados os resultados jovens, adultos e idosos”. do ações comuns. “Estamos não só
esperados ou que tenham real efeti- vivendo uma sociedade fragmentada,

Desafios
vidade. Uma “faxina programática”, mas polarizada. Isso tem consequên-
portanto, é proposta pela ex-ministra cias na capacidade social de produzir
Wanda Engel. “É preciso que qualquer bens comuns, nos campos político e
nova proposta esteja baseada nas la- A gestão colaborativa e a interseto- econômico”, ressalta Engel.
cunas de um conjunto de ações que rialidade, mesmo que essenciais na O filósofo francês Gilles Lipo-
considero fundamentais, senão não redução da desigualdade, ainda não vetsky acredita que a sociedade
faz sentido”. têm sua aplicação clara na prática. atual vive uma segunda revolução
A prioridade, segundo ela, deve “Como envolver atores diferentes individualista que permeia todas as
ser dada aos programas de combate em torno de uma mesma agenda so- relações, incluindo as esferas pública
à desigualdade. “Há muitos grupos cial e pactuar objetivos e estratégias e política. Pensando nisso, ele acredi-
vulneráveis – quilombolas, indígenas, a longo prazo por diferentes setores?”, ta que a responsabilidade do Estado
população carcerária – e temos que dar questiona Engel. está em preparar o futuro para as no-
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49

Wanda Engel durante o Fogesp


Precisamos de
políticas socialmente
justas [... ] Isto
exige cada vez mais
políticas de liberação
da economia, mas
também de proteção
social, de formação,
vas gerações, que têm a desigualda- O “BÁSICO” NO
de investimento
de como um de seus desafios mais COMBATE A na educação e
complexos. DESIGUALDADE na pesquisa.
“Precisamos de políticas social-
mente justas que, ao mesmo tempo, Um dos retratos da desigual-
Gilles Lipovetsky,
preparem nossos países aos desa- dade social está na falta de sa-
filósofo francês
fios do amanhã. Isto exige cada vez neamento básico, que atinge
mais políticas de liberação da eco- principalmente famílias de baixa
nomia, mas também de proteção so- renda no Brasil. Pensando nisso,
cial, de formação, de investimento o CFA lançou o Sistema CFA de
na educação e na pesquisa”, defende Governança, Planejamento e
Lipovetsky. Gestão Estratégica de Serviços
Citando o conceito do filósofo, o Municipais de Água e Esgotos
conselheiro federal Ildemar Ferreira (CFA-Gesae), que busca auxi-
pensa que, embora a sociedade esteja liar na elaboração de políticas
diante da segunda revolução do indi- públicas e no acompanhamento
vidualismo, ainda é possível se unir dos cidadãos sobre a aplicação
em busca de soluções. “Podemos ter correta dos recursos.
um individualismo responsável mer- O CFA-Gesae permite ava-
gulhando em cima dos problemas e liar a gestão do saneamento mu-
nos irmanando na busca da solução nicipal sob diferentes aspectos.
dos mesmos, que são conjunturais no
Brasil”, afirma.
Para tanto, o conselheiro ressalta
as ferramentas da Administração, O acesso ao sistema pode ser
citadas por Engel, como essenciais: feito por qualquer cidadão
visão sistêmica; foco em objetivos; pelo www.gesae.org.br/login,
organização programática articula- com login “publico” e senha
da; execução; e gestão e governança. “publico”.
Conhecimento é a nova moeda de troca da
economia compartilhada, que promete aumentar
economia a qualidade de vida e o consumo consciente
colaborativa 50 POR ELISA VENTURA

ECONOMIA DE
IMPACTO
51
A quarta Revolução Industrial, caracterizada pela força e a veloci-
dade das transformações promovidas pelas tecnologias, já está em anda-
mento e o cidadão pode ver seus reflexos no cotidiano. Esse cenário vem
mudando, inclusive, a forma como consumidores, empresas, instituições
e até governos atuam, utilizando novas plataformas. É nesse contexto que
surgem a economia digital e a colaborativa, que ditam novos modelos de
produção, comercialização e consumo.
O sucesso de empresas que facilitam o compartilhamento e a troca de
serviços prova que a adesão a essa tendência econômica global chegou
com tudo. Se você, alguma vez, chamou um Uber ou fez uma reserva pelo
Airbnb, já experimentou essa nova realidade.
As transações da economia colaborativa podem ser caracterizadas
pelo envolvimento de pessoas físicas e a eliminação de intermediários
e redução de custos de uma estrutura formal de comércio. Apesar de
ser relativamente pequena, com receitas globais estimadas em US$15
bilhões em 2014 pela Price Waterhouse Cooper, o crescimento tem sido
exponencial. A PwC estima que a economia colaborativa alcançará os US$
335 bilhões em 2025.
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economia
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colaborativa 52
Quem já trabalha com esse novo que busquem o aumento da produtivi-
modelo acredita que o ingrediente dade, da competitividade, do emprego
“transformação social” é a premissa e da renda.
para a economia compartilhada exis- Esse é um dos principais objetivos do
tir e que essa é uma tendência para um Movimento Brasil Competitivo (MBC):
“futuro que já chegou”. “A sociedade já ajudar o Estado a cumprir o seu papel de
pressiona os setores privado e público maneira eficiente. Desde 2016, o MBC
nesse sentido, ainda mais com o apoio lidera a coalizão Brasil Digital com parcei-
das ferramentas digitais, aplicativos de ros do setor empresarial para apresentar
celular e uso das redes sociais. Enten- prioridades para uma estratégia digital.
demos que esse processo é irreversível “As pesquisas demonstram que, se o Bra-
e que algumas nações mais desenvol- sil investir em tecnologias digitais, é pos-
vidas já partem do status colaborativo sível um crescimento de 0,5% do Produto
para desenhar planos políticos e de de- Interno Bruto ao ano”, afirma o presidente
senvolvimento social amplo”, afirma executivo do MBC, Claudio Gastal.
Gregório Salles, um dos idealizadores No intuito de fortalecer a economia
do MediPreço. pela via digital e traçar diretrizes e
O aplicativo gratuito foi desenvol- ações que possibilitem esse avanço, o
vido para pesquisar custos e encontrar presidente Michel Temer assinou, em
medicamentos mais barato. Por ele, é março, decreto para instituir a Estra-
possível consultar o preço de 25 mil re- tégia Brasileira para a Transformação
médios em 75 mil farmácias do país. A Digital (E-Digital). A intenção é pro-
ferramenta funciona a partir da tabela mover as mudanças necessárias no go-
do Ministério da Saúde disponível na in- verno, intensificando a digitalização na
ternet, que estabelece um “teto” para os prestação de serviços à sociedade para
valores, e já conta com mais de 300 mil simplificar o acesso. Um exemplo disso
usuários, com expectativa para atingir é o alistamento militar, que já pode ser
1milhão nos próximos meses. feito pela internet.
Os dados referentes a 2018 do Glo- Mas os benefícios são bem maiores.
bal Connectivity Index (GCI), estudo Além da melhoria dos serviços públi-
divulgado anualmente pela Huawei, cos, o investimento na digitalização
mostram que, quando se trata de co- da economia brasileira pode gerar um
nectividade e preparo para a economia impacto de até US$ 97 bilhões em 2020.
digital, o Brasil aparece na 44ª posição, Pesquisas apontam que aproveitar os
à frente de outros países da América La- recursos tecnológicos digitais nas áreas
tina como Argentina (55ª) e Colômbia da saúde, educação, agronegócio, in-
Claudio Gastal em palestra no Fogesp

(54ª), mas atrás do Chile, que ocupa o fraestrutura, mobilidade e nas expor-
33º lugar. Estados Unidos, Cingapura, tações pode reforçar em até US$ 1,36
Suécia, Suíça e Reino Unido estão, res- trilhão o PIB das 10 maiores economias
pectivamente, na liderança. do mundo em 2020. No caso do Brasil,
A economia colaborativa e a digital esse ganho pode chegar a um aumento
andam juntas, mas enfrentam alguns de até 0,5% ao PIB anual em relação ao
gargalos no Brasil, principalmente no crescimento já projetado.
setor público. Especialistas concordam “Esse tema é fundamental para qual-
que a prioridade das empresas deve ser quer país que busca o desenvolvimento
a digitalização de seus negócios e que o e precisa enfrentar uma economia cada
governo precisa estimular a difusão das vez mais interligada, interconectada
tecnologias digitais. Além disso, é ne- e mais presente na palma da mão dos
cessária uma articulação de programas cidadãos”, afirma Gastal.
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53

Atuação no
Congresso
Com o objetivo de inserir de for-
ma efetiva o debate sobre Eco-
nomia Digital e Colaborativa no
Congresso Nacional, foi criada,
com o apoio do MBC, a Frente
Parlamentar Mista de Economia
Digital e Colaborativa, cujo rela-
tor é o deputado federal Thiago
Peixoto (PSD-GO).
Segundo ele, não é possível
imaginar uma lei única que regu-
lamente todo o setor da econo-
mia colaborativa. Os trabalhos
têm sido conduzidos no sentido
de traçar diretrizes amplas para
não dificultar a atuação de star-
tups já existentes ou atrapalhar a
criação de futuras.
“Não podemos, de forma al-
guma, piorar uma situação que já
não é boa. A legislação brasileira
é muito fechada em vários aspec-
tos e isso tem feito, inclusive, que
startups nascidas aqui migrem
para outros países que possuem
leis mais abertas, avançadas e
atrativas para a inovação. O pró-
prio Paraguai tem sido um destino
comum para essas empresas. Pre-
cisamos ter a cabeça mais aberta
para o momento que estamos
vivendo”, afirma o parlamentar.
Desde que a comissão foi ins-
talada, no ano passado, foram re-
alizados cerca de 20 encontros
para discutir o assunto com espe-
cialistas da academia, do governo,
da sociedade civil organizada, do
setor de tecnologia e com repre-
sentantes de empresas que tra-
balham com compartilhamento
de espaços, bens e serviços.
empreen-
dedorismo 54

O DESAFIO DE
EMPREENDER
NO BRASIL
Sebrae mostra que 42% das empresas
abertas no país sucumbem nos dois
primeiros anos. Desconhecimento de gestão
e altos impostos são possíveis responsáveis
POR GABRIELA ANDRADE
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

55

M uitas pessoas acham que


ser dono do próprio negócio está in-
teiramente associado a ficar rico. No
porte poderão criar benefícios na área
da saúde e da educação para a comu-
nidade na qual está inserida. Seria um
Pesquise bastante
sobre o mercado
entanto, empreendedores enfrentam retorno positivo”, certifica. em que pretende
diversos obstáculos para manter suas Apesar de todos os obstáculos,
empresas de pé e alcançar o sucesso. Moreira acredita que o empresário atuar e [...]
De acordo com pesquisa realizada pe- tem muita expectativa de alcançar o procure aprimorar,
lo Sebrae em 2017 – deixando de lado sucesso naquilo que faz. “É um apai-
os Microempreendedores Individuais xonado que quer transformar a vida principalmente,
(MEI) –, quase metade das empresas da família ou, até mesmo, de uma co- a parte de gestão
brasileiras fecham as portas nos pri- munidade inteira”, afirma.
meiros dois anos de atuação. O analista de Políticas Públicas do negócio.
Quando 42% das micro, pequenas, do Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-
médias e grandes empresas sucum- cro e Pequenas Empresas (Sebrae), Lucas Moreira,
bem ainda em seu primeiro biênio, Marcello Maia, pensa de outra forma. presidente da Splash
um ou diversos fatores podem estar Para ele, ter um negócio próspero é
atrelados ao insucesso. Elevadas car- diferente de ser um empreendedor
gas tributárias, falta de incentivo do bem-sucedido. “Dinheiro é um fator
Estado e má qualificação profissional de desempenho, mas não deve ser
se apresentam como queixas recor- o único e nem o mais importante. O
rentes de quem atua no setor. empreendedor deve separar esses
Para o administrador Lucas Morei- indicadores e ter outros para obter
ra, presidente da Splash (franquia de sucesso”, afirma.
cafés e bebidas urbanas), as dificulda- Mas no que o Estado pode aju-
des são inúmeras. “Um exemplo disso dar, por exemplo, para aqueles que
é a alta carga tributária em todos os desejam abrir agora o próprio negó-
aspectos. Isso ocorre desde a compra cio? Moreira diz que o governo joga
do insumo, aumentando o custo do contra em vez de auxiliar. Por isso, as
produto na hora da venda”, garante o empresas podem quebrar com mais
gestor comercial. facilidade no Brasil. Para ele, quem
Segundo Moreira, existe sobrecar- abre um negócio agora com o capital
ga na folha de pagamento e demais de giro apertado pode acabar com os
benefícios. Diante dos altos impos- boletos vencidos antes dos resultados
tos, a solução é trabalhar ainda mais. das vendas terem entrado no caixa da
Mesmo assim, o gestor acredita que o empresa. “Assim, a empresa fica com
governo pode tomar medidas como a o nome sujo e não se consegue mais
criação de um incentivo fiscal. “Se isso comprar produtos a prazo. No Brasil,
ocorrer, empresas de grande e médio as instituições quebram fácil”, afirma.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

empreen-
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

dedorismo 56

Maia discorda dessa premissa. ção na Life University, nos Estados


Ele acredita que o Estado tem feito Unidos. Quando retornou ao Brasil,
uma série de melhorias para tornar trabalhou por aproximadamente dez
o ambiente mais positivo, com base anos com um amigo de infância em
na pesquisa de Monitoramento de uma loja de aventura. “Montamos
Empreendedorismo Global (GEM) juntos quatro estabelecimentos pró-
As legislações de 2017. “Políticas governamentais e prios, logo nos três primeiros anos”,
programas, investimento em educa- rememora. Contudo, afirma que o
exigem de ção e capacitação, bem como o apoio Estado impõe muita dificuldade
empresas, que são financeiro e melhores condições de aos empreendedores. “A alta carga
financiamento para o empreendedor, tributária, a economia instável e as
contratadas pelo são realidade no Brasil”, elenca. dificuldades de infraestrutura são
governo, políticas de Quem deseja começar um negócio alguns dos problemas enfrentados
deve ficar atento à crise econômica por nós, empresários”, reclama.
integridade [...]. O ainda não digerida pelo país. “Pesqui-
empresário precisa
Mulher e
se bastante sobre o mercado em que
pretende atuar e busque informações
se adequar a isso.
empresária
sobre concorrentes que podem abrir
um leque de possibilidades, mas pro-
Gilberto Socoloski Junior, cure aprimorar, principalmente, a par-
administrador e especialista em te de gestão do negócio”, aconselha Jéssica Matos, 25, se formou em Ad-
Comércio Exterior Lucas Moreira. ministração no Centro Universitário
Neste quesito, Maia segue a mesma de Patos de Minas (Unipam). Atu-
direção. “Faça um amplo plano de ne- almente é proprietária de um Cen-
gócios, isso ajuda a perder o medo do tro de Beleza e Esmalteria, o Amar.
incerto. Conheça ao máximo o segui- A empresária sempre teve espírito
mento e também a carga tributária que empreendedor e se encantou pelo ra-
incidirá sobre a empresa”, assegura. mo da beleza quando conheceu uma
esmalteria em Minas Gerais. “Desde

Apaixonado por
então, resolvi que queria trabalhar
com isso”, relembra.

empreender
No entanto, a caminhada de Jés-
sica não é fácil e a maior dificuldade
é a falta de incentivo governamen-
Desde 2010, o administrador Rodri- tal, bem como a atual crise financei-
go Chiavenato, 39 anos, tem uma ra do país. “Ser empresária nos dias
franquia de utensílios culinários que de hoje é superar as burocracias,
comanda junto ao irmão e mais um sobreviver às adversidades e bus-
sócio, a Mundo Cheff. Ele conta que car incentivos privados. A melhoria
desde a faculdade se interessou em ter deveria vir primeiramente do go-
o próprio negócio. “Inclusive, meu tra- verno, em relação a economia e os
balho de conclusão de curso foi basea- impostos”, salienta.
do nos aspectos de consumo local de Apesar de todos os percalços, ela
uma franquia do ramo alimentício”, comanda a empresa há dois anos
lembra o pós-graduado em Gestão em conjunto com um sócio. Mesmo
de Varejo pela Fundação Instituto de com tantos entraves, Jéssica garante:
Administração (FIA). “Amo o que eu faço e não me vejo em
Chiavenato concluiu a gradua- outra atividade”.
57

Empreendedorismo em pauta no Fogesp 2018


Durante o Fórum CFA de Gestão pelo governo, políticas de integridade inglês e, embora sem tradução literal,
Pública (Fogesp), promovido pelo que nada mais são do que a [comprova- significa: estar em conformidade com
Conselho Federal de Administração ção de] honestidade para que possam leis e regulamentos externos e inter-
(CFA) em junho, Gilberto Socoloski ser contratadas. O empresário precisa nos. Ou seja, tem como foco prevenir
Junior, administrador e especialista se adequar a isso”, explicou. atos ilícitos nas empresas. “É neces-
em Comércio Exterior, discursou O administrador também ressal- sário implementar esse mecanismo,
sobre a temática “Poder Público, Lei tou a importância das leis, sejam elas pois a corrupção está nos pequenos
Anticorrupção e segurança para o federais, estaduais ou municipais. De atos. É preciso entender que peque-
empreendedor”. Segundo ele, existe acordo com ele, um dos objetivos das nas atitudes podem comprometer o
um vácuo de pensamento, no qual a normas é educar a empresa e mudar empresário”, explanou.
corrupção está presente apenas em a cultura de se fazer negócio entre os Algumas dicas dadas por Soco-
grandes empresas e governos. “Isso setores público e privado no país. “No loski propõem que empreendedores
não é verdade”, garantiu. final das contas, terá um negócio mais protejam suas empresas. Assumir o
Socoloski afirmou que, com o sur- justo e oportunidades para todos”, compromisso de lutar contra a cor-
gimento das primeiras leis estaduais, garantiu. rupção, conhecer bem o negócio, ter
os pequenos empresários começaram Outro assunto abordado por Gil- um código de ética e promover cursos
a entender o quanto a integridade é berto Socoloski foi o compliance, ter- e treinamentos para os colaborado-
essencial para eles. “As legislações exi- mo não muito conhecido pelos peque- res são ações indispensáveis para o
gem de empresas, que são contratadas nos empresários. A palavra vem do sucesso do negócio.
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CFA/CRAs
evento 60

26° ENBRA
A próxima edição do evento mais importante da Administração brasileira
promete instigar participantes com temática reflexiva sobre a área
POR GIOVANNA CARVALHO
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

61

V ocê já parou para pensar quais os rumos da Administra-


ção? Que tal explorar os novos desafios do mercado de trabalho,
as habilidades e competências que se tornam cada dia mais im-
portantes para a profissão, e revolucionar? Esta é a proposta do
26º Encontro Brasileiro de Administração (Enbra), que acontece
O evento é parte
nos dias 6, 7 e 8 de agosto, no Rio de Janeiro. de um processo de
Nesta edição, o Enbra vai mostrar aos profissionais e estudantes
de Administração quais são os caminhos a seguir para acompanhar
transformação. Sua
todas as mudanças tecnológicas e organizacionais que ocorrem de missão é estimular o
forma rápida e inesperada e adaptar os gestores para a nova realidade
que se apresenta.
debate sobre os temas
Organizado pelo Conselho Federal de Administração (CFA) contemporâneos
e pelo Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro
(CRA-RJ), o tema do encontro deste ano é baseado no livro "Para
Wagner Siqueira,
onde vai a Administração?", do administrador Idalberto Chia-
presidente do CFA
venato, autor de dezenas de obras importantes para a profissão.
"No livro, o mestre Chiavenato destaca justamente isso: a neces-
sidade de nos prepararmos para o futuro e a importância de estar-
mos prontos para os desafios que o mundo globalizado nos impõe.
As organizações precisam se adaptar para que possam sobreviver
ao novo ambiente de negócios que a nova ordem econômica mun-
dial nos apresenta. A publicação, portanto, é a grande inspiração
para o encontro deste ano. A proposta do Enbra é mostrar que a
mentalidade do profissional de Administração precisa evoluir
de acordo com o momento e as conjunturas contemporâneas”,
explica o presidente do CFA, Wagner Siqueira.
De acordo com o líder do CFA, a função essencial de um con-
selho é o registro e a fiscalização do exercício profissional, mas o
papel complementar é, também, discutir os novos papéis que o
mundo globalizado tem apresentado para a profissão, com ações
como o Enbra. "Não é só debater, mas estimular
essa mudança de conduta por parte dos ges-
tores", destaca Wagner.
Para o presidente do CRA-RJ, Leocir Dal
Pai, o Sistema CFA/CRAs está sempre bus-
cando a melhor forma de preparar adequa-
damente as organizações para o que virá
no futuro, bem como orientar as próximas
gerações de profissionais que, ao se formar,
encontrarão um mundo de negócios mudado.
Por isso, segundo ele, uma das principais mis-
sões do 26º Enbra é provocar revoluções, revi-
sar o entendimento e o papel do administra-
dor, projetando os profissionais como agentes
transformadores em benefício da comunidade.
evento 62

Programação Confira alguns


do evento dos palestrantes:
A programação do Enbra con- Ronaldo Fragoso, sócio da Deloitte
tará com nove palestras e dois desde 2003 e com mais de 25 anos de
painéis cujos temas valorizam experiência em Consultoria Empre-
Uma das principais e semeiam a troca de experiên- sarial, falará sobre as mudanças que
missões do 26º Enbra cias e a interação do público pa- afetam não só o mundo corporativo,
ra o debate. Além disso, o even- como também toda a sociedade com
é provocar revoluções, to terá painéis específicos de a chamada 4ª Revolução Industrial e
revisar o entendimento gestão pública e de consultoria mostrará o quanto o profissional de
organizacional, e uma roda de Administração precisa participar des-
e o papel do startups para empreendedores. se momento histórico.
administrador. A expectativa dos organiza- À frente da palestra "A incerteza
dores do evento é despertar o veio para ficar: como conviver", esta-
senso de acompanhamento ágil rão Dorival Donadão e José Ernesto
Leocir Dal Pai,
da Administração para o dina- Bologna. Além das suas experiências
presidente do CRA-RJ
mismo do fluxo de informações como consultores e integrantes de
atual. “O evento é parte de um destaque em conselhos importantes
processo de transformação. Sua da área, Donadão é administrador
missão é estimular o debate so- com especialização em RH e Marke-
bre os temas contemporâneos, ting na Pace University nos EUA. Já
mas é preciso ir além, senão Bologna é graduado em Administra-
não vamos promover os avan- ção e Psicologia, com extensões pela
ços que almejamos. Por esperar Bowling Green StateUniversity, em
que o Enbra cumpra esse papel, Ohio, e pela University of Kalamazoo,
foram convidados palestrantes em Michigan, ambos nos EUA. Para
de renome nas suas especialida- quem quiser conhecer metodologias
des, que instigarão o participan- e princípios para tornar a incerteza
te a preparar e dar o seu melhor mais palatável e menos intimidadora,
no mundo das organizações”, este é o momento!
revelou Wagner Siqueira. Outra palestrante será Elaine Ta-
vares, que instigará o público com o
tema "Por que a inovação é o mantra".
Ela é pós-doutora no Centre d'Etudes
et de Rechercheen Gestion, da Uni-
versité Aix, na França, doutora em
Administração, mestre em Gestão
Empresarial e professora do Insti-
tuto Coppead de Administração da
UFRJ. Já Paulo Favaret, que é mestre
em Economia da Indústria e da Tec-
nologia e atua como economista do
BNDES e professor do Grupo IBMEC
e da Universidade Candido Mendes,
falará sobre “Novos padrões de pro-
dutividade”.
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
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Sobre o
Encontro
Brasileiro de
Administração
O Encontro Brasileiro de Admi-
nistração (Enbra) tem a grande
missão de promover um espaço
para repensar a profissão. Tem sido
assim há 26 anos. É um evento con-
sagrado do Sistema CFA/CRAs,
referência em todo o país por ofere-
cer aos profissionais e estudantes
de Administração o debate sobre a
profissão que queremos.
O Enbra é realizado a cada dois
anos e, nesta edição, acontecerá
no Rio de Janeiro, estado que já foi
sede do evento outras duas vezes,
em 1986 e em 2012. De acordo com
Leocir Dal Pai, presidente do CRA-
-RJ, pelo histórico da autarquia
em organizar diversos eventos de
grande porte, com repercussões
nacionais e internacionais, a ex-
pectativa é manter o know-how,
apresentando ao público presente
novas formas de compreender o
mundo da Administração.
O último Enbra ocorreu em
2016, em Cuiabá (MT), e teve co-
mo tema principal “O impacto
das mudanças nas organizações”,
com discussões sobre governança
corporativa e outros tópicos como
sustentabilidade, criatividade, ino-
vação e planejamento.

Veja a programação
completa no site do evento:
enbra2018.cra-rj.adm.br
CFA 64

Q uer ter a oportunidade de se


aperfeiçoar em uma das áreas mais
promissoras do setor de um jeito fácil,
Esta é mais uma ação do CFA para
divulgar e preparar os profissionais pa-
ra atuarem com excelência no segmen-
dicial, inclusive arbitral e de mediação.
"O perito é um auxiliar da justiça
nos assuntos técnicos e científicos e
onde e quando quiser? O Conselho to de perícia judicial que cresce mais a deve ser um profissional idôneo, ético
Federal de Administração (CFA) lan- cada dia. Além disso, a autarquia criou a e de conhecimento profundo na sua
çou o Curso de Perícia do Profissional Comissão Especial de Perícia Judicial, área de atuação. Como sua importân-
de Administração de forma gratuita Extrajudicial e Administração Judicial cia e responsabilidades são grandes,
para todos os profissionais registra- (Cepaj). Composta por oito especialis- pois o laudo apresentado por ele é a
dos e em dia com o CRA, na platafor- tas da área, a comissão está atenta às base para a sentença do magistrado,
ma da Universidade Corporativa do leis, aos projetos de leis e às normati- é fundamental que o profissional que
Administrador (UCAdm), nos moldes zações, além de estar sempre disposta exerça a atividade estude constante-
do Manual de Perícia do Profissional a orientar, discutir, defender e divulgar mente, respeite e dê atenção aos pra-
de Administração reeditado em 2017. o trabalho da perícia judicial, extraju- zos, dentre outras características que
REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
ANO 27 Nº 125 JULHO/AGOSTO 2018

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PERÍCIA Sobre a
capacitação

JUDICIAL
O objetivo principal da capa-
citação é mostrar como fun-
ciona a área de perícia judicial
no campo da Administração,
além das regras e procedimen-
tos técnico-científicos a serem
CFA oferece capacitação online e gratuita observados pelo profissional
de administração quando atuar
na área para profissionais de Administração como perito.
registrados nos CRAs conveniados A respeito do conteúdo do
curso, o participante terá infor-
POR GIOVANNA CARVALHO mações sobre a execução da pe-
rícia e seus procedimentos, pla-
nejamento, Termo de Diligência,
Laudo Pericial e Parecer Técnico.
Disponível também para
dispositivos móveis, o cur-
so online possui sete aulas e
exercícios práticos, com carga
horária de 10 horas. Ao final
da capacitação, o participante
receberá um certificado.
Ofertado por meio da UCA-
dm, o Curso de Perícia do Pro-
fissional de Administração é o
primeiro dentro do “Programa
CFA de Educação”, sendo gra-
tuito para os profissionais que
estiverem em dia com o CRA.
Os profissionais interessados
são citadas no Manual e na Capacita- nistrador judicial, onde será o gestor na devem procurar o CRA no
ção elaborados pelo CFA”, explicou o recuperação judicial de uma empresa. qual é vinculado e saber se a
administrador Francisco Carlos San- Ainda de acordo com o coordena- autarquia é conveniada à Uni-
tos de Jesus, coordenador da Cepaj. dor da Cepaj, para o profissional de versidade Corporativa para ter
O mercado de trabalho para um ad- Administração poder trabalhar no acesso as aulas.
ministrador na área de perícia é bem segmento da perícia judicial, ele preci-
vasto, segundo Francisco de Jesus. En- sa ser especializado na sua área e estar
tre tantas funções, o profissional está em dia com suas obrigações junto ao
habilitado para fazer cálculos nas varas seu Conselho Regional de Adminis- A UCAdm é aberta à toda
federais, estaduais, do trabalho, família tração (CRA). Além disso, a escolha do sociedade e tem a missão de
e criminal. Pode atuar em perícias de administrador para atuar como perito implementar ações com foco nos
estoque e materiais, na área de Docu- judicial é feita por um juiz togado, seja profissionais de Administração.
mentoscopia, Grafoscopia e como admi- federal, estadual ou do trabalho. Saiba mais em cfa.org.br
endereços
CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
DO ACRE (CRA-AC) DE MATO GROSSO (CRA-MT) REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO
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Presidente: Adm. FÁBIO MENDES MACÊDO Presidente: Adm. HÉLIO TITO SIMÕES ARRUDA
Av. Brasil, nº 303 – Sala 201, 2º andar – Centro Empresarial – Rua 05 – Quadra 14 – Lote 05 – CPA – Centro Político e

66
Rio Branco – Centro – 69900-076 – RIO BRANCO/AC Administrativo – 78050-900 – CUIABÁ/MT
Fone: (68) 3224-3365 – 3223-3808 Fone: (65) 3644-4769
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DE ALAGOAS (CRA-AL) DE MATO GROSSO DO SUL (CRA-MS) Lagoa Nova – 59075-050 – NATAL/RN
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO
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DO AMAZONAS (CRA-AM) CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO RONDÔNIA (CRA-RO)
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DA BAHIA (CRA-BA) CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE
Presidente: Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE DA PARAÍBA (CRA-PB) RORAIMA (CRA-RR)
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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Home Page: www.cra-pi.org.br Rua Senador Rollemberg, 513 – São José – 49015-120 -
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Renascença 1- 65.076-010 – SÃO LUÍS/MA Fone: (63) 3215-1240/3215-8414
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e 3231-2976 – E-mail: crama@cra-ma.org.br DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Home Page: www.crato.org.br
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Horário de funcionamento: das 8h às 14h Rua Coronel Auriz Coelho, nº 471 -

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