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DUALIDADE POÉTICA: ANÁLISE SEMIÓTICA DO VIDEOCLIPE ‘CHANDELIER’

DE SIA

Resumo: Este trabalho tem objetivo de analisar o videoclipe ‘Chandelier’ da


cantora Sia a partir de princípios semióticos de Greimas e Barthes, sendo essa análise
restrita somente a letra e a imagem. Apresentando um resumido histórico sobre a
cantora e compositora da canção: Sia; Resenha do videoclipe original. Visando o
melhor entendimento sobre o sincretismo da linguagem verbal e visual, os princípios
da semiótica plástica de Floch também serão abordados.

Palavras-chave: Semiótica, Videoclipe, Chandelier.

Abstract: This study aimed to analyze the video clip 'Chandelier' by Sia from
semiotic principles of Greimas and Barthes, and this restricted analysis only the letter
and the image. Featuring a brief history about the singer and composer of the song:
Sia; Review of the original video clip. To better understanding of the syncretism of
verbal and visual language, the principles of Floch plastic semiotics will also be
addressed.
Keywords: Semiotics, Videoclip, Chandelier.

Direções iniciais
Sia Kate Isobelle Furler, conhecida como Sia, nasceu em 1975 em Adelaide, uma
cidade na Austrália. Apesar de sua aparição ser recente na mídia, Sia já tem uma
carreira musical experiente e parcerias com importantes nomes da musica pop atual,
entre os nomes estão Beyoncé, Rihanna, David Guetta, Christina Aguilera entre outros.
Além de mostrar desconforto à exposição, Sia também é contra a agenda
intensa que o mercado da musica impõem ao artista. A cantora afirma ter feito
parcerias com outros artistas antes do lançamento do álbum afim de triblar a rotina
exaustiva de lançamento de um disco, já que financeiramente estaria estável. Situação
esta que não se aplica ao seu histórico pessoal, o qual apresenta problemas com
drogas, depressão, ansiedade extrema, situações essas que de forma poética Sia
apresenta (apresenta-se) em seu mais novo álbum.
A análise do videoclip ‘chandelier’ será feita através do projeto semiótico de
Greimas, o qual definia a semiótica não como a ciência dos signos, mas sim da
significação, somente pela desestruturação do signo que se pode obter o significado,
ou seja o signo é subjacente ao significado, a semiótica estuda o sistema não o signo.
Essa teoria semiótica tem como base a discriminação do percurso gerativo de sentido e
dos níveis fundamental, narrativo e discursivo para a analise do discurso.
Por se tratar de um recurso visual plástico, também será usada a
teoria da semiótica plástica desenvolvida por Jean Marie Floch, o qual dividiu a
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organização da imagem em categorias topológicas, cromáticas e eidéticas, atentando


pela presença ou não de semi-simbolismo para detectar efeito poético.
O sincretismo entre verbal e plástico, ou seja, a figuratividade existente
entre essas duas semióticas diferentes, são manifestações classificadas ou como
ancoragem ou como etapa, critérios básicos para estudos da relação entre o plástico e
o verbal. Pietroforte (2006) em uma passagem explica melhor essa figuratividade
distribuída:
“Na articulação entre o verbal e o plástico, a figuratividade, formada
no plano de conteúdo, é manifestada por diferentes formas de expressão.
Essas diferentes formas, verbais e/ou plásticas, manifestam a
figuratividadeem distribuições diferentes. Queremos dizer com isso que o
percurso figurativo pode, entre o verbal e o plástico, manifestar-se
distribuído entre categorias fonológicas e categorias pláticas de modos
diferentes [...]” (PIETROFORTE, 2006).

Seguindo os Caminhos
O videoclipe é uma representação da articulação entre o verbal e o plástico. É
um tipo de linguagem sincrética onde a imagem, figurino, cenário, música e
movimento se comportam como qualquer outro texto, no dialogo com a semiótica; e
foi criado como produto midiático para a indústria da música popular. Discutir o início
dos videoclipes requereria certo aprofundamento sobre a música pop como cultura de
massa, o que estenderia discussões que não são a intenção desse trabalho.
Os videoclipes nasceram com a função de entretenimento e divulgação de
canções que com o passar do tempo ganhou proporções cinematográficas, no caso do
nosso objeto de estudo, além de divulgação e entretenimento, proporciona melhor
entendimento das intenções da autora da canção.
Logo que lançada, foi interpretada por canais de entretenimento como um
grito de liberdade dos jovens. Segundo Sia, a musica é um grito de liberdade sim, mas
não a liberdade de ‘viver loucamente’, mas da real liberdade, a do livre arbítrio. Como
já dito anteriormente, a compositora/interprete da canção já teve problemas de
alcoolismo e ‘chandelier’ é um retrato do que é a vida de um alcoólatra.

Chandelier Lustre

Party girls don't get hurt Garotas de festa não se machucam


Can't feel anything, when will I learn? Não sentem nada, quando vou aprender?
I push it down, push it down Vou desmoronar, vou desmoronar
I'm the one "for a good time call" Sou aquela que 'ligam para se divertirem"
Phone's blowin' up Os telefones ficam tocando
They're ringin' my doorbell Estão tocando minha campainha
I feel the love, feel the love Eu sinto o amor, sinto o amor

One, two, three, one, two, three, drink 1, 2, 3, 1, 2, 3, beba


One, two, three, one, two, three, drink 1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
One, two, three, one, two, three, drink 1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
Throw 'em back, till I lose count Engulo tudo até perder a conta

I'm gonna swing from the chandelier, from the Vou me pendurar no lustre, no lustre
chandelier Vou viver como se não houvesse amanhã
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I'm gonna live like tomorrow doesn't exist Como se não houvesse amanhã
Like it doesn't exist Vou voar como um pássaro pela noite
I'm gonna fly like a bird through the night Sentir minhas lágrimas enquanto elas secam
Feel my tears as they dry Vou me pendurar no lustre, no lustre
I'm gonna swing from the chandelier, from the
chandelier E estou aguentando firme pela vida
Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus
And I'm holding on for dear life olhos
Won't look down won't open my eyes Mantenha meu copo cheio até de manhã
Keep my glass full until morning light Porque só estou aguentando firme essa noite
'Cause I'm just holding on for tonight Me ajude, estou aguentando firme pela vida
Help me, I'm holding on for dear life Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus
Won't look down won't open my eyes olhos
Keep my glass full until morning light Mantenha meu copo cheio até de manhã
'Cause I'm just holding on for tonight Porque só estou aguentando firme essa noite
On for tonight Firme essa noite

Sun is up, I'm a mess O sol nasceu, eu estou um caos


Gotta get out now, gotta run from this Preciso ir embora agora, preciso fugir disso
Here comes the shame, here comes the shame Lá vem a vergonha, lá vem a vergonha

One, two, three, one, two, three drink 1, 2, 3, 1, 2, 3, beba


One, two, three, one, two, three drink 1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
One, two, three, one, two, three drink 1, 2, 3, 1, 2, 3, beba
Throw 'em back till I lose count Engulo tudo até perder a conta

I'm gonna swing from the chandelier, from the Vou me pendurar no lustre, no lustre
chandelier Vou viver como se não houvesse amanhã
I'm gonna live like tomorrow doesn't exist Como se não houvesse amanhã
Like it doesn't exist Vou voar como um pássaro pela noite
I'm gonna fly like a bird through the night Sentir minhas lágrimas enquanto elas secam
Feel my tears as they dry Vou me pendurar no lustre, no lustre
I'm gonna swing from the chandelier, from the
chandelier E estou aguentando firme pela vida
Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus
And I'm holding on for dear life olhos
Won't look down won't open my eyes Mantenha meu copo cheio até de manhã
Keep my glass full until morning light Porque só estou aguentando firme essa noite
'Cause I'm just holding on for tonight Me ajude, estou aguentando firme pela vida
Help me, I'm holding on for dear life Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus
Won't look down won't open my eyes olhos
Keep my glass full until morning light Mantenha meu copo cheio até de manhã
'Cause I'm just holding on for tonight Porque só estou aguentando firme essa noite
On for tonight Firme essa noite
On for tonight Firme essa noite
'Cause I'm just holding on for tonight Porque só estou aguentando firme essa noite
'Cause I'm just holding on for tonight Porque só estou aguentando firme essa noite
On for tonight Firme essa noite
On for tonight Firme essa noite
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'Cause I'm just holding on for tonight Porque só estou aguentando firme essa noite
'Cause I'm just holding on for tonight Porque só estou aguentando firme essa noite
'Cause I'm just holding on for tonight Porque só estou aguentando firme essa noite
On for tonight Firme essa noite
On for tonight Firme essa noite
A letra utiliza da função expressiva e de figuras de linguagem para representar
emoções pessoais da compositora/interprete da canção. “Jakobson (1975) entende a
poética como encarregada do problema de identificar o que torna a mensagem verbal
uma obra de arte” (MACEDO, 2008, p.18) tendo como exemplo uma música (verbal)
sendo transformada em um vídeo (plástica).
Normalmente começar-se-ia essa análise pela primeira estrofe do texto, porém,
com intuito de fortalecer a ideia de dualidade do discurso, começaremos pelo ápice da
canção, no caso, o refrão, como é de práxis em musicas populares.
Em uma reflexão sincrônica, sem nem levar em consideração quem a compôs e
nem o restante da letra, o refrão transmite a ideia de carpe diem, é o ápice da musica
e o da vida do sujeito. Porém, ao levarmos em consideração os estudos de Saussure,
não poderíamos conceber o significado de um discurso sem que se faça uma
abordagem diacrônica da linguística.
Começando com afirmações do narrador personagem de viver intensamente o
agora: “I’m gonna swing from the chandelier, from the chandelier. I’m gonna live like
tomorrow doesn’t exist, like it doesn’t exist. I’m gonna fly like a bird through the night, feel
my tears as they dry. I’m gonna swing from the chandelier, from the chandelier” utilizou-
se de figuras de linguagem em grande parte do refrão, o que proporciona uma poeticidade
a letra, a metáfora de ‘balançar no lustre’ (swing from the chandelier) e de ‘voar como um
pássaro pela noite’ (fly like a bird through the night) além de simbolizar liberdade, já faz
indicações do cenário do sujeito: o objeto lustre além de sua função prática, tem forte
apelo estético, sendo comumente utilizado ou em partes sociais de uma casa, ou em
espaços de circulação publica, ou seja há indicação que o sujeito se ‘balance no lustre’ em
um espaço social; ‘voar como um pássaro pela noite’ metaforicamente sugere uma vida
noturna agitada e livre, como se o amanhã não existisse.
A ideia de liberdade de o refrão ser ligada à vida noturna, festas e bebidas é também
e principalmente obtida através do pré-refrão “One, two, three, one, two, three, drink (3x)
throw’em back, till I lose count ” usa-se de linguagem coloquial para referir-se a uma ação
anterior ao ápice: o refrão é não só o auge da musica, representa também o auge da da
euforia momentânea ocasionada pela ingestão de bebida alcoólica em grande quantidade,
como narra o sujeito ‘engolir tudo até eu perder a conta’ (throw’em back, till I lose count),
ou seja, o pré-refrão representa a preparação para a euforia.
Porém a confirmação de que a musica não trata a situação descrita acima como algo
positivo só é passível a partir do pós-refrão: ‘And I’m holding on for dear life, won’t look
down won’t open my eyes’ essa parte representa a passagem da felicidade para a tristeza.
Em uma análise de nível fundamental, essa oposição de categorias semânticas, uma
positiva e outra negativa, assim o percurso gerativo é esquematizada a partir do quadrado
semiótico de Greimas:
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No refrão o sujeito aparenta estar feliz, ocultando a tristeza que só é aparente após
o refrão, essa oposição mostra que a felicidade apresentada no refrão é temporária, assim
como a ‘felicidade’ gerada pela ingestão de bebidas alcoólicas. Visto que quando se diz
‘estar aguentando pela vida querida’, o sujeito não está no estágio eufórico, constata-se
que o objeto por o qual o sujeito está realmente buscando é a ‘vida querida’ (dear life).
O fato de o sujeito fugir da tristeza é demonstrado na frase: ‘não vou olhar para
baixo, não vou abrir meus olhos’(won’t look down, won’t open my eyes). Considera
também que ‘manter seu copo cheio até a luz da manha’ (keep my glass full until morning
light) é o que dá a ele o poder de aguentar pela vida querida. Contextualizando a situação
ao modelo actancial e suas modalidade de Greimas: O sujeito narrativo tem uma relação
de disjunção com o objeto, assim sua busca por seu objeto (dear life) tem um opositor (my
glass full) que no caso dessa canção é tratado também como adjuvante pelo sujeito. O
sujeito não acredita que a bebida alcoólica vá dar o poder á ele, mas não para de consumi-
la, pois somente através dela ele consegue a felicidade momentânea, a qual ele acredita
ajuda-lo a manter-se vivo. A relação sujeito-opositor- adjuvante mostra o tema da
narrativa: alcoolismo.
Outro fator que fortalece a impressão da temática de alcoolismo na canção é de que
a situação é tratada como rotineira, o segundo verso narra o que acontece na manha
seguinte ‘ o sol nasce, eu estou uma bagunça. Tenho que sair agora, tenho que fugir disso,
lá vem a vergonha’, o sujeito tem vergonha, mas não tem forças para sair do estado que se
encontra, uma bagunça, tanto que logo após vem o pré-refrão, refrão e pós refrão
novamente, sem que haja um desfecho positivo na narrativa, que bem pode ser
considerada um retrato do ciclo vicioso que se resume a vida do sujeito.
A música inicia com o seguinte argumento: ‘Garotas de festa não se machucam, não
sentem nada, quando vou aprender? Eu empurro para baixo. Eu sou aquela que ligam para
terem um bom tempo. O telefone está tocando, eles estão tocando minha campainha, eu
sinto o amor’(Party girls don’t get hurt. Can’t feel anything, when will I learn? I push it
down. I’m the one “for a good time call” Phone’s blowing up, they’re ringing my doorbell, I
feel the love.) A primeira frase do verso está em terceira pessoa, o sujeito apresenta-se
como uma garota e classifica-se como qualquer outra que seja festeira, só se diferencia
quando pergunta a si mesma quando irá aprender que não pode se machucar, o sujeito se
contradiz quando se classifica, na parte seguinte continua a se classificar como no
principio, porém no final do primeiro verso alega ‘sentir o amor’ (I feel the love), se
contradizendo novamente, pois primeiro diz que só é procurada para curtição, dando a
entender que não se importa com relações sem sentimento, depois diz que se sente
amada quando a procuram na mesma circunstância anterior. Talvez a falta de amor seja o
que levou o sujeito a situação descrita na canção.
O hit ‘Chandelier’ foi grande sucesso desde seu lançamento, sucesso este que teve
maior alcance depois da divulgação do lyric vídeo e tempo depois com o vídeo oficial,
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ambos lançados antes do álbum ‘1000 forms of fear’ o qual ‘chandelier’ é carro chefe, a
linguagem visual utilizada nos vídeos além de não evitar interpretações errôneas da
canção, apresenta o universo do álbum.

Imagem 1- “Capa do Álbum SIA- 1000 forms of fear- imagem retirada do site:
www.billboard.com”
A capa do álbum é uma cabeça transparente com cabelo curto e louro, assim
como o de Sia. Seria uma típica capa de qualquer outro disco, com uma foto do artista
e elementos que representam a estética musical presente no álbum, porém Sia
preferiu se esconder na capa de seu próprio álbum, assim representando seu medo da
exposição, é importante ressaltar que ela apresenta-se de costas para o público
quando canta ‘Chandelier’. ‘1000 forms of fear’ fala sobre medos, a tipografia aparenta
ter sido feita a mão, o que dá pessoalidade à frase, ou seja, sugere que se trata dos
medos de uma pessoa, no caso, dos medos da Sia.
O Videoclipe inicia com cortes de cenas mostrando o ambiente: um apartamento
com poucos móveis, pouca iluminação e pouco cuidado.

Imagem 2,3,4- “cenário- imagens do videoclipe ofical de Chandelier- Sia”


Figurino
A personagem representa Sia através de uma criança dançando. Ela usa collant
cor de pele e maquiagem com bochechas avermelhadas que a fazem parecer uma
boneca sem roupa. Uma boneca despida, desprotegida, abandonada, descontrolada. A
nudez não é apontada somente para uma admiração estética, Floch analisa o nu como:
“Ao fazer a análise do plano do conteúdo desse texto, J. M. Floch
propõe a categoria semântica mínima natureza VS. cultura para sua
semântica fundamental. Justifica-se demonstrado que no nu é
figurativizada a natureza, e em seus adereços [...] a cultura”
(PIETROFORTE, 2012, p. 25)
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Imagem 5,6- “personagem - imagens do videoclipe ofical de Chandelier- Sia”


Antonio Vicente Pietroforte tem seus estudos de semiótica visual baseados na
semiótica plástica de Jean Floch, a qual divide a imagem em três categorias:
Cromáticas, as que se manifestam através da cor (por saltos x por gradação; quente x
frio; claro x escuro; brilhante x opaco; policromatismo x monocromatismo; cor pura x
cor em nuance); Topológicas, que se referem aos elementos no espaço (grande x
pequeno; alto x baixo; frente x atrás, etc.); E por fim a categoria Eidética a qual se
refere da manifestação da forma (reto x orgânico; regular x irregular; simétrico x
assimétrico, etc.). Essas categorias da imagem dão forma ao plano de expressão do
videoclipe.
Plano de expressão e plano de conteúdo são expressões criadas por Hjelmslev
para substituírem significante e significado da teoria semiótica de Saussure. Segundo
Macedo (2008) Floch (1999) correlaciona esses conceitos como sendo o plano de
expressão o qual a linguagem usa para se manifestar, onde as qualidades sensíveis são
relacionadas e articuladas entre si por traços diferenciais, sendo esses os que dão
origem a significação a partir de cada cultura, os quais o plano de conteúdo ordena e
encadeia ideias e narrativas.
Da relação entre plano de expressão e plano de conteúdo originam-se os
sistemas semi-simbolicos, caracterizados pela conformidade entre as categorias de
expressão e de conteúdo, sendo suas categorias relacionadas e devendo ser
inseparáveis e interconectadas para que haja semi-simbolismo.
As relações semi-simbolicas se dão no videoclipe estudado mais fortemente
através da figuratividade criada a partir do cenário com a letra da musica. No plano de
conteúdo encontra-se a categoria semântica Liberdade x Opressão, e no plano de
expressão a categoria cromática Claro x Escuro. Sendo a Liberdade representada pela a
claridade e a opressão representada pela a escuridão. O fato de a claridade do cenário
vir da janela, fortalece o argumento de a claridade representar liberdade, já que as
janelas não têm grades e dão acesso ao ‘lado de fora’. Já a escuridão vem do interior
do apartamento, onde a personagem quer se manter presa.
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Imagem 7, 8, 9 “opostos - imagens do videoclipe


ofical de Chandelier- Sia”
Quanto à coreografia pode-se analisa-la a partir dos estudos de Bathers, no
sentido de classificar o modo da distribuição da figuratividade ou em ancoragem ou
em etapa entre o verbal e o plástico. A relação de ancoragem caracteriza-se como
sendo aquela onde a imagem condiz com a fala, podendo às vezes causar redundância;
Já na relação de etapa algumas figuras são vistas e outras ditas.
Em grande parte da coreografia nota-se uma relação de ancoragem, dentre elas
a que mais se destaca é parte do refrão, onde a dança é marcada por saltos, piruetas e
movimentos mais livres, coincidindo com a parte da musica que pode ser comparada a
um grito de liberdade.

Figura 10- “Salto- imagem do


videoclipe oficial de Chandelier- Sia”
Na parte inicial também se encontra relação de ancoração quando há um closer
dos pés da personagem no momento em que chegam ao chão quando na musica a fala
é: ‘I push it down’ (eu empurro isso para baixo), dando a entender que o isso a que a
personagem se refere é a si própria.

Figura 11- “pés- imagem do videoclipe


ofical de Chandelier- Sia”
Ambas as relações de ancoragem descritas acima se tratam de ancoragem
parcial, onde há espaço para interpretações, ou seja, não geram redundância.
Também é notória a presença de relações de etapa durante a coreografia, como
por exemplo, quando a personagem aponta para a parede, parecendo estar brigando
com ela. Metaforicamente, as paredes que são a parte interna do apartamento seriam
o interior do personagem, revelando uma briga interior consigo mesma, essa hipótese
é reforçada a partir de outras apresentações do numero, onde a dançarina (a
personagem) executa essa parte da coreografia apontando para Sia (compositora da
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musica/ sujeito da narrativa), ressaltando que na musica condiz com o momento de


tristeza/realidade discutido acima.

Figura 12- “Briga- imagem do videoclipe ofical


de Chandelier- Sia”

O vídeo é finalizado com um movimento de agradecimento utilizado por


dançarinas após uma apresentação. Além de ancorar as ultimas notas da musica,
ancora também a ocasião da musica ser apresentação do disco.

Figura 13- “Final- imagens do videoclipe ofical


de Chandelier- Sia ”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada leitor tem uma interpretação da mensagem do autor, isso torna obra mais
interessante, mais poética. Sendo a analise semiótica um auxilio importantíssimo para
se interpretar de forma mais coerente e para se apreciar aspectos antes não notados,
a semiótica nos ensina uma maneira de observar o mundo mais atentamente.
A escolha de ‘Chandelier’ se deu porque há intrínseca nela um relato de um
problema social grave, o qual não é combatido com tamanha importância, sendo até,
muitas vezes, incentivado pela indústria cultural, cuja musica é produto. Sem muitos
efeitos e com uma coreografia frenética, ‘Chandelier’ cumpre seu papel de tratar o
alcoolismo como trágico, assim podendo até gerar discussões sobre o assunto numa
escala global.

REFERÊNCIAS
PIETROFORTE, A. V. S. O sincretismo entre as semiótica verbal e visual. Revista
Intercâmbio, Volume XV. São Paulo: LAEL/PUC-SP ISSN 1806-275X, 2006.
PIETROFORTE, A. V. S. Semiótica visual: os percursos do olhar. 3.ed. São Paulo:
Contexto, 2012.
MACEDO, Marcelo Mello. Semiótica plástica na análise de cartazes de cinema-
Metaforização de estigmas sociais em cartazes de filmes brasileiro. Trabalho de
conclusão de curso- Porto Alegre: UFRS, 2008.
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CANDEIAS, Daniel Levy. Análise semiótica do clip de "This is the new shit "de Marilyn
Manson. Estudos Semióticos, Número 2, São Paulo, 2006. Disponível em
<www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es>.

LUIZ, Tiago Marques. O videoclipe Thriller de Michael Jackson: Uma sucinta análise
semiótica. I encontro do Grupo de estudos interdisciplinares de literatura e Teoria
literária- MÖEBIUS.

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