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CONTO FANTASTICO -- Conto fantastico é algo que não existe na realidade, e o autor usa da
fantasia na narrativa. Por exemplo, animais que falam, coisas impossiveis ou seres fora da
realidade. Tambem pode ocorrer o Realismo Fantastico, que é muito popular em romances
como O codigo da vinci ou O nome da Rosa. Nesse o Autor pega fatos historicos como base e
inventa coisas que naõ existiram de fato, podendo até incluir coisas que estao fora da
realidade.
Há quem diga que o conto está para o romance, assim como a fotografia está para o cinema,
isto é, seja qual for a modalidade, se faz necessário uma atenta percepção diante de uma
situação, na qual o autor/produtor deverá extrair dela o máximo para compor sua criação. E,
por assim dizer, tanto o romance quanto o conto adquiriram novas roupagens ao longo do
tempo, passando de meras produções que visam ao entretenimento a reflexões de cunho
filosófico acerca das relações humanas x sociedade.
O chamado “conto fantástico” não ficou à espreita de tais evoluções, pois basta lembrarmo-
nos de Franz Kafka e sua considerável obra – A metamorfose–, na qual a temática gira em
torno do conflito manifestado pelo personagem Gregor Samsa que, de repente, se viu
transformado em uma barata, bem ao gosto de uma análise metafísica que norteia o ser
humano mediante seu convívio em meio à turbulência manifestada pela contemporaneidade.
Foi a partir do século XX (décadas de 1970 - 1980) que o fantástico se incorporou no meio
ficcional, época esta em que o Brasil vivia um período marcado pela repressão política,
perseguições, prisões e censura. Em meio a este clima, importantes figuras, como, Murilo
Rubião e José J. Veiga denunciaram em suas obras toda essa realidade opressiva. É o que
podemos conferir por meio de alguns fragmentos pertencentes à obra intitulada - A hora dos
ruminantes, de José J. Veiga:
A noite chegava cedo em Manarairema. Mal o sol se afundava atrás da serra - quase que de
repente, como caindo - já era hora de acender candeeiros, de recolher bezerros, de se enrolar
em xales. A friagem até então continuada nos remansos do rio, em fundos de grotas, em
porões escuros, ia se espalhando, entrando nas casas, cachorro de nariz suado farejando.
Manarairema, ao cair da noite - anúncios, prenúncios, bulícios. Trazidos pelo vento que bate
pique nas esquinas, aqueles infalíveis latidos, choros de criança com dor de ouvido, com medo
escuro. Palpites de sapos em conferência, grilos afiando ferros, morcegos costurando a esmo,
estendendo panos pretos, enfeitando o largo para alguma festa soturna. Manarairema vai
sofrer a noite.
[...]
Não se podia mais sair de casa, os bois atravancavam as portas e não davam passagem, não
podiam; não tinham para onde se mexer. Quando se abria uma janela não se conseguia mais
fechá-la, não havia força que empurrasse para trás aquela massa elástica de chifres, cabeças e
pescoços que vinha preencher o espaço.
[...]
Atendo-nos a uma análise minuciosa do conto, notamos que o autor utiliza-se da alegoria
fantástica, representada por uma atmosfera ilógica e absurda para denunciar sua indignação
diante dos mandos ditatoriais. Desta forma, como naquela época a censura ocupava lugar de
destaque, José J. Veiga optou por “camuflar” seu discurso. Para tanto, criou personagens um
tanto quanto insólitas, representadas por animais, concebidos como dóceis, que agiam de
modo contrário, aterrorizando toda a população. Estas personagens representavam o poderio
da classe política e sua influência sobre as situações vigentes naquela época.